Os membros do Holocaust Controversies preparam uma extensa crítica entitulada 'Belzec, Sobibor, Treblinka. Negação do Holocausto e a Operação Reinhard: uma crítica às falsificações de Mattogno, Graf e Kues'(Belzec, Sobibor, Treblinka. Holocaust Denial and Operation Reinhard: A Critique of the Falsehoods of Mattogno, Graf and Kues). É a primeira edição do documento, e os eventos de fundo que levaram a sua criação são discutidos na introdução. Publicaremos o trabalho inteiro como um arquivo PDF na internet dentro dos próximos 14 dias; mas primeiramente estamos lançando nossa atual versão do trabalho como uma série do blog, começando aqui. Não usamos um revisor profissional e estamos trabalhando neste projeto gratuitamente em nosso tempo livre, por isso gostaríamos de pedir a todos os leitores a dar suas opiniões, acerca de qualquer erro tipográfico ou de outros erros, nos comentários abaixo em cada artigo do blog. Incorporaremos quaisquer correções necessárias no PDF e nas versões subsequentes do documento.
Boas Festas e se divirtam!
Fonte: Holocaust Controversies
http://holocaustcontroversies.blogspot.com/2011/12/holiday-gift-for-mattogno-graf-and-kues.html
Texto: Jonathan Harrison
Tradução: Roberto Lucena
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sexta-feira, 30 de dezembro de 2011
segunda-feira, 10 de janeiro de 2011
Eliminação de Corpos em Auschwitz - O Fim da Negação - Parte 11 - Cremações ao ar livre em 1944
A cremação ao ar livre e fotos, 1944
A questão das cremações ao ar livre em 1944 gira em torno da deportação dos judeus húngaros, que durou de meados de maio a meados de julho. Negadores afirmam que nenhum extermínio de judeus húngaros ocorreu. No entanto, o que realmente aconteceu aos judeus húngaros é um assunto que a maioria dos negadores evita.
O destino dos judeus húngaros foi traçado numa série de memorandos do Plenipotenciário da Alemanha para a Hungria, Edmund Veesenmayer. Em 23 de abril, ele escreveu um memorando secreto em que relatava que as negociações sobre as deportações judaicas havia começado.
Veesenmayer escreveu nove memorandos de 23 maio a 6 julho detalhando o total de judeus deportados variando de 110 mil nos primeiros memorandos a 423 mil no último. Todos esses memorandos identificam a área de destino como o Reich. [233] Auschwitz estava na parte na qual hoje é a Polônia que era então tida como parte do Reich. O número final de deportados foi citado por Veesenmayer em um memorando de 11 de julho como sendo 437.402. [234] Laszlo Ferenczy, o funcionário húngaro responsável pela deportação, também manteve uma lista de deportados. Suas estimativas mostram que 434.351 judeus húngaros foram deportados. [235] O Ministro da Propaganda da Alemanha, Joseph Goebbels, declarou publicamente que 430 mil húngaros foram deportados até 09 de julho. "Os judeus são levados até a fronteira húngara e além deste ponto passam a sofrer efeito das disposições das medidas anti-judaicas ..." [236]
O problema para os negadores é que os registros de Auschwitz mostram apenas 26.000 judeus estando registrados enquanto um adicional de cerca de 20.000 que não foram registrados foram classificadas como estando em trânsito para outros campos de concentração. [237] Portanto, cerca de 90% dos deportados estão desaparecidas. O que aconteceu com eles? Houve duas explicações diametralmente opostas e contraditórias. Arthur Butz alegou que a maioria das deportações nunca aconteceu e que os memorandos onde Veesenmayer traçou o número de deportados eram falsificações. [238] Carlo Mattogno, por outro lado, não contestou o fato de que as deportações ocorreram, mas afirmava que os judeus húngaros foram usados para o trabalho em outros lugares sem ser Auschwitz. Só que ele não disse que locais poderiam ter sido. [239] Ambas as alegações são examinadas em outra parte. [240]
Tanto longe de que o autor posssa ser capaz de verificar, nenhum outro negador adotou a tese de Butz. Pelo contrário, a maioria dos negadores tendem a evitar a discussão sobre o que realmente aconteceu aos judeus da Hungria. Basta dizer aqui que a principal fonte na qual Butz baseou seu argumento realmente confirma que as deportações aconteceram, algo que Butz parece não estar habituado. [241]
Embora a tese de Mattogno seja amplamente tratada em outro lugar, ela pode facilmente ser julgada com base em um relatório alemão datado de 15 de agosto de 1944 sobre o número de todos os prisioneiros em campos de concentração alemães. O relatório afirma que 90 mil judeus húngaros chegaram aos campos de concentração juntamente com outros 522 mil prisioneiros, na sua maioria não-judeus, que haviam sido adicionados à população já existente. [242] O número de 90.000 parece ser o dobro maior que o número real. [243] O ponto importante, no entanto, é que mesmo se estivesse correto, cerca de 80% dos judeus húngaros estão faltando. Desde que eles não estivessem sendo internados, o que lhes aconteceu? Desveria ser destacado que Mattogno estava familiarizado com este relatório já que ele o havia citado em outro contexto em um estudo que não trata especificamente dos judeus húngaros. [244] Ele não mencionou o relatório ao abordar a questão específica dos judeus húngaros sete anos mais tarde, poorque refutaria o argumento de que eles estariam em outro lugar que não fosse Auschwitz. [245]
Como foi apontado anteriormente, a maioria das evidências primárias em forma de documentos para o extermínio dos judeus em Auschwitz foi destruída pelos alemães. Negadores afirmam que cerca de 400.000 judeus não poderiam ter sido exterminados em um período de dois meses por causa do problema de eliminação do corpo. Alguns tentam argumentar que não era possível cremar tantas pessoas nos fornos em um período tão curto de tempo. Ninguém que esteja familiarizado com o problema argumenta que os crematórios poderiam eliminar tantas pessoas em um período de dois meses. Na verdade, a capacidade dos crematórios era limitada neste período. Os oito fornos do Krema IV quebraram permanentemente em maio de 1943 enquanto os seis fornos do Krema I foram retirados em julho de 1943. Os oito fornos do Krema V funcionavam e paravam durante 1944. Isto significa que havia apenas 30 fornos em funcionamento sólido nos Kremas II e III durante a operação húngara.
O testemunho ocular de quem estava lá diz que houve duas áreas utilizadas para a inceneração ao ar livre. Uma delas foi uma área perto do Bunker Branco, que, como observado anteriormente, havia sido utilizada em 1942 e 1943. Foi reativada em regime de tempo integral para a operação húngara. A outra área foi localizada atrás do Krema V, onde covas foram escavadas para queimar os gaseados. Hoess menciona covas na área arborizada fora do campo onde o Bunker Branco foi localizado e perto de covas do Krema V. [246] O Sonderkommando Henryk Tauber contou sobre as covas cavadas ao longo do Krema V e da área arborizada perto do Bunker Branco. [247] O Sonderkommando Filip Müller escreveu sobre as covas de cremação no Bunker Branco e do Krema V. [248] O Sonderkommando Alter Feinsilber testemunhou que tanto as covas perto do Bunker e Krema V "foram expressamente cavadas para cremar os judeus húngaros." [249] Dois prisioneiros que escaparam de Auschwitz em 27 de maio de 1944, enquanto a operação húngara estava ocorrendo, disseram que as covas perto do Bunker Branco tinham cerca de 50(15,24 m) por 100(30,48 m) pés. [250] Miklos Nyiszli, um médico húngaro judeu que chegou em maio de 1944 e que teve experiência em primeira mão com o trabalho do Sonderkommando, escreveu sobre a vala na Bunker Branco como tendo 18(5.49 m) por 150(45.72 m) pés com "uma confusão de corpos queimando" [251 ] Paul Bendel, um médico francês e Sonderkommando, escreveu sobre três covas de 20(6.1 m) por 40(12.19 m) pés escavadas próximas aos Kremas IV e V, porque os crematórios não conseguiam lidar com os corpos. [252]
Quanto credível era este testemunho? As testemunhas que souberam em primeira mão foram os Sonderkommando, os trabalhadores que queimaram os corpos das vítimas que foram gaseadas. O Sonderkommando Filip Müller escreveu que durante a operação húngara seu número aumentou de 450 para 900. [253] Feinsilber também colocou o número em 900. [254] Tauber mencionou 1000. [255] Nyiszli afirma que havia 860 trabalhadores para dar conta dos mortos. [256] Infelizmente, nenhuma prova documental encontra-se disponível entre meados de Maio até meados de julho, o tempo das deportações húngaras. No entanto, um documento datado de campo de 28 de julho de 1944 enumera em 870 foguistas [Heizer] e 30 descarregadores de madeira [Holzablader] distribuídos em dois turnos de 12 horas para os quatro crematórios. [257] Um relatório similar de 29 de agosto mostra que 874 trabalhadores foram destinados aos quatro crematórios em dois turnos de 12 horas. [258] Estes dois relatórios sobre os detalhes dos crematórios reforçam ainda mais a credibilidade das testemunhas. Esse número é extremamente elevado e muito além de qualquer quantia que seria necessária para uma taxa de mortalidade normal. Não existe uma explicação benigna para este número, e negadores nunca trataram dessa questão.
Negadores argumentam que as queimadas não poderiam ter sido utilizadas por conta de duas fotografias aéreas tiradas pelas forças Aliadas do campo de Auschwitz durante a operação húngara. Negadores afirmam que as fotos não mostram nenhuma atividade. A mais conhecida dessas fotos é a tirada do campo em 26 de junho de 1944. A foto não mostra, de fato, qualquer atividade. No entanto, o motivo disto é que as deportações foram suspensas durante este período de tempo. Uma lista de transportes mostra que nenhum trem deixou a Hungria de 17 junho a 24 junho. Os transportes foram retomados em 25 de junho. [259] Entretanto, leva-se de três a quatro dias para se chegar a Auschwitz partindo da Hungria. [260] Registros de Auschwitz não mostram judeus húngaros sendo registrados de 20 junho a 27 junho. [261] A precisão dessas informações é também verificada nos relatórios Veesenmayer e Ferenczy. Em um relatório em 13 de junho Veesenmayer declarou que os judeus húngaros estavam sendo concentrados na Hungria de 17 a 24 de junho e transportados a partir de 25 a 28 de junho. [262] Um memorando de Ferenczy afirma a mesma coisa. [263] No entanto, quando a foto do dia 26 de junho foi analisada num estudo da Agência Central de Inteligência(CIA) em 1979, observou-se marcas na terra próxima aos crematórios IV e V, de acordo com o testemunho ocular sobre covas em chamas, que era visível. [264]
A outra foto foi tirada em 31 de maio, época em que as deportações estavam ocorrendo. Essa foto não foi analisada no estudo original da CIA. A extensão total do processo de extermínio não é registrada nesta foto. Entretanto, é preciso ter em mente que esta é uma foto tomada ainda em um determinado ponto no tempo, não volta a vigilância do relógio. No entanto, a fotografia de 31 de maio revela informação importante não abordada pelos negadores. Em 1994, Mattogno assegurou a seus leitores que a foto de 31 de maio não mostra um "rastro de fumaça" ou "covas, crematórios ou não." [265] O problema é que, no mesmo tempo que sua monografia apareceu, um livro publicado em Auschwitz mostrava fumaça saindo de uma cova perto do Krema V, no mesmo lugar que todas as testemunhas disseram que que corpos estavam sendo queimados. [266] Este foi a mesmo foto de 31 de maio. Ela já havia sido previamente reproduzida mostrando fumaça em 1983. [267]
A foto de 31 de maio também mostrou algo que foi visto pelo Dr. Nevin Bryant, supervisor de aplicações cartográficas e de processamento de imagem do Laboratório de Propulsão a Jato em Caltech/NASA. Ele identificou prisioneiros marchando dentro do Krema V. [268]
Mattogno alegou em 1995, no ano seguinte à publicação da foto de 31 de maio, que a fumaça não era de corpos queimados mas provavelmente de lixo. [269] No entanto, sabe-se que este não é o caso porque os Kremas II [270] e III [271] cada um tinha um incinerador de lixo. Portanto, não heveria motivo para incinerar o lixo a céu aberto. Além disso, como será visto, há três covas próximas do Krema V na foto. Mattogno simplesmente não tem nenhuma explicação para a presença desta fumaça.
Mattogno também assegurou a seus leitores que os Bunkers vermelho e branco não foram encontrados em documentos alemães e que eles tinham "sido criados por testemunhas do pós-guerra". [272] Embora o Bunker Vermelho tivesse sido desmantelado no período da operação húngara, há agora prova documental da existência do Bunker Branco. Na primavera de 1998 o autor conversou com Dino Brugioni, o ex-especialista de foto da Inteligência que primeiro analisou as fotos de Auschwitz em 1979. Brugioni também foi analista de fotos para a Agência Central de Inteligência(CIA) durante a crise dos mísseis em Cuba e ele apareceu no documentário da CNN "Guerra Fria" para discutir como ele localizou os mísseis em Cuba. Brugioni afirmou que o Bunker Branco era visível na foto de 31 de maio. Negadores sempre alegaram que este bunker não existia.
