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quinta-feira, 31 de dezembro de 2020

As entrevistas de Nuremberg: Kurt Daluege

Kurt Daluege, que foi chefe da polícia regular uniformizada da Alemanha, está em prisão sem comunicação. É um tipo alto, de quarenta e tantos anos, nariz aguileña, olhos pequenos, sombrio, e com uma expressão de ressentimento na cara. É educado e comedido, fala com facilidade mas quase não diz nada que tenha um conteúdo emocional ou que revele fatos objetivos. Tem uma aparência remilgada e mantém sua celda em uma ordem gélida, descrição que poderia ser aplicada a sua cara. (…)

Disse tudo com o mínimo de entusiasmo e uma expressão, tanto facial como oral, carente de sentimentos.

Kurt Daluege junto a Himmler na Ucrânia

Sim, disse, foi general da SS durante a guerra, mas foi algo automático, porque como chefe da Polícia comum, deram-lhe esse cargo. Ou seja, inquiri - através do doutor Gilbert, que estava traduzindo - que a policia formava parte da SS. Não, suas polícias não eram militares, não eram parte da SS. Contudo, Himmler era seu superior. Suas forças da Polícia tinham relação com a Gestapo?

- Não, não tinham nada a ver com a Gestapo. E sim, Himmler era o chefe da Gestapo e ele era subordinado de Himmler. 

Perguntei-lhe diretamente se sua polícia protegia os judeus e suas propriedades quando eram atacados por toda Alemanha; ele disse que não sabia nada desses ataques, ninguém lhe falou deles. (…)

Sua relação com Himmler? Não era muito boa porque Himmler lhe considerava um rival. Inclusive uma vez viu que Himmler iria lhe prender. Mas nunca aconteceu. (…)
-Sente-se culpado de algo?

-Não

Ele estava a cargo das forças policiais da Alemanha e tudo foi bem até onde ele sabia.
A impressão geral que deixa é a de ser um homem insensível, sem piedade, capaz das maiores crueldades, amoral e sem consciência. (…) 

Declara ser um simples funcionário, filho de um funcionário: não sabe nada das atrocidades e todas essas coisas. Está claro que devia ser o tipo de chefe ao qual sabia informar com todo detalhe e de maneira obsessiva de tudo o que fazia o pessoal em seu posto, e de fato seguramente exercia um controle muito estrito sobre seus subordinados.

Estou convencido de que é pouco provável conseguir uma resposta emocional deste homem. Ficou endurecido com os anos e a coraça que usou durante tanto tempo fez com que não fique nada debaixo. Depois de ter contato direto com a força, a violência e de haver descartado com tranquilidade a vida de vários outros, cabe questionar o que valoriza a vida em geral, incluindo a sua em particular.

 (Leon Goldensohn, Las Entrevistas de Núremberg, Taurus, 2008, págs. 344 a 346)
LAS ENTREVISTAS DE NÚREMBERG: KURT DALUEGE
26 de janeiro de 1946 

Fonte: blog "El viento en la Noche"; livro: "As entrevistas de Nuremberg", de Leon Goldensohn
https://universoconcentracionario.wordpress.com/2020/04/15/las-entrevistas-de-nuremberg-kurt-daluege/ 

Tradução: Roberto Lucena

quinta-feira, 14 de dezembro de 2017

Mais sobre "Erradicação biológica (biologische Ausmerzung)"

Retornando a 2015, nesta publicação, conduzi Mattogno a se esforçar em sua ridícula tarefa (feita aqui, pág. 281-282) de neutralizar o relatório de imprensa de Rosenberg de 18 de novembro de 1941. Agora gostaria de expandir isso citando uma observação feita por Alex J. Kay, neste livro, que inclui uma excelente discussão sobre o papel de Rosenberg no processo de planejamento de ocupação da URSS até julho de 1941. Em 20 de junho de 1941, Rosenberg usou o termo "evacuação" para se referir à fome, não à deportação, dos russos étnicos, a quem Hitler havia decidido que não deveriam sobreviver ao bombardeio das principais cidades, principalmente Leningrado e Moscou (e posteriormente Kiev).

O trecho de Rosenberg veio no discurso apresentado no Tribunal Militar Internacional como 1058-PS; Hartley Shawcross leu o seguinte extrato ao tribunal em 27 de julho de 1946:

O objetivo de alimentar o povo alemão está neste ano, sem dúvida, no topo da lista das alegações da Alemanha no Oriente, e os territórios do sul e do Cáucaso do Norte terão de servir como um balanço para a alimentação do povo alemão. Não vemos absolutamente nenhuma razão para qualquer obrigação da nossa parte em alimentar também o povo russo com os produtos desse excedente de território. Sabemos que esta é uma necessidade desprovida de todos os sentimentos. Uma evacuação muito extensa será necessária sem qualquer dúvida, e é certo que o futuro dará anos muito difíceis para os russos [tradução em National Conspiracy and Aggression, III, pág. 716-717].

O uso por Rosenberg da "expulsão" como um eufemismo para a morte em massa, portanto, teve origem na contribuição de Rosenberg aos planos de fome pré-Barbarossa, iniciada por Backe, mas não explicitamente aprovadas por Rosenberg até este discurso de "evacuação". Como Kay mostra (aqui, pág. 689), Rosenberg estava usando "evacuação" para eufemizar as mortes de 30 milhões de pessoas.

Fonte: Holocaust Controversies
http://holocaustcontroversies.blogspot.com/2017/12/more-on-biological-eradication.html
Texto: Jonathan Harrison
Título original: More on "Biological eradication (biologische Ausmerzung)"
Tradução: Roberto Lucena

quinta-feira, 7 de julho de 2016

Nota sobre o envolvimento do OSS (ASE) na localização dos documentos PS-501 das vans de gaseamento

A seguinte informação foi obtida das páginas 179-182 do livro de Michael Salter a respeito de quatro documentos que pertencem ao PS-501 exibido em Nuremberg, discutidas nesta série por Hans. A primeira participação da OSS (ASE)* era de localizar os documentos entre os detidos pela inteligência britânica em Londres. Um cabo de Donovan para Jackson, datado de 01 de junho de 1945, detalhou o papel do Coronel Amen na obtenção de "documentos (originais) que contêm detalhes do gás pela "van da morte" equipada por esse propósito [Salter pág.180, citando cabo 18124 , 6/1/45, Jackson Papers, Box 101, Reel 7, grifo meu].

Estes foram colocados em um dossiê preparado pelo bando X-2 da OSS (ASE) e, eventualmente, pego por Whitney Harris, que discute aqui (págs. 198-199) como ele os usou no interrogatório de Ohlendorf enquanto preparava-se para o caso contra Kaltenbrunner. Os documentos também foram autenticados por Rauff (link2) em Ancona, como Hans mostra aqui. Embora o documento Becker-Rauff tenha se tornado parte do PS-501, ele foi inicialmente apresentado pela OSS (ASE) como Feldpostnummer S2704/ SECRETO. Rauff deu uma confirmação ainda muito mais detalhada do documento no Chile, em 1972, mostrada aqui.

