A BBC recentemente publicou matéria sobre uma nova lei portuguesa que dá cidadania a brasileiros descendentes de judeus, segue a matéria abaixo:
Saiba como lei portuguesa pode dar cidadania a brasileiros descendentes de judeus
Esta lei copia (ou segue) uma lei semelhante na Espanha, com o mesmo propósito:
A oferta de nacionalidade aos sefarditas satura os consulados espanhóis em Israel
Eu já comentei sobre isso aqui (post "O primo do antissemitismo (filossemitismo) e a mixórdia sobre cristãos-novos e a "concessão" de nacionalidade espanhola" e o jornal El País (Espanha) já comentou sobre a lista falsa com sobrenomes que teriam "direito", listas disseminadas a esmo por grupos evangélicos (alguns se passando por judeus, ou que 'creem' que são):
Seu sobrenome também está na lista (falsa) para obter o passaporte espanhol?
A matéria da BBC Brasil do início do post reproduz a baboseira da lista falsa (ou uma delas). Mas não só ela, basta clicar aqui pra ver outra.
A quem se questionar porque estou fazendo este post, é porque muita gente aparecia em comunidades sobre "revisionismo" vindo encher o saco com esse assunto, com uma obsessão doentia (pleonasmo) com essa questão, na crença de que se se "tornarem" judeus seriam mais "abençoados", "ficarão ricos" etc. Ou seja, o pessoal 'bem-intencionado' repete os estereótipos dos ditos "revis" sobre judeus (sobre riqueza, poder etc).
Geralmente é gente de religião evangélica, ou de algumas denominações no Brasil que criam uma verdadeira mixórdia religiosa misturando idolatria a judeus, judaísmo etc com cristianismo. A quem quiser ler mais, só no verbete em inglês, o verbete em português é entupido de proselitismo religioso.
Essa postura vem importada dos EUA, e essas pessoas ficam circulando em torno desses assuntos apenas por crendice, fanatismo religioso ou mesmo por posturas não muito louváveis (como já citado acima: acham que irão ficar "ricos" ou melhorar status social "virando" judeu). Daí começam a fantasiar sobre "origem judaica" num passado remoto (faz um "pouquinho" de tempo 'meio milênio').
A Record também embarcou na pilha e fez um programa horrível sobre isso.
Sobre o post de um dos links acima (o do filossemitismo), ele foi feito na época que a Espanha fez o mesmo tipo de lei: a de dar cidadania espanhola a quem for descendente de "judeus expulsos" da Espanha na época da Inquisição. Cidadania que torna a pessoa cidadão da União Europeia também.
Seria assunto pra outra post, mas tem a ver com o que se passa. É visível que no Brasil parte da população passa por um problema de crise identitária e fica procurando 'identidades' outras pra se auto-afirmarem ou fazer parte de algum "grupo". Alguma "ascendência nobre" etc. Em vez de se enxergarem como brasileiros ou se proclamarem brasileiros, ficam procurando identidades que julgam ter "mais status" por algum menosprezo ou ódio ao país. Esse tipo de surto não é bom pois descamba pra algum ufanismo qualquer (o extremo oposto do complexo de vira-latas) como aqueles que aconteceram esse ano, com gente urrando com a camisa da CBF (da seleção da CBF) querendo mostrar que são "mais brasileiros" que outros só por ostentarem uma camisa amarela (como se isso tornasse alguém brasileiro ou mais brasileiro que outros), quando parte desse povo sente um menosprezo profundo pelo país.
Mas indo ao ponto.
Primeiramente, um sobrenome genérico numa lista não é prova que alguém seja descendente de algum judeu/judia convertido ao cristianismo (catolicismo) na época das inquisições.
A maioria dos sobrenomes (senão todos) dessas listas eram sobrenomes também de cristãos-velhos (se há o "novo" é porque havia o "velho", dã! rs), que eram os cristãos não convertidos ou cristãos não-judeus.
Pena que perdi os links (do Orkut) que tinham alguns ensaios sobre esse tema, mas também houve muçulmanos convertidos à força ao cristianismo na Península Ibérica e havia os moçárabes. Nunca ouviu falar deles? Clique aqui e aqui. Resumidamente (pois sei que tem gente que não vai clicar nos links), moçárabes eram cidadãos ibéricos, cristãos, que adotavam a cultura da potência invasora/dominante (então árabe e muçulmana), língua etc.
Ou seja: e se você for descendente, não de judeus, mas de algum moçárabe ou muçulmano árabe convertido ao cristianismo na época da Inquisição que veio ao Brasil e Américas? Vai pular do penhasco por isso? rs.
Por que fiz esta pergunta irônica (a do "pular do penhasco" com raiva? Se você tem visto os comentários de ódio irracional, movido por ignorância extrema, desses grupos contra muçulmanos entenderá o porquê da ironia com a pergunta. Veja que no Brasil nem tocam no assunto.
Só pra dar uma ideia da extensão genética da coisa, já que não achei a matéria que saiu sobre isso há algum tempo. Segue esta matéria em espanhol sobre o DNA na Espanha, Portugal segue um padrão semelhante:
Uno de cada tres españoles tiene marcadores genéticos de Oriente Medio o el Magreb (El Mundo, Espanha)
É a parte anedótica dessa "busca" (entre aspas) por antepassados judeus no Brasil. A pessoa pode descobrir que é descendente de algum moçárabe ou muçulmano convertido ao cristianismo à força. Curioso que as matérias não tocam no assunto.
Em resumo: essas listas com sobrenomes não servem pra coisa alguma.
Causa constrangimento e vergonha alheia ver a publicação dessas listas.
Pra você provar que tem algum antepassado judeu/judia convertido de forma remota (pois faz tempo...), vai ter que fazer uma "escavação arqueológica", provar genealogicamente a coisa, até porque não irão dar cidadania por "brinde", a menos que seja um grupo minoritário que conseguiu preservar desde essa época o culto judaico etc. Além de outros problemas com o tema: houve gente que se converteu porque quis também. Não era "status" ser judeu na colonização das Américas, essa coisa de "ser judeu pra ter status" é algo recente, novo, pós-segunda guerra. Até a segunda guerra muita gente mascarava isso com medo de perseguição e preconceito/racismo.
Só lembrando: a maioria absoluta dos convertidos se assimilaram à Espanha, Portugal ou outros países em que se fixaram. Sentiam-se parte dessas sociedades, mas não como "judeus".
Não avaliem o passado com anacronismo (repassando pruma época remota valores de hoje). Não havia internet na época, rastros se apagam com certa facilidade, principalmente num "mundo" onde tudo era precário.
Muita gente na época não queria ser "judeu", a não ser por questão de fé, porque a perseguição cedo ou tarde seria inevitável. A menos que alguém seja masoquista (tirando o que permanecia judeu por convicção religiosa), não era uma boa religião (do ponto de vista de se manter vivo) pra alguém se converter ou permanecer nela.
Muitas famílias adotaram sobrenomes de cristãos-velhos e se assimilaram totalmente a esses países (Portugal e Espanha), não sendo tão fácil rastrear a mudança. Não estamos falando de algo com 50 anos e sim de meio milênio. A maioria se sentia ou português ou espanhol, ou descendentes dos mesmos, professando o cristianismo (tornavam-se católicos).
Querer escavar essas coisas (tirando o pessoal de História, arqueologia etc, o pessoal das ciências, que tem que escavar mesmo) por fanatismo religioso e oportunismo, em minha opinião, não passa de escrotice da grossa, além de uma cretinice sem tamanho.
No vídeo da Record mostra uma pessoa seguindo (imitando) ritual judaico provavelmente por ser evangélico e com base nessa ideia de que sobrenome tal torna essas pessoas judias. É um crime (mentira) o que estão fazendo com essas pessoas, fora a ignorância histórica profunda.
Em suma, eu fico com vergonha do conteúdo dos programas com conteúdo "histórico" que passam no país. Ainda mais a BBC reproduzindo essa papagaiada sem avaliar a informação que repassa. A BBC tem um histórico problemático de conteúdo, tem bons documentários mas a cobertura jornalística é enviesada, tanto como a Globo (essa nem enviesada é mais, é partidarizada mesmo). Saem copiando listas de sites evangélicos ou de "judeus messiânicos" (evangélicos que 'pensam' que são judeus, pra proselitismo religioso) na web que dizem ser de "marranos" e colocam essas coisas sem critério algum, além de atiçarem a neurose de grupos antissemitas que veem judeus na sombra, na esquina, em qualquer canto.
Por isso que disse num dos posts (não só eu) que o 'filossemitismo' anda junto do antissemitismo, são unha e carne.
Chega a ser ridículo que Espanha e Portugal apresentem uma lei dessas (de "reparação", entre aspas) 500 anos depois que mataram gente por fanatismo religioso e racismo. Era melhor só ter admitido que cometeram os crimes e pedir desculpas pelo ocorrido (e põe pedido tardio nisso) e assunto encerrado. Esses países não estão reparando coisa alguma, só sendo hipócritas.
E um adendo, porque a internet infelizmente está infestada de gente fanática: eu não tenho interesse em discutir religião/religiões com A, B ou C, tampouco sou religioso. A quem quiser pregar a "verdade" (religiosa) pra mim, está dando viagem perdida. Digo isso porque no Orkut aparecia muita gente confusa (eu diria que até "perturbada") enchendo o saco com esse tipo de assunto/neurose quando esse pessoal deveria procurar ajuda especializada pra tratar disso, já que nem interpretar um texto direito conseguem ou querem. Estou sendo duro no comentário porque chega uma hora que a coisa extrapola e irrita de verdade, a gente vai "relevando" por educação, mas uma hora estoura.
O texto acima não trata de "crença" e sim de História, trata sobretudo da proliferação do preconceito no país, que se dá também através desse fanatismo religioso sectário e disseminação de mentiras como as citadas acima (listas falsas etc).
