sexta-feira, 28 de maio de 2010

O manual neonazi do "Blood & Honour" - Espanha

Madrid, 27 maio(EFE).- Recrutar jovens brancos em concertos é um dos conselhos do manual de campanha do movimento neonazi "Blood & Honour" ("B&H"), confiscado pela polícia com um dos 18 jovens que estão sendo julgados em Madrid por porte ilegal de armas e por pertencerem a um grupo que incita a xenofobia.

A proposta deste manual, elaborado pelo já falecido chefe francês deste movimento neonazi, Max Hammer, e ao que teve acesso a Efe, coincide com a ação desenvolvida pelo "B&H" em fevereiro de 2005, quando supostamente organizou um concerto na localidade madrilena de 'Talamanca del Jarama' em que acolheram cerca de 400 pessoas, muitas delas com estética "skinhead".

Durante o julgamento que está sendo realizado na Audiência Provincial de Madrid, a maioria dos acusados reconheceram que acolheram no dito concerto, alguns destes desde Jaén, Sevilha e Saragoça, motivados unicamente porque gostavam de alguns dos grupos musicais que atuavam e não porque se reuniram ali pessoas de ideologia racista.

De acordo com o relato provisório do fiscal, em 12 de fevereiro de 2005 a associação "Blood & Honour España" - Sangue e Honra - organizou um concerto na discoteca "Taj Mahal" com as ditas pessoas e durante o mesmo deram gritos alusivos ao povo judeu tais como "seis milhões de judeus a mais na câmara de gás", além de serem vendidos livros, camisetas e CDs com ideias nazistas.

O manual elaborado por Hammer, e que supostamente tinha na sua casa Francisco José L.P., um dos fundadores do grupo na Espanha, disse textualmente que: "o propósito do movimento 'Blood & Honour' é atrair e formar ativistas a jovens brancos através de música RAC/WP - Rock contra o Comunismo e Poder Branco - através de atividades culturais pautadas nas políticas Nacional-Socialistas".

Para adicionar mais tarde: "devem organizar-se atividades sociais, como concertos e festas (...) para manter as relações entre camaradas"... Tais atividades devem também "atrair novos recrutas"".

Por sua parte, no escrito da acusação popular, representada pelo Movimento contra a Intolerância, assinala-se que o "B&H" utiliza a organização de concertos como aquele de 'Talamanca del Jarama' para arrecadar fundos e "para difusão de sua ideologia".

No manual de campanha também se assegura que o objetivo deste grupo neonazi é "ter o poder" e adverte que ou a "raça ariana" detém "o mando total de seu futuro" ou "desaparecerá".

"O homem ariano crescerá de novo e devolverá a justiça à terra. Ou preferirá viver e lutar para ele mesmo. Não há meio termo", vaticina o documento encontrado em posse de Francisco José L.P. e que forma parte das provas do julgamento.

Assim mesmo, o manual do "B&H", que também faz referência ao movimento Combat 18 (a sigla se refere aos números que ocupam no alfabeto as letras A e H, iniciais de Adolf Hitler), recomenda aos neonazis a utilização de e-mails na internet para evitar "custosas e arriscadas chamadas telefônicas".

Contudo, Roberto L.U., considerado como "líder" do grupo, fora interceptado um grande número de chamadas telefônicas pela Guardia Civil nas quais, segundo o informe do Grupo de Informação da Comandância de Madrid, falava com um interlocutor sobre o dinheiro que arrecadava com a venda de armas.

Além disso, nessas conversações o acusado chega a se pôr como exemplo de onde se refletem "muitos jovens". EFE

Fonte: Agência EFE, Espanha
http://www.google.com/hostednews/epa/article/ALeqM5gI7KmBGM_5tdfiAyy-e1R3VIKbdg
Tradução: Roberto Lucena

Outras matérias:
Tribunal espanhol condena 14 membros de grupo neonazista

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