sexta-feira, 13 de março de 2009

Eliminação de Corpos em Auschwitz - O fim da negação - Parte 7 - Capacidade de Cremação

A utilização de fornos crematórios parece ter começado em algum momento de 1870. É conhecido à partir de cremações realizadas em 1874 que uma criança de 47 libras poderia ser cremada em 25 minutos, uma mulher de 144 libras em 50 minutos e um homem de 227 libras em 55 minutos[104]. Em 1875 foi relatado que um corpo poderia ser cremado em 50 minutos[105].

Mattogno cita um participante de uma conferência britânica de cremação em 1975 que afirmou que a “barreira térmica”para uma cremação foi de 60 minutos[106]. Ele ignorou o comentário de outro participante da conferência que sugeriu que a maior parte da cremação ocorreu nos primeiros 30 minutos:
Após cerca de meia hora, se o forno tiver chegado até uma temperatura de 1.100°C, ou se é 900°C, existe uma rápida queda de distância, e eu penso que as investigações devam estar envolvidas com os últimos vinte minutos ou então o ciclo de cremação. Neste instante você tem no crematório uma quantidade muito pequena de material do corpo...aproximadamente do tamanho de uma bola de rugby, a cerca de vinte minutos do fim da cremação, e isto é o mais difícil para remover[107].

As instruções do forno duplo da Topf previam que um corpo poderia ser adicionado ao forno durante os últimos vinte minutos e que tinham plena capacidade de cremar os corpos que tinham sido previamente introduzidos:
Assim que os restos dos corpos caíram do chamotte da grelha para a coleta das cinzas abaixo do canal, eles devem ser puxados para frente no sentido da porta de remoção das cinzas, usando o raspador. Aqui eles podem ser deixados por mais vinte minutos para serem totalmente consumidos...Neste meio tempo, outros corpos podem ser introduzidos após outros pelas câmaras[108 ]. (ênfases do autor)
Como veremos posteriormente, existe agora uma forte evidência que que os corpos foram adicionados antes do cadáver ser totalmente incinerado, resultando em um ciclo de 25 minutos para a cremação de cada corpo. (ver discussão na nota de rodapé 136).

Na Alemanha dos anos 1880 era possível cremar um corpo e o caixão que o abrigava em 60 e 75 minutos[109]. O processo de cremação se tornou muito popular na Alemanha nos anos que antecederam a Segunda Guerra Mundial. Em 1926, os jornais de Berlim relataram que 1/5 de todos aqueles que morreram naquela cidade foram cremados[110]. Em 1931 a Alemanha liderava as cremações na Europa. Das 94.978 cremações na Europa neste ano, 59.119 foram na Alemanha. A Alemanha tinha 107 dos 226 crematórios da Europa. Associados de sociedades de cremação alamãs ultrapassaram os de outros países. A Alemanha também teve mais revistas/diários de cremação do que qualquer outro país. Das sete revistas/diárias de cremação na conferência britânica de cremação em 1932, quatro eram alemãs[111]. Nos anos 1930 havia dois principais construtores de fornos na Alemanha. Um destes era a Topf and Sons, anteriormente identificados como os construtores dos fornos de Auschwitz. (grifos dos tradutor)

Um dos problemas quando se discutem questões dos crematórios de Auschwitz é que a taxa de utilização destes fornos para eliminação de corpos é sem precedentes na história da humanidade. Para colocar isto em algum tipo de perspectiva, no estado da Califórnia, com 20 milhões de pessoas, em 1982 teve 58.000 cremações[112]. No entanto, em Auschwitz, que nunca tinha registrado mais de 92.000 prisioneiros registrados, muitas vezes este número foi o número de cremados durante um período de quatro anos.

Os meios tradicionais de eliminação de corpos em tempos de guerra, eram as cremações ao ar livre. Em Leningrado, hoje São Petersburgo, durante a Segunda Guerra Mundial, pelo menos, um milhão de pessoas morreram. Elas foram cremadas a céu aberto[113]. Como veremos mais adiante neste estudo, cremações ao ar livre foram extensamente utilizadas em Auschwitz.