No Brasil a mídia (generalizando) serve mais pra dinamitar o país do que ajudar no progresso do mesmo.
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domingo, 13 de dezembro de 2015
sábado, 1 de fevereiro de 2014
A Ustasha e o silêncio do Vaticano - parte 4 (Observação)
In English: The Ustasha and Vatican's Silence (Part 1, Part 2, Part 3 with Observation).
Eu havia comentado em uma das três partes (creio que foi na parte 1 na caixa de comentários, onde há uma discussão) que eu faria um texto comentando os erros deste texto "A Ustasha e o silêncio do Vaticano" (parte 1, parte 2, parte 3) que foi uma tradução do capítulo 5 inteiro deste livro "Biografía no autorizada del Vaticano", de Santiago Camacho (jornalista espanhol).
Vou transcrever a observação (fica no final) que fiz no blog Holocaust Controversies na tradução da terceira e última parte deste texto, antecipando do que tratará a correção já que deixo indicações na observação de onde localizar textos mais acurados sobre a Ustasha e o genocídio na Croácia que apontam os erros deste texto traduzido do capítulo 5, já que não sei quando isso sairá.
Como se pode notar, apesar de saber que é um livro de denúncia (com tons anticlericais), e portanto, sensacionalista, a respeito do Vaticano, decidi traduzir assim mesmo pois no geral o método de extermínio empregado pela Ustasha é basicamente o que se encontra descrito no texto (apesar dos erros), e em virtude de que na época que encontrei este texto não havia muitas fontes sobre a Ustasha (principalmente em português), e mesmo em inglês não é algo abundante. E não é ironia o comentário que farei: este blog e o do Daniel são dos poucos que contém textos em português sobre a Ustasha, a tradução do texto do Dusan Batakovic pro português só se encontra aqui (a não ser que alguém copie, e caso ocorra espero que coloquem os créditos, pois a tradução tem dono).
Além de um problema de conflito sobre o assunto: vários textos sobre a Ustasha e o genocídio nos Balcãs na segunda guerra podem ser enviesados ao extremo, dependendo do lado que narra a coisa porque as feridas entre sérvios e croatas estão muito longe de cicatrizar e um lado fica apontando o dedo para o outro porque "filho feio" (genocídio, limpeza étnica) quase ninguém quer assumir. E a coisa não se resume só à segunda guerra, nos anos noventa houve um conflito pesado (maior conflito europeu pós-segunda guerra) nos Balcãs com a dissolução da Iugoslávia.
"Traduzindo" a questão: dependendo do lado que comenta, o assunto pode ser aumentando ou diminuído, pra distorcer o fato pra um dos lados (a favor ou contra), politizando e criando uma disputa em torno da memória deste genocídio. Obviamente que há gente séria que consegue se pôr acima disso, só que não é um assunto muito divulgado da segunda guerra, e não só no Brasil e 'mundo lusófono' (chega a ser ridículo o número de textos sobre Ustasha em português, textos relevantes pois porcaria há muita, em espanhol idem), em inglês a coisa também é muito fraca (restrita), o que não é algo muito comum pois praticamente todos os assuntos relativos à segunda guerra foram e são muito estudados e abordados, mas este incrivelmente é pouco citado e conhecido.
Os Balcãs é uma região de intenso conflito, rancores e ódios históricos, com religião (e fanatismo) no meio, o que potencializa ainda mais o ódio e carnificina na região (em caso de conflito aberto). O lado Croata é católico romano (usam alfabeto latino), o lado sérvio é ortodoxo (e usa alfabeto cirílico), os bósnios são de maioria muçulmana e os eslovenos são de maioria católica romana.
_______________________________________________
Destaque: texto mais detalhado sobre a Ustasha, do historiador Dusan Batakovic
O genocídio do Estado Independente Croata 1941-1945
[Parte 1] [Parte 02] [Parte 03]
Sugestão de leitura:
Sarajevo, 1941-1945. Muçulmanos, cristãos e judeus na Europa de Hitler
Ver também:
1. A Ustasha (no blog avidanofront.blogspot.com do Daniel)
2. Holocausto na Croácia - parte 1
3. Ustasha (tag do blog)
Eu havia comentado em uma das três partes (creio que foi na parte 1 na caixa de comentários, onde há uma discussão) que eu faria um texto comentando os erros deste texto "A Ustasha e o silêncio do Vaticano" (parte 1, parte 2, parte 3) que foi uma tradução do capítulo 5 inteiro deste livro "Biografía no autorizada del Vaticano", de Santiago Camacho (jornalista espanhol).
Vou transcrever a observação (fica no final) que fiz no blog Holocaust Controversies na tradução da terceira e última parte deste texto, antecipando do que tratará a correção já que deixo indicações na observação de onde localizar textos mais acurados sobre a Ustasha e o genocídio na Croácia que apontam os erros deste texto traduzido do capítulo 5, já que não sei quando isso sairá.
Como se pode notar, apesar de saber que é um livro de denúncia (com tons anticlericais), e portanto, sensacionalista, a respeito do Vaticano, decidi traduzir assim mesmo pois no geral o método de extermínio empregado pela Ustasha é basicamente o que se encontra descrito no texto (apesar dos erros), e em virtude de que na época que encontrei este texto não havia muitas fontes sobre a Ustasha (principalmente em português), e mesmo em inglês não é algo abundante. E não é ironia o comentário que farei: este blog e o do Daniel são dos poucos que contém textos em português sobre a Ustasha, a tradução do texto do Dusan Batakovic pro português só se encontra aqui (a não ser que alguém copie, e caso ocorra espero que coloquem os créditos, pois a tradução tem dono).
Além de um problema de conflito sobre o assunto: vários textos sobre a Ustasha e o genocídio nos Balcãs na segunda guerra podem ser enviesados ao extremo, dependendo do lado que narra a coisa porque as feridas entre sérvios e croatas estão muito longe de cicatrizar e um lado fica apontando o dedo para o outro porque "filho feio" (genocídio, limpeza étnica) quase ninguém quer assumir. E a coisa não se resume só à segunda guerra, nos anos noventa houve um conflito pesado (maior conflito europeu pós-segunda guerra) nos Balcãs com a dissolução da Iugoslávia.
"Traduzindo" a questão: dependendo do lado que comenta, o assunto pode ser aumentando ou diminuído, pra distorcer o fato pra um dos lados (a favor ou contra), politizando e criando uma disputa em torno da memória deste genocídio. Obviamente que há gente séria que consegue se pôr acima disso, só que não é um assunto muito divulgado da segunda guerra, e não só no Brasil e 'mundo lusófono' (chega a ser ridículo o número de textos sobre Ustasha em português, textos relevantes pois porcaria há muita, em espanhol idem), em inglês a coisa também é muito fraca (restrita), o que não é algo muito comum pois praticamente todos os assuntos relativos à segunda guerra foram e são muito estudados e abordados, mas este incrivelmente é pouco citado e conhecido.
Os Balcãs é uma região de intenso conflito, rancores e ódios históricos, com religião (e fanatismo) no meio, o que potencializa ainda mais o ódio e carnificina na região (em caso de conflito aberto). O lado Croata é católico romano (usam alfabeto latino), o lado sérvio é ortodoxo (e usa alfabeto cirílico), os bósnios são de maioria muçulmana e os eslovenos são de maioria católica romana.
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Nota no Holocaust Controversies: na parte 1 deste texto, o Roberto Muehlenkamp fez um comentário interessante sobre o historiador sérvio Milán Bulajic e a estimativa de mortos do Holocausto nos Balcãs que ele fez. Você pode ler a discussão aqui (em inglês). O link sobre as distorções do Bulajic está aqui._______________________________________________________
*E pra mostrar como o assunto é delicado, o site HIC é enviesado pro lado croata onde há textos apologéticos sobre o arcebispo Stepinac que foi canonizado pelo Vaticano por João Paulo II. Fui notar isto depois procurando informações sobre o Stepinac em virtude de um comentário feito na parte 1.
Em virtude desse problema, eu reli o texto inteiro do capítulo 5 deste livro e notei que há vários erros nele. Eu já achava este livro sensacionalista (ler comentário mais acima) ao traduzir, embora no geral as atrocidades da Ustasha citadas contém a essência do método de massacre dela, portanto, mesmo com erros isto não invalida o conteúdo principal do texto, a não ser que você esteja preocupado em tomar partido de um dos lados.
Por esta razão, eu fiquei cismado de traduzir a terceira e última parte do texto (demorei muito e sem motivação (pois há textos melhores), porque procurando por mais fontes sobre o massacre nos Balcãs achei fontes mais detalhadas e sérias como os textos de outro historiador sérvio chamado Dusan Batakovic (Dušan T. Bataković) sobre o período do governo da Ustasha no Estado Independente da Croácia (sua sigla é NDH).
O texto de Dusan Batakovic (que é ou era diplomata sérvio na França e historiador) é infinitamente superior a este que foi traduzido, mas a maioria dos seus textos se encontram em francês, embora eu tenha traduzido um texto dele sobre a Ustasha há muito tempo atrás. Pra quem quiser checar este texto dele sobre a Ustasha, em português, os links se encontram no final deste texto. (Título: O genocídio do Estado Independente Croata 1941-1945).
Portanto, farei um post mostrando os erros deste texto "A Ustasha e o silêncio do Vaticano", citando principalmente o livro Balkan Holocausts?: Serbian and Croatian Victim Centered Propaganda and the War in Yugoslavia (de David Bruce MacDonald), que relata toda a disputa política de ambos os lados (sérvios e croatas) acerca do genocídio da segunda guerra nos Balcãs, e que assinala com detalhes as distorções do historiador M. Bulajic (que o R. Muehlenkamp mencionou no link acima), principalmente após a fragmentação da finada Iugoslávia e a guerra entre sérvios e croatas (e bósnios e eslovenos) nos anos noventa.
