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sábado, 26 de dezembro de 2015

As três direitas de René Rémond, da Academia Francesa, e sua relevância hoje

"Les trois droites" (As três Direitas) de René Rémond, da Academia Francesa, e sua relevância hoje
Entrevista com o historiador Michel Winock, por Damien Le Guay

Em 1954, um jovem historiador, René Remond, 35 anos, publicou um livro que evento e se tornou um clássico: "La droite en France" (A Direita na França). Este livro (influenciado por Albert Thibaudet) será reeditado em 1963 e 1968 para voltar a ser relançado, com uma revisão, em 1982: "Les droites en France" (As Direitas na França). Damien Le Guay convidou Michel Winock, historiador de História Contemporânea da França e de suas correntes intelectuais, professor emérito da Sciences-Po de Paris e autor de "La droite, hier et aujourd’hui" (A Direita, ontem e hoje) (tempus, 2012) para nos dizer se o livro de René Rémond está datado, e se é ainda relevante e porque ele acredita que é possível acrescentar uma quarta Direita à Direita, que ele chama de "Direita nacional-populista".

Qual é a abordagem de René Rémond neste livro-evento?

- *Que há um sistema binário na política, da oposição na França entre Esquerda e Direita

- *Que esta Direita é plural e dividida em três correntes

- *Que também existe uma continuidade entre essas três Direitas desde 1815 até hoje.

Nessa pluralidade da Direita de se organizar em três linhas distintas, todas chegaram ao poder entre 1815 e 1900:

- *Uma Direita Legitimista, que segue uma contra-revolução, ansiosa em promover uma concepção orgânica, hierárquica e anti-igualitária. Seus pensadores são Louis de Bonald (1754-1840, eleito para a Academia Francesa em 1816) e Joseph de Maistre.

- * Uma Direita Orleanista e Liberal que aceita a bandeira tricolor e o papel do parlamento, que se centra no papel de notáveis.

- *Uma Direita Bonapartista, a de Napoleão III, que se centra no papel de um líder, sobre a fraqueza dos organismos intermediários e no apelo ao povo - com o uso do referendo.

Além disso, René Rémond vê uma continuidade dessas três Direitas após 1914. A Direito legitimista se estenderá para a Ação Francesa (Action Française), para o governo Vichy e, a partir de 1980, para a Frente Nacional. A Direito Orleanista é encontrada no Bloco Nacional (1919), com Poincaré, Tardieu, Paul Raynaud e por último no período de sete anos de Valéry Giscard d'Estaing. Quanto a Direita Bonapartista, René Rémond a situa no gaullismo - com o apelo para o povo, o desprezo pelos partidos políticos e o desejo de um forte poder para governar o país.

Será que esta análise é "insuperável"?

Não. Obviamente. Se o próprio René Rémond, na introdução do livro reeditado em 1982 de "Les droites en France" (As Direitas na França), pergunta-se se não existe novas Direitas! Michel Winock atravessa a questão e considera que apenas há apenas três Direitas clássicas restantes, e que devemos acrescentar uma outra, uma quarta Direita que (...)

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Fonte: Canal Académie (site)
http://www.canalacademie.com/ida8599-Les-trois-droites-de-Rene-Remond-de-l-Academie-francaise-et-leur-pertinence-aujourd-hui.html
Título original: Les trois droites de René Rémond, de l’Académie française, et leur pertinence aujourd’hui
Tradução: Roberto Lucena

domingo, 4 de outubro de 2015

"O mito da alergia francesa ao fascismo". Um debate historiográfico.

A ascensão da extrema-direita nas últimas eleições europeias é um fato, e é para se preocupar que partidos como o "Aurora Dourada" na Grécia, ou o Jobbik na Hungria, tenham se convertido em forças políticas com representação parlamentar na Europa e seus países. Não resulta estranho, acerca do fascismo, que o presente e o futuro pesem mais que o passado, mais ainda em países nos quais a crise, a corrupção e os abusos de poder tenham se traduzido numa progressiva oposição acerca da política tradicional. Sem ser o mesmo, ainda que o integrando dentro do mesmo espectro político, a Frente Nacional se aproveitou dessa desaprovação na França, um país no qual além da vertiginosa ascensão do partido de Marine Le Pen, há que se destacar o alto nível de abstenção que alcançou cerca de 60% do eleitorado e que, contudo, beneficiou bastante a própria Frente Nacional (Front National).

Como já comentamos num artigo anterior, tentaremos levar esta análise até nossos dias, mas da nossa maneira, através de um prévio e minucioso exame do passado mais recente da França que nos permita ver as chaves históricas para entender o presente, desenvolvendo neste caso algo importantíssimo que cito de passagem no outro artigo que é o "mito da alergia" ao fascismo na França, combinado com o mito da Resistência. Sendo assim, neste artigo nos centraremos na extrema-direita francesa no período entreguerras, e sobretudo no debate historiográfico acerca deste fenômeno, na medida em que a Frente Nacional vem a herdar e a atualizar discursos e práticas [1] que nos anos trinta tiveram uma importante incidência na vida política e social da III República. De fato, foi o movimento da extrema-direita da Croix de Feu, reconvertido em 1936 no Parti Social Français (PSF, Partido Social Francês) depois da proibição das ligas paramilitares pelo governo de Leon Blum, o partido com maior número de militantes, cerca de um milhão em 1939, e que contava com uma ampla rede de organizações e publicações onde o nacionalismo, a ideia de regeneração e os ataques ao parlamentarismo e o comunismo ofereciam um espaço de renovação política frente aos caducos partidos tradicionais da III República.

De fato, este partido passou a ocupar o centro de um debate historiográfico de uma longa trajetória sobre, se houve ou não, fascismo na França, como um movimento político com capacidade de explicar um projeto autoritário e alternativo frente à III República como ocorreu na Itália, Alemanha e Espanha, onde o fascismo, tal como entende Ferran Gallego, foi capaz de mobilizar um eleitorado majoritário de classe média especialmente rural, e de modernizar e agrupar em torno de si grande parte da direita radical e nacionalista em torno de um projeto político encaminhado para a construção de uma ordem que superasse os conflitos da modernidade democrática e liberal [2]. Catalogar à CF/PSF* dentro dos fascismos europeus da época é especialmente relevante por isso mesmo. Por isto ter sido, para nós, inevitável de nos aproximar e apresentar um debate historiográfico que também afeta, como não, o fantasma de Vichy, assunto no qual os trabalhos de Robert Paxton tiveram um papel-chave na recuperação de um passado complicado de digerir por parte da historiografia oficial francesa.

Pois bem agora, sobre o fascismo, aquela segue mantendo, salvo algumas exceções, a que veio a ser conhecida como a "tese da inumanidade" [3], a qual se converteu em todo um dogma historiográfico desde o surgimento do livro de René Rémond, "La droite en France de 1815 à nos jours", em 1954 [4]. Sobre isto, aproxima-nos deste debate nos pode aportar uma certa perspectiva na hora de explicar o mesmo problema aqui na Espanha. É que, durante anos, aqui como na França, grande parte da comunidade historiográfica, amparando-se em definições estritamente genéricas do fascismo, e tal como explica Julián Casanova, inventaram "múltiplos rótulos, termos e conceitos peculiaríssimos, numa tentativa, que colhe notáveis êxitos, de absolver o franquismo - e a ordem social e política que consolidou - do estigma fascista" [5]. Na França esse estigma foi eliminado por uma sorte de cultura política nacional que se apresentava inseparável dos valores republicanos, o qual não deixa de ser uma venda com a qual se tapa os olhos frente a uma realidade resistente a coisas essenciais desse tipo, os quais dificultam a leitura, não só do passado senão do presente [6].


Externalizar o fascismo, reduzi-lo a sua mais mínima expressão, ou até negá-lo foi algo muito comum no contexto europeu do pós-segunda guerra. Enquanto na Espanha Franco consolidava o nacional-catolicismo como ideologia do regime, sem perder um ápice de sua retórica excludente e da capacidade repressiva, os historiadores franceses e italianos construíam novas referências a partir de oferecer uma narrativa apropriada para a construção de identidades nacionais renovadas e apropriadas ao novo contexto. Depois dos julgamentos e purgas iniciais, França e Itália deviam mirar adiante, na direção de sua reconstrução e de seu desenvolvimento econômico e social, e esquecer as divisões e conflitos de seus passados mais recentes. Na Itália, Benedetto Croce falava do período fascista como uma espécie de enfermidade. Igualmente que, na França, onde o fascismo seria literalmente extirpado de sua história nacional e o período de Vichy ficaria num parênteses febril entre a III e a IV República, um produto da derrota e da ocupação alemã. Neste sentido, toda uma sociedade devia ocultar o trauma da derrota, do colaboracionismo e de Vichy.

Os tribunais oficiais franceses se encarregariam de castigar os colaboradores por delitos de traição à pátria, ainda que se aleijasse intencionalmente o fantasma da responsabilidade dos cidadãos franceses na guerra [7]. Desta maneira, não se castigou a nenhum francês por crimes contra a humanidade, sendo estes imputados exclusivamente aos alemães [8]. Por sua parte, no espaço público se estenderia a memória da Resistência como objeto nacional e na qual praticamente todos os franceses tinham cabida. A luta partisan contra o invasor vinha para desdenhar o colaboracionismo e Vichy, e passava a se converter no novo espaço de referência e representatividade da nação. Essa mesma vontade é a que vemos claramente na historiografia, que junto a tribunais e políticas de memória do Estado, configuraram como os principais arquitetos das leituras nacionais do passado. As palavras de François Bédarida e Jean Pierre Azema sobre isto são muito ilustrativas: "dans le couple Vichy/Résistance, la priorité a longtemps joué au profit de l’historiographie de la Résistance au détriment de celle de Vichy. Tout concourait en effet a privilégier la première plutôt que la seconde: un objet historique exaltant, une demande sociale forte, une vertu éducative [...], une mémoire a la fois glorieuse et dominante" [9].