Na lamentação de Weckert e outros sobre as origens desses documentos, remeto os leitores à citação de Zimmerman no post do Roberto (Muehlenkamp) aqui.

*OSS (ASE): Office of Strategic Services, abreviação "OSS" (Agência de Serviços Estratégicos), precursora da CIA.

Fonte: Holocaust Controversies
http://holocaustcontroversies.blogspot.com/2016/05/note-on-involvement-of-oss-in-locating.html
Texto: Jonathan Harrison
Título original: Note on Involvement of OSS in Locating Gas Van Documents PS-501
Tradução: Roberto Lucena

sábado, 10 de maio de 2014

Putin promulga lei que penaliza a reabilitação do nazismo (negação do Holocausto)

O presidente da Rússia, Vladimir Putin, assinou hoje uma lei aprovada anteriormente pelo Parlamento que estipula penalizar em até cinco anos de prisão a reabilitação do nazismo e a divulgação de informação falsa sobre a atividade da União Soviética durante a II Guerra Mundial.

"A nova lei federal penaliza a negação dos fatos provados nos Julgamentos de Nuremberg, o rechaço ao castigo imposto aos principais criminosos de guerra dos países europeus, a aceitação dos crimes especificados em suas falhas, assim como a divulgação de informação falsa sobre a atividade da URSS durante a II Guerra Mundial", informou o Kremlin.

Além disso, a lei especifica multas a serem aplicadas pela profanação dos monumentos de glória militar e das efemérides/celebrações da Rússia.

As legislações dos países como a Áustria, Bélgica e França desde muito tempo penalizam a negação e a justificação das malfeitorias dos nazis.

Moscou, 5 de maio (Novosti)

Fonte: Ria Novosti (Rússia, ed. espanhola)
http://sp.ria.ru/neighbor_relations/20140505/159957106.html
Tradução: Roberto Lucena

Ver mais:
Russia's Putin outlaws denial of Nazi crimes Link2 (Reuters/Yahoo!)

Observação: o Putin consegue dar um nó na cabeça daquele pessoal com pensamento binário que divide o mundo em "preto e branco" e quer entender tudo a base de "esquemões" e simplismos. Quero ver o posicionamento dos "revis" daqui pra frente com a Rússia e o governo russo depois dessa (hahahahaha).

Meu comentário anterior, obviamente acima, foi mais referente ao cenário interno brasileiro. Mas esse "nó" mental/ideológico não ocorre somente aqui.

Acho curioso essa admiração de alguns deles com a Rússia, sendo que há um outro espectro da direita brasileira (pelo menos na que circula na rede, que eu evito de citar porque o nível de discussão é terrível), também extremista, que é uma ultradireita neoliberal ou ultraconservadora-liberal (é como se definem) que fala da Rússia como se ainda estivéssemos naquela divisão/polarização da Guerra Fria. São duas faces da mesma moeda (ou da mesma burrice), mas a última consegue ser ainda mais tosca que os "revis", por incrível que pareça.

Há também setores bizarros na esquerda que estavam tratando a questão dos neos na Ucrânia (ascensão deles, dos "banderistas", seguidores deste fascista ucraniano aqui) como "revolução popular" e adjetivos ridículos do tipo (um certo partido minúsculo com base mais forte no Rio, que andou tendo acusações de envolvimento com os Black Blocs, que coincidentemente desapareceram das ruas depois da palhaçada que culminou na morte de um cinegrafista, até hoje sem as devidas explicações que confirmam ou não envolvimento de políticos com eles), outra bizarrice sem tamanho, mas que mostra como está nivelada (nivelamento por baixo) hoje a discussão política no país.

Depois chega um desavisado ou outro torrando o saco nos comentários perguntando porque a gente se irrita com alguns comentários. Será que ainda é preciso explicar o motivo?...

Ainda sobre essa questão, não esqueci dessa discussão aqui que abordou questões interessantes sobre essa nova extrema-direita europeia, que já iria citar mas que não foi possível fazer nenhum post. Farei ainda um post sobre esses assuntos (só não sei quando, rs), Terceira Posição (Third Position, um 'tipo' de fascismo só que por "outro nome"), Dugin, Nova Direita (Nouvelle Droite) (link) e cia. São pontos interessantes, apesar deu discordar deles. Mas pelo menos não estão num nível tão baixo (intelectual) quanto o dessa direita vejista brasileira. Mas isso que comentei também não é um elogio (caso comecem a se "entusiasmar").

domingo, 12 de janeiro de 2014

Diretor chinês coloca na tela Julgamento de Tóquio

O julgamento de Tóquio, efetuado pelo Tribunal Militar Internacional Aliado para o Extremo Oriente contra os 28 maiores criminosos de guerra japoneses, foi transportado à tela pelo diretor chinês, Gao Qunshu. O filme, com nome homônimo, entrou em circuito nacional no dia 31 de agosto.

O famosíssimo julgamento da história da humanidade, que estendeu de maio de 1946 a julho de 1948, cravou vários recordes históricos: 818 sessões, 48 mil páginas de registros taquigráficos, 419 testemunhas, mais de 4.000 provas documentais e 1.131 páginas de sentença.

Gao Qunshu juntou duas histórias no filme: o relato de Mei Ru´ao, o único juiz chinês no tribunal e as dores de uma família comum japonesa durante a guerra. Segundo ele, a maior dificuldade da filmagem se encontrou na procura de fontes materiais.

"Os registros históricos existentes na China sobre o Julgamento de Tóquio são muito limitados. Visitamos quase todas as bibliotecas que possuem registros a respeito. Tenho que confessar que as fontes mais valiosas para o filme vem de uma série de livros publicados no Japão".

Conforme o diretor, 80% dos diálogos do longa ocorrem nos idiomas Inglês e Japonês. O roteiro do filme foi revisado, palavra por palavra, por historiadores, linguistas e juristas. Isso, segundo Gao, é um reflexo de respeito à história.

"O roteiro foi revisado por historiadores e linguistas. Há muitos termos referentes à lei, que exigem uma alta precisão das palavras. É importantíssimo para um diretor de filme assumir sua responsabilidade ao transportar a história à tela. O julgamento existiu e assumiu uma importância indiscutível na história da humanidade".

O elenco da longa é formado por atores do continente chinês, Taiwan, Hong Kong, Japão e EUA. De acordo com Gao, os atores japoneses, que dão vida aos criminosos de guerra, atuaram de maneira muito profissional.

"Decidimos desde o começo selecionar atores japoneses para interpretar os criminosos de guerra. O objetivo é garantir a credibilidade do filme. E eles (atores japoneses) aceitaram interpretar os papéis".

Formado em jornalismo, Gao Qunshu foi repórter e diretor de novelas. O Julgamento de Tóquio é a sua primeira produção cinematográfica e arrecadou 4,5 milhões de yuans apenas nos primeiros três dias de estreia. A conclusão do filme, no entanto, foi dificultada por uma crise financeira provocada pela retirada de um dos investidores da produção. Gao só conseguiu prosseguir o filme com 5 milhões de yuans obtidos após a hipoteca dos direitos autorais de uma das suas novelas inéditas.

"Fiz tudo o que podia diante de um tema histórico tão sério e pesado", concluiu Gao.