Destaque: texto mais detalhado sobre a Ustasha, do historiador Dusan Batakovic
O genocídio do Estado Independente Croata 1941-1945
[Parte 1] [Parte 02] [Parte 03]
Sugestão de leitura:
Sarajevo, 1941-1945. Muçulmanos, cristãos e judeus na Europa de Hitler
Ver também:
1. A Ustasha (no blog avidanofront.blogspot.com do Daniel)
2. Holocausto na Croácia - parte 1
3. Ustasha (tag do blog)
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sexta-feira, 3 de janeiro de 2014
Diário de um desesperado: os nazis e os anabatistas de Münster (Fanatismo religioso e nazismo)
Publicado em 29 março, 2013
"Eu, entretanto, enquanto trabalho no meu livro sobre os anabatistas de Münster, leio com profundo estremecimento os relatos medievais referentes a esta heresia autenticamente alemã, que foi en todos y cada uno de seus elementos, inclusive nos mais ridículos detalhes, predecessora do que agora estamos vivendo. A semelhança da atual Alemanha, aquela cidade Estado de Münster se separou por inteiro do mundo civilizado e, como a Alemanha nazi, apontou-se um sucesso atrás do outro durante um longo tempo até parecer invencível, para no final desabar num momento em que tudo era inesperado, e por assim dizer, virar uma bagatela...
Como agora, então também o grande profeta era um bagulho, um bastardo concebido nas valas da rua; como agora, toda resistência se rende ante ele, de forma incompreensível para um mundo assombrado; como agora (há pouco tempo em Berchtesganden, mulheres extasiadas tragaram os seixos os quais acabavam de ser pisados por nosso capitão de contrabandistas!)… como agora, mulheres histéricas, professores de escola estigmatizados, padres zangados, alcaguetes exitosos e outsiders de todas as profissões são os principais pilares do regime.
As similitudes se acumulam de tal modo que tive que as reprimir para não arriscar ainda mais a razão. Como em Münster, agora uma fina túnica de ideologia envolve um núcleo de lascívia, cobiça, sadismo e desejos abismais de ser alguém, e a quem duvidar da nova doutrina ou a ouse criticá-la, vai acabar nas mãos do carrasco. Do mesmo modo que o senhor Hitler no golpe contra Röhm, esse Bockelson agiu em Münster: como carrasco do Estado; como agora, a legislação espartana à qual se submeteu a vida da mísera plebe não regia, evidentemente, nem ele e nem seu bando de gângsteres. Como agora, Bockelson também se rodeou de seus capangas, invulneráveis a todo atentado; e como agora, houve manifestações de ruas e "doações voluntárias" cujo rechaço foi castigado com a proscrição; como agora, narcotizou-se a massa com festas populares e se ergueram construções inúteis para que o homem da rua não tivesse um instante de reflexão.
Igual a Alemanha nazi, Münster também enviou seus quintas-colunas e seus profetas para rastrearem os Estados circundantes, e o ministro de Propaganda de Münster, Dusentschnur, era coxo, igual ao seu grande colega Goebbels, é uma piada que a História Universal gastou quatrocentos anos de antecedência: um fato que eu, familiarizado com a sede de vingança do nosso embusteiro do Reich, ocultei prudentemente em meu livro. Sobre os cimentos da mentira, no ponto de inflexão entre o gótico e a Idade Moderna, alça-se durante um curto período um Estado de bandidos que ameaça a todo o mundo antigo, inclusive o Imperador, os estamentos e a todos os velhos vínculos, e que no fundo não possuem mais que o objetivo de saciar a ânsia de poder de uns quatro bandoleiros; aquilo que falta à gente compartilhar o destino dos habitantes de Münster em 1534 - ter que comer seus próprios excrementos na cidade sitiada, e finalmente e inclusive seus próprios filhos, postos antecipadamente em salmoura- ainda poderia cair sobre nós, o mesmo que ocorreu um dia com o inevitável fim de Bockelson e Knipperdollink acontecerá com Hitler e seus seguidores."
Fonte: extraído do blog El Viento en la Noche (Espanha)
http://universoconcentracionario.wordpress.com/2013/03/29/diario-de-un-desesperado-los-nazis-y-los-anabaptistas-de-munster/
Trecho do livro (citado no blog): Diario de un desesperado, de Friedrich Beck (livro em inglês, Diary of a Man in Despair), editora Minúscula (Espanha), págs. 23-25.
Tradução: Roberto Lucena
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Observação: eu achei um texto sobre menonitas nazis em virtude de um livro com o título de "Anabatistas e nazismo", antes mesmo de ler esse trecho citando esse assunto (anabatistas) nesse blog espanhol. Só que como não deu pra traduzir o outro texto, achei melhor colocar esse texto mais curto pra que menciona o assunto com um trecho do livro de Friedrich Beck, que relaciona um fato religioso da Alemanha que teve impacto direto no nazismo (a questão tratada é o fanatismo levado as últimas consequências), uma certa postura fanática e bandoleira, assuntos que geram discussão até hoje (a questão religiosa da Alemanha e o nazismo, no caso, a participação dos diversos credos alemães no regime nazi, o grau de participação e a relevância de cada um).
O livro é esse: A History of the Münster Anabaptists: Inner Emigration and the Third Reich (editado por George von der Lippe, Viktoria Reck-Malleczewen).
Sobre esse assunto (religião no Terceiro Reich, link2), lembro que uma vez no Orkut uma pessoa contestou um percentual que eu havia citado (por ter lido no site do Museu do Holocausto, USHMM, inclusive a tradução do texto se encontra no link que coloquei no começo deste parágrafo) de que a maioria religiosa da Alemanha na época do nazismo era protestante e não católica (havia mais de 60% de protestantes e uns 40% ou menos de católicos), sendo que o maior apoio religioso dentro da Alemanha a Hitler e o nazismo foi do lado protestante. O que é curioso pois parte da cúpula nazista era católica e esta mesma cúpula e partido eram vistos com mais desconfiança por católicos alemães por terem uma visão mais rígida e tradicional da sociedade e da Igreja (a hierarquização com o Papa). O caso austríaco também é interessante (já citado aqui), houve um golpe de estado nazista contra os fascistas austríacos ou austrofascistas (que eram católicos, a Áustria era e ainda é um país germânico de maioria católica).
No geral, esse tipo de assunto provoca 'surtos' (de ira) em alguém mais 'fanático' ou "sensível ao extremo" (leia-se: intolerante) quando é citado o assunto religião, só que não se deve misturar crença pessoal com História (ciência e fatos históricos), ou pelo menos as pessoas não deveriam fazer isso (mas fazem). O que é óbvio pra muita gente, prum fanático religioso é algo que parece uma tortura, "abismo" ou precipício.
O fato é que não irei me policiar ou omitir o assunto porque por ventura isto desagrada a A, B ou C. Quem não tem condição emocional de ler esse tipo de assunto é só passar longe, ninguém é forçado a ler nada e lê porque quer. Quem quiser verificar o assunto tem toda a web (e livros) pra fazê-lo. Comento isto porque alguns fanáticos religiosos vinham tentar abafar discussão sobre o assunto no Orkut (não eram poucos) e sinceramente, não tenho mais a menor paciência pra tolerar esse tipo de chantagem psicológica repulsiva com viés autoritário.
E concluindo pra deixar registrado, eu achei uma fonte que cita o censo que traz esses números, mas o censo religioso desse ano (que não me recordo de memória) não se encontra na web, não sei por qual razão. Mas ele existe e é citado como fonte em um texto que achei há muito tempo, se eu conseguir encontrar esses links de novo até coloco aqui, portanto, ficarei devendo.
"Eu, entretanto, enquanto trabalho no meu livro sobre os anabatistas de Münster, leio com profundo estremecimento os relatos medievais referentes a esta heresia autenticamente alemã, que foi en todos y cada uno de seus elementos, inclusive nos mais ridículos detalhes, predecessora do que agora estamos vivendo. A semelhança da atual Alemanha, aquela cidade Estado de Münster se separou por inteiro do mundo civilizado e, como a Alemanha nazi, apontou-se um sucesso atrás do outro durante um longo tempo até parecer invencível, para no final desabar num momento em que tudo era inesperado, e por assim dizer, virar uma bagatela...
Como agora, então também o grande profeta era um bagulho, um bastardo concebido nas valas da rua; como agora, toda resistência se rende ante ele, de forma incompreensível para um mundo assombrado; como agora (há pouco tempo em Berchtesganden, mulheres extasiadas tragaram os seixos os quais acabavam de ser pisados por nosso capitão de contrabandistas!)… como agora, mulheres histéricas, professores de escola estigmatizados, padres zangados, alcaguetes exitosos e outsiders de todas as profissões são os principais pilares do regime.
As similitudes se acumulam de tal modo que tive que as reprimir para não arriscar ainda mais a razão. Como em Münster, agora uma fina túnica de ideologia envolve um núcleo de lascívia, cobiça, sadismo e desejos abismais de ser alguém, e a quem duvidar da nova doutrina ou a ouse criticá-la, vai acabar nas mãos do carrasco. Do mesmo modo que o senhor Hitler no golpe contra Röhm, esse Bockelson agiu em Münster: como carrasco do Estado; como agora, a legislação espartana à qual se submeteu a vida da mísera plebe não regia, evidentemente, nem ele e nem seu bando de gângsteres. Como agora, Bockelson também se rodeou de seus capangas, invulneráveis a todo atentado; e como agora, houve manifestações de ruas e "doações voluntárias" cujo rechaço foi castigado com a proscrição; como agora, narcotizou-se a massa com festas populares e se ergueram construções inúteis para que o homem da rua não tivesse um instante de reflexão.
