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domingo, 28 de setembro de 2025

A Cidade Proibida (China) e outros monumentos (Muralha etc), sugestão de vídeos de canal

Dando sequência a esse post sobre o ´"Ultimo imperador" da China e a sugestão do filme "O Último Imperador" do Bertolucci (comentários no próprio post):
"O último Imperador da China (Puyi)" (https://holocausto-doc.blogspot.com/2025/09/o-ultimo-imperador-da-china-puyi.html)

eu disse que faria um post extra pra sugerir vídeos de um canal, pois ficaria muita informação pra um post só.

Colocarei aqui a sugestão então pra que assistam os vídeos do canal "2aMais na China" (do Dieter e da Deyse, pessoal muito simpático, o canal tirou o "da China" do nome mas se chamava assim antes), casal que teve uma experiência de 4 a 5 anos na China, de 2015 a 2019 (vieram pouco antes da explosão da Covid, fim de 2019, mas tem vídeo em 2020 ainda), e continuo achando um dos melhores relatos (ou melhor) documentado em vídeo da China no período (e continua bem atual os vídeos), edição, texto, as observações do casal (que saíram do Brasil com visões não tão positivas sobre a China e mudaram a percepção com o tempo, fato bem relevante pro registro dos vídeos).

Descobri o canal em agosto de 2020 (citando de memória), ou redescobri porque já havia visto alguma coisa antes e não havia dado "atenção" (a gente acaba criando certa animosidade com vídeo de canal de brasileiros fora porque tem muita tranqueira no Youtube), fiquei bem doente no período (coisa rápida mas foi pesada, algum mal estar, infecção intestinal, não foi diagnosticado, foram 4 a 5 dias pesados ou 1 semana, nem lembro direito mais, em plena pandemia) e os vídeos do canal ajudaram muito na melhora de ânimo no período. Sou grato à dupla por isso e pelo registro em vídeo que fizeram e compartilharem essa experiência, já deixei meu agradecimento em algum vídeo do casal, ou mais de um).

No vídeo sobre Natal mostram as igrejas cristãs na China (há outros vídeos de religião na China, templos de Taoismo, budista, se for o caso depois eu coloco um desses aqui), a arquitetura da igreja católica da China (arquitetura interessante, puxa pra arquitetura do local).

Eu sugeriria que quem pudesse ou tiver curiosidade que "maratone" todos os vídeos do canal do casal, mas só vou colocar aqui quatro vídeos: da "Cidade Proibida" (onde os imperadores da China viviam, e onde se passa parte do filme de "O último Imperador", da vida dele, há outro vídeo também da "Cidade Proibida", vasculhem o canal), da "Muralha da China" (há mais de um vídeo sobre a Grande Muralha da China, escolhi obviamente só um praqui), do "Templo do Céu" (construção que é mais antiga que o Brasil...) e um vídeo de Natal na China (tem outro vídeo no canal sobre o Natal na China, mais antigo, mas vou colocar só um deles aqui).

Há vídeos fora de série no canal, de verdade, vale muito a pena assistir (vídeos de Hong Kong, Pequim/Beijing e cia). Pena que a dupla tenha parado com os registros filmados, até os do Brasil, mas fizeram uma obra sensacional (minha opinião e a de muita gente) registrando a vida na China de 2015 a 2019 e a transformação naquele país no período. Vídeos em português (áudio), pra quem não entende português/espanhol, ative as legendas em inglês e de outros idiomas no Youtube.

domingo, 21 de setembro de 2025

O último Imperador da China (Puyi)

Só lembrando, texto integral abaixo sobre o último imperador da China feito pela BBC, mas... como a BBC (mídia pública britânica) "dá uma no cravo e dez na ferradura" (a expressão é outra Link1, fiz a adaptação porque a "ferradura" da BBC é vir com dez notícias enviesadas atacando o que não agrada à "agenda" dela, e no meio delas solta alguma matéria razoável ou boa, que é o caso da matéria em questão), e eu ia fazer uma adaptação pra sugerir o filme "O último Imperador", ficará pra outro post.

Fazer resumo daquilo (do filme) seria complicado (e "spoiler") e desnecessário depois de ler a matéria que será transcrita abaixo. Ainda é um filme espetacular (venceu 9 Oscar), super produção, e serve pra conhecer um pouco ou algo da China e também do período que vivemos, por isso veio forte à lembrança do filme nas últimas semanas ou meses vendo os links sobre a invasão japonesa da China etc, se procurarem os posts passados irão achar matérias sobre filmes da invasão japonesa à China (pensei nesse post, e no próximo que farei, há semanas, só que é impossível transpor tudo praqui). Pro pessoal que gosta de primeira guerra e segunda guerra mundial, filme sensacional (vai muito além do contexto desses conflitos embora se passe neles também).

