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sexta-feira, 20 de dezembro de 2013

Doutores do inferno: experimentos com tifo

Publicado em 12 junho, 2012

O tifo se converteu num problema médico de primeira magnitude no outono de 1941, depois que a Alemanha atacou a Rússia. Como naquele momento escasseavam as vacinas, só se imunizavam contra o tifo o pessoal de saúde sanitária que ocupava postos de risco.

Entre dezembro de 1941 e março de 1942, iniciou-se um perverso e mortífero programa de experimentação médica usando reclusos dos campos de concentração de Buchenwald e Natzweiler. Seu propósito era avaliar diversas vacinas contra o tifo, a febre amarela, a varíola, a febre paratifoide A e B, o cólera e a difteria. Esperava-se com ele produzir um soro de convalescente para combater o tifo.

Durante o processo foi demonstrado que 729 presos foram submetidos a experimentos com tifo, dos quais 154 morreram. (…)

Ainda que os imputados Handloser, Schroeder, Genzken, Rudolf Brandt, Mrugowsky, Sievers, Rose e Hoven fossem condenados por experimentos com tifo que constituíam delito criminoso, a maioria dos experimentos realizados em Buchenwald foi conduzido por um médico de sinistra fama, conhecido como o doutor Ding (Schuler), que se suicidou ao término da guerra e, portanto, não pode ser conduzido à justiça. O diário profissional do doutor Ding sobreviveu e, passado um tempo, foi entregue ao magistrado chefe para crimes de guerra, o general norte-americano Telford Taylor, e passou a ser uma das 1471 provas documentais preparadas pelos alemães. Desempenhou papel essencial na hora de condenar os médicos depravados.

Doutor Eugen Haagen
O doutor Eugen Haagen, oficial do Serviço Médico da Força Aérea e professor da universidade de Estrasburgo (França) durante a ocupação alemã, dirigiu experimentos com tifo em Natzweiler.

(…)

O melhor modo de descrever esses experimentos é recorrer ao testemunho do doutor Eugen Kogon, prisioneiro de um campo de concentração e testemunha de acusação, que foi interrogado pelo promotor McHaney:

Promotor McHaney: – O Sr. poderia, por favor, explicar ao tribunal, com suas próprias palavras, como foram efetuados esses experimentos com tifo?

Testemunho de Kogon: – Depois que se destinou para uma série de experimentos entre quarenta e sessenta pessoas (às vezes até cento e vinte), separava-se a um terço delas, e os dois terços restantes lhes vacinavam com um tratamento protetor ou lhes administravam de outro modo, se era um tratamento químico. (…) O contágio se efetuava de diversas maneiras. Transferia-se o tifo mediante o sangue injetado por via intravenosa ou intramuscular. No princípio também se fazia arranhando a pele, ou praticando uma pequena incisão no braço. (…)

Para manter os cultivos de tifo, utilizavam uma terceira categoria de sujeitos de experimentação. Eram as chamadas "pessoas de trânsito", entre três e cinco pessoas por mês. Elas eram contaminadas unicamente com o fim de assegurar um fornecimento constante de sangue infectado de tifo. Quase todas essas pessoas morreram. Não creio exagerar se digo que 95 por cento delas morreram.

Promotor: – A testemunha quer alegar que contaminavam premeditadamente com tifo entre três e cinco pessoas ao mês só para terem vírus vivos e disponíveis no sangue?

Testemunha: – Só com essa finalidade concreta.

[…]

Promotor: – Pode dizer ao tribunal se esses sujeitos de experimentação sofreram de forma apreciável no transcurso dos experimentos com tifo?

Testemunha: – […] os sujeitos de experimentação esperavam na enfermaria dia ou noite que lhes fizessem algo; não sabiam o que seria, mas adivinhavam que seria uma morte espantosa.

Se lhes vacinavam, às vezes ocorriam as cenas mais horrendas, porque os pacientes temiam que as injeções fossem letais. O Kapo tinha que restabelecer a ordem com mão de ferro.

Passado certo tempo depois da infecção, quando a enfermidade havia se manifestado, apareciam os sintomas normais do tifo, que, como é bem conhecido, é uma das enfermidades mais graves que existem. A infecção, como já foi descrito, havia se fortalecido muito durante anos e mais uma metade de ano anteriores na qual o tifo começou a aparecer em sua forma mais terrível. Havia casos de loucura furiosa, delírios, pessoas que se negavam a comer e uma grande porcentagem delas morria.

Os que sofriam a enfermidade em uma forma mais benigna, talvez porque fossem mais fortes de constituição ou porque a vacina surtia efeito, tinham que assistir constantemente a agonia dos outros. E isto ocorria em um ambiente que dificilmente poderia se imaginar. Durante o período da convalescência, os que sobreviviam ao tifo não sabiam o que seria deles. Seguiram no barracão 46 para serem utilizados para outros fins? Os utilizariam como ajudantes? Temeriam que eles como testemunhas sobreviventes dos experimentos com seres humanos e os matariam, portanto? Eles não sabiam, e ele agravava as condições desses experimentos.

Fonte: extraído do blog El Viento en la Noche (Espanha)
http://universoconcentracionario.wordpress.com/2012/06/12/doctores-del-infierno-experimentos-con-tifus/
Trecho do livro (citado no blog): "Doctores del Infierno" (livro original em inglês, Doctors from Hell), Tempus, 2009, págs. 239-242; de Vivien Spitz
Tradução: Roberto Lucena

terça-feira, 7 de abril de 2009

Buchenwald - Enciclopédia do Holocausto

Buchenwald, juntamente com seus muitos campos satélites, foi um dos maiores campos de concentração criados pelos nazistas. Foi construído em 1937 em uma área arborizada na encosta setentrional da floresta de Ettersberg, a cerca de 8 quilômetros a noroeste da cidade de Weimar, situada na área centro-leste da Alemanha. Antes do domínio nazista, Weimar era famosa por ser a residência do mundialmente conhecido e admirado escritor e poeta alemão Johann Wolfgang von Goethe, uma das maiores expressões da tradição liberal alemã do século dezoito e início do dezenove, e também por ter sido o berço da democracia constitucional alemã, a República de Weimar instituída em 1911. Durante e após o regime nazista "Weimar" passou a ser associada ao campo de concentração de Buchenwald.

Em julho de 1937 Buchenwald foi aberto para a acomodação masculina, e até o final de 1943 ou início de 1944 mulheres não eram detidas naquele sistema de campos de concentração. Os detentos eram confinados na seção norte do campo, em uma área conhecida como o “campo principal”, e as barracas dos guardas das SS e o complexo administrativo ocupavam a parte sul. O campo principal era rodeado por cercas de arame eletrificado e farpado, torres de vigilância, e uma rede de sentinelas armadas com metralhadoras automáticas. A área de detenção, também conhecida como Bunker, ficava na entrada do campo principal. Os agentes das SS freqüentemente fuzilavam prisioneiros nos estábulos ou os enforcavam na área do crematório.

A maioria dos primeiros detentos de Buchenwald era formada por prisioneiros políticos. Contudo, em 1938, após o massacre da Kristallnacht, os agentes das SS e da polícia alemã enviaram cerca de 10.000 judeus para Buchenwald, onde foram submetidos a tratamentos extraordinariamente cruéis. Duzentos e cinqüenta e cinco deles morreram por causa dos maus tratos iniciais infligidos naquele campo.

Judeus e prisioneiros políticos não foram os únicos grupos a fazerem parte da população de detentos em Buchenwald, embora os "políticos", devido à sua longa permanência no local, desempenhassem um papel importante na infra-estrutura carcerária do campo. Criminosos reincidentes, Testemunhas de Jeová, ciganos roma e sinti, e desertores militares alemães também eram mantidos em detenção em Buchenwald. Este foi um dos únicos campos de concentração a manter como prisioneiros pessoas acusadas de “preguiça”, indivíduos que o regime encarcerou sob a acusação de serem "anti-sociais" porque não podiam, ou não queriam, conseguir uma ocupação lucrativa. Em seus últimos dias, o campo também teve prisioneiros de guerra de diversas nacionalidades, combatentes da resistência, ex-dirigentes importantes dos países ocupados pelos alemães, e operários estrangeiros realizando trabalhos forçados.


