Em 1941 Auschwitz tinha 2 fornos com muflas duplas a coque que foram construídos pela empresa alemã Topf and Sons. Um outro forno com mufla dupla foi adicionado na primavera de 1942. Cada mufla pode ser considerada como um forno, de modo que haviam 6 fornos no campo durante este período. Os seis fornos estavam no campo principal, também conhecido como Stammlager ou Auschwitz I. Estes seis fornos estavam alojados em um crematório conhecido como Krema I como é conhecido em grande parte da literatura. No verão de 1942, o Escritório de Construção de Auschwitz, conhecido como Bauleitung, começou a construir quatro novos crematórios na área do campo de Birkenau, também conhecido como Auschwitz II. Esses quatro crematórios abrigavam 46 fornos adicionais. Cada um dos Kremas II e III possuíam 5 fornos com muflas triplas (15 fornos em cada), enquanto os Kremas IV e V possuíam oito fornos com muflas simples (8 fornos em cada). Tal como os seis fornos do campo principal, os 46 fornos novos foram construídos pela Topf and Sons, e o coque era o combustível.[14] Nenhum destes fatos é contestado pelos negadores, tampouco por seus críticos.
A principal questão contestada pelos negadores é o motivo pelo qual o Bauleitung começou a construir tantos fornos. Historiadores hà muito tempo reconheceram que a criação extensiva foi porque as autoridades queriam cometer assassinato em massa e queriam um meio eficaz de eliminação dos corpos, bem como estruturas que poderiam ser utilizados para gasear prisioneiros. A esta altura, a construção tinha começado, em Birkenau havia duas estruturas que foram usadas nos gaseamentos. Elas estavam localizadas na área arborizada, atrás do campo. Havia também uma câmara de gás no crematório localizado no campo principal que abrigava seis fornos.[15] Nos testes forenses feitos pelo Instituto de Pesquisas Forenses de Cracóvia, na Polônia em 1994, encontraram traços do venenoso ácido hidrociânico em todos os cinco crematórios, [16] coerentes com a grande quantidade de testemunhos e outros documentos de Auschwitz que mostram que estas estruturas foram utilizadas como câmaras de gás.[17] As duas estruturas na área arborizada foram completamente destruídas pelos alemães, e nenhum traço permaneceu. No entanto, como se verá mais adiante, não existem evidências fotográficas destas estruturas.
Negadores alegam que não houve gaseamentos em Auschwitz. Eles atribuem a construção dos fornos para vários outros fatores. Em 1977, Arthur Butz, o mais conhecido dos negadores americanos, insinuou que o tifo foi um dos principais motivos para a construção de tantos fornos. No entanto, esta indireta tornou-se explícita, e em 1992 ele estava atribuindo a epidemia de tifo que varreu o campo no verão de 1942, como o motivo da construção da campanha. [18] Carlo Mattogno atribui a construção à epidemia de tifo e à uma decisão das autoridades do campo para expandir profundamente a população do campo.[19]
Um dos motivos dos negadores para utilizarem este argumento é que eles têm que encontrar uma justificativa para a criação de tantos fornos. Este argumento também envolve a quantidade de corpos que estes novos fornos poderiam dispor no período de 24 horas. Um relatório do Bauleitung de junho de 1943, depois que todos os fornos estavam em funcionamento no mesmo período, colocou a capacidade de cremação de todos os 52 fornos em 4.756 corpos por dia.[20] Negadores não entram em acordo quanto a esta questão, mas Butz e Mattogno colocam a capacidade de cremação em 1.000 por dia e 30.000 por mês.[21] Mattogno alega que a capacidade máxima de cremação dos 6 fornos originais era de 120 por dia, [22] mesmo que ele esteja familiarizado com as evidências de outro campo de concentração que mostrou que a o forno com mufla dupla poderia cremar 52 por dia ou 26 por mufla.[23]
Em agosto de 1942, durante o pior período da epidemia de tifo, o campo de Auschwitz-Birkenau tinha 21.451 prisioneiros do sexo masculino.[24] A informação da população feminina é desconhecida. No entanto, sabe-se que a população feminina em dezembro de 1942 era de 8.200.[25] Segundo os cálculos dos negadores, isso significa que as autoridades do campo estavam construindo crematórios o suficiente para cremar toda a população do campo no verão de 1942 em um mês. Segundo o Bauleitung, esta capacidade era suficiente para crema a população em um semana. Mesmo admitindo que o número do Bauleitung de 4.756 por dia, era demasiado elevado, a questão que se coloca, é a razão porque as autoridades do campo pensaram que era necessária elevada capacidade de cremação. A maior quantidade de presos registrada no campo foi no verão de 1944, quando chegou a pouco mais de 92.000.[26]
É fácil ver porque os negadores são dependentes em culpar o tifo como a razão para a cnstrução dos crematórios. Sem essas centenas de milhares de mortes, não haveria qualquer justificativa para esta enorme campanha de construção. Não pode haver dúvida que o tifo foi o grande problema para as autoridades do campo no verão de 1942. Em quase todas as memórias de Auschwitz a doença é citada. A questão é quantas pessoas realmente morreram de tifo.