O membro do Holocaust History Project e programador de computador Mark Van Alstine examinou a foto de 31 de maio para o autor e confirma a observação de Brugioni de que o Bunker Branco está na zona de bosque, onde as testemunhas disseram que era. Ele identificou três covas queimando na área do Bunker Branco (Mattogno afirma que havia quatro). [273] Van Alstine é capaz de confirmar a partir da fotografia a existência de três barracões que eram usados para se despir prisioneiros próximos do Bunker Branco. Lembre-se do que Hoess escreveu de que havia três barracões perto do Bunker Branco. [274] Van Alstine também confirma a existência das três covas próximas do Krema V cada uma das quais ele estima ter cerca de 1.150 pés quadrados(106,84 m²) de um total de 3.450 pés quadrados(320,52 m²) de espaço de cova. [275] Como será visto na próxima parte deste estudo, há boas razões para crer que Mattogno não estava ciente das covas do Krema V, como da existência do Bunker Branco também. A insuficiência de Mattogno para abordar a questão da existência das covas e do bunker é compreensível de que ele não pode oferecer nenhuma explicação plausível do porquê deles estarem lá no primeiro local.
O autor também pediu ao Sr. Carroll Lucas, um especialista em imagens de foto com 45 anos de experiência, para examinar a foto de 31 de maio e outras tiradas pelos Aliados emm 1944. As qualificações do Sr. Lucas são discutidos na próxima seção deste estudo ao tratar do negador John Ball. Lucas confirma a existência de uma "casa de fazenda e um par de edifícios de armazenamento" fora do complexo de Birkenau. Este é o Bunker Branco, que havia sido uma casa de fazenda antes de sua conversão em câmara de gás, e as instalações para despir os prisioneiros. Lucas também foi capaz de encontrar uma ligação entre a estrutura e Birkenau.
Lucas também examinou a área de terra ao redor dos Kremas IV e V na foto de 31 de maio onde ele encontra:
Lucas observa que na foto de 25 de agosto "[lá]aqui não há nenhuma evidência de locais de valas comuns ..." Isso indica a natureza transitória das valas comuns. Com a atividade de cremação ao ar livre muito provavelmente encerrada com a conclusão da operação do gueto de Lodz em agosto de 1944.
Houve também algumas dúvidas sobre se havia ferrovia no complexo. 31 de maio foi durante o período em que muitos judeus estavam chegando da Hungria. Lucas foi capaz de identificar mais de 100 vagões ferroviários na foto. "O pátio ferroviário recepção também é muito utilizado, contendo principalmente os carros menores ferroviários (prováveis vagões de gado)."
Lucas conseguiu identificar 21 formações distintas de pessoas na foto de 31 de maio. O autor especificamente perguntou a ele sobre as descobertas do Dr. Nevin Bryant do CalTech(Instituto de Tecnologia da Califórnia) (aqui discutida na nota 268) sobre os presos que entrando no Krema V. Em um adendo ao relatório, Lucas escreve:
Mattogno argumentou que as covas queimando não foi um meio eficaz de eliminação dos corpos. Ele citou um estudo feito por H. Frolich em uma revista militar alemã de 1872 de que a tentativa de eliminar corpos de soldados abrindo valas comuns e enchê-las com alcatrão "resultou na carbonização da camada superior dos corpos, do cozimento da camada intermediária do corpo e nenhum efeito sobre a camada inferior". [277] Ele ignorou o fato de que o autor do estudo deu orientações para a eliminação eficaz de corpos em covas ao utilizar gasolina. Frolich escreveu que a vala tinha que ser encharcada com gasolina em uma cova de piche. Depois de três horas, entre 250 a 300 corpos eram eliminados. [278]
O estudo Frolich menciona que este método tenha sido aprovado por uma comissão belga. [279] Em 1887 o Dr. Hugo Erichsen, um dos principais especialistas mundiais em matéria de eliminação de corpos do final do século 19 e início do século 20, escreveu sobre os esforços do governo belga com estas linhas em uma batalha em 1814. O indivíduo acusado pela eliminação de corpos se chamava Creteur.
Muitas das testemunhas oculares das cremações ao ar livre em Auschwitz afirmam que a gasolina foi usada para eliminar os corpos, algo que Mattogno não mencionou. [281] Os alemães usaram gasolina para eliminar os corpos em Bergen-Belsen, [282] Majdanek, [283] e na Operação Reinhard dos campos de extermínio. [284] Como Dr.Frolich e o exército belga em 1814, o Sonderkommando Filip Müller abordou o problema específico que Mattogno mencionou:
Quando Mattogno finalmente admitiu que a cremação ao ar livre ocorreu a fim de salvar seus argumentos de coque - discutidos anteriormente - ele afirmou que o processo foi feito em piras. [287] Recorde que ele colocou essas queimadas na área do Bunker Branco como todas as testemunhas haviam feito, mas apenas para o período antes dos crematórios de Birkenau serem construídos. Mais uma vez ele tinha cooptado o testemunho ocular que falou do uso de fogueiras perto do Bunker Branco no contexto da incineração das vítimas gaseadas. [288] Assim, parece que enquanto as piras foram utilizados nas covas perto do Bunker Branco, os corpos eram simplesmente colocados em covas atrás do Krema V.
A melhor evidência das cremações ao ar livre foi capturada em uma fotografia tirada por um Sonderkommando em agosto de 1944, após a operação húngara. Ela mostra a queima de um grande número de cadáveres atrás do Krema V. A área pode ser identificada porque é consistente com o fundo dessa área. [289] Uma cerca alta de arame farpado pode ser vista com uma área florestal fora dela. A foto é bem conhecida e tem sido reproduzida em muitos lugares, inclusive na internet. [290] No entanto, o melhor exemplar da foto foi publicado num estudo realizado sob os auspícios do Museu Estatal de Auschwitz. Ele tem envergadura de cerca de 18 polegadas e mostra mais da foto que foi publicada em outro lugar. É possível ver 14 Sonderkommandos de uniforme e muitos corpos nus sendo queimados. O número exato não pode ser determinado porque a fumaça está obscurecendo as covas. [291] Müller escreveu que 25 Sonderkommandos empilharam os corpos nas valas. [292] Mattogno nunca abordou esta foto, nem mesmo chamá-la de falsificação como os negadores gostam de fazer com provas que não consiguem explicar. Esta foto foi tirada provavelmente durante a operação gueto de Lodz.
Quantos prisioneiros foram incinerados em queimadas a céu aberto durante a operação húngara? A resposta provavelmente nunca será conhecida. Na opinião do autor, pelo menos 75% dos judeus húngaros mortos foram queimados nas covas próximas do Krema V ou nas piras próximas do Bunker Branco, enquanto o restante foram queimados nos fornos dos crematórios II e III. De acordo com Höss, cerca de 9.000 por dia foram assassinados durante esse período de tempo. [293] O número Hoess é consistente com o número de vítimas que chegavam nos trens. Os registros de comboios de transporte da Hungria mostram que cerca de 1200 a 3400 vítimas em cada transporte de trem deixaram a Hungria. [294] Supondo que três comboios chegavam por dia, teria sido possível incinerar todas os 9.000 vítimas em três operações sem precisar usar o Krema II ou III.
Isso poderia ser feito da seguinte forma. A melhor informação sobre o Bunker Branco é que era suficiente grande para gasear 1.200 vítimas enquanto o Krema V tinha três câmaras de gás que atinginham uma área de 2500 pés quadrados(232,26 m²). [295] Isto significa que cerca de 1800 vítimas poderiam ser espremidas na área de Krema V designada para o gaseamento. Portanto, usando somente o Bunker Branco e o Krema V, uma transporte inteiro com 3000 poderia ser incinerado e queimado a céu aberto. Como observado anteriormente, o Bunker Branco e suas covas estavam em uma área arborizada. Esta área foi ocultada da visão dos prisioneiros recém-chegados. O Krema V era cercado por árvores e foi muitas vezes referido como a floresta Krema. [296] A foto dos prisioneiros que estão sendo cremados ao ar livre pelos sonderkommados na parte traseira do Krema V, discutidas acima, mostra a área da cova não rodeada por árvores, por isso era visível. No entanto, era ainda mais longe da linha férrea onde os novos prisioneiros chegavam, do que qualquer um dos outros crematórios. Além disso, Krema V era relativamente próximo do Bunker Branco. Conseqüentemente, ao usar o Bunker Branco e o Krema V as autoridades podiam manter a operações de gaseamento e incineração bastante próximas umas das outras e ao mesmo tempo proporcionar a melhor oportunidade para ocultá-las dos prisioneiros recém-chegados.
Havia certamente Sonderkommandos suficientes designados para operação e fazê-la funcionar de forma eficiente. Como observado acima, os registros de campo mostram 900 Sonderkommandos de plantão. Eles foram divididos em dois turnos de 12 horas. Isto significa que quando os Kremas II e III não estavam sendo usados, os Sonderkommandos designados às instalações poderiam ser movidos para o Krema V e o Bunker Branco. Como foi observado anteriormente, o Krema IV não era operacional para que Sonderkommandos designados não pudessem ser usados sempre que necessário. Assim, havia 450 Sonderkommandos em um turno para limpar cerca de 3000 corpos, a quantidade provável de prisioneiros de um transporte gaseados em uma operação. A foto da operação de incineração mostra que um corpo era carregado por um ou dois Sonderkommandos. Ela também mostra que a queima começou antes que todos os corpos fossem retirados da câmara de gás, porque os cadáveres estão sendo arrastados para a área enquanto fumaça obscure a visão das covas. [297]
É provável que como cada transporte que chegasse, algumas das vítimas fossem encaminhadas para os Kremas II e III. A grande maioria, no entanto, foi direcionada para o Bunker Branco e o Krema V. Este é o cenário lógico desde que os crematórios não poderiam possivelmente eliminar o número de vítimas que estavam sendo assassinadas diariamente. As autoridades do campo já estavam cientes de que os crematórios não seriam capazes de eliminar o número de vítimas que chegava todos os dias da Hungria. É por isso que eles utilizaram o Bunker Branco e suas covas e valas escavadas atrás do Krema V.
Fonte: The Holocaust History Project
http://www.holocaust-history.org/auschwitz/body-disposal/
Tradução: Roberto Lucena
Continuação - Partes: (1);(2);(3);(4);(5);(6);(7);(8);(9);(10);(11);(12);(13)
A questão das cremações ao ar livre em 1944 gira em torno da deportação dos judeus húngaros, que durou de meados de maio a meados de julho. Negadores afirmam que nenhum extermínio de judeus húngaros ocorreu. No entanto, o que realmente aconteceu aos judeus húngaros é um assunto que a maioria dos negadores evita.
O destino dos judeus húngaros foi traçado numa série de memorandos do Plenipotenciário da Alemanha para a Hungria, Edmund Veesenmayer. Em 23 de abril, ele escreveu um memorando secreto em que relatava que as negociações sobre as deportações judaicas havia começado.