A partir de 1941, médicos e cientistas empreenderam um programa diversificado de experiências “médicas” com os prisioneiros de Buchenwald, realizadas em barracas especiais montadas na parte norte do campo principal. O objetivo dessas experiências era testar a eficácia de vacinas e tratamentos contra doenças contagiosas como o tifo, a febre tifóide, a cólera e a difteria, experiências estas que resultaram em centenas de mortes. Em 1944, o médico dinamarquês Dr. Carl Vaernet iniciou uma série de experiências de transplantes hormonais que, segundo ele, trariam a "cura" para detentos homossexuais.

Ainda naquele mesmo ano, os oficiais do campo montaram, próximo ao prédio da administração de Buchenwaldum, um "complexo especial" para receber prisioneiros políticos alemães famosos. Ernst Thaelmann, presidente do conselho do Partido Comunista Alemão antes que Hitler ascendesse ao poder em 1933, lá foi assassinado em agosto de 1944.

Buchenwald: trabalho forçado e sub-campos

Durante a Segunda Guerra Mundial, o sistema do campo de concentração de Buchenwald tornou-se uma fonte importante de trabalho forçado. A população de prisioneiros cresceu rapidamente, chegando a 112.000 em fevereiro de 1945. As autoridades do campo de Buchenwald utilizavam esses trabalhadores escravos em oficinas, na pedreira situada no campo, e também na Deutsche- Ausrüstungs-Werk – DAW, a Fábricas de Equipamentos Alemães, uma empresa de propriedade das SS e por elas administrada. Em fevereiro de 1942, a empresa de armamentos “Wilhelm Gustloff Werke” montou uma pequena fábrica de apoio em um sub-campo de Buchenwald e, em março de 1943, abriu uma grande fábrica de munições ao lado do campo. Um ramal ferroviário, concluído em 1943, ligava o campo às áreas de embarque em Weimar, facilitando o transporte de materiais de guerra.

De Buchenwald eram administrados pelo menos 88 sub-campos espalhados pelos território alemão: de Düsseldorf, na Renânia, à fronteira com o Protetorado da Boêmia e da Moravia, a leste (anteriormente parte da República Checa). Os prisioneiros dos campos satélites eram colocados para trabalhar principalmente nas fábricas de armamentos, em pedreiras, e em projetos de construção. Os prisioneiros de Buchenwald periodicamente passavam por uma seleção, e os oficiais das SS enviavam aqueles que estavam incapacitados para trabalhar, seja por estarem extremamente debilitados ou por serem portadores de alguma deficiência física, para instalações de extermínio, como a de Bernburg. Lá eles eram mortos nas câmaras de gás como parte da Operação 14f13, que era uma extensão das operações de eutanásia contra os prisioneiros doentes e exauridos de outros campos de concentração. Os demais prisioneiros considerados fracos eram mortos por injeções de fenol aplicadas pelo médico do campo.

A liberação de Buchenwald

À medida que as tropas soviéticas se espalhavam rapidamente pela Polônia, os alemães evacuavam milhares de prisioneiros dos campos de concentração das áreas ocupadas que estavam sob ameaça. Após longas e brutais caminhadas, mais de 10.000 prisioneiros debilitados e exaustos, a maioria judeus, vindos de Auschwitz e Gross-Rosen chegaram a Buchenwald em janeiro de 1945.

No início de abril de 1945, com a aproximação das tropas americanas, os alemães começaram a evacuar cerca de 28.000 prisioneiros do campo principal e milhares de outros dos sub-campos de Buchenwald. Aproximadamente um terço destes prisioneiros morreu de exaustão no caminho e logo após a chegada, ou foram fuzilados pelas SS. Muitas vidas foram salvas por membros da resistência em Buchenwald. Devido às posições administrativas fundamentais que executavam no campo eles conseguiram dificultar a execução das ordens dos nazistas e atrasaram a evacuação.

Em 11 de abril de 1945, na iminência de sua libertação, prisioneiros famintos e extenuados lançaram-se de assalto aos vigias, assumindo o controle do campo. Naquela mesma tarde, as tropas americanas ocuparam Buchenwald, e os soldados da Terceira Divisão do Exército Americano lá encontraram mais de 21.000 pessoas. Entre julho de 1937 e abril de 1945, cerca de 250.000 pessoas de todos os países europeus ficaram aprisionados em Buchenwald. O número de mortes no campo de Buchenwald não pode ser dado com precisão pois uma quantidade significativa de prisioneiros nunca foi registrada: sabe-se que pelo menos 56.000 detentos do sexo masculino foram assassinados no sistema de concentração de Buchenwald, dos quais 11.000 eram judeus.

Fonte: USHMM (U.S. Holocaust Memorial Museum)

Foto: isurvived.org

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

Eliminação de Corpos em Auschwitz - O fim da negação - Parte 6 - Durabilidade dos fornos

(todos os grifos são do tradutor)

Mattogno argumentou que os fornos de Auschwitz não poderiam ter queimado tantos corpos como se tem afirmado, porque eles não têm vida útil suficientemente longa. Ele afirma que os fornos tinham uma vida útil relativamente curta, quando comparado ao que seria necessário para eliminar todos os corpos. Sua principal fonte para esta afirmação foi um artigo de 1941 de uma revista de engenharia do engenheiro alemão Rudolph Jakobskotter. Mattogno cita Jakobskotter “falando em 1941 dos fornos da Topf aquecidos a eletricidade no crematório de Erfurt [na Alemanha], [ele] afirma que o segundo forno foi capaz de executar 3.000 cremações, enquanto que a duração normal do refratário das paredes dos fornos é de 2.000 cremações.” De fato, lido em seu contexto, os 2.000 referidos no artigo foi para a quantidade que poderia ser cremada em uma versão anterior do forno, e esta não poderia ter desempenho de 3.000 cremações.

Os fornos que Jakobskotter se refere são fornos elétricos. Embora Mattogno mencionou este fato em sua monografia, ele é omitido em seu artigo quando discutindo o assunto. O tipo de forno utilizado em campos de concentração era aquecido a coque. Muitos destes fornos foram convertidos para queima de óleo.[84] O forno elétrico, como Jakoskotter observou, foi o primeiro a ser colocado em serviço, em 1933. Ele classificou esses fornos elétricos em gerações, a primeira geração teve duração até 1935. Após cremar 1.300 corpos, foi decidido que melhorias eram necessárias. Assim a primeira geração poderia cremar até 2.000 corpos. A segunda geração começa em 1935, tinha vida [útil(nt)] de 3.000 corpos e foi esperado um aumento para 4.000 corpos. A terceira geração entrou efetivamente em 1939. A durabilidade da terceira geração não foi especificada. Jakobskotter afirma que “eles esperam ter números ainda mais elevados para os fornos futuros.”[85] Não se sabe quais adicionais melhorias foram feitas no início dos nos 40. Tudo o que realmente se sabe é que esses fornos são foram utilizados em campos de concentração, e mesmo se fossem eles, poderiam ter tido vida útil substancialmente superior a 4.000 corpos nos anos 40. É evidente à partir da conversa de Jakobskotter que estavam sendo realizados rápidos progressos na melhoria da vida útil do forno elétrico. Além disso, conversas sobre o número de corpos que um forno pode queimar durante a sua vida útil, como no estudo de Jakobskotter, referem-se a queima de um único corpo de uma vez. Esta é a prática normal para as pessoas. Este método também utiliza um caixão. Como iremos mostrar adiante, múltiplos corpos eram cremados em um forno comum em Auschwitz e em outros campos, e caixões não eram utilizados para tais cremações.

Mattogno encontrou um arquivo que mostra que os dois fornos de Gusen tinham que ter as paredes substituídas após 3.200 óbitos, à partir do momento em que os fornos foram instalados em fevereiro de 1941. A revisão ocorreu em outubro de 1941. Ele concluiu à partir deste que os fornos da Topf realmente não tinham um tempo de vida útil.[86] O problema é que não é muito conhecido o que causou para que estes fornos fossem revistos. Mattogno não foi capaz de produzir qualquer informação de que a revisão nada tinha a ver com a capacidade de eliminações de corpos dos fornos. Em Auschwitz, os oito fornos do Krema IV estragaram dois meses depois que eles foram colocados em serviço, em março de 1943 e não poderiam ser utilizados novamente.[87] Topf admitiu que os fornos do Krema IV foram feitos com defeito.[88] Por outro lado, os 15 fornos do Krema II funcionaram muito bem. O Krema II ficou fechado por um breve período de um mês em 1943, mas que não tem nada a ver com a vida útil dos fornos.[89] É possível que os fornos de Gusen não foram originalmente construídos corretamente.

