Em dezembro de 1942, Hitler realizou uma reunião sobre os Países Baixos com Mussert, Seyss-Inquart, Himmler, Lammers, Schmidt e Bormann. As notas da reunião, escritas por Bormann, foram publicadas em 1976 na coleção "De SS en Nederland Documenten uit de SS-archieven 1935-1945", que recentemente foi disponibilizada através da NIOD e Wikimedia Commons aqui em dois arquivos "pdf". O primeiro arquivo, das páginas 893-899, reproduz o registro da reunião de Bormann.
Em uma de suas principais passagens, Hitler retrata a guerra no Oriente como uma luta de vida ou morte, porque os bolcheviques exterminariam todos os estratos europeus (pág. 895). Hitler também deixa claro que sua oposição aos bolcheviques é racial, não política ou ideológica: a Alemanha está contra as raças asiáticas que pretendam destruir a civilização europeia e impor mistura racial (pág. 894).
Essas observações podem ser comparadas com outras fontes. Hitler foi, em parte, ecoando a formulação de Diewerge "Quem deveria morrer - alemães ou judeus?". No mesmo dia em que Bormann produziu suas anotações, Goebbels escreveu em seu diário: "O judeu deve pagar por seu crime, assim como nosso Führer profetizou em seu discurso no Reichstag; a saber, pela extinção da raça judaica na Europa e possivelmente no mundo inteiro." Crucialmente, no entanto, os comentários de Hitler não eram apenas antissemitas, mas apontavam a vontade de exterminar toda a vida "asiática" em seu caminho, pois era incompatível com sua visão da civilização europeia. Eles, portanto, convergem com os objetivos de fome de maio de 1941, nos quais os nazistas estavam dispostos a condenar à morte trinta milhões de pessoas (ver, por exemplo, Kay, pág. 689), e o plano de destruir totalmente as principais cidades soviéticas e tornas as áreas inabitáveis (veja aqui).
Fonte: Holocaust Controversies
http://holocaustcontroversies.blogspot.com/2017/12/hitler-and-asiatic-races.html
Texto: Jonathan Harrison
Título original: Hitler and the "Asiatic Races""
Tradução: Roberto Lucena
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domingo, 31 de dezembro de 2017
sábado, 15 de agosto de 2015
A difícil reconciliação do Japão com o passado
Setenta anos depois do fim da Segunda Guerra Mundial, país ainda convive com posições divergentes sobre o papel que desempenhou no conflito. E, ao contrário da Alemanha, tem dificuldades em aceitar sua culpa.
Em março de 2015, durante uma visita ao Japão, a chanceler federal alemã, Angela Merkel, lembrou que a Alemanha reconheceu sua culpa pela Segunda Guerra Mundial e se mostrou disposta a estender a mão para a França. "O processo de retrabalhar o passado é pré-requisito para alcançar a reconciliação", afirmou Merkel, pedindo indiretamente ao Japão para que seja mais ativo e autocrítico no seu processo de reinterpretação do seu próprio papel na guerra.
A resposta veio dentro da tradicional cordialidade japonesa, mas mesmo assim foi clara. O ministro do Exterior, Fumio Kishida, disse que é inapropriado comparar Japão e Alemanha na maneira como lidam com o seu passado na Guerra. Há diferenças em relação ao que aconteceu com os dois países. Além disso, acrescentou, Japão e Alemanha são cercados por vizinhos diferentes.
Será que o Japão, ao contrário da Alemanha, não aprendeu nada com a derrota e o sofrimento sem sentido de milhões de pessoas? Diante do nacionalismo e do revisionismo histórico que voltaram a florescer nos últimos anos no país, essa é uma hipótese a ser considerada.
Essa impressão é reforçada pelas ações e declarações do primeiro-ministro Shinzo Abe. Cada vez mais, ele se distancia dos pedidos de desculpas apresentados por seus antecessores, que reconheceram a responsabilidade do Japão por seus ataques com milhões de vítimas e pelo destino das mulheres obrigadas a se prostituir.
E, como alguns de seus antecessores, Abe também visitou o controverso Santuário Yasukuni, um monumento em memória aos japoneses mortos no conflito – incluindo alguns condenados por crimes de guerra.
Contudo, o pronunciado nacionalismo do primeiro-ministro e de alguns de seus assessores e adeptos não é uma representação fiel da complexa relação dos japoneses com o passado de guerra. Dela faz parte, como destacam analistas, a distância entre a "política de memória" do governo e o discurso social.
"No Japão, o processo de recordar esse passado de guerra é muito disputado, com vários interesses e intenções", explica o historiador Sebastian Conrad, da Universidade Livre de Berlim. Ao contrário da Alemanha, onde não há grandes diferenças entre o discurso do governo, do parlamento, de historiadores e da maioria da população, o tema é altamente explosivo no país asiático.
Dois lados
Os governos do Japão no pós-Guerra têm defendido a posição de que o país assumiu as responsabilidades por crimes de guerra e espoliações, seja por meio de indenizações bilaterais, seja por meio de auxílios econômicos aos atingidos.
É verdade que houve várias iniciativas para promover o entendimento entre as nações – na publicação de livros escolares em parceria com a Coreia do Sul, por exemplo. "No entanto, iniciativas com essa não partiram dos políticos", afirma Gesine Foljanty-Jost, especialista em Japão da Universidade de Halle-Wittenberg, na Alemanha.
O especialista em assuntos asiáticos Ian Buruma acrescenta que no Japão também há iniciativas como programas de intercâmbio e projetos de cooperação com cidades de países vizinhos, mesmo que em menor escala se comparados a projetos similares na Europa. "Ambos os lados precisam colaborar para que essas ações tenham sucesso. Chineses e coreanos têm de ser receptivos, mas nem sempre é assim", afirma.
Além disso, Buruma diz que não é fácil ter um diálogo aberto com a China, onde a formação de opinião, tanto sobre temas históricos quanto políticos, é rigidamente controlada. "Talvez o Japão devesse se esforçar mais para a reconciliação, mas não há como fazer isso sozinho."
Dualismo
Em 1949, quando a Lei Fundamental (Constituição alemã) foi adotada, Theodor Heuss, membro do Partido Liberal Democrático (FDP) e futuro presidente da Alemanha, afirmou que, em 8 de maio de 1945, o país havia sido libertado e destruído ao mesmo tempo pelos Aliados. A declaração mostra que a visão dual sobre a derrota militar na Segunda Guerra já existia na Alemanha muito antes do famoso discurso de outro presidente, Richard von Weizsäcker, que em 1985 se referiu à data como "dia da libertação".
Segundo Conrad, a fala de Weizsäcker também teve grande repercussão no Japão, onde foi traduzida e publicada e acabou tendo uma ampla circulação. "O discurso foi citado várias vezes, especialmente por intelectuais e ativistas de direitos civis, na tentativa de motivar o governo japonês a adotar gestos públicos de maior impacto", diz o historiador.
Ainda assim, Buruma observa que era difícil esperar do Japão uma visão dual, de derrota e libertação, semelhante à que houve na Alemanha. "Não existiu um Hitler japonês nem um partido nazista no Japão. O Império Japonês lutou – conforme sua autopercepção – na Ásia contra grandes potências ocidentais."
Influência americana
Para os Estados Unidos, o Japão se redimiu do passado de guerra com a condenação, no Julgamento de Tóquio, dos principais líderes políticos e militares que participaram do conflito mundial. Assim como no caso da Alemanha após os julgamentos de Nurembergue, os americanos estavam interessados sobretudo em ter parceiros confiáveis na Guerra Fria contra a China e a União Soviética.
Contudo, observa Conrad, nesse ponto existe uma importante diferença entre Japão e Alemanha, que explica, em parte, a maneira diferente de lidar com o passado de guerra. "Apesar de o Japão também ter sido integrado no sistema de aliança ocidental, quase toda a política japonesa do pós-Guerra se orientou pela política dos Estados Unidos, o que fez com que o Japão se desmembrasse do contexto regional." A Alemanha, por sua vez, esteve desde o início envolvida no "projeto europeu", tendo a amizade com a França como motor.
Críticas vindas da China, da Coreia do Sul e de Taiwan só começaram a ser percebidas no Japão depois do fim da Guerra Fria. "A sensação de responsabilidade ou de ser alvo das críticas de outros países asiáticos simplesmente não existia por lá", diz Conrad.
Mudança de atitude
Como resultado, o governo japonês começou a demonstrar que estava disposto a alguma forma de autocrítica ou de pedido público de desculpas na segunda metade da década de 1990. Especialmente em 1995, nos 50 anos do fim da Segunda Guerra Mundial, e em 1998, na questão da prostituição forçada, houve gesto públicos de desculpas por parte de primeiros-ministros japoneses, mesmo que esses não tivessem o mesmo conteúdo simbólico que a queda de joelhos de Willy Brandt em Varsóvia e tampouco a mesma espontaneidade e, portanto, o mesmo efeito.
Mas o historiador afirma que, desde então, o Japão tem passado por mudanças. Segundo Conrad, grupos nacionalistas presentes no parlamento – e, nos últimos anos, também no governo – estão novamente se apoderando da interpretação do passado de guerra do país. Também no aguardado discurso de Abe em alusão ao 70 anos do fim da Segunda Guerra Mundial, a influência dessas correntes nacionalistas é visível. O primeiro-ministro não se referiu, por exemplo, aos países "atacados pelo Japão", mas aos países "que lutaram contra o Japão".
Abe reconheceu os pedidos de desculpa feitos por seus antecessores, mas não acrescentou um pedido dele próprio. E foi além: disse que as gerações futuras não devem ser sobrecarregadas com contínuos apelos para se desculparem. O debate sobre o passado de guerra do Japão ainda está longe de acabar.
Fonte: Deutsche Welle (Alemanha)
http://www.dw.com/pt/a-dif%C3%ADcil-reconcilia%C3%A7%C3%A3o-do-jap%C3%A3o-com-o-passado/a-18649804
Capitulação japonesa é assinada no navio americana USS Missouri, em 2 de setembro de 1945 |
A resposta veio dentro da tradicional cordialidade japonesa, mas mesmo assim foi clara. O ministro do Exterior, Fumio Kishida, disse que é inapropriado comparar Japão e Alemanha na maneira como lidam com o seu passado na Guerra. Há diferenças em relação ao que aconteceu com os dois países. Além disso, acrescentou, Japão e Alemanha são cercados por vizinhos diferentes.
Será que o Japão, ao contrário da Alemanha, não aprendeu nada com a derrota e o sofrimento sem sentido de milhões de pessoas? Diante do nacionalismo e do revisionismo histórico que voltaram a florescer nos últimos anos no país, essa é uma hipótese a ser considerada.
Essa impressão é reforçada pelas ações e declarações do primeiro-ministro Shinzo Abe. Cada vez mais, ele se distancia dos pedidos de desculpas apresentados por seus antecessores, que reconheceram a responsabilidade do Japão por seus ataques com milhões de vítimas e pelo destino das mulheres obrigadas a se prostituir.
E, como alguns de seus antecessores, Abe também visitou o controverso Santuário Yasukuni, um monumento em memória aos japoneses mortos no conflito – incluindo alguns condenados por crimes de guerra.
Contudo, o pronunciado nacionalismo do primeiro-ministro e de alguns de seus assessores e adeptos não é uma representação fiel da complexa relação dos japoneses com o passado de guerra. Dela faz parte, como destacam analistas, a distância entre a "política de memória" do governo e o discurso social.
