(todos os grifos são do tradutor)
Conforme dito anteriormente, negadores atribuem a construção de mais 4 crematórios e 46 fornos novos à epidemia de tifo que varreu o campo no verão de 1942. Embora já tenha sido mostrado que o tifo foi responsável por muito poucas mortes, ainda é possível testar a necessidade de construção baseado na quantidade de mortes de prisioneiros registrados que tivessem morrido de tifo. Em outras palavras, partindo do princípio que todas as mortes dos prisioneiros foram registradas como morte por tifo, seria necessário construir mais 4 novos crematórios e mais 46 novos fornos para lidar com essas mortes? A única maneira de testar a necessidade é comparar com as mortes em outros campos de concentração e a capacidade de cremação destes campos. Embora tais comparações sejam difíceis porque elas dependem de saber a quantidade de mortes e capacidade de cremação de outros campos, existe um campo que oferece-nos as informações necessárias para se fazer esta comparação. Assim, no mais alto período de três meses, o total de mortes de prisioneiros registrados foi seis vezes o montante de Gusen.
Gusen era um campo do complexo de campos de concentração de Mauthausen. Mauthausen e Gusen ficavam localizados na Áustria. Gusen era constituído de três campos. Em fevereiro de 1941, Gusen tinha uma mufla dupla, dois fornos instalados afim de lidar com as mortes dali. Mais nenhum forno adicional foi incorporado durante a existência de Gusen.[66] Antes de março de 1943, Auschwitz tinha 3 muflas duplas, ou seja, três vezes a capacidade de cremação de Gusen. Em 1942 aconteceram 7.410 mortes em Gusen.[67] Em 1942 aconteceram 44.000 mortes de prisioneiros registrados e mais 1.100 prisioneiros de guerra soviéticos registrados nos livros do necrotério. Estas mortes não estão em disputa.[68] Prisioneiros não-registrados que foram mortos na chegada, não estão incluídos nestes números. Entretanto em 1942 registraram-se 6 vezes mais mortes em Auschwitz do que em Gusen, com três vezes a capacidade de cremação. Igualmente revelador é uma pesquisa de três meses consecutivos, dos meses mais elevados em ambos os campos. O maior óbito de prisioneiros registrados nestes três meses em Auschwitz foi 21.900, no período de agosto a outubro de 1942. O maior período de três meses em Gusen foi de Dezembro de 1942 à fevereiro de 1943, quando 3.851 prisioneiros morreram. A comparação destas estatísticas de mortes sugere que Auschwitz poderia ter acomodado o excesso de mortalidade de Gusen, duplicando a sua capacidade de cremação de 6 para 12 fornos. Se Auschwitz realmente precisava de 46 fornos adicionais, uma expansão quase nove vezes maior do que a sua capacidade existente, então para Gusen seriam necessários expandir pelo menos 12 fornos. No entanto esta expansão nunca foi realizada.
As evidências disto vêm à partir de dados disponíveis sobre os fornos de Gusen, que mostram que cada forno poderia queimar em média cerca de 26 corpos por dia, de modo que ambos os fornos poderiam queimar juntos, pelo menos, 52 corpos por dia ou cerca de 1.500 por mês.[69] No entanto, como será visto mais adiante, estes fornos também poderiam exceder substancialmente esse número. O mais alto número de mortes em um mês em Gusen foi de 1.719.[70] Isso significa que os seis fornos de Auschwitz poderiam ter consumido cerca de 4.500 por mês. Os maiores totais mensais de morte de prisioneiros registrados em Auschwitz foram de 9.000 em setembro de 1942. Porém, logo em outubro de 1941 o Bauleitung tinha encomendado mais 15 fornos adicionais. Mesmo se aceitarmos as baixas estimativas de Mattogno para a capacidade de cremação como sendo de 20 por dia, os seis fornos existentes no local até meados de 1942 mais o adicional de 15, as autoridades poderiam eliminar 420 corpos por dia ou cerca de 12.500 por mês.