Eles exigem uma transferência diária de 3.000 judeus, principalmente da área de Carpathia, com início em 15 de Maio. Se facilidades de transporte permitissem, haverá também mais tarde transferências simultâneas de outros guetos. Auschwitz é designado como estação de recepção. [231]As deportações atuais, no entanto, ultrapassaram em muito as 3000 diárias porque os judeus estavam sendo enviados de todas as áreas, conforme antecipado por Veesenmayer, não apenas da Carpathia. Laszlo Ferenczy, o funcionário húngaro encarregado da guetização e concentração dos judeus antes da deportação, enviou um memorando em 29 de maio de 1944 no qual afrmava que até 28 de maio, que todos os 184.049 judeus húngaros em 58 transportes passaram por Auschwitz. [232]
Veesenmayer escreveu nove memorandos de 23 maio a 6 julho detalhando o total de judeus deportados variando de 110 mil nos primeiros memorandos a 423 mil no último. Todos esses memorandos identificam a área de destino como o Reich. [233] Auschwitz estava na parte na qual hoje é a Polônia que era então tida como parte do Reich. O número final de deportados foi citado por Veesenmayer em um memorando de 11 de julho como sendo 437.402. [234] Laszlo Ferenczy, o funcionário húngaro responsável pela deportação, também manteve uma lista de deportados. Suas estimativas mostram que 434.351 judeus húngaros foram deportados. [235] O Ministro da Propaganda da Alemanha, Joseph Goebbels, declarou publicamente que 430 mil húngaros foram deportados até 09 de julho. "Os judeus são levados até a fronteira húngara e além deste ponto passam a sofrer efeito das disposições das medidas anti-judaicas ..." [236]
O problema para os negadores é que os registros de Auschwitz mostram apenas 26.000 judeus estando registrados enquanto um adicional de cerca de 20.000 que não foram registrados foram classificadas como estando em trânsito para outros campos de concentração. [237] Portanto, cerca de 90% dos deportados estão desaparecidas. O que aconteceu com eles? Houve duas explicações diametralmente opostas e contraditórias. Arthur Butz alegou que a maioria das deportações nunca aconteceu e que os memorandos onde Veesenmayer traçou o número de deportados eram falsificações. [238] Carlo Mattogno, por outro lado, não contestou o fato de que as deportações ocorreram, mas afirmava que os judeus húngaros foram usados para o trabalho em outros lugares sem ser Auschwitz. Só que ele não disse que locais poderiam ter sido. [239] Ambas as alegações são examinadas em outra parte. [240]
Tanto longe de que o autor posssa ser capaz de verificar, nenhum outro negador adotou a tese de Butz. Pelo contrário, a maioria dos negadores tendem a evitar a discussão sobre o que realmente aconteceu aos judeus da Hungria. Basta dizer aqui que a principal fonte na qual Butz baseou seu argumento realmente confirma que as deportações aconteceram, algo que Butz parece não estar habituado. [241]
Embora a tese de Mattogno seja amplamente tratada em outro lugar, ela pode facilmente ser julgada com base em um relatório alemão datado de 15 de agosto de 1944 sobre o número de todos os prisioneiros em campos de concentração alemães. O relatório afirma que 90 mil judeus húngaros chegaram aos campos de concentração juntamente com outros 522 mil prisioneiros, na sua maioria não-judeus, que haviam sido adicionados à população já existente. [242] O número de 90.000 parece ser o dobro maior que o número real. [243] O ponto importante, no entanto, é que mesmo se estivesse correto, cerca de 80% dos judeus húngaros estão faltando. Desde que eles não estivessem sendo internados, o que lhes aconteceu? Desveria ser destacado que Mattogno estava familiarizado com este relatório já que ele o havia citado em outro contexto em um estudo que não trata especificamente dos judeus húngaros. [244] Ele não mencionou o relatório ao abordar a questão específica dos judeus húngaros sete anos mais tarde, poorque refutaria o argumento de que eles estariam em outro lugar que não fosse Auschwitz. [245]
Como foi apontado anteriormente, a maioria das evidências primárias em forma de documentos para o extermínio dos judeus em Auschwitz foi destruída pelos alemães. Negadores afirmam que cerca de 400.000 judeus não poderiam ter sido exterminados em um período de dois meses por causa do problema de eliminação do corpo. Alguns tentam argumentar que não era possível cremar tantas pessoas nos fornos em um período tão curto de tempo. Ninguém que esteja familiarizado com o problema argumenta que os crematórios poderiam eliminar tantas pessoas em um período de dois meses. Na verdade, a capacidade dos crematórios era limitada neste período. Os oito fornos do Krema IV quebraram permanentemente em maio de 1943 enquanto os seis fornos do Krema I foram retirados em julho de 1943. Os oito fornos do Krema V funcionavam e paravam durante 1944. Isto significa que havia apenas 30 fornos em funcionamento sólido nos Kremas II e III durante a operação húngara.
O testemunho ocular de quem estava lá diz que houve duas áreas utilizadas para a inceneração ao ar livre. Uma delas foi uma área perto do Bunker Branco, que, como observado anteriormente, havia sido utilizada em 1942 e 1943. Foi reativada em regime de tempo integral para a operação húngara. A outra área foi localizada atrás do Krema V, onde covas foram escavadas para queimar os gaseados. Hoess menciona covas na área arborizada fora do campo onde o Bunker Branco foi localizado e perto de covas do Krema V. [246] O Sonderkommando Henryk Tauber contou sobre as covas cavadas ao longo do Krema V e da área arborizada perto do Bunker Branco. [247] O Sonderkommando Filip Müller escreveu sobre as covas de cremação no Bunker Branco e do Krema V. [248] O Sonderkommando Alter Feinsilber testemunhou que tanto as covas perto do Bunker e Krema V "foram expressamente cavadas para cremar os judeus húngaros." [249] Dois prisioneiros que escaparam de Auschwitz em 27 de maio de 1944, enquanto a operação húngara estava ocorrendo, disseram que as covas perto do Bunker Branco tinham cerca de 50(15,24 m) por 100(30,48 m) pés. [250] Miklos Nyiszli, um médico húngaro judeu que chegou em maio de 1944 e que teve experiência em primeira mão com o trabalho do Sonderkommando, escreveu sobre a vala na Bunker Branco como tendo 18(5.49 m) por 150(45.72 m) pés com "uma confusão de corpos queimando" [251 ] Paul Bendel, um médico francês e Sonderkommando, escreveu sobre três covas de 20(6.1 m) por 40(12.19 m) pés escavadas próximas aos Kremas IV e V, porque os crematórios não conseguiam lidar com os corpos. [252]
Quanto credível era este testemunho? As testemunhas que souberam em primeira mão foram os Sonderkommando, os trabalhadores que queimaram os corpos das vítimas que foram gaseadas. O Sonderkommando Filip Müller escreveu que durante a operação húngara seu número aumentou de 450 para 900. [253] Feinsilber também colocou o número em 900. [254] Tauber mencionou 1000. [255] Nyiszli afirma que havia 860 trabalhadores para dar conta dos mortos. [256] Infelizmente, nenhuma prova documental encontra-se disponível entre meados de Maio até meados de julho, o tempo das deportações húngaras. No entanto, um documento datado de campo de 28 de julho de 1944 enumera em 870 foguistas [Heizer] e 30 descarregadores de madeira [Holzablader] distribuídos em dois turnos de 12 horas para os quatro crematórios. [257] Um relatório similar de 29 de agosto mostra que 874 trabalhadores foram destinados aos quatro crematórios em dois turnos de 12 horas. [258] Estes dois relatórios sobre os detalhes dos crematórios reforçam ainda mais a credibilidade das testemunhas. Esse número é extremamente elevado e muito além de qualquer quantia que seria necessária para uma taxa de mortalidade normal. Não existe uma explicação benigna para este número, e negadores nunca trataram dessa questão.
Negadores argumentam que as queimadas não poderiam ter sido utilizadas por conta de duas fotografias aéreas tiradas pelas forças Aliadas do campo de Auschwitz durante a operação húngara. Negadores afirmam que as fotos não mostram nenhuma atividade. A mais conhecida dessas fotos é a tirada do campo em 26 de junho de 1944. A foto não mostra, de fato, qualquer atividade. No entanto, o motivo disto é que as deportações foram suspensas durante este período de tempo. Uma lista de transportes mostra que nenhum trem deixou a Hungria de 17 junho a 24 junho. Os transportes foram retomados em 25 de junho. [259] Entretanto, leva-se de três a quatro dias para se chegar a Auschwitz partindo da Hungria. [260] Registros de Auschwitz não mostram judeus húngaros sendo registrados de 20 junho a 27 junho. [261] A precisão dessas informações é também verificada nos relatórios Veesenmayer e Ferenczy. Em um relatório em 13 de junho Veesenmayer declarou que os judeus húngaros estavam sendo concentrados na Hungria de 17 a 24 de junho e transportados a partir de 25 a 28 de junho. [262] Um memorando de Ferenczy afirma a mesma coisa. [263] No entanto, quando a foto do dia 26 de junho foi analisada num estudo da Agência Central de Inteligência(CIA) em 1979, observou-se marcas na terra próxima aos crematórios IV e V, de acordo com o testemunho ocular sobre covas em chamas, que era visível. [264]
A outra foto foi tirada em 31 de maio, época em que as deportações estavam ocorrendo. Essa foto não foi analisada no estudo original da CIA. A extensão total do processo de extermínio não é registrada nesta foto. Entretanto, é preciso ter em mente que esta é uma foto tomada ainda em um determinado ponto no tempo, não volta a vigilância do relógio. No entanto, a fotografia de 31 de maio revela informação importante não abordada pelos negadores. Em 1994, Mattogno assegurou a seus leitores que a foto de 31 de maio não mostra um "rastro de fumaça" ou "covas, crematórios ou não." [265] O problema é que, no mesmo tempo que sua monografia apareceu, um livro publicado em Auschwitz mostrava fumaça saindo de uma cova perto do Krema V, no mesmo lugar que todas as testemunhas disseram que que corpos estavam sendo queimados. [266] Este foi a mesmo foto de 31 de maio. Ela já havia sido previamente reproduzida mostrando fumaça em 1983. [267]
A foto de 31 de maio também mostrou algo que foi visto pelo Dr. Nevin Bryant, supervisor de aplicações cartográficas e de processamento de imagem do Laboratório de Propulsão a Jato em Caltech/NASA. Ele identificou prisioneiros marchando dentro do Krema V. [268]
Mattogno alegou em 1995, no ano seguinte à publicação da foto de 31 de maio, que a fumaça não era de corpos queimados mas provavelmente de lixo. [269] No entanto, sabe-se que este não é o caso porque os Kremas II [270] e III [271] cada um tinha um incinerador de lixo. Portanto, não heveria motivo para incinerar o lixo a céu aberto. Além disso, como será visto, há três covas próximas do Krema V na foto. Mattogno simplesmente não tem nenhuma explicação para a presença desta fumaça.
Mattogno também assegurou a seus leitores que os Bunkers vermelho e branco não foram encontrados em documentos alemães e que eles tinham "sido criados por testemunhas do pós-guerra". [272] Embora o Bunker Vermelho tivesse sido desmantelado no período da operação húngara, há agora prova documental da existência do Bunker Branco. Na primavera de 1998 o autor conversou com Dino Brugioni, o ex-especialista de foto da Inteligência que primeiro analisou as fotos de Auschwitz em 1979. Brugioni também foi analista de fotos para a Agência Central de Inteligência(CIA) durante a crise dos mísseis em Cuba e ele apareceu no documentário da CNN "Guerra Fria" para discutir como ele localizou os mísseis em Cuba. Brugioni afirmou que o Bunker Branco era visível na foto de 31 de maio. Negadores sempre alegaram que este bunker não existia.
O membro do Holocaust History Project e programador de computador Mark Van Alstine examinou a foto de 31 de maio para o autor e confirma a observação de Brugioni de que o Bunker Branco está na zona de bosque, onde as testemunhas disseram que era. Ele identificou três covas queimando na área do Bunker Branco (Mattogno afirma que havia quatro). [273] Van Alstine é capaz de confirmar a partir da fotografia a existência de três barracões que eram usados para se despir prisioneiros próximos do Bunker Branco. Lembre-se do que Hoess escreveu de que havia três barracões perto do Bunker Branco. [274] Van Alstine também confirma a existência das três covas próximas do Krema V cada uma das quais ele estima ter cerca de 1.150 pés quadrados(106,84 m²) de um total de 3.450 pés quadrados(320,52 m²) de espaço de cova. [275] Como será visto na próxima parte deste estudo, há boas razões para crer que Mattogno não estava ciente das covas do Krema V, como da existência do Bunker Branco também. A insuficiência de Mattogno para abordar a questão da existência das covas e do bunker é compreensível de que ele não pode oferecer nenhuma explicação plausível do porquê deles estarem lá no primeiro local.
O autor também pediu ao Sr. Carroll Lucas, um especialista em imagens de foto com 45 anos de experiência, para examinar a foto de 31 de maio e outras tiradas pelos Aliados emm 1944. As qualificações do Sr. Lucas são discutidos na próxima seção deste estudo ao tratar do negador John Ball. Lucas confirma a existência de uma "casa de fazenda e um par de edifícios de armazenamento" fora do complexo de Birkenau. Este é o Bunker Branco, que havia sido uma casa de fazenda antes de sua conversão em câmara de gás, e as instalações para despir os prisioneiros. Lucas também foi capaz de encontrar uma ligação entre a estrutura e Birkenau.
... a coisa interessante que trouxe minha atenção a isto foi a existência de uma pequena estrada urbanizada/trilha que começa nesta estrutura e atravessa a sudeste para a barreira de segurança junto à planta de tratamento de água/esgoto de Birkenau, e que continua ao longo da borda sul desta planta para o canto noroeste do muro do Crematório III ... A luz de neve de 21 de dezembro da imagem [foto aérea] permite observar a extensão da pista embora a resolução é muito pior do que a cobertura da do dia 31 de maio. Isto implica uma conexão definitiva no tempo entre a estrutura e o complexo de Birkenau.A estrada que Lucas descobriu conduz ao Bunker Branco que foi provavelmente o caminho que as vítimas tomaram para o local após a chegada em Birkenau. Além disso, Lucas identifica fora do complexo de Birkenau na foto de 31 de maio:
quatro, talvez cinco grandes, escavações lineares destruídas recentemente ... O comprimento total destas escavações fica entre 1200 e 1500 pés(365,76 e 457,2 m). Todos parecem ter sido recentemente cobertos, uma vez que nenhuma sombra é evidente. Essas escavações têm a aparência clássica de um local de vala comum ...Mattogno alegou que essas sepulturas tinham deixado de ser utilizadas em 1943 com a conclusão dos quatro crematórios. Entretanto, a observação de Lucas sobre as demolições recentes mostra que estavam em uso corrente.