Igual a Alemanha nazi, Münster também enviou seus quintas-colunas e seus profetas para rastrearem os Estados circundantes, e o ministro de Propaganda de Münster, Dusentschnur, era coxo, igual ao seu grande colega Goebbels, é uma piada que a História Universal gastou quatrocentos anos de antecedência: um fato que eu, familiarizado com a sede de vingança do nosso embusteiro do Reich, ocultei prudentemente em meu livro. Sobre os cimentos da mentira, no ponto de inflexão entre o gótico e a Idade Moderna, alça-se durante um curto período um Estado de bandidos que ameaça a todo o mundo antigo, inclusive o Imperador, os estamentos e a todos os velhos vínculos, e que no fundo não possuem mais que o objetivo de saciar a ânsia de poder de uns quatro bandoleiros; aquilo que falta à gente compartilhar o destino dos habitantes de Münster em 1534 - ter que comer seus próprios excrementos na cidade sitiada, e finalmente e inclusive seus próprios filhos, postos antecipadamente em salmoura- ainda poderia cair sobre nós, o mesmo que ocorreu um dia com o inevitável fim de Bockelson e Knipperdollink acontecerá com Hitler e seus seguidores."
Fonte: extraído do blog El Viento en la Noche (Espanha)
http://universoconcentracionario.wordpress.com/2013/03/29/diario-de-un-desesperado-los-nazis-y-los-anabaptistas-de-munster/
Trecho do livro (citado no blog): Diario de un desesperado, de Friedrich Beck (livro em inglês, Diary of a Man in Despair), editora Minúscula (Espanha), págs. 23-25.
Tradução: Roberto Lucena
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Observação: eu achei um texto sobre menonitas nazis em virtude de um livro com o título de "Anabatistas e nazismo", antes mesmo de ler esse trecho citando esse assunto (anabatistas) nesse blog espanhol. Só que como não deu pra traduzir o outro texto, achei melhor colocar esse texto mais curto pra que menciona o assunto com um trecho do livro de Friedrich Beck, que relaciona um fato religioso da Alemanha que teve impacto direto no nazismo (a questão tratada é o fanatismo levado as últimas consequências), uma certa postura fanática e bandoleira, assuntos que geram discussão até hoje (a questão religiosa da Alemanha e o nazismo, no caso, a participação dos diversos credos alemães no regime nazi, o grau de participação e a relevância de cada um).
O livro é esse: A History of the Münster Anabaptists: Inner Emigration and the Third Reich (editado por George von der Lippe, Viktoria Reck-Malleczewen).
Sobre esse assunto (religião no Terceiro Reich, link2), lembro que uma vez no Orkut uma pessoa contestou um percentual que eu havia citado (por ter lido no site do Museu do Holocausto, USHMM, inclusive a tradução do texto se encontra no link que coloquei no começo deste parágrafo) de que a maioria religiosa da Alemanha na época do nazismo era protestante e não católica (havia mais de 60% de protestantes e uns 40% ou menos de católicos), sendo que o maior apoio religioso dentro da Alemanha a Hitler e o nazismo foi do lado protestante. O que é curioso pois parte da cúpula nazista era católica e esta mesma cúpula e partido eram vistos com mais desconfiança por católicos alemães por terem uma visão mais rígida e tradicional da sociedade e da Igreja (a hierarquização com o Papa). O caso austríaco também é interessante (já citado aqui), houve um golpe de estado nazista contra os fascistas austríacos ou austrofascistas (que eram católicos, a Áustria era e ainda é um país germânico de maioria católica).
No geral, esse tipo de assunto provoca 'surtos' (de ira) em alguém mais 'fanático' ou "sensível ao extremo" (leia-se: intolerante) quando é citado o assunto religião, só que não se deve misturar crença pessoal com História (ciência e fatos históricos), ou pelo menos as pessoas não deveriam fazer isso (mas fazem). O que é óbvio pra muita gente, prum fanático religioso é algo que parece uma tortura, "abismo" ou precipício.
O fato é que não irei me policiar ou omitir o assunto porque por ventura isto desagrada a A, B ou C. Quem não tem condição emocional de ler esse tipo de assunto é só passar longe, ninguém é forçado a ler nada e lê porque quer. Quem quiser verificar o assunto tem toda a web (e livros) pra fazê-lo. Comento isto porque alguns fanáticos religiosos vinham tentar abafar discussão sobre o assunto no Orkut (não eram poucos) e sinceramente, não tenho mais a menor paciência pra tolerar esse tipo de chantagem psicológica repulsiva com viés autoritário.
E concluindo pra deixar registrado, eu achei uma fonte que cita o censo que traz esses números, mas o censo religioso desse ano (que não me recordo de memória) não se encontra na web, não sei por qual razão. Mas ele existe e é citado como fonte em um texto que achei há muito tempo, se eu conseguir encontrar esses links de novo até coloco aqui, portanto, ficarei devendo.
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terça-feira, 9 de abril de 2013
Um dos casos mais grotescos desde a redemocratização do país em 1985 (congresso brasileiro)
O assunto poderia ser "off topic" (assunto fora do tema do blog) mas não é tão "off" assim, se é que chega a ser.
Eu já achava a presença deste cidadão na presidêcia da Comissão de Direitos Humanos do congresso uma aberração (não só na presidência dela como na mesma), uma coisa grotesca e talvez um dos casos mais aberrantes desde a redemocratização do país em 1985 com o fim da ditadura, pra não citar as declarações com racismo e homofobia já exibidas na mídia, mas o vídeo de ontem deve ser a cereja do bolo em cima da aberração que é esse caso grotesco, simplesmente repulsivo: ‘Ninguém afronta Deus e sobrevive', diz Feliciano sobre morte de John Lennon. Podem ver nesse link também.
No final do vídeo é dito isso: "Eu queria estar lá no dia em que descobriram o corpo dele, ia tirar o pano de cima e ia dizer: me perdoe, John, mas esse primeiro tiro é em nome do Pai, esse é em nome do Filho e esse é em nome do Espírito Santo".
Dizer o quê de um discurso lunático e amoral desses?
O músico britânico não foi morto com 3 tiros e sim com 5 tiros a queima-roupa por um psicopata chamado Mark Chapman que está preso até hoje pelo assassinato banal que praticou motivado (declarações do mesmo) pela busca da fama (assassino de Lennon queria fama, BBC), Mark Chapman, o assassino, queria ficar famoso matando alguém conhecido, e acabou ficando (se é que alguém 'são' quer esse tipo de "fama").
A frase do Lennon (assunto também citado no vídeo) nos anos sessenta foi feita como uma crítica ao sucesso desmedido da banda na época, em "off", pruma jornalista que publicou a frase fora de contexto pra criar polêmica e vender jornal (coisa que parte da mídia faz até hoje), criando consequentemente o estrago pois os grupos fanáticos da época nos EUA (que era onde os Beatles fazia mais sucesso) usaram o caso pra extravazar a fúria religiosa que professavam (é fácil encontrar vídeos no youtube com gente da Klan dando declarações e gente no Sul dos EUA queimando os discos da banda por fanatismo religioso, confiram no link) e que pelo visto o caso serve até hoje como retórica pra discurso religioso fanático e amoral. Esse caso pode ser visto facilmente (caso alguém queira assistir mais detalhes) na Antologia dos Beatles (saiu em DVD e tem espalhada pelo youtube) ou no documentário britânico The Compleat Beatles.
É tanta estupidez, distorção e conduta reprovável (justificar o assassinato feito por um psicopata pra "impressionar" plateia, metendo religião no meio) que a gente se pergunta se deve comentar um caso desses pois pode acabar aumentando a audiência disso num país onde uma parte da população não age civicamente, não se engaja em quase nada, e essas mesmas pessoas que não agem civicamente costumam cobrar de todo mundo que o povo do país deva ser "assim e assado", um "modelo" ou "exemplo", quando os mesmos não costumam dar exemplo algum ou só ficam resmungando dizendo que nada no país presta com um discurso moralista, vitimista, complexado e nauseante. Sem mencionar o crescimento desse tipo de fanatismo religioso no país.
Com esse caso a gente se pergunta até que ponto o descaso com o combate ao racismo vai chegar se uma pessoa dessas, além de assumir a presidência dessa comissão no congresso, nem sequer foi removido pelos deputados que já fizeram a sacanagem com a população de pô-lo na presidência disto.
Muita gente chega perguntando como o negacionismo do Holocausto e extremismo de direita cresce no país, este caso é ilustrativo pois o crescimento desse tipo de extremismo cresce por isso: por descaso, omissão (de entidades, sociedade civil, partidos, governos, Ministério Publico etc), comportamentos anti-humanista, falta de educação e apego ao conhecimento, falta de civismo etc.
Eu já achava a presença deste cidadão na presidêcia da Comissão de Direitos Humanos do congresso uma aberração (não só na presidência dela como na mesma), uma coisa grotesca e talvez um dos casos mais aberrantes desde a redemocratização do país em 1985 com o fim da ditadura, pra não citar as declarações com racismo e homofobia já exibidas na mídia, mas o vídeo de ontem deve ser a cereja do bolo em cima da aberração que é esse caso grotesco, simplesmente repulsivo: ‘Ninguém afronta Deus e sobrevive', diz Feliciano sobre morte de John Lennon. Podem ver nesse link também.
No final do vídeo é dito isso: "Eu queria estar lá no dia em que descobriram o corpo dele, ia tirar o pano de cima e ia dizer: me perdoe, John, mas esse primeiro tiro é em nome do Pai, esse é em nome do Filho e esse é em nome do Espírito Santo".
Dizer o quê de um discurso lunático e amoral desses?
O músico britânico não foi morto com 3 tiros e sim com 5 tiros a queima-roupa por um psicopata chamado Mark Chapman que está preso até hoje pelo assassinato banal que praticou motivado (declarações do mesmo) pela busca da fama (assassino de Lennon queria fama, BBC), Mark Chapman, o assassino, queria ficar famoso matando alguém conhecido, e acabou ficando (se é que alguém 'são' quer esse tipo de "fama").