"Mas a matéria abaixo não é "spoiler"? "Sim" e não... depende de como assistirem o filme (de como interpretam)... o filme sobre a figura do Puyi (nome do imperador) e sobre a China não detalha tudo do período (não tem como), tem partes "meio" datadas (o estilo) ou que eu tiraria do filme (soam caricaturas, o excesso de danças etc mas entendo porque colocaram), revendo o filme dá pra compreender melhor o filme hoje do que quando se viu da primeira vez, se você assistiu isso há mais de uma década e muita gente não assistiu (engraçado uma parte "falar tanto" de China no Youtube e eu nunca ter visto sugestão desse tipo de filme)... é um filme de 1987, do contexto da Guerra Fria ainda.

Mas deixa eu colocar o trailer do filme do Bertolucci aqui, haverá outro post sobre isso aqui, de forma curta, como complemento.

Trailers do filme "O último Imperador" (Bernardo Bertolucci):

Título da matéria (BBC):

"Como o último imperador da China terminou a vida como um simples jardineiro"
Autor, Redação
Role, BBC News Mundo; 11 setembro 2021

Sua história seria extraordinária de qualquer maneira, pois ele estava destinado a ser o governante absoluto de quase um quarto da população mundial. Mas ele acabou sendo único porque, diferentemente de seus ancestrais, chegou ao século 20 e sofreu as consequências das transformações sociais, políticas e econômicas da época.

Aisin-Gioro Puyi nasceu em fevereiro de 1906 em Pequim, quando seu tio Guangxu era o imperador da China. Este, no entanto, estava em prisão domiciliar havia 8 anos, por ordem de sua tia, Imperatriz Viúva Cixi, a mesma que o havia escolhido para ocupar o trono do Dragão e que permanecera como regente - e de fato governava o país - sob o título de "Santa Mãe, Imperatriz Viúva".

Ela própria determinou, em 13 de novembro de 1908, que a residência oficial dos imperadores e sua corte, bem como o centro cerimonial e político do governo chinês, fossem transferidos para a Cidade Proibida, no centro de Pequim.

O escolhido como sucessor do moribundo governante Guangxu foi Puyi, que apesar da pouca idade, se lembra do encontro com a formidável Cixi, cujo "rosto abatido e aterrorizante" viu através de uma cortina cinzenta.

"Dizem que comecei a gritar alto quando a vi e comecei a tremer incontrolavelmente. Cixi mandou alguém me dar alguns doces, mas eu os joguei no chão e gritei 'Quero minha babá, quero minha babá!', para grande desgosto dela", recordaria ele anos depois.

Guangxu morreu em 14 de novembro, e no dia seguinte, foi a vez de Cixi.

Em 2 de dezembro, dois meses após seu terceiro aniversário, Puyi foi chamado de "Sua Majestade o Imperador", "O Senhor dos Dez Mil Anos", "O Filho do Céu" depois da realização da "Grande Cerimônia de Entronização".

"Uma cerimônia que estraguei com minhas lágrimas", escreveria ele tempos depois em sua autobiografia, que também serviria de fonte para o filme O Último Imperador (1987), do cineasta italiano Bernardo Bertolucci.

Puyi se tornou o décimo-segundo imperador da dinastia Qing e o mais jovem na longa história imperial chinesa.

Sua dinastia

Puyi era descendente das tribos Manchu que venceram os Ming e fundaram a dinastia Qing em 1644, sob a qual a China dobrou de tamanho, ao incluir Xinjiang no extremo oeste, assim como a Mongólia e o Tibete, criando praticamente o formato territorial que a China tem até hoje. Um selo imperial do período Kangxi da dinastia Qing

Crédito, Getty Images
"Um selo imperial do período Kangxi da dinastia Qing"

A nova dinastia tolerou uma diversidade de povos e religiões e criou grandes empreendimentos culturais.

No século 18, a China era indiscutivelmente a maior economia do mundo, um país próspero com uma cultura rica. Seus imperadores viviam no coração de sua opulenta capital, Pequim, cercados por guardas imperiais e famílias nobres manchus.