Lucas também examinou a área de terra ao redor dos Kremas IV e V na foto de 31 de maio onde ele encontra:
uma série de trincheiras estreitas escavadas no escalão dentro de uma grande área de solo descoberto. Doze das trincheiras (com um comprimento total de aproximadamente 800 pés) estão abertas, enquanto outras 9 trincheiras (totalizando cerca de 650 pés), parecem ter sido preenchidas .. Todas elas têm aparências de terem sido cavadas a mão, local de vala comum usada para dispensar o resíduo dos crematórios adjacentes ...Lucas não especifica uma quantidade de pés quadrados para os locais de valas comuns, fora ou dentro da área de Birkenau. Entretanto, parece razoável concluir que essas áreas devem ter, pelo menos, vários pés de largura.
Lucas observa que na foto de 25 de agosto "[lá]aqui não há nenhuma evidência de locais de valas comuns ..." Isso indica a natureza transitória das valas comuns. Com a atividade de cremação ao ar livre muito provavelmente encerrada com a conclusão da operação do gueto de Lodz em agosto de 1944.
Houve também algumas dúvidas sobre se havia ferrovia no complexo. 31 de maio foi durante o período em que muitos judeus estavam chegando da Hungria. Lucas foi capaz de identificar mais de 100 vagões ferroviários na foto. "O pátio ferroviário recepção também é muito utilizado, contendo principalmente os carros menores ferroviários (prováveis vagões de gado)."
Lucas conseguiu identificar 21 formações distintas de pessoas na foto de 31 de maio. O autor especificamente perguntou a ele sobre as descobertas do Dr. Nevin Bryant do CalTech(Instituto de Tecnologia da Califórnia) (aqui discutida na nota 268) sobre os presos que entrando no Krema V. Em um adendo ao relatório, Lucas escreve:
Minhas notas indicam "possíveis" linhas de pessoas que se deslocam entre as trincheiras cavadas a mão na direção do Crematório V. Existe uma linha quebrada de quatro diferentes e irregulares manchas escuras ao longo da estrada. Estas podem eventualmente ser do pessoal designado para cavar trincheiras ou daqueles que estavam sendo levados para o crematório. O fato de uma formação parece estar dobrando a esquina para a área do crematório sugere que seja o último. No entanto, a resolução da foto é tal que uma ligação clara não pode ser feita. A ligação é reforçada pela análise independente conduzida no CalTech(Instituto de Tecnologia da Califórnia).Outra foto recentemente surgiu a partir do Arquivo Nacional e que foi tirada no final da operação húngara. É uma foto da Luftwaffe tirada em 08 de julho de 1944. Ele mostra fumaça saindo da área do Krema V onde as covas estão localizadas. [276] Portanto, as evidências sobre as fotos de 31 de maio e de 08 de julho confirmam todos os aspectos dos relatos de testemunhas oculares sobre a incineração ao ar livre nas covas do Bunker Branco e do Krema V.
Mattogno argumentou que as covas queimando não foi um meio eficaz de eliminação dos corpos. Ele citou um estudo feito por H. Frolich em uma revista militar alemã de 1872 de que a tentativa de eliminar corpos de soldados abrindo valas comuns e enchê-las com alcatrão "resultou na carbonização da camada superior dos corpos, do cozimento da camada intermediária do corpo e nenhum efeito sobre a camada inferior". [277] Ele ignorou o fato de que o autor do estudo deu orientações para a eliminação eficaz de corpos em covas ao utilizar gasolina. Frolich escreveu que a vala tinha que ser encharcada com gasolina em uma cova de piche. Depois de três horas, entre 250 a 300 corpos eram eliminados. [278]
O estudo Frolich menciona que este método tenha sido aprovado por uma comissão belga. [279] Em 1887 o Dr. Hugo Erichsen, um dos principais especialistas mundiais em matéria de eliminação de corpos do final do século 19 e início do século 20, escreveu sobre os esforços do governo belga com estas linhas em uma batalha em 1814. O indivíduo acusado pela eliminação de corpos se chamava Creteur.
[Creteur] determinava a se cobrir as valas com uma camada de cloreto de cal e derramar ácido muriático diluído em cima delas posteriormente. Por isso significava que ele conseguiu que deixasse descoberta a camada superior dos cadáveres. Ele então colocava grandes quantidades de carvão derramado na cova ... E então tinha mais cloreto de cal sobre os cadáveres amontoados, e finalmente feixes de feno previamente saturado com querosene atirados na cova. Creteur declara que entre 200 a 300 foram consumidos dentro de 50 a 60 minutos .... Cerca de um quarto de todo o conteúdo permaneceu nas covas, consistindo de ossos calcinados e uma massa seca. Estes eram novamente cobertos com cloreto de cal, e as trincheiras eram fechadas. Desta forma 45.855 corpos humanos e equinos foram eliminados. [280]Dr. Erichsen então defendeu usando essa técnica em tempo de guerra. "Sob as circunstâncias atuais, penso que o método Creteur seria o melhor. Desta forma, várias centenas de corpos seriam destruídas de uma vez." É lógico que se os belgas poderiam fazer isso em 1814, a Alemanha certamente tinha a capacidade de aprimorar o processo 130 anos mais tarde. Negadores como Mattogno precisariam que pessoas acreditassem que os alemães da Segunda Guerra Mundial eram incapazes de se replicar as realizações do início do século 19 nos países europeus.
Muitas das testemunhas oculares das cremações ao ar livre em Auschwitz afirmam que a gasolina foi usada para eliminar os corpos, algo que Mattogno não mencionou. [281] Os alemães usaram gasolina para eliminar os corpos em Bergen-Belsen, [282] Majdanek, [283] e na Operação Reinhard dos campos de extermínio. [284] Como Dr.Frolich e o exército belga em 1814, o Sonderkommando Filip Müller abordou o problema específico que Mattogno mencionou:
... [N]as covas de fogo queimariam apenas enquanto o ar pudesse circular livremente entre os corpos. Com a pilha de corpos estável, sem ar era impossível deixar do lado de fora. Isto significava que havia foguistas constantemente derramando óleo ou álcool de madeira sobre os corpos queimando ...O Sonderkommando Paul Bendel também mencionou o uso de gorduta humana para acelerar o processo de cremação ao ar livre. [286]
Cerca de quinze foguistas tinham que colocar o combustível na cova, acender e manter o fogo constantemente remexendo entre os cadáveres, derramando óleo, álcool, madeira e tecido adiposo humano líquido sobre eles. [285]
Quando Mattogno finalmente admitiu que a cremação ao ar livre ocorreu a fim de salvar seus argumentos de coque - discutidos anteriormente - ele afirmou que o processo foi feito em piras. [287] Recorde que ele colocou essas queimadas na área do Bunker Branco como todas as testemunhas haviam feito, mas apenas para o período antes dos crematórios de Birkenau serem construídos. Mais uma vez ele tinha cooptado o testemunho ocular que falou do uso de fogueiras perto do Bunker Branco no contexto da incineração das vítimas gaseadas. [288] Assim, parece que enquanto as piras foram utilizados nas covas perto do Bunker Branco, os corpos eram simplesmente colocados em covas atrás do Krema V.
Clique na foto pra vê-la ampliada |
Quantos prisioneiros foram incinerados em queimadas a céu aberto durante a operação húngara? A resposta provavelmente nunca será conhecida. Na opinião do autor, pelo menos 75% dos judeus húngaros mortos foram queimados nas covas próximas do Krema V ou nas piras próximas do Bunker Branco, enquanto o restante foram queimados nos fornos dos crematórios II e III. De acordo com Höss, cerca de 9.000 por dia foram assassinados durante esse período de tempo. [293] O número Hoess é consistente com o número de vítimas que chegavam nos trens. Os registros de comboios de transporte da Hungria mostram que cerca de 1200 a 3400 vítimas em cada transporte de trem deixaram a Hungria. [294] Supondo que três comboios chegavam por dia, teria sido possível incinerar todas os 9.000 vítimas em três operações sem precisar usar o Krema II ou III.
Isso poderia ser feito da seguinte forma. A melhor informação sobre o Bunker Branco é que era suficiente grande para gasear 1.200 vítimas enquanto o Krema V tinha três câmaras de gás que atinginham uma área de 2500 pés quadrados(232,26 m²). [295] Isto significa que cerca de 1800 vítimas poderiam ser espremidas na área de Krema V designada para o gaseamento. Portanto, usando somente o Bunker Branco e o Krema V, uma transporte inteiro com 3000 poderia ser incinerado e queimado a céu aberto. Como observado anteriormente, o Bunker Branco e suas covas estavam em uma área arborizada. Esta área foi ocultada da visão dos prisioneiros recém-chegados. O Krema V era cercado por árvores e foi muitas vezes referido como a floresta Krema. [296] A foto dos prisioneiros que estão sendo cremados ao ar livre pelos sonderkommados na parte traseira do Krema V, discutidas acima, mostra a área da cova não rodeada por árvores, por isso era visível. No entanto, era ainda mais longe da linha férrea onde os novos prisioneiros chegavam, do que qualquer um dos outros crematórios. Além disso, Krema V era relativamente próximo do Bunker Branco. Conseqüentemente, ao usar o Bunker Branco e o Krema V as autoridades podiam manter a operações de gaseamento e incineração bastante próximas umas das outras e ao mesmo tempo proporcionar a melhor oportunidade para ocultá-las dos prisioneiros recém-chegados.
Havia certamente Sonderkommandos suficientes designados para operação e fazê-la funcionar de forma eficiente. Como observado acima, os registros de campo mostram 900 Sonderkommandos de plantão. Eles foram divididos em dois turnos de 12 horas. Isto significa que quando os Kremas II e III não estavam sendo usados, os Sonderkommandos designados às instalações poderiam ser movidos para o Krema V e o Bunker Branco. Como foi observado anteriormente, o Krema IV não era operacional para que Sonderkommandos designados não pudessem ser usados sempre que necessário. Assim, havia 450 Sonderkommandos em um turno para limpar cerca de 3000 corpos, a quantidade provável de prisioneiros de um transporte gaseados em uma operação. A foto da operação de incineração mostra que um corpo era carregado por um ou dois Sonderkommandos. Ela também mostra que a queima começou antes que todos os corpos fossem retirados da câmara de gás, porque os cadáveres estão sendo arrastados para a área enquanto fumaça obscure a visão das covas. [297]
É provável que como cada transporte que chegasse, algumas das vítimas fossem encaminhadas para os Kremas II e III. A grande maioria, no entanto, foi direcionada para o Bunker Branco e o Krema V. Este é o cenário lógico desde que os crematórios não poderiam possivelmente eliminar o número de vítimas que estavam sendo assassinadas diariamente. As autoridades do campo já estavam cientes de que os crematórios não seriam capazes de eliminar o número de vítimas que chegava todos os dias da Hungria. É por isso que eles utilizaram o Bunker Branco e suas covas e valas escavadas atrás do Krema V.
Fonte: The Holocaust History Project
http://www.holocaust-history.org/auschwitz/body-disposal/
Tradução: Roberto Lucena
Continuação - Partes: (1);(2);(3);(4);(5);(6);(7);(8);(9);(10);(11);(12);(13)
sábado, 15 de agosto de 2009
Carlo Mattogno - "revisionistas" - biografias - 03
Carlo Mattogno (nasceu em 1951 em Orvieto, Itália) é um historiador italiano.
Em 1985 Mattogono publicou o livro "The Myth of the Extermination of the Jews"('O Mito do Extermínio dos Judeus') e no mesmo ano o folheto "The Gerstein Report - Anatomy of a Fraud"('O Relatório Gerstein - Anatomia de uma Fraude', ver também: Relatório Gerstein). Ambas as publicações são voltadas para disputar o genocídio dos campos de concentração e campos de extermínio nazistas.
Mattogno é um membro do comitê consultivo do "Institute for Historical Review"(IHR, 'Instituto de Revisão Histórica'*), uma corporação que promove teorias de negação do Holocausto e ele também contribui para o jornal em francês "Annales d'Histoire Revisionniste". Ele também aparece amplamente em publicações feitas pelo negador do Holocausto Germar Rudolf como também em vários websites "revisionistas" em língua inglesa e alemã, e tem estado longe de ser censurado legalmente por qualquer uma dessas atividades.
Fonte: antisemitism.org.il
Tradução: Roberto Lucena
*IHR(Institute for Historical Review = corporação de negação do Holocausto, que leva o nome de "Instituto", localizado nos Estados Unidos, e é um dos ou o principal distribuidor de material negacionista(antissemita) do mundo.
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Mattogno é um membro do comitê consultivo do "Institute for Historical Review"(IHR, 'Instituto de Revisão Histórica'*), uma corporação que promove teorias de negação do Holocausto e ele também contribui para o jornal em francês "Annales d'Histoire Revisionniste". Ele também aparece amplamente em publicações feitas pelo negador do Holocausto Germar Rudolf como também em vários websites "revisionistas" em língua inglesa e alemã, e tem estado longe de ser censurado legalmente por qualquer uma dessas atividades.
Fonte: antisemitism.org.il
Tradução: Roberto Lucena
*IHR(Institute for Historical Review = corporação de negação do Holocausto, que leva o nome de "Instituto", localizado nos Estados Unidos, e é um dos ou o principal distribuidor de material negacionista(antissemita) do mundo.