A frase do Lennon (assunto também citado no vídeo) nos anos sessenta foi feita como uma crítica ao sucesso desmedido da banda na época, em "off", pruma jornalista que publicou a frase fora de contexto pra criar polêmica e vender jornal (coisa que parte da mídia faz até hoje), criando consequentemente o estrago pois os grupos fanáticos da época nos EUA (que era onde os Beatles fazia mais sucesso) usaram o caso pra extravazar a fúria religiosa que professavam (é fácil encontrar vídeos no youtube com gente da Klan dando declarações e gente no Sul dos EUA queimando os discos da banda por fanatismo religioso, confiram no link) e que pelo visto o caso serve até hoje como retórica pra discurso religioso fanático e amoral. Esse caso pode ser visto facilmente (caso alguém queira assistir mais detalhes) na Antologia dos Beatles (saiu em DVD e tem espalhada pelo youtube) ou no documentário britânico The Compleat Beatles.
É tanta estupidez, distorção e conduta reprovável (justificar o assassinato feito por um psicopata pra "impressionar" plateia, metendo religião no meio) que a gente se pergunta se deve comentar um caso desses pois pode acabar aumentando a audiência disso num país onde uma parte da população não age civicamente, não se engaja em quase nada, e essas mesmas pessoas que não agem civicamente costumam cobrar de todo mundo que o povo do país deva ser "assim e assado", um "modelo" ou "exemplo", quando os mesmos não costumam dar exemplo algum ou só ficam resmungando dizendo que nada no país presta com um discurso moralista, vitimista, complexado e nauseante. Sem mencionar o crescimento desse tipo de fanatismo religioso no país.
Com esse caso a gente se pergunta até que ponto o descaso com o combate ao racismo vai chegar se uma pessoa dessas, além de assumir a presidência dessa comissão no congresso, nem sequer foi removido pelos deputados que já fizeram a sacanagem com a população de pô-lo na presidência disto.
Muita gente chega perguntando como o negacionismo do Holocausto e extremismo de direita cresce no país, este caso é ilustrativo pois o crescimento desse tipo de extremismo cresce por isso: por descaso, omissão (de entidades, sociedade civil, partidos, governos, Ministério Publico etc), comportamentos anti-humanista, falta de educação e apego ao conhecimento, falta de civismo etc.
segunda-feira, 24 de setembro de 2012
Franco e o extermínio - Parte 2 (Holocausto)
Outra das imagens do encontro de Hitler e Franco em Hendaya três meses depois do começo da Segunda Guerra Mundial |
Ninguém pode escapar que neste breve texto se evidencia que a olhos franquistas os judeus eram muito "perigosos", em sintonia com a ideia de Eberhard von Thadden, reproduzida em umas linhas antes, nas quais considerava que um judeu, pelo fato de ser judeu, já era um antialemão. E um detalhe a mais pra sublinhar: nos comentários de Doussinague que foram recolhidos por Moltke se percebe claramente que nas altas esferas da ditadura franquista não se acreditava na declarada neutralidade espanhola durante a Segunda Guerra Mundial, pois o diplomata espanhol não duvidou em situar como inimigo a "americanos e ingleses".
O regime era sintonizado totalmente com Berlim, e apesar dos reiterados ultimatos alemães - obviamente secretos - que advertiram explicitamente ao governo espanhol das medidas extremas de que seria alvo o coletivo judaico, Franco se opôs a salvá-los, mas não esqueceu de reclamar pelas propriedades e o dinheiro dos aniquilados, considerados, portanto, cidadãos espanhóis todavia. Diria-se o o seguinte: "(...) A embaixada espanhola solicita ao Ministério de Relações Exteriores (alemão) que intervenha ante as autoridades correspondentes para lhes explicar que os bens dos judeus espanhóis deixados pra trás ao saírem da França, Bélgica e Países Baixos serão administrados pelos cônsules espanhóis ou representantes da Espanha e que têm que ficar em sua posse por se tratar de bens de súditos espanhóis e portanto sendo um bem nacional da Espanha. Berlim, 25 de fevereiro de 1943”.
Capa do livro, publicado pela Librosdevanguardia |
Passaram-se os anos, Franco morreu na cama, e um jovem Juan Carlos manobrou em segredo a favor da democracia ante o atento olhar dos serviços de inteligência europeus e estadounidense. Com suas manobras, muitas em conivência com Adolfo Suárez, consta na documentação avinda que Juan Carlos jogou até o limite do possível para deixar pra trás o passado tão obscuro do que aqui tem sido dada uma pincelada. Era a transição, a mudança.
Os serviços secretos ocidentais tomaram nota de tudo, até de como Adolfo Suárez apontou em quatro papéis que entregou ao Rei no tempo da transição, que cumpriu com todo rigor contra o vento e a maré. O livro o explica. E um pouco depois, já com uma Espanha nova, Dom Juan Carlos seria o primeiro chefe de Estado espanhol que rendia homenagem em Yad Vashem às vítimas do Holocausto se apartando do terrível legado histórico de Franco e de Isabel, a Católica, a rainha espanhola mais admirada pelos nazis, a qual lhe dedicaram vários relatórios que fariam sorrir se se por detrás deles não houvesse uma matança de proporções colossais.
Mas nem tudo foi ocultado no que se refere à Espanha. Os aliados também têm algo a explicar. Uma mensagem secreta de Sir Harold MacMichael, alto comissionado britânico para o protetorado da Palestina, enviada em 15 de junho de 1944 a Sir Anthony Eden, então Ministro de Relações Exteriores do Reino Unido e logo premier, disse outras coisas: "Os nazis têm a esperança de obter alguma graça ante os olhos aliados pelo fato de não matar agora a dois milhões de judeus, pois creem que ajudará a esquecer que já mataram seis milhões de judeus". Lido de outra forma: em plena guerra, como Franco, os aliados sabiam perfeitamente o que estava acontecendo nos campos de extermínio. A pergunta é óbvia: o que fizeram pra evitar?
Fonte: Magazine Digital, do jornal Lavanguardia.com (Espanha)
http://www.magazinedigital.com/reportajes/los_reportajes_de_la_semana/reportaje/cnt_id/8416/pageID/2
Tradução: Roberto Lucena
Franco e o extermínio - Parte 1
O inimigo judeu-maçônico na propaganda franquista (1936-1945)
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domingo, 23 de setembro de 2012
Franco e o extermínio - Parte 1 (Holocausto)
Franco e o extermínio. Texto de Eduardo Martín de Pozuelo
As investigações do jornalista Eduardo Martín de Pozuelo nos arquivos dos Estados Unidos, Reino Unido e Holanda desvelaram que Franco deixou morrer a milhares de judeus que teve em sua mão condições de salvá-los. O autor avança nestas páginas a informação que detalha em seu novo livro. O franquismo, cúmplice do Holocausto, publicado pela Librosdevanguardia depois do sucesso de "Los secretos del franquismo" (Os segredos do franquismo).
Durante toda sua vida, Francisco Franco se referiu a um abstrato perigo judeu (maçônico e comunista, também) como o maior inimigo da Espanha construída depois de sua vitória na guerra civil de 1936-1939. Obcecado com esta ideia até o fim de seus dias, o Caudilho se referiu mais de uma vez a judeus em seu último discurso de 1 de outubro de 1975, pouco antes de morrer. Tão insistente foi Franco com seu ofuscamento sobre uma “mancomunação judaico-maçônica” que a tudo destruía, que a frase ficou impressa na mente dos espanhóis como um chavão sem graça da retórica obsessiva do Generalíssimo a qual inclusive muitos franquistas nem prestavam atenção. De fato, parecia que carecia de um significado tangível. Contudo, Franco falava a sério, convencido do que dizia.
Os anos e a tergiversação da história fizeram com que seu antissemitismo se diluísse como um torrão de açúcar na patética frase referida. Contudo, é óbvio que em seus inflamados discursos Franco não deixou de se mostrar antissemita, mas nunca revelou que seu ódio-temor havia tido durante a Segunda Guerra Mundial uma repercussão criminosa somente descoberta graças ao conteúdo de dezenas de documentos secretos desclassificados, encontrados nos arquivos dos Estados Unidos, Reino Unido e Holanda.
Até agora ninguém pensava em Franco quando se falava do Holocausto, como se a Espanha pró-nazi do início dos anos quarenta, claramente desenhada pelos documentos que um dia foram secretos, houvesse assistido de longe como a Alemanha nazi deportava e assassinava milhões de judeus e outras minorias. Mas na realidade, espantosa, como aflora nos documentos citados mostra que Franco pode salvar a dezenas de milhares de sefarditas, mas preferiu deixá-los morrer apesar dos reiterados ultimatos alemães que lhe advertiam das medidas extremas (lê-se extermínio) de que eles seriam objeto se sua Espanha não aceitasse acolhe-los.
O corolário de investigação documental que se recolhe no livro que é adiantado por Magazine tem vários pontos essenciais; o primeiro dos quais é que apenas restam dúvidas de que os nazis alentaram o golpe de Estado de julho de 1936, ao que não deixariam de apoiar até a vitória em 1939. Como consequência do apoio germânico, Franco - que em essência era, a si mesmo, franquista - inclinou dramaticamente os destinos da Espanha pelo lado alemão e não do italiano, pelo que cabe afirmar que a natureza do franquismo se percebe como sendo muito mais nazi que fascista. De fato, até a vitória dos nacionais na Guerra Civil, o III Reich desembarcou com armas e bagagens na Espanha com uma proporção de meios e humanos infinitamente superior a de qualquer outro país dos que se veriam implicados na iminente contenda mundial. Como consequência disso, os alemães influenciaram toda a política e economia espanhola, imprensa incluída, e uma vez iniciada a Segunda Guerra Mundial as relações entre a cúpula do nazismo e Franco e seus ministros foi muito estreita, e a nova Alemanha, cujo império deveria durar mil anos, teve um esquisito trato de favor ante o Generalíssimo. Esta deferência se traduziu na oferta nazi de dar fim dos judeus espanhóis espalhados pela Europa dos que eram previstos serem assassinados industrialmente. Mas Franco não os salvou, sabendo do que ia lhes acontecer, muito bem informado por embaixadores espanhóis, testemunhas de exceção das deportações. Desta forma, a ditadura espanhola se converteu em cúmplice ativa do Holocausto.