"No Japão, o processo de recordar esse passado de guerra é muito disputado, com vários interesses e intenções", explica o historiador Sebastian Conrad, da Universidade Livre de Berlim. Ao contrário da Alemanha, onde não há grandes diferenças entre o discurso do governo, do parlamento, de historiadores e da maioria da população, o tema é altamente explosivo no país asiático.
General Douglas MacArthur e imperador Hirohito em foto tirada em outubro de 1945, logo após a rendição japonesa |
Os governos do Japão no pós-Guerra têm defendido a posição de que o país assumiu as responsabilidades por crimes de guerra e espoliações, seja por meio de indenizações bilaterais, seja por meio de auxílios econômicos aos atingidos.
É verdade que houve várias iniciativas para promover o entendimento entre as nações – na publicação de livros escolares em parceria com a Coreia do Sul, por exemplo. "No entanto, iniciativas com essa não partiram dos políticos", afirma Gesine Foljanty-Jost, especialista em Japão da Universidade de Halle-Wittenberg, na Alemanha.
O especialista em assuntos asiáticos Ian Buruma acrescenta que no Japão também há iniciativas como programas de intercâmbio e projetos de cooperação com cidades de países vizinhos, mesmo que em menor escala se comparados a projetos similares na Europa. "Ambos os lados precisam colaborar para que essas ações tenham sucesso. Chineses e coreanos têm de ser receptivos, mas nem sempre é assim", afirma.
Além disso, Buruma diz que não é fácil ter um diálogo aberto com a China, onde a formação de opinião, tanto sobre temas históricos quanto políticos, é rigidamente controlada. "Talvez o Japão devesse se esforçar mais para a reconciliação, mas não há como fazer isso sozinho."
Dualismo
Em 1949, quando a Lei Fundamental (Constituição alemã) foi adotada, Theodor Heuss, membro do Partido Liberal Democrático (FDP) e futuro presidente da Alemanha, afirmou que, em 8 de maio de 1945, o país havia sido libertado e destruído ao mesmo tempo pelos Aliados. A declaração mostra que a visão dual sobre a derrota militar na Segunda Guerra já existia na Alemanha muito antes do famoso discurso de outro presidente, Richard von Weizsäcker, que em 1985 se referiu à data como "dia da libertação".
Proferido em 1985, o discurso de Weizsäcker teve repercussão no Japão |
Ainda assim, Buruma observa que era difícil esperar do Japão uma visão dual, de derrota e libertação, semelhante à que houve na Alemanha. "Não existiu um Hitler japonês nem um partido nazista no Japão. O Império Japonês lutou – conforme sua autopercepção – na Ásia contra grandes potências ocidentais."
Influência americana
Para os Estados Unidos, o Japão se redimiu do passado de guerra com a condenação, no Julgamento de Tóquio, dos principais líderes políticos e militares que participaram do conflito mundial. Assim como no caso da Alemanha após os julgamentos de Nurembergue, os americanos estavam interessados sobretudo em ter parceiros confiáveis na Guerra Fria contra a China e a União Soviética.
Contudo, observa Conrad, nesse ponto existe uma importante diferença entre Japão e Alemanha, que explica, em parte, a maneira diferente de lidar com o passado de guerra. "Apesar de o Japão também ter sido integrado no sistema de aliança ocidental, quase toda a política japonesa do pós-Guerra se orientou pela política dos Estados Unidos, o que fez com que o Japão se desmembrasse do contexto regional." A Alemanha, por sua vez, esteve desde o início envolvida no "projeto europeu", tendo a amizade com a França como motor.
Críticas vindas da China, da Coreia do Sul e de Taiwan só começaram a ser percebidas no Japão depois do fim da Guerra Fria. "A sensação de responsabilidade ou de ser alvo das críticas de outros países asiáticos simplesmente não existia por lá", diz Conrad.
Mudança de atitude
Abe evitou pedido de desculpas e disse que gerações futuras não devem carregar o peso de algo que não fizeram |
Mas o historiador afirma que, desde então, o Japão tem passado por mudanças. Segundo Conrad, grupos nacionalistas presentes no parlamento – e, nos últimos anos, também no governo – estão novamente se apoderando da interpretação do passado de guerra do país. Também no aguardado discurso de Abe em alusão ao 70 anos do fim da Segunda Guerra Mundial, a influência dessas correntes nacionalistas é visível. O primeiro-ministro não se referiu, por exemplo, aos países "atacados pelo Japão", mas aos países "que lutaram contra o Japão".
Abe reconheceu os pedidos de desculpa feitos por seus antecessores, mas não acrescentou um pedido dele próprio. E foi além: disse que as gerações futuras não devem ser sobrecarregadas com contínuos apelos para se desculparem. O debate sobre o passado de guerra do Japão ainda está longe de acabar.
Fonte: Deutsche Welle (Alemanha)
http://www.dw.com/pt/a-dif%C3%ADcil-reconcilia%C3%A7%C3%A3o-do-jap%C3%A3o-com-o-passado/a-18649804
quinta-feira, 6 de agosto de 2015
70 anos do bombardeio de Hiroshima
A quem puder ou quiser ler, pois o texto é longo e está em espanhol, vale a pena ler esta matéria que saiu no jornal Público da Espanha (não confundir com o de Portugal, não são do mesmo dono e o Público da Espanha é digital) sobre o bombardeio no Japão.
O texto é de um blog (presumo que sobre ciência) do jornal digital espanhol e conta com vários documentos e a narrativa do bombardeio, bem como das cidades que foram "poupadas" da bomba. Contém bibliografia no fim do texto, que aviso mais uma vez que é bem longo, mas muito bem feito (em etapas):
Las ciudades que se salvaron y las gentes que no
Uma das imagens que mais choca na matéria (embora haja várias fotos chocantes do episódio) é esta da garota que ficou cega com a bomba. Contém a seguinte descrição no texto (tradução minha):
"Esta garota, de Hiroshima, chegou a ver "a luz que brilha como mil sóis"... e depois não voltou a ver mais nada, nunca mais. Imagem: Governo do Japão.
Não é uma montagem, isso foi o efeito do clarão da bomba a quem sobreviveu e não conseguiu se proteger dele.
Esse foi o desfecho brutal de uma guerra insana em escala planetária.
A quem também tiver interesse em assistir, pois só dá pra saber da abrangência do público pelos contadores (acesso por nacionalidade etc) pois muito pouca gente comenta (estou desconsiderando disso os comentários de imbecis), sendo que o blog chegou à marca de mais de 1 milhão de visitas (farei post sobre isso, pois esqueci, o marcador que fica à mostra no blog está errado pois foi colocado depois que o blog já estava aberto, o Google fornece o número de visitas internamente), segue um trecho de algum documentário - que não consegui identificar o nome (no momento) - que reconstitui o lançamento da bomba e a explosão. Mistura imagens reais com a reconstituição e mais depoimento de sobreviventes e de quem jogou a bomba:
Hiroshima Nuclear (atomic) Bomb - USA attack on Japan (1945)
https://www.youtube.com/watch?v=gwkyPvlWPM0
Observação: Eu já coloquei aviso em outros posts pois o pessoal idiota que vem encher o saco costuma comentar em posts antigos com medo que mais gente leia essas asneiras e resolva descer o chinelo neles.
O texto é de um blog (presumo que sobre ciência) do jornal digital espanhol e conta com vários documentos e a narrativa do bombardeio, bem como das cidades que foram "poupadas" da bomba. Contém bibliografia no fim do texto, que aviso mais uma vez que é bem longo, mas muito bem feito (em etapas):
Las ciudades que se salvaron y las gentes que no
Uma das imagens que mais choca na matéria (embora haja várias fotos chocantes do episódio) é esta da garota que ficou cega com a bomba. Contém a seguinte descrição no texto (tradução minha):
"Esta garota, de Hiroshima, chegou a ver "a luz que brilha como mil sóis"... e depois não voltou a ver mais nada, nunca mais. Imagem: Governo do Japão.
Não é uma montagem, isso foi o efeito do clarão da bomba a quem sobreviveu e não conseguiu se proteger dele.
Esse foi o desfecho brutal de uma guerra insana em escala planetária.
A quem também tiver interesse em assistir, pois só dá pra saber da abrangência do público pelos contadores (acesso por nacionalidade etc) pois muito pouca gente comenta (estou desconsiderando disso os comentários de imbecis), sendo que o blog chegou à marca de mais de 1 milhão de visitas (farei post sobre isso, pois esqueci, o marcador que fica à mostra no blog está errado pois foi colocado depois que o blog já estava aberto, o Google fornece o número de visitas internamente), segue um trecho de algum documentário - que não consegui identificar o nome (no momento) - que reconstitui o lançamento da bomba e a explosão. Mistura imagens reais com a reconstituição e mais depoimento de sobreviventes e de quem jogou a bomba:
Hiroshima Nuclear (atomic) Bomb - USA attack on Japan (1945)
https://www.youtube.com/watch?v=gwkyPvlWPM0
Observação: Eu já coloquei aviso em outros posts pois o pessoal idiota que vem encher o saco costuma comentar em posts antigos com medo que mais gente leia essas asneiras e resolva descer o chinelo neles.
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domingo, 12 de janeiro de 2014
Diretor chinês coloca na tela Julgamento de Tóquio
O julgamento de Tóquio, efetuado pelo Tribunal Militar Internacional Aliado para o Extremo Oriente contra os 28 maiores criminosos de guerra japoneses, foi transportado à tela pelo diretor chinês, Gao Qunshu. O filme, com nome homônimo, entrou em circuito nacional no dia 31 de agosto.
O famosíssimo julgamento da história da humanidade, que estendeu de maio de 1946 a julho de 1948, cravou vários recordes históricos: 818 sessões, 48 mil páginas de registros taquigráficos, 419 testemunhas, mais de 4.000 provas documentais e 1.131 páginas de sentença.
Gao Qunshu juntou duas histórias no filme: o relato de Mei Ru´ao, o único juiz chinês no tribunal e as dores de uma família comum japonesa durante a guerra. Segundo ele, a maior dificuldade da filmagem se encontrou na procura de fontes materiais.
"Os registros históricos existentes na China sobre o Julgamento de Tóquio são muito limitados. Visitamos quase todas as bibliotecas que possuem registros a respeito. Tenho que confessar que as fontes mais valiosas para o filme vem de uma série de livros publicados no Japão".
Conforme o diretor, 80% dos diálogos do longa ocorrem nos idiomas Inglês e Japonês. O roteiro do filme foi revisado, palavra por palavra, por historiadores, linguistas e juristas. Isso, segundo Gao, é um reflexo de respeito à história.
"O roteiro foi revisado por historiadores e linguistas. Há muitos termos referentes à lei, que exigem uma alta precisão das palavras. É importantíssimo para um diretor de filme assumir sua responsabilidade ao transportar a história à tela. O julgamento existiu e assumiu uma importância indiscutível na história da humanidade".
O elenco da longa é formado por atores do continente chinês, Taiwan, Hong Kong, Japão e EUA. De acordo com Gao, os atores japoneses, que dão vida aos criminosos de guerra, atuaram de maneira muito profissional.
"Decidimos desde o começo selecionar atores japoneses para interpretar os criminosos de guerra. O objetivo é garantir a credibilidade do filme. E eles (atores japoneses) aceitaram interpretar os papéis".