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quinta-feira, 21 de maio de 2009
Eliminação de Corpos em Auschwitz - O fim da negação - Parte 10 - Cremações ao ar livre 1942-1943
(todos os grifos do tradutor)
O principal método para a eliminação dos corpos das vítimas dos massacres em massa foram as cremações ao ar livre. O método foi utilizado pelas autoridades do campo de concentração de Bergen-Belsen quando ocorreram elevadas taxas de mortalidade.[190] A prática foi utilizada no campo de concentração de Majdanek, onde ocorreram gaseamentos e assassinatos em massa.[191] Os alemães também utilizaram cremações ao ar livre para eliminar os corpos de seus cidadãos que foram mortos como resultado dos bombardeios aliados. Há fotos de vítimas alemãs do bombardeio Aliado de Hamburgo que foram cremadas em valas ou piras.[192]
O método de cremações ao ar livre foi usado na Operação Reinhard, nos campos de Belzec, Sobibor e Treblinka, onde as vítimas eram gaseadas e cremadas. Até recentemente, as únicas evidência que sobreviveram à partir destes campos foram os depoimentos de perpetradores e vítimas.[193] Quase todas as provas incriminatórias foram destruídas. Odilo Globocnik, que tinha a responsabilidade geral pela Operação Reinhard, esceveu “CONFIDENCIAL” em um memorando de 5 de janeiro de 1944, depois que esses campos tinham sido destruídos, ele cita que:
Outro documento que recentemente veio à luz é um relatório diário do comandante militar do Governo Geral, uma unidade administrativa alemã que ocupou a Polônia, de outubro de 1942 sobre Treblinka. O relatório afirma:
O comandante do campo de Treblinka Franz Stangl testemunhou em seu julgamento que escavaram os cadáveres no início de 1943 para serem cremados, juntamente com os prisioneiros recém gaseados.[197]
Mattogno nunca admitiu diretamente que os números acima fossem um problema. Entretanto, ele está sem dúvida consciente de que em algum ponto um pesquisador irá comparam as mortes dos prisioneiros registrados nos períodos colocados em discussão com as entregas de coque e concluir que sua tese não funcionou. Por isso, ele fez algo que nenhum outro negador jamais havia feito: ele admitiu que aconteceram cremações de corpos ao ar livre. Sua outra única opção era admitir que estes corpos haviam sido eliminados nos fornos. Todavia, se ele fizesse isso iria invalidar seus argumentos sobre a limitação de coque. Sua fonte para as cremações externas no campo foi [o livro] da Historiadora Danuta Czech. Mattogno escreveu: “De acordo com Auschwitz’s Chronicle de Danuta Czech a incineração dos corpos exumados começou em 21 de setembro, o que parece muito credível, e terminou em novembro”.[203] O problema é Mattogno ocultou deliberadamente a fonte da informação de Czech. Ele invocou essa informação das memórias do comandante do campo de Auschwitz, Rudolf Hoess.[204] Como já notado em outros locais, as memórias de Hoess são extremamente fiáveis e existem boas documentações independentes para a maioria das declarações feitas por ele.[205] Desde que suas memórias confirmam que o massacre estava acontecendo em Auschwitz e os meios que estava sendo realizado, os negadores se impacientam dizendo que são falsas. Obviamente, portanto, Mattogno não poderia citar diretamente. No entanto, o que é particularmente interessante é que ele as achou fiáveis como muitos outros historiadores ao tentar resolver um problema.
No entanto, Mattogno ignorou o principal contexto da invocação de Czech para as memórias, e do contexto em que Hoess apresentou esta informação acerca das cremações ao ar livre:
Os dois bunkers estavam localizados em uma área arborizada, várias centenas de metros além, atrás de Birkenau, não muito longe de onde os Kremas IV e V viriam a ser construídos. Eles eram conhecidos como Bunker Vermelho, ou Bunker I, e Bunker Branco, ou Bunker II. Os cinco alojamentos mencionados por Hoess são referidos pelo Bauleitung em um longo relatório sobre o campo de 15 de julho de 1942 como “5 alojamentos para prisioneiros (tratamento especial) [Sonderbehandlung]”.[207] Conforme observado anteriormente, tratamento especial era a palavra usada para assassinato. O pesquisador francês Jean-Claude Pressac encontrou nos arquivos do Museu de Auschwitz um documento de inventário com 120 itens de material necessário para a conclusão dos quatro crematórios em Birkenau, no período de 10 a 18 de dezembro de 1942 foram legendados: “No que diz respeito ao Campo de Prisioneiros de Guerra de Auschwitz (realização de Tratamento Especial)” [Durchführung der Sonderbehandlung].[208] Documentos similares que citam “tratamento especial”, em conexão com o Bauleitung já surgiram nos Arquivos de Auschwitz em Moscou.[209] A ligação de “tratamento especial” para assassinar prisioneiros e cremar é referido em um memorando carimbado “Secreto” da sede da Gestapo em Düsseldorf. O assunto do memorando é “Tratamento Especial para Trabalhadores Estrangeiros.” A parte mais relevante diz:
O time line para a referência de Hoess aos prisioneiros mortos no campo principal como sendo enterrados não é clara na medida em que estes óbitos ocorreram no inverno de 1941 e 1942. Ele pode ter se referido a duas semanas de fevereiro, porque os números de coque são do início a meados do mês. Se a afirmação de Mattogno de que houve entregas de coque para novembro de 1941 e janeiro de 1942 estiver correta, então a primeira metade de fevereiro seria este período de tempo. Por outro lado, se não houvesse entregas de coque em seguida, os fornos do Krema I poderiam ter sido feitos para dois ou três meses. Conforme referido anteriormente, não existem números de coque para qualquer período anterior a meados de fevereiro de 1942 – a menos que nós estejamos dispostos a aceitar os números de Mattogno de novembro de 1941 a janeiro de 1942 como sendo valores exatos.
A referência de Hoess para os prisioneiros de Birkenau que foram mortos e enterrados para em seguida serem cremados ao ar livre também não é clara. Ele está se referindo a todos os prisioneiros que morreram em Birkenau em 1942 ou somente aqueles que morreram no período que ele define como o inverno de 1941 a 1942? Mattogno alegou que todos os prisioneiros mortos em Birkenau à partir de 1942 foram enterrados em valas comuns, assim ele poderia salvar os seus argumentos sobre o coque.[211] Ele não mencionou, naturalmente, que sua fonte foi Hoess – e nem sequer é certo que isto significa o que Hoess disse.
A questão de quantos prisioneiros foram cremados no Krema I durante o período que precedeu a construção dos quatro crematórios de Birkenau – antes de março de 1943 – é problemática. Qualquer prisioneiro registrado que foi gaseado em um dos dois bunkers, foi obviamente cremado ao ar livre. Muitos prisioneiros registrados foram mortos por injeção de fenol no hospital do campo principal, onde o Krema I estava localizado. Houve também prisioneiros não-registrados que foram mortos na câmara de gás do Krema I. Segundo o Sonderkommando Alter Feinsilber, cerca de 250 prisioneiros não registrados foram levados ao campo principal e uma semana depois foram abatidos.[212] Nós não sabemos quantos outros prisioneiros não registrados foram mortos na câmara de gás do campo principal e, portanto, a quantidade de coque que era usada para cremar cada prisioneiro. Birkenau estava a cerca de 1 ½ milha do campo principal, e é possível que qualquer prisioneiro registrado que morreu ali foi cremado previamente ao ar livre até a construção dos quatro crematórios. Não existem informações concretas sobre o assunto.
Hoess relata que as cremações externas eram resultantes principalmente dos gaseamentos nos dois bunkers, isso foi confirmado nas memórias do Soldado SS de Auschwitz Pery Broad, que foram escritas no mesmo período que as de Hoess.[213] Estas atividades de cremações de corpos e o contexto em que elas ocorreram também foram confirmadas pelo Sonderkommando Alter Feinsilber[214], Szlama Dragon[215], Henryk Tauber[216], e Filip Müller[217]; e dois prisioneiros que escaparam em abril de 1944 e apresentaram um relatório que foi publicado pela Câmara de Refugiados de Guerra[218]. Os gaseamentos nos dois bunkers também foram confirmados pelo prisioneiro e médico francês Andre Lettich[219], e nos testemunhos pós-guerra do médico da SS em Auschwitz Johann Kremer e homens das SS Karl Höblinger e Richard Böck.[220] Mattogno tentou cooptar todas estas evidências para parecer que as cremações exteriores só foram de prisioneiros registrados que tinham morrido de tifo.
No entanto, Mattogno criou um dilema para o seu argumento. Ele já tinha identificado o método de eliminação de corpos, confirmado por muitas testemunhas, que não era dependente dos fornos. Isso significa que mesmo que todos as falsas limitações que Mattogno colocou aos fornos estivessem corretas, isso não faz diferença. As cremações externas não eram dependentes de coque e não houve necessidade de se preocupar com avarias ou manutenção. Portanto, os corpos poderiam ser cremados em uma quantidade ilimitada. Sendo este o caso, não havia nenhuma razão para que o número de corpos cremados dos prisioneiros assassinados, que excedeu a um milhão, não poderiam ter sido eliminados. A fim de libertar de sua própria argumentação, ele alegou então que as cremações ao ar livre cessaram quando o novo crematório tornou-se operacional. Ele teve que fazer isso ou então admitir que os seus argumentos sobre as limitações que colocou aos fornos eram irrelevantes. A fonte de Mattogno foi a do crítico dos negadores Jean-Claude Pressac, cujos escritos ele tentou hà alguns anos desacreditar.[221] No entanto, Mattogno teve que cuidadosamente omitir o contexto em que foram feitas as observações de Pressac. Pressac reproduziu o depoimento do Sonderkommando Szlama Dragon, que discutia o gaseamento e a cremação de prisioneiros. Dragon afirmou:
Assim, com toda a sua bruxaria pseudo-técnica, em sua última análise, Mattogno foi forçado a recorrer às memórias de Hoess, através de Danuta Czech e do testemunho de Dragon, através de Pressac. No entanto, ele não poderia revelar as verdadeiras fontes para a sua argumentação ou o contexto no qual Hoess e Dragon fizeram as suas observações. Um dos principais problemas que Mattogno teve com o depoimento de Dragon é que ele menciona especificamente o Bunker 2 – também conhecido como Bunker Branco ou Bunker V em algumas literaturas – foi reativado para a operação húngara em maio de 1944. Mattogno argumentou que as cremações ao ar livre não aconteceram depois que o novo crematório foi ativado.
A declaração de Dragon que as cremações ao ar livre perto do Bunker Branco cessaram com a construção do Crematório II até quando a operação húngara foi iniciada, necessita de mais alguns comentários. Concordando com Hoess, conforme referido acima, Mattogno achou muita credibilidade nestas questões, o Bunker Branco foi mantido em standby quando os Crematórios II e III avariaram.[223] Eu seu depoimento em Nuremberg Hoess declarou que os dois bunkers “também foram utilizados mais tarde quando os crematórios eram insuficientes para lidar com o trabalho.”[224] Seu depoimento somente difere de suas memórias que, na anterior ele menciona que ambos bunkers ficavam ativos quando necessário, e em suas memórias ele somente menciona o Bunker Branco.
O Bunker Branco estava em uma área arborizada fora do campo de Birkenau. Como será mostrado mais adiante, ele pode ser visto em uma fotografia tirada do campo em 1944. Até mesmo Mattogno admite que existiu quatro valas enormes na área usada para eliminação de corpos – embora ele não admita a existência do Bunker Branco.[225] O uso contínuo desta área após a construção dos crematórios é sugerido pelo testemunho do prisioneiro soviético Nicolai Vassiliev no julgamento de Auschwitz na Alemanha em meados dos anos 1960. Ele afirmou que, no verão de 1943 cerca de 300 prisioneiros soviéticos foram “exterminados”, em uma área arborizada fora do campo. Esta descrição enquadra-se no espaço onde o Bunker Branco estava localizado.[226] Outra peça de informação útil é um relatório do Bauleitung de 13 de junho de 1943. Ele afirma que as portas do Krema II são “urgentemente necessárias para a execução de medidas especiais...do mesmo modo, a conclusão das janelas do edifício de recepção e as portas de 5 [alojamentos] para a acomodação de prisioneiros [Häftlingsunterkünfte] é urgentemente necessária, pelas mesmas razões.”[227] Não hà mais informações sobre os cinco alojamentos no memorando. Recordar, porém, que Hoess mencionou 5 alojamentos em suas memórias para os dois bunkers na área onde os prisioneiros foram gaseados, e este é o mesmo número referido para “tratamento especial” no memorando do Bauleitung de 15 de julho de 1942.