Se podemos acreditar na explicação dos negadores sobre estes fornos, então as autoridades estavam prevendo incríveis 30.000 mortes por mês de prisioneiros registrados! Isso, naturalmente, pressupõe que a baixa estimativa do negador sobre a capacidade destes fornos crematórios está correta. A única explicação é que a administração do campo previu muitas destas mortes, mas não de prisioneiros registrados. Verificando mais, temos uma tentativa no início de 1943 para investigar a possibilidade de construção de um sexto crematório. Como resultado de uma reunião com a Topf and Sons, os construtores dos fornos crematórios, em 29 de janeiro de 1943, o Bauleitung encarregou a empresa de produzir um esboço para um sexto crematório. O esboço foi entregue ao Bauleitung na primeira metade de fevereiro e o comandante do campo foi informado das discussões.[71]
Na altura em que estas discussões foram tendo lugar, Auschwitz foi experimentando uma baixa taxa de mortalidade de prisioneiros registrados quando comparado com o verão de 1942. Os livros de óbito mostram a morte de cerca de 3.000 prisioneiros registrados para janeiro de 1943. Um número similar de prisioneiros registrados tinham morrido nos meses de novembro e dezembro de 1942.[72] Portanto a morte de 9.000 prisioneiros registrados para o período de novembro de 1942 a janeiro de 1943 foi muito inferior aos 21.900 mortos de agosto a outubro de 1942. Os quatro novos crematórios foram programados para se tornarem operacionais num futuro próximo. O primeiro iria entrar em operação em Março de 1943. Assim, de acordo com as baixas estimativas dos negadores, a capacidade total dos fornos de 30.000 por mês poderia eliminar 10 vezes o número de mortes de registrados mensalmente, no momento em que estas conversas foram tendo lugar. Porque então pretendiam as autoridades do campo construir um crematório para além dos quatro que iriam entrar em operação em breve? A resposta reside na data em que o representante da Topf, engenheiro e construtor de fornos Kurt Prüfer, esteve no campo para as conversas relativas a esta nova proposta de crematório - (mas nunca foi construído) – em 29 de janeiro de 1943. Neste mesmo dia o Bauleitung: (1) emitiu um memorando dizendo que aconteceu no “porão de gaseamento” do Crematório II [73] e (2) emitiu outro memorando sobre corpos queimando e “tratamento especial” poderiam ocorrer simultaneamente.[74] Tratamento especial [Sonderbehandlung] era uma palavra usada para designar morte e desaparecimento de prisioneiros.[75] Algumas semanas mais tarde, em 2 de Março, Prüfer enviou uma carta ao Bauleitung em que sua empresa fazia perguntas sobre “aparelhagem que você quer para indicar os vestígios de ácido prússico” para o Crematório II.[76] Ácido prússico era o gás venenoso letal usado em câmaras de gás. No mesmo dia um relatório de trabalho afirmava que existia uma “câmara de gás” [Gaskammer] no Krema IV.[77]
Talvez a melhor evidência para o motivo dos crematórios foi o sigilo exigido das pessoas que estavam envolvidas na sua construção. A Diretiva 108 do Bauleitung emitida em 1943 é um lembrete da Diretiva 35 emitida em 19 de junho de 1942, ela afirma que “os planos dos crematórios devem ser estritamente controlados. Nenhum plano pode ser passado para a brigada de trabalho...e todos os planos devem ser guardados em local trancado a chave, quando não estiver em uso...” A parte fundamente do memorando afirma: “Além disso, temos de salientar que estamos lidando com