Se Robert Aron publicava sua "Histoire de Vichy" em 1954 na qual aleijava o fantasma do colaboracionismo [10], René Rémond, nesse mesmo ano, faria sua parte acerca do fascismo advertindo que aquilo havia sido uma importação do exterior realizada por grupos marginais e sem capacidade de mobilização. Esta tese se converteria num componente essencial de uma excepcionalidade francesa baseada no compromisso permanente da direita francesa, diferentemente de suas homólogas italiana ou alemã, com os princípios democráticos e constitucionais, um compromisso que se renovava através do novo mito da Resistência e que tomou forma imediatamente depois da Libertação. O argumento principal de Rémond era que o fascismo não tinha espaço político na França, posto que não pertencia a nenhuma das três famílias da direita francesa que ele havia reconhecido: a direita contrarrevolucionária, a conservadora e a Bonapartista. Deste modo, movimentos de massas como o Parti Social Français e o próprio regime de Vichy só poderiam ser explicados a partir de uma destas três tradições, nunca poderíamos falar de fascismo. Sternhell explica como este livro se converteu numa espécie de bíblia para várias gerações de estudantes e historiadores que assimilavam uma ideia cômoda e autocomplacente de seu passado mais recente [11].

É bastante significativo que quem atacasse as ditas teses fossem historiadores de fora [12], na mesma medida que foi Robert Paxton, um historiador norte-americano, que atacou a tese de Robert Aron, afirmando que tanto Pétain como Laval, foram colaboradores ativos com os alemães e que as medidas adotadas durante o regime de Vichy, entre elas a deportação de milhares de judeus para os campos de extermínio [13], foram responsabilidade das autoridades francesas. Enquanto a tese da inumanidade, foi Ernst Nolte, em sua já clássica trilogia sobre o fascismo europeu, quem situou a Action Française como precursor da ideologia fascista [14]. Mas foi o historiador israelense Zeev Sternhell quem irrompeu com mais força no debate, pois não só rechaçava essa suposta inumanidade francesa ao fascismo, senão que também situava suas origens culturais e ideológicas na convergência entre o nacionalismo de Maurice Barres e Charles Maurras e o revisionismo marxista e vitalista de Georges Sorel [15]. Suas obras geraram um intenso debate provocando respostas por parte de historiadores como Serge Berstein ou Michel Winock, discípulos de Rémond e que vieram a atualizar a tese da inumanidade frente às ideias de Sternhell.

Por outro lado, o debate tomava um cariz mais acadêmico na medida em que muitos comentários iam encaminhados para a crítica da perspectiva puramente intelectual que tomava Sternhell para entender o fascismo [16]. É que a história das ideias adotada por Sternhell lhe permitiu rastrear uma tradição política francesa que iria desde o último terço do século XIX, passando pelo assunto Dreyfus e que desembocaria em Vichy em 1940, o que permitia, além disso, assinalar o caráter puramente francês do regime [17]. Essa história estritamente intelectual seria muito criticada por historiadores franceses como Winock ou Julliard, para os quais Sternhell ignorava a dimensão social e política da realidade em suas investigações. Por sua parte, Serge Berstein lhe atribuía uma definição por demais ambígua do fascismo, o que lhe permitia introduzir qualquer experiência que se amoldasse a uns marcos bastante flexíveis [18]. Pierre Milza coincide com esta crítica quando diz que Sternhell utiliza a noção de fascismo para "todas as expressões de hostilidade à democracia parlamentarista burguesa" [19].

Sendo bastante acertadas todas essas críticas sobre o método usado por Sternhell, o caso é que tanto Winock, Julliard, Berstein ou Milza, todos eles franceses, mantém a ideia da excepcionalidade francesa e um certo essencialismo nacional, retomando os argumentos dados por Rémond, que reeditaria em 1982 sua obra [20] e na qual se permitiria atualizar ele mesmo seus argumentos e atender aos pontos centrais sobre os quais giravam o debate. Desta maneira, admitiria a atração que exerceu o fascismo sobre alguns intelectuais como Brasillach ou Drieu la Rochelle e a existência de grupos fascistas na França como o Faisceau de George Valois, o Solidarité Française de Réné Coty, o Parti Popular Français de Doriot ou o Francisme de Marcel Bucard, mas nunca chegaram a ser verdadeiros movimentos de massas como o italiano ou o alemão. Enquanto a Croix de Feu/Parti Social Français, uma das chaves do debate, encaixaria-lhe dentro da direita Bonapartista e reduziria sua estética e capacidade mobilizadora a uma espécie de "scoutisme politique pour grandes personnes" [21]. Nesta linha se manteria Jacques Nobécourt[22], que fez um exaustivo estudo com fonte primária, acessando pela primeira vez os arquivos pessoais do líder da Croix de Feu, o Coronel De la Rocque do Parti Social Français, François de La Rocque, deixando por terra os argumentos de que como Robert Soucy[23], William Irvine [24] ou Kevin Passmore [25] a partir do exterior haviam catalogado a organização de fascista.

Nos dias de hoje, o debate em torno da CF/PSF e do fascismo francês ainda está aberto e seguem aparecendo publicações [26] que tentam sair adiante na análise do fenômeno deixando em segundo plano se foi fascista ou não, contextualizando a III República no panorama europeu da época. Assim, avança-se agora já não analisando o discurso e a ideologia da organização liderada por De La Roque, senão suas estratégias e possibilidades de conquistar o poder, advertindo, além disso, que as categorias políticas utilizadas para definir a direita francesa por Rémond e seus acólitos não deixam de ser excessivamente herméticas e estáticas [27]. Neste sentido, mais que o fascismo em si, deveríamos estudar o processo de fascistização que vive a direita europeia e seu eleitora ao longo dos anos trinta. Isto foi provocado por uma resolução dos conflitos de sociedades em transformação. Desta maneira, e atendendo ao contexto político, social e intelectual da II República, Ferran Gallego analisou o processo de fascistização da direita espanhola assinalando a permeabilidade desta acerca da nova cultura política que ofereceria a possibilidade de uma união nacional em torno de um projeto de modernização e regeneração nacional.

Tanto a Alemanha, como a Itália, Espanha ou França compartilharam essas mesmas dinâmicas em diferentes cenários e com suas respectivas particularidades. Foi isto que fez com que na França não triunfasse uma solução autoritária aos problemas que viviam a III República, durante a qual nem a violência política, nem a crítica ao parlamentarismo, nem os discursos de redenção nacional estiveram ausentes [28]. Daí que uma análise comparada entre as diversas experiências oferece uma interpretação que se distancie de essencialismos e excepcionalismos que, como diz Ferran Gallego sobre a Espanha, permitem interpretar seu passado "como o de uma nação cujos problemas e propostas de solução sempre eram alheios aos conflitos e procedimentos que se haviam experimentado no continente". [29]

Daniel Canales Ciudad: Licenciado em História pela Universidade de Saragoça e mestre em História Contemporânea. Sua linha de pesquisa é o estudo da ditadura franquista em perspectiva comparada.

Notas:

[1] Arnaud ESQUERRE et Luc BOLSTANSKI: “Fron national: de quel peuple parle-t-on?”, Libération, 29 de mayo de 2014

[2] Ferran GALLEGO: El evangelio fascista. La formación de la cultura política del franquismo (1930-1950), Barcelona, Crítica, 2014

[3] Para ver la historia de dicho debate Marc ANGENOT: “L’immunité de la France envers le fascisme: un demi-siècle de polémiques historiennes” en Discours Social, vol. XXXI, 2009. Disponible en red: http://marcangenot.com/wp-content/uploads/2011/12/immunit%C3%A9-fran%C3%A7aise-au-fascisme-complet-format-DS.pdf

Ver también, Michel DOBRY (dir.), Le mythe de l’allergie française au fascisme, Albin Michel, París, 2003

[4] René RÉMOND: La droite en France de 1815 à nos jours. Continuité et diversité d’une tradition politique, Paris, Aubier, 1954

[5] Julián CASANOVA, “La sombra del franquismo: ignorar la historia y huir del pasado”, en Julián CASANOVA, El pasado oculto: fascismo y violencia en Aragón (1936-1939), Madrid, Siglo XXI, 1992 p. 13

[6] Ya en 2003, ante el éxito cosechado por Le Pen en 2002 cuando llegó a la segunda vuelta de las elecciones presidenciales, numerosos sociólogos y politólogos coordinados bajo la dirección de Daniel Bensaid alertaron de los peligros y trazaron varios análisis sobre la extrema derecha del siglo XXI. “Noveaux mostres et vieux démons: déconstruire l’extrême droite”, Contretemps, nº8, 2003. Disponible en red: http://www.contretemps.eu/sites/default/files/Contretemps%2008.pdf

El interés académico por el Frente Nacional no ha dejado de aumentar, tal como lo demuestran los recientes congresos y publicaciones aparecidos en Francia a raíz del ascenso del partido bajo el liderazgo de Jean Mary Le Pen. Ver: Charlotte ROTMAN: “Le Front national, «objet scientifique», Libération, 20 de junio de 2013

[7] Entre 1944 y 1951 se llegaron a sentenciar 6763 personas a muerte, de las que se ejecutaron 791. Las purgas afectaron a cerca de 350.000 personas, aunque la mayoría «de sus vidas y carreras no se vieron dramáticamente afectadas». Tony JUDT, Postguerra: una historia de Europa desde 1945, Madrid, Taurus, 2006, p. 83

[8] Para ver las implicaciones de la culpabilidad exclusiva de Alemania, Íbidem, p. 91

[9] Traducción nuestra: “en el binomio Vichy/Resistencia, la prioridad ha jugado durante mucho tiempo a favor de la historiografía de la Resistencia en detrimento de la de Vichy. Todo ha contribuido, en efecto, a privilegiar la primera por encima de la segunda: un objeto histórico exaltado, una demanda social fuerte, unas virtudes educativas [...], una memoria a la vez gloriosa y dominante” en Jean Pierre AZEMA et François BEDARIDA: “L’historisation de la Résistence” en Esprit, enero 1994, p.21. Disponible en red: http://www.esprit.presse.fr/archive/review/article.php?code=10982

[10] Éste diferenció entre la Francia de Pétain y la Francia de Laval, siendo la primera una solución para el mantenimiento de la soberanía nacional y una especie de escudo frente a la invasión alemana, mientras que la segunda representaba el colaboracionismo que se restringía a personalidades muy concretas y aliados de los alemanes. Robert ARON y Georgette ELGEY: Histoire de Vichy, 1940-1944, Paris, Artheme Fayard, 1954.