Mas no século 19 a dinastia Qing começou a enfraquecer, incapaz de defender a China de agressões militares de forças britânicas, americanas, francesas, alemãs e japonesas.

Em 1850, um chinês cristão convertido, Hong Xiuquan, proclamou-se líder de uma nova dinastia, o Reino Celestial Taiping, e marchou com seus seguidores contra Qing, ganhando amplo apoio à medida que avançava.

A guerra civil que se seguiu durou 14 anos, e cerca de 20 milhões de pessoas perderam a vida em um conflito que acabou envolvendo soldados europeus.

Crédito, Getty Images
"Rebelião de Taiping, uma obra de meados do século 19"

A Rebelião de Taiping foi um dos eventos mais importantes na China no século 19, assim como o "Levante dos Boxers", também conhecido como "Levante de Yihétuan", uma rebelião de aldeões das províncias do Norte que estavam desesperados e famintos e passaram a responsabilizar estrangeiros por sua situação, expulsando mercadores e missionários.

O movimento teve início em 1898, cercou Pequim no verão de 1900, mas acabou sendo derrotado de forma brutal em setembro de 1901.

Era esta China que o pequeno Puyi governaria. Seus representantes, que regiam em seu nome, eram o pai de Puyi, príncipe Chun, e depois, a tia, Imperatriz Viúva Longyu.

O mundo lá fora

Em outras épocas, a fraqueza da dinastia Qing teria levado ao surgimento de outra, mas o século 20 ampliou o leque de possibilidades.

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"1909: Príncipe Chun, regente e controlador da nação, com seu filho mais novo ajoelhado e Puyi (1906-1967), Imperador da China, ao seu lado"

Enquanto Puyi era formado para o seu papel de governante e rodeado de privilégios que incluíam até ser dono de outras pessoas, como os eunucos que cuidavam dele e tinham que obedecer a cada um de seus caprichos, uma revolução estava sendo forjada contra o poder de sua dinastia. Para muitos chineses, esses governantes tinham perdido o mandato divino.

Em 1911, estourou a Revolução Xinhai ou Revolução Hsinhai, que acabaria pondo um fim ao Império e inaugurando a República da China. Em 12 de fevereiro de 1912, a Imperatriz Viúva Longyu, tia de Puyi, selou o "Édito Imperial de Abdicação do Imperador".

"A imperatriz viúva estava sentada em uma sala ao lado do palácio, enxugando os olhos com um lenço enquanto um velho gordo (o primeiro-ministro Yuan Shikai) se ajoelhava diante dela em uma almofada vermelha, com lágrimas rolando em seu rosto. Eu estava sentado à direita da viúva e me perguntava por que os dois adultos choravam", relata Puyi em suas Memórias.

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"As viúvas imperatrizes Longyu (primeira à direita) e Cixi (Tzu-hsi, 1835-1908, centro) com damas da corte em 1904"

Eles choravam porque acabava, formalmente, seu governo e os 267 anos de poder da dinastia Qing.

Mas ele, aos 6 anos, estava alheio a essas realidades.

E assim permaneceu, pois com o avanço da revolução, todos estavam em território desconhecido: com o fim de 2 mil anos de sistema imperial, ninguém sabia exatamente o que fazer com a casa imperial deposta.

Enviá-los para a Manchúria ou deixá-los em Pequim?

No fim, decidiram tratá-lo como faziam com reis estrangeiros, permitindo-lhe viver na Cidade Proibida, desfrutando do luxo de seu palácio imperial e seus jardins.

Por isso, para Puyi, pouca coisa mudou: ele nem mesmo foi informado por um tempo de que não era mais imperador e continuou a gozar de privilégios hoje difíceis de imaginar.

"Na época em que a China passou a ser uma república, e a humanidade avançou para o século 20, eu ainda vivia como um imperador, respirando a poeira do século 19", escreveu ele.

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"Cidade Proibida, considerada foi sua primeira prisão"
Em 1917, ele chegou a ser renomeado como imperador pelo general pró-monárquico Zhang Xun, que deu um golpe e assumiu o posto de "regente do Império". Mas isso durou apenas duas semanas, e Puyi e sua corte não foram responsabilizados pelo ocorrido.


Prisioneiro cruel

Puyi cresceria naquele ambiente estranho, isolado do mundo exterior, separado de sua família, sem nenhuma outra referência exceto a babá, Wang.