Mattogno argumentou que se os fornos de Auschwitz tivessem realmente queimado muitos corpos como seria necessário para dispor de todas as vítimas, eles teriam sido revistos várias vezes, mas que não hà nenhuma informação nos arquivos de Auschwitz, o que sugere que essas revisões geralmente ocorreram.[90] De fato, nenhuma informação foi à tona à partir desses arquivos, ou quaisquer outros arquivos, até mesmo que uma cremação teve lugar em Auschwitz. Em outras palavras, não tem um documento contemporâneo que surgiu a partir de qualquer fonte mostrando que ocorreu elo menos uma cremação em Auschwitz. Também não hà qualquer informação que descreva como qualquer um dos 52 fornos trabalhava, uma anomalia que será analisada posteriormente. Isso deve ser contrastado com Gusen que só havia dois fornos, mas para cada qual existe um arquivos descrevendo a efici6encia destes fornos durante um período de várias semanas.[91] Segundo a lógica de Mattogno, isso deve significar que as cremações não tiveram lugar em Auschwitz.

Mattogno falhou ao informar seus leitores que os seus próprios dados sobre os fornos da Topf, sugeriram que eles poderiam queimar muitos milhares de corpos sem revisão. A fonte a partir da qual Mattogno obteve suas informações sobre o número de mortes em Gusen, sendo 3.200 de fevereiro a outubro de 1941 também informa uma desagregação mensal que mostra que havia cerca de 18.500 mortes de novembro de 1941 até o final de 1944, e que havia um total de 30.000 cremações, à partir do momento que estes fornos foram instalados até maio de 1945.[92] Mas não hà qualquer evidência de que quaisquer revisões nesses fornos tenham ocorrido após outubro de 1941.

Na verdade, Mattogno havia examinado os arquivos do Mauthausen Memorial Museum na Áustria e na Bundesarchiv na Alemanha, onde encontrou informações que a revisão ocorreu em outubro de 1941. O autor também obteve os arquivos para a revisão dos fornos da Topf que ocorreram em 1941. O Bundesarchiv informou o autor que existem 290 páginas de informações neste arquivo.[93] Mattogno teve acesso a esse arquivo, que é rotulado como arquivo NS 4 Ma/54. Ele mesmo citou os documentos deste arquivo que datam de 1943 e 1944, sobre a instalação dos fornos de Mauhthausen.[94] No entanto, apesar da informação de arquivo, Mattogno foi incapaz de citar qualquer informação adicional de que as revisões dos fornos de Gusen, que de acordo com o argumento que ele estava fazendo, deve ter ocorrido pelo menos cinco vezes mais, a fim de eliminar o número de cadáveres de Gusen. Se estas revisões aconteceram, elas teriam sido certamente detalhadas neste arquivo, pois a informação sobre a revisão de 1941 inclui toda a correspondência com Topf e os materiais usados, informações de faturamento e de folhas de horas para dias trabalhados, incluindo horas extra-ordinárias.[95]

Infelizmente, parece que não aparece qualquer informação sobre a durabilidade dos fornos da Topf utilizados nos campos de concentração. Um arquivo detalhado sobre os fornos de Gusen incluem correspond6encias em a Topf e as autoridades do campo, bem como as instruções para os fornos que não resolvem esta questão.[96] Da mesma forma, ainda não surgiu nenhuma informação à partir dos arquivos de Auschwitz em Moscou. O número limitado de arquivos de Auschwitz examinados pelo autor, dá informações de faturamento e de instalação e não abordam a questão da durabilidade.[97]

Além das informações de Gusen, analisados anteriormente, hà também algumas indicações quanto à vida útil desses fornos de Mauthausen. De 1940 até meados de 1944, Mauthausen tinha uma única mufla simples. Foi construída pelo concorrente principal da Topf. Uma mufla com forno duplo foi adicionado em julho de 1944.[98] De 1940 até o final de 1943 cerca de 12.500 prisioneiros foram cremados em Mauthausen. De 1940 até abril de 1945, foram 27.556 cremações em Mauthausen.[99] No entanto, Mattogno fica argumentando que todos os 52 fornos de Auschwitz não poderiam ter eliminado mais de 162.000 corpos.[100]

Existem também informações sobre a durabilidade de fornos à partir do século 19 em Paris. Nos final de 1880, dois fornos foram instalados em um forno crematório no sul de Paris. Estes fornos foram concebidos para cremar cerca de 5.000 corpos por ano, ou 2.500 por forno.[101] Augustus Cobb, um líder especialista em cremação do período, aprendeu com o engenheiro que trabalhou no crematório que “[e]mbora quase quatrocentos corpos são queimados nestes fornos por mês, uma inspeção em suas paredes não mostraram fissuras, e a mesma observação aplica-se às paredes dos fornos crematórios de Milão [na Itália]”.[102] Informações adicionais sobre esses fornos, publicadas em 1893, mostram que, à partir de 1889 a 1892, 11.852 [corpos] foram cremados nestas instalações. Este número inclui 3.743 crianças natimortas, de modo que mais de 8.000 corpos desta população foram incinerados nestes dois fornos. O único problema mencionado no relatório que acompanha estas estatísticas é o transporte dos corpos para o crematório.[103] Como iremos ver, a Alemanha levou à Europa a tecnologia da cremação nos anos 30. Podemos logicamente concluir que a Alemanha da década de 40 tinha fornos mais duráveis do que a França de 50 anos antes.

Fonte: The Holocaust History Project
http://www.holocaust-history.org/auschwitz/body-disposal/
Tradução: Leo Gott

Continuação - Partes: (1);(2);(3);(4);(5);(6);(7);(8);(9);(10);(11)

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

Eliminação de corpos em Auschwitz - O fim da negação - Parte 5 - Expansão do Campo

(todos os grifos do tradutor)
Mattogno e outros negadores muitas vezes argumentam que uma expansão planejada do campo para 200.000 foi o catalisador para o novo crematório. No entanto, o Bauleitung começou a negociar com as empresas para a construção de quatro crematórios em julho de 1942, enquanto que a primeira evidência do planejamento da expansão para 200.000 é no dia 15 de agosto.[80]
Conforme observado anteriormente, o planejamento da expansão do campo de Auschwitz, Auschwitz II para uma população de 125.000 foi anunciando pelo Bauleitung em Outubro de 1941. Ela coincidiu com o assassinato em massa de internos, especialmente prisioneiros de guerra soviéticos.(ver assunto entre as notas 45-53) No entanto, a primeira expansão planejada foi adiantada para 1º de março de 1941, antes do extermínio em massa dos POWs soviéticos. E passou para 130.000 prisioneiros. Na época, havia apenas 2 muflas duplas, ou quatro fornos em Auschwitz. O único plano complementar para fornos foi para outro fim, muflas duplas em setembro de 1941. Isso pode dar uma imagem fiel das reais necessidades de cremação do campo.[81]

A expansão planejada do campo para 200.000 pode não ter influenciado o Bauleitung para expandir a capacidade de cremação de 6 para 52 fornos. Como observado anteriormente, o memorando do Bauleitung de outubro de 1942 amarrou a construção de crematórios a “ações especiais”, tendo lugar (ver nota 55), sem qualquer planejamento de expansão. Além disso, a informação comparativa do campo de concentração de Mauthausen mostra que as autoridades de Auschwitz não teriam motivo para construir tantos fornos, mesmo com a expansão planejada.