[11] Íbidem, p.32

[12] Esto lo podemos ver a la perfección en el libro France in the era of Fascism, en el que se ataca y se pone en tela de juicio la supuesta tesis de la inmunidad francesa al fascismo. Como señala su coordinador, Brian Jenkis, todos los historiadores que han aportado investigaciones para el libro son todos no franceses, a excepción de Michel Dobry.

[13] La cinta Le Chagrin et la Pietié, del documentalista Marcel Ophuls provocó también una gran conmoción, estrenándose en los cines franceses en 1971 dos años antes de que se publicase en Francia el libro de Paxton.

[14] Ernst NOLTE: Der Faschismus in seiner Epoche. Action francaise – Italienischer Faschismus – Nationalsozialismus, Münich, R. Piper, 1963. Traducido al francés siete años después, Ernst NOLTE: Le fascisme dans son époque, Paris, Julliard, 1970.

[15] Zeev STERNHELL: La droite révolutionnaire. 1885-1914 : Les origines francaises du fascisme, Paris, Seuil, 1978. También Zeev STERNHELL, Ni droite ni gauche. L’idèologie fasciste en France, París, Fayard, 2000 [1983]

[16] Un análisis del debate suscitado por las teorías de Sternhell en Antonio COSTA PINTO, “Fascist ideology revisited: Zeev Sternhell and his critics” en European History Quartely, núm. 16 (1986), pp. 465-483

[17] Zeev STERNHELL, “Morphology of Fascism in France”, en Brian JENKINS (ed.) (2005), pp. 22-64

[18] Antonio COSTA PINTO (1986)., p. 474

[19] Pierre MILZA, “Fascisme français” en J-F. SIRINELLI (ed.) (1995), p. 357. Aparece en Brian JENKINS (ed.) (2005), p. 200

[20] René RÉMOND: Les droites en France, Paris Aubier Montaigne, 1982

[21] Íbidem, p. 214

[22] Jacques NOBÉCOURT: Le Colonel de la Rocque ou les pièges du nationalisme crètien, París, Fayard, 1996

[23] Robert SOUCY: French Fascism: the Second Wave 1933-39, New Haven, Yale University Press, 1995, obra que no se traduciría al francés hasta nueve años más tarde, en 2004, lo cual muestra el poco interés que había entre los historiadores franceses por la historia que se generaba desde fuera y que ponía en tela de juicio, como ya lo había hecho Sternhell, la tesis de la inmunidad.

[24] William D. IRVINE, “Fascism in France and the strange case of Croix de Feu”, en The Journal of Modern History, Vol. 63, Núm. 2 (1991), pp.271-295

[25] Kevin PASSMORE: From Liberalism to Fascism: The Right in a French Province, 1928-1939, Cambridge, Cambridge University Press, 1997.

[26] Sean KENNEDY: Reconciling France against Democracy: the Croix de feu and the Parti social français. Montreal, McGill-Queen’s, 2007.

[27] Brian JENKINS: “The Right-Wing Leagues and Electoral Politics in Interwar France”, History Compass, nº 5/4 (2007), pp. 1359-1381

[28] Una propuesta para el estudio de la violencia política en la Francia del período de entreguerras en Chris MILLINGTON: “Political Violence in Interwar France”, en History Compass, nº 10/3 (2012), pp. 246-259

[29] Ferran GALLEGO: El evangelio fascista... p.17
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*CF/PSF: siglas de Croix de Feu e Parti Social François

Fonte: El Mito de Sisif (blog catalão, Espanha)
http://elmitedesisif.cat/es/fascismo/el-mito-de-la-alergia-francesa-al-fascismo-un-debate-historiografico/
Link alternativo: http://holocaust-doc.blogspot.com/2015/10/el-mito-de-la-alergia-francesa-al-fascismo-un-debate-historiografico.html
Título original: "El mito de la alergia francesa al fascismo". Un debate historiográfico
Tradução: Roberto Lucena

sábado, 7 de junho de 2014

Moscou-Paris-Viena: as reuniões de Aymeric Chauprade, o conselheiro de Marine Le Pen

Aleksandr Dugin
O novo eurodeputado do Rassemblement Bleu Marine (RBM)*, Aymeric Chauprade, sabe escolher seus aliados. Ele foi convidado, no último sábado, 31 de maio, a uma estranha reunião em Viena (Áustria) - onde vive e trabalha como consultor - com a presença de autoridades russas menos relevantes. O tema desta reunião, que foi realizada no Palácio Liechtenstein, foi: os 200 anos da Santa Aliança liderada pelo Império Russo, o Império Austríaco e o Reino da Prússia.

Na origem deste evento, está o oligarca e patrono russo ortodoxo Konstantin Malofeev, cujo nome foi mencionado várias vezes no caso dos separatistas pró-russos em Donetsk na Ucrânia (Le Monde em 28 e 31 de maio).

De acordo com o jornal suíço de Zurique, o Tages Anzeiger, que revelou a existência do encontro, o encontro também foi uma oportunidade para discutir a forma de salvar a Europa do liberalismo e do "lobby homossexual".

De acordo com este jornal, disse o Sr. Chauprade, entre os convidados estava notavelmente Heinz-Christian Strache, líder do FPÖ (Partido da Liberdade da Áustria) (aliado Marine Le Pen), e Volen Siderov do partido de extrema-direita búlgaro Ataka (com quem a Sra. Le Pen recusa a tratar). Mas o convidado de honra foi Aleksandr Dugin, eminência parda de Putin, propagador do eurasianismo. O Sr. Dugin é uma referência para a extrema-direita radical, e verdadeira coqueluche dos revolucionários nacionalistas de todo o mundo.

"A Terceira Roma, o Terceiro Reich e a Terceira Internacional"

Místico ortodoxo, tradicionalista esotérico, muito influente em alguns círculos do poder em Moscou, Aleksandr Dugin é o papa do eurasianismo, uma doutrina que promove a formação de uma grande bloco continental da Eurásia para lutar contra o poder anglo-saxão. Dugin diz: "a ordem marítima (Cartago, Atenas, Reino Unido) está em oposição à ordem terrestre (Roma, Esparta, Rússia)."

Uma das frases do teórico russo que melhor resume seu pensamento político, segundo o pesquisador Nicolas Lebourg, é a seguinte: "A Terceira Roma, o Terceiro Reich e a Terceira Internacional são elementos que devem ser conectados em uma revolta contra o mundo moderno."

Tudo isto não é lá muito uma "demonização", mesmo vinda de um russófilo pró-Putin assumido como Aymeric Chauprade. Além disso, um de seus membros próximos minimiza a reunião: "Eles apenas dizem "olá", temos um pouco a discutir, e isso é tudo. Eles não possuem um projeto político em comum a seguir pela frente.".

Marion Maréchal-Le Pen no parlamento francês
A deputada de Vaucluse, Marion Maréchal-Le Pen**, passou alguns instantes no jantar, fechando o dia. Sua comitiva diz que ela não se encontrou com o Sr. Dugin. "Foi um fim de semana em Viena, por motivos pessoais, Heinz-Christian Strache sugeriu a Aymeric Chauprade que o convidasse para vir à noite, isso é tudo. Ela não participou de nada durante o dia", assegura-nos a FN (Frente Nacional).

Esta não é a primeira vez que o Sr. Chauprade aceita o convite do movimento pró-Putin mais radical. Sendo assim, em 16 de março, durante o referendo sobre a anexação da Crimeia pela Rússia. Ele foi um dos "observadores ocidentais" convidados por uma misteriosa ONG que reivindica - não por acaso - também o eurasianismo: o Observatório da Eurásia para Democracia e Eleições (o EODE). Esta ONG é dirigida por Luc Michel, chefe do Partido da Comunidade Europeia Nacional (NCP), metade porta dos fundos (elaborando complôs), metade um grupelho marrom-avermelhado que continua a obra do neofascista Jean Thiriart.

Os observadores convidados pela EODE são bastante diversificados, variando entre um membro do Partido Comunista Grego (KKE) ou um membro do Die Linke (Partido de Esquerda alemão), um eleito da Forza Italia (que havia convidado o neofascista Gabriele Adinolfi para apresentar seu livro para o Parlamento Europeu), até um membro do Vlaams Belang (partido de extrema-direita belga) ou ainda Enrique Ravello da Plataforma pela Catalunha. Este último é um veterano da CEDADE, onde se reuniram por muito tempo os espanhóis neonazistas.

Mais uma vez, o Sr. Chauprade jura que não sabia nada sobre o "pedigree" dos outros observadores. "Eu não conheço o Sr. Luc Michel que está na entrada do hotel. Por definição, o areópago de observadores é bem extenso. Sou apenas responsável pela sensibilidade da minha parte", disse-nos Chauprade sobre isso.

