
Filmes, uma exposição sobre a arquitectura nazi, um concerto, conferências e uma ópera criada num campo de concentração, vão ser apresentados no âmbito deste projecto do CCB que decorre até 01 de Março.
Sobre a forma como lidaram as figuras da cultura alemã durante o regime nazi, João Paulo Cotrim citou os casos de criadores que combateram o regime, como Viktor Ullmann e Peter Kien, que acabaram por ser executados, e, por outro lado, da polémica actriz e realizadora Leni Riefenstahl, cujo génio foi considerado crucial para a ascensão do regime.
"Quando a cultura é dominada pela política, deixa de ser cultura e passa a ser propaganda?", é outras das questões que o consultor do ciclo considera que deve ser suscitada e debatida.
Por outro lado, comentou que talvez este tenha sido o momento histórico em que a cultura terá perdido a inocência: "aqui se verificou como uma nação com um povo culto ficou na histórica como palco de uma barbárie. Afinal, um homem culto poderia ser, ao mesmo tempo, apreciador de Schumann [compositor] e dar ordens para queimar seres humanos".
"Além do extermínio de seres humanos, é assustador como um país culto consegue destruir parte do seu património por um determinado delírio", comentou ainda sobre os 20 mil livros queimados e outras obras de arte como escultura e pintura destruídas por serem consideradas degeneradas.
Questionado sobre o impacto do regime na cultura portuguesa na época, João Paulo

Com a posição simpatizante do regime mas oficialmente neutra de Salazar, Lisboa foi ponto de passagem de milhares de pessoas fugidas ao regime nazi.
O ciclo "O Nazismo e a Cultura: Confrontações" inclui a apresentação, a 07 e 08 de Fevereiro, da ópera "Der Kaiser von Atlantis/O Imperador de Atlântida ou a Abdicação da Morte" (1944), composta por Viktor Ullmann, com libreto de Peter Kien.
A Orquestra de Câmara Portuguesa tocará a 15 de Fevereiro "Verboten/Nicht Verboten" (Proibido/Não Proibido), interpretando obras de Hartmann, Strauss, Klein, Wagner e Haas.
Um ciclo de cinema atravessará o evento com a exibição de seis filmes que percorrem um período desde 1955 até 1993, desde "Noite e Nevoeiro", de Alain Resnais, "O Ovo da Serpente", de Ingmar Bergman (1977), "A Vida Maravilhosa e Horrível de Leni Riefenstahl", de Ray Müller (1993), e "O Triunfo da Vontade", película histórica da polémica realizadora Leni Riefenstahl (1935).
Fonte: Lusa
http://aeiou.expresso.pt/gen.pl?p=stories&op=view&fokey=ex.stories/495600