Em 1942 Mauthausen teve uma redução de 50% na taxa de mortalidade dos prisioneiros registrados. Este percentual caiu para 15% em 1943. Em 1944 o campo de Mauthausen foi expandido a capacidade de 17.000 para 90.000, e teve um índice de mortalidade de 15% para o ano.[82] No entanto, o campo acrescentou apenas dois fornos a um já existente, em meados de 1944 para um total de três fornos. Do mesmo modo, em 1944 Gusen foi expandido de dois para três campos, mas não acrescentou nenhum forno.
Baseado nas informações de Mauthausen, Auschwitz não deveria ter expectativas superiores a 100.000 mortes anuais em uma população de 200.000 do campo, quando começou a construir os quatro novos crematórios em agosto de 1942. No entanto, não implicaria a taxa de mortalidade, os assassinatos em massa de prisioneiros registrados em curso, como em Mauthausen em 1942. A taxa de mortalidade anual mais razoável seria de 15% a 25% ao ano ou 30.000 a 50.000 para uma população do campo de 200.000. Mas isso significaria o assassinato de muitos prisioneiros. Seis fornos adicionais mais os seis fornos existentes em Auschwitz, poderiam ter facilmente capacidade suficiente para lidar com isso e muitas mortes anuais. Como observado anteriormente, a informação de Gusen mostra que um forno tinha a capacidade de incinerar 26 corpos por dia. Assim, 12 fornos tinham a capacidade de eliminar 300 corpos por dia. No entanto, como observado anteriormente, o Bauleitung já tinha ordenado 15 fornos adicionais em outubro de 1941. Quando adicionaram aos seis fornos existentes, havia mais capacidade para lidar com o número máximo de mortes que poderiam ser esperados na ausência de uma campanha de extermínio em massa. Até 50% da taxa anual de mortalidade de prisioneiros registrados no campo de Auschwitz com uma população de 200.000, facilmente poderiam ter sido tratados por 21 fornos. O argumento de Mattogno foi de que a elevada taxa de mortalidade que Auschwitz experimentou durante a epidemia de tifo foi conjugada com a expansão significativa da capacidade de cremação adicional de 46 fornos foi justificada. No entanto, o seu argumento assume que o Bauleitung estava esperando alguma coisa na ordem de 30.000 a 50.000 óbitos por mês, como resultado da presente proposta de expansão. Na realidade, o campo não teria sido capaz de funcionar sob estas circunstâncias e que a maioria certamente seria obrigada a acabar com a contínuas epidemias destas proporções.


As autoridades do campo devem ter imaginado que qualquer expansão iria acompanhar uma eventual colocação da epidemia de tifo sob controle. Em 15 de julho de 1942, doze dias após a epidemia de tifo ter atingido o campo, um memorando do Bauleitung afirma que, no momento a população do campo permaneceria em 30.000, embora eventual expansão não especificada seria esperada. Já em dezembro de 1942 não houve praticamente qualquer aumento da população do campo até 30.000. Os novos prisioneiros foram adicionados aos registrados existentes para substituir o trabalho de prisioneiros doentes que foram mortos pelas autoridades do campo. Pelo contrário, a população registrada do campo começou a aumentar em 1943, depois que a pior epidemia de tifo passou, e houve uma relativa diminuição substancial do número de mortes no campo. Em 31 de agosto de 1943 Auschwitz tinha 74.000 prisioneiros. Nos cinco meses, de abril a agosto de 1943 teve cerca de 10.300 mortes de prisioneiros registrados em Auschwitz. Embora alto, o número de mortes de prisioneiros registrados em 1943 compara muito favoravelmente com os 26.000 que morreram nos quatro meses, de julho a outubro de 1942.[82] Evidentemente, prisioneiros não-registrados foram levados para o campo para serem gaseados em massa durante a epidemia de tifo.
Fonte: The Holocaust History Project - http://www.holocaust-history.org/auschwitz/body-disposal/
Tradução: Leo Gott

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Eliminação de Corpos em Auschwitz - O fim da negação - Parte 4 - Necessidade dos Crematórios

(todos os grifos são do tradutor)
Conforme dito anteriormente, negadores atribuem a construção de mais 4 crematórios e 46 fornos novos à epidemia de tifo que varreu o campo no verão de 1942. Embora já tenha sido mostrado que o tifo foi responsável por muito poucas mortes, ainda é possível testar a necessidade de construção baseado na quantidade de mortes de prisioneiros registrados que tivessem morrido de tifo. Em outras palavras, partindo do princípio que todas as mortes dos prisioneiros foram registradas como morte por tifo, seria necessário construir mais 4 novos crematórios e mais 46 novos fornos para lidar com essas mortes? A única maneira de testar a necessidade é comparar com as mortes em outros campos de concentração e a capacidade de cremação destes campos. Embora tais comparações sejam difíceis porque elas dependem de saber a quantidade de mortes e capacidade de cremação de outros campos, existe um campo que oferece-nos as informações necessárias para se fazer esta comparação. Assim, no mais alto período de três meses, o total de mortes de prisioneiros registrados foi seis vezes o montante de Gusen.

Gusen era um campo do complexo de campos de concentração de Mauthausen. Mauthausen e Gusen ficavam localizados na Áustria. Gusen era constituído de três campos. Em fevereiro de 1941, Gusen tinha uma mufla dupla, dois fornos instalados afim de lidar com as mortes dali. Mais nenhum forno adicional foi incorporado durante a existência de Gusen.[66] Antes de março de 1943, Auschwitz tinha 3 muflas duplas, ou seja, três vezes a capacidade de cremação de Gusen. Em 1942 aconteceram 7.410 mortes em Gusen.[67] Em 1942 aconteceram 44.000 mortes de prisioneiros registrados e mais 1.100 prisioneiros de guerra soviéticos registrados nos livros do necrotério. Estas mortes não estão em disputa.[68] Prisioneiros não-registrados que foram mortos na chegada, não estão incluídos nestes números. Entretanto em 1942 registraram-se 6 vezes mais mortes em Auschwitz do que em Gusen, com três vezes a capacidade de cremação. Igualmente revelador é uma pesquisa de três meses consecutivos, dos meses mais elevados em ambos os campos. O maior óbito de prisioneiros registrados nestes três meses em Auschwitz foi 21.900, no período de agosto a outubro de 1942. O maior período de três meses em Gusen foi de Dezembro de 1942 à fevereiro de 1943, quando 3.851 prisioneiros morreram. A comparação destas estatísticas de mortes sugere que Auschwitz poderia ter acomodado o excesso de mortalidade de Gusen, duplicando a sua capacidade de cremação de 6 para 12 fornos. Se Auschwitz realmente precisava de 46 fornos adicionais, uma expansão quase nove vezes maior do que a sua capacidade existente, então para Gusen seriam necessários expandir pelo menos 12 fornos. No entanto esta expansão nunca foi realizada.

As evidências disto vêm à partir de dados disponíveis sobre os fornos de Gusen, que mostram que cada forno poderia queimar em média cerca de 26 corpos por dia, de modo que ambos os fornos poderiam queimar juntos, pelo menos, 52 corpos por dia ou cerca de 1.500 por mês.[69] No entanto, como será visto mais adiante, estes fornos também poderiam exceder substancialmente esse número. O mais alto número de mortes em um mês em Gusen foi de 1.719.[70] Isso significa que os seis fornos de Auschwitz poderiam ter consumido cerca de 4.500 por mês. Os maiores totais mensais de morte de prisioneiros registrados em Auschwitz foram de 9.000 em setembro de 1942. Porém, logo em outubro de 1941 o Bauleitung tinha encomendado mais 15 fornos adicionais. Mesmo se aceitarmos as baixas estimativas de Mattogno para a capacidade de cremação como sendo de 20 por dia, os seis fornos existentes no local até meados de 1942 mais o adicional de 15, as autoridades poderiam eliminar 420 corpos por dia ou cerca de 12.500 por mês.