O oferecimento nazi de enviar a Espanha os spanischer Juden (judeus espanhóis), como designam os nazis aos judeus em todos os seus documentos, não foi produzido em uma ocasião anedótica que passou rapidamente ao esquecimento. Pelo contrário. Tratou-se de um tema de grande importância que gerou centenas de documentos, telegramas, ordens e contraordens procedentes do departamento de assuntos judaicos do Ministério de Relações Exteriores alemão, da embaixada da Alemanha em Madri e do Ministério de Relações Exteriores espanhol. E, tratado como um amigo muito especial, o III Reich brindou a Franco a entrega de milhares de judeus repetidas vezes, por escrito, como comunicação diplomática verbal com reiterada insistência dos embaixadores alemães. Tanto se esmeraram com seu amigo espanhol, que os nazis mantiveram presos mas sem deportar muitos judeus na espera de uma resposta positiva de Franco que nunca chegou. Enquanto isso, os alemães aplicaram por sua própria iniciativa o prazo limite de entrega (março e abril de 1943) para dar tempo a uma resposta de Franco.
Um resumo, parcial sem dúvida, do que aconteceu se deve a Eberhard von Thadden, conexão entre Von Ribbentrop (ministro de relações exteriores) e Adolf Eichmann (responsável pelas deportações), num telegrama cifrado para sua embaixada em Madri que enviou em 27 de dezembro de 1943: "O governo espanhol insistiu durante as negociações que houve entre 1942 e fevereiro de 1943 de que não estava interessado nos judeus espanhóis. Mais tarde foi autorizada [por parte da Alemanha] a repatriação de todos os judeus espanhóis. Repetidas vezes, a Espanha não cumpriu o prazo acordado para seu regresso. (...) Apesar disso e por precaução, a expulsão dos judeus espanhóis não começou até 16 de novembro. Por favor, explique inequivocadamente a situação ao governo espanhol e enfatize que o governo do Reich fez todo o possível para resolver o problema amigavelmente e evitar dificuldades. Fizemos isso tendo em consideração a nacionalidade espanhola [dos judeus] apesar de que se pode entender que todos os judeus têm uma atitude antialemã."
A oferta nazi continha certa piedade ante os judeus sefarditas? Não. Não se tratava disso. Era a deferência ao amigo e ao mesmo tempo uma medida para baratear os custos do extermínio. Quer dizer, antes de proceder a aplicação em toda sua dimensão da solução final, o governo do Reich deu oportunidade ao amigo Franco de decidir sobre a sorte dos spanischer Juden, de tal sorte que se lhes fossem acolhidos para que se tomasse suas próprias medidas contra eles - como supunham que aconteceria - o operativo nazi de extermínio humano se veria substancialmente reduzido.
Fonte: Magazine Digital, do Lavanguardia.com (Espanha)
http://www.magazinedigital.com/reportajes/los_reportajes_de_la_semana/reportaje/cnt_id/8416
Tradução: Roberto Lucena
Franco e o extermínio - Parte 2
O inimigo judeu-maçônico na propaganda franquista (1936-1945)
As investigações do jornalista Eduardo Martín de Pozuelo nos arquivos dos Estados Unidos, Reino Unido e Holanda desvelaram que Franco deixou morrer a milhares de judeus que teve em sua mão condições de salvá-los. O autor avança nestas páginas a informação que detalha em seu novo livro. O franquismo, cúmplice do Holocausto, publicado pela Librosdevanguardia depois do sucesso de "Los secretos del franquismo" (Os segredos do franquismo).
O encontro de Franco com Hitler em Hendaya em 23 de outubro de 1940 |
Os anos e a tergiversação da história fizeram com que seu antissemitismo se diluísse como um torrão de açúcar na patética frase referida. Contudo, é óbvio que em seus inflamados discursos Franco não deixou de se mostrar antissemita, mas nunca revelou que seu ódio-temor havia tido durante a Segunda Guerra Mundial uma repercussão criminosa somente descoberta graças ao conteúdo de dezenas de documentos secretos desclassificados, encontrados nos arquivos dos Estados Unidos, Reino Unido e Holanda.
Até agora ninguém pensava em Franco quando se falava do Holocausto, como se a Espanha pró-nazi do início dos anos quarenta, claramente desenhada pelos documentos que um dia foram secretos, houvesse assistido de longe como a Alemanha nazi deportava e assassinava milhões de judeus e outras minorias. Mas na realidade, espantosa, como aflora nos documentos citados mostra que Franco pode salvar a dezenas de milhares de sefarditas, mas preferiu deixá-los morrer apesar dos reiterados ultimatos alemães que lhe advertiam das medidas extremas (lê-se extermínio) de que eles seriam objeto se sua Espanha não aceitasse acolhe-los.
O corolário de investigação documental que se recolhe no livro que é adiantado por Magazine tem vários pontos essenciais; o primeiro dos quais é que apenas restam dúvidas de que os nazis alentaram o golpe de Estado de julho de 1936, ao que não deixariam de apoiar até a vitória em 1939. Como consequência do apoio germânico, Franco - que em essência era, a si mesmo, franquista - inclinou dramaticamente os destinos da Espanha pelo lado alemão e não do italiano, pelo que cabe afirmar que a natureza do franquismo se percebe como sendo muito mais nazi que fascista. De fato, até a vitória dos nacionais na Guerra Civil, o III Reich desembarcou com armas e bagagens na Espanha com uma proporção de meios e humanos infinitamente superior a de qualquer outro país dos que se veriam implicados na iminente contenda mundial. Como consequência disso, os alemães influenciaram toda a política e economia espanhola, imprensa incluída, e uma vez iniciada a Segunda Guerra Mundial as relações entre a cúpula do nazismo e Franco e seus ministros foi muito estreita, e a nova Alemanha, cujo império deveria durar mil anos, teve um esquisito trato de favor ante o Generalíssimo. Esta deferência se traduziu na oferta nazi de dar fim dos judeus espanhóis espalhados pela Europa dos que eram previstos serem assassinados industrialmente. Mas Franco não os salvou, sabendo do que ia lhes acontecer, muito bem informado por embaixadores espanhóis, testemunhas de exceção das deportações. Desta forma, a ditadura espanhola se converteu em cúmplice ativa do Holocausto.
As espantosas imagens que foram encontradas por soldados britânicos no campo de concentração de Bergen-Belsen em abril de 1945 |
Um resumo, parcial sem dúvida, do que aconteceu se deve a Eberhard von Thadden, conexão entre Von Ribbentrop (ministro de relações exteriores) e Adolf Eichmann (responsável pelas deportações), num telegrama cifrado para sua embaixada em Madri que enviou em 27 de dezembro de 1943: "O governo espanhol insistiu durante as negociações que houve entre 1942 e fevereiro de 1943 de que não estava interessado nos judeus espanhóis. Mais tarde foi autorizada [por parte da Alemanha] a repatriação de todos os judeus espanhóis. Repetidas vezes, a Espanha não cumpriu o prazo acordado para seu regresso. (...) Apesar disso e por precaução, a expulsão dos judeus espanhóis não começou até 16 de novembro. Por favor, explique inequivocadamente a situação ao governo espanhol e enfatize que o governo do Reich fez todo o possível para resolver o problema amigavelmente e evitar dificuldades. Fizemos isso tendo em consideração a nacionalidade espanhola [dos judeus] apesar de que se pode entender que todos os judeus têm uma atitude antialemã."
A oferta nazi continha certa piedade ante os judeus sefarditas? Não. Não se tratava disso. Era a deferência ao amigo e ao mesmo tempo uma medida para baratear os custos do extermínio. Quer dizer, antes de proceder a aplicação em toda sua dimensão da solução final, o governo do Reich deu oportunidade ao amigo Franco de decidir sobre a sorte dos spanischer Juden, de tal sorte que se lhes fossem acolhidos para que se tomasse suas próprias medidas contra eles - como supunham que aconteceria - o operativo nazi de extermínio humano se veria substancialmente reduzido.
Fonte: Magazine Digital, do Lavanguardia.com (Espanha)
http://www.magazinedigital.com/reportajes/los_reportajes_de_la_semana/reportaje/cnt_id/8416
Tradução: Roberto Lucena
Franco e o extermínio - Parte 2
O inimigo judeu-maçônico na propaganda franquista (1936-1945)
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domingo, 8 de abril de 2012
Historiadores contra revisionistas
Uma trintena de especialistas em século XX participam em uma obra que enmienda o enviesamento ideológico do polêmico ‘Diccionario Biográfico Español’ (Dicionário Biográfico Espanhol).
Tereixa Constenla Madrid 7 ABR 2012 - 18:58 CET
Apresentar o livro En el combate por la historia (Ediciones Pasado y Presente) como um contradicionário, uma réplica corrigida das falidas resenhas do século XX incluídas no Dicionário Biográfico Espanhol da Real Academia de História (RAH), é um astuto ardil comercial, mas que faz um fraco favor à causa que motivou a todos, editor e historiadores, que se somaram ao projeto. Sem querer, ele fomenta a visão de que a história espanhola do século XX pode ser contada sob dois pontos de vista e que os historiadores estão loteados nos mesmos grupos daqueles da Guerra Civil. E na verdade os únicos grupos possíveis são óbvios: historiadores bons e historiadores maus.