Fonte: Site da CRI (Rádio Internacional da China)
http://portuguese.cri.cn/101/2006/09/18/1@51596.htm

sexta-feira, 10 de janeiro de 2014

Doutores do inferno: o caso médico

Publicado em 9 de junho, 2012

Karl Brandt. Julgamento de Nuremberg
Em 25 de outubro de 1946, os Estados Unidos imputou quatro acusações a vinte médicos alemães e três auxiliares médicos no caso 'Estados Unidos da América contra Karl Brandt et al'. Assim se deu início ao primeiro e mais horrendo dos doze processos posteriores.

A primeira acusação era por conspiração.

A segunda, por crimes de guerra.

A terceira, por crimes contra a humanidade, entendendo por isto: assassinatos, brutalidades, humilhações, torturas, atrocidades e atos inumanos.

A quarta se referia à ato de pertencer a uma organização criminosa, declarada assim pelo Tribunal Internacional e conhecida comumente como a SS.

(…)

A medida que eles eram chamados, os acusados iam se levantando um por um. Eu os olhei todos. Tinham um aspecto desalinhado, usavam roupas sem passar, paletós e calças, ou uniformes militares despojados de todas as suas insígnias. Muitos calçavam botas militares. Pareciam ressentidos e arrogantes. Alguns tinham (sic) os lábios tensos, uma expressão dura e mesquinha no semblante, e a mandíbula apertada. No meu modo de ver, os de aparência mais vil eram os doutores Karl Brandt, com seus olhos penetrantes, e Wolfram Sievers, com sua barba negra e seu bigode pontiagudo. Apelidei-lhe de Barba Azul. (…)

O general de brigada Telford Taylor leu em voz alta as quatro acusações acima mencionadas e prosseguiu dizendo:

Entre setembro de 1939 e abril de 1945 os acusados aqui presentes cometeram de maneira intencional, voluntária e contrária ao Direito, crimes de guerra tal e como aparecem definidos no Artigo II da Lei 10ª do Conselho de Controle, no sentido de que perpetraram, fizeram papel coadjuvante, ordenaram, instigaram, foram partícipes voluntários e estiveram relacionados a planos e projetos que implicavam experimentos médicos, sem o consentimento das pessoas, com civis e membros das forças armadas de países então em guerra contra o Reich alemão e que estavam sob custódia do Reich alemão no exercício de seu poder como força de ocupação. Experimentos no curso dos quais os acusados cometeram assassinatos, brutalidades, humilhações, torturas, atrocidades e outros atos inumanos. Tais experimentos incluíram os seguintes, ainda que não se limitassem a eles:

- Experimentos relativos a altitudes elevadas. Muitas das vítimas desses experimentos (levados a cabo em uma câmara de baixa pressão na qual era possível reproduzir as condições atmosféricas e de pressão imperantes em altitude elevada, até um máximo de vinte mil metros) morreram como resultado desses experimentos e outras sofreram lesões graves, torturas e humilhações.

- Experimentos de congelamento. Às vítimas eram colocadas num tanque de água gelada até um máximo de três horas, ou lhes mantinha nus à intempérie pelo período de horas a temperaturas abaixo de zero, com o resultado no qual muitos morreram.

Chegado a este ponto, começava a custar para mim um grande esforço manter a moderação e conservar a compostura. O general prosseguiu:

- Experimentos com malária. Utilizando mosquitos ou injeções de extratos das glândulas mucosas de mosquitos, infectaram contra sua própria vontade a mais de mil pessoas que contraíram a malária, muitas delas morreram, enquanto outras sofreram fortes dores e deficiência permanente.

- Experimentos com gás mostarda. Infligiram feridas às vítimas de maneira premeditada e as infectaram rapidamente com gás venenoso; algumas das vítimas morreram e outras sofreram dores agudas e lesões graves.

- Experimentos com sulfanilamida. Às feridas que foram infligidas de maneira premeditada aos sujeitos da experimentação, infectaram-lhes com estreptococos, gangrena gasosa e tétanos, e na continuação foram introduzidas nas feridas lascas de madeira e vidro moído, no qual se produzia mortes, lesões graves e fortes dores.

- Experimentos relativos à regeneração de ossos, músculos e nervos e ao transplante de ossos. Extraíam-se das vítimas seções de osso, músculo ou nervos, o que lhes causavam fortes dores, mutilações, deficiência permanente e morte.

- Experimentos com água marinha. Os elementos eram desprovidos por completo de alimento e lhes davam unicamente água marinha processada quimicamente, o que causava intensas dores, sofrimento, lesões físicas graves e loucura.

- Experimentos com icterícia epidêmica. Infectavam os elementos premeditadamente com icterícia epidêmica, com o resultado de dores, sofrimento e morte.

- Experimentos de esterilização. Milhares de vítimas foram esterilizadas mediante Raios X, cirurgia e remédios, com o resultado de graves padecimentos físicos e mentais.

- Experimentos com tifo exantemático. Morreram centenas de pessoas: mais e 90 por cento dos sujeitos que foram infectados premeditadamente no transcurso dos experimentos.

- Experimentos com veneno. O veneno era administrado de maneira secreta na comida dos elementos da experimentação, no qual todos faleceram ou foram assassinados premeditadamente com a finalidade de fazer autópsia. Em outros casos eram disparadas, nas vítimas, balas de veneno que ocasionavam grandes sofrimentos e morte.

- Experimentos com bombas incendiárias. Infligiam queimaduras aos elementos da experimentação com fósforo extraído das bombas, o que ocasionava fortes dores, sofrimento e graves lesões físicas.

Civis e membros das forças armadas dos países então em guerra com a Alemanha foram assassinados no exercício de seu poder como força de ocupação. Cento e doze judeus foram escolhidos, assassinados e descarnados para completar uma coleção de esqueletos destinada à Universidade do Reich em Estrasburgo (França) sob a ocupação nazi.

(…)

Mediante o fato de ter sido posto em prática o programa de "eutanásia" do Reich alemão, assassinaram a centenas de milhares de seres humanos, entre eles cidadãos de países ocupados pelos alemães. Isto incluso a execução sistemática e secreta de anciãos, dementes, enfermos incuráveis, crianças deformes e outras pessoas por meio de gás, injeções letais e outros métodos em clínicas de repouso, hospitais e asilos. Essas pessoas eram consideras "bocas inúteis" e um fardo para o maquinário de guerra alemão. Era informado aos familiares das vítimas que eles haviam morrido de causas naturais, tais como infartes cardíacos. Os médicos alemães implicados no programa de "eutanásia" foram assim mesmo enviados aos países ocupados do leste da Europa para contribuir com o extermínio massivo de judeus.

- Vou pedir aos acusados que se declarem culpados ou inocentes das acusações que lhes são imputados - anunciou o juiz Beals -. (…)

A partir daqui, foram interpelados um a um os demais acusados. Todos tinham advogado. Todos se declararam inocentes das acusações que lhes foram imputadas.

(…) Teria me surpreendido se algum deles se declarasse culpado.