Se podemos acreditar na explicação dos negadores sobre estes fornos, então as autoridades estavam prevendo incríveis 30.000 mortes por mês de prisioneiros registrados!
Isso, naturalmente, pressupõe que a baixa estimativa do negador sobre a capacidade destes fornos crematórios está correta. A única explicação é que a administração do campo previu muitas destas mortes, mas não de prisioneiros registrados. Verificando mais, temos uma tentativa no início de 1943 para investigar a possibilidade de construção de um sexto crematório. Como resultado de uma reunião com a Topf and Sons, os construtores dos fornos crematórios, em 29 de janeiro de 1943, o Bauleitung encarregou a empresa de produzir um esboço para um sexto crematório. O esboço foi entregue ao Bauleitung na primeira metade de fevereiro e o comandante do campo foi informado das discussões.[71]

Na altura em que estas discussões foram tendo lugar, Auschwitz foi experimentando uma baixa taxa de mortalidade de prisioneiros registrados quando comparado com o verão de 1942. Os livros de óbito mostram a morte de cerca de 3.000 prisioneiros registrados para janeiro de 1943. Um número similar de prisioneiros registrados tinham morrido nos meses de novembro e dezembro de 1942.[72] Portanto a morte de 9.000 prisioneiros registrados para o período de novembro de 1942 a janeiro de 1943 foi muito inferior aos 21.900 mortos de agosto a outubro de 1942. Os quatro novos crematórios foram programados para se tornarem operacionais num futuro próximo. O primeiro iria entrar em operação em Março de 1943. Assim, de acordo com as baixas estimativas dos negadores, a capacidade total dos fornos de 30.000 por mês poderia eliminar 10 vezes o número de mortes de registrados mensalmente, no momento em que estas conversas foram tendo lugar. Porque então pretendiam as autoridades do campo construir um crematório para além dos quatro que iriam entrar em operação em breve? A resposta reside na data em que o representante da Topf, engenheiro e construtor de fornos Kurt Prüfer, esteve no campo para as conversas relativas a esta nova proposta de crematório - (mas nunca foi construído) – em 29 de janeiro de 1943. Neste mesmo dia o Bauleitung: (1) emitiu um memorando dizendo que aconteceu no “porão de gaseamento” do Crematório II [73] e (2) emitiu outro memorando sobre corpos queimando e “tratamento especial” poderiam ocorrer simultaneamente.[74] Tratamento especial [Sonderbehandlung] era uma palavra usada para designar morte e desaparecimento de prisioneiros.[75] Algumas semanas mais tarde, em 2 de Março, Prüfer enviou uma carta ao Bauleitung em que sua empresa fazia perguntas sobre “aparelhagem que você quer para indicar os vestígios de ácido prússico” para o Crematório II.[76] Ácido prússico era o gás venenoso letal usado em câmaras de gás. No mesmo dia um relatório de trabalho afirmava que existia uma “câmara de gás” [Gaskammer] no Krema IV.[77]

Talvez a melhor evidência para o motivo dos crematórios foi o sigilo exigido das pessoas que estavam envolvidas na sua construção. A Diretiva 108 do Bauleitung emitida em 1943 é um lembrete da Diretiva 35 emitida em 19 de junho de 1942, ela afirma que “os planos dos crematórios devem ser estritamente controlados. Nenhum plano pode ser passado para a brigada de trabalho...e todos os planos devem ser guardados em local trancado a chave, quando não estiver em uso...” A parte fundamente do memorando afirma: “Além disso, temos de salientar que estamos lidando com tarefas econo-militares que devem ser mantidas em segredo [geheimzuhaltende]”[78] Este memorando levanta a questão de saber porque razão a construção de crematórios seria uma tarefa econo-militar e que exigia muito segredo se o grande objetivo dessas estruturas era o de eliminar cadáveres. No memorando as palavras-chave em alemão wehrwirtschaftliche und geheimzuhaltende são as únicas sublinhadas. O memorando somente faz sentido se estas estruturas estavam sendo utilizadas para fins secretos, além de eliminação de corpos. O memorando também ainda separa o edifício dos cematórios do [mito] do tifo, referindo-se a diretiva original como sendo emitida em 19 de junho de 1942. A epidemia de tifo não atacou Auschwitz até 3 de julho de 1942, duas semanas depois, a nota foi emitida.[79]
Fonte: The Holocaust History Project - http://www.holocaust-history.org/auschwitz/body-disposal/
Tradução: Leo Gott

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terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

Eliminação de corpos em Auschwitz - O fim da negação do Holocausto - Parte 3 - Origens dos crematórios

(todos os grifos do tradutor)
Em 22 de outubro de 1941, ou seja, seis meses antes da eclosão da epidemia de tifo, o Bauleitung enviou uma carta à Topf and Sons, os construtores dos fornos de Auschwitz. A carta se refere à uma conversa anterior entre o Chefe do Bauleitung e um representante da Topf and Sons. É informado à Topf que a encomenda do Bauleitung se refere a 5 fornos com muflas triplas, ou seja 15 fornos. A ordem também se refere a 2 cartas posteriores de 5 e 30 de março de 1942.[46] No momento em Auschwitz existiam 4 fornos e outro duplo estava sendo construído. Portanto, as autoridades [do campo] possuíam 6 fornos.

Porque é que as autoridades do campo, resolveram aumentar em 3 vezes e meio (de 6 para 21 fornos) quando não havia uma grande epidemia de tifo no campo? A resposta está em outros eventos do mês de outubro de 1941, o mês em que a primeira ordem teve seu lugar. Para o período de 7 a 31 de outubro os registros dos necrotérios de Auschwitz – não confundir com os livros de óbitos de Auschwitz – 1255 mortes de prisioneiros de guerra soviéticos. No período de outubro de 1941 a janeiro de 1942 os registros dos necrotérios marcam a morte de 7.343 dos 9.997 prisioneiros de guerra soviéticos levados para o campo, uma espantosa taxa de mortalidade de 73% ao longo de quatro meses.[47] As autoridades de Auschwitz tinham planos para expandir significativamente a população do campo para 125.000.[48]

Também existem provas substanciais que prisioneiros não-soviéticos eram assassinados em massa. Os livros de óbito de Auschwitz, apesar de incompletos, fornecem informações úteis a esse respeito. Eles mostram que de 4 de agosto a 10 de setembro de 1941, 1.498 prisioneiros registrados morreram. Adicionalmente 1.490 morreram de 21 de outubro a 22 de novembro de 1941.[49] Embora estejam faltando 2 livros de óbito para este período, tal como referido anteriormente, cada livro de óbito comporta entre 1.400 e 1.500 nomes. Isso significa que 6.000 prisioneiros de guerra não-soviéticos morreram nos cinco meses de agosto a dezembro de 1941.[50] Embora o total de prisioneiros registrados em Auschwitz em 1941 não seja conhecida, registros do campo de 19 de janeiro de 1942, mostram um total de 11.703 prisioneiros registrados, que inclui 1.510 prisioneiros de guerra soviéticos.[51] Isso significa que nos últimos meses de 1941 morreram mais prisioneiros do que foram registrados no início de 1942. Documentos do campo mostram que de 36.285 prisioneiros estavam em Auschwitz de 20 de maio de 1940 a 31 de janeiro de 1942, 20.565 não foram contados.[52] Em novembro de 1941 o Governo Polonês no exílio reportou, através de informações da resistência polonesa que, “[d]urante os meses do inverno, os fornos do crematório não tinham capacidade de cremar todos os corpos.”[53] Consequentemente, as origens dos novos crematórios podem ser rastreadas para o assassinato em massa.

O nosso conhecimento de Auschwitz é que, alguma vez na primavera de 1942 tornou-se campo de extermínio para a maioria dos judeus que chegavam lá.[54] Em 13 de outubro de 1942 o chefe do Bauleitung citou em uma carta: “No que diz respeito à construção dos novos edifícios do crematório, seria necessário iniciar imediatamente em julho de 1942, devido à situação provocadas pelas ações especiais."[55] Esta carta mostra claramente que “ações especiais” eram claramente cadáveres que precisavam ser cremados.