É conhecido à partir de registros do campo que havia cerca de 404.000 prisioneiros registrados no campo durante os seus 4 ½ anos de existência.[27] O historiador polonês, Dr.Franciszek Piper fez o mais completo estudo demográfico de Auschwitz já empreendido e rastreou cerca de 1,3 milhões de prisioneiros para o campo. Ele localizou 1,1 milhões que foram mortos. Isso inclui 200.000 presos registrados e 900.000 presos que nunca tiveram registro, porque foram mortos já na chegada.[28] Negadores nunca foram capazes de responder pelos desaparecidos.
Em 1989, os arquivos de Auschwitz em Moscou foram abertos pela primeira vez desde que os soviéticos libertaram o campo em janeiro de 1945. Estes arquivos contêm milhares de documentos que sobreviveram à destruição do campo quando as autoridades do campo fugiram do avanço soviético. Dentre os itens estavam os livros de óbito de Auschwitz. Estes livros contêm os atestados de óbito somente dos prisioneiros registrados. Os prisioneiros não registrados eram mortos na chegada e não receberam atestado de óbito. Os livros de óbito estão incompletos. Eles contêm os atestados de 68.864 presos registrados que morreram no período de agosto de 1941 a dezembro de 1943. Não existem livros para 1944 e nem anteriores a agosto de 1941. Eles desapareceram ou foram destruídos. Além disso, hà uma série de livros em falta para o período de agosto de 1941 a dezembro de 1943. No entanto cada livro contém entre 1.400 e 1.500 entradas.[29] Por interpolação estão faltando 1.500 entradas em cada livro de óbito que podem chegar a 80.000 mortes de prisioneiros registrados para 1942 e 1943.[30] Dr.Tadeusz Paczula, um ex-detento de Auschwitz, chegou ao campo em 1940. Ele mantinha os atestados de óbito para os detentos registrados. Ele testemunho que nos dois anos seguintes, até o verão de 142, cerca de 130.000 nomes foram escritos nos livros de óbito.[31] No entanto, os cerca de 69.000 atestados de óbito disponíveis para pesquisadores oferecem a oportunidade de ver exatamente o que estava matando os prisioneiros registrados. Sabemos agora, com base nesses atestados que poucos prisioneiros morreram de tifo.[32] Eles mostram que apenas 2.060 dos 68.864 óbitos foram de tifo. Embora o tifo possa ser letal, ele não é necessariamente assim. Lucie Adelsberger, um prisioneiro judeu e médico do campo, contraiu tifo, o colocaram de quarentena, e ele retomou suas tarefas após a recuperação.[33] Do mesmo modo, Ella Lingens Reiner, médica alemã que também era prisioneira, contraiu tifo e sobreviveu.[34] Uma das primeiras memórias de Auschwitz, escrita em 1947, relata um episódio com o médico do campo, Josef Mengele, que mais tarde ficou conhecido como “Anjo da Morte”, por causa de suas experiências médicas. Mengele ficou desequilibrado por casa de tifo epidêmico. O antigo prisioneiro escreveu: “Infelizmente, a epidemia de tifo causou furor no campo, mas nesta altura tínhamos relativamente poucas vítimas. No mesmo dia ele[Mengele] enviou-nos uma grande quantidade de soros e vacinas.”[35] Petro Mirchuk, um prisioneiro ucraniano, escreveu sobre um despiolhamento em agosto de 1942, o pior mês da epidemia, “eliminaram a epidemia e os bilhões de pulgas e piolhos deixaram de existir.”[36]
Desta forma, pode-se observar que as pessoas podiam recuperar-se do tifo, e que as autoridades dispunham de meios para combater a doença. O que então estava matando todos os prisioneiros registrados se não era tifo? Talvez o mais revelador dos livros de óbito é o que eles afirmam que foi a causa da morte. Muitas das causas lidem com várias formas de insuficiência cardíaca, “ataque cardíaco”, “degeneração do músculo cardíaco”, “coração e colapso circulatório” e etc. Existem mais de 25.000 óbitos enumerados que dizem respeito a algum tipo de problema cardíaco. Outras causas lidavam com debilidade física geral, tuberculose, pleurisia (problema pulmonar), gastroenterite, pneumonia e etc. Pessoas de 50 [anos]contavam abaixo de 59.000 mortes. Aqueles de 40 [anos], acima de 44.000 mortes.[37] Apesar de todas essas mortes terem sido possíveis para pessoas com tifo que não foram tratados, simplesmente não é possível para a idade das pessoas listadas que morreu de outras causas citadas.