Fonte: extraído do blog El Viento en la Noche (Espanha)
http://universoconcentracionario.wordpress.com/2012/06/09/doctores-del-infierno-el-caso-medico/
Trecho do livro (citado no blog): "Doctores del Infierno" (livro original em inglês, Doctors from Hell), Tempus, 2009, págs. 89-95; de Vivien Spitz
Tradução: Roberto Lucena

terça-feira, 7 de janeiro de 2014

Doutores do inferno: os acusados do caso médico

Publicado em 13 junho, 2012
Sessão do julgamento dos médicos em Nuremberg, 1946.

Na imagem aparem 23 acusados no caso médico dos julgamentos de Nuremberg.
Na parte inferior aparecem os advogados da defesa e na parte direita superior os tradutores.

Em muitos casos, os acusados eram destacados cientistas alemães, médicos e cirurgiões-chefes em clínicas, institutos médicos, hospitais e universidades de toda a Alemanha. Foram os médicos e auxiliares médicos dos campos de concentração que levaram a cabo ou participaram dos truculentos experimentos médicos de Auschwitz, Dachau, Buchenwald, Ravensbrück, Sachsenhausen, Natzweiler, Bergen-Belsen, Treblinka e outros.

O que segue abaixo é uma breve descrição de cada um dos acusados:

1. Karl Brandt, general de divisão da SS; médico pessoal de Hitler e artífice principal do programa que converteu médicos em torturadores e assassino, em que pese haver comprometido tratar e curar mediante o juramento hipocrático.

2. Siegfried Handloser, tenente general, Serviços Médicos.

3. Paul Rostock, cirurgião chefe da Clínica de Cirurgia de Berlim

4. Oskar Schroeder, chefe de Serviços Médicos da Luftwaffe (Força Aérea alemã)

5. Karl Genzen, chefe do Departamento Médico da Waffen-SS.

6. Karl Gebhardt, general de divisão da Waffen-SS e presidente da Cruz Vermelha alemã.

7. Kurt Blome, plenipotenciário para Investigação Oncológica.

8. Rudolf Brandt, secretário pessoal do Reichführer SS Heinrich Himmler.

9. Joachim Mrugowsky, higienista chefe do Serviço Médico da SS.

Herta Oberheuser
10. Helmut Poppendick, chefe do Corpo Médico da SS.

11. Wolfram Sievers, diretor da Sociedade Ahnenerbe.

12. Gerhard Rose, general de brigada do Serviço Médico da Força Aérea.

13. Siegfried Ruff, diretor do departamento para Medicina de Aviação do Instituto Experimental.

14. Hans Wolfgam Romberg, médico do Instituto Experimental Alemão para Aviação.

15. Viktor Brack, chefe de administração da Chancelaria do Führer.

16. Herman Becker-Freyseng, chefe do Departamento para Medicina da Aviação.

17. George August Weltz, chefe do Instituto para Medicina da Aviação.

18. Konrad Schaefer, médico do Instituto para Medicina da Aviação.

19. Waldemar Hoven, médico chefe do campo de concentração de Buchenwald.

20. Wilhem Beiglboeck, assessor médico da Força Aérea.

21. Adolf Pokorny, médico especialista em enfermidades de pele e doenças venéreas.

Mengele
22. Herta Oberheuser, doutora do campo de concentração de Ravesnsbrück.

23. Fritz Fischer, auxiliar médico do acusado Gebhardt.

Dos acusados que se sentaram no banco dos réus, vinte eram médicos e três não: Rudolf Brandt, Wolfram Sievers e Vicktor Brack. Os acusados podiam ser divididos em três grupos principalmente. Oito eram membros do serviço médico da Força Aérea alemã. Sete pertenciam ao serviço médico da SS. Oito (incluídos os três que não eram doutores) ocupavam posições relevantes dentro da hierarquia médica.

(…)

Dos cerca de 350 médicos que se estima terem cometido delitos contra a saúde, só esses vinte doutores e três auxiliares foram levados ante a justiça e se sentaram no banco dos réus no caso médico de.

Houve outros médicos processados, chegando a ser condenados e sentenciados à morte na forca em outros julgamentos militares norte-americanos celebrados em Dachau. Muitos escaparam, contudo; entre eles, o mais célebre e perverso, o doutor Josef Mengele, o Anjo da Morte, que realizou experimentos com crianças (frequentemente gêmeos) e os matou em Auschwitz. Mengele conseguiu se esconder na Baviera até que pode fugir para a América do Sul.

Fonte: extraído do blog El Viento en la Noche (Espanha)
http://universoconcentracionario.wordpress.com/2012/06/13/doctores-del-infierno-los-acusados-del-caso-medico/
Trecho do livro (citado no blog): "Doctores del Infierno" (livro original em inglês, Doctors from Hell), Tempus, 2009, págs. 95-99; de Vivien Spitz
Tradução: Roberto Lucena
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Observação: muitos negacionistas (pró-nazis e fascistas ou simpatizantes, a extrema-direita fáscio), e diria que a maioria plena deles, contorcem-se quando citam este julgamento dizendo que houve um "linchamento" em Nuremberg ou algo parecido a um "linchamento", quando na verdade houve uma tremenda impunidade (dos estimados 350 médicos envolvidos em crimes, menos de 23 sentaram no banco dos réus e boa parte dos condenados foram soltos). Fico pasmo como muitas pessoas aceitam passivamente esse tipo de afirmação falsa quando algum desses "revis" bradam coisas desse tipo.

A maioria dos médicos nazistas e auxiliares que participaram de experiências (atrocidades) com humanos não chegaram a sentar no banco dos réus (ficaram livres) e muitos dos que sentaram foram soltos logo depois na Alemanha Ocidental (que era a parte alinhada ao bloco capitalista, da Alemanha dividida na Guerra Fria, a Alemanha Oriental era alinhada obviamente ao Bloco Socialista).

Há inclusive um livro do "revi" Carlos Whitlock Porter com o título cínico de "Não culpados em Nuremberg" (aviso que o site do Porter contém várias imagens e textos antissemitas, pra variar... depois os "revis" ainda negam que sejam antissemitas), com distorções de cima abaixo e as abobrinhas habituais de apologistas do nazismo.

Inclusive muitos "revis" (pra confirmar que a maioria não sabe nada de segunda guerra) desconhecem os Julgamentos de Tóquio (link1, link2) pra julgar atrocidades japonesas na segunda guerra, sendo que este julgamento foi um festival de impunidade ainda pior que o de Nuremberg. Muitos "revis" acham que só ocorreram julgamentos com nazistas, nunca ou quase nunca citam os julgamentos de Tóquio.