Parece que os cinco alojamentos que aparecem no memorando de junho de 1943 são os mesmos utilizados como sala de despir nas áreas onde os dois bunkers estavam localizados. Assim, seu uso contínuo após a construção dos crematórios e antes da realização da operação húngara é fortemente sugerido. Além disso, o uso contínuo após a construção dos quatro crematórios é a única explicação do porque do Bunker Branco não ter sido destruído até as autoridades do campo terem cessados todos os gaseamentos. O bunker I, Bunker Vermelho, foi desmantelado em algum momento – embora não se saiba exatamente quando. A única razão concebível para não destruir o Bunker Branco foi porque o seu uso foi previsto e, de fato, para alguns períodos ocorreu após a conclusão dos crematórios, até o momento da operação húngara. A estrutura poderia não ter sido mantida após a construção do crematório para o propósito expresso da operação húngara, porque a Alemanha não controlava a Hungria até março de 1944, um ano após a finalização do primeiro crematório. A esta altura, o primeiro dos crematórios entrou em serviço, as autoridades de Auschwitz não poderiam não ter conhecimento de que as deportações húngaras iriam acontecer. Como iremos ver na próxima parte deste estudo, não hà evidências fotográficas que documentem a existência do Bunker Branco.
Conforme referido anteriormente, Mattogno alegou que o Crematório II foi estabelecido em 115 dias de 25 de março a 18 de julho de 1943 e o Crematório III foi abaixo de 60 dias em 1944, o que significa que houve potencialmente 175 dias seguintes de março de 1943, quando as cremações ao ar livre poderiam ter tido lugar na área dos bunkers. No entanto, foi igualmente observado que não hà suporte para a afirmação de Mattogno sobre o baixo tempo desses fornos.[228] No entanto, foi notado que o Krema II foi estabelecido em um mês, de maio a junho de 1943.[229] É também razoável supor que houve períodos em que os fornos não funcionavam a plena capacidade por causa dos reparos e outros fatores. Esta interpretação seria compatível com os comentários de Hoess sobre o assunto. Por outro lado, os dois prisioneiros que escaparam em abril de 1944, antes do Bunker Branco ser reativado para a operação húngara em meados de maio de 1944, afirmaram que os gaseamentos e cremações foram interrompidos com a inauguração do novo crematório.[230] Então, esta versão está de acordo com a de Dragon.
Como iremos ver na próxima parte deste estudo, o Bunker Branco foi usado para os transportes húngaros que começaram a chegar em meados de maio de 1944. Quantas vezes ele foi utilizado entre março de 1943 e maio de 1944 não é conhecido. O testemunho sugere que ele ficou fechado por um período de tempo, e reativado em maio de 1944. O período de tempo exato que ele ficou fechado, entre março de 1943 e maio de 1944 não pode ser afirmado com certeza. Foi usado quando necessário, tal como sugerido por Hoess, ou foi fechado por 14 meses, conforme indicado pelos fugitivos e Dragon? É possível conciliar os dois relatos admitindo que o Bunker Branco foi fechado oficialmente em março de 1943, mas que a área ao redor do bunker ainda era utilizada para cremações ao ar livre quando surgiram os problemas com o crematório. As tentativas de Mattogno de que os bunkers foram fechados definitivamente em março de 1943 são baseadas no testemunho que: (1) ele utilizou fora de contexto, (2) contradiz os argumentos que ele estava fazendo sobre a não existência de assassinatos em massa e gaseamentos em Auschwitz, e (3) ele se recusou a citar as fontes originais para atingir as suas pretensões.
O ponto chave é que as instalações externas sempre estiveram lá caso precisassem, tal como sugerido por Hoess, Vassiliev e o memorando de junho de 1943, e as autoridades do campo não precisavam ser prejudicadas por quaisquer limitações que poderiam ter sido impostas pelo novo crematório, assumindo que houveram tais limitações.
Fonte: The Holocaust History Project
http://www.holocaust-history.org/auschwitz/body-disposal/
Tradução: Leo Gott
Continuação - Partes: (1);(2);(3);(4);(5);(6);(7);(8);(9);(10);(11);(12);(13)
O principal método para a eliminação dos corpos das vítimas dos massacres em massa foram as cremações ao ar livre. O método foi utilizado pelas autoridades do campo de concentração de Bergen-Belsen quando ocorreram elevadas taxas de mortalidade.[190] A prática foi utilizada no campo de concentração de Majdanek, onde ocorreram gaseamentos e assassinatos em massa.[191] Os alemães também utilizaram cremações ao ar livre para eliminar os corpos de seus cidadãos que foram mortos como resultado dos bombardeios aliados. Há fotos de vítimas alemãs do bombardeio Aliado de Hamburgo que foram cremadas em valas ou piras.[192]
O método de cremações ao ar livre foi usado na Operação Reinhard, nos campos de Belzec, Sobibor e Treblinka, onde as vítimas eram gaseadas e cremadas. Até recentemente, as únicas evidência que sobreviveram à partir destes campos foram os depoimentos de perpetradores e vítimas.[193] Quase todas as provas incriminatórias foram destruídas. Odilo Globocnik, que tinha a responsabilidade geral pela Operação Reinhard, esceveu “CONFIDENCIAL” em um memorando de 5 de janeiro de 1944, depois que esses campos tinham sido destruídos, ele cita que:
[n]o que diz respeito às contas finais da “Operação Reinhard” devo acrescentar que todos os papéis devem ser destruídos assim que possível, como tem sido feito com todos os outros documentos relativos a esta operação.[194]Assim como em Auschwitz, as provas mais incriminatórias foram destruídas. No entanto, recentes escavações no local do campo de extermínio de Belzec por uma equipe arqueológica, revelaram valas comuns com milhares de corpos que os alemães não incineraram, bem como cinzas de corpos incinerados. [195]
Outro documento que recentemente veio à luz é um relatório diário do comandante militar do Governo Geral, uma unidade administrativa alemã que ocupou a Polônia, de outubro de 1942 sobre Treblinka. O relatório afirma:
Comando Supremo...informa que os judeus em Treblinka não foram sepultados adequadamente, e que como resultado, um insuportável mau cheiro de corpos no ar.[196]
O comandante do campo de Treblinka Franz Stangl testemunhou em seu julgamento que escavaram os cadáveres no início de 1943 para serem cremados, juntamente com os prisioneiros recém gaseados.[197]
Mattogno nunca admitiu diretamente que os números acima fossem um problema. Entretanto, ele está sem dúvida consciente de que em algum ponto um pesquisador irá comparam as mortes dos prisioneiros registrados nos períodos colocados em discussão com as entregas de coque e concluir que sua tese não funcionou. Por isso, ele fez algo que nenhum outro negador jamais havia feito: ele admitiu que aconteceram cremações de corpos ao ar livre. Sua outra única opção era admitir que estes corpos haviam sido eliminados nos fornos. Todavia, se ele fizesse isso iria invalidar seus argumentos sobre a limitação de coque. Sua fonte para as cremações externas no campo foi [o livro] da Historiadora Danuta Czech. Mattogno escreveu: “De acordo com Auschwitz’s Chronicle de Danuta Czech a incineração dos corpos exumados começou em 21 de setembro, o que parece muito credível, e terminou em novembro”.[203] O problema é Mattogno ocultou deliberadamente a fonte da informação de Czech. Ele invocou essa informação das memórias do comandante do campo de Auschwitz, Rudolf Hoess.[204] Como já notado em outros locais, as memórias de Hoess são extremamente fiáveis e existem boas documentações independentes para a maioria das declarações feitas por ele.[205] Desde que suas memórias confirmam que o massacre estava acontecendo em Auschwitz e os meios que estava sendo realizado, os negadores se impacientam dizendo que são falsas. Obviamente, portanto, Mattogno não poderia citar diretamente. No entanto, o que é particularmente interessante é que ele as achou fiáveis como muitos outros historiadores ao tentar resolver um problema.
No entanto, Mattogno ignorou o principal contexto da invocação de Czech para as memórias, e do contexto em que Hoess apresentou esta informação acerca das cremações ao ar livre:
Durante a primavera de 1942, estávamos ainda lidando com pequenas ações policiais. Mas, durante o verão os transportes tornaram-se mais numerosos e fomos forçados a construir outro local de extermínio [além do Crematório I]...Cinco alojamentos foram construídos, dois perto do Bunker I e três perto do Bunker II. Bunker II era o maior deles. Cabia cerca de 1.200 pessoas. Até o verão de 1942 os corpos ainda estavam sendo enterrados em valas comuns. Não até o fim do verão [setembro] de 1942, quando começamos a queimá-los. Na primeira, colocamos 2.000 corpos em uma grande pilha de madeira. Então, abrimos as valas e os novos corpos cremaram em cima das antigas sepulturas...As cremações eram contínuas – todo dia e toda noite. Até o fim de novembro todas as valas comuns foram limpas. O número de corpos enterrados em valas comuns foi 107.000. Este número inclui não apenas o primeiro transporte de judeus que foram gaseados quando começamos a cremar, mas também o corpos dos prisioneiros que morreram no Campo Principal [Auschwitz I] durante o inverno de 1941 e 1942, porque o crematório ainda não existia. Os presos que morreram em Birkenau foram incluídos neste número.[206]
Os dois bunkers estavam localizados em uma área arborizada, várias centenas de metros além, atrás de Birkenau, não muito longe de onde os Kremas IV e V viriam a ser construídos. Eles eram conhecidos como Bunker Vermelho, ou Bunker I, e Bunker Branco, ou Bunker II. Os cinco alojamentos mencionados por Hoess são referidos pelo Bauleitung em um longo relatório sobre o campo de 15 de julho de 1942 como “5 alojamentos para prisioneiros (tratamento especial) [Sonderbehandlung]”.[207] Conforme observado anteriormente, tratamento especial era a palavra usada para assassinato. O pesquisador francês Jean-Claude Pressac encontrou nos arquivos do Museu de Auschwitz um documento de inventário com 120 itens de material necessário para a conclusão dos quatro crematórios em Birkenau, no período de 10 a 18 de dezembro de 1942 foram legendados: “No que diz respeito ao Campo de Prisioneiros de Guerra de Auschwitz (realização de Tratamento Especial)” [Durchführung der Sonderbehandlung].[208] Documentos similares que citam “tratamento especial”, em conexão com o Bauleitung já surgiram nos Arquivos de Auschwitz em Moscou.[209] A ligação de “tratamento especial” para assassinar prisioneiros e cremar é referido em um memorando carimbado “Secreto” da sede da Gestapo em Düsseldorf. O assunto do memorando é “Tratamento Especial para Trabalhadores Estrangeiros.” A parte mais relevante diz:
...eu solicito que as pessoas submetidas a tratamento especial sejam enviadas para o crematório para serem cremadas, se possível...para fins de intimidação, o anúncio por meio de cartazes da execução da sentença de morte no campo de trabalho terá continuidade.[210]
O time line para a referência de Hoess aos prisioneiros mortos no campo principal como sendo enterrados não é clara na medida em que estes óbitos ocorreram no inverno de 1941 e 1942. Ele pode ter se referido a duas semanas de fevereiro, porque os números de coque são do início a meados do mês. Se a afirmação de Mattogno de que houve entregas de coque para novembro de 1941 e janeiro de 1942 estiver correta, então a primeira metade de fevereiro seria este período de tempo. Por outro lado, se não houvesse entregas de coque em seguida, os fornos do Krema I poderiam ter sido feitos para dois ou três meses. Conforme referido anteriormente, não existem números de coque para qualquer período anterior a meados de fevereiro de 1942 – a menos que nós estejamos dispostos a aceitar os números de Mattogno de novembro de 1941 a janeiro de 1942 como sendo valores exatos.
A referência de Hoess para os prisioneiros de Birkenau que foram mortos e enterrados para em seguida serem cremados ao ar livre também não é clara. Ele está se referindo a todos os prisioneiros que morreram em Birkenau em 1942 ou somente aqueles que morreram no período que ele define como o inverno de 1941 a 1942? Mattogno alegou que todos os prisioneiros mortos em Birkenau à partir de 1942 foram enterrados em valas comuns, assim ele poderia salvar os seus argumentos sobre o coque.[211] Ele não mencionou, naturalmente, que sua fonte foi Hoess – e nem sequer é certo que isto significa o que Hoess disse.
A questão de quantos prisioneiros foram cremados no Krema I durante o período que precedeu a construção dos quatro crematórios de Birkenau – antes de março de 1943 – é problemática. Qualquer prisioneiro registrado que foi gaseado em um dos dois bunkers, foi obviamente cremado ao ar livre. Muitos prisioneiros registrados foram mortos por injeção de fenol no hospital do campo principal, onde o Krema I estava localizado. Houve também prisioneiros não-registrados que foram mortos na câmara de gás do Krema I. Segundo o Sonderkommando Alter Feinsilber, cerca de 250 prisioneiros não registrados foram levados ao campo principal e uma semana depois foram abatidos.[212] Nós não sabemos quantos outros prisioneiros não registrados foram mortos na câmara de gás do campo principal e, portanto, a quantidade de coque que era usada para cremar cada prisioneiro. Birkenau estava a cerca de 1 ½ milha do campo principal, e é possível que qualquer prisioneiro registrado que morreu ali foi cremado previamente ao ar livre até a construção dos quatro crematórios. Não existem informações concretas sobre o assunto.