Formado em jornalismo, Gao Qunshu foi repórter e diretor de novelas. O Julgamento de Tóquio é a sua primeira produção cinematográfica e arrecadou 4,5 milhões de yuans apenas nos primeiros três dias de estreia. A conclusão do filme, no entanto, foi dificultada por uma crise financeira provocada pela retirada de um dos investidores da produção. Gao só conseguiu prosseguir o filme com 5 milhões de yuans obtidos após a hipoteca dos direitos autorais de uma das suas novelas inéditas.
"Fiz tudo o que podia diante de um tema histórico tão sério e pesado", concluiu Gao.
Fonte: Site da CRI (Rádio Internacional da China)
http://portuguese.cri.cn/101/2006/09/18/1@51596.htm
O famosíssimo julgamento da história da humanidade, que estendeu de maio de 1946 a julho de 1948, cravou vários recordes históricos: 818 sessões, 48 mil páginas de registros taquigráficos, 419 testemunhas, mais de 4.000 provas documentais e 1.131 páginas de sentença.
Gao Qunshu juntou duas histórias no filme: o relato de Mei Ru´ao, o único juiz chinês no tribunal e as dores de uma família comum japonesa durante a guerra. Segundo ele, a maior dificuldade da filmagem se encontrou na procura de fontes materiais.
"Os registros históricos existentes na China sobre o Julgamento de Tóquio são muito limitados. Visitamos quase todas as bibliotecas que possuem registros a respeito. Tenho que confessar que as fontes mais valiosas para o filme vem de uma série de livros publicados no Japão".
Conforme o diretor, 80% dos diálogos do longa ocorrem nos idiomas Inglês e Japonês. O roteiro do filme foi revisado, palavra por palavra, por historiadores, linguistas e juristas. Isso, segundo Gao, é um reflexo de respeito à história.
"O roteiro foi revisado por historiadores e linguistas. Há muitos termos referentes à lei, que exigem uma alta precisão das palavras. É importantíssimo para um diretor de filme assumir sua responsabilidade ao transportar a história à tela. O julgamento existiu e assumiu uma importância indiscutível na história da humanidade".
O elenco da longa é formado por atores do continente chinês, Taiwan, Hong Kong, Japão e EUA. De acordo com Gao, os atores japoneses, que dão vida aos criminosos de guerra, atuaram de maneira muito profissional.
"Decidimos desde o começo selecionar atores japoneses para interpretar os criminosos de guerra. O objetivo é garantir a credibilidade do filme. E eles (atores japoneses) aceitaram interpretar os papéis".
Formado em jornalismo, Gao Qunshu foi repórter e diretor de novelas. O Julgamento de Tóquio é a sua primeira produção cinematográfica e arrecadou 4,5 milhões de yuans apenas nos primeiros três dias de estreia. A conclusão do filme, no entanto, foi dificultada por uma crise financeira provocada pela retirada de um dos investidores da produção. Gao só conseguiu prosseguir o filme com 5 milhões de yuans obtidos após a hipoteca dos direitos autorais de uma das suas novelas inéditas.
"Fiz tudo o que podia diante de um tema histórico tão sério e pesado", concluiu Gao.
Fonte: Site da CRI (Rádio Internacional da China)
http://portuguese.cri.cn/101/2006/09/18/1@51596.htm
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sexta-feira, 2 de agosto de 2013
Vice-premiê diz que Japão pode se inspirar no nazismo para reformar constituição
Taro Aso, vice-primeiro-ministro e ministro das finanças do Japão. Reuters/RFI |
"A constituição da Alemanha de Weimar foi discretamente substituída pela constituição da Alemanha nazista: por que não se inspirar da tática deles?", disse Taro Aso durante uma debate organizado na segunda-feira por um centro de pesquisas conservador.
O Centro Simon Wiesenthal afirmou imediatamente que "as únicas lições em termos de governo que as autoridades podem tirar do Terceiro Reich nazista são sobre as coisas que não devem ser feitas".
Nesta quarta-feira, o porta-voz do governo,Yoshihide Suga, se recusou a fazer comentários, enfatizando que "é o vice-primeiro-ministro Aso quem tem que responder".
Reforçado por uma nova vitória eleitoral, o Partdo Liberal-Democrata (PLD, de direita) do primeiro-ministro Shinzo Abe informou que pretende reformar a constituição pacifista imposta ao Japão pelos Estados Unidos após a Segunda Guerra Mundial.
Esse anúncio foi feito bem no momento em que apareceram novas tensões com a China e a Coreia do Sul. Esses dois vizinhos, que foram vítimas do passado militarista do Japão, se mostraram inquietos com a perspectiva de uma nova constituição.
Taro Aso, que também é ministro das Finanças, é conhecido por suas gafes. No início do ano ele foi obrigado a se desculpar depois de ter pedido que as pessoas em estado terminal morressem "rapidamente" para reduzir as despesas de saúde.
Fonte: RFI
http://www.portugues.rfi.fr/mundo/20130731-vice-premie-diz-que-japao-pode-se-inspirar-no-nazismo-para-reformar-constituicao
sábado, 29 de setembro de 2012
Historiador destaca canibalismo do Exército japonês em livro (Beevor - Segunda Guerra Mundial)
Imagem mostra a capa do livro de Antony Beevor. Foto: Reprodução |
Segundo Beevor, esse foi um dos aspectos que mais lhe surpreendeu durante a pesquisa elaborada para a realização de "A Segunda Guerra Mundial" (The Second World War), um livro que não pretende ser "o definitivo", mas sim lançar um olhar global baseado em sua experiência como escritor e como ex-militar.
Esse canibalismo era um fato que Beevor não conhecia. Os americanos e os australianos decidiram não dizer nada no final da guerra pelo choque que essa notícia poderia causar entre os familiares dos prisioneiros, explicou o historiador à Agência Efe em Madri, onde hoje apresenta seu novo livro.
Trata-se de uma prática que demonstra toda a crueldade do "extremamente militarizado" Exército japonês, que humilhava os soldados e usava toda a "fúria absorvida nas batalhas para se vingar contra os soldados vencidos".
Apesar de ainda não ser uma notícia pública e de massa, somente uma nova geração de jovens historiadores japoneses tiveram coragem de trazer este fato à tona, explica Beevor.
"É óbvio que todos os exércitos tiveram tentações de cometer crimes, mas alguns mantiveram certas coerências e proporções. No entanto, há diferentes pautas de comportamento. Nem todos os Exércitos foram iguais", completa o historiador.
Outro fato que surpreendeu Beevor foi o "terrível sacrifício" que os comandantes soviéticos infligiram a suas tropas na operação de distração durante a batalha de Stalingrado, que aconteceu para distrair os alemães e supôs a morte de 250 mil russos.
"Sacrificaram mais homens que os britânicos e os americanos juntos no Dia D", revelou Beevor.
Atrocidades existem em todas as guerras, embora o canibalismo dos japoneses é, sem dúvida, o fato mais terrível que Antony Beevor conta em seu novo livro, uma vasta obra que já foi lançada na Colômbia, na Argentina, no México e que, segundo o próprio autor, será publicado em toda América Latina.
Com mais de 30 anos de dedicação ao conflito militar mais amplo e sangrento da história, Beevor, neste livro com mais de mil páginas, resgata informações tiradas dos arquivos russos, alemães e, principalmente, franceses.
Apesar do excesso de fatos, o autor conseguiu achar uma estrutura para não se "afogar", um fato que, segundo o próprio autor, só foi possível graças a sua experiência prévia com livros como "Stalingrado" (2000) e "Berlim: A queda 1945" (2002), autênticos "best sellers" de nível mundial.
Neste novo lançamento, Beevor volta a recorrer ao elemento mais característico da escritura: uma mistura entre as épicas narrações das batalhas e das grandes discussões políticas com os detalhes mais humanos e desumanos das vítimas e carrascos da guerra.
Uma história que Beevor começa a contar na frente oriental, na guerra entre chineses e japoneses, um primeiro exemplo das atrocidades que cometeriam os japoneses, que em Nanjing mataram entre 200 mil e 300 mil chineses da maneira mais cruel, sem distinguir sexo e idade.
Se Beevor decidiu começar por essa parte da história é porque pensa que isso condicionou todo o desenvolvimento posterior de um conflito que se caracterizou por incluir "elementos de uma guerra civil internacional" e que, na realidade, foi "um conglomerado de diferentes conflitos".
"Me senti muito lisonjeado quando disseram que este era o livro definitivo sobre a Segunda Guerra Mundial. Mas, na verdade, não é assim. Sempre haverá novos elementos. Os arquivos da Rússia são enormes e só puderam ser consultados entre 1995 e 2000, enquanto o dos japoneses não deixam pesquisadores estrangeiros consultar os seus", ressaltou Beevor.
Apesar de ainda existir muitas coisas por descobrir, Beevor aponta que o mais intrigante de seu livro são as histórias individuais, muitas delas tiradas de testemunhos de combatentes franceses cujos descendentes entregaram suas cartas às autoridades.
Através dessas histórias pessoais, o leitor se identifica mais facilmente com uns fatos que ultrapassam o entendimento, sendo que esse tipo de narração é o que fez de Beevor um dos historiadores mais lidos na atualidade.
"Hoje em dia, eu não entendo como fizemos para viver nas trincheiras, no descoberto, na neve, congelados de frio e sem tirar jamais os sapatos e a roupa. Isso sem ter água e sem ter nada com que se esquentar". Este é o testemunho de um oficial do Exército Vermelho que se une a outros muitos em uma obra imprescindível para quem deseja entender o que ocorreu com mundo no século XX.
Fonte: EFE/Terra
http://noticias.terra.com.br/mundo/noticias/0,,OI6178212-EI8143,00-Historiador+destaca+canibalismo+do+Exercito+japones+em+livro.html
Observação: o livro já foi lançado em espanhol no último dia 25 de setembro. Sem notícia anunciando o lançamento do livro em português.
Ver:
Antony Beevor lanza hoy libro sobre II Guerra Mundial donde revela episodios de canibalismo (Latercera.com)
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sábado, 2 de outubro de 2010
Unidade 731 - a guerra biológica na China
O texto abaixo foi copiado do verbete da Wikipedia em português, Unidade 731, apenas pra fazer uma introdução de duas partes de um documentário que serão colocadas abaixo do texto sobre ação dessa unidade na China no período da Segunda Guerra Mundial.
Unidade 731 - foi uma unidade secreta de pesquisa e desenvolvimento da guerra biológica do exército imperial japonês que utilizou seres humanos em experiências secretas durante a Segunda Guerra Mundial e Segunda Guerra Sino-Japonesa (1937-1945), tendo sido responsável por alguns dos crimes de guerra na China e outros países da Ásia, numas das maiores atrocidades realizadas pelo exército imperial japonês.
Suas atividades permaneceram em segredo sob o conhecimento do governo japonês e governo norte-americano, vindo a tona a verdade em 1989 com o descobrimento de cadáveres no subsolo da cidade de Tóquio por operários.
Corpos eliminados pela Unidade 731
Sendo impossível ocultar por mais tempo a verdade, muitos fatos foram levados ao público e vítimas deixam o estado de silêncio e deram seus depoimentos sobre a unidade 731, muitas das quais são soldados norte-americanos que foram cobaias em experiências sob o comando general Shiro Ishii.
Reconhecida oficialmente pelo exército imperial japonês como o laboratório de pesquisa como o Kempeitai departamento de políticas e laboratório de prevenção a epidemias, foi ajustada às políticas, ideologias e seções da kempeitai policia militar da pré-guerra japonesa no Pacífico. Significou se opôr a ideologia e influência política dos inimigos, e reforçar a ideologia de unidades militares.