O termo “ação especial” foi mencionado 14 vezes em um diário mantido pelo médico de Auschwitz Johann Kremer, no período de setembro a novembro de 1942.[56] O diário foi tomado pelas autoridades que o prenderam. Em seu julgamento em 1947, Kremer testemunhou que as ações especiais se referiam a gaseamentos de prisioneiros. “Esses assassinatos em massa ocorreram em pequenos chalés, situados fora do campo de Birkenau, no bosque".[57] Kremer deu testemunho semelhante no Julgamento de Auschwitz nos anos 60, quando ele não foi réu.[58] O negador francês Robert Faurisson, qrgumentou que as “ações especiais” mencionadas por Kremer, referem-se à luta contra a epidemia de tifo, que varreu o campo, no verão de 1942.[59] No entanto, em parte alguma, Kremer equipara “ação especial” a tifo. Na sua entrada do dia 12 de outubro, um dia antes do memorando de “ação especial” enviado pelo Bauleitung, especificamente separa tifo de “ações especiais”, onde ele menciona ser inoculado contra a doença, à noite. “Apesar disso, eu estava presente em outra “ação especial” de pessoas provenientes da Holanda [1600 pessoas]. Cenas apavorantes no último bunker [Hoessler]! Foi a décima “ação especial”.[60]

Outra carta reveladora de 21 de agosto de 1942 emitida pelo Bauleitung trata de discussões com a Topf and Sons sobre a construção de seis novos fornos na área do campo de Birkenau. A carta afirma que os novos fornos serão construídos próximo às “instalações de banho para ações especiais”.[61] Os novos fornos provavelmente foram destinados a serem utilizados como bases temporárias até que os crematórios fossem construídos. A carta afirma que estas “ações especiais” tiveram lugar nas “instalações de banho”. Só por isso não hà equívoco quanto ao significado dessas palavras, elas são as únicas em duas páginas do memorando que estão sublinhadas. O fato dos fornos estarem próximos às “instalações de banho” dá a boa idéia de que o “banho” seria produtor de corpos. O contexto do comentário do banho deve ser visto à luz de uma grande quantidade de depoimentos de testemunhas oculares de que era uma prática comum disfarçar as câmaras de gás como chuveiros.[62] Um inventário de equipamentos de um dos “porões de cadáveres” no Krema III lista “14 chuveiros” e uma “porta hermeticamente vedada”.[63]

Mattogno argumentou que “ações especiais” não querem dizer necessariamente que são gaseamentos. Ele citou um memorando referido pelo crítico dos negadores Jean-Claude Pressac, em que referia uma “ação especial” a trabalhadores civis. O memorando do Bauleitung afirma que “por razões de segurança houve uma “ação especial” entre todos os trabalhadores civis”.[64] Pressac acredita que esta “ação especial” não significa matar. Pelo contrário, ele interpreta como uma inspeção de segurança entre os trabalhadores civis. Embora a interpretação de Pressac seja possível neste caso, porque ele menciona esta “ação especial” dentro de um contexto de uma greve entre trabalhadores civis.[65] É perfeitamente possível que a administração do campo procurou dar exemplo ao trabalhadores executando alguns. Isso poderia explicar porque o memorando está marcado como “SECRETO”.
Fonte: The Holocaust History Project - http://www.holocaust-history.org/auschwitz/body-disposal/
Tradução: Leo Gott

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segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

Eliminação de corpos em Auschwitz – O fim da negação do Holocausto - Parte 2 - O mito do tifo

Em 1941 Auschwitz tinha 2 fornos com muflas duplas a coque que foram construídos pela empresa alemã Topf and Sons. Um outro forno com mufla dupla foi adicionado na primavera de 1942. Cada mufla pode ser considerada como um forno, de modo que haviam 6 fornos no campo durante este período. Os seis fornos estavam no campo principal, também conhecido como Stammlager ou Auschwitz I. Estes seis fornos estavam alojados em um crematório conhecido como Krema I como é conhecido em grande parte da literatura. No verão de 1942, o Escritório de Construção de Auschwitz, conhecido como Bauleitung, começou a construir quatro novos crematórios na área do campo de Birkenau, também conhecido como Auschwitz II. Esses quatro crematórios abrigavam 46 fornos adicionais. Cada um dos Kremas II e III possuíam 5 fornos com muflas triplas (15 fornos em cada), enquanto os Kremas IV e V possuíam oito fornos com muflas simples (8 fornos em cada). Tal como os seis fornos do campo principal, os 46 fornos novos foram construídos pela Topf and Sons, e o coque era o combustível.[14] Nenhum destes fatos é contestado pelos negadores, tampouco por seus críticos.

A principal questão contestada pelos negadores é o motivo pelo qual o Bauleitung começou a construir tantos fornos. Historiadores hà muito tempo reconheceram que a criação extensiva foi porque as autoridades queriam cometer assassinato em massa e queriam um meio eficaz de eliminação dos corpos, bem como estruturas que poderiam ser utilizados para gasear prisioneiros. A esta altura, a construção tinha começado, em Birkenau havia duas estruturas que foram usadas nos gaseamentos. Elas estavam localizadas na área arborizada, atrás do campo. Havia também uma câmara de gás no crematório localizado no campo principal que abrigava seis fornos.[15] Nos testes forenses feitos pelo Instituto de Pesquisas Forenses de Cracóvia, na Polônia em 1994, encontraram traços do venenoso ácido hidrociânico em todos os cinco crematórios, [16] coerentes com a grande quantidade de testemunhos e outros documentos de Auschwitz que mostram que estas estruturas foram utilizadas como câmaras de gás.[17] As duas estruturas na área arborizada foram completamente destruídas pelos alemães, e nenhum traço permaneceu. No entanto, como se verá mais adiante, não existem evidências fotográficas destas estruturas.

Negadores alegam que não houve gaseamentos em Auschwitz. Eles atribuem a construção dos fornos para vários outros fatores. Em 1977, Arthur Butz, o mais conhecido dos negadores americanos, insinuou que o tifo foi um dos principais motivos para a construção de tantos fornos. No entanto, esta indireta tornou-se explícita, e em 1992 ele estava atribuindo a epidemia de tifo que varreu o campo no verão de 1942, como o motivo da construção da campanha. [18] Carlo Mattogno atribui a construção à epidemia de tifo e à uma decisão das autoridades do campo para expandir profundamente a população do campo.[19]

Um dos motivos dos negadores para utilizarem este argumento é que eles têm que encontrar uma justificativa para a criação de tantos fornos. Este argumento também envolve a quantidade de corpos que estes novos fornos poderiam dispor no período de 24 horas. Um relatório do Bauleitung de junho de 1943, depois que todos os fornos estavam em funcionamento no mesmo período, colocou a capacidade de cremação de todos os 52 fornos em 4.756 corpos por dia.[20] Negadores não entram em acordo quanto a esta questão, mas Butz e Mattogno colocam a capacidade de cremação em 1.000 por dia e 30.000 por mês.[21] Mattogno alega que a capacidade máxima de cremação dos 6 fornos originais era de 120 por dia, [22] mesmo que ele esteja familiarizado com as evidências de outro campo de concentração que mostrou que a o forno com mufla dupla poderia cremar 52 por dia ou 26 por mufla.[23]

Em agosto de 1942, durante o pior período da epidemia de tifo, o campo de Auschwitz-Birkenau tinha 21.451 prisioneiros do sexo masculino.[24] A informação da população feminina é desconhecida. No entanto, sabe-se que a população feminina em dezembro de 1942 era de 8.200.[25] Segundo os cálculos dos negadores, isso significa que as autoridades do campo estavam construindo crematórios o suficiente para cremar toda a população do campo no verão de 1942 em um mês. Segundo o Bauleitung, esta capacidade era suficiente para crema a população em um semana. Mesmo admitindo que o número do Bauleitung de 4.756 por dia, era demasiado elevado, a questão que se coloca, é a razão porque as autoridades do campo pensaram que era necessária elevada capacidade de cremação. A maior quantidade de presos registrada no campo foi no verão de 1944, quando chegou a pouco mais de 92.000.[26]

É fácil ver porque os negadores são dependentes em culpar o tifo como a razão para a cnstrução dos crematórios. Sem essas centenas de milhares de mortes, não haveria qualquer justificativa para esta enorme campanha de construção. Não pode haver dúvida que o tifo foi o grande problema para as autoridades do campo no verão de 1942. Em quase todas as memórias de Auschwitz a doença é citada. A questão é quantas pessoas realmente morreram de tifo.

É conhecido à partir de registros do campo que havia cerca de 404.000 prisioneiros registrados no campo durante os seus 4 ½ anos de existência.[27] O historiador polonês, Dr.Franciszek Piper fez o mais completo estudo demográfico de Auschwitz já empreendido e rastreou cerca de 1,3 milhões de prisioneiros para o campo. Ele localizou 1,1 milhões que foram mortos. Isso inclui 200.000 presos registrados e 900.000 presos que nunca tiveram registro, porque foram mortos já na chegada.[28] Negadores nunca foram capazes de responder pelos desaparecidos.