O problema específico com Auschwitz é que devido à natureza única que estava acontecendo ali e na ausência de dados de quaisquer registros que documentam uma cremação ou como estes fornos trabalhavam, nós estamos necessariamente forçando certa especulação. Nós realmente não sabemos quantos corpos poderiam ser queimados nos crematórios diariamente, a quantidade de combustível que era necessário para cremar um corpo, o tempo de vida de um forno, ou o efeito de qualquer destas considerações quando mais de um corpo estava sendo cremado em um forno. Além disso, a natureza do que aconteceu torna cientificamente impossível a repetição. Por exemplo, é improvável que haverá uma oportunidade para que 52 fornos, todos no mesmo local, eliminar corpos sob as mesmas condições que existiam em Auschwitz. Além disso, cremações modernas estão sujeitas a uma série de regras e regulamentos que não se aplicavam aos campos de concentração alemães. Nas cremações modernas, as cinzas das pessoas não podem se misturar com as cinzas de outras pessoas. Nenhum dos campos de concentração alemães tinha esta obrigação.

Mattogno computou em sua alegação qual foi o número máximo de corpos que poderiam eventualmente ser cremados nos quatro crematórios de Birkenau desde que tornaram-se operacionais até 30 de outubro de 1944, data em que o historiador do campo, Danuta Czech identificou o último gaseamento. Ele encontrou documentos que mostram que em dois dias foram feitos reparos nos fornos. À partir destes documentos de reparos, ele alegou que ele foi capaz de determinar quantos dias cada um dos crematórios poderia funcionar. Ele alegou que o Krema II entrou em operação em meados de Março de 1943 e saiu de serviço rapidamente, cerca de 115 dias, até julho. Em seguida funcionou até 30 de outubro de 1944. Ele também alegou que o Krema III entrou em funcionamento em 25 de junho de 1943 e ficou fora de serviço por 60 dias em 1944[114]. Ele está correto quanto às datas que estes crematórios entraram em serviço. No entanto, as fontes que ele citou não suportam suas alegações sobre os crematórios estarem fora de serviço durante o período reclamado. Sua fonte para o Krema II estabelecendo os 115 dias foi uma carta do Bauleitung para a Topf, data de 17 de julho de 1943, que discute problemas com blueprints para a chaminé, porque não tinham tido em conta temperaturas causadas pelo aumento do calor. Entretanto, a carta não diz nada sobre o Krema estar fora de serviço[115]. A investigação mais atual sobre esta questão afirma que o Krema II saiu de serviço por um mês, com início em 22 de maio de 1943, porque o revestimento interno da chaminé e o tubo ligado ao incinerador começaram a desmoronar[116].

Do mesmo modo, a fonte de Mattogno para o Krema III estabelecendo 60 dias em 1944, apenas menciona que as portas dos fornos estavam sendo reparadas no dia 1º de junho. Menciona igualmente que haviam continuidade de reparos em todos os crematórios de 8 de junho a 20 de julho, porém, não é indicado se estes reparos estavam nos fornos[117]. No entanto, estes documentos não apresentam provas de que qualquer um dos crematórios foram desligados ou que os fornos dos crematórios II, III e V não estavam trabalhando durante este período de tempo (Lembrar que os fornos do Krema IV foram desligados permanentemente em maio de 1943.) É conhecido, à partir de informações dos fornos da Topf de Gusen, que estes poderiam funcionar até mesmo nos dias que aconteceram reparos[118].

Baseado na sua errônea baixa estimativa de tempo nos fornos dos crematórios II e III, Mattogno calculou que, se cada forno pode queimar 24 corpos por dia e, em seguida, um máximo de 368.000 corpos poderiam ter sido cremados à partir do primeiro período que esses fornos iniciaram suas operações até 31 de outubro de 1944[119]. Mattogno não aborda a questão do Krema I, no campo principal, que foi encerrado em 19 de julho de 1943[120]. Como iremos ver, no entanto, na parte deste estudo que tratam de cremação ao ar livre, Mattogno também identificou um método de eliminação que não depende do funcionamento dos fornos. Isto significa que mesmo que o seus números da capacidade dos Kremas estejam corretas, são irrelevantes.