Pessoas jovens, com raras exceções, não morrem de ataques do coração. Em alguns casos, crianças morriam de “decrepitude” uma doença de idosos.[38]
Como pode então no atestado de óbito estar explicado uma causa que não está de acordo com a realidade? A única explicação é que as autoridades do campo estavam envolvidas em uma campanha de assassinato em massa dos prisioneiros registrados. Parte destes tem a ver com o tifo. Wieslaw Kielar, um prisioneiro polonês, foi um dos acusados de fazer atestados de óbito. Ele escreve que o método para se livrar da doença era assassinar os prisioneiros. Suas memórias foram escritas em 1972, dezessete anos antes da descoberta dos livros de óbito. Ele descreve a falsificação dos atestados de óbito:
A descrição de Kielar é confirmada pela morte de 168 prisioneiros que foram fuzilados em 27 de maio de 1942, mas cuja causa da morte foi listada como “ataque cardíaco”.[40]
Ella Lingens Reiner, a médica alemã acima citada, escreveu que os pacientes com tifo foram mortos por injeção de fenol. “o resultado foi que nós, médicos-prisioneiros, simplesmente disfarçávamos tifo como gripe em nossas listas”.[41] Os livros de óbito mostram 1.194 atestados de óbito listando gripe como a causa da morte.[42]
Pery Broad um soldado SS de primeira classe, transferido para Auschwitz, fez uma observação semelhante nas suas memórias escritas pouco tempo depois do fim da guerra. Ele escreveu que os atestados de óbito:
Jenny Schnauer, uma presa austríaca, também registrava no livro de óbitos. Ela testemunhou no julgamento de Auschwitz, na Alemanha, em meados dos anos 1960 como segue:
,
Apesar dos negadores rejeitarem todos os testemunhos do pós-guerra como fraudulentos, as referidas observações por quatro testemunhas que ali estavam confirmam exatamente o que estava nos livros de óbito. Além disso, estas observações foram feitas anos antes da descoberta dos livros de óbito. A menos que uma está disposta a acreditar que a insuficiência cardíaca e outras causas foram improváveis, matando milhares de pessoas que não correm risco para essas doenças, então a única opção é a de reconhecer o rigor do exposto nas memórias e testemunhos dos massacres que foram tendo lugar em Auschwitz. De qualquer forma, os livros da morte e os testemunhos, provam que não era de tifo que os prisioneiros morriam – e certamente não é o suficiente para justificar a construção de tantos fornos.
Previsivelmente, os negadores têm ignorado totalmente as causa de mortes listadas nos livros de óbito, desde que essa informação foi publicada pela primeira vez em 1995. Ou melhor, Mattogno e outros continuam a propagar que o mito do tifo foi responsável pela alta mortalidade dos presos. Um post-script atribuindo erroneamente o tifo como uma das principais causas de morte também se coloca no campo de prisioneiros de guerra soviéticos de Mogilev, um campo na Bielorússia. Era comum acreditarem que todos esses soldados morreram de tifo. A capacidade estimada dos fornos crematórios de Mogilev era 3.000 por dia. No entanto, já é sabido que haviam relativamente poucas mortes por tifo. Pelo contrário, a política de extermínio, através do trabalho, fome e frio resultou na maior parte das mortes.[45]
Fonte: The Holocaust History Project - http://www.holocaust-history.org/auschwitz/body-disposal/
Tradução: Leo Gott
A principal questão contestada pelos negadores é o motivo pelo qual o Bauleitung começou a construir tantos fornos. Historiadores hà muito tempo reconheceram que a criação extensiva foi porque as autoridades queriam cometer assassinato em massa e queriam um meio eficaz de eliminação dos corpos, bem como estruturas que poderiam ser utilizados para gasear prisioneiros. A esta altura, a construção tinha começado, em Birkenau havia duas estruturas que foram usadas nos gaseamentos. Elas estavam localizadas na área arborizada, atrás do campo. Havia também uma câmara de gás no crematório localizado no campo principal que abrigava seis fornos.[15] Nos testes forenses feitos pelo Instituto de Pesquisas Forenses de Cracóvia, na Polônia em 1994, encontraram traços do venenoso ácido hidrociânico em todos os cinco crematórios, [16] coerentes com a grande quantidade de testemunhos e outros documentos de Auschwitz que mostram que estas estruturas foram utilizadas como câmaras de gás.[17] As duas estruturas na área arborizada foram completamente destruídas pelos alemães, e nenhum traço permaneceu. No entanto, como se verá mais adiante, não existem evidências fotográficas destas estruturas.