Hoess relata que as cremações externas eram resultantes principalmente dos gaseamentos nos dois bunkers, isso foi confirmado nas memórias do Soldado SS de Auschwitz Pery Broad, que foram escritas no mesmo período que as de Hoess.[213] Estas atividades de cremações de corpos e o contexto em que elas ocorreram também foram confirmadas pelo Sonderkommando Alter Feinsilber[214], Szlama Dragon[215], Henryk Tauber[216], e Filip Müller[217]; e dois prisioneiros que escaparam em abril de 1944 e apresentaram um relatório que foi publicado pela Câmara de Refugiados de Guerra[218]. Os gaseamentos nos dois bunkers também foram confirmados pelo prisioneiro e médico francês Andre Lettich[219], e nos testemunhos pós-guerra do médico da SS em Auschwitz Johann Kremer e homens das SS Karl Höblinger e Richard Böck.[220] Mattogno tentou cooptar todas estas evidências para parecer que as cremações exteriores só foram de prisioneiros registrados que tinham morrido de tifo.
No entanto, Mattogno criou um dilema para o seu argumento. Ele já tinha identificado o método de eliminação de corpos, confirmado por muitas testemunhas, que não era dependente dos fornos. Isso significa que mesmo que todos as falsas limitações que Mattogno colocou aos fornos estivessem corretas, isso não faz diferença. As cremações externas não eram dependentes de coque e não houve necessidade de se preocupar com avarias ou manutenção. Portanto, os corpos poderiam ser cremados em uma quantidade ilimitada. Sendo este o caso, não havia nenhuma razão para que o número de corpos cremados dos prisioneiros assassinados, que excedeu a um milhão, não poderiam ter sido eliminados. A fim de libertar de sua própria argumentação, ele alegou então que as cremações ao ar livre cessaram quando o novo crematório tornou-se operacional. Ele teve que fazer isso ou então admitir que os seus argumentos sobre as limitações que colocou aos fornos eram irrelevantes. A fonte de Mattogno foi a do crítico dos negadores Jean-Claude Pressac, cujos escritos ele tentou hà alguns anos desacreditar.[221] No entanto, Mattogno teve que cuidadosamente omitir o contexto em que foram feitas as observações de Pressac. Pressac reproduziu o depoimento do Sonderkommando Szlama Dragon, que discutia o gaseamento e a cremação de prisioneiros. Dragon afirmou:
Após a construção em Birkenau do [C]rematório II, a [sala de despir] cabana situada próxima ao bunker 2 [a segunda dos dois bunkers de gaseamento que também são conhecidos como “Bunker Branco”] também foram desmanteladas. As valas foram preenchidas com terra e a superfície alisada. O bunker em si foi mantido até o final. O que restou não foi utilizado por um longo tempo e então foi utilizado novamente para o gaseamento dos judeus húngaros [no início de maio de 1944]. Eles então construíram novas cabanas e cavaram novas valas.[222]
Assim, com toda a sua bruxaria pseudo-técnica, em sua última análise, Mattogno foi forçado a recorrer às memórias de Hoess, através de Danuta Czech e do testemunho de Dragon, através de Pressac. No entanto, ele não poderia revelar as verdadeiras fontes para a sua argumentação ou o contexto no qual Hoess e Dragon fizeram as suas observações. Um dos principais problemas que Mattogno teve com o depoimento de Dragon é que ele menciona especificamente o Bunker 2 – também conhecido como Bunker Branco ou Bunker V em algumas literaturas – foi reativado para a operação húngara em maio de 1944. Mattogno argumentou que as cremações ao ar livre não aconteceram depois que o novo crematório foi ativado.
A declaração de Dragon que as cremações ao ar livre perto do Bunker Branco cessaram com a construção do Crematório II até quando a operação húngara foi iniciada, necessita de mais alguns comentários. Concordando com Hoess, conforme referido acima, Mattogno achou muita credibilidade nestas questões, o Bunker Branco foi mantido em standby quando os Crematórios II e III avariaram.[223] Eu seu depoimento em Nuremberg Hoess declarou que os dois bunkers “também foram utilizados mais tarde quando os crematórios eram insuficientes para lidar com o trabalho.”[224] Seu depoimento somente difere de suas memórias que, na anterior ele menciona que ambos bunkers ficavam ativos quando necessário, e em suas memórias ele somente menciona o Bunker Branco.
O Bunker Branco estava em uma área arborizada fora do campo de Birkenau. Como será mostrado mais adiante, ele pode ser visto em uma fotografia tirada do campo em 1944. Até mesmo Mattogno admite que existiu quatro valas enormes na área usada para eliminação de corpos – embora ele não admita a existência do Bunker Branco.[225] O uso contínuo desta área após a construção dos crematórios é sugerido pelo testemunho do prisioneiro soviético Nicolai Vassiliev no julgamento de Auschwitz na Alemanha em meados dos anos 1960. Ele afirmou que, no verão de 1943 cerca de 300 prisioneiros soviéticos foram “exterminados”, em uma área arborizada fora do campo. Esta descrição enquadra-se no espaço onde o Bunker Branco estava localizado.[226] Outra peça de informação útil é um relatório do Bauleitung de 13 de junho de 1943. Ele afirma que as portas do Krema II são “urgentemente necessárias para a execução de medidas especiais...do mesmo modo, a conclusão das janelas do edifício de recepção e as portas de 5 [alojamentos] para a acomodação de prisioneiros [Häftlingsunterkünfte] é urgentemente necessária, pelas mesmas razões.”[227] Não hà mais informações sobre os cinco alojamentos no memorando. Recordar, porém, que Hoess mencionou 5 alojamentos em suas memórias para os dois bunkers na área onde os prisioneiros foram gaseados, e este é o mesmo número referido para “tratamento especial” no memorando do Bauleitung de 15 de julho de 1942.
Parece que os cinco alojamentos que aparecem no memorando de junho de 1943 são os mesmos utilizados como sala de despir nas áreas onde os dois bunkers estavam localizados. Assim, seu uso contínuo após a construção dos crematórios e antes da realização da operação húngara é fortemente sugerido. Além disso, o uso contínuo após a construção dos quatro crematórios é a única explicação do porque do Bunker Branco não ter sido destruído até as autoridades do campo terem cessados todos os gaseamentos. O bunker I, Bunker Vermelho, foi desmantelado em algum momento – embora não se saiba exatamente quando. A única razão concebível para não destruir o Bunker Branco foi porque o seu uso foi previsto e, de fato, para alguns períodos ocorreu após a conclusão dos crematórios, até o momento da operação húngara. A estrutura poderia não ter sido mantida após a construção do crematório para o propósito expresso da operação húngara, porque a Alemanha não controlava a Hungria até março de 1944, um ano após a finalização do primeiro crematório. A esta altura, o primeiro dos crematórios entrou em serviço, as autoridades de Auschwitz não poderiam não ter conhecimento de que as deportações húngaras iriam acontecer. Como iremos ver na próxima parte deste estudo, não hà evidências fotográficas que documentem a existência do Bunker Branco.
Conforme referido anteriormente, Mattogno alegou que o Crematório II foi estabelecido em 115 dias de 25 de março a 18 de julho de 1943 e o Crematório III foi abaixo de 60 dias em 1944, o que significa que houve potencialmente 175 dias seguintes de março de 1943, quando as cremações ao ar livre poderiam ter tido lugar na área dos bunkers. No entanto, foi igualmente observado que não hà suporte para a afirmação de Mattogno sobre o baixo tempo desses fornos.[228] No entanto, foi notado que o Krema II foi estabelecido em um mês, de maio a junho de 1943.[229] É também razoável supor que houve períodos em que os fornos não funcionavam a plena capacidade por causa dos reparos e outros fatores. Esta interpretação seria compatível com os comentários de Hoess sobre o assunto. Por outro lado, os dois prisioneiros que escaparam em abril de 1944, antes do Bunker Branco ser reativado para a operação húngara em meados de maio de 1944, afirmaram que os gaseamentos e cremações foram interrompidos com a inauguração do novo crematório.[230] Então, esta versão está de acordo com a de Dragon.
Como iremos ver na próxima parte deste estudo, o Bunker Branco foi usado para os transportes húngaros que começaram a chegar em meados de maio de 1944. Quantas vezes ele foi utilizado entre março de 1943 e maio de 1944 não é conhecido. O testemunho sugere que ele ficou fechado por um período de tempo, e reativado em maio de 1944. O período de tempo exato que ele ficou fechado, entre março de 1943 e maio de 1944 não pode ser afirmado com certeza. Foi usado quando necessário, tal como sugerido por Hoess, ou foi fechado por 14 meses, conforme indicado pelos fugitivos e Dragon? É possível conciliar os dois relatos admitindo que o Bunker Branco foi fechado oficialmente em março de 1943, mas que a área ao redor do bunker ainda era utilizada para cremações ao ar livre quando surgiram os problemas com o crematório. As tentativas de Mattogno de que os bunkers foram fechados definitivamente em março de 1943 são baseadas no testemunho que: (1) ele utilizou fora de contexto, (2) contradiz os argumentos que ele estava fazendo sobre a não existência de assassinatos em massa e gaseamentos em Auschwitz, e (3) ele se recusou a citar as fontes originais para atingir as suas pretensões.
O ponto chave é que as instalações externas sempre estiveram lá caso precisassem, tal como sugerido por Hoess, Vassiliev e o memorando de junho de 1943, e as autoridades do campo não precisavam ser prejudicadas por quaisquer limitações que poderiam ter sido impostas pelo novo crematório, assumindo que houveram tais limitações.
Fonte: The Holocaust History Project
http://www.holocaust-history.org/auschwitz/body-disposal/
Tradução: Leo Gott
Continuação - Partes: (1);(2);(3);(4);(5);(6);(7);(8);(9);(10);(11);(12);(13)
quarta-feira, 20 de maio de 2009
Mattogno e Graf "em parafusos" com a própria fonte
(todos os grifos são do tradutor)
Eu sua arenga sobre Treblinka, Mattogno e Graf usam o seguinte episódio como “prova” que Treblinka era um campo de trânsito para a URSS:
Isto é o resumo da lógica dos negadores: um documento onde burocratas protestam amargamente sobre o transporte de 1.000 judeus para um trabalho essencial em sua área é usado como prova de que os mesmos burocratas teriam acedido ao transporte de mais de 700.000 judeus via mesma zona de Treblinka. Estes são os fios finos aos quais os negadores se agarram.
Além disso, Mattogno e Graf provam novamente que sua utilização de fontes é desonesta, porque o mesmo documento cita que foi enviado no mesmo dia uma conhecida carta, do mesmo autor, Kube, para o mesmo destinatário, Lohse, que revela que (Documento PS-3428, IMT):
Além disso, a carta de Kube termina com uma frase que revela que o comandante local do SD pretende liquidar tais transportes:
Mattogno e Graf então citam um documento, sem admitir que o seu autor tinha, no mesmo dia, enviado uma carta ao mesmo destinatário descrevendo claramente a atividade de genocídio de seus heróis nazistas, o que contradiz diretamente e refuta a tese de reassentamento de Mattogno e Graf.
Mattogno e Graf, portanto, levam a cabo duas trapaças de uma só vez. A primeira trapaça foi a de chamar uma inferência à partir de sua fonte (‘reassentamento em larga escala no Leste’), que foi descabida, dado que a fonte expressa explicitamente o oposto ao reassentamento. A segunda trapaça foi a de omitir dados contextuais de assassinato em massa contido em um documento muito mais famoso, enviado pelo mesmo autor ao mesmo destinatário e no mesmo dia, o que tem sido citado por vários historiadores, e é de domínio público hà mais de sessenta anos.
Finalmente a chegada de, pelo menos um transporte do Gueto de Varsóvia para uma localidade a leste de Treblinka foi documentado para além de qualquer dúvida. Em 31 de julho de 1942, o Comissário do Reich para a Rússia Branca, Wilhelm Kube, enviou um telegrama para o Comissário do Reich de Ostland, Heinrich Lohse, em que protesta pelo despacho de um transporte de “1.000 judeus de Varsóvia para trabalhar em Minsk,” porque isso levaria ao perigo de epidemias e ao aumento da atividade guerrilheira.
Isto é o resumo da lógica dos negadores: um documento onde burocratas protestam amargamente sobre o transporte de 1.000 judeus para um trabalho essencial em sua área é usado como prova de que os mesmos burocratas teriam acedido ao transporte de mais de 700.000 judeus via mesma zona de Treblinka. Estes são os fios finos aos quais os negadores se agarram.
Além disso, Mattogno e Graf provam novamente que sua utilização de fontes é desonesta, porque o mesmo documento cita que foi enviado no mesmo dia uma conhecida carta, do mesmo autor, Kube, para o mesmo destinatário, Lohse, que revela que (Documento PS-3428, IMT):
Após exaustivas discussões com o SS-Brigadefuehrer Zenner e o extremamente capaz Líder do SD, SS-Obersturmbannfuehrer Dr. Strauch, que foram liquidados cerca de 55.000 judeus na Bielorússia nas últimas 10 semanas. Na área do condado judaico de Minsk foram completamente eliminados, sem qualquer perigo para a necessidade de mão-de-obra. Na área predominantemente polonesa de Lida, 16.000 judeus foram liquidados, em Slonim, 8.000, etc.