Mas ele continuou a ser tratado como uma divindade, a quem ninguém poderia perturbar, mesmo quando ele se comportava, segundo seu próprio relato mais tarde, de maneira nefasta.

"Chicotear os eunucos fazia parte da minha rotina diária. Minha crueldade e amor ao poder já eram fortes demais para que a persuasão surtisse algum efeito."

Em 1919, no entanto, Reginald Johnston, um acadêmico britânico contratado pela corte Qing para ser tutor de Puyi, o descreveu assim às autoridades britânicas: "Um menino muito 'humano', com vivacidade, inteligência e senso de humor. Além disso, tem excelentes modos e é totalmente isento de arrogância".

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"O imperador, aos 11 anos"

"Ainda que o imperador não pareça ser malcriado, pelas bobagens e futilidades que o cercam, temo que não haja esperança de que ele saia ileso dos perigos morais nos próximos anos de sua vida. (...) A menos que ele possa ser mantido longe da influência das hordas de eunucos e outros funcionários inúteis que atualmente são quase seus únicos companheiros", escreveu Johnston.

Assim, Puyi gradualmente se tornou um adolescente cujos atos de rebeldia consistiam em caminhar fora da Cidade Proibida, usar óculos e cortar sua tradicional trança Manchu. No entanto, ele ainda era obrigado a obedecer tradições, como por exemplo a das "grandes núpcias" do imperador.

"Casei-me com um total de quatro esposas ou, usando os termos usados na época, uma imperatriz, uma consorte secundária e duas consortes menores. Mas, na verdade, elas não eram esposas reais e estavam ali apenas para decoração", escreveu Puyi.

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"Procissão de presentes de casamento de Puyi, Imperador Xuantong da China (1906-1967), para sua noiva Lady Gobulo, Imperatriz Xiaokemin (1906-1946)"

Do lado de fora, o país ainda procurava respostas para as convulsões do fim do sistema imperial.

Em 1924, o comandante militar Feng Yuxiang chegou ao poder e expulsou Puyi e sua comitiva da Cidade Proibida.

Imperador de novo

Aos 19 anos, refugiou-se com os japoneses, que, ao invadirem a Manchúria em 1931, o proclamaram imperador de Manchukuo, um estado fantoche criado a partir das três históricas províncias da Manchúria (nordeste da China).

À época, a propaganda japonesa descreveu o nascimento de Manchukuo como um triunfo pan-asiático, reunindo as "cinco raças" de japoneses, chineses, coreanos, manchus e mongóis.

Isso, segundo eles, marcaria nada menos do que o nascimento de uma nova civilização e um ponto de inflexão na história mundial, como explica Edward Behr em seu livro O Último Imperador (1987).

Assim como o Estado, Puyi também era uma marionete, já que Manchukuo era rigidamente controlado por Tóquio, que o utilizava como base de expansão na Ásia.

Ali, a vida de Puyi se transformou em um pesadelo.

Obcecado pelo fato de que a grande maioria de seus súditos o detestava, já que Manchukuo era "um dos países mais brutalmente governados do mundo", de acordo com Behr, ele vivia como um prisioneiro virtual em seu palácio, com pouco mais a fazer do que assinar decretos aprovados pelos japoneses.

Sua tendência para a crueldade foi exacerbada e ele atormentava seus servos, não apenas com as usuais chicotadas, mas também cortando a quantidade de comida.

Além disso, ele se tornou budista, místico e vegetariano.

Durante a Segunda Guerra Mundial (1939-45), ele permaneceu firme com seus amos japoneses. Como ele mesmo admitiu, fez tantas declarações pró-Japão que nenhum aliado o aceitaria se fugisse de Manchukuo.

Mas foi isso que ele acabou forçado a fazer em 11 de agosto de 1945, quando finalmente percebeu que o Japão não estava ganhando a guerra e embarcou em um trem com sua corte e os tesouros da dinastia Qing.

Em 16 de agosto, um dia após a rendição do Japão, ele abdicou como imperador de Manchukuo e declarou, em seu último decreto, que o estado era parte da China.

Puyi acabou preso pelo Exército Vermelho soviético quando tentava voar para o Japão.
Imperador Manchukuo Puyi (à direita) sendo questionado pelo general russo Pritoul (à esquerda) após sua prisão

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Legenda da foto, Imperador Manchukuo Puyi (à direita) sendo questionado pelo general russo Pritoul (à esquerda) após sua prisão

Os soviéticos, que inicialmente não o reconheceram, levaram-no para a cidade de Chita, na Sibéria. Foi mantido preso, mas com conforto e mais privilégios do que os outros prisioneiros, algo pelo qual ele era grato ao mandatário Joseph Stálin.