*Rassemblement Bleu Marine (RBM): Agrupamento Azul-Marinho (facção da Frente Nacional) que usa o trocadilho com o nome de Marine Le Pen. Marine (Marinho) como emblema.
** Marion Maréchal-Le Pen: fascista, neta e sobrinha dos também fascistas Jean-Marie Le Pen e Marine Le Pen (pai e filha)

Fonte: Droites Extremes (França, Le Monde)
Título original: Moscou-Paris-Vienne : les rencontres d’Aymeric Chauprade, conseiller de Marine Le Pen
http://droites-extremes.blog.lemonde.fr/2014/06/04/moscou-paris-vienne-les-rencontres-daymeric-chaupradeconseiller-de-marine-le-pen/#xtor=RSS-32280322
Tradução: Roberto Lucena
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Observação: esse blog 'Droite(s) Extreme(s)', obviamente sobre extrema-direita, do Le Monde (jornal francês) é um dos melhores sobre extrema-direita na Europa, principalmente sobre a extrema-direita francesa. Faço o destaque (pra distinguir) porque a edição do Le Monde Diplomatique (a edição brasileira), salvo exceções, é carregada de chavões da extrema-esquerda trotskista francesa e certas avaliações rasas nos textos, principalmente quando o assunto é o Brasil.

O assunto Dugin pode ter ficado mais evidente com o conflito Ucrânia-Rússia-UE-EUA, mas já circula há algum tempo em parte da extrema-direita europeia que tenta se "desvencilhar" da imagem do nazismo (exemplo: o próprio Front National francês) e busca uma "renovação" do fascismo ou do tipo de fascismo que seguem. Ele tem 'adeptos' no Brasil (rs), embora, politicamente falando, o que mais tem no país são posers, gente que repete discurso sem nem saber o que está dizendo, ou porque se identificou com alguma ideia radical banalizada (do sentido adquirido no "senso comum"), pra "posar" de rebelde etc (pra aparecer mesmo, chamar atenção). O termo "poser" que me refiro não chega a ser exatamente o do sentido literal do link acima que coloquei, mas a ideia original do termo vem disso e pode ser adaptada.

Exemplo típico de "poser", citando um caso musical (matéria): "Modinha", camisetas do Ramones são banalizadas no Rock in Rio (Terra)

Destaco o trecho:

""Eu já escutava a banda antes de comprar essa camiseta", garantiu a estudante A. G., 19 anos, óculos escuros, batom vermelho, camiseta branca da banda, short e cinto de couro. Questionada pela reportagem sobre o seu álbum preferido dos Ramones, respondeu: "não sou fanática". Ao ser indagada, então, sobre uma canção predileta, confessou: "você me pegou"."

Ou seja, segundo a matéria podemos concluir com o trecho acima que a pessoa estava usando a camisa por modismo e não por gostar da banda, pois nunca ouviu nada da banda e nem tem ideia do que tocam. Ou seja, num exemplo hipotético radical: se alguém cismar de achar bonito uma camiseta com alguma coisa esdrúxula escrita em outro idioma (como merda), vai usar sem ligar pra isso, por futilidade e outros adjetivos não muito bons.

O mesmo ocorre com os Beatles (que é uma banda muito mais popular e conhecida), o que tem de "poser" dessa banda chega a dar agonia, além de ser um agrupamento bastante antipático. Um adendo, eu não gosto de Ramones, eu diria mais que desconheço a banda, tirando uma música ou outra.

Parece algo banal aparentemente essa postura, mas não é, é sintoma da alienação de uma época. Como alguém veste algo, um símbolo etc, e não sabe o significado do mesmo? E pior, não teve nem a curiosidade de saber o que é com o acesso à informação que se tem hoje. "Ah, a pessoa achou o símbolo bonito e tal...", pode ser, mas quando é algo com forte conotação política ou de movimento, é bem complicada essa postura de "achei bonito" ignorando o fator simbólico da coisa, porque é uma banalização por modismo e futilidade.

Eu usei um exemplo da música por ser mais fácil caracterizar a questão e não vir algum "radical" mala encher o saco discutindo o espectro político disso, mas o problema descrito acima também ocorre na política. Os "revis" mesmo são um exemplo claro disso (grande parte dos grupos que se denominam "revis" são bastante excêntricos e ideologicamente dispersos, exóticos). Tem muito poser "politizado" no país (atenção pras aspas), panfletários do senso comum raivoso e irracional apesar de achar que não são. São uma salada ideológica ou manifestação de uma postura meramente excêntrica/exótica, sem relevância política, sem identificação com o país e geralmente rasos (sem conteúdo ou mera cópia de panfletos extremistas de outros países).

Os grupos mais organizados de extrema-direita se proliferam culturalmente justamente neste ambiente de forte alienação, anomia, radicalização e niilismo, à parte a questão das crises econômicas e culturais/identitárias que podem escancarar pra valer esse problema. Esses grupos neofascistas abordam constantemente essa questão da identidade nacional para excluir quem eles julgam como "algo à parte", e por notarem que existe uma crise em torno dessa questão, acentuada por crises econômicas.

As pessoas imersas nessa alienação e vazio, com perda de identidade ou sentido, vivem em busca de "gurus" ou seguindo "gurus", gente que se apresenta como "iluminado" ou "sábio" e tendem a se comportar como seguidores de seita. Tive que procurar outro site-dicionário pro termo "seita" pra pôr como link pois alteraram de forma ridícula o verbete da Wikipedia (em português), algum fanático religioso adulterou.

Curiosamente, os grupos "revis" brasileiros (e em geral, o pessoal conservador raivoso), salvo exceções, costumam manifestar abertamente um certo ódio do Brasil e em ser brasileiros, fora os regionalismos obtusos (mitológicos, construídos com base em preconceitos e distorções), usam simbologias de outros países mesmo não tendo ligação alguma com os mesmos, o que torna a coisa mais esdrúxula (e ridícula) ainda (em comparação ao caso "revi" externo). Embora este fenômeno também ocorra nos EUA.

sexta-feira, 6 de junho de 2014

O auge da extrema-direita na Europa, por países

Marine Le Pen, Frente Nacional (extrema-direita da França)
Um fantasma ronda a Europa. A austeridade há incubado o ovo da serpente e os partidos xenófobos cresceram de forma terrível numa Europa que acreditava que havia deixado para trás o drama do fascismo. A Frente Nacional de Marine Le Pen, a filha do homem que disse que o Ébola ajudaria a controlar a imigração, foi a força mais votada na França com cerca de 25,4%, uma ascensão espetacular desde 2009 quando teve apenas cerca de 6,3%.

Na Alemanha, o partido que aglutina todos os grupos neonazis, entrará com um escaño no Parlamento Europeu. Em países como a Áustria o FPÖ, Partido da Liberdade, conseguiu cerca de 19,50%, aumentando o considerável apoio que já teve no ano de 2009. Na Croácia e Dinamarca, os partidos de extrema-direita foram as opções mais votadas, ainda que na Croácia o Partido Croata pelos Direitos participou das eleições numa coligação de partidos conservadores tradicionais que, isso sim, conseguiu cerca de 41,39% dos votos. O Jobbik mantém seu apoio na Hungria, o partido que tem milícias que se dedicam à caça de ciganos, mantém os 14% dos votos.


26 de maio de 2014; 11:04
Antonio Maestre

Fonte: La Marea (Espanha)
Título original: El auge de la extrema derecha en Europa, por países
http://www.lamarea.com/2014/05/26/resultados-de-la-extrema-derecha-en-europa-por-paises/
Tradução: Roberto Lucena
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Observação: como não foi possível publicar as matérias antes quando saíram os resultados dessas eleições pro Parlamento Europeu, então fica aqui o registro da ascensão da extrema-direita em vários países da Europa (ou quase todos). Com destaque pra vitória da Frente Nacional (Front National) de Marine Le Pen na França, maior resultado de um grupo fascista no pós-segunda guerra em um país com arsenal nuclear/militar e força econômica de peso.

Links pras matérias:
'The New York Times': Vitória de Le Pen ameaçaria política de unidade europeia (Jornal do Brasil/NY Times)
Frente Nacional conquista França com sentimento eurocéptico (Pùblico, Portugal)
UE inquieta com avanço da extrema-direita (Diário de Notícias, Portugal)
Marine le Pen pede dissolução e mudança da lei eleitoral (Expresso, Portugal)
Extrema-direita alcança vitória histórica em França (Expresso, Portugal)

A matéria com o racismo explícito do imbecil fanfarrão fascista Jean-Marie Le Pen também não foi possível colocar antes. Quem quiser ler, seguem os links:
Le Pen diz que o "sr. Ébola" pode resolver a imigração (Diário de Notícias, Portugal)
Ébola “pode resolver” o problema de imigração da Europa, considera Jean-Marie Le Pen (Público, Portugal)

Esse é o efeito colateral da política de austeridade econômica equivocada encabeçada principalmente pela A. Merkel. Liberalismo econômico radical, desregulamentação e privatizações, precarização da vida do povo estão resultando na ascensão do fascismo na Europa. Sendo que esses partidos/grupos não estão pra brincadeira. Tem setores da direita brasileira que costumam, por provincianismo e visão rasa, brincar com essas questões, subestimar, pregar cinicamente coisas que não deram certo, e se dizem "democratas".

Reportagem Especial Pobreza em Portugal (SIC Notícias, Agosto 2011)
Pobreza extrema (Portugal), 17-10-2013
Consciencializa-te - Pobreza extrema em Portugal (Versão actualizada)
Polícia e autarquia e desmantelam muitos dos acampamentos dos acampamentos montados noutros locais
PORTUGAL E A CRISE (2013) - Um filme de Giovanni Alves

Curiosamente a questão da negação do Holocausto pouco ou nada influiu na ascensão desses partidos e grupos. O fator principal disso são a crise econômica, políticas econômicas radicais, mesquinhas e inconsequentes (pois já sabem o que isso levou o mundo nos anos 20-30 do século passado e flertam perigosamente com a coisa) e a degradação social acentuada em vários países decorrente da mesma. O ultranacionalismo/fascismo e extremismo, em países com agrupamentos deste tipo organizados, costuma crescer nesse ambiente de desesperança geral e convulsão social acentuada.

terça-feira, 1 de abril de 2014

Extrema direita avança, e socialistas veem derrota como 'tapa na cara' na França

Daniela Fernandes
De Paris para a BBC Brasil
Atualizado em 31 de março, 2014 - 18:20 (Brasília) 21:20 GMT

Marine Le Pen (à esq.), líder da Frente Nacional
(extrema direita), disse que demonização do partido acabou
Steeve Briois (à direita), o prefeito recém-eleito de Henin-Beuamong, abraça Marine Le Pen, a líder da Frente Nacional, de extrema direita, na França; cidade é tradicional reduto socialista que enfrenta desemprego de 18%

Os socialistas franceses sofreram uma derrota histórica nas eleições municipais encerradas no domingo, marcadas por votos de protesto contra a política do presidente François Hollande.