A maioria dos 33 especialistas reunidos para este projeto levam anos investigando o século XX e gozam de reconhecimento. Há, além disso, alguns que participaram do Dicionário como Fernando Puell ou Carlos Barciela. “Eu não estou nem com uns ou com outros, mas o que não se pode é justificar o golpe de Estado. Un golpe é um golpe e não um Glorioso Levante, e tampouco se pode chamar só de 'grupo nacional' a uns porque de iguais nacionalidades eram tanto uns como outros. O problema daquela obra é que algumas tantas vozes contaminaram o resto, é um livro que saiu imbecilizado”, afirma Fernando Puell, professor de História Militar no Instituto Universitário Gutiérrez Mellado da UNED e coronel reformado, que contribuiu com 40 biografias para a coleção da RAH e que analiza as operações militares durante a Guerra Civil e o papel do Exército durante o regime franquista no livro da editora Pasado y Presente.
Para Carlos Barciela, catedrático de História e Instituções Econômicas da Universidade de Alicante, ele não gosta da etiqueta de contradicionário. "Eu não faço contrainvestigação nunca. Fiz investigação e o que se vai publicar é o trabalho de muitos anos de estudo”, pontualiza. Colaborou com o Dicionário com cerca de umas 200 biografias de engenheiros agrônomos, recompiladas durante oito anos, e duas entradas para En el combate por la historia. Na parte que dedica à reforma agraria, ele demonstra que foi um aspecto capital para os sublevados: “Resultou como agressivo que desde agosto de 1936 começam a promulgar decretos que têm como finalidade paralizar a reforma agrária da República e devolver as terras a seus proprietários”.
O enviesamento ideológico e o escasso rigor que impregnavam algumas biografias sobre o século XX encarregadas pela Real Academia de História indignaram no ano passado a Gonzalo Pontón, histórico editor de Crítica que agora fundou a editora Pasado y Presente. Ele pediu a Ángel Viñas que coordenasse uma obra que sintetizasse com rigor o ocorrido entre 1931 e 1975, com a atualização do investigado nos últimos anos, e que gerou um volume de quase 1.000 páginas. “Aqui há uma escola historiográfica muito sólida e sensata, e não podíamos permitir que os historiadores espanhois fossem aqueles representados pela RAH”, expõe Viñas.
Quase ninguém disse não. Entre os 33 assinantes figuram alguns dos maiores especialistas no período: Paul Preston, Julio Aróstegui, Julián Casanova, Enrique Moradiellos, Ricardo Miralles, José-Carlos Mainer, Josep Fontana e Eduardo González Calleja. “Estão representadas três gerações: uma dos mais antigos Elorza ou Fontana; a intermediária com gente como Casanova e a mais jovem que está fazendo um trabalho muito rigoroso como Jorge Marco, Gutmaro Gómez Bravo ou José Luis Ledesma”, afirma o coordenador da obra, que ataca o revisionismo — e alguns expoentes do mesmo — num duro epílogo.
O volume inclui as biografias de 12 protagonistas do período (Aguirre, Azaña, Companys, Franco, Pasionaria, Carrillo, Largo Caballero, Mola, Negrín, Prieto, Primo de Rivera, Rojo e Serrano Suñer), além de 41 capítulos sobre as questões mais destacáveis da Segunda República, da Guerra Civil e do Franquismo (entre outros: anarquistas, reforma agrária, conspirações, operações militares, nacionalismos periféricos, a violência, a Igreja, o exílio, a repressão ou a política externa da ditadura). "Se faz uma atualização — ou resposta— ao Dicionário e a toda uma onda de revisionismo que é feita pela direita entusiasticamente defendendo que a Guerra Civil e a Ditadura foram meros acidentes e que metade do país estava enfrentando a outra metade. Foi reunida gente séria que investigou cada tema", assinala Josep Fontana, catedrático de História Econômica e autor de uma trintena de obras. "Pessoalmente, quando se desataram as iras com o Dicionário, tampouco aceitei criticar a obra em conjunto. O que é imperdoável é que se tenha a montado sem controle e que uma parte anule a validez da obra inteira. Eu espero que este livro seja uma ajuda para pôr as coisas no seu lugar", confia Fontana.
Franco, por Paul Preston...
...e por Luis Suárez
Arquivado em: Francisco Franco Guerra civil RAH Paul Preston Luis Suárez Fernández Guerra civil española Guerra Civil Espanhola Segunda república española Reales Academias Guerra Franquismo Instituciones culturales Historia contemporánea Historia Conflictos Cultura
Fonte: Seção de Cultura do jornal El País (Espanha)
http://cultura.elpais.com/cultura/2012/04/07/actualidad/1333817885_831167.html
Tradução: Roberto Lucena
Observação: eu não concordo com a linha editorial desse jornal espanhol, só que relevo algumas coisas que saem na seção de Cultura pois dá pra serem lidas e (se for possível) ter alguma tradução. No mais, como disse antes, não gosto desse jornal. Digo isso porque por vezes gente mal intencionada querendo fazer graça ou encher o saco, ou simplesmente com "pensamento binário" ou enviesado, pelo fato de uma pessoa traduzir um texto de um jornal altamente enviesado, acham que a pessoa que traduziu o texto concorda integralmente com um jornal. O pensamento binário(pensamento de "torcida", "ou está comigo ou contra mim") no Brasil, infelizmente, é um fato, e que leva um país ao radicalismo, alienação e polarização da população.
Eu iria trocar o título do post mas achei por bem mantê-lo embora a troca seria mais apropriada ao tema, o título era esse "Brasil e Espanha, países com sérios problemas de memória histórica", pois ambos possuem o mesmo problema e comportamento parecido com esse tipo de assunto, um fanatismo doentio (pleonasmo), além da desonestidade latente, pra distorcer o passado por falta de coragem em assumir erros históricos, e tanto as populações têm culpa na coisa como as elites desses países. Nunca vi tanta semelhança (no pior sentido do termo) pra distorcer o passado e tentar criar uma mitologia em torno de ditaduras(a da Espanha com o franquismo e as do Brasil, com Vargas e a ditadura civil-militar de 1964-1985) que ocorreram em ambos os países. Maldita estupidez cultural hereditária.
Tereixa Constenla Madrid 7 ABR 2012 - 18:58 CET
Franco passando em revista em Logroño, 1938, ante forças legionárias italianas. / EFE |
A maioria dos 33 especialistas reunidos para este projeto levam anos investigando o século XX e gozam de reconhecimento. Há, além disso, alguns que participaram do Dicionário como Fernando Puell ou Carlos Barciela. “Eu não estou nem com uns ou com outros, mas o que não se pode é justificar o golpe de Estado. Un golpe é um golpe e não um Glorioso Levante, e tampouco se pode chamar só de 'grupo nacional' a uns porque de iguais nacionalidades eram tanto uns como outros. O problema daquela obra é que algumas tantas vozes contaminaram o resto, é um livro que saiu imbecilizado”, afirma Fernando Puell, professor de História Militar no Instituto Universitário Gutiérrez Mellado da UNED e coronel reformado, que contribuiu com 40 biografias para a coleção da RAH e que analiza as operações militares durante a Guerra Civil e o papel do Exército durante o regime franquista no livro da editora Pasado y Presente.
Para Carlos Barciela, catedrático de História e Instituções Econômicas da Universidade de Alicante, ele não gosta da etiqueta de contradicionário. "Eu não faço contrainvestigação nunca. Fiz investigação e o que se vai publicar é o trabalho de muitos anos de estudo”, pontualiza. Colaborou com o Dicionário com cerca de umas 200 biografias de engenheiros agrônomos, recompiladas durante oito anos, e duas entradas para En el combate por la historia. Na parte que dedica à reforma agraria, ele demonstra que foi um aspecto capital para os sublevados: “Resultou como agressivo que desde agosto de 1936 começam a promulgar decretos que têm como finalidade paralizar a reforma agrária da República e devolver as terras a seus proprietários”.
O enviesamento ideológico e o escasso rigor que impregnavam algumas biografias sobre o século XX encarregadas pela Real Academia de História indignaram no ano passado a Gonzalo Pontón, histórico editor de Crítica que agora fundou a editora Pasado y Presente. Ele pediu a Ángel Viñas que coordenasse uma obra que sintetizasse com rigor o ocorrido entre 1931 e 1975, com a atualização do investigado nos últimos anos, e que gerou um volume de quase 1.000 páginas. “Aqui há uma escola historiográfica muito sólida e sensata, e não podíamos permitir que os historiadores espanhois fossem aqueles representados pela RAH”, expõe Viñas.
Quase ninguém disse não. Entre os 33 assinantes figuram alguns dos maiores especialistas no período: Paul Preston, Julio Aróstegui, Julián Casanova, Enrique Moradiellos, Ricardo Miralles, José-Carlos Mainer, Josep Fontana e Eduardo González Calleja. “Estão representadas três gerações: uma dos mais antigos Elorza ou Fontana; a intermediária com gente como Casanova e a mais jovem que está fazendo um trabalho muito rigoroso como Jorge Marco, Gutmaro Gómez Bravo ou José Luis Ledesma”, afirma o coordenador da obra, que ataca o revisionismo — e alguns expoentes do mesmo — num duro epílogo.
