Entre 1940 e 1941, o povo francês se encontrava sobrecogido pela derrota de seu país e preocupado com problemas materiais de sua vida diária, de forma que não reagiu à perseguição contra os judeus. Só organizações de caridade deram seu apoio aos judeus. Entre estas organizações, a Oeuvre de Secours aux Enfants (OSE), uma associação para crianças judias criada na Rússia em 1912, dedicava-se a ajudar os jovens.
Desde 1941, as crianças foram alojadas na casa da OSE em Palavas-les-Flots, por iniciativa de Sabine Zlatin. Isto foi possível graças ao apoio do prefeito do departamento de Hérault, Bénédetti, e seus assistentes. Quando a situação do departamento de Hérault se deteriorou, o prefeito perguntou à Sabine e Miron Zlatin se se podiam se mudar para a vila de Izieu. Em poucas semanas, a vida se reorganizou, apesar de que muitas crianças haviam sido repentinamente separadas de suas famílias e haviam sofrido com as condições de internamento durante meses etc. A ideia era tentar chegar à zona controlada por tropas italianas.
Mas a capitulação italiana, em setembro de 1943, provocou a ocupação da Wehrmacht das zonas anteriormente sob controle italiano. Em fevereiro de 1944, alguns colaboradores da OSE foram detidos pela Gestapo, pelo que a organização decidiu enclausurar todas suas casas para as crianças, quanto antes possível. Sabine Zlatin fez tudo o que estava a seu alcance para ocultar as crianças de Izieu.
Muitas crianças judias e seus responsáveis encontraram refúgio entre 1943 e 1944 no povoado de Izieu, não muito longe de Lyon.
Com a exceção do cuidador Leon Reifman, que conseguiu escapar saltando por uma janela, as 44 crianças e 7 cuidadores foram presos em 6 de abril de 1944, durante uma ação em Izieu. 42 crianças e 5 adultos foram enviados em diferentes transportes desde o campo de trânsito de Drancy até Auschwitz-Birkenau, onde foram assassinados.
Em 6 de abril, a Gestapo, sob a direção do "Carniceiro de Lyon", Klaus Barbie, entrou no orfanato e prendeu as crianças e os cuidadores, introduzindo-os em caminhões.
A professora Lea Feldblum foi a única sobrevivente de Auschwitz, porque foi empregada no campo. Dois jovens foram deportados para a Estônia, junto com o diretor do orfanato, Miron Zlatin, onde foram assassinados no verão de 1944.
Depois da guerra, Barbie conseguiu escapar, apesar de ser procurado pelas autoridades francesas, e conseguiu chegar à América do Sul, sob a proteção do serviço de inteligência norte-americano. Em 1952 e 1954, o Tribunal Militar de Lyon o condenou à morte em sua ausência.
Em junho de 1971, o escritório da Promotoria de Munique decidiu encerrar o caso, baseando-se que era impossível provar que Barbie conhecia o destino que esperava as pessoas que prendia. Mas Beate Klarsfeld mobilizou os membros da comunidade judaica e da Resistência para lutar contra esta setença, e conseguiu as testemunhas necessárias para que prosseguissem a investigação em Munique. Conseguiram estabelecer a verdadeira identidade de Barbie na América do Sul. Anos depois, a campanha levada a cabo por Beate e Serge Klarsfeld consiguiu que ele perdesse sua nacionalidade boliviana e fosse extraditado da Bolívia.
Em maio de 1987, depois de quatro anos de trabalhos preparatórios em Lyon, o julgamento contra Klaus Barbie foi aberto. Era o primeiro caso de crimes contra a humanidade julgado na França, e Barbie era acusado da liquidação do Comitê da União Geral dos Judeus da França em Lyon (UGIF), da prisão das crianças de Izieu, do internamento de 650 pessoas em campos de concentração, da tortura e morte de Marcel Gompel, um membro judeu da resistência, da prisão e internamento em campos de concentração de diferentes membros da Resistência.
Em dezembro de 1985, uma decisão do Tribunal de Cassação havia estipulado que a deportação dessas pessoas para campos de concentração não estava diretamente relacionada com o conflito bélico, pelo que ia mais além com os crimes contra a humanidade.
Barbie declarou que não sabia nada dos crimes os quais era acusado. Em 3 de julho de 1987, estabeleceu-se o veredito de culpabilidade, sem circunstâncias atenuantes, e foi setenciado à prisão perpétua. Em 25 de setembro de 1991, Klaus Barbie morreu de câncer na prisão.