Ali, receberia como todos os outros uma formação comunista.

A casa

Enquanto isso, a China ainda estava faminta por ideias e poderia ter tomado muitas direções diferentes.

Depois de décadas de conflitos internos, invasão japonesa e guerra civil, o Partido Comunista, com sua então estreita afiliação com a União Soviética de Stálin, conseguiu prevalecer.

Em 1949, Mao Tsé-Tung proclamou a Nova República na Praça Tiananmen (ou Praça do Portão da Paz Celestial), cujo nome vem do portão sul da Cidade Proibida, morada dos imperadores, aquela de onde apareciam as procissões quando o imperador deixava seu trono para realizar rituais para agradar os deuses. Ali os comunistas penduraram retratos de seus heróis.

Depois de quase 40 anos de guerra e instabilidade, a China estava em paz.

E para Puyi, que fora um daqueles imperadores cuja função era manter as relações diplomáticas entre os humanos e o mundo celestial, chegara a hora de voltar para casa, mesmo que não quisesse.

Ele temia o destino que o esperava no império do proletariado, mas Mao Tsé-Tung nada mais fez do que enviá-lo a um campo de reeducação.

Ele passaria 10 anos lá, onde pela primeira vez teve que fazer, sem ajuda, coisas como escovar os dentes e se vestir, além de trabalhar e aprender sobre o comunismo. Puyi, em seus últimos anos

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Legenda da foto, Puyi, em seus últimos anos

Durante séculos, o Estado chinês girou em torno do imperador, a personificação do poder no coração do estado, o ser semidivino destinado a proteger as pessoas de colheitas ruins e inundações devastadoras.

Em 1960, Mao Tsé-Tung, uma nova versão desses seres poderosos, concedeu ao último imperador da China um indulto especial: cidadania e liberdade.

A partir de 1964, o homem que já governou o país mais populoso do mundo passou a trabalhar como assistente de jardinagem no Jardim Botânico de Pequim e, depois, como editor no departamento de literatura da Conferência Consultiva Política do Povo Chinês.

E ele também escreveu uma autobiografia, De Imperador a Cidadão, que foi endossada por altos funcionários do Partido Comunista Chinês.

Puyi indicou ter aprendido lições da Educação Socialista Gratuita, a julgar por declarações em seu livro e outras que deu em ocasiões como no casamento com Li Shuxian, uma enfermeira de hospital, em 1962, quando proclamou: "Vamos nos lembrar deste dia e continuar a aprender com a classe trabalhadora por todos os nossos futuros dias juntos. (...) Eu odeio a primeira metade da minha vida, porque foi uma experiência humilhante ser um explorador e um parasita."

Fonte: BBC em português (Brasil)
https://www.bbc.com/portuguese/internacional-58531866

Continuação do post, sugestão de canal sobre a China:
"A Cidade Proibida (China) e outros monumentos (Muralha etc), sugestão de vídeos de canal"
https://holocausto-doc.blogspot.com/2025/09/a-cidade-proibida-china-e-outros-monumentos-historicos-muralha-etc-sugestao-de-videos-de-canal.html

domingo, 14 de setembro de 2025

"Por trás da Unidade 731: a carnificina contra a humanidade pela guerra e o militarismo"

Eu havia salvo o link desse vídeo abaixo da CGTN (TV estatal chinesa, em inglês) pra colocar depois em post separado sobre o post desse filme ("731 Biochemical Revelations" ("731 Revelações Bioquímicas"). Próximo filme chinês com temática de guerra atrai a atenção da mídia japonesa"), pra não ficar com excesso de informação em um post único, só que não estava conseguindo localizar o link...

O Google (dono do Blogger, dessa plataforma de blog) não mostra o resultado na busca pelo "link"... e o mecanismo de busca do Google é bem "preciso" (quando querem...), como essas coisas não acontecem aleatoriamente, o "esforço de guerra" norte-americano contra a China pelo visto tá bem forte... apesar de deixarem essa TV estatal chinesa operar no Youtube (até quando? Os EUA baniram a RT junto com a União Europeia, a RT russa).

