terça-feira, 9 de abril de 2013

Um dos casos mais grotescos desde a redemocratização do país em 1985 (congresso brasileiro)

O assunto poderia ser "off topic" (assunto fora do tema do blog) mas não é tão "off" assim, se é que chega a ser.

Eu já achava a presença deste cidadão na presidêcia da Comissão de Direitos Humanos do congresso uma aberração (não só na presidência dela como na mesma), uma coisa grotesca e talvez um dos casos mais aberrantes desde a redemocratização do país em 1985 com o fim da ditadura, pra não citar as declarações com racismo e homofobia já exibidas na mídia, mas o vídeo de ontem deve ser a cereja do bolo em cima da aberração que é esse caso grotesco, simplesmente repulsivo: ‘Ninguém afronta Deus e sobrevive', diz Feliciano sobre morte de John Lennon. Podem ver nesse link também.

No final do vídeo é dito isso: "Eu queria estar lá no dia em que descobriram o corpo dele, ia tirar o pano de cima e ia dizer: me perdoe, John, mas esse primeiro tiro é em nome do Pai, esse é em nome do Filho e esse é em nome do Espírito Santo".

Dizer o quê de um discurso lunático e amoral desses?

O músico britânico não foi morto com 3 tiros e sim com 5 tiros a queima-roupa por um psicopata chamado Mark Chapman que está preso até hoje pelo assassinato banal que praticou motivado (declarações do mesmo) pela busca da fama (assassino de Lennon queria fama, BBC), Mark Chapman, o assassino, queria ficar famoso matando alguém conhecido, e acabou ficando (se é que alguém 'são' quer esse tipo de "fama").

A frase do Lennon (assunto também citado no vídeo) nos anos sessenta foi feita como uma crítica ao sucesso desmedido da banda na época, em "off", pruma jornalista que publicou a frase fora de contexto pra criar polêmica e vender jornal (coisa que parte da mídia faz até hoje), criando consequentemente o estrago pois os grupos fanáticos da época nos EUA (que era onde os Beatles fazia mais sucesso) usaram o caso pra extravazar a fúria religiosa que professavam (é fácil encontrar vídeos no youtube com gente da Klan dando declarações e gente no Sul dos EUA queimando os discos da banda por fanatismo religioso, confiram no link) e que pelo visto o caso serve até hoje como retórica pra discurso religioso fanático e amoral. Esse caso pode ser visto facilmente (caso alguém queira assistir mais detalhes) na Antologia dos Beatles (saiu em DVD e tem espalhada pelo youtube) ou no documentário britânico The Compleat Beatles.

É tanta estupidez, distorção e conduta reprovável (justificar o assassinato feito por um psicopata pra "impressionar" plateia, metendo religião no meio) que a gente se pergunta se deve comentar um caso desses pois pode acabar aumentando a audiência disso num país onde uma parte da população não age civicamente, não se engaja em quase nada, e essas mesmas pessoas que não agem civicamente costumam cobrar de todo mundo que o povo do país deva ser "assim e assado", um "modelo" ou "exemplo", quando os mesmos não costumam dar exemplo algum ou só ficam resmungando dizendo que nada no país presta com um discurso moralista, vitimista, complexado e nauseante. Sem mencionar o crescimento desse tipo de fanatismo religioso no país.

Com esse caso a gente se pergunta até que ponto o descaso com o combate ao racismo vai chegar se uma pessoa dessas, além de assumir a presidência dessa comissão no congresso, nem sequer foi removido pelos deputados que já fizeram a sacanagem com a população de pô-lo na presidência disto.

Muita gente chega perguntando como o negacionismo do Holocausto e extremismo de direita cresce no país, este caso é ilustrativo pois o crescimento desse tipo de extremismo cresce por isso: por descaso, omissão (de entidades, sociedade civil, partidos, governos, Ministério Publico etc), comportamentos anti-humanista, falta de educação e apego ao conhecimento, falta de civismo etc.

Um comentário:

Guefiltefish disse...

Também me faço as mesmas perguntas. Mas, não me darei ao trabalho em procurar lógica em David Duke. E sobre nossos ilustres políticos? Nem respondo! Mas, não acredito em crescimento de movimentos discriminatórios e que pregam o ódio. O que vejo hoje, é o avanço tecnológico nas comunicações e facilidade desses grupos em se comunicar e se organizar. 50 anos atras, e pode até ser impressão minha, eram influentes. Hoje não são. Pudera, qual o produto que essa corja tem a vender? Ignorancia. E sem garantia ou prazo de validade.

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