O volume inclui as biografias de 12 protagonistas do período (Aguirre, Azaña, Companys, Franco, Pasionaria, Carrillo, Largo Caballero, Mola, Negrín, Prieto, Primo de Rivera, Rojo e Serrano Suñer), além de 41 capítulos sobre as questões mais destacáveis da Segunda República, da Guerra Civil e do Franquismo (entre outros: anarquistas, reforma agrária, conspirações, operações militares, nacionalismos periféricos, a violência, a Igreja, o exílio, a repressão ou a política externa da ditadura). "Se faz uma atualização — ou resposta— ao Dicionário e a toda uma onda de revisionismo que é feita pela direita entusiasticamente defendendo que a Guerra Civil e a Ditadura foram meros acidentes e que metade do país estava enfrentando a outra metade. Foi reunida gente séria que investigou cada tema", assinala Josep Fontana, catedrático de História Econômica e autor de uma trintena de obras. "Pessoalmente, quando se desataram as iras com o Dicionário, tampouco aceitei criticar a obra em conjunto. O que é imperdoável é que se tenha a montado sem controle e que uma parte anule a validez da obra inteira. Eu espero que este livro seja uma ajuda para pôr as coisas no seu lugar", confia Fontana.
Franco, por Paul Preston...
Dizer que Franco foi uma figura medíocre não explica como chegou ao poder absoluto (...) ao lhe comparar com Hitler e Mussolini, e ele teve muito em comum com ambos, tropeça-se com o fato de que Franco tinha o hobby de jogar loteria e que ganhava de vez em quado.
A falta de escrúpulos em bombardear povos asturianos e o uso de mercenários marroquinos revelaram que Franco sentia pelos trabalhadores de esquerda o mesmo desprezo racista que lhe haviam despertado as tribos do Rif.
Levou a cabo uma guerra de terror, na qual a matança de tropas contrárias se veria acompanhada de uma repressão sem piedade da população civil. Ele se propôs a realizar uma inversão em terror para estabelecer a edificação de um regime duradouro.
A partir de 1953, começou a forjar uma nova imagem: a de pai do povo. Foi o momento em que na prática se retirou do posto de Chefe do Executivo (...) restou-lhe as obrigações rotineiras que cumpria ao estilo de um monarca.
...e por Luis Suárez
Montou um regime autoritário, mas não totalitário, já que as forças políticas que lhe apoiavam, a Falange, o Tradicionalismo e a Direita, ficaram unidas num Movimento e submetidas ao Estado.
Ao produzir a revolução de outubro de 1934, Franco foi chamado a Madrid como conselheiro do ministro, colaborando na extinção da revolta sem tomar parte das operações.
Uma guerra longa de quase três anos lhe permitiu derrotar um inimigo que em princípio contava com forças superiores. Mas ele, faltando possíveis mercados, e contando com a hostilidade da França e da Rússia, estabeleceu estreitos compromissos com Itália e Alemanha.
Em 22 de novembre de 1966, Franco se apresentou ante às Cortes a Lei Orgânica do Estado, que foi aprovada em referendo por uma maioria muito considerável. O regime dava a si mesmo uma Constituição, que Franco considerou como um êxito pessoal.
Arquivado em: Francisco Franco Guerra civil RAH Paul Preston Luis Suárez Fernández Guerra civil española Guerra Civil Espanhola Segunda república española Reales Academias Guerra Franquismo Instituciones culturales Historia contemporánea Historia Conflictos Cultura
Fonte: Seção de Cultura do jornal El País (Espanha)
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Tradução: Roberto Lucena
Observação: eu não concordo com a linha editorial desse jornal espanhol, só que relevo algumas coisas que saem na seção de Cultura pois dá pra serem lidas e (se for possível) ter alguma tradução. No mais, como disse antes, não gosto desse jornal. Digo isso porque por vezes gente mal intencionada querendo fazer graça ou encher o saco, ou simplesmente com "pensamento binário" ou enviesado, pelo fato de uma pessoa traduzir um texto de um jornal altamente enviesado, acham que a pessoa que traduziu o texto concorda integralmente com um jornal. O pensamento binário(pensamento de "torcida", "ou está comigo ou contra mim") no Brasil, infelizmente, é um fato, e que leva um país ao radicalismo, alienação e polarização da população.
Eu iria trocar o título do post mas achei por bem mantê-lo embora a troca seria mais apropriada ao tema, o título era esse "Brasil e Espanha, países com sérios problemas de memória histórica", pois ambos possuem o mesmo problema e comportamento parecido com esse tipo de assunto, um fanatismo doentio (pleonasmo), além da desonestidade latente, pra distorcer o passado por falta de coragem em assumir erros históricos, e tanto as populações têm culpa na coisa como as elites desses países. Nunca vi tanta semelhança (no pior sentido do termo) pra distorcer o passado e tentar criar uma mitologia em torno de ditaduras(a da Espanha com o franquismo e as do Brasil, com Vargas e a ditadura civil-militar de 1964-1985) que ocorreram em ambos os países. Maldita estupidez cultural hereditária.
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quinta-feira, 25 de novembro de 2010
A Ustasha e o silêncio do Vaticano - parte 1
In English: The Ustasha and Vatican's Silence - Part 1
Ler antes o texto observação, sobre os erros desta série:
A Ustasha e o silêncio do Vaticano - parte 4 (Observação)
Os crimes dos ustashi croatas (NDH)
O OUTRO HOLOCAUSTO
O VATICANO E O GENOCÍDIO NA CROÁCIA
A maior parte das pessoas ignora que durante a Segunda Guerra Mundial se produziu outro genocídio, cuja brutalidade superou com acréscimo o visto em campos de concentração nazis. O assassinato de meio milhão de sérvios na Croácia já passou por direito próprio aos anais dos mais infames crimes contra a humanidade. O papel da Igreja Católica nesta tragédia não foi em absoluto menor.
Quando Adolf Hitler atacou a Iugoslávia em 6 de abril de 1941, ficou imediatamente evidente que a Wehrmacht contava com o apoio de grupos traidores dentro do Estado iugoslavo. O exército do país estava entre a espada e a parede, superado pela imensa maquinária de guerra alemã e apunhalado pelas costas por terroristas pró-nazis membros do Partido Ustasha, uma perigosa organização croata de extrema-direita. Inclusive os comandos de algumas unidades de maioria croata estiveram em conversações com os nazis, abrindo-lhes praticamente as portas do país. [01]
Ler antes o texto observação, sobre os erros desta série:
A Ustasha e o silêncio do Vaticano - parte 4 (Observação)
Os crimes dos ustashi croatas (NDH)
O OUTRO HOLOCAUSTO
O VATICANO E O GENOCÍDIO NA CROÁCIA
Pavelic e o arcebispo católico de Zagreb A. Stepinac. |
A maior parte das pessoas ignora que durante a Segunda Guerra Mundial se produziu outro genocídio, cuja brutalidade superou com acréscimo o visto em campos de concentração nazis. O assassinato de meio milhão de sérvios na Croácia já passou por direito próprio aos anais dos mais infames crimes contra a humanidade. O papel da Igreja Católica nesta tragédia não foi em absoluto menor.
Quando Adolf Hitler atacou a Iugoslávia em 6 de abril de 1941, ficou imediatamente evidente que a Wehrmacht contava com o apoio de grupos traidores dentro do Estado iugoslavo. O exército do país estava entre a espada e a parede, superado pela imensa maquinária de guerra alemã e apunhalado pelas costas por terroristas pró-nazis membros do Partido Ustasha, uma perigosa organização croata de extrema-direita. Inclusive os comandos de algumas unidades de maioria croata estiveram em conversações com os nazis, abrindo-lhes praticamente as portas do país. [01]
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quarta-feira, 28 de janeiro de 2009
As mais novas asneiras sobre o Holocausto ditas pelo presidente iraniano
Ocidente impediu investigação do Holocausto, diz Ahmadinejad
Teerã, 27 jan (EFE).- O presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad, voltou a criticar a postura sobre o Holocausto no Ocidente, acusado de impedir uma investigação histórica por interesses políticos.
Em carta divulgada hoje pela emissora iraniana "PressTV", Ahmadinejad assinalou que "durante 60 anos, os países ocidentais bloquearam qualquer investigação sobre o Holocausto para manter sua dominação sobre outras nações".
Desde que em 2005 assumiu a Presidência do país, Ahmadinejad criticou com insistência o apoio das nações ocidentais a Israel, expressou dúvidas sobre o Holocausto e afirmou em diversas ocasiões que o Estado judeu "está próximo de seu desaparecimento". EFE
jm/mh
Fonte: EFE
http://g1.globo.com/Noticias/Mundo/0,,MUL974565-5602,00.html
Comentário: é de se perguntar ao distinto presidente do regime iraniano se ele também permitiria que o 'Ocidente' realizasse investigações históricas sobre as atrocidades cometidas no passado e no presente pelo regime teocrático iraniano. Atrocidades como morte por enforcamento de homossexuais, apedrejamento de mulheres, assassinatos de opositores, etc. Será que ele permitiria que o Ocidente ivestigasse isso? Fica a pergunta no ar.
Teerã, 27 jan (EFE).- O presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad, voltou a criticar a postura sobre o Holocausto no Ocidente, acusado de impedir uma investigação histórica por interesses políticos.
Em carta divulgada hoje pela emissora iraniana "PressTV", Ahmadinejad assinalou que "durante 60 anos, os países ocidentais bloquearam qualquer investigação sobre o Holocausto para manter sua dominação sobre outras nações".
Desde que em 2005 assumiu a Presidência do país, Ahmadinejad criticou com insistência o apoio das nações ocidentais a Israel, expressou dúvidas sobre o Holocausto e afirmou em diversas ocasiões que o Estado judeu "está próximo de seu desaparecimento". EFE
jm/mh
Fonte: EFE
http://g1.globo.com/Noticias/Mundo/0,,MUL974565-5602,00.html
Comentário: é de se perguntar ao distinto presidente do regime iraniano se ele também permitiria que o 'Ocidente' realizasse investigações históricas sobre as atrocidades cometidas no passado e no presente pelo regime teocrático iraniano. Atrocidades como morte por enforcamento de homossexuais, apedrejamento de mulheres, assassinatos de opositores, etc. Será que ele permitiria que o Ocidente ivestigasse isso? Fica a pergunta no ar.
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