Por isso que acho frágil demais a China usar uma plataforma norte-americana de vídeos (Youtube/Google), em pleno atrito com os Estados Unidos (a potência em declínio), pra difundir esses conteúdos ou se comunicar com o mundo, o BRICS precisa ter uma plataforma própria de comunicação à parte dos entulhos (Big Techs) dos EUA, que manipulam resultados, omitem, censuram... nesses dias o "shadowban" do blog foi "cortado" (aliviado...) e houve mais de 6 mil acessos em 2 ou 3 dias... algo que era normal no passado virou algo "excepcional" com o controle feito por essas plataformas do Google. Quer dizer, a maioria desses acessos maiores não veio do Google... (o Google informa as estatísticas de acesso internamente no blog, é assim que a gente sabe os países que acessam, proporção, interesses etc).

"Ah, mas os acessos são pequenos em relação ao Youtube"... de fato, em relação a um canal "grande", seria, só que tem mais views que muito canal de "informação" daquela plataforma (Youtube)... (e mesmo assim, tem um pessoal que fica em um pedestal sem citar etc), sem ajuda de terceiros, de divulgação por terceiros, exceto colegas ou quem acessa e gosta, no "boca a boca" (como tem gente da China que lê esse espaço, não queiram saber das picuinhas e hostilidades dessas "mídias brasileiras" com mídias com menor "visibilidade", ou que desagradam certa "agenda" deles... ou mesmo vaidades, mesmo na questão palestina, de Gaza, que eu achava que essa coisa atenuaria, apaziguaria, continua do mesmo jeito... senão pior), e o site/blog é um espaço de leitura, de fixação de conteúdo (de estudo e cia).

Youtube opera mais na lógica do "entretenimento", tirando vídeos de documentário, noticiário etc, sites escritos não necessariamente (principalmente os de política e história)... por isso que acho engraçado editoras e cia tentarem divulgar livros por Youtube quando público 'leitor' (que compra livros, de fato) acessa conteúdos escritos, em sua grande maioria, de nichos etc... (é tão óbvia a coisa que chega a ser ridículo ressaltar isso).

Só um pequeno adendo, sobre esse tema "segunda guerra na China", no Pacífico, eu já tentei contato pedindo conteúdo (produzido pela China) sobre segunda guerra na China, meses atrás, por gente da China que apareceu em certas mídias aqui do país e nada... estou externando a coisa agora depois de meses, da próxima eu tentarei contato com gente direto da China, assim se corta esse comportamento ridículo (hostil). Se não leram mensagem, peço desculpas antecipadas, mas acho que leram (fora a dificuldade em contactar).

Mas prosseguindo, em todo caso, eu havia guardado esse link da CGTN (e tem outro vídeo resumo no post do filme sobre "Unidade 731") porque foi a melhor explicação resumida da guerra bacteriológica do Japão na China na segunda guerra mundial.

A quem quiser assistir (sem mais delongas), o vídeo ficará aberto (obviamente) só que tem legendas em inglês. Você pode tentar colocar em português ou outro idioma nas configurações do vídeo no Youtube:

Watch: Behind Unit 731 – The butchery of humanity by war and militarism


Tem mais vídeos que eu localizei da CGTN sobre o tema, vou listar abaixo como venho fazendo (em tabelas) com os vídeos de canais alternativos de fora sobre o genocídio de Gaza. Ou seja, terá atualização no post (gradual ou não).

quarta-feira, 6 de agosto de 2025

"731 Biochemical Revelations" ("731 Revelações Bioquímicas"). Próximo filme chinês com temática de guerra atrai a atenção da mídia japonesa

Cartaz do filme
Diversos veículos de mídia japoneses noticiaram na tarde de domingo logo após o anúncio de "731 Revelações Bioquímicas" ("731 Biochemical Revelations"), um filme chinês com temática de guerra, com lançamento previsto para 18 de setembro – no 94º aniversário da invasão japonesa da China, que prenunciou a Segunda Guerra Mundial na Ásia e que tornou a China a primeira a resistir ao fascismo.

Uma série de filmes está programada para estrear nos cinemas nos próximos dois meses, incluindo o "Montanhas e Rios como testemunhas" ("Mountains and Rivers Bearing Witnesses") em 15 de agosto, "731 Revelações Bioquímicas" em 18 de setembro e "Contra Todas as Probabilidades" ("Against All Odds") em 3 de setembro, de acordo com o "China Film News" no domingo.

Entre esses filmes, o "731 Revelações Bioquímicas" tem como pano de fundo os experimentos bacterianos conduzidos pela "Unidade 731" do exército japonês invasor no nordeste da China. Ele expõe os crimes da Unidade 731 através do destino tortuoso de uma pessoa comum.