A criação do memorial
Durante o julgamento contra Klaus Barbie em Lyon, em 1987, uma organização sem fins lucrativos foi criada por Sabine Zlatin, que havia fundado o orfanato com seu marido, em 1943. Em 24 de abril de 1994, o então Presidente da República francesa François Mitterand dedicou o memorial, que é visitado por um grande número de alunos e professores.
Dois edifícios estão abertos ao público. A casa que serviu de lar para as crianças de Izieu e dos cuidadores a cargo, está destinado a perpetuar sua memória. Na granja adjacente reconvertida, está presente o trasfondo histórico dos fatos daquele dia.
Em sua exposição se traça o itinerário das crianças judias, desde sua chegada à França, durante o período entreguerras e sua deportação para os campos de concentração. Através das fotografias e dos desenhos audiovisuais, os visitantes podem entender o horror do destino destas 44 crianças, e das 11.000 crianças judias deportadas da França para os campos de concentração e extermínio. Uma das salas é dedicada ao tema dos crimes contra a humanidade; também se mostra uma montagem com imagens do julgamento contra Barbie que fazem referência à redada de Izieu.
A história das crianças de Izieu é particularmente interessante para as crianças e jovens, porque faz referência a pessoas de sua mesma idade. O departamento educativo do museu sempre está disposto a ajudar professores a preparar visitas à escola. O trabalho educativo se centra nas políticas antissemitas do governo de Vichy que colaborou com as tropas de ocupação alemãs, os crimes contra a humanidade e a perseguição depois da guerra.
O memorial também tem uma exposição permanente de fotografias, que fazem referência a diferentes temas relacionados com a casa Izieu: a história das famílias de muitas das crianças, os campos de concentração de Drancy e Auschwitz, os julgamentos de Nuremberg, a carrera de Klaus Barbie e seu julgamento, a colaboração francesa etc.
A história da casa Izieu é particularmente interessante para crianças e jovens, porque faz referência a pessoas de sua idade. Por isso, uma grande parte do material e dos documentos expostos são diretamente dirigidos a este tipo de visitantes. Além disso, o departamento educativo do museu está a disposição dos professores para preparar as visitas dos colégios.
Para este fim, o memorial tem programas de visitas de um ou vários dias, nos quais os alunos podem trabalhar depois de visitar a instalação sobre estes temas do passado e refletir as questões que tenham surgido durante a visita. As visitas de vários dias permitem que os alunos absorvam a atmosfera deste lugar especial, aproximando-se do destino das crianças e de seus familiares, e compreender essa história desde seu próprio ponto de vista.
Contato:
Maison d’Izieu
01300 Izieu
http://www.izieu.alma.fr
Fonte: topografía de la memoria (memoriales históricos de los campos de concentración nacionasocialistas 1933-1945)
http://www.memoriales.net/topographie/francia/izieu.htm
Tradução: Roberto Lucena
4 comentários:
Parabéns pelo artigo. Me emociona pelo fato de tratarem de crianças! Como pode? Como foi possível? Que idiota é esse que teve um apelido de "carniceiro", espcialista em torturas (as de afogamento então impressionam), que utilizou-se de sobrenome de um rabino para se "disfarçar", se instalar na Bolivia e continuar sua sequência de atrocidades junto a um governo ditatorial?
Durante o julgamento, Klaus Barbie não deu sinais de arrependimento dos seus atos, chegando mesmo a afirmar o seu contentamento por ter salvo a França de um regime socialista. Chegando até a dizer a frase "Vocês têm de me inocentar".
O nazi-revi-bandidos deveriam ir lá, visitar, ver com seus próprios olhos (eles que alegam ser tudo falso). Mas, perderiam seu "ganha-pão". É muita cretinice!
Depois, o Sr. Le Pen tem seus tremeliques e chiliques (típicos dos admiradores do cabo de topete e bigodinho esquisito) quando é condenado por dizer que a ocupação alemã na França durante a II Guerra Mundial "não foi particularmente desumana".
Um perfeito imbecil!
"O nazi-revi-bandidos deveriam ir lá, visitar, ver com seus próprios olhos (eles que alegam ser tudo falso). Mas, perderiam seu "ganha-pão". É muita cretinice!"
Esses "revis" de internet ou "fascistas sem pátria" adoram demonstrar desprezo com esses fatos na rede, creio que se vissem os locais dessas atrocidades de perto(tirando os sociopatas dos bandos que iria sentir prazer em ver) borravam nas calças.
O que os nazibandidos tem a "dizer" sobre isso? É mentira também?
http://www.youtube.com/watch?v=sz65pzbi2r4&feature=player_embedded
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