tarefas econo-militares que devem ser mantidas em segredo [geheimzuhaltende]”[78] Este memorando levanta a questão de saber porque razão a construção de crematórios seria uma tarefa econo-militar e que exigia muito segredo se o grande objetivo dessas estruturas era o de eliminar cadáveres. No memorando as palavras-chave em alemão wehrwirtschaftliche und geheimzuhaltende são as únicas sublinhadas. O memorando somente faz sentido se estas estruturas estavam sendo utilizadas para fins secretos, além de eliminação de corpos. O memorando também ainda separa o edifício dos cematórios do [mito] do tifo, referindo-se a diretiva original como sendo emitida em 19 de junho de 1942. A epidemia de tifo não atacou Auschwitz até 3 de julho de 1942, duas semanas depois, a nota foi emitida.[79]
Gusen era um campo do complexo de campos de concentração de Mauthausen. Mauthausen e Gusen ficavam localizados na Áustria. Gusen era constituído de três campos. Em fevereiro de 1941, Gusen tinha uma mufla dupla, dois fornos instalados afim de lidar com as mortes dali. Mais nenhum forno adicional foi incorporado durante a existência de Gusen.[66] Antes de março de 1943, Auschwitz tinha 3 muflas duplas, ou seja, três vezes a capacidade de cremação de Gusen. Em 1942 aconteceram 7.410 mortes em Gusen.[67] Em 1942 aconteceram 44.000 mortes de prisioneiros registrados e mais 1.100 prisioneiros de guerra soviéticos registrados nos livros do necrotério. Estas mortes não estão em disputa.[68] Prisioneiros não-registrados que foram mortos na chegada, não estão incluídos nestes números. Entretanto em 1942 registraram-se 6 vezes mais mortes em Auschwitz do que em Gusen, com três vezes a capacidade de cremação. Igualmente revelador é uma pesquisa de três meses consecutivos, dos meses mais elevados em ambos os campos. O maior óbito de prisioneiros registrados nestes três meses em Auschwitz foi 21.900, no período de agosto a outubro de 1942. O maior período de três meses em Gusen foi de Dezembro de 1942 à fevereiro de 1943, quando 3.851 prisioneiros morreram. A comparação destas estatísticas de mortes sugere que Auschwitz poderia ter acomodado o excesso de mortalidade de Gusen, duplicando a sua capacidade de cremação de 6 para 12 fornos. Se Auschwitz realmente precisava de 46 fornos adicionais, uma expansão quase nove vezes maior do que a sua capacidade existente, então para Gusen seriam necessários expandir pelo menos 12 fornos. No entanto esta expansão nunca foi realizada.
As evidências disto vêm à partir de dados disponíveis sobre os fornos de Gusen, que mostram que cada forno poderia queimar em média cerca de 26 corpos por dia, de modo que ambos os fornos poderiam queimar juntos, pelo menos, 52 corpos por dia ou cerca de 1.500 por mês.[69] No entanto, como será visto mais adiante, estes fornos também poderiam exceder substancialmente esse número. O mais alto número de mortes em um mês em Gusen foi de 1.719.[70] Isso significa que os seis fornos de Auschwitz poderiam ter consumido cerca de 4.500 por mês. Os maiores totais mensais de morte de prisioneiros registrados em Auschwitz foram de 9.000 em setembro de 1942. Porém, logo em outubro de 1941 o Bauleitung tinha encomendado mais 15 fornos adicionais. Mesmo se aceitarmos as baixas estimativas de Mattogno para a capacidade de cremação como sendo de 20 por dia, os seis fornos existentes no local até meados de 1942 mais o adicional de 15, as autoridades poderiam eliminar 420 corpos por dia ou cerca de 12.500 por mês.