Ver também: Men behind the Sun
Unit 731
Aviso: o documentário Japan's Dirty Secret (O Segredo Sujo do Japão), que não sei se é um documentário inteiro ou parte de um documentário maior, está dividido em duas partes. A narrativa é bastante pesada e, praquelas pessoas mais 'sensíveis', é recomendável cautela se forem assistir o documentário.
Japan's Dirty Secret(O segredo sujo do Japão) - parte 1
Japan's Dirty Secret(O segredo sujo do Japão) - parte 2
Unidade 731 - foi uma unidade secreta de pesquisa e desenvolvimento da guerra biológica do exército imperial japonês que utilizou seres humanos em experiências secretas durante a Segunda Guerra Mundial e Segunda Guerra Sino-Japonesa (1937-1945), tendo sido responsável por alguns dos crimes de guerra na China e outros países da Ásia, numas das maiores atrocidades realizadas pelo exército imperial japonês.
Suas atividades permaneceram em segredo sob o conhecimento do governo japonês e governo norte-americano, vindo a tona a verdade em 1989 com o descobrimento de cadáveres no subsolo da cidade de Tóquio por operários.
Corpos eliminados pela Unidade 731
Sendo impossível ocultar por mais tempo a verdade, muitos fatos foram levados ao público e vítimas deixam o estado de silêncio e deram seus depoimentos sobre a unidade 731, muitas das quais são soldados norte-americanos que foram cobaias em experiências sob o comando general Shiro Ishii.
Reconhecida oficialmente pelo exército imperial japonês como o laboratório de pesquisa como o Kempeitai departamento de políticas e laboratório de prevenção a epidemias, foi ajustada às políticas, ideologias e seções da kempeitai policia militar da pré-guerra japonesa no Pacífico. Significou se opôr a ideologia e influência política dos inimigos, e reforçar a ideologia de unidades militares.
Ver também: Men behind the Sun
Unit 731
Aviso: o documentário Japan's Dirty Secret (O Segredo Sujo do Japão), que não sei se é um documentário inteiro ou parte de um documentário maior, está dividido em duas partes. A narrativa é bastante pesada e, praquelas pessoas mais 'sensíveis', é recomendável cautela se forem assistir o documentário.
Japan's Dirty Secret(O segredo sujo do Japão) - parte 1
Japan's Dirty Secret(O segredo sujo do Japão) - parte 2
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sábado, 7 de agosto de 2010
Novas tecnologias contra medo do esquecimento em Hiroshima e Nagasaki
Tóquio, 6 ago (EFE).- Os últimos sobreviventes do ataque atômico dos Estados Unidos sobre o Japão, há 65 anos, são hoje idosos que resistem a ideia de que suas lembranças morram com eles, situação que tentam evitar com a ajuda da tecnologia.
No Japão ainda restam 235 mil "hibakusha" (sobreviventes da bomba nuclear em Hiroshima e Nagasaki), com uma média de idade de 75 anos. Muitos sofrem de doenças relacionadas às radiações recebidas quando eram crianças por causa da explosão nuclear.
Boa parte deles dedicou a vida a lutar para que o massacre não caia no esquecimento com conferências, entrevistas e excursões pelo mundo a fim de divulgar, como símbolos vivos da tragédia, sua eloquente mensagem contra as armas nucleares.
Mas os "hibakusha" são cada vez menos e com eles se extinguem os relatos sobre o que ocorreu em 6 de agosto em Hiroshima e em 9 de agosto em Nagasaki, quando duas bombas atômicas arrasaram as cidades e acabaram com a vida de dezenas de milhares de pessoas.
No final de 1945, 140 mil pessoas morreram em Hiroshima e 74 mil em Nagasaki nesses ataques, embora as vítimas por causa das radiações nos anos posteriores foram mais numerosas.
"Vi uma chama de intensa luz púrpura e branca, as janelas explodiram e o teto veio abaixo. Os gritos dos feridos ecoavam por todas as partes", conta Naoyuki Okuma, um trabalhador de Mitsubishi Electric que tinha 19 anos quando a bomba caiu em Nagasaki.
"Como meus ferimentos eram menores do que os dos outros, me pediram para eu transportasse os feridos. Haviam pessoas atingidas por estilhaços de vidros, com braços e pernas quebrados, gente com a pele em carne viva", lembra Okuma.
Seu relato ficou perpetuado no chamado "Nagasaki Archive", uma iniciativa digital que conta com a ajuda do Google Maps. Trata-se de um mapa em 3D da cidade com fotos dos sobreviventes nos locais onde estavam no momento do ataque associados a depoimentos.
O site (http://en_nagasaki.mapping.jp/p/nagasaki-archive.html), que entrou no ar há menos de um mês, pretende "guardar a trágica experiência do passado e transformá-la em dados acessíveis às futuras gerações", afirmam os responsáveis pelo projeto, para o qual colaborou a Universidade Metropolitana de Tóquio.
"A atenção da imprensa e dos educadores e a oportunidade de tratar o tema da bomba atômica está diminuindo gradualmente, e a memória começa a desaparecer", advertem.
Pelo tag (#nagasaki0809) do microblogging Twitter é possível que qualquer usuário envie uma mensagem aos sobreviventes, as respostas aparecem sobrepostas no mapa.
Os sites dedicados aos "hibakusha" se multiplicaram nos últimos anos no Japão, onde durante décadas as vítimas de Hiroshima e Nagasaki levaram como um peso o estigma da discriminação, pois era disseminada a ideia de que os efeitos da radiação poderiam ser contagiosos.
Entre os locais emblemáticos que utilizam a internet para divulgar mensagens está no Memorial da Paz de Hiroshima, muito perto do local onde caiu a primeira bomba atômica da história.
Depois que no ano 2000 o diretor mostrasse sua preocupação pela contínua redução do número de visitas, o centro decidiu criar um "museu virtual" para que, de qualquer cantinho do mundo, seja possível fazer uma visita interativa por suas instalações (www.pcf.city.hiroshima.jp/index_e2.html).
Os responsáveis pelo museu realizaram um grande trabalho para recolher nas últimas décadas cerca de 130 mil relatos dos sobreviventes, os quais digitalizaram grande parte.
Traduzidas até agora para inglês, chinês e coreano, nesta semana o museu anunciou a próxima versão de vários testemunhos em outros sete idiomas.
O objetivo é manter viva a lembrança da tragédia para as gerações futuras. Porque, como assegura o lema do Museu de Hiroshima: "Se ninguém fala, nada muda".
Fonte: EFE
http://www.google.com/hostednews/epa/article/ALeqM5jWGU55bUH9ec9Z8HAR-p3zaD_vyg
Ler mais:
Hiroshima perdia, mas não esquece tragédia da bomba atômica
No Japão ainda restam 235 mil "hibakusha" (sobreviventes da bomba nuclear em Hiroshima e Nagasaki), com uma média de idade de 75 anos. Muitos sofrem de doenças relacionadas às radiações recebidas quando eram crianças por causa da explosão nuclear.
Boa parte deles dedicou a vida a lutar para que o massacre não caia no esquecimento com conferências, entrevistas e excursões pelo mundo a fim de divulgar, como símbolos vivos da tragédia, sua eloquente mensagem contra as armas nucleares.
Mas os "hibakusha" são cada vez menos e com eles se extinguem os relatos sobre o que ocorreu em 6 de agosto em Hiroshima e em 9 de agosto em Nagasaki, quando duas bombas atômicas arrasaram as cidades e acabaram com a vida de dezenas de milhares de pessoas.
No final de 1945, 140 mil pessoas morreram em Hiroshima e 74 mil em Nagasaki nesses ataques, embora as vítimas por causa das radiações nos anos posteriores foram mais numerosas.
"Vi uma chama de intensa luz púrpura e branca, as janelas explodiram e o teto veio abaixo. Os gritos dos feridos ecoavam por todas as partes", conta Naoyuki Okuma, um trabalhador de Mitsubishi Electric que tinha 19 anos quando a bomba caiu em Nagasaki.
"Como meus ferimentos eram menores do que os dos outros, me pediram para eu transportasse os feridos. Haviam pessoas atingidas por estilhaços de vidros, com braços e pernas quebrados, gente com a pele em carne viva", lembra Okuma.
Seu relato ficou perpetuado no chamado "Nagasaki Archive", uma iniciativa digital que conta com a ajuda do Google Maps. Trata-se de um mapa em 3D da cidade com fotos dos sobreviventes nos locais onde estavam no momento do ataque associados a depoimentos.
O site (http://en_nagasaki.mapping.jp/p/nagasaki-archive.html), que entrou no ar há menos de um mês, pretende "guardar a trágica experiência do passado e transformá-la em dados acessíveis às futuras gerações", afirmam os responsáveis pelo projeto, para o qual colaborou a Universidade Metropolitana de Tóquio.
"A atenção da imprensa e dos educadores e a oportunidade de tratar o tema da bomba atômica está diminuindo gradualmente, e a memória começa a desaparecer", advertem.
Pelo tag (#nagasaki0809) do microblogging Twitter é possível que qualquer usuário envie uma mensagem aos sobreviventes, as respostas aparecem sobrepostas no mapa.
Os sites dedicados aos "hibakusha" se multiplicaram nos últimos anos no Japão, onde durante décadas as vítimas de Hiroshima e Nagasaki levaram como um peso o estigma da discriminação, pois era disseminada a ideia de que os efeitos da radiação poderiam ser contagiosos.
Entre os locais emblemáticos que utilizam a internet para divulgar mensagens está no Memorial da Paz de Hiroshima, muito perto do local onde caiu a primeira bomba atômica da história.
Depois que no ano 2000 o diretor mostrasse sua preocupação pela contínua redução do número de visitas, o centro decidiu criar um "museu virtual" para que, de qualquer cantinho do mundo, seja possível fazer uma visita interativa por suas instalações (www.pcf.city.hiroshima.jp/index_e2.html).
Os responsáveis pelo museu realizaram um grande trabalho para recolher nas últimas décadas cerca de 130 mil relatos dos sobreviventes, os quais digitalizaram grande parte.
Traduzidas até agora para inglês, chinês e coreano, nesta semana o museu anunciou a próxima versão de vários testemunhos em outros sete idiomas.
O objetivo é manter viva a lembrança da tragédia para as gerações futuras. Porque, como assegura o lema do Museu de Hiroshima: "Se ninguém fala, nada muda".
Fonte: EFE
http://www.google.com/hostednews/epa/article/ALeqM5jWGU55bUH9ec9Z8HAR-p3zaD_vyg
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Hiroshima perdia, mas não esquece tragédia da bomba atômica
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Hiroshima perdoa, mas não esquece tragédia da bomba atômica
A cúpula Genbaku, uma das poucas construções que restou em pé em Hiroshima após a explosão
Foto: Danilo Saraiva /Terra
Danilo Saraiva
Direto de Hiroshima
Há uma sobriedade atípica em Hiroshima, um silêncio que incomoda, especialmente quando estamos falando de um país cujos telões eletrônicos, propagandistas com seus megafones e sinais de semáforo se misturam a uma população inquieta, que vai e volta freneticamente, num ritmo que parece não ter fim. Se a sensação faz parte da culpa histórica dessa ter sido a primeira cidade a ser atingida pelo impacto da guerra nuclear, é difícil dizer, mas quem já esteve na terra do sol-nascente há de concordar com tal afirmação. Em 65 anos, Hiroshima parece ter perdoado - com a cultura americana descaracterizando casas e estabelecimentos - mas não esquecido a tragédia que ocorreu em 6 de agosto de 1945.