De fato não houve justiça em Nuremberg, mas não a "injustiça" alegada pelos "revis" (coxinhas de suástica) e sim impunidade pela não punição adequada a pilhas de criminosos nazistas.

quarta-feira, 16 de outubro de 2013

Enfermeiras de dia, nazis e assassinas à noite (livro de Wendy Lower)

'As harpias de Hitler' mostra os crimes das mulheres alemãs. Enfermeiras de dia, nazis e assassinas à noite
Javier Zurro. 07/10/2013 (06:00)

Enfermeiras da Cruz Vermelha reunidas em
Berlim para fazer juramento (As harpias de Hitler)
Apesar dos julgamentos realizados depois da Segunda Guerra Mundial contra os criminosos que ajudaram a executar o genocídio contra os judeus, muitos deles conseguiram escapar e evitar sua condenação. Não só aqueles que fugiram para outros países e adotaram novas identidades para fugir da justiça. Também todos os que tiveram um papel secundário no mesmo, ou tendo participado ativamente ninguém foi capaz de identificar ou dar nomes. Especialmente relevante é o caso das mulheres nazis, já que poucas delas foram julgadas, o que faz dar pouca importância ao papel fundamental que exerceram na execução de um grande número de crimes.

Treze milhões de mulheres militaram ativamente no partido nazi, e mais de meio milhão compareceram em países como Ucrânia, Polônia ou Bielorrússia excedendo as funções para as quais foram enviadas, mas elas tomaram partido nas matanças contra judeus? Isso é o que afirma Wendy Lower em "As harpias de Hitler" (Editado por Memoria Crítica), título original em inglês: Hitler's Furies: German Women in the Nazi Killing Fields. Graças a um árduo trabalho de documentação e busca de dados e testemunhos, Lower conseguiu dar um pouco de luz acerca deste tema.

Ainda que os julgamentos de mulheres nazistas não fossem especialmente numerosos, As harpias de Hitler relembra que muitos dos sobreviventes do Holocausto identificaram as pessoas que os acossaram, violaram e os torturaram como senhoras alemães que nunca puderam encontrar por desconhecer seus nomes. Além disso, os estudos realizados posteriormente advertiu que o genocídio não teria sido possível sem uma ampla colaboração da sociedade. Quem foram essas mulheres que sujaram suas mãos com sangue dos prisioneiros?

Cozinheiras, enfermeiras, secretárias e esposas

Membros da Liga de Jovens Alemãs
disparando como parte de seu treinamento (1936)
A crença mais ampla é que as únicas que cometeram crimes foram as guardas dos campos de concentração, enquanto que o resto teve um papel secundário na história do nazismo. Contudo, a realidade é bem outra. Quando os alemães avançaram para o leste, meio milhão de mulheres lhes acompanharam e alcançaram um poder sem precedentes que lhes deu liberdade para fazer com os prisioneiros o que bem quiserem. Maestras, enfermeiras, secretárias e esposas, essas eram as funções que originalmente teriam que realizar todas aquelas que compareciam junto ao exército. Finalmente, muitas delas decidiram, voluntariamente, colaborar diretamente com a SS.

As harpias de Hitler incide constantemente num dado fundamental: nenhuma das mulheres descritas tinha a obrigação de matar. Negar-se a assassinar judeus não teria lhes acarretado nenhum castigo. E mais, o regime não formava as mulheres para se converter em assassinas, senão em cúmplices. Portanto, as que finalmente decidiram realizar tais crimes os cometeram ou por satisfação pessoal ou para obter um benefício daquelas ações.

De fato, as primeiras matanças cometidas pelos nazis foram protagonizadas pelas enfermeiras dos hospitais, que exterminaram milhares de crianças por desnutrição, ou inclusive com injeções letais, ainda que a maioria delas nunca tenha pago por seus delitos.

Este é o caso de Pauline Kneissler, cuja tarefa consistia em portar uma lista de pacientes que posteriormente deveriam ser mortos. Em um só ano (1940) a equipe na qual Kneissler trabalhava em Grafeneck assassinou 9.389 pessoas. Ela foi testemunha direta de como lhes gaseavam e prestou sua ajuda na hora de administrar injeção letal a muitos pacientes durante cinco anos. Pauline foi uma das mulheres que, posteriormente, se mudou para o leste para continuar sua onda de crimes.

Entretanto, não foram as enfermeiras as que cometeram os assassinatos mais sádicos, senão as secretárias e esposas dos membros do partido nazi. Entre as primeiras se destaca o nome de Johanna Altvater, que ocupava seu posto em Minden, Vestfália, antes de ser transferida para a Ucrânia. Ali, em 1942, Altvater começou sua queda aos infernos, chegando inclusive a assassinar um garoto judeu de dois anos golpeando sua cabeça contra um muro para jogá-lo sem vida aos pés de seu pai. Este posteriormente chegou a declarar que nunca havia visto tal sadismo em uma mulher, uma imagem que nunca pode apagar de sua mente.

Comício do Partido Nazi em Berlim (Agosto de 1935)
Crimes ante seres indefesos, mulheres e inclusive crianças. A mulher nazi tampouco teve piedade, como não a tinham seus companheiros masculinos. Aprenderam bem a lição de que havia que fazer e não duvidaram disso um só momento. Assim também fez Erna Kürbs Petri, filha e esposa de granjeiro que junto com seu marido Horst (membro da SS) era encarregada de dirigir uma finca agrícola. Um dia, Erna Petri vislumbrou algo próximo da estação de Saschkow. Quando seu vagão se aproximou se deu conta de que eram várias crianças judias escondidas que haviam conseguido fugir.

Petri pediu que eles eles se aproximassem e os levou para sua casa. Lá ela lhes deu de comer e os tranquilizou. Mas tudo isto só foi parte de seu sinistro plano. Ao ver que seu marido não regressava para casa, ela decidiu terminar o trabalho que ele havia começado. Levou as crianças até uma fossa onde já se havia assassinado antes e os colocou em fila, de costa. Pegou a pistola que seu pai lhe havia presenteado e um a um os matou a sangue frio. Nem sequer os gritos desconsolados dos que viram como caia o primeiro abrandaram o coração de Erna.

Estes são só três dos muitos casos que Wendy Lower apresenta em As harpias de Hitler. Relatos que encolhem o coração e mostram até onde é capaz de chegar o ser humano. Como a própria autora disse ao finalizar seu livro, nunca saberemos tudo sobre o nazismo e o Holocausto, isto é só uma história a mais em um quebra-cabeças com infinitas peças de crueldade.

Fonte: El Confidencial (Espanha)
http://www.elconfidencial.com/cultura/2013-10-07/enfermeras-de-dia-nazis-y-asesinas-de-noche_37151/
Tradução: Roberto Lucena

Ver a outra resenha do livro:
O exército de mulheres de Hitler (livro)

Mais resenhas:
Nazism’s Feminine Side, Brutal and Murderous (New York Times)
The Nazi women who were every bit as evil as the men: From the mother who shot Jewish children in cold blood to the nurses who gave lethal injections in death camps (Mail Online)

quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

Albert Speer - o Arquiteto de Hitler

Documentário exibido pelo National Geographic sobre Albert Speer, arquiteto de Hitler, cotado para sucedê-lo e ministro dos armamentos do Terceiro Reich, um dos cabeças do Terceiro Reich e o homem que manteve a máquina de guerra nazi de pé. Speer escapou da condenação de pena de morte encenando o papel de "bom nazista" no julgamento de Nuremberg.