Após o anúncio, pelo menos 3,84 milhões de chineses disseram que gostariam de assistir ao filme, de acordo com dados da plataforma de ingressos chinesa "Maoyan", ocupando o primeiro lugar na lista de desejos de filmes que você quer assistir. Um comentário no "Sina Weibo" dizia: "A decisão de lançar o filme em 18 de setembro tem um significado profundo – um lembrete solene das atrocidades cometidas pelos invasores japoneses e um chamado para nunca esquecermos nossa humilhação nacional". Outro internauta disse: "Estou planejando levar meu amigo japonês para assistirmos juntos".

O "Kyodo New"s noticiou o ocorrido logo no domingo. A reportagem informou que o filme "731 Revelações Bioquímicas", que retrata o "Departamento de Prevenção de Epidemias e Purificação de Água do Exército Imperial Japonês" (IJA) do "Exército de Kwantung" (Unidade 731), está programado para ser lançado em 18 de setembro. O "Kyodo News" descreveu 18 de setembro como o aniversário do que chamou de "Incidente de Liutiaohu de 1931". No entanto, de acordo com a Agência de Notícias Xinhua, o chamado "Incidente de Liutiaohu", ao qual o lado japonês se refere, é o Incidente de 18 de setembro. Em 18 de setembro de 1931, tropas japonesas explodiram um trecho da ferrovia sob seu controle perto de Shenyang e acusaram as tropas chinesas de sabotagem usando como pretexto para o ataque. Mais tarde naquela noite, bombardearam quartéis perto de Shenyang, marcando o início da invasão japonesa à China que durou 14 anos.

A "Jiji Press" noticiou o lançamento de "731 Revelações Bioquímicas" em 18 de setembro. O veículo de comunicação japonês afirmou que o filme poderia "levantar preocupações sobre o aumento do sentimento antijaponês".

Vários outros veículos de comunicação japoneses, incluindo o "Iwate Daily" e o "Nikkan Sports", republicaram a reportagem da Kyodo News.

O ativista pela paz japonês Nobuharu Goi, que concedeu uma entrevista exclusiva ao "Global Times" em maio, expressou seu forte interesse pelo filme em um e-mail enviado ao "Global Times" em junho.

Em seu e-mail, Goi afirmou que deseja obter o endereço de e-mail ou outras informações de contato do diretor do filme, Zhao Linshan, após não terem convidado o diretor para o Japão em 2018.

Goi, também presidente do "Comitê de Yokohama para a Exposição sobre a Guerra Química do Exército Japonês", realizou uma exposição em Yokohama, no Japão, focada no uso de armas químicas pelo Exército Imperial Japonês e nos perigos representados por munições químicas abandonadas durante a Guerra de Resistência do Povo Chinês contra a Agressão Japonesa, em uma tentativa de trazer à tona esses "materiais históricos adormecidos".

Goi disse ao "Global Times" em maio que o governo japonês está tentando apagar a memória pública da guerra.

Apesar de que oito décadas tenham se passado, novas provas continuam a surgir, expondo as atrocidades cometidas pelo Exército Imperial Japonês (IJA) durante sua invasão à China – e muitas dessas provas estão ocultas dentro do próprio Japão.

Por exemplo, em março, Taku Yamazoe, membro do Partido Comunista Japonês e membro da Câmara dos Conselheiros, apresentou publicamente documentos históricos na Dieta (Poder legislativo do Japão), comprovando que a notória Unidade 731 havia conduziu experimentos com humanos na China. Esses registros estavam há muito tempo ocultos no Instituto Nacional de Estudos de Defesa, subordinado ao Ministério da Defesa do Japão. Esta é a primeira vez que um legislador em exercício no Japão expõe tais arquivos no parlamento, condenando o encobrimento sistemático de crimes de guerra cometidos na China por Tóquio, que durou décadas.

"Por ocasião do 80º aniversário, o Japão está cada vez mais engajado homenageando Hiroshima e Nagasaki – concentrando-se apenas na vitimização. Tanto os políticos quanto a mídia ainda rejeitam uma avaliação honesta dos atos perpetrados em tempos de guerra. Por isso, levantei essas questões durante as sessões da Dieta televisionadas pela NHK precisamente para despertar a consciência pública", disse Yamazoe em entrevista exclusiva ao "Global Times" em Tóquio.