Segundo dados do governo, a cidade recebe anualmente cerca de 3 milhões de turistas, 99% deles com um único interesse: conhecer a Praça Memorial da Paz, hipocentro da bomba, que explodiu a 500 m do centro. Apesar da importância histórica do local, sua entrada tem ares de espetáculo gore. Não dá pra deixar de notar a fixação que as pessoas têm pela guerra e o grand finale da bomba atômica. O problema é que a ficção científica acaba quando começa a nossa culpa cristã. Se teve uma coisa que o Japão aprendeu nesses anos de paz "velada" no mundo, foi destruir com qualquer sensação de prazer que o peso histórico da ameaça nuclear possa causar.
O Museu Memorial da Paz é um dos poucos museus financiados integralmente pelo governo japonês. A entrada, simbólica, custa apenas R$ 1,20 (em valor convertido), uma taxa para que ele continue em pé todos os dias do ano. Uma vez lá dentro, é possível acessar informações em nove línguas, entre elas o português.
Entre imagens da destruição e maquetes feitas para ilustrar as perdas do povo japonês, podemos ver réplicas de corpos se despedaçando, objetos e roupas que pertenceram às vítimas, todas com um pequeno texto contendo a história de cada uma delas. Há uma sala somente para Sadako Sasaki, garota que sobreviveu à bomba atômica mas morreu dez anos depois, com um quadro complicado de leucemia. Ela, como milhares de habitantes da cidade e seus arredores, tornou-se uma "gembakusha", como os japoneses chamam os sobreviventes da bomba que posteriormente desenvolveram câncer e problemas de saúde devido à radiação.
Sadako morreu em outubro de 1955, após fazer 644 "tsurus", origamis no formato de pássaros que representam a paz. Para os japoneses, Sadako é símbolo da ameaça atômica e dos horrores da guerra. Na praça memorial da paz, a menina tem até um monumento, onde diariamente grupos de crianças japonesas em idade escolar vão fazer orações.
O Museu de Hiroshima ainda abriga alguns valiosos - e raros - itens, a maior parte deles doados pelo próprio governo americano. Uma carta redigida por Albert Einstein sobre o primeiro experimento da energia atômica choca com seu passado histórico. "Pode ser que ela seja necessária no futuro", afirma ele.
No último corredor, desenhos feitos por crianças na época do bombardeio, quando a cidade ainda se reerguia. São rabiscos de pessoas andando em meio ao fogo e vários corpos flutuando pelo rio que corta a cidade. Na saída, quem quiser ainda pode passar pela conhecida chama ("aquela que só será apagada quando todas as bombas atômicas deixarem de existir") e tocar o sino mundial da paz - praticamente a única coisa que pode ser realmente ouvida na praça além do piado dos pássaros e do ziguezague dos passos.
A Cúpula Genbaku, que à noite fica iluminada em holofotes de várias cores, do lado de fora, foi a única construção que ficou de pé com a explosão. As ruínas permanecem intactas, isoladas por alarmes, segurança e alguns fortes alicerces. A construção, que pertenceu à prefeitura de Hiroshima, era para ter sido demolida, mas hoje é patrimônio mundial e a maior memória real dos japoneses - e do resto do mundo - sobre o ocorrido.
Mas a bomba não está apenas nos arredores do Parque Memorial. Há um esforço conjunto da cidade em exibir cartazes, outdoors e guias que falam sobre a ameaça radioativa. Não é raro encontrar também nas inúmeras revistarias da cidade manuais e aulas em vídeo sobre como proceder em caso de bombardeio. Tais materiais se misturam a manuais de sobrevivência em caso de desastres naturais, por exemplo. E a pomba da paz está presente em qualquer canto que se vá: nas ruas centrais, ônibus, estações de trem e praças comerciais.
Por volta dos anos 1960, uma fonte de água foi construída no centro da cidade para lembrar as vítimas do ataque. Com a pele derretendo e os órgãos sucumbidos pela radiação, as pessoas expostas ao clarão engatinhavam e andavam pelo solo quente em busca de água. A população de Hiroshima foi aconselhada a não oferecer água para ninguém, evitando contaminações. Como conseqüência, muita gente morreu de sede. A fonte, construída em mármore, tem a forma de um relógio que marca às 8h15, horário que a bomba explodiu. A água é um pedido de desculpa do Japão para saciar a "sede eterna daqueles que morreram".
O Ministério da Saúde japonês afirma que ainda existem cerca de 200 mil sobreviventes da bomba atômica vivendo em Hiroshima, a maior parte deles com mais de 70 anos. Mais da maioria sofre sequelas da radiação emitida pela bomba A. Depois de uma forte pressão da população local, o governo passou a beneficiar todos os afetados, oferecendo assistência médica gratuita e uma indenização que gira em torno de 19 mil ienes para casos mais leves e 140 mil ienes para casos graves em que se precisa de acompanhamento médico frequente.
Há quem diga que Hiroshima e suas 140 mil vítimas não chegaram perto do que o exército japonês foi capaz de fazer com seus inimigos durante a 2ª Guerra Mundial. A bomba atômica seria uma forma de fazer o mundo - e a América - se culpar por uma guerra que teria acabado bem depois, se não fosse a intervenção do Enola Gay com seu little boy cortando o céu da cidade. Mas 65 anos depois, ainda há marcas da bomba atômica em Hiroshima. Marcas essas que frearam e ainda vão frear alguns sérios conflitos políticos, pelo medo cada vez maior de uma população que não quer ser dissipada. Hiroshima ainda está de luto para ensinar que na guerra nuclear, ninguém sobrevive. Ganha quem morre por último.
Ver fotos
Fonte: Redação Terra
http://noticias.terra.com.br/mundo/noticias/0,,OI4606095-EI8142,00-Hiroshima+perdoa+mas+nao+esquece+tragedia+da+bomba+atomica.html
Ler mais:
Novas tecnologias contra medo do esquecimento em Hiroshima e Nagasaki
Ver mais:
Hiroshima foi bombardeada há 65 anos Económico(Portugal)
Hiroshima/65 anos: Um desafio que permanece Diário Digital/Lusa(Portugal)
Os 65 anos de Hiroshima - está na hora de aposentar as bombas nucleares Blue Bus(Brasil)
Hiroshima: onde o homem pôde mais que a morte Prensa Latina
Japão lembra os 65 anos da explosão de bomba atômica sobre Hiroshima Correio(Brasil)
Foto: Danilo Saraiva /Terra
Danilo Saraiva
Direto de Hiroshima
Há uma sobriedade atípica em Hiroshima, um silêncio que incomoda, especialmente quando estamos falando de um país cujos telões eletrônicos, propagandistas com seus megafones e sinais de semáforo se misturam a uma população inquieta, que vai e volta freneticamente, num ritmo que parece não ter fim. Se a sensação faz parte da culpa histórica dessa ter sido a primeira cidade a ser atingida pelo impacto da guerra nuclear, é difícil dizer, mas quem já esteve na terra do sol-nascente há de concordar com tal afirmação. Em 65 anos, Hiroshima parece ter perdoado - com a cultura americana descaracterizando casas e estabelecimentos - mas não esquecido a tragédia que ocorreu em 6 de agosto de 1945.
Segundo dados do governo, a cidade recebe anualmente cerca de 3 milhões de turistas, 99% deles com um único interesse: conhecer a Praça Memorial da Paz, hipocentro da bomba, que explodiu a 500 m do centro. Apesar da importância histórica do local, sua entrada tem ares de espetáculo gore. Não dá pra deixar de notar a fixação que as pessoas têm pela guerra e o grand finale da bomba atômica. O problema é que a ficção científica acaba quando começa a nossa culpa cristã. Se teve uma coisa que o Japão aprendeu nesses anos de paz "velada" no mundo, foi destruir com qualquer sensação de prazer que o peso histórico da ameaça nuclear possa causar.
O Museu Memorial da Paz é um dos poucos museus financiados integralmente pelo governo japonês. A entrada, simbólica, custa apenas R$ 1,20 (em valor convertido), uma taxa para que ele continue em pé todos os dias do ano. Uma vez lá dentro, é possível acessar informações em nove línguas, entre elas o português.
Entre imagens da destruição e maquetes feitas para ilustrar as perdas do povo japonês, podemos ver réplicas de corpos se despedaçando, objetos e roupas que pertenceram às vítimas, todas com um pequeno texto contendo a história de cada uma delas. Há uma sala somente para Sadako Sasaki, garota que sobreviveu à bomba atômica mas morreu dez anos depois, com um quadro complicado de leucemia. Ela, como milhares de habitantes da cidade e seus arredores, tornou-se uma "gembakusha", como os japoneses chamam os sobreviventes da bomba que posteriormente desenvolveram câncer e problemas de saúde devido à radiação.
Sadako morreu em outubro de 1955, após fazer 644 "tsurus", origamis no formato de pássaros que representam a paz. Para os japoneses, Sadako é símbolo da ameaça atômica e dos horrores da guerra. Na praça memorial da paz, a menina tem até um monumento, onde diariamente grupos de crianças japonesas em idade escolar vão fazer orações.
O Museu de Hiroshima ainda abriga alguns valiosos - e raros - itens, a maior parte deles doados pelo próprio governo americano. Uma carta redigida por Albert Einstein sobre o primeiro experimento da energia atômica choca com seu passado histórico. "Pode ser que ela seja necessária no futuro", afirma ele.
No último corredor, desenhos feitos por crianças na época do bombardeio, quando a cidade ainda se reerguia. São rabiscos de pessoas andando em meio ao fogo e vários corpos flutuando pelo rio que corta a cidade. Na saída, quem quiser ainda pode passar pela conhecida chama ("aquela que só será apagada quando todas as bombas atômicas deixarem de existir") e tocar o sino mundial da paz - praticamente a única coisa que pode ser realmente ouvida na praça além do piado dos pássaros e do ziguezague dos passos.
A Cúpula Genbaku, que à noite fica iluminada em holofotes de várias cores, do lado de fora, foi a única construção que ficou de pé com a explosão. As ruínas permanecem intactas, isoladas por alarmes, segurança e alguns fortes alicerces. A construção, que pertenceu à prefeitura de Hiroshima, era para ter sido demolida, mas hoje é patrimônio mundial e a maior memória real dos japoneses - e do resto do mundo - sobre o ocorrido.
Mas a bomba não está apenas nos arredores do Parque Memorial. Há um esforço conjunto da cidade em exibir cartazes, outdoors e guias que falam sobre a ameaça radioativa. Não é raro encontrar também nas inúmeras revistarias da cidade manuais e aulas em vídeo sobre como proceder em caso de bombardeio. Tais materiais se misturam a manuais de sobrevivência em caso de desastres naturais, por exemplo. E a pomba da paz está presente em qualquer canto que se vá: nas ruas centrais, ônibus, estações de trem e praças comerciais.
Por volta dos anos 1960, uma fonte de água foi construída no centro da cidade para lembrar as vítimas do ataque. Com a pele derretendo e os órgãos sucumbidos pela radiação, as pessoas expostas ao clarão engatinhavam e andavam pelo solo quente em busca de água. A população de Hiroshima foi aconselhada a não oferecer água para ninguém, evitando contaminações. Como conseqüência, muita gente morreu de sede. A fonte, construída em mármore, tem a forma de um relógio que marca às 8h15, horário que a bomba explodiu. A água é um pedido de desculpa do Japão para saciar a "sede eterna daqueles que morreram".