A questão do excesso de uso do forno que emergiu recentemente com os interrogatórios do pós-guerra de três engenheiros pelos soviéticos. Kurt Prüfer, construtor dos fornos, foi perguntado porque os revestimentos dos tijolos dos fornos danificavam tão rapidamente. Ele respondeu que o dano resultante após seis meses foi “porque a pressão sobre os fornos foi enorme”. Ele recontou como ele tinha dito ao Engenheiro-Chefe da Topf no Crematório, Fritz Sanders, sobre a pressão nos fornos porque tinham muitos cadáveres à espera para serem incinerados como resultado dos gaseamentos[121]. Sanders afirmou que ele havia sido informado por Prüfer e outro engenheiro da Topf que “a capacidade dos fornos era tão grande que três corpos [gaseados] foram incinerados [em um forno] simultaneamente”[122]. Um Sonderkommando, que trabalhava nos crematórios durante este tempo, escreveu que rachaduras na alvenaria dos fornos foram preenchidas com uma pasta especial à prova de fogo, a fim de manter os fornos funcionando[123].

No julgamento de “discurso de ódio” do canadense Ernst Zündel[124] em 1988, um suposto especialista em cremações chamado Ivan Legace testemunhou que o número máximo de corpos que poderiam ser eliminados em cada um dos 46 fornos de Birkenau era três por forno, totalizando 138[125]. Este valor é encontrado no Relatório Leuchter[126]. Este é mais um exemplo da incompetência de Leuchter nestes assuntos. Até mesmo Mattogno afirmou que “este número é, na realidade, muito abaixo da capacidade real”[127]. Contrariamente a Leage e Leuchter, sabe-se que os fornos da Topf poderiam trabalhar diariamente de forma contínua. Esta informação vem diretamente de notas mantidas pelos prisioneiros que trabalharam diariamente na operação do forno com mufla dupla em Gusen, de 31 de outubro a 12 de novembro de 1941. Essas notas mostram uma média diária de 26 incinerações por mufla em um período de 13 dias[128]. No entanto, os fornos de Gusen não trabalhavam sempre em full time. Portanto, os registros mostram que na maioria dos dias eles foram operados em tempo parcial[129]. As instruções da Topf para essas muflas à partir de junho de 1941 citam:
No incinerador com mufla duplo-T aquecido a coque, 10 a 35 corpos podem ser incinerados em cerca de 10 horas.A quantidade acima mencionada pode ser incinerada diariamente sem qualquer problema, sem sobrecarga ao forno. E não é prejudicial ao forno operar o incinerador dia e noite, se necessário, desde que a fireclay [parede resistente] duram mesmo quando a temperatura é mantida[130].
Estas observações também se aplicam às três muflas duplas dos fornos do Krema I de Auschwitz, que tinham a mesma construção. Instruções similares foram emitidas pela Topf para os fornos de Auschwitz em Setembro de 1941. (grifos do tradutor) Estas instruções afirmam que “uma vez a câmara de cremação[mufla] tem sido levada a um bom calor[aproximadamente 800° ], os cadáveres podem ser introduzidos um após o outro nas câmaras de cremação”. As instruções também indicam que no final da operação, as válvulas de ar, as portas, amortecedores devem ser mantidas fechadas “para que o forno não esfrie”.[131] Essas instruções contradizem diretamente a afirmação de Legace que os fornos precisavam ser resfriados.[132]

É interessante notar que as instruções para ambos os fornos, de Gusen e Auschwitz sugerem o uso continuado, usando a temperatura para prolongar a vida útil dos fornos. (grifos do tradutor) No mesmo dia em que as instruções de Gusen foram emitidas, dois engenheiros da Topf afirmaram que o forno com mufla dupla poderia incinerar 60-72 corpos [30 a 36 por mufla] em um período de 20 horas sendo requeridas 3 horas de manutenção[133].