A direita tradicional conquistou bastiões históricos da esquerda na França. A Frente Nacional, da extrema direita, conseguiu eleger 13 prefeitos (entre eles o do distrito mais populoso de Marselha, uma vitória significativa) e quase 1,4 mil vereadores em todo o país, um recorde.

"Entramos em uma nova fase, a de acesso ao poder. O processo injusto de demonização do partido na sociedade acabou", disse Marine Le Pen, presidente da Frente Nacional.

O Partido Socialista (PS) perdeu o comando de 155 cidades com mais de 9 mil habitantes, sendo 68 delas com mais de 30 mil habitantes e dez cidades com mais de 100 mil habitantes, segundo dados do ministério do Interior.

'Tapa na cara'

"É um tapa na cara sob a forma de uma severa advertência", afirmou a socialista Ségolène Royale, que disputou as eleições presidenciais em 2007.

"Essa é a pior eleição municipal da história da esquerda francesa. É o desabamento de uma parte do socialismo na esfera municipal", disse Frédéric Dabi, diretor do instituto de pesquisas de opinião Ifop.

Na França, os prefeitos não são eleitos diretamente. A população elege listas de vereadores que, por sua vez, escolherão o prefeito. O país possui cerca de 36 mil municípios, e até mesmo vilarejos com algumas dezenas de habitantes elegem prefeitos e vereadores.

As listas que obtêm pelo menos 10% no primeiro turno têm o direito de disputar o segundo, o que permite haver vários candidatos na disputa final.

O PS do presidente François Hollande conseguiu manter algumas grandes cidades, como Paris (que será pela primeira vez comandada por uma mulher, a socialista Anne Hidalgo), Lyon, Lille, Estrasburgo e Rennes, e conquistou apenas três prefeituras até então sob o poder da direita, entre elas Avignon.

Mas os socialistas perderam dezenas de municipalidades importantes para a direita e seus aliados do centro, como Toulouse, quarta maior cidade do país, e também bastiões históricos, como Limoges (comandada pela esquerda desde 1912) ou ainda Angers e Belfort, dirigidas pelos socialistas desde 1977.

Para analistas, o resultado em Paris é um "paradoxo nacional". A candidata socialista vai suceder o socialista Bertrand Delanoë, que criou os sistemas de aluguel de bicicletas e de carros elétricos, a chamada "praia de Paris", situada à beira do Sena, o evento da "noite em claro", onde os museus ficam abertos toda a madrugada e que deixa um balanço de governo, considerado, em geral, positivo.

'Derrota coletiva'

Vitória da socialista Anne Hidalgo, em Paris, foi um
dos poucos êxitos do partido do presidente François Hollande
A nova prefeita eleita de Paris, Anne Hidalgo, e o ex-prefeito Bertrand Delanoe (à esquerda) celebram a vitória em frente à Prefeitura de Paris (Getty Images)brate in front of the City Hall of Paris, after she won the second round of the French municipal elections on March 30, 2014

Em Quimper, na Bretanha, o prefeito socialista, que também atua como conselheiro de Hollande, não conseguiu se reeleger.

Os socialistas perderam ainda cidades para a própria esquerda, como Grenoble, onde a disputa foi vencida pelo Partido Verde, ou Montpellier, conquistada por um dissidente socialista.

"Essas eleições foram marcadas pelo desafeto significativo das pessoas que confiaram em nós em 2012 (nas presidenciais)", declarou no domingo o primeiro-ministro Jean-Marc Ayrault, acrescentando que a derrota socialista "é uma responsabilidade coletiva".

"O presidente vai tirar as lições dessa eleição municipal", disse Ayrault, que foi substituído no cargo mais rápido do que o previsto. Hollande nomeou já nesta segunda-feira um novo primeiro-ministro: Manuel Valls, que era o ministro do Interior.

Hollande registra o pior índice de popularidade de um presidente em mais de 50 anos, com apenas 22% a 25%, segundo pesquisas.

Para complicar ainda mais as chances dos socialistas no segundo turno, foi anunciado na semana passada um novo aumento da taxa de desemprego na França.

"Por uma cruel ironia da história, Hollande se tornou o coveiro do que ele mesmo construiu", escreve o jornal Le Monde em um editorial intitulado "A queda do socialismo municipal".

"Durante os 11 anos em que Hollande dirigiu o partido (entre 1997 e 2008), os socialistas colecionaram vitórias em eleições cantonais e regionais, arrancaram Paris e Lyon da direita e conquistaram 44 cidades de mais de 20 mil habitantes", diz o jornal, acrescentando que a "poderosa rede de políticos municipais" constituída ao longo dos anos "desabou abruptamente".

Foi graças a essas rede de eleitos municipais que o Senado francês passou, em 2011, pela primeira vez em sua história, a ser comandado pela esquerda, já que os vereadores integram parte do colégio eleitoral que elege o senado (também é uma votação indireta).

Riscos no Senado

Além do remanejamento do gabinete de governo de Hollande nesta semana, a derrota nas municipais têm outro impacto importante: os socialistas correm o forte risco de perder o comando do Senado em setembro.

"O Senado deverá passar novamente para a direita", estima Jean-François Copé, secretário-geral do UMP (partido do ex-presidente Nicolas Sarkozy). Segundo ele, o UMP se tornou o "primeiro partido da França" após as municipais.

De acordo com o Ministério do Interior, a direita tradicional obteve 45,91% dos votos nas eleições municipais e, a esquerda, 40,57%.

A Frente Nacional (FN), de extrema direita, obteve 6,84%. O restante foi registrado por listas de candidatos sem filiação partidária.

A votação também foi marcada por uma taxa de abstenção recorde, de 36,3% no segundo turno, o que revela, segundo analistas, o "desafeto" dos franceses em relação à classe política.

Extrema direita

As eleições municipais também reforçaram a consolidação da extrema direita como terceira força política da França, na avaliação de analistas.

É certo que o avanço da FN não foi tão grande como inicialmente estimado após o primeiro turno. O partido participou de mais de 200 disputas de segundo turno no país, algo jamais visto.

Apenas 12 cidades mais um distrito de Marselha (o mais populoso, com 150 mil habitantes) foram conquistados, mas os resultados se inserem totalmente na nova estratégia do partido: se estabelecer em nível municipal para ampliar, progressivamente, suas chances na disputa presidencial (Marine Le Pen, a líder do partido, obteve 17% nas presidenciais de 2012, sendo a terceira colocada).

Como os cargos de vereadores são distribuídos proporcionalmente aos resultados na votação (mesmo derrotado para o comando da prefeitura, um partido pode eleger vários vereadores), a Frente Nacional conseguiu eleger 1,4 mil vereadores.

Em algumas cidades, o partido chegou a obter 30% dos votos no segundo turno. A FN conseguiu se firmar com vereadores em localidades onde jamais esteve presente, como na Bretanha, em cidades operárias com altas taxas de desemprego.

Fonte: BBC Brasil
http://www.bbc.co.uk/portuguese/ultimas_noticias/2014/03/140331_franca_eleicao_bg.shtml

quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

Tatuagem nazi leva ao afastamento de candidato da FN (Front National, França)

Por France Press, publicado por Luís Manuel Cabral

Tatuagem de Bastien Durocher revelada online
junto com o símbolo da Divisão Charlemagne
A divulgação de uma tatuagem nazi no braço de um candidato da Frente Nacional às eleições municipais de março levou o partido a retirá-lo das listas eleitorais para evitar polêmicas.

Um candidato do partido de extrema-direita Frente Nacional (FN), às eleições municipais de março, em França, foi excluído das listas eleitorais após a difusão de fotografias suas onde se podia ver uma tatuagem nazi, informou o cabeça de lista do partido por Châteauroux esta sexta-feira.

"Na sequência das legítimas preocupações geradas pela revelação de uma tatuagem de cariz nazi de um apoiante da Frente nacional de Châteauroux (centro do país), foi decidido que Bastien Durocher será retirado da lista da União Azul Marinho (Rassemblement Bleu Marine)", afirmou Matthew Colombier em comunicado.

Na fotografia, Durocher surge com o braço esquerdo tatuado com o símbolo da "Divisão Charlemagne" das "Waffen-SS" que durante a Segunda Guerra Mundial era composta por voluntários franceses. Colombier tinha afirmado inicialmente que não iria "retirar a confiança" ao candidato da sua lista mas, a direção do partido decidiu afastá-lo, seguindo uma estratégia que pretende evitar a diabolização da Frente Nacional e que é seguida há vários anos pela presidente Marine Le Pen.

Bastien Durocher afirmou hoje no jornal "La Nouvelle République que a sua tatuagem tinha sido feita durante a "adolescência" e que tencionava removê-la. No entanto, as imagens difundidas online pelo grupo "Resistência Antifascista" denunciaram a ideologia racista do candidato e levaram agora ao seu afastamento do ato eleitoral do próximo mês.