Se podemos acreditar na explicação dos negadores sobre estes fornos, então as autoridades estavam prevendo incríveis 30.000 mortes por mês de prisioneiros registrados! Isso, naturalmente, pressupõe que a baixa estimativa do negador sobre a capacidade destes fornos crematórios está correta. A única explicação é que a administração do campo previu muitas destas mortes, mas não de prisioneiros registrados. Verificando mais, temos uma tentativa no início de 1943 para investigar a possibilidade de construção de um sexto crematório. Como resultado de uma reunião com a Topf and Sons, os construtores dos fornos crematórios, em 29 de janeiro de 1943, o Bauleitung encarregou a empresa de produzir um esboço para um sexto crematório. O esboço foi entregue ao Bauleitung na primeira metade de fevereiro e o comandante do campo foi informado das discussões.[71]
Na altura em que estas discussões foram tendo lugar, Auschwitz foi experimentando uma baixa taxa de mortalidade de prisioneiros registrados quando comparado com o verão de 1942. Os livros de óbito mostram a morte de cerca de 3.000 prisioneiros registrados para janeiro de 1943. Um número similar de prisioneiros registrados tinham morrido nos meses de novembro e dezembro de 1942.[72] Portanto a morte de 9.000 prisioneiros registrados para o período de novembro de 1942 a janeiro de 1943 foi muito inferior aos 21.900 mortos de agosto a outubro de 1942. Os quatro novos crematórios foram programados para se tornarem operacionais num futuro próximo. O primeiro iria entrar em operação em Março de 1943. Assim, de acordo com as baixas estimativas dos negadores, a capacidade total dos fornos de 30.000 por mês poderia eliminar 10 vezes o número de mortes de registrados mensalmente, no momento em que estas conversas foram tendo lugar. Porque então pretendiam as autoridades do campo construir um crematório para além dos quatro que iriam entrar em operação em breve? A resposta reside na data em que o representante da Topf, engenheiro e construtor de fornos Kurt Prüfer, esteve no campo para as conversas relativas a esta nova proposta de crematório - (mas nunca foi construído) – em 29 de janeiro de 1943. Neste mesmo dia o Bauleitung: (1) emitiu um memorando dizendo que aconteceu no “porão de gaseamento” do Crematório II [73] e (2) emitiu outro memorando sobre corpos queimando e “tratamento especial” poderiam ocorrer simultaneamente.[74] Tratamento especial [Sonderbehandlung] era uma palavra usada para designar morte e desaparecimento de prisioneiros.[75] Algumas semanas mais tarde, em 2 de Março, Prüfer enviou uma carta ao Bauleitung em que sua empresa fazia perguntas sobre “aparelhagem que você quer para indicar os vestígios de ácido prússico” para o Crematório II.[76] Ácido prússico era o gás venenoso letal usado em câmaras de gás. No mesmo dia um relatório de trabalho afirmava que existia uma “câmara de gás” [Gaskammer] no Krema IV.[77]
Talvez a melhor evidência para o motivo dos crematórios foi o sigilo exigido das pessoas que estavam envolvidas na sua construção. A Diretiva 108 do Bauleitung emitida em 1943 é um lembrete da Diretiva 35 emitida em 19 de junho de 1942, ela afirma que “os planos dos crematórios devem ser estritamente controlados. Nenhum plano pode ser passado para a brigada de trabalho...e todos os planos devem ser guardados em local trancado a chave, quando não estiver em uso...” A parte fundamente do memorando afirma: “Além disso, temos de salientar que estamos lidando com tarefas econo-militares que devem ser mantidas em segredo [geheimzuhaltende]”[78] Este memorando levanta a questão de saber porque razão a construção de crematórios seria uma tarefa econo-militar e que exigia muito segredo se o grande objetivo dessas estruturas era o de eliminar cadáveres. No memorando as palavras-chave em alemão wehrwirtschaftliche und geheimzuhaltende são as únicas sublinhadas. O memorando somente faz sentido se estas estruturas estavam sendo utilizadas para fins secretos, além de eliminação de corpos. O memorando também ainda separa o edifício dos cematórios do [mito] do tifo, referindo-se a diretiva original como sendo emitida em 19 de junho de 1942. A epidemia de tifo não atacou Auschwitz até 3 de julho de 1942, duas semanas depois, a nota foi emitida.[79]
Fonte: The Holocaust History Project - http://www.holocaust-history.org/auschwitz/body-disposal/
Tradução: Leo Gott
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