Kurt Prüfer, o engenheiro da Topf que construiu os 46 fornos de Birkenau, afirmou numa carta enviada em 15 de novembro de 1942 que os fornos que ele instalou no campo de concentração de Buchenwald tiveram uma produção maior que previamente haviam pensado[134]. Infelizmente, ele não afirma que o número seja superior a um terceiro. No entanto, no mesmo dia, ele informou ao Bauleitung que os cinco fornos com muflas triplas, 15 fornos, poderiam incinerar 800 corpos em 24 horas[135]. Isso significa que uma mufla poderia queimar cerca de 53 corpos em um período de 24 horas. Reduzindo o tempo em quatro horas significa que 44 corpos por mufla poderiam ser cremados em um período de 20 horas. Tal como referido duas vezes antes, nesse estudo, a melhor informação que temos sobre o resultado destes fornos é o período entre 31 de outubro e 12 de novembro de 1941 em Gusen, após terem sido vistoriados. Enquanto os 677 corpos cremados durantes estes 13 dias em média, 26 por mufla, em uma análise dos dados latentes da Topf revelam que um forno pode queimar muito além desse montante. Em 7 de novembro de 1941 estas duas muflas incineraram 94 corpos em um período de 19 horas e 45 minutos, ou 47 por mufla. Isso significa que cada forno poderia incinerar um corpo em 25,2 minutos. Esta foi provavelmente atingida pela adição de novos organismos no forno antes que o outro corpo tivesse sido totalmente incinerado, um método que parece ter sido previsto nas instruções da Topf debatidas anteriormente. (veja discussão na nota 108.) Este método não deve ser confundido com cremação de múltiplos corpos, que devem ser discutidos na próxima parte deste estudo. Este número de 25 minutos não é muito longe das estimativas de Prüfer citados no parágrafo anterior. Mattogno ignorou esta informação totalmente. Ele preferiu focar nas informações de 8 de novembro que mostram 72 corpos cremados. Ele citou erroneamente que gastaram 24 ½ horas para cremar estes corpos. Ele interpretou mal estas folhas. O tempo real de cremação destes corpos foi entre 16 e 17 horas[136].

A informação mais controversa vem do Bauleitung em 28 de junho de 1943. Foi reportado que, em um período de 24 horas os seis fornos do Krema I poderiam incinerar 340 corpos; os cinco fornos com muflas triplas em cada Krema II e III poderiam incinerar 1440 cadáveres, ou 2880 combinadas; Kremas IV e V, poderiam incinerar cada, 768 cadáveres ou 1536 combinados. O total os cinco [Kremas] foi de 4.756 e o total para os quatro de Birkenau foi 4.416. Para efeito de comparação com Gusen, haviam muitas mulheres leves e crianças para incinerar nos fornos de Auschwitz. Em contrapartida, não havia mulheres e crianças em Gusen em 1941, apenas homens[137].

Negadores[do Holocausto] rejeitam os números do Bauleitung completamente. Críticos dos negadores ainda não aceitam totalmente estes números. No entanto, os dados de Gusen sugerem que os números do Bauleitung podem ter sido mais credíveis do que previamente suspeitado. O número do Bauleitung de 340 para 24 horas para os seis fornos do Krema I, são cerca de 25 minutos por corpo cremado, o mesmo resultado alcançado em Gusen em 7 de novembro de 1941.

E quanto aos quatro crematórios de Birkenau? Na época que o Bauleitung forneceu estes números, todos os crematórios estavam funcionando no mesmo período de tempo. Assim, é razoável supor que o Bauleitung pelo menos tinha alguma informação básica sobre esses valores. Tanto negadores[do Holocausto] quanto os seus críticos concordam que um forno não poderia incinerar um corpo em 15 minutos, que é o que seria exigido para os 46 fornos para cremarem 4.416 corpos em 24 horas. As informações disponíveis à partir de Gusen sugerem que o valor máximo atingido foi de 25 minutos, e adicionando um corpo antes de o outro corpo que foi previamente introduzido estivesse totalmente consumido. É igualmente certo que os fornos não podiam operar em uma base indefinida de 24 horas por dia.

Mas poderia um forno cremar um corpo em 15 minutos? Não com o método tradicional de cremação de um corpo hoje. No entanto, a questão torna-se mais problemática se as cremações de múltiplos corpos são consideradas. Isso significa que um forno poderia queimar mais de um corpo no momento. A prática não era usual nos campos de concentração alemães. Por exemplo, uma das primeiras histórias de Dachau dizia que gastaram de 10 a 15 minutos para queimar um corpo[138]. A fonte não nos diz como isso foi feito. No entanto, o padrão histórico de Dachau, escrito alguns anos mais tarde, afirma que um forno poderia queimar 7-9 corpos em duas horas, quando fossem introduzidos todos simultaneamente.[139] Visto a esta luz, 15 minutos se torna viável. A questão da cremação de múltiplos corpos será analisada mais exaustivamente na próxima parte deste estudo em que lideramos com consumo de combustível.

Fonte: The Holocaust History Project - http://www.holocaust-history.org/auschwitz/body-disposal/
Tradução: Leo Gott

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