Posts sobre Speer:
Carta prova que [Albert] Speer sabia do Holocausto
Testemunho de Albert Speer e Holocausto
Quando Hitler decidiu-se pela Solução Final?

terça-feira, 25 de outubro de 2011

O judeu que soube das intimidades nazistas

Howard Triest, judeu alemão, trabalhou como tradutor
dos psiquiatras estadunidenses em Nuremberg.
É o último sobrevivente da equipe que fez provas psicológicas nos mais altos comandos nazis. Eles nunca se informaram de que seu tradutor era judeu e agora conta suas experiências.
Segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Um judeu alemão que se converteu em tradutor do exército estadunidense é o último sobrevivente da equipe que realizou exames psicológicos em importantes nazistas depois da guerra. Ele explica que aprenderam muito pouco, mas obtiveram um conhecimento único de suas personalidades.

"Se você retira os nomes desses nais, e só se senta e fala com eles, era como se fossem teus amigos e vizinhos".

Howard Triest, de 88 anos de idade, passou muitas horas com alguns dos líderes mais notórios do Terceiro Reich, quando trabalhou como tradutor dos psiquiatras estadunidenses em Nuremberg.

Era setembro de 1945, pouco depois do fim da Segunda Guerra Mundial na Europa, e os mais altos postos dos nazis que seguiam vivos iriam ser julgados por crimes de guerra.

"Havia visto esta gente em seus tempos de glória, quando os nazis eram os donos do mundo", conta. "Estes dirigentes haviam matado a maioria da minha família, mas agora eu estava no controle".

Entre eles estava o chefe da Luftwaffe, a força aérea alemã, Hermann Goering, o segundo de Hitler, Rudolf Hess, o propagandista nazi Julius Streicher e o ex-comandante de Auschwitz Rudolf Hoess, entre outros.

"É uma sensação muito estranha, estar sentado em uma cela com um homem que você sabe que matou teus pais", disse referindo-se a Hoess.

"Tratamos ele com cortesía, mantive meu ódio sob controle quando estava trabalhando ali. Não podia deixar verem como você se sentia realmente porque não arrancaria nada de seus interrogatórios. Mas nunca dei a mão a nenhum deles".

Escapando dos nazis

Howard Triest nasceu em uma família judia em Munique, 1923, e já era um adolescente quando se intensificou a perseguição nazista.

Sua família partiu para Luxemburgo em 31 de agosto de 1939, um dia antes da Alemanha invadir a Polônia, com a intenção de seguir sua viagem para os Estados Unidos. Mas a falta de dinheiro lhes impediu de realizar a viagem juntos.

Assim que ele saiu antes, em abril de 1940, seus pais e a irmã menor seguiram um mês mais tarde.

Para seus pais, esse atraso foi fatal. Sua mãe Ly, que então tinha 43 anos de idade, e Berthold, de 56 anos, foram enviados mais tarde da França para Auschwitz, onde morreram.

Sua irmã Margot foi contrabandeada até a Suíça e dali aos Estados Unidos, onde ainda vive, como seu irmão.

O intento de Howard de alistar-se no exército dos Estados Unidos foi frustrado a princípio porque não contava com a nacionalidade deste país, mas mais tarde, em 1943, ele a conseguiu. Haviam-no tornado cidadão estadunidense.

Foi destinado à Europa. Aterrissou na praia de Omaha, um ou dois dias depois do Dia D, e começou a trabalhar para a inteligência militar, graças ao fato de que falava alemão fluentemente, uma destreza que se tornava mais valiosa à medida que os Aliados adentravam o continente até Berlim.

No verão de 1945 foi dada baixa, mas imediatamente depois começou a trabalhar para o Departamento de Guerra dos EUA como civil, e foi enviado à Nuremberg para dar assistência ao capitão Leon Goldensohn com suas avaliações psiquiátricas dos réus que esperavam um julgamento.

Foi assim, como um homem judeu, que havia escapado das garras dos nazis, chegou a passar horas em suas companhias, sentado com eles em suas celas, traduzindo as perguntas dos psiquiatras e suas respostas.

O capitão Goldensohn estava levando a cabo diagnósticos com provas como as Rorschach, numa tentativa de entender as personalidades e motivações dos prisioneiros.

As memórias de Triest desta experiência foram recolhidas em um livro "Adentro de la prisión de Nuremberg"(Dentro da prisão de Nuremberg), pela historiadora Helen Fry, que contém esboços vívidos desses personagens.

Hess, o zumbi

"Goering seguia sendo um homem pedante", recorda Triest.

"Era o ator eterno, o homem que estava a cargo. Considerava-se a si mesmo como o prisioneiro número um, porque Hitler e Himmler já estavam mortos. Sempre queria a cadeira número um no tribunal".

"Chegou a Nuremberg com oito maletas, a maioria cheias de remédios, pois era viciado, e ficou surpreso porque o trataram como um prisionero e não como uma personalidade famosa".

Triest também teve contato com Rudolf Hess, que havia sido o deputado de Hitler até fugir para a Escócia, em maio de 1941, onde foi capturado.

Recorda que Hess era "como um zumbi".

"Hess pensava que o perseguiam, inclusive quando esteve detido na Inglaterra. Fez pacotes de amostras de comida e nos dava algumas a mim e aos psiquiatras. Pedia que as analisássemos pois pensava que o estavam envenenando".

"Era um prisioneiro calado, que respondeu algumas perguntas mas não entrou em detalhes. Ninguém sabia quanto havia de atuação e quanto era real, quando realmente podia recordar".

Ódio oculto

Dentro de suas obrigações, Triest também esteve cara a cara com Rudolf Hoess, foi dos encontros mais intensos por conta da morte de seus pais em Auschwitz, quando o campo de concentração estava sob controle de Hoess.

"Tanto Goldensohn como eu estivemos com ele muitas vezes. Algumas vezes eu estive sozinho com ele em sua cela", explica Triest.

"As pessoas costumavam me dizer: 'podes te vingar, podes levar um canivete para sua cela'. Mas a vingança já estava no fao de que eu sabia que que ele estava atrás das grades e seria enforcado. Assim que sabia que ele iria morrer de qualquer jeito. Matá-lo não iria me fazer nenhum bem".

Triest descreve Hoess como alguém "muito normal. Não parecia alguém que havia matado a dois ou três milhões de pessoas".

Um incidente extraordinário ocorreu com Julius Streicher, cujo periódico Der Stuermer alimentou muito a histeria antissemita entre os alemães.

"Era o maior antissemita. Entrevistei-o com outro psiquiatra, o capitão Douglas Kelley. Streicher tinha uns papéis que não queria dar a Kelley, ou a nenhuma pessoa, porque dizia que não queria que caíssem em mãos judias".

"Finalmente ele os me deu. Eu era alto, loiro e de olhos azuis. Ele disse que 'só os darei ao tradutor porque sei que é um verdadeiro ariano. Eu sei pela forma como fala".

"Streicher falou comigo durante horas porque acreditava que eu era um 'verdadeiro ariano'. Arranquei muito mais dele dessa forma".

De fato, nenhum dos nazis para os quais Trieste traduziu souberam que ele era judeu..

Lição aprendida?

Triest explica que, apesar dos melhores esforços dos psiquiatras, não se conseguiu extrair muito sobre a psicologia da mentalidade nazi.