O Ministério da Saúde japonês afirma que ainda existem cerca de 200 mil sobreviventes da bomba atômica vivendo em Hiroshima, a maior parte deles com mais de 70 anos. Mais da maioria sofre sequelas da radiação emitida pela bomba A. Depois de uma forte pressão da população local, o governo passou a beneficiar todos os afetados, oferecendo assistência médica gratuita e uma indenização que gira em torno de 19 mil ienes para casos mais leves e 140 mil ienes para casos graves em que se precisa de acompanhamento médico frequente.
Há quem diga que Hiroshima e suas 140 mil vítimas não chegaram perto do que o exército japonês foi capaz de fazer com seus inimigos durante a 2ª Guerra Mundial. A bomba atômica seria uma forma de fazer o mundo - e a América - se culpar por uma guerra que teria acabado bem depois, se não fosse a intervenção do Enola Gay com seu little boy cortando o céu da cidade. Mas 65 anos depois, ainda há marcas da bomba atômica em Hiroshima. Marcas essas que frearam e ainda vão frear alguns sérios conflitos políticos, pelo medo cada vez maior de uma população que não quer ser dissipada. Hiroshima ainda está de luto para ensinar que na guerra nuclear, ninguém sobrevive. Ganha quem morre por último.
Ver fotos
Fonte: Redação Terra
http://noticias.terra.com.br/mundo/noticias/0,,OI4606095-EI8142,00-Hiroshima+perdoa+mas+nao+esquece+tragedia+da+bomba+atomica.html
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Novas tecnologias contra medo do esquecimento em Hiroshima e Nagasaki
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segunda guerra
segunda-feira, 5 de julho de 2010
John Rabe: O nazi antinazi
de FLORIAN GALLEMBERGER
A incrível história de John Rabe: um nazi que se transformou num herói anti-nazi
Manuel Halpern
Como é que um membro do Partido Nazi se transforma num herói que salva 200 mil chineses, na guerra entre o Japão e a China, que antecedeu a II Guerra Mundial? John Rabe é uma personagem fascinante. Director da Siemens em Nanjing, presenciou a invasão nipónica, onde se cometeram as maiores atrocidades, e não ficou de braços cruzados. Criou uma zona neutral, onde albergou 200 mil pessoas, poupando-as da morte e da miséria. A personagem é suficientemente ambígua para ser rica. Já é o terceiro filme dedicado a esta personagem, mas este talvez seja o mais grandioso.
Florian Gallenberg, basenado-se nos seus diários, apresenta John Rabe como uma figura incompreendida. Por viver tanto tempo na China, cerca de 20 anos, não se teria apercebido das barbaridades que se esperavam do próprio regime nazi, em que se inscrevia. Ele próprio, ingenuamente, escreveu uma carta a Hitler, denunciando os excessos da guerra nipónica. Quando regressou à Alemanha foi interrogado, mas acabou, mais tarde, por ocupar um cargo na Siemens. No final da guerra pediu a sua desnazificação. Mas demorou algum tempo a reconhecerem-se todos os seus méritos.
O filme ganha por retratar um lado menos conhecido da guerra e por conseguir criar uma personagem grandiosa, que faz um percurso humanista ao longo do tempo. O realizador coloca-nos no lugar da personagem de Steve Buscemi, o benemeritíssimo e rufião médico americano, que, desde o início, chama Rabe de nazi. Mas John Rabe não nasce grandioso, muito pelo contrário, mas faz-se o mais improvável herói de uma China dilacerada.
Fonte: AEIOU(Portugal)
http://aeiou.visao.pt/john-rabe-o-nazi-anti-nazi=f560836
Trailer do filme:
A incrível história de John Rabe: um nazi que se transformou num herói anti-nazi
Manuel Halpern
Como é que um membro do Partido Nazi se transforma num herói que salva 200 mil chineses, na guerra entre o Japão e a China, que antecedeu a II Guerra Mundial? John Rabe é uma personagem fascinante. Director da Siemens em Nanjing, presenciou a invasão nipónica, onde se cometeram as maiores atrocidades, e não ficou de braços cruzados. Criou uma zona neutral, onde albergou 200 mil pessoas, poupando-as da morte e da miséria. A personagem é suficientemente ambígua para ser rica. Já é o terceiro filme dedicado a esta personagem, mas este talvez seja o mais grandioso.
Florian Gallenberg, basenado-se nos seus diários, apresenta John Rabe como uma figura incompreendida. Por viver tanto tempo na China, cerca de 20 anos, não se teria apercebido das barbaridades que se esperavam do próprio regime nazi, em que se inscrevia. Ele próprio, ingenuamente, escreveu uma carta a Hitler, denunciando os excessos da guerra nipónica. Quando regressou à Alemanha foi interrogado, mas acabou, mais tarde, por ocupar um cargo na Siemens. No final da guerra pediu a sua desnazificação. Mas demorou algum tempo a reconhecerem-se todos os seus méritos.
O filme ganha por retratar um lado menos conhecido da guerra e por conseguir criar uma personagem grandiosa, que faz um percurso humanista ao longo do tempo. O realizador coloca-nos no lugar da personagem de Steve Buscemi, o benemeritíssimo e rufião médico americano, que, desde o início, chama Rabe de nazi. Mas John Rabe não nasce grandioso, muito pelo contrário, mas faz-se o mais improvável herói de uma China dilacerada.
Fonte: AEIOU(Portugal)
http://aeiou.visao.pt/john-rabe-o-nazi-anti-nazi=f560836
Trailer do filme:
terça-feira, 1 de setembro de 2009
China pede que História nao seja esquecida em aniversário da Segunda Guerra
Pequim, 1 set (EFE).- O Ministério de Assuntos Exteriores chinês fez hoje uma breve menção à Segunda Guerra Mundial, coincidindo com o 70° aniversário de seu início, e pediu à comunidade internacional que não esqueça esse conflito a fim de garantir um futuro melhor.
"Recordar é básico para assegurar que a História melhore, por isso é necessário que a comunidade internacional o faça para estipular as bases para a paz e a estabilidade", destacou em entrevista coletiva a porta-voz de Assuntos Exteriores, Jiang Yu.
Apesar de a guerra ter começado na Europa em 1º de setembro de 1939, com a invasão da Polônia pela Alemanha nazista, a ramificação chinesa do conflito se iniciou antes, quando o Japão criou um Estado títere no nordeste da China, em 1931, e invadiu o resto do país vizinho, em 1937.
A Segunda Guerra Mundial continua causando tensões diplomáticas entre Japão e China, já que Pequim acusa Tóquio de não ter pedido perdão pela invasão e de prestar homenagem a criminosos de guerra no santuário japonês de Yasukuni, visitado no passado recente por chefes de Governo e funcionários de alto escalão japoneses.
Esta situação pode mudar com a chegada ao poder no Japão - após meio século de domínio conservador - dos social-democratas, que prometeram que seus líderes políticos não farão visitas ao polêmico santuário xintoísta.
A porta-voz de Assuntos Exteriores chinesa expressou hoje o desejo de que após a mudança política no Japão o novo Governo "adote uma atitude responsável". EFE
Fonte: EFE
http://g1.globo.com/Noticias/Mundo/0,,MUL1287815-5602,00-CHINA+PEDE+QUE+HISTORIA+NAO+SEJA+ESQUECIDA+EM+ANIVERSARIO+DA+SEGUNDA+GUERRA.html
"Recordar é básico para assegurar que a História melhore, por isso é necessário que a comunidade internacional o faça para estipular as bases para a paz e a estabilidade", destacou em entrevista coletiva a porta-voz de Assuntos Exteriores, Jiang Yu.
Apesar de a guerra ter começado na Europa em 1º de setembro de 1939, com a invasão da Polônia pela Alemanha nazista, a ramificação chinesa do conflito se iniciou antes, quando o Japão criou um Estado títere no nordeste da China, em 1931, e invadiu o resto do país vizinho, em 1937.
A Segunda Guerra Mundial continua causando tensões diplomáticas entre Japão e China, já que Pequim acusa Tóquio de não ter pedido perdão pela invasão e de prestar homenagem a criminosos de guerra no santuário japonês de Yasukuni, visitado no passado recente por chefes de Governo e funcionários de alto escalão japoneses.
Esta situação pode mudar com a chegada ao poder no Japão - após meio século de domínio conservador - dos social-democratas, que prometeram que seus líderes políticos não farão visitas ao polêmico santuário xintoísta.
A porta-voz de Assuntos Exteriores chinesa expressou hoje o desejo de que após a mudança política no Japão o novo Governo "adote uma atitude responsável". EFE
Fonte: EFE
http://g1.globo.com/Noticias/Mundo/0,,MUL1287815-5602,00-CHINA+PEDE+QUE+HISTORIA+NAO+SEJA+ESQUECIDA+EM+ANIVERSARIO+DA+SEGUNDA+GUERRA.html
terça-feira, 18 de dezembro de 2007
Chiune Sugihara (1900-1986)
QUEM FOI CHIUNE SUGIHARA?
Por Eric Saul
Durante a última metade de século, as pessoas perguntaram, "Quem foi Chiune Sugihara?". Elas também perguntaram, 'Por que ele arriscou sua carreira, sua fortuna familiar, e as vidas de sua família para emitir vistos a refugiados judeus na Lituânia?". Estas não são questões fáceis de responder, e pode não haver um único conjunto de respostas que satisfarão nossa curiosidade e indagação.
Chiune (Sempo) Sugihara sempre fez as coisas à sua própria maneira. Ele nasceu em 1º de janeiro de 1900. Graduou-se no colégio com notas altas e seu pai insistiu que ele se tornasse médico. Mas o sonho de Chiune era estudar literatura e viver no exterior. Sugihara freqüentou a prestigiosa Universidade Waseda de Tóquio para estudar inglês. Ele pagou por sua própria educação com trabalho em meio-período, como estivador e tutor.
Um dia ele viu um anúncio nos classificados. O Ministério do Exterior estava em busca de pessoas que desejassem estudar no exterior e pudessem estar interessadas em carreira diplomática. Ele passou no difícil exame admissional e foi enviado para o intituto de língua japonesa em Harbin, China. Ele estudou russo e graduou-se com honras. Ele também converteu-se ao cristianismo ortodoxo grego. Em Harbin, ele conheceu e se casou com uma mulher caucasiana. Mais tarde eles se divorciaram. A natureza cosmopolitana de Harbin, China, abriu seus olhos para o quão diverso e interessante era o mundo.
Ele então serviu ao governo controlado pelos japoneses na Manchúria, no nordeste da China. Mais tarde ele foi promovido a Vice-Ministro do Departamento de Negócios Estrangeiros. Logo ele estava prestes a ser o Ministro de Negócios Estrangeiros na Manchúria.
Na Manchúria, ele negociou a compra do sistema ferroviário manchuriano, de propriedade russa, pelos japoneses. Isto poupou ao governo japonês milhões de dólares, e enfureceu os russos.
Sugihara ficou perturbado pela política de seu governo e pelo tratamento cruel dos chineses pelo governo japonês. Ele entregou seu cargo em protesto em 1934.
Em 1938, Sugihara foi enviado para o escritório diplomático japonês em Helsinque, Finlância. Com a Segunda Guerra Mundial ameaçando no horizonte, o governo japonês enviou Sugihara para a Lituânia para abrir um consulado em 1939. De lá ele reportaria os planos soviéticos e alemães. Seis meses depois, a guerra estourou e a União Soviética anexou a Lituânia. Os soviéticos ordenaram que todos os consulados fossem fechados. Foi neste contexto que Sugihara foi confrontado com pedidos de milhares de judeus poloneses fugindo da polônia ocupada pelos alemães.