Negadores alegam que não houve gaseamentos em Auschwitz. Eles atribuem a construção dos fornos para vários outros fatores. Em 1977, Arthur Butz, o mais conhecido dos negadores americanos, insinuou que o tifo foi um dos principais motivos para a construção de tantos fornos. No entanto, esta indireta tornou-se explícita, e em 1992 ele estava atribuindo a epidemia de tifo que varreu o campo no verão de 1942, como o motivo da construção da campanha. [18] Carlo Mattogno atribui a construção à epidemia de tifo e à uma decisão das autoridades do campo para expandir profundamente a população do campo.[19]
Um dos motivos dos negadores para utilizarem este argumento é que eles têm que encontrar uma justificativa para a criação de tantos fornos. Este argumento também envolve a quantidade de corpos que estes novos fornos poderiam dispor no período de 24 horas. Um relatório do Bauleitung de junho de 1943, depois que todos os fornos estavam em funcionamento no mesmo período, colocou a capacidade de cremação de todos os 52 fornos em 4.756 corpos por dia.[20] Negadores não entram em acordo quanto a esta questão, mas Butz e Mattogno colocam a capacidade de cremação em 1.000 por dia e 30.000 por mês.[21] Mattogno alega que a capacidade máxima de cremação dos 6 fornos originais era de 120 por dia, [22] mesmo que ele esteja familiarizado com as evidências de outro campo de concentração que mostrou que a o forno com mufla dupla poderia cremar 52 por dia ou 26 por mufla.[23]
Em agosto de 1942, durante o pior período da epidemia de tifo, o campo de Auschwitz-Birkenau tinha 21.451 prisioneiros do sexo masculino.[24] A informação da população feminina é desconhecida. No entanto, sabe-se que a população feminina em dezembro de 1942 era de 8.200.[25] Segundo os cálculos dos negadores, isso significa que as autoridades do campo estavam construindo crematórios o suficiente para cremar toda a população do campo no verão de 1942 em um mês. Segundo o Bauleitung, esta capacidade era suficiente para crema a população em um semana. Mesmo admitindo que o número do Bauleitung de 4.756 por dia, era demasiado elevado, a questão que se coloca, é a razão porque as autoridades do campo pensaram que era necessária elevada capacidade de cremação. A maior quantidade de presos registrada no campo foi no verão de 1944, quando chegou a pouco mais de 92.000.[26]
É fácil ver porque os negadores são dependentes em culpar o tifo como a razão para a cnstrução dos crematórios. Sem essas centenas de milhares de mortes, não haveria qualquer justificativa para esta enorme campanha de construção. Não pode haver dúvida que o tifo foi o grande problema para as autoridades do campo no verão de 1942. Em quase todas as memórias de Auschwitz a doença é citada. A questão é quantas pessoas realmente morreram de tifo.
É conhecido à partir de registros do campo que havia cerca de 404.000 prisioneiros registrados no campo durante os seus 4 ½ anos de existência.[27] O historiador polonês, Dr.Franciszek Piper fez o mais completo estudo demográfico de Auschwitz já empreendido e rastreou cerca de 1,3 milhões de prisioneiros para o campo. Ele localizou 1,1 milhões que foram mortos. Isso inclui 200.000 presos registrados e 900.000 presos que nunca tiveram registro, porque foram mortos já na chegada.[28] Negadores nunca foram capazes de responder pelos desaparecidos.