"Aprendemos algo destas provas psiquiátricas? Não. Não encontramos nada anormal, nada que indicasse algo que os tornara os assassinos que foram".

"De fato, eram bastante normais. A maldade e a crueldade extrema podem andar com a normalidade. Nenhum demonstrou remorso".

"Disseram que sabiam que havia acampamentos, mas não tinham conhecimento da aniquilação de gente".

"É uma lástima que não passaram pelo mesmo que suas vítimas, que Hoess não tenha sofrido num campo de concentração da mesma forma que seus prisioneiros".

Triest espera que nunca se esqueça da história do Holocausto.

"Mas olha o mundo agora. É mais tranquilo? Algumas das vítimas mudaram, mas elas ainda existem em todo o mundo".

Antes de terminar a entrevista, Triest conta outra anedota sobre o prisioneiro número um de Nuremberg.

"Uma vez Goering disse que se alguma bomba era lançada em Berlim, comeria arenque. Bem, eu estava encarregado de censurar sua correspondência e uma vez alguém lhe mandou arenque".

Howard ri suavemente. "Eu o coloquei. Cheirava um pouco".

Fonte: BBC Mundo/Semana.com(Reino Unido/Colômbia)
http://www.semana.com/mundo/judio-supo-intimidades-nazis/166285-3.aspx
Tradução: Roberto Lucena

sexta-feira, 22 de julho de 2011

Removida tumba de Rudolf Hess, lugar de perigrinação neonazi

Removida a tumba de Rudolf Hess, substituto de Hitler
Sua sepultura em Wunsiedel havia se convertido num centro de peregrinação neonazi
JUAN GÓMEZ - Berlim - 21/07/2011

A tumba de Rudolf Hess em Wunsiedel (Alemanha) antes
de ser desmantelada- MICHAEL DALDER (REUTERS)
A sepultura do figurão nazi Rudolf Hess em Wunsiedel, Baviera, foi removida entre as quatro e seis da madrugada da quarta-feira, segundo publicou hoje o diário de Munique Süddeutsche Zeitung. Desaparece assim a tumba do comparsa ao qual Adolf Hitler ditou "Minha Luta", o programa político do regime que organizou o Holocausto. Seus restos mortais serão queimados e espalhados em alta mar, depois da comunidade cristã evangélica de Wunsiedel denegar a seus descendentes o prolongamento do arrendamento do sepulcro.

Os neonazis seguem considerando-o um "mártir"

Desde que Hess se enforcou com um cabo en sua cela de Spandau em 1987, o local havia se convertido numa meca de romarias neonazis. Os ultradireitistas do partido NPD e outros grupelhos de mesma ideologia nazi organizavam uma marcha comemorativa a cada 17 de agosto, na qual se homenageava o "mártir" Hess. Este havia se livrado da forca nos Julgamentos de Nuremberg por haver protagonizado um extravagante salto de paraquedas sobre a Escócia em 1941. Segundo alegou, para negociar a paz com o Reino Unido. Sua conhecida participação nos crimes do nazismo lhe valeu, não obstante, uma condenação à prisão perpétua em 1946. Ele a cumpriu até os 93 anos sob vigilância de soldados aliados na prisão de criminosos de guerra de Berlim-Spandau.

Hess se enforcou em sua cela 42 anos depois de seu chefe dar um tiro em seu bunker situado poucos quilômetros ao sudeste de Spandau. Foi o único prisioneiro de Spandau a partir de 1966, quando saíram em liberdade os também destacados nazis Albert Speer e Baldur von Schirach. Ao contrário de Speer ou Karl Dönitz, com os quais compartilhou o pátio da prisão de Spandau, Hess não maquiou sua biografia nem negou seus entusiasmos nazis. Assim, os neonazis seguem o considerando um "mártir", sobre cujas vida e morte seguem espalhando falsidades e lendas. No fim das contas, Hess se encarregou de pôr por escrito os dislates antissemitas, racistas e belicistas de seu amigo Hitler, com quem esteve preso depois do fracassado putsch de Munique de 1923. O livro resultante, que chamaram de "Minha luta", foi uma best-seller nos 12 anos que durou a ditadura nazi.

A proibição das marchas comemorativas desde 2005 não impediu que Wunsiedel, pitoresca localidade de 10.000 habitantes próxima à fronteira com a República Tcheca a qual Hess ia nas férias, contasse até esta semana entre os principais lugares de perigrinação para neonazis de todo o mundo. Segundo o Süddeutsche Zeitung, uma das netas de Hess se opôs primeiro a que removessem os restos mortais de seu avô. As autoridades locais conseguiram convencê-la para que aceitasse a exumação de seus restos e evitar de uma vez por todas que o sepulcro familiar continuasse atraindo grupos de neonazis e simpatizantes da ideologia de seu avô. Depois de sua morte foi demolida também a prisão de Spandau.

Fonte: El País(Espanha)
http://www.elpais.com/articulo/internacional/Desmantelada/tumba/Rudolf/Hess/lugarteniente/Hitler/elpepuint/20110721elpepuint_1/Tes
Tradução: Roberto Lucena

Ver também:
Túmulo de Rudolf Hess é destruído para pôr fim à peregrinação neonazista (avidanofront/DW)
Preventing Neo-Nazi Pilgrimages (Spiegel, Alemanha)
Desmantelan la tumba del lugarteniente de Hitler (infobae.com)
Restos mortais de vice de Adolf Hitler são queimados (AP/Paraná Online)

Vídeo(matéria, em espanhol):
Rudolf Hess se queda sin tumba y los neonazis sin lugar...

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Morreu Raymond D'Addario, o fotógrafo do julgamento de Nuremberg

O fotógrafo Raymond D’Addario (n.1920), mundialmente famoso pelos seus retratos a nazis durante o julgamento de Nuremberg, morreu aos 90 anos, no último domingo em Holyoke, Massachusetts, de acidente vascular cerebral.

Fotografia dos banco dos réus no
Julgamento de Nuremberg (Reuters)
A notícia da morte do fotógrafo foi confirmada pela sua filha, Linda Sal, ao “New York Times”.

Raymond D’Addario, foi membro da equipa do serviço de imagens militares que em 1945 documentou o Tribunal Internacional de Nuremberg e viu as suas fotografias serem disponibilizadas de forma gratuita, em todo o mundo, aos diários e revistas da época. As imagens figuram foram ainda utilizadas em vários livros de história.

Entre os seus trabalhos mais famosos encontram-se o do palanque do tribunal de Nuremberg com os réus, membros do partido nazi acusados de crimes contra a paz, contra a humanidade e crimes de guerra, cercados pela polícia militar, devidamente uniformizada com os seus capacetes brancos e as mãos nas costas em posição firme.

Do portefólio do fotógrafo destacam-se ainda as fotografias dos principais responsáveis do Holocausto. Hermann Goering, braço direito de Hitler, Rudolf Hess, secretário particular de Rusolf Hess, Joachim von Ribbentrop, ministro dos Negócios Estrangeiros, e Albert Speer, ministro do Armamento, que constam na lista dos condenados no histórico julgamento fotografado por Raymond D'Addario, pelos crimes cometidos durante a Segunda Guerra Mundial.