Fonte: Diário de Notícias (Portugal)/France Press (França)
http://www.dn.pt/inicio/globo/interior.aspx?content_id=3686946

Ver mais:
Fotografia. Candidato da extrema-direita francesa afastado por tatuagem neonazi (Notícias ao Minuto, Portugal)
Extrema-direita francesa afasta candidato por tatuagem neonazi (TSF, Portugal)
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Observação 1: Sobre esta Divisão Charlemagne, eu inclui o link no texto acima (basta clicar no nome da divisão) do Axisforum sobre ela (está em inglês), que é especializado em discussão sobre segunda guerra. Ou ver o verbete da Wikipedia em inglês sobre esta divisão:
33rd Waffen Grenadier Division of the SS Charlemagne (1st French)

Aos desavisados, o Axisforum (ou Axis History, é um site que é mais conhecido pelo fórum de discussão embora tenha a parte informativa nele de primeira) não é um fórum neonazista, pois muita gente pode confundir por conta do tema que ele aborda. O rigor com banimento de negacionistas nele é pesado e o conteúdo é de primeira, quem for pego pregando negação do Holocausto e afins acaba sendo banido, até porque a "contribuição" com o "conhecimento" desse pessoal negacionista sobre segunda guerra beira a irrelevância, sendo que todo e qualquer comentário de gente com esse perfil político é enviesado pras crenças lunáticas "mágicas" do fascismo que eles idolatram. Só comento isso porque o grau de histeria com esses assuntos no Brasil anda elevado, e o desconhecimento sobre os temas seguem nessa mesma proporção (desconhecimento pesado), o que facilita a proliferação de fascistas no Brasil pois um público com um conhecimento ou análise crítica precários sobre esses assuntos e outros, além de falta de humanismo como postura política, não representa um obstáculo à pregação desse tipo de doutrina de caráter extremista segregador no país.
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Observação 2: a quem não leu ou viu, recomendo que leiam este texto (está dividido em partes e não foi finalizado ainda, o original está em inglês) sobre a formação dessas tropas multiétnicas da Waffen-SS pois vários grupos de extrema-direita (fascistas e neonazis) no Brasil e no exterior, utilizam o episódio dessas tropas pra propagar, de forma ridícula pois só um ignorante mal intencionado leva uma coisa dessas a sério sem checar nada, que o Reich nazista não era racista, algo que beira o ridículo pois mesmo nessas tropas, quem não se enquadrasse nos critérios "raciais" nazis, não tinha acesso a promoções ou mesmo fazer parte do grupo "seleto" dos "arianos" (segundo a denominação nazista), fora toda a doutrina racista nazi.

Boa parte do voluntariado dessas tropas se deu por questões ideológicas, vários agrupamentos simpáticos ao nazismo e fascismo, grupos de extrema-direita anti-comunistas, alistavam-se nessas tropas pra combater na União Soviética e em outros países o "inimigo bolchevique". Em geral as pessoas fanáticas que se dizem anti-comunistas, são fascistas ou bem extremistas (sendo que boa parte não se assume), isso frequentemente os leva a aproximações com grupos nazifascistas, embora não vivamos mais a polarização da Guerra Fria. Vários grupos no Brasil, principalmente na mídia brasileira, alimentam essa paranoia de guerra de décadas passadas (por politicagem e disputa política com governos) que perderam totalmente o significado original e são anacrônicas, mas prum fanático qualquer crendice que combine com a "visão de mundo" dele "faz sentido".

Sobre o que apontei, e este é o tipo de propaganda que fazem, este blog neonazista verdade1945, aparentemente de alguém de Santa Catarina (Estado), faz a propaganda que citei acima, postagem de 2007. Os responsáveis pelo site pelo visto não foram condenados pela justiça brasileira por apologia do nazismo sendo que o post está no ar há uns 7 anos e a impunidade alimentando esses grupos.

Link do texto sério sobre essas tropas multiétnicas segue aqui: O Fenômeno dos Voluntários (tropas multiétnicas do Terceiro Reich) - parte 01. Há a parte 02 (o link está no post) mas falta traduzir o resto.

Quem quiser ver todos os textos sobre o assunto, clique nas tags Waffen-SS e Tropas Multiétnicas

domingo, 9 de fevereiro de 2014

Extrema-direita francesa promete bloquear UE se vencer eleições em maio

Eleições/Parlamento UE - Artigo publicado em 27 de Janeiro de 2014 - Atualizado em 27 de Janeiro de 2014.

Florian Philippot, vice-presidente da Frente Nacional. RFI
O vice-presidente do partido de extrema-direita Frente Nacional (FN), Florian Philippot, disse nesta segunda-feira (27) que a legenda vai "bloquear o funcionamento da União Europeia", se sair vencedora das eleições para o Parlamento Europeu, marcadas para o mês de maio. "Será uma crise salutar", declarou o número 2 do partido de Marine Le Pen, após a divulgação de uma pesquisa apontando a extrema-direita em primeiro lugar nas intenções de voto entre os eleitores franceses.

Uma pesquisa do instituto Ifop divulgada no domingo (26), no jornal francês JDD, revela que as listas dos partidários da FN têm 23% de intenções de voto, contra 21% para o partido de direita UMP e 18% do Partido Socialista (PS) e do Partido Radical de Esquerda (PRE).

"Na noite de 25 de maio [dia da votação], os patriotas serão o primeiro partido da França", festejou Philippot. O político de 32 anos é uma das "caras novas" do partido de extrema-direita "reformulado" por Marine Le Pen, filha de Jean-Marie Le Pen, fundador da legenda xenófoba e isolacionista que a nova geração tenta transformar num partido frequentável.

Historicamente, a Frente Nacional é identificada como um partido de extrema-direita xenófobo, antissemita e anti-imigração, particularmente com a proveniente de países muçulmanos do norte da África.

"Somos o único partido que encarna uma outra via. Todos os demais partidos, da UMP ao PS e seus satélites, seguem uma linha euro-fanática", disse Philippot. Ele acrescentou que o "patriotismo está crescendo em vários países da Europa, como Áustria, Dinamarca, Suécia, Grã-Bretanha, Holanda e Bélgica". "Nossa intenção é de bloquear a Europa e faremos isso sem nenhum peso na consciência", declarou Philippot.

"Se houver uma crise na União Europeia, ela será salutar", concluiu o número 2 da FN.

Fonte: RFI
http://www.portugues.rfi.fr/europa/20140127-extrema-direita-francesa-promete-bloquear-ue-se-vencer-eleicoes-em-maio

Ver mais:
Extrema-direita à frente para as europeias em França (Expresso, Portugal)
Vitória da extrema-direita em eleição local na França é advertência para socialistas e conservadores (RFI)

sexta-feira, 18 de outubro de 2013

Candidata francesa que comparou ministra a macaco é suspensa

PARIS - Uma candidata às eleições municipais que comparou a ministra da Justiça da França a um macaco em sua página no Facebook foi suspensa nesta sexta-feira pelo seu partido de extrema-direita Frente Nacional, após dizer a um canal de TV francês que preferia ver a ministra em uma árvore do que no governo. O incidente foi um golpe para os esforços da legenda anti-imigração, que tenta se distanciar das acusações de racismo.

Anne-Sophie Leclere, candidata na cidade de Rethel, postou uma montagem de fotos na rede social representando a ministra da Justiça, Christiane Taubira, ao lado de uma foto de um bebê chimpanzé. Questionada em uma reportagem da emissora France 2, Anne-Sophie respondeu:

- Eu prefiro vê-la em uma árvore do que no governo - disse. - Francamente, ela é um selvagem, aparece na TV com um sorriso de demônio. Não é racismo.

Florian Philippot, vice- presidente do partido, disse que a candidata sofreria uma advertência disciplinar interna e chamou sua escolha como candidata de um "erro".

A Frente Nacional expulsou vários membros por racismo ou por mostrar simpatia à ideologia neonazista desde que Marine Le Pen assumiu a liderança do partido em 2011 no lugar de seu pai, Jean-Marie Le Pen, que foi condenado por menosprezar o Holocausto.

O movimento liderado por Marine Le Pen tem ganhado terreno em pesquisas de opinião antes das eleições municipais do próximo. Ela projetou-se como uma defensora do secularismo e dos direitos das mulheres e ameaçou processar jornalistas que chamam a Frente Nacional de extrema-direita por difamação.

Fonte: EFE
http://br.noticias.yahoo.com/candidata-francesa-comparou-ministra-macaco-%C3%A9-suspensa-150224257.html

quarta-feira, 21 de agosto de 2013

Deputado franco-brasileiro é alvo de preconceito da extrema-direita

França/Polêmica - Artigo publicado em 05 de Agosto de 2013 - Atualizado em 05 de Agosto de 2013
Deputado franco-brasileiro é alvo de preconceito da extrema-direita

O deputado e porta-voz do Partido Socialista,
Eduardo Rihan Cypel, nasceu em Porto Alegre
e mora na França desde seus dez anos de idade.
DR - RFI
O deputado e porta-voz do Partido Socialista (PS), o franco-brasileiro Eduardo Rihan Cypel, foi alvo de duras críticas do deputado europeu e integrante do partido de extrema-direita Frente Nacional (FN), Bruno Gollnisch. O assunto vem sendo destacado pela imprensa francesa nos últimos dias. Em um vídeo postado em seu blog na última sexta-feira, dia 2 de agosto, Gollnisch descreve Cypel como "um francês recente" e que o faz pensar "nesse tipo de pessoa que se convida em casa e que, uma vez que ela se habituou, quer convidar todo mundo".

Eduardo Rihan Cypel é natural de Porto Alegre (RS) e vive na França, para onde veio com seus pais, desde seus dez anos de idade. Em 1996, com 22 anos, ele obteve a nacionalidade francesa. Desde 2004, ele integra o PS. Em 2012, ele participou da campanha presidencial de François Hollande, encarregado das questões de imigração. No mesmo ano, ele se elegeu deputado da localidade de Seine-et-Marne, na grande região parisiense.