Em 1989, os arquivos de Auschwitz em Moscou foram abertos pela primeira vez desde que os soviéticos libertaram o campo em janeiro de 1945. Estes arquivos contêm milhares de documentos que sobreviveram à destruição do campo quando as autoridades do campo fugiram do avanço soviético. Dentre os itens estavam os livros de óbito de Auschwitz. Estes livros contêm os atestados de óbito somente dos prisioneiros registrados. Os prisioneiros não registrados eram mortos na chegada e não receberam atestado de óbito. Os livros de óbito estão incompletos. Eles contêm os atestados de 68.864 presos registrados que morreram no período de agosto de 1941 a dezembro de 1943. Não existem livros para 1944 e nem anteriores a agosto de 1941. Eles desapareceram ou foram destruídos. Além disso, hà uma série de livros em falta para o período de agosto de 1941 a dezembro de 1943. No entanto cada livro contém entre 1.400 e 1.500 entradas.[29] Por interpolação estão faltando 1.500 entradas em cada livro de óbito que podem chegar a 80.000 mortes de prisioneiros registrados para 1942 e 1943.[30] Dr.Tadeusz Paczula, um ex-detento de Auschwitz, chegou ao campo em 1940. Ele mantinha os atestados de óbito para os detentos registrados. Ele testemunho que nos dois anos seguintes, até o verão de 142, cerca de 130.000 nomes foram escritos nos livros de óbito.[31] No entanto, os cerca de 69.000 atestados de óbito disponíveis para pesquisadores oferecem a oportunidade de ver exatamente o que estava matando os prisioneiros registrados. Sabemos agora, com base nesses atestados que poucos prisioneiros morreram de tifo.[32] Eles mostram que apenas 2.060 dos 68.864 óbitos foram de tifo. Embora o tifo possa ser letal, ele não é necessariamente assim. Lucie Adelsberger, um prisioneiro judeu e médico do campo, contraiu tifo, o colocaram de quarentena, e ele retomou suas tarefas após a recuperação.[33] Do mesmo modo, Ella Lingens Reiner, médica alemã que também era prisioneira, contraiu tifo e sobreviveu.[34] Uma das primeiras memórias de Auschwitz, escrita em 1947, relata um episódio com o médico do campo, Josef Mengele, que mais tarde ficou conhecido como “Anjo da Morte”, por causa de suas experiências médicas. Mengele ficou desequilibrado por casa de tifo epidêmico. O antigo prisioneiro escreveu: “Infelizmente, a epidemia de tifo causou furor no campo, mas nesta altura tínhamos relativamente poucas vítimas. No mesmo dia ele[Mengele] enviou-nos uma grande quantidade de soros e vacinas.”[35] Petro Mirchuk, um prisioneiro ucraniano, escreveu sobre um despiolhamento em agosto de 1942, o pior mês da epidemia, “eliminaram a epidemia e os bilhões de pulgas e piolhos deixaram de existir.”[36]

Desta forma, pode-se observar que as pessoas podiam recuperar-se do tifo, e que as autoridades dispunham de meios para combater a doença. O que então estava matando todos os prisioneiros registrados se não era tifo? Talvez o mais revelador dos livros de óbito é o que eles afirmam que foi a causa da morte. Muitas das causas lidem com várias formas de insuficiência cardíaca, “ataque cardíaco”, “degeneração do músculo cardíaco”, “coração e colapso circulatório” e etc. Existem mais de 25.000 óbitos enumerados que dizem respeito a algum tipo de problema cardíaco. Outras causas lidavam com debilidade física geral, tuberculose, pleurisia (problema pulmonar), gastroenterite, pneumonia e etc. Pessoas de 50 [anos]contavam abaixo de 59.000 mortes. Aqueles de 40 [anos], acima de 44.000 mortes.[37] Apesar de todas essas mortes terem sido possíveis para pessoas com tifo que não foram tratados, simplesmente não é possível para a idade das pessoas listadas que morreu de outras causas citadas.

Pessoas jovens, com raras exceções, não morrem de ataques do coração. Em alguns casos, crianças morriam de “decrepitude” uma doença de idosos.[38]

Como pode então no atestado de óbito estar explicado uma causa que não está de acordo com a realidade? A única explicação é que as autoridades do campo estavam envolvidas em uma campanha de assassinato em massa dos prisioneiros registrados. Parte destes tem a ver com o tifo. Wieslaw Kielar, um prisioneiro polonês, foi um dos acusados de fazer atestados de óbito. Ele escreve que o método para se livrar da doença era assassinar os prisioneiros. Suas memórias foram escritas em 1972, dezessete anos antes da descoberta dos livros de óbito. Ele descreve a falsificação dos atestados de óbito:


A descrição de Kielar é confirmada pela morte de 168 prisioneiros que foram fuzilados em 27 de maio de 1942, mas cuja causa da morte foi listada como “ataque cardíaco”.[40]

Ella Lingens Reiner, a médica alemã acima citada, escreveu que os pacientes com tifo foram mortos por injeção de fenol. “o resultado foi que nós, médicos-prisioneiros, simplesmente disfarçávamos tifo como gripe em nossas listas”.[41] Os livros de óbito mostram 1.194 atestados de óbito listando gripe como a causa da morte.[42]

Pery Broad um soldado SS de primeira classe, transferido para Auschwitz, fez uma observação semelhante nas suas memórias escritas pouco tempo depois do fim da guerra. Ele escreveu que os atestados de óbito:



Jenny Schnauer, uma presa austríaca, também registrava no livro de óbitos. Ela testemunhou no julgamento de Auschwitz, na Alemanha, em meados dos anos 1960 como segue:

,
A maioria das causas de morte eram fictícias. Assim por exemplo, não nos era permitido escrever “tiro tentando fugir” no livro; eu tinha que escrever “ataque cardíaco” e “debilidade cardíaca” era a causa listada ao invés de “desnutrição”.
[44]

Apesar dos negadores rejeitarem todos os testemunhos do pós-guerra como fraudulentos, as referidas observações por quatro testemunhas que ali estavam confirmam exatamente o que estava nos livros de óbito. Além disso, estas observações foram feitas anos antes da descoberta dos livros de óbito. A menos que uma está disposta a acreditar que a insuficiência cardíaca e outras causas foram improváveis, matando milhares de pessoas que não correm risco para essas doenças, então a única opção é a de reconhecer o rigor do exposto nas memórias e testemunhos dos massacres que foram tendo lugar em Auschwitz. De qualquer forma, os livros da morte e os testemunhos, provam que não era de tifo que os prisioneiros morriam – e certamente não é o suficiente para justificar a construção de tantos fornos.

Previsivelmente, os negadores têm ignorado totalmente as causa de mortes listadas nos livros de óbito, desde que essa informação foi publicada pela primeira vez em 1995. Ou melhor, Mattogno e outros continuam a propagar que o mito do tifo foi responsável pela alta mortalidade dos presos. Um post-script atribuindo erroneamente o tifo como uma das principais causas de morte também se coloca no campo de prisioneiros de guerra soviéticos de Mogilev, um campo na Bielorússia. Era comum acreditarem que todos esses soldados morreram de tifo. A capacidade estimada dos fornos crematórios de Mogilev era 3.000 por dia. No entanto, já é sabido que haviam relativamente poucas mortes por tifo. Pelo contrário, a política de extermínio, através do trabalho, fome e frio resultou na maior parte das mortes.[45]
Fonte: The Holocaust History Project - http://www.holocaust-history.org/auschwitz/body-disposal/
Tradução: Leo Gott

Foram escritos por um médico prisioneiro que trabalhava no hospital, que foi treinado para inventar esses relatórios de cada prisioneiro que tinha morrido no campo, qualquer que fosse a causa. Todas as inúmeras vítimas, aqueles que...foram baleados no Bloco 11, [bloco de execução]ou os doentes que tinha fenol injetados em seu coração, as vítimas de fome ou tortura, todos eles tinha, infelizmente, perdido suas vidas, de acordo com o livro de óbitos, por sucumbir a algumas doenças comuns.[43]

Meu trabalho consistia em escrever os atestados de óbito. A descrição da doença para a qual o prisioneiro havia morrido também era aplicada àqueles que tinham sido assassinados no campo.Tiro, morto por injeção, câmara de gás. Cada um tinha que ter o seu caso na história – um fictício, claro. Isso foi o que as autoridades do campo exigiram, e o que eu fui ordenado a fazer. Devo admitir que, para começar, eu escrevi "insuficiência cardíaca", no caso dos prisioneiros que eu sabia que tinham sido baleados. Mais tarde, porém, decidi que tinha havido muitas destas falhas de coração ...No caso de um homem por exemplo que tinha sido baleado, eu escrevi diarréia. Em resumo não eram mais do que descarados atestados de óbito falsificados, uma obliteração de todos os vestígios do massacre que havia sido cometido a presos indefesos.[39]

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sexta-feira, 8 de fevereiro de 2008

66 Perguntas e Respostas sobre o Holocausto - Pergunta 55

55. O que provocou a morte de Anne Frank algumas semanas antes do fim da guerra?

O IHR diz (edição original):

O tifo.