17.02.2011 - Por Andreia Montez

Fonte: Público(Portugal)
http://www.publico.pt/Cultura/morreu-raymond-daddario-o-fotografo-do-julgamento-de-nuremberga_1480797

domingo, 7 de dezembro de 2008

A respeito da punição ao réu Rudolf Hess

Traduzido à partir do link: http://www.derechos.org/nizkor/nuremberg/judgment/cap14.html

O Julgamento do Tribunal retrata de forma correta e adequada a posição proeminente que Rudolf Hess ocupava na liderança do partido nazista e no Estado. Ele era na verdade o confidente pessoal mais próximo de Adolf Hitler e sua autoridade era enorme. Neste contexto, é suficiente para citar o decreto de Hitler que nomeia Hess como seu adjunto: “Venho por este nomear Hess como meu adjunto e dou-lhe plenos poderes para tomar decisões em meu nome e em todas as questões da liderança do partido". (Transcrito [da sessão] da tarde do dia 7 de fevereiro de 1946)

Mas a autoridade de Hess não era confiada somente à liderança do partido:

Na publicação oficial do NSDAP "Livro do Partido para o ano 1941", o qual foi admitido como prova documental E.U.A. No. 255, PS 3163, afirma que: “...para além das funções de liderança do Partido, o adjunto do Führer tem grande alcance nos poderes do Estado. Estes são, primeiro: a participação na legislação nacional, incluindo a participação de ordens do Führer. O adjunto do Führer desta forma valida a concepção do Partido...segundo, Aprovação do adjunto do Führer em propostas de nomeações para os serviços oficial e de líderes de trabalho. Terceiro, que assegura a influência do Partido durante as unidades municipais do governo. "(Doc. E.U.A.-255, PS-3163.)

Hess era um suporte ativo na política agressiva de Hitler. Os crimes contra a paz cometidos por ele são tratados em detalhes no Julgamento. A missão empreendida por Hess em voar para a Inglaterra deve ser considerada como o último destes crimes, como o foi empreendido na esperança de facilitar a realização de agressão contra a União Soviética por imobilizar temporariamente a Inglaterra de lutar. O fracasso dessa missão levou Hess ao isolamento e ele não tomou parte direta no planejamento e posterior crimes cometidos pelo regime de Hitler. Não existem dúvidas, porém, que Hess fez todo o possível para a preparação destes crimes.

Hess, juntamente com Himmler, ocupava o papel de criador da organização policial fascismo alemão SS, que mais tarde cometeu o mais cruel dos crimes contra a Humanidade. O réu apontou claramente a “missão especial” que as formações das SS enfrentaram nos territórios ocupados.

Quando as Waffen SS estavam sendo formadas, Hess emitiu uma ordem especial através do qual fez parte a Chancelaria, auxiliando a conscrição dos membros do Partido e dos membros dessas organizações em todos os meios como parte obrigatória para os órgãos. Ele delineou as funções estabelecidas antes da Waffen-SS como segue:

"As unidades da Waffen-SS compostas por nacionais-socialistas são mais adequadas do que outras unidades armadas para as tarefas específicas a serem resolvidas nos territórios ocupados do Leste, devido ao treinamento intensivo no que se refere às questões de raça e nacionalidade." (GB-267, 3245-PS).

Logo em 1934 o réu iniciou uma proposta de que as chamadas SD do Reichsfuehrer SS (Serviço de Segurança) onde eram dados poderes extraordinários para assim tornar-se a força motriz na Alemanha nazista.

No dia 9 de junho de 1934, Hess emitiu um decreto, de acordo com o qual o "Serviço de Segurança do Reichsfuehrer SS", era declarado ser o "único órgão de notícias políticas e serviço de defesa do Partido". (GB-257.)

Assim, o réu teve um papel direto no âmbito da criação e consolidação do sistema de órgãos especiais da polícia que estavam sendo preparadas para o cometimento de crimes nos territórios ocupados.

Achamos que Hess sempre foi defensor da teoria da “raça superior”. Em um discurso proferido em 16 de janeiro de 1937, dizendo sobre o ensino da língua do povo alemão, Hess assinalou:

“assim, estão sendo instruídos a colocar os assuntos alemães acima de uma nação estrangeira, independentemente das suas posições ou sua origem. “ (GB-253, 3124-PS).

Hess assinou a chamada "Lei de Proteção do Sangue e Honra" em 15 de setembro de 1935. (E.U.A.-300, 3179-PS). O corpo desta lei dispõe que o “adjunto do Führer está autorizado a emitir todos os decretos e as diretivas necessárias” para a realização prática dos "decretos de Nuremberg."

Em 14 de novembro de 1935, uma portaria emitida por Hess sobre a cidadania do Reich, em conformidade com a lei que era negado aos judeus o direito de voto nas eleições ou que os mesmos ocupassem cargos públicos. (GB-258; 1417-PS). No dia 20 de maio de 1938, um decreto assinado pelo Hess extendeu as Leis de Nuremberg para a Áustria. (GB-259, 224-PS).

Em 12 outubro de 1939, Hess assinou um decreto criando a administração dos territórios poloneses ocupados (Reichsgesetzblatt N-210, 1939, p. 2077). O Artigo 2 deste decreto concedia ao réu [Hans] Frank poderes de ditador. Não há provas suficientemente convincentes que demonstrem que esse réu não limitou esta diretiva geral que introduzidas no território polonês ocupado, criou um regime de terror desenfreado. Tal como é mostrado na carta do Reichsminister da Justiça para o Chefe da Chancelaria do Reich datada de 17 de abril de 1941, Hess iniciou em especial a formação das "leis penais" para os poloneses e os judeus nos territórios ocupados do Leste. O papel deste réu na elaboração destas "leis" é caracterizado pelo Ministro da Justiça, nos seguintes termos:

“De acordo com o parecer do adjunto do Führer eu comecei a partir do ponto de vista de que o pólo é menos suscetível à imposição de castigo normal (...) Sob estas novas formas de punição os prisioneiros estão sendo alojados e aprisionados em campos de refugiados e estão fazendo trabalhos forçados pesados e mais pesados ( ...) A introdução dos castigos corporais que o adjunto do Führer trouxe à discussão não foi incluída no projeto. Não posso concordar com este tipo de punição (...)O processo para fazer cumprir a perseguição foi revogado, para ele parecia intolerável que os judeus ou os poloneses deveriam ser capazes de instigar uma acusação pública. Poloneses e judeus também estão privados do direito de processar em seus próprios nomes ou aderir a uma no Ministério Público(...)Desde o início era destinado a intensificar um tratamento especial, em caso de necessidade: Quando essa necessidade se tornou um decreto verdadeiro emitido, para que o adjunto do Führer refira na sua carta ...."( GB-268, R-96.)

Assim, não pode haver dúvida de que Hess, juntamente com os outras grandes criminosos de guerra é culpado de crimes contra humanidade.

Levando em consideração que entre os dirigentes políticos da Alemanha hitlerista, Hess foi a terceira em importância e desempenhou um papel decisivo nos crimes do regime nazistas.

Eu considero justificada a sentença e no seu caso poderia ser a morte.

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