De acordo com Gollnisch, a França financiou a educação de Cypel para que ele pudesse aprender francês. "Não se creia autorizado à estigmatizar aqueles que pensam que há muitos nômades na França", aqueles que "reclamam de encontrar a cada dia mais estrangeiros em seu próprio país", diz o deputado de extrema-direita.

O franco-brasileiro reagiu às declarações em sua conta no Twitter. "Eu sei o que devo à França, senhor Gollnisch: é defender seus cidadãos e seus valores republicanos contra pessoas como você", publicou neste sábado, dia 3 de agosto.

Ignóbil tradição

Os socialistas defenderam Cypel publicamente, e classificaram as acusações de Gollnisch como "insuportáveis". Para o primeiro secretário do PS, Harlem Désir, "os propósitos que visam a origem de um responsável político e de um parlamentar francês se inscrevem na ignóbil tradição da extrema-direita francesa".

Para o PS, este tipo de declaração "mostra que a Frente Nacional é um partido profundamente anti-republicano que quer realizar uma triagem inaceitáveil entre os franceses em função de suas origens. O partido também acredita que a presidente do FN "provavelmente não sancionará essa nova derrapagem de Gollnisch".

Fonte: RFI
http://www.portugues.rfi.fr/geral/20130805-deputado-franco-brasileiro-e-alvo-de-preconceito-da-extrema-direita

sexta-feira, 7 de junho de 2013

Polícia decreta prisão preventiva de quatro suspeitos de agredir militante de esquerda de 18 anos

Clément Méric, o jovem agredido por skinheads
na noite desta quarta-feira, 5 de junho de 2013,
se encontra atualmente em estado de morte cerebral.
Entre os suspeitos detidos para interrogatório está o suposto autor dos golpes de soco inglês que causaram a morte cerebral da vítima. Ele seria um jovem de 20 anos ligado a movimentos neonazistas. Episódio reacende a discussão sobre grupos de extrema-direita na França

Depois de prometer uma açao rápida, o ministro do Interior da França, Manuel Valls, anunciou nesta quinta-feira a prisao preventiva de quatro suspeitos de envolvimento na agressao cometida na noite desta quarta-feira, no centro de Paris. Um grupo de três skinheads atacou o estudante e militante de extrema-esquerda Clément Méric, de 18 anos, que teve a morte cerebral decretada. Segundo a polícia, o suspeito de ser o autor dos golpes de soco inglês que mataram Méric seria um jovem de 20 anos.

O incidente aconteceu próximo às Galerias Lafayette, em uma área nobre da capital francesa. Os skinheads fariam parte do grupo radical Juventude Nacionalista Revolucionária. A JNR é um movimento neonazista que repudia o casamento entre pessoas do mesmo sexo e se guia por ideias ultranacionalistas. Serge Ayoub, fundador do grupo, entretanto, negou qualquer ligação com o caso.

Clément Méric era estudante da SciencesPo., uma das mais prestigiadas universidades francesas, e era conhecido no meio político de esquerda.

O Partido de Esquerda, ao qual Clément Méric era filiado, convocou seus militantes para uma passeata em homenagem ao jovem nesta quinta-feira, às 18h30, horário local, 13h30 no horário de Brasília, na Praça Saint-Michel, região central de Paris.

Os estudantes da SciencesPo. também farão uma homenagem a Méric, hoje à tarde, em frente ao Instituto de Ciências Políticas da universidade.

O episódio reacende a discussão sobre os grupos de extrema-direta na França. O primeiro-ministro francês, Jean-Marc Ayrault, declarou que o governo vai estudar todos os meios legais para destruir esses "grupos de inspiração neonazista que prejudicam a República". Disse Ayrault ao Senado: "Nossa responsabilidade é encontrar respostas jurídicas e políticas para que movimentos racistas, antissemitas e homofóbicos sejam combatidos".

Já no outro lado do espectro político, a líder de extrema-direita Marine Le Pen, negou ligação de seu partido, a Frente Nacional, com os agressores e criticou o que chamou de generalização de esquerda.

Fonte: RFI/France24
http://www.portugues.rfi.fr/franca/20130606-jovem-militante-de-esquerda-e-agredido-por-skinheads-no-centro-de-paris

sábado, 25 de maio de 2013

O Primavera Francesa (Printemps français) tornou-se um "exército secreto" (extrema-direita)

Este é o comunicado que acaba de ser publicado no site do Printemps français (Primavera Francesa), a ala radical da oposição à lei Taubira. Ele se batizou como "A Ordem do dia número um", na forma de um exército secretro.

Observando a promulgação, sábado 18 de maio, da lei do casamento para todos, este texto pretende ser o manifesto de fundação de uma "nova força de resistência". "A França está sendo submetido a forças que a querem escravizar completamente. A batalha está apenas começando. Ela continuará até a vitória."

"Na véspera da batalha, os partidos políticos já anunciaram a sua colaboração com o poder ideológico, alegando falsamente que a lei Taubira não pode ser revogada. Ao se colocarem no campo inimigo, eles se autoplocamaram como adversários ", escrevem os autores do texto, de forma bastante explícita à UMP.

"Tidos como alvos"

Segue a seguinte proclamação exaltada: "O Primavera Francesa, portanto, afirma que serão tidos como alvos: o governo atual e todos os seus apoiadores, os partidos políticos que colaboraram com a lei, os lobbies que elaboraram o programa ideológico e os órgãos que a difundiram".

O comunicado termina com: "Esta agenda é imediatamente executória."

Este texto ocorre em um ambiente de alta tensão, inclusive no movimento anti-casamento gay e alguns dias antes da manifestação no dia 26 de maio, em Paris. O exemplo mais recente desses antagonismos: causou raiva nas alas mais radicais as declarações frias de Frigide Barjot após o suicídio de Dominique Venner. Querendo distanciar o gesto dele do movimento, o porta-voz da manifestação disse que foi um ato de alguém "um pouco perturbado". "Dominique Venner faz parte de uma pequena minoria à margem [que quer] atos violentos, de uma ação forte, dizia que fazemos manifestações suaves", disse ela na terca-feira, 21 de maio em RTL.

Seguindo sua agenda de imprensa, a Primavera Francesa planeja protestar quinta-feira ou sexta-feira na sede do Grande Oriente em Paris.

Fonte: Droite(s) Extreme(s), Le Monde (França)
http://droites-extremes.blog.lemonde.fr/2013/05/22/le-printemps-francais-joue-a-larmee-secrete/
Tradução: Roberto Lucena

quinta-feira, 18 de outubro de 2012

Meio século depois Hollande admite matança de argelinos em Paris

Meio século depois Hollande admite
matança de argelinos em Paris
Há 51 anos, a polícia francesa massacrou em Paris centenas de imigrantes argelinos que se preparavam para participar numa manifestação a favor da independência do seu país. Oficialmente, apenas reconheceu três mortos e 64 feridos. Durante mais de meio século, todos os governos franceses negaram o massacre. François Hollande veio agora admiti-lo.

O reconhecimento veio no 51º aniversário da manifestação de 17 de Outubro de 1961 e a pouco tempo de uma visita oficial à Argélia que o presidente francês tem agendada para o início de Dezembro. A manifestação brutalmente reprimida em 1961 fora convocada por organizações afectas ao movimento de libertação argelino FLN e dirigia-se contra o reclher obrigatório que apenas se aplicava aos argeilinos.

A manifestação terá reunido entre 20.000 e 50.000 pessoas e a maior parte dos mortos não foram vítimas de violência na rua, e sim nas esquadras, após a detenção. Um grande número foi lançado ao rio Sena, tendo os cadáveres continuado a aparecer nos dias seguintes, como denunciaram contra os desmentidos oficiais principalmente os jornais Le Monde, Libération e L'Humanité.

No lacónico comunicado do presidente Hollande, o balanço da repressão policial daquele dia é descrito como uma "tragédia" e refere-se a necessidade "não de vingança ou arrependimento, mas de do direito, por meio da verdade". O embaixador argelino em Paris, Missoum Sbih, comentou favoravelmente esta admissão do facto em si, que há muito era reivindicada pelo Governo argelino. Segundo Sbih, há no comunicado "vários sinais positivos e encorajadores".

Direita francesa furiosa com Hollande

Embora o comunicado em momento algum admita a existência de culpas da polícia francesa ou peça perdão às famílias das vítimas, os "sinais positivos" nele lidos pelo embaixador argelino já foram suficientes para desencadear um vendaval de protestos da direita francesa.

Assim, o líder parlamentar da UMP, Christian Jacob, considerou "intolerável" que o comportamento da polícia e o conjunto da República fossem postos em causa pelo comunicado. O dirigente histórico da Frente Nacional (extrema-direita) Jean-Marie Le Pen, conhecido por ter praticado a tortura em larga escala durante a Guerra da Argélia, afirmou que Hollande não tem o direito de se pronunciar sobre alegadas culpas da França.

E o ex-primeiro-ministro Fraçois Fillon, segundo citação do diário alemão Frankfurter Allgemeine Zeitung, interrogou-se retoricamente: "E o que é feito dos crimes que foram cometidos na Argélia após a independência, com os massacres contra os Harkis [soldados argelinos que serviram o exército francês], o que é feito dos arquivos argelinos, que nunca foram abertos?" E logo sugeriu: "Ou bem que tudo se revela à luz do dia, ou então o melhor é esquecer todo o assunto".

Papon: primeiro genocida anti-judeu, depois anti-árabe

Seja como for, os arquivos franceses ficarão abertos e permitirão conferir os cálculos dos historiadores - geralmente entre os 50 e os 200 mortos. Um dos mais conhecidos, da autoria do historiador francês Jean-Luc Einaudi, aponta para as duas centenas.

O balanço de Einaudi, que utilizava já o termo "massacre", deu na altura origem a um processo por difamação intentado por aquele que fora o prefeito da Polícia de Paris à data da manifestação: Maurice Papon. Este viria, por sua vez, a sentar-se depois no banco dos réus, não pela repressão de 17 de Outubro, mas pela sua colaboração com os nazis com vista a organizar a deportação de judeus para os campos de extermínio.