Na edição revisada:

Depois de sobreviver ao internamento em Auschwitz, morreu de tifo no campo de Bergen-Belsen, poucas semanas antes que a guerra terminasse. Não foi gaseada.

Nizkor responde:

Anne era uma das pessoas de um grupo de oito judeus holandeses que se refugiaram num esconderijo durante dois anos e trinta dias até que foram descobertos e presos pelos nazis, sendo deportados de Amsterdã para os campos da morte da Alemanha.

Herman Van Pels, um sócio comercial do pai de Anne, foi gaseado justo depois da chegada do grupo a Auschwitz-Birkenau, em 6 de setembro de 1944 (Cruz Vermelha Holandesa, dossiê 103586). Sua esposa morreu "entre 9 de abril e 8 de maio de 1945, na Alemanha ou na Tchecoslováquia" (Cruz Vermelha Holandesa, dossiê 103586). Seu filho Peter morreu em 5 de maio de 1945 no campo de concentração de Mauthausen, en Austria, depois de ser transladado de Auschwitz (Cruz Vermelha Holandesa, dossiê 135177).

O Dr. Friedrich Pfeffer, amigo da família, morreu em 20 de dezembro de 1944 no campo de concentração de Neuengamme (Cruz Vermelha Holandesa, dossiê 7500).

A mãe de Anne morreu em 6 de janeiro de 1945, em Auschwitz-Birkenau (Cruz Vermelha Holandesa, dossiê 117265). Anne e sua irmã mais velha Margot morreram de tifo em 31 de março de 1945 no campo de concentração de Bergen-Belsen (Cruz Vermelha Holandesa, dossiês 117266 e 117267). Dos oito, só o pai de Anne, Otto Frank, sobreviveu.

Dois não-judeus, Johannes Kleiman e Victor Gustav Kugler, sócios comerciais de Otto Frank, foram presos por ajudar a família Frank. Ambos foram sentenciados a realizar um Arbeitseinsatz (trabalho forçado) na Alemanha, e ambos sobreviveram à guerra.

Todas as referências à Cruz Vermelha Holandesa são citadas em Frank, Anne, The Diary of Anne Frank: The Critical Edition, 1989, pp. 49-58 (citação completa).

Leitura recomendada:

The Diary of a Young Girl: The Definitive Edition por Anne Frank, Otto H. Frank (Editor), Mirjam Pressler (Editor), s Massotty, Otto M. Frank (tapa blanda)

The Diary of a Young Girl: The Definitive Edition por Anne Frank, Otto H. Frank (Editor), Mirjam Pressler (Editor), s Massotty, Otto M. Frank (capa dura)

The Diary of a Young Girl: The Definitive Edition por Anne Frank, Otto H. Frank (Editor), Mirjam Pressler (Editor), s Massotty, Otto M. Frank (audiobook)

[Em espanhol: Diário, por Ana Frank, Plaza y Janés]

Fonte: Nizkor
Tradução: Roberto Lucena

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2008

66 Perguntas e Respostas sobre o Holocausto - Pergunta 38

38. O que é o tifo?

O IHR diz:

Esta enfermidade aparece quando se concentra um grande número de gente ue não pode se lavar durante um longo período de tempo. O portador da enfermidade é o piolho de cabelo e o de roupa. Os exércitos e armadas obrigam tradicionalmente seus homens a levar um corte de cabelo muito curto precisamente pelo perigo do tifo. Ironicamente, se os alemães houvessem usado mais Zyklon-B, o número de judeus que haveria sobrevivido nos campos de concentração teria sido maior.

Nizkor responde:

Típico humor "revisionista".

Fonte: Nizkor
Tradução: C. Roberto Lucena

66 Perguntas e Respostas sobre o Holocausto - Pergunta 37

37. Como morreram?

O IHR diz:

Principalmente pelas contínuas epidemias de tifo que assolaram a Europa da guerra. Também por fome e por falta de cuidados médicos até o final da guerra quando quase todas as estradas e linhas de trem foram arrasadas pelos Aliados.

Nizkor responde:

Alguns morreram de tifo. Numericamente falando, a primeira causa da morte da maioria dos judeus foram os gaseamentos, seguida das execuções com armas de fogo.

Nos campos do "Altreich" (ver pergunta 1), a morte sobreveio principalmente por fome e enfermidades. Quanto aos prisioneiros lhes eram dada comida escassa e eles eram submetidos a um duro trabalho, as diferenças com o resto do campo são poucas. Em Auschwitz, que era na ocasião um campo de trabalho e um campo de extermínio, "selecionava-se" os prisioneiros com freqüência, gaseando os mais débeis. Assim, poucos chegavam a morrer de esgotamento, e em troca terminavam nas câmaras de gás.

Quando os Aliados chegaram aos campos da morte nazis da Alemanha, viram que o pessoal das SS estava bem alimentado e vestido, e a população local raras vezes estavam passando graves dificuldades relativamente. (Por outro lado, a população alemã das grandes cidades estavam sim sofrendo). Tudo isto pode se comprovar nas filmagens da libertação dos campos, onde se pode ver a população das cidades e povos vizinhos que os soldados americanos levaram aos campos para que fossem testemunhas do que ali ocorreu. Nenhuma das pessoas que se vê tinha aspecto de ter passado fome.

Existe além disso uma famosa fotografia de umas mulheres gordas das SS capturadas em Bergen-Belsen. Dezenas de milhares de prisioneiros morreram de fome em Belsen. Se você tivesse visto um filme de cadáveres esqueléticos introduzidos com escavadeiras em valas comuns, provavelmente é de Belsen. O contraste com as mulheres das SS é claro. Várias cenas da liberação de Bergen-Belsen demonstram esta questão.

Assim mesmo, quase nenhum prisioneiro aliado morreu de fome; simplesmente, havia pessoas as quais os nazis queriam manter vivas, e havia outras pessoas as quais os nazis queriam matar. Um grande número de prisioneiros de guerra soviéticos - uns três milhões - morreram por esta razão.

Fonte: Nizkor
Tradução: C. Roberto Lucena

segunda-feira, 27 de agosto de 2007

66 Perguntas e Respostas sobre o Holocausto - Pergunta 28

Traduzido por Leo Gott

28. Com que finalidade se fabricava, e fabrica, este gás?

O IHR diz:

Para eliminação dos piolhos portadores de Tifo. Se usava para fumigar roupa e edifícios. Hoje em dia ainda se fabrica para estes usos.

Nizkor responde:

Isto é correto. Mas também foi usado para assassinar pessoas em escala massiva.

O Cianeto de Hidrogênio (HCN), o gás liberado pelo Zyklon-B, tinha um "efeito colateral" que para as SS se mostrou muito útil: também mata as pessoas.

De fato, com uma determinada concentração, mata seres humanos e outros mamíferos muito mais rápido que piolhos e outros insetos.

A concentração empregada para o despiolhamento, de 8 a 10 gramas/cm3, mata pessoas mais rápido, ainda que leve umas 32 horas eliminar todos os insetos. Inclusive com concentrações menores a morte é mais rápida.

E hoje em dia o HCN é empregado para executar pessoas nas câmaras de gás dos Estados Unidos.

Temos neste link um documento bastante técnico sobre a natureza e a ação do Cianeto de Hidrogênio (HCN).

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