"As atrocidades cometidas pela Unidade 731 violaram o direito internacional. Embora o governo japonês reconheça a existência da unidade, afirma repetidamente 'não ter conhecimento detalhado de suas atividades'. Com a maioria das testemunhas já falecidas, a verificação tornou-se cada vez mais difícil. Considero essa postura do governo profundamente desonesta", disse Yamazoe.

O filme "731 Revelações Bioquímicas" tem estreia prevista para 18 de setembro na China
Por Xu Keyue
Publicado: 03 de agosto de 2025, 20h18

Fonte: Global Times em inglês (China)
https://www.globaltimes.cn/page/202508/1339985.shtml
Revisão/TR (português): Roberto Lucena
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Trailer e imagens com comentário

A quem quiser ler mais sobre "Unidade 731", acessar a tag (https://holocausto-doc.blogspot.com/search/label/Unidade%20731).

Não tem muita coisa sobre a Unidade 731 (e ainda tornaram privado os vídeos do Youtube que constam em um post), mas tem mais filme sobre crimes do Japão na segunda guerra mundial. Eu havia lido essa matéria no Global Times no dia 3 ou 4 último e não deu pra publicar antes.

E o tema dos julgamentos em Tóquio é interessante (pra comparar aos de Nuremberg e julgamentos a posteriori na Alemanha Ocidental sobre crimes da segunda guerra, parte pouco conhecida, tem filme e documentário sobre isso, eu separei uma vez mas acabei não colocando). Sobre os julgamentos de Tóquio no pós-2aGM, a quem quiser ler (em inglês): "What the Tokyo Trial Reveals About Empire, Memory, and Judgment" (https://www.newyorker.com/magazine/2023/10/23/judgment-at-tokyo-world-war-ii-on-trial-and-the-making-of-modern-asia-gary-j-bass-book-review).

É pouco conhecido no dito "Ocidente", mas os Estados Unidos repetiram a "dose" de Nuremberg no Japão depois, mas muita gente saiu impune... a Guerra Fria havia começado e o inimigo a "preocupar" já era outro... a União Soviética e o bloco socialista e não mais os Fascistas japoneses e europeus.

Tag sobre julgamento de Nuremberg (https://holocausto-doc.blogspot.com/search/label/Julgamento%20de%20Nuremberg). Sobre os julgamentos de Frankfurt sobre Auschwitz e cia:

"Frankfurt Auschwitz trials" (https://en.m.wikipedia.org/wiki/Frankfurt_Auschwitz_trials)
"Há 50 anos chegava ao fim o julgamento de Auschwitz" (https://www.dw.com/pt-br/h%C3%A1-50-anos-chegava-ao-fim-o-julgamento-de-auschwitz/a-18656578)
"1963: Começa o "Julgamento de Auschwitz"" (https://www.dw.com/pt-br/1963-come%C3%A7a-o-julgamento-de-auschwitz/a-708064).

E em breve haverá mais países no banco dos réus sobre crimes de genocídio (novamente)... pra não passar em branco.

Localizei um dos filmes, mas sei que há documentário, verifiquei isso há muito tempo (há anos... 2014 ou antes), "Labirinto de mentiras", review ("'Labirinto de mentiras' narra a origem dos julgamentos de Auschwitz" https://oglobo.globo.com/cultura/filmes/labirinto-de-mentiras-narra-origem-dos-julgamentos-de-auschwitz-18321280), tanto que eu achava que havia publicação/post disso, porque deve estar perdido em algum "rascunho" (foi em período turbulento do Brasil, quando a gente perde certo gosto com o país e o comportamento de "manada" de parte da população).

A quem quiser ver o filme, sugestão de blog, blog muito antigo de segunda guerra, que sempre constou como adicionado ao blog: "Segunda guerra Filmes" (https://filmessegundaguerra.blogspot.com/2017/03/labyrinth-of-lies-labirinto-de-mentiras.html), a gente "passa mal" com a quantidade de títulos que a pessoa disponibiliza, catálogo considerável.
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Matéria especial recente da CGTN (TV estatal chinesa) sobre o episódio da Unidade 731 e a exposição sobre o evento, livros aparecem em destaque no começo do vídeo:
1. Andrew N. Buchanan. World War II in Global Perspective, 1931-1953: A Short History (Review link)
2. Blood and Ruins. The Last Imperial War, 1931–1945. Richard Overy, Viking, New York, 2022, 1040 pages (Review link)

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