Papon viria a ser despojado de todas as suas condecorações e condenado a dez anos de prisão em 1998, por crimes contra a humanidade cometidos ao serviço do regime colaboracionista de Vichy. Mas acabou por cumprir apenas um ano de prisão, vindo a ser libertado por razões de saúde em 2000 e morrendo em 2002.

António Louçã, RTP 18 Out, 2012, 18:15 / atualizado em 18 Out, 2012, 18:30
DR

Fonte: RTP (Portugal)
http://www.rtp.pt/noticias/index.php?article=596337&tm=7&layout=121&visual=49

segunda-feira, 19 de março de 2012

Assassino em série da França seria paranóico racista (extrema-direita)

Perita trabalha na cena do crime em frente à escola judaica Ozar Hatorah, em Toulouse. Foto: AFP
19 de março de 2012 • 15h50 • atualizado às 16h31

O assassino que horrorizou a França, após matar em oito dias crianças em uma escola judaica e militares, tem um perfil de assassino em série que "atribuiu a si mesmo uma missão" em uma lógica de "guerra", com "um aumento de poder" em cada um de seus crimes, apontaram criminologistas e especialistas. "Serial killer", paranóico racista de extrema direita, que acredita estar em uma "missão", desequilibrado "desprovido de ideologia": todas as hipóteses são apresentadas para tentar definir a personalidade de um assassino, que age sozinho e que sabe manusear armas para atingir suas vítimas.

O assassino - que circula com uma scooter e usa uma arma de calibre 11,43 - primeiro atacou militares de origem norte-africana e um de seus companheiros negro, antes de atacar uma escola judaica no sudoeste do país. Um homem determinado, que mostrou ter sangue frio, matou a cada quatro dias. Ele poderia ser militar ou paramilitar, ativo ou não, motivado por "um desejo de destruir algumas categorias de pessoas", disse o ex-policial Jean-François Abgrall.

A cada ato "aumentou sua força na agressão", afirma o analista criminal que se tornou investigador, mencionando "um personagem que vai para a guerra". "Sua primeira vítima, um paraquedista, caiu em uma armadilha (em Toulouse no dia 11 de março). Em seguida, repetiu o ato ao atacar três outros paraquedistas (em Montauban na quinta-feira). Os militares tinham em comum o fato de poderem ser percebidos como estrangeiros", o que pode ser para ele "insuportável", acredita Abgrall.

"Finalmente, na segunda-feira, chegou a perseguir suas vítimas no interior de uma escola judaica", onde matou três crianças e um professor. "Há, definitivamente um gatilho. Não podemos dizer qual seria, mas estamos em um clima de campanha política e falamos de problemas sociais que podem ter significados diferentes para ele", acrescentou Abgrall. Para o psiquiatra criminologista Coutanceau Roland, a mais forte hipótese é a de "terrorismo reduzido a um homem", racista ou não.

"Seria uma pessoa que, em vez de ter uma doença mental, tem apenas uma personalidade paranóica. Ele desenvolveu uma forma de crença ideológica absoluta, inabalável na privacidade de sua imaginação. De maneira megalomaníaca, ele atribui a si a tarefa de agir: ele pode afirmar 'eu tinha que fazer isso!'". "Ao se tratar de uma lógica abstrata de combate, o ato é cometido de maneira fria, organizada, com uma insensibilidade para com as pessoas que ele mata", afirma Coutanceau.

Para ele, esse assassino certamente não é um "assassino em massa em sua forma clássica, como na escola de Columbine (EUA, 1999), porque esse tipo de assassino permanece no local e procura, de alguma maneira, ser morto pela polícia". O psiquiatra também considera a possibilidade de ser um "doente mental, com um desenvolvimento do caráter paranóico, como o assassino de Oslo (o norueguês Breivik que matou 77 pessoas em julho de 2011, ndlr.) Alguém que tem um delírio, enquanto o resto de sua personalidade funciona 'normalmente', tornando-o capaz de organizar com inteligência sua estratégia".

Autor de dezenas de livros sobre crimes, Stephane Bourgoin descreveu o autor dos ataques como um "assassino em série". "Se não for parado, vai continuar, é indiscutível. Mas este tipo de assassino é difícil de ser pego, pois não tem conexão alguma com suas vítimas". A pista de terrorismo, que ninguém quer descartar, não é privilegiada pelos especialistas nem pelos investigadores, mesmo que a seção anti-terrorista tenha sido chamada por causa do "clima de intimidação e terror" gerado pelos ataques.

Fonte: AFP
http://noticias.terra.com.br/mundo/noticias/0,,OI5673616-EI8142,00-Assassino+em+serie+da+Franca+seria+paranoico+racista.html

Ver mais:
França: atirador pode ser o autor de três chacinas (A Tarde online)

sábado, 3 de março de 2012

"François Duprat," o livro referência sobre o homem que inventou a Frente Nacional

François Duprat, de Nicolas Lebourg
e Joseph Beauregard (Denoël)
Quem foi François Duprat? Personagem misterioso e fundamental da extrema-direita francesa, ele atravessou um quarto de século da política francesa e internacional. Sua morte misteriosa em um atentado de carro-bomba que explodiu em 18 março de 1978, antes do primeiro turno das eleições legislativas, deixou uma imagem de mártir da "causa nacional" na sua família política.

O historiador Nicolas Lebourg e o documentarista Joseph Beauregard tiveram uma árdua tarefa de reconstruir o itinerário político e pessoal de um homem que não parou de compartimentar sua vida e que não relutou em inventar quando parecia necessário. A tudo ele se prestou: policial, delator, o homem da KGB, do Mossad, da CIA, dos sírios, pagos por Gaddafi, Arafat e de outras hipóteses ainda.

Em abril de 2011, os autores realizaram em parceria com o Le Monde.fr, o INA e a 1+1 Production, a produção de um webdocumentário que também tentou explicar o percurso de Duprat e o papel essencial que desempenhou na extrema-direita.

Sua biografia retorna ao essencial - e de forma mais desenvolvida - desta trama. François Duprat, o homem que inventou a Frente Nacional (Denoël, 382 páginas, € 23,50), pode ser lido como um romance policial. E contém muitos detalhes e análises políticas fascinantes. Os autores encontraram todas as testemunhas-chaves, como a família de Duprat, seus companheiros, seus adversários, seus inimigos. Toda a informação é verificada, cruzada. Uma obra rara de investigação pode lançar luz sobre François Duprat. Porque, se ele foi esquecido pelo público em geral, Duprat teve um papel fundamental no nascimento e na ascensão final da Frente Nacional.

Intelectual orgânico

Duprat se alistou em primeiro lugar, quando da guerra da Argélia junto à Nação Jovem (Jeune Nation), um grupo de extrema-direita violenta fundado por Pierre Sidos, facção da galáxia da OAS. Duprat acabará por fazer parte de toda aventura de extrema-direita da FN no Ocidente, como, através da Federação dos Estudantes Nacionalistas e da Nova Ordem. Mas muitas vezes ele será excluído. Cada vez, ele irá imprimir a sua influência teórica nesses pequenos grupos, para se tornar o verdadeiro intelectual orgânico da extrema-cireita. Este professor de história, amado por seus alunos, também receberá uma série de apelidos da imprensa militante como irá usá-los como uma arma ideológica com sua família política.

Mas Duprat não era um simples ativista simples parisiense, que não relutou em lutar apesar de seu porte físico e apesar de sua forte miopia. Fascinado pelos serviços de inteligência e do dobro (ou triplo) de jogos, foi pessoalmente encarregado pela Central de Inteligência, onde informou seu agente sobre as vicissitudes de sua família política. Foi também para a Nigéria e Congo, em plena descolonização, para ajudar o campo anticomunista.

Para esta resistente criança, vindo de uma família de esquerda, ele era um anticomunista total. E um profundo antissemita. Ele foi o primeiro a publicar livros negacionistas na França. E a revitalizar o antissemitismo e a negação do Holocausto combinando negacionismo e antissionismo. Os autores escrevem: "A negação é aberta (...) sobre as novas mitologias do antissemitismo. Os judeus ganharam a Segunda Guerra Mundial, tanto para a causa sionista como para a destruição de outros Estados e 'raças', a fim de estabelecer sua dominação global." Foi ele quem conceituou a noção de "nacionalismo revolucionário", uma atualização do "movimento fascista".

No início da aventura da FN, são seus grupos nacionalistas revolucionários a ala mais radical do partido. Mas isso não impede que influencie fortemente a linha de discurso do partido. Ele é o exemplo que sopra para Jean-Marie Le Pen e que se tornou a marca de um partido social de extrema direita: o famoso "Um milhão de desempregados, é um milhão de imigrantes também."

O legado de Duprat, a FN é o maior. Muito azedo. No entanto, é de fato sempre presente. E, especialmente hoje. O posicionamento econômico e social defendido por Duprat pela FN, e do chamado "novo" discurso de Le Pen, há semelhanças.

Evidentemente, o assassinato de Duprat é metodicamente estudado. Um pouco como uma investigação policial, os autores descrevem com força de detalhes as circunstâncias da morte de Duprat. Eles analisam todos os pressupostos sobre a acusação de assassinato.

Ao longo de 382 páginas deste livro - somado, através do personagem de Duprat, emerge da trama pequenos toques impressionistas, retrato de uma época em que a política era o negócio da vida, e onde não renunciou a qualquer meio, incluindo a violência e assassinato, para alcançar seus objetivos.

Fonte: Le Monde, blog Droite(s) Extreme(s)François Duprat», le livre référence sur l’homme qui inventa le Front national)
http://droites-extremes.blog.lemonde.fr/2012/02/14/francois-duprat-le-livre-reference-sur-lhomme-qui-inventa-le-front-national/
Tradução: Roberto Lucena

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