Em 1989, os arquivos de Auschwitz em Moscou foram abertos pela primeira vez desde que os soviéticos libertaram o campo em janeiro de 1945. Estes arquivos contêm milhares de documentos que sobreviveram à destruição do campo quando as autoridades do campo fugiram do avanço soviético. Dentre os itens estavam os livros de óbito de Auschwitz. Estes livros contêm os atestados de óbito somente dos prisioneiros registrados. Os prisioneiros não registrados eram mortos na chegada e não receberam atestado de óbito. Os livros de óbito estão incompletos. Eles contêm os atestados de 68.864 presos registrados que morreram no período de agosto de 1941 a dezembro de 1943. Não existem livros para 1944 e nem anteriores a agosto de 1941. Eles desapareceram ou foram destruídos. Além disso, hà uma série de livros em falta para o período de agosto de 1941 a dezembro de 1943. No entanto cada livro contém entre 1.400 e 1.500 entradas.[29] Por interpolação estão faltando 1.500 entradas em cada livro de óbito que podem chegar a 80.000 mortes de prisioneiros registrados para 1942 e 1943.[30] Dr.Tadeusz Paczula, um ex-detento de Auschwitz, chegou ao campo em 1940. Ele mantinha os atestados de óbito para os detentos registrados. Ele testemunho que nos dois anos seguintes, até o verão de 142, cerca de 130.000 nomes foram escritos nos livros de óbito.[31] No entanto, os cerca de 69.000 atestados de óbito disponíveis para pesquisadores oferecem a oportunidade de ver exatamente o que estava matando os prisioneiros registrados. Sabemos agora, com base nesses atestados que poucos prisioneiros morreram de tifo.[32] Eles mostram que apenas 2.060 dos 68.864 óbitos foram de tifo. Embora o tifo possa ser letal, ele não é necessariamente assim. Lucie Adelsberger, um prisioneiro judeu e médico do campo, contraiu tifo, o colocaram de quarentena, e ele retomou suas tarefas após a recuperação.[33] Do mesmo modo, Ella Lingens Reiner, médica alemã que também era prisioneira, contraiu tifo e sobreviveu.[34] Uma das primeiras memórias de Auschwitz, escrita em 1947, relata um episódio com o médico do campo, Josef Mengele, que mais tarde ficou conhecido como “Anjo da Morte”, por causa de suas experiências médicas. Mengele ficou desequilibrado por casa de tifo epidêmico. O antigo prisioneiro escreveu: “Infelizmente, a epidemia de tifo causou furor no campo, mas nesta altura tínhamos relativamente poucas vítimas. No mesmo dia ele[Mengele] enviou-nos uma grande quantidade de soros e vacinas.”[35] Petro Mirchuk, um prisioneiro ucraniano, escreveu sobre um despiolhamento em agosto de 1942, o pior mês da epidemia, “eliminaram a epidemia e os bilhões de pulgas e piolhos deixaram de existir.”[36]
Desta forma, pode-se observar que as pessoas podiam recuperar-se do tifo, e que as autoridades dispunham de meios para combater a doença. O que então estava matando todos os prisioneiros registrados se não era tifo? Talvez o mais revelador dos livros de óbito é o que eles afirmam que foi a causa da morte. Muitas das causas lidem com várias formas de insuficiência cardíaca, “ataque cardíaco”, “degeneração do músculo cardíaco”, “coração e colapso circulatório” e etc. Existem mais de 25.000 óbitos enumerados que dizem respeito a algum tipo de problema cardíaco. Outras causas lidavam com debilidade física geral, tuberculose, pleurisia (problema pulmonar), gastroenterite, pneumonia e etc. Pessoas de 50 [anos]contavam abaixo de 59.000 mortes. Aqueles de 40 [anos], acima de 44.000 mortes.[37] Apesar de todas essas mortes terem sido possíveis para pessoas com tifo que não foram tratados, simplesmente não é possível para a idade das pessoas listadas que morreu de outras causas citadas.