SUGIHARA, O HOMEM
A história pessoal e o temperamento de Sugihara podem conter a chave de por que ele ter desafiado as ordens de seu governo e emitido os vistos. Sugihara puxou à personalidade da mãe. Ele se fez gentil, protetor e artista. Ele estava interessado em idéias do exterior, religião, filosofia e língua. Ele queria viajar o mundo e ver tudo o que havia, e experimentar o mundo. Tinha um forte senso de valor por toda a vida humana. Seus dotes linguísticos mostram que ele esteve sempre interessado em aprender mais sobre outros povos.
Sugihara foi um homem humilde e compreensivo. Ele era abnegado, retraídoe tinha um senso de humor muito bom. Yukiko, sua mulher, disse que ele achou muito difícil disciplinar as crianças quando elas não se comportavam. Ele nunca perdeu seu temperamento.
Sugihara também cresceu no rígido código de ética japonês de uma família samurai da virada do século. As virtudes mais importante de sua sociedades eram 'oya koko' (amor à família), 'kodomo na tamane' (pelo bem das crianças), ter 'gidi' e 'on' (dever e responsabilidade, ou obrigação de honrar uma dívida), 'gaman'(retenção das emoções), gambate (força interior e desenvoltura), e 'haji no kakate' (não trazer vergonha à família). Estas virtudes foram fortemente inculcadas pela família samurai de classes média rural de Chiune.
Foi preciso enorme coragem para Sugihara desafiar a ordem de seu pai para se tornar um médico, e em vez disso, seguir seu próprio caminho acadêmico. Foi preciso coragem para deixar o Japão e estudar no exterior. Foi preciso um homem japonês muito liberal para se casar com uma mulher caucasiana e se converter ao cristianismo. Foi preciso ainda mais coragem para se opor abertamente às políticas de expansão militar japonesas nos anos 30.
Assim, Sempo Sugihara não era um homem japonês comum e pode não ter sido um homem comum. No tempo em que ele e sua mulher Yukiko pensavam na má situação dos refugiados judeus, ele era assombrado pelas palavras de uma velha máxima samurai: "Nem mesmo um caçador pode matar um pássaro que voa para buscar refúgio nele".
Quarenta e cinco anos depois de ele assinar os vistos, Chiune foi questionado de por que ele o fez. Ele gostava de dar dois motivos:
"Eles eram seres humanos e eles precisavam de ajuda" ele dizia.
"Estou contente de ter encontrado força para tomar a decisão de os dar a eles."
Sugihara era um homem religioso e acreditava num deus universal de todas as pessoas. Ele gostava de dizer, "Eu posso ter que desobedecer meu governo, mas se eu não fizer, eu estaria desobedecendo a Deus."
A ESCOLHA DE SUGIHARA
O tempo começou a se esgotar para os refugiados à medida que Hitler estreitava a rede ao redor da Europa Oriental. Os refugiados descobriram uma idéia que eles apresentaram para Sugihara. Eles descobriram que as duas ilhas coloniais holandesas, Curaçao e Suriname, situadas no Caribe, não exigiam vistos formais de entrada, e o consul holandês informou-os que ele estaria disposto a carimbar seus passaportes com um visto holandês para aquele destino. Além disso, o cônsul holandês havia recebido permissão de seu superior em Riga para emitir tais vistos e eles estava disposto a emitir esses vistos a qualquer um que estivesse disposto a pagar uma taxa.
Para se chegar a essas duas ilhas, precisava-se passar através da União Soviética. O cônsul soviético, que era simpático à má situação dos refugiados, concordou em deixá-los passar sob uma condição: que além do visto holandês, eles também obtivessem um visto de trânsito dos japoneses, pois eles teriam que passar pelo Japão em seu caminho para Curaçao ou Suriname.
Sugihara tinha uma decisão difícil a tomar. Ele era um homem crescido na disciplina rígida e tradicional dos japoneses. Ele era um diplomata de carreira, que subitamente tinha que fazer uma escolha muito difícil. Por um lado, ele estava ligado à obediência tradicional que lhe foi ensinada por toda a sua vida. Por outro, ele era um samurai que recebera ordens para ajudar àqueles em necessidade. Ele sabia que se desafiasse as ordens de seus superiores, ele seria demitido e desonrado, e provavelmente não trabalharia novamente para o governo japonês. Isto resultaria numa enorme dificuldade financeira para sua família no futuro.
Chiune e sua esposa Yukiko Sugihara até mesmo temeram por suas vidas ao tomarem esta decisão. Eles concordaram que eles não tinham chance neste caso. O Sr. Sugihara disse, "Eu posso ter que desobedecer meu governo, mas se eu não fizer, eu estaria desobedecendo a Deus." A Sra. Sugihara lembrou que "os olhos dos refugi dos estavam tão intensos e desesperados - especialmente das mulheres e crianças. Elas eram centenas de pessoas em pé do lado de fora." Cinquenta anos depois da decisão deles, a Srª Sugihara disse: "a vida humana é muito importante, e ser virtuoso na vida também é importante." Esta foi a decisão que no final das contas salvaria o segundo maior número de judeus na Segunda Guerra Mundial. Eles escolheram ajudar os milhares que se aglomeravam em seu consulado em Kaunas.
A escolha encarada pelos Sugiharas foi um dilema moral que milhares de cônsules de todo o mundo enfrentavam todos os dias. Poucos perdiam o sono por fechar as portas na cara dos judeus. Esses cônsules seguiam as regras à risca e, em muitos casos, eram mais rígidos em emitir vistos do que seus governos exigiam. Incontáveis milhares poderiam ter sido salvos se outros cônsules tivessem agido mais como Sugihara. Se eles tivessem sido 2.000 cõnsules como Chiune Sugihara, um milhão de crianças judias poderiam ter sido salvas dos fornos de Auschwitz.
VISTOS PARA A VIDA
Por 29 dias, de 31 de julho a 28 de agosto de 1940, o Sr. e a Srª Sugihara incansavelmente sentaram-se por horas sem fim, assinando vistos com suas próprias mãos. Hora após hora, dia após dia, durante três semanas, eles escreveram vistos. Eles escreveram mais de 300 vistos por dia, o que normalmente seria mais de um mês de trabalho para o cônsul. Yukiko também o ajudou a registrar esses vistos. No fim do dia, ela massagearia as mãos fatigadas dele.
Ele nem mesmo parava para comer. Sua esposa lhe dava sanduíches. Sugihara escolheu não perder um minuto porque as pessoas estavam em fila em frente ao seu consulado, dia e noite, por estes vistos. Quando alguns começaram a subir a cerca para entrar no recinto, eles saíram e os acalmaram. Ele lhes prometeu que enquanto houvesse uma só pessoa de fora, ele não os abandonaria.
Depois de receber seus visas, os refugiados não perderam tempo em pegar o trem que os levou até Moscou, e pela ferrovia Trans-Siberiana para Vladivostok. De lá, a maioria deles seguiu para Kobe, Japão. Eles receberam permissão para ficar em Kobe por vários meses. Eles foram então enviados para Xangai, China. Todos os judeus poloneses que receberam vistos sobreviveram em segurança, sob a proteção do governo japonês em Xangai. Eles sobreviveram, graças à humanidade e coragem de Chiune e Yukiko Sugihara. Os vistos que eles emitiram tornaram-se passaportes para o mundo dos vivos. Quando Sugihara teve que deixar Kaunas para seu próximo posto em Berlim, ele entregou o carimbo de visto para um refugiado e a vida foi concedida a muitos outros judeus.
Em 1945, o governo japonês demitiu Chiune Sugihara sem cerimônia do serviço diplomático. Sua carreira como diplomata estava em pedaços. Ele tinha que começar sua vida de novo. Sugihara ficou sem emprego fixo por mais de um ano. Outrora uma estrela ascendente no serviço de exterior japonês, Chiune Sugihara trabalhou por meio período como tradutor e intérprete. Pelas últimas duas décadas de sua vida, ele trabalhou como gerente de uma companhia de exportações com negócios em Moscou. Este foi seu destino porque ele se atreveu a salvar milhares de seres humanos da morte certa.
Hoje, 50 anos após o evento, pode haver 40.000 pessoas ou mais que devem suas vidas a Chiune e Yukiko Sugihara. Duas gerações vieram depois dos sobreviventes de Sugihara, e eles devem suas vidas aos Sugiharas. Todos os sobreviventes o chamam de seu salvador, alguns o consideram um homem sagrado, e alguns acham que ele foi um santo. Yukiko Sugihara recordou que todas as vezes que ela e seu marido se encontraram ou ouviam falar das pessoas que eles salvaram, eles sentiam grande satisfação e felicidade. Eles não se arrependeram.
Depois da guerra, o Sr. Sugihara nunca mencionou ou falou a ninguém sobre seus feitos extraordinários. Foi só em 1969 que Sugihara foi encontrado por um homem que ele havia ajudado a salvar. Logo, muitos outros a quem ele tinha salvo apareceram e testemunharam ao Yad Vashem (Memorial do Holocausto) em Israel, sobre seus feitos salva-vidas. Os sobreviventes de Sugihara entregaram centenas de testemunhos em favor de seu salvador. Depois de coletar os depoimentos de todo o mundo, o comitê do Yad Vashem percebeu a enormidade da abnegação deste homem para salvar judeus. Antes de sua morte, ele recebeu a maior honraria de Israel. Em 1985, ele foi reconhecido como "Justo Entre as Nações" pela Yad Vashem Martyrs Remembrance Authority em Jerusalem. Ele também estava muito doente para viajar; sua esposa e filho receberam o título em seu nome. Depois, uma árvore foi plantada em seu nome, e um parque em Jerusalém foi batizado em sua homenagem.
Ele disse que estava muito feliz com as honras. "Eu acho que minha decisão foi humanamente correta."
Tradução: Marcelo Oliveira
Fonte: The Sugihara Project
http://www.eagleman.com/sugihara/story.html
http://www.eagleman.com/sugihara/
Publicado em: http://br.groups.yahoo.com/group/Holocausto-Doc/message/6085
Por Eric Saul
Durante a última metade de século, as pessoas perguntaram, "Quem foi Chiune Sugihara?". Elas também perguntaram, 'Por que ele arriscou sua carreira, sua fortuna familiar, e as vidas de sua família para emitir vistos a refugiados judeus na Lituânia?". Estas não são questões fáceis de responder, e pode não haver um único conjunto de respostas que satisfarão nossa curiosidade e indagação.
Chiune (Sempo) Sugihara sempre fez as coisas à sua própria maneira. Ele nasceu em 1º de janeiro de 1900. Graduou-se no colégio com notas altas e seu pai insistiu que ele se tornasse médico. Mas o sonho de Chiune era estudar literatura e viver no exterior. Sugihara freqüentou a prestigiosa Universidade Waseda de Tóquio para estudar inglês. Ele pagou por sua própria educação com trabalho em meio-período, como estivador e tutor.
Um dia ele viu um anúncio nos classificados. O Ministério do Exterior estava em busca de pessoas que desejassem estudar no exterior e pudessem estar interessadas em carreira diplomática. Ele passou no difícil exame admissional e foi enviado para o intituto de língua japonesa em Harbin, China. Ele estudou russo e graduou-se com honras. Ele também converteu-se ao cristianismo ortodoxo grego. Em Harbin, ele conheceu e se casou com uma mulher caucasiana. Mais tarde eles se divorciaram. A natureza cosmopolitana de Harbin, China, abriu seus olhos para o quão diverso e interessante era o mundo.