Pessoas jovens, com raras exceções, não morrem de ataques do coração. Em alguns casos, crianças morriam de “decrepitude” uma doença de idosos.[38]
Como pode então no atestado de óbito estar explicado uma causa que não está de acordo com a realidade? A única explicação é que as autoridades do campo estavam envolvidas em uma campanha de assassinato em massa dos prisioneiros registrados. Parte destes tem a ver com o tifo. Wieslaw Kielar, um prisioneiro polonês, foi um dos acusados de fazer atestados de óbito. Ele escreve que o método para se livrar da doença era assassinar os prisioneiros. Suas memórias foram escritas em 1972, dezessete anos antes da descoberta dos livros de óbito. Ele descreve a falsificação dos atestados de óbito:
A descrição de Kielar é confirmada pela morte de 168 prisioneiros que foram fuzilados em 27 de maio de 1942, mas cuja causa da morte foi listada como “ataque cardíaco”.[40]
Ella Lingens Reiner, a médica alemã acima citada, escreveu que os pacientes com tifo foram mortos por injeção de fenol. “o resultado foi que nós, médicos-prisioneiros, simplesmente disfarçávamos tifo como gripe em nossas listas”.[41] Os livros de óbito mostram 1.194 atestados de óbito listando gripe como a causa da morte.[42]
Pery Broad um soldado SS de primeira classe, transferido para Auschwitz, fez uma observação semelhante nas suas memórias escritas pouco tempo depois do fim da guerra. Ele escreveu que os atestados de óbito:
Jenny Schnauer, uma presa austríaca, também registrava no livro de óbitos. Ela testemunhou no julgamento de Auschwitz, na Alemanha, em meados dos anos 1960 como segue:
,
A maioria das causas de morte eram fictícias. Assim por exemplo, não nos era permitido escrever “tiro tentando fugir” no livro; eu tinha que escrever “ataque cardíaco” e “debilidade cardíaca” era a causa listada ao invés de “desnutrição”.[44]
Apesar dos negadores rejeitarem todos os testemunhos do pós-guerra como fraudulentos, as referidas observações por quatro testemunhas que ali estavam confirmam exatamente o que estava nos livros de óbito. Além disso, estas observações foram feitas anos antes da descoberta dos livros de óbito. A menos que uma está disposta a acreditar que a insuficiência cardíaca e outras causas foram improváveis, matando milhares de pessoas que não correm risco para essas doenças, então a única opção é a de reconhecer o rigor do exposto nas memórias e testemunhos dos massacres que foram tendo lugar em Auschwitz. De qualquer forma, os livros da morte e os testemunhos, provam que não era de tifo que os prisioneiros morriam – e certamente não é o suficiente para justificar a construção de tantos fornos.
Previsivelmente, os negadores têm ignorado totalmente as causa de mortes listadas nos livros de óbito, desde que essa informação foi publicada pela primeira vez em 1995. Ou melhor, Mattogno e outros continuam a propagar que o mito do tifo foi responsável pela alta mortalidade dos presos. Um post-script atribuindo erroneamente o tifo como uma das principais causas de morte também se coloca no campo de prisioneiros de guerra soviéticos de Mogilev, um campo na Bielorússia. Era comum acreditarem que todos esses soldados morreram de tifo. A capacidade estimada dos fornos crematórios de Mogilev era 3.000 por dia. No entanto, já é sabido que haviam relativamente poucas mortes por tifo. Pelo contrário, a política de extermínio, através do trabalho, fome e frio resultou na maior parte das mortes.[45]
Fonte: The Holocaust History Project - http://www.holocaust-history.org/auschwitz/body-disposal/
Tradução: Leo Gott
Foram escritos por um médico prisioneiro que trabalhava no hospital, que foi treinado para inventar esses relatórios de cada prisioneiro que tinha morrido no campo, qualquer que fosse a causa. Todas as inúmeras vítimas, aqueles que...foram baleados no Bloco 11, [bloco de execução]ou os doentes que tinha fenol injetados em seu coração, as vítimas de fome ou tortura, todos eles tinha, infelizmente, perdido suas vidas, de acordo com o livro de óbitos, por sucumbir a algumas doenças comuns.[43]
Meu trabalho consistia em escrever os atestados de óbito. A descrição da doença para a qual o prisioneiro havia morrido também era aplicada àqueles que tinham sido assassinados no campo.Tiro, morto por injeção, câmara de gás. Cada um tinha que ter o seu caso na história – um fictício, claro. Isso foi o que as autoridades do campo exigiram, e o que eu fui ordenado a fazer. Devo admitir que, para começar, eu escrevi "insuficiência cardíaca", no caso dos prisioneiros que eu sabia que tinham sido baleados. Mais tarde, porém, decidi que tinha havido muitas destas falhas de coração ...No caso de um homem por exemplo que tinha sido baleado, eu escrevi diarréia. Em resumo não eram mais do que descarados atestados de óbito falsificados, uma obliteração de todos os vestígios do massacre que havia sido cometido a presos indefesos.[39]
Continuação - Partes: [ 1 ];[ 3 ];[ 4 ];[ 5 ];[ 6 ];[ 7 ];[ 8 ];[ 9 ]
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