Ele então serviu ao governo controlado pelos japoneses na Manchúria, no nordeste da China. Mais tarde ele foi promovido a Vice-Ministro do Departamento de Negócios Estrangeiros. Logo ele estava prestes a ser o Ministro de Negócios Estrangeiros na Manchúria.
Na Manchúria, ele negociou a compra do sistema ferroviário manchuriano, de propriedade russa, pelos japoneses. Isto poupou ao governo japonês milhões de dólares, e enfureceu os russos.
Sugihara ficou perturbado pela política de seu governo e pelo tratamento cruel dos chineses pelo governo japonês. Ele entregou seu cargo em protesto em 1934.
Em 1938, Sugihara foi enviado para o escritório diplomático japonês em Helsinque, Finlância. Com a Segunda Guerra Mundial ameaçando no horizonte, o governo japonês enviou Sugihara para a Lituânia para abrir um consulado em 1939. De lá ele reportaria os planos soviéticos e alemães. Seis meses depois, a guerra estourou e a União Soviética anexou a Lituânia. Os soviéticos ordenaram que todos os consulados fossem fechados. Foi neste contexto que Sugihara foi confrontado com pedidos de milhares de judeus poloneses fugindo da polônia ocupada pelos alemães.
SUGIHARA, O HOMEM
A história pessoal e o temperamento de Sugihara podem conter a chave de por que ele ter desafiado as ordens de seu governo e emitido os vistos. Sugihara puxou à personalidade da mãe. Ele se fez gentil, protetor e artista. Ele estava interessado em idéias do exterior, religião, filosofia e língua. Ele queria viajar o mundo e ver tudo o que havia, e experimentar o mundo. Tinha um forte senso de valor por toda a vida humana. Seus dotes linguísticos mostram que ele esteve sempre interessado em aprender mais sobre outros povos.
Sugihara foi um homem humilde e compreensivo. Ele era abnegado, retraídoe tinha um senso de humor muito bom. Yukiko, sua mulher, disse que ele achou muito difícil disciplinar as crianças quando elas não se comportavam. Ele nunca perdeu seu temperamento.
Sugihara também cresceu no rígido código de ética japonês de uma família samurai da virada do século. As virtudes mais importante de sua sociedades eram 'oya koko' (amor à família), 'kodomo na tamane' (pelo bem das crianças), ter 'gidi' e 'on' (dever e responsabilidade, ou obrigação de honrar uma dívida), 'gaman'(retenção das emoções), gambate (força interior e desenvoltura), e 'haji no kakate' (não trazer vergonha à família). Estas virtudes foram fortemente inculcadas pela família samurai de classes média rural de Chiune.
Foi preciso enorme coragem para Sugihara desafiar a ordem de seu pai para se tornar um médico, e em vez disso, seguir seu próprio caminho acadêmico. Foi preciso coragem para deixar o Japão e estudar no exterior. Foi preciso um homem japonês muito liberal para se casar com uma mulher caucasiana e se converter ao cristianismo. Foi preciso ainda mais coragem para se opor abertamente às políticas de expansão militar japonesas nos anos 30.
Assim, Sempo Sugihara não era um homem japonês comum e pode não ter sido um homem comum. No tempo em que ele e sua mulher Yukiko pensavam na má situação dos refugiados judeus, ele era assombrado pelas palavras de uma velha máxima samurai: "Nem mesmo um caçador pode matar um pássaro que voa para buscar refúgio nele".
Quarenta e cinco anos depois de ele assinar os vistos, Chiune foi questionado de por que ele o fez. Ele gostava de dar dois motivos:
"Eles eram seres humanos e eles precisavam de ajuda" ele dizia.
"Estou contente de ter encontrado força para tomar a decisão de os dar a eles."
Sugihara era um homem religioso e acreditava num deus universal de todas as pessoas. Ele gostava de dizer, "Eu posso ter que desobedecer meu governo, mas se eu não fizer, eu estaria desobedecendo a Deus."
A ESCOLHA DE SUGIHARA
O tempo começou a se esgotar para os refugiados à medida que Hitler estreitava a rede ao redor da Europa Oriental. Os refugiados descobriram uma idéia que eles apresentaram para Sugihara. Eles descobriram que as duas ilhas coloniais holandesas, Curaçao e Suriname, situadas no Caribe, não exigiam vistos formais de entrada, e o consul holandês informou-os que ele estaria disposto a carimbar seus passaportes com um visto holandês para aquele destino. Além disso, o cônsul holandês havia recebido permissão de seu superior em Riga para emitir tais vistos e eles estava disposto a emitir esses vistos a qualquer um que estivesse disposto a pagar uma taxa.
Para se chegar a essas duas ilhas, precisava-se passar através da União Soviética. O cônsul soviético, que era simpático à má situação dos refugiados, concordou em deixá-los passar sob uma condição: que além do visto holandês, eles também obtivessem um visto de trânsito dos japoneses, pois eles teriam que passar pelo Japão em seu caminho para Curaçao ou Suriname.
Sugihara tinha uma decisão difícil a tomar. Ele era um homem crescido na disciplina rígida e tradicional dos japoneses. Ele era um diplomata de carreira, que subitamente tinha que fazer uma escolha muito difícil. Por um lado, ele estava ligado à obediência tradicional que lhe foi ensinada por toda a sua vida. Por outro, ele era um samurai que recebera ordens para ajudar àqueles em necessidade. Ele sabia que se desafiasse as ordens de seus superiores, ele seria demitido e desonrado, e provavelmente não trabalharia novamente para o governo japonês. Isto resultaria numa enorme dificuldade financeira para sua família no futuro.
Chiune e sua esposa Yukiko Sugihara até mesmo temeram por suas vidas ao tomarem esta decisão. Eles concordaram que eles não tinham chance neste caso. O Sr. Sugihara disse, "Eu posso ter que desobedecer meu governo, mas se eu não fizer, eu estaria desobedecendo a Deus." A Sra. Sugihara lembrou que "os olhos dos refugi dos estavam tão intensos e desesperados - especialmente das mulheres e crianças. Elas eram centenas de pessoas em pé do lado de fora." Cinquenta anos depois da decisão deles, a Srª Sugihara disse: "a vida humana é muito importante, e ser virtuoso na vida também é importante." Esta foi a decisão que no final das contas salvaria o segundo maior número de judeus na Segunda Guerra Mundial. Eles escolheram ajudar os milhares que se aglomeravam em seu consulado em Kaunas.
A escolha encarada pelos Sugiharas foi um dilema moral que milhares de cônsules de todo o mundo enfrentavam todos os dias. Poucos perdiam o sono por fechar as portas na cara dos judeus. Esses cônsules seguiam as regras à risca e, em muitos casos, eram mais rígidos em emitir vistos do que seus governos exigiam. Incontáveis milhares poderiam ter sido salvos se outros cônsules tivessem agido mais como Sugihara. Se eles tivessem sido 2.000 cõnsules como Chiune Sugihara, um milhão de crianças judias poderiam ter sido salvas dos fornos de Auschwitz.
VISTOS PARA A VIDA
Por 29 dias, de 31 de julho a 28 de agosto de 1940, o Sr. e a Srª Sugihara incansavelmente sentaram-se por horas sem fim, assinando vistos com suas próprias mãos. Hora após hora, dia após dia, durante três semanas, eles escreveram vistos. Eles escreveram mais de 300 vistos por dia, o que normalmente seria mais de um mês de trabalho para o cônsul. Yukiko também o ajudou a registrar esses vistos. No fim do dia, ela massagearia as mãos fatigadas dele.
Ele nem mesmo parava para comer. Sua esposa lhe dava sanduíches. Sugihara escolheu não perder um minuto porque as pessoas estavam em fila em frente ao seu consulado, dia e noite, por estes vistos. Quando alguns começaram a subir a cerca para entrar no recinto, eles saíram e os acalmaram. Ele lhes prometeu que enquanto houvesse uma só pessoa de fora, ele não os abandonaria.
Depois de receber seus visas, os refugiados não perderam tempo em pegar o trem que os levou até Moscou, e pela ferrovia Trans-Siberiana para Vladivostok. De lá, a maioria deles seguiu para Kobe, Japão. Eles receberam permissão para ficar em Kobe por vários meses. Eles foram então enviados para Xangai, China. Todos os judeus poloneses que receberam vistos sobreviveram em segurança, sob a proteção do governo japonês em Xangai. Eles sobreviveram, graças à humanidade e coragem de Chiune e Yukiko Sugihara. Os vistos que eles emitiram tornaram-se passaportes para o mundo dos vivos. Quando Sugihara teve que deixar Kaunas para seu próximo posto em Berlim, ele entregou o carimbo de visto para um refugiado e a vida foi concedida a muitos outros judeus.
Em 1945, o governo japonês demitiu Chiune Sugihara sem cerimônia do serviço diplomático. Sua carreira como diplomata estava em pedaços. Ele tinha que começar sua vida de novo. Sugihara ficou sem emprego fixo por mais de um ano. Outrora uma estrela ascendente no serviço de exterior japonês, Chiune Sugihara trabalhou por meio período como tradutor e intérprete. Pelas últimas duas décadas de sua vida, ele trabalhou como gerente de uma companhia de exportações com negócios em Moscou. Este foi seu destino porque ele se atreveu a salvar milhares de seres humanos da morte certa.
Hoje, 50 anos após o evento, pode haver 40.000 pessoas ou mais que devem suas vidas a Chiune e Yukiko Sugihara. Duas gerações vieram depois dos sobreviventes de Sugihara, e eles devem suas vidas aos Sugiharas. Todos os sobreviventes o chamam de seu salvador, alguns o consideram um homem sagrado, e alguns acham que ele foi um santo. Yukiko Sugihara recordou que todas as vezes que ela e seu marido se encontraram ou ouviam falar das pessoas que eles salvaram, eles sentiam grande satisfação e felicidade. Eles não se arrependeram.
Depois da guerra, o Sr. Sugihara nunca mencionou ou falou a ninguém sobre seus feitos extraordinários. Foi só em 1969 que Sugihara foi encontrado por um homem que ele havia ajudado a salvar. Logo, muitos outros a quem ele tinha salvo apareceram e testemunharam ao Yad Vashem (Memorial do Holocausto) em Israel, sobre seus feitos salva-vidas. Os sobreviventes de Sugihara entregaram centenas de testemunhos em favor de seu salvador. Depois de coletar os depoimentos de todo o mundo, o comitê do Yad Vashem percebeu a enormidade da abnegação deste homem para salvar judeus. Antes de sua morte, ele recebeu a maior honraria de Israel. Em 1985, ele foi reconhecido como "Justo Entre as Nações" pela Yad Vashem Martyrs Remembrance Authority em Jerusalem. Ele também estava muito doente para viajar; sua esposa e filho receberam o título em seu nome. Depois, uma árvore foi plantada em seu nome, e um parque em Jerusalém foi batizado em sua homenagem.
Ele disse que estava muito feliz com as honras. "Eu acho que minha decisão foi humanamente correta."
Tradução: Marcelo Oliveira
Fonte: The Sugihara Project
http://www.eagleman.com/sugihara/story.html
http://www.eagleman.com/sugihara/
Publicado em: http://br.groups.yahoo.com/group/Holocausto-Doc/message/6085
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