Devido à invasão pelo Army Rear Zone (comando), que já foi relatado, não houve interferência com os preparativos que tínhamos feito para a liquidação dos judeus de Glebokie. Sem contatar-me, o Comando do Army Rear Zone liquidou 10.000 judeus, cuja eliminação sistemática em todo caso havia sido planejada por nós. Na cidade de Minsk cerca de 10.000 judeus foram liquidados em 28 e 29 de julho. Destes, 6.500 eram judeus russos – principalmente idosos, mulheres e crianças – e o resto de inaptos para trabalhar, que foram enviados a Minsk em novembro do ano passado por ordem do Fuehrer, principalmente de Viena, Bruenn, Bremen e Berlim.
O Distrito de Sluzk também foi aliviado de milhares de judeus. O mesmo se aplica a Nowogrodek e Wilejka. Medidas radicais estão previstas para Baranowitschi e Hanzewitschi. Em Baranowitschi existem ainda mais de 10.000 judeus, na cidade em si, dos quais 9.000 serão liquidados no próximo mês.
Além disso, a carta de Kube termina com uma frase que revela que o comandante local do SD pretende liquidar tais transportes:
Estou plenamente de acordo com o Comandante do SD na Bielorússia, que devemos liquidar todos os transportes de judeus não combinados, ou anunciados por nós, por nossos oficiais superiores, para evitar novos transtornos na Bielorússia.
Mattogno e Graf então citam um documento, sem admitir que o seu autor tinha, no mesmo dia, enviado uma carta ao mesmo destinatário descrevendo claramente a atividade de genocídio de seus heróis nazistas, o que contradiz diretamente e refuta a tese de reassentamento de Mattogno e Graf.
Mattogno e Graf, portanto, levam a cabo duas trapaças de uma só vez. A primeira trapaça foi a de chamar uma inferência à partir de sua fonte (‘reassentamento em larga escala no Leste’), que foi descabida, dado que a fonte expressa explicitamente o oposto ao reassentamento. A segunda trapaça foi a de omitir dados contextuais de assassinato em massa contido em um documento muito mais famoso, enviado pelo mesmo autor ao mesmo destinatário e no mesmo dia, o que tem sido citado por vários historiadores, e é de domínio público hà mais de sessenta anos.
Fonte: Holocaust Controversies - Dr. Jonathan Harrison
Link: http://holocaustcontroversies.blogspot.com/2008/04/mattogno-and-graf-screwed-by-their-own.html
Tradução: Leo Gott
quarta-feira, 22 de abril de 2009
Eliminação de Corpos em Auschwitz - O fim da Negação - Parte 9 - Ausência de registros
(todos os grifos abaixo são do tradutor)
Um dos pontos apresentados anteriormente neste estudo é que não existem registros suficientes documentando como os fornos de Auschwitz trabalhavam. Este fato deve ser considerado estranho, porque existem milhares de documentos em centenas de arquivos que contêm as correspondências do Bauleitung sobre os planos dos crematórios antes e durante a fase de construção. Temos que levar em consideração que todos os esforços para a construção do crematório e dos fornos que as autoridades tiveram, elas teriam que saber como eles funcionavam. Mesmo em Gusen, com apenas dois fornos, aguns registros sobreviveram, mesmo que apenas por um período limitado de tempo. No entanto, ainda não surgiu de qualquer fonte contemporânea um registro documento de uma simples cremação em Auschwitz. Portanto, apenas uma das duas conclusões podem ser alcançadas. Ninguém foi cremado em Auschwitz ou os registros foram deliberadamente destruídos.
Em suas memórias, o comandante do campo de Auschwitz, Rudolf Hoess escreveu que ele recebeu ordens do Reichsführer Heinrich Himmler para destruir todas as informações sobre o número de vítimas assassinadas depois de cada ação. Ele afirma que pessoalmente destruiu as provas e que os chefes de departamento fizeram o mesmo. Ele observa que, embora algumas informações possam ter escapado da destruição, eles “não poderiam dar informações suficientes para fazer um cálculo.” [183] O guarda da SS de Auschwitz Pery Broad escreveu que destruiu os registros que documentavam assassinato em massa. [184] Henryk Tauber contou que testemunhou caminhões de documentos que tratavam de mortes sendo destruídos ao longo do tempo na incineradora no Crematório. [185] Tauber também afirmou que a as anotações dos chefes no crematório era mantida em detalhes nos registros sobre o número de vítimas assassinadas. Esses números eram controlados por um homem da SS que removia das anotações essa informação depois que cada transporte era cremado. [186] Tadeusz Paczula, que registrava nos livros de óbito, escreveu que os registros dos cremados no Krema foram mantidos em um volume intitulado “O livro da cremação” [Verbrennungsbuch]. [187] Paczula também observa que os arquivos que incriminavam este assunto foram queimados no crematório. [188]
Sabe-se que a destruição de documentos incriminatórios destes assuntos era uma das políticas dos alemães. Em março de 1945 o Gauleiter e Comissário da Defesa do Reich, Sprenger, emitiu uma ordem secreta que afirmava:
A destruição desses documentos pelas autoridades do campo revelou-se muito benéfica para negadores como Mattogno, pois permite-lhes participar de todo tipo de especulação, sem dados concretos. No entanto, como será visto, Mattogno acabou desacreditando muitos dos seus principais argumentos, oferecendo um método alternativo de eliminação de corpos em Auschwitz que não depende dos fornos.
Fonte: The Holocaust History Project - http://www.holocaust-history.org/auschwitz/body-disposal/
Tradução: Leo Gott
Continuação - Partes: (1);(2);(3);(4);(5);(6);(7);(8);(9);(10);(11)
Um dos pontos apresentados anteriormente neste estudo é que não existem registros suficientes documentando como os fornos de Auschwitz trabalhavam. Este fato deve ser considerado estranho, porque existem milhares de documentos em centenas de arquivos que contêm as correspondências do Bauleitung sobre os planos dos crematórios antes e durante a fase de construção. Temos que levar em consideração que todos os esforços para a construção do crematório e dos fornos que as autoridades tiveram, elas teriam que saber como eles funcionavam. Mesmo em Gusen, com apenas dois fornos, aguns registros sobreviveram, mesmo que apenas por um período limitado de tempo. No entanto, ainda não surgiu de qualquer fonte contemporânea um registro documento de uma simples cremação em Auschwitz. Portanto, apenas uma das duas conclusões podem ser alcançadas. Ninguém foi cremado em Auschwitz ou os registros foram deliberadamente destruídos.
Em suas memórias, o comandante do campo de Auschwitz, Rudolf Hoess escreveu que ele recebeu ordens do Reichsführer Heinrich Himmler para destruir todas as informações sobre o número de vítimas assassinadas depois de cada ação. Ele afirma que pessoalmente destruiu as provas e que os chefes de departamento fizeram o mesmo. Ele observa que, embora algumas informações possam ter escapado da destruição, eles “não poderiam dar informações suficientes para fazer um cálculo.” [183] O guarda da SS de Auschwitz Pery Broad escreveu que destruiu os registros que documentavam assassinato em massa. [184] Henryk Tauber contou que testemunhou caminhões de documentos que tratavam de mortes sendo destruídos ao longo do tempo na incineradora no Crematório. [185] Tauber também afirmou que a as anotações dos chefes no crematório era mantida em detalhes nos registros sobre o número de vítimas assassinadas. Esses números eram controlados por um homem da SS que removia das anotações essa informação depois que cada transporte era cremado. [186] Tadeusz Paczula, que registrava nos livros de óbito, escreveu que os registros dos cremados no Krema foram mantidos em um volume intitulado “O livro da cremação” [Verbrennungsbuch]. [187] Paczula também observa que os arquivos que incriminavam este assunto foram queimados no crematório. [188]
Sabe-se que a destruição de documentos incriminatórios destes assuntos era uma das políticas dos alemães. Em março de 1945 o Gauleiter e Comissário da Defesa do Reich, Sprenger, emitiu uma ordem secreta que afirmava:
Todos os arquivos, particularmente os secretos, deverão ser completamente destruídos. Os arquivos secretos sobre...as instalações e o trabalho nos campos de concentração devem ser destruídas a todo custo. Também o extermínio de algumas famílias, etc. Esses arquivos sob nenhuma circunstância devem cair nas mãos do inimigo, pois afinal todos eles são de ordens secretas do Führer. [189]De fato a ausência de qualquer registro sobre eliminação de corpos em Auschwitz é talvez a melhor prova da sua destruição. Considerando o fato de que há pelo menos algumas informações para Gusen, é razoável concluir que estes dados existiram para Auschwitz. O que causa problema para os pesquisadores, porque não temos informação sobre a forma como o forno de mufla tripla e os oito fornos de Birkenau realmente funcionaram. O memorando do Bauleitung citado anteriormente sobre a quantidade de coque necessária para esses fornos, foi baseado em dados fornecidos pela Topf, é a única informação contemporânea disponível. A única outra informação abrangente e disponível é o testemunho de Tauber.
A destruição desses documentos pelas autoridades do campo revelou-se muito benéfica para negadores como Mattogno, pois permite-lhes participar de todo tipo de especulação, sem dados concretos. No entanto, como será visto, Mattogno acabou desacreditando muitos dos seus principais argumentos, oferecendo um método alternativo de eliminação de corpos em Auschwitz que não depende dos fornos.
Fonte: The Holocaust History Project - http://www.holocaust-history.org/auschwitz/body-disposal/
Tradução: Leo Gott
Continuação - Partes: (1);(2);(3);(4);(5);(6);(7);(8);(9);(10);(11)
terça-feira, 14 de abril de 2009
Eliminação de Corpos em Auschwitz - O fim da negação do Holocausto - Parte 8 - Consumo de combustível
(todos os grifos abaixo são do tradutor)
Conforme referido anteriormente, os fornos de Auschwitz eram abastecidos a coque. Mattogno alegou que não havia entrega de coque suficiente em Auschwitz para cremar o números de corpos de prisioneiros não registrados que foram assassinados em Auschwitz de abril a outubro de 1943, quando os quatro novos crematórios estavam operando. Antes do meio de março de 1943 apenas o Krema I no campo principal estava operacional. Existem apenas registros de entrega de coque para o período compreendido de 16 de fevereiro de 1942 a outubro de 1943. De abril de 1943 a outubro de 1943, foram entregues 497 toneladas de coque. [140] As informações sobre as entregas de coque foram compiladas pelo pesquisador francês Jean-Claude Pressac, que recolheu as informações através registradas durante o período que esteve no Auschwitz State Museum. Ele analisou os registros de 240 entregas de coque e em seguida compilou estes montantes em valores mensais para o período em que existem registros. Pode ser notado que não sabemos se esses registros estão completos para este período.
Considerando o fato de que não existem registros para o período de meados de fevereiro de 1942 e após outubro de 1943, e nós sabemos que os fornos foram operados durante este período, então é muito possível que os registros em discussão estejam incompletos. Tal incompletude pode ser inferida através da comparação das entregas de coque para as quais existem registros mensais com o número de óbitos dos prisioneiros registrados. Em julho de 1942 temos registro de entrega de 16,5 toneladas de coque. Neste mês foram registradas 4.124 mortes de prisioneiros. No entanto, para março de 1942, há registros de entrega de 39 toneladas de coque, mas apenas 2.397 óbitos registrados de prisioneiros.[141] Em setembro de 1942 havia cerca de 9.000 óbitos de prisioneiros registrados e registros de entrega de 52 toneladas de coque. No mês seguinte, teve cerca de 5.900 mortes de prisioneiros registrados, e o registro de entrega de apenas 15 toneladas de coque. O segundo mais alto mês de entrega de coque foi em maio de 1943, quando 95 toneladas de coque foram entregues. No entanto, os óbitos de prisioneiros registrados foram os mais baixos. O número exato não pode ser isolado porque os livros de óbito de 14 de abril à 4 de junho mostram 2.967 mortes. Sendo assim, é seguro assumir que houve cerca de 2.000 mortes de prisioneiros registrados. Portanto o segundo mês mais alto de entrega de coque também corresponde ao mês com o menor número de óbitos de prisioneiros registrados.[142]
A questão sobre a forma como o coque foi efetivamente entregue em Auschwitz seria resolvido se existissem algum número central emitido pelo Bauleitung para o ano em questão. O negador do Holocausto, David Irving, publicou em 1993 o que ele pretendia que fosse tais números para os anos de 1940 a 1944. Estes números foram alegadamente encontrados nos Arquivos de Auschwitz em Moscou.[143] Entretanto, nenhum número de arquivo foi citado para estes números. Nas três tentativas por parte deste autor para que o Sr.Irving identificasse a fonte desses números nenhum foi bem sucedida. Mattogno escreve que ele não foi capaz de encontrar qualquer suporte aos números de Irving nos Arquivos de Auschwitz em Moscou.[144]
Mattogno examinou o registro dos prisioneiros cremados em Gusen no período de 31 de outubro a 12 de novembro de 1941. Estes números são uma conta síncrona que foi mantida pelos prisioneiros sobre os detalhes da cremação. Fotocópias foram enviadas pelo autor para o Mauthausen Memorial Museu.[145] Mattogno afirmou que os números mostram em 13 dias que , no período de 31 de outubro a 12 de novembro, 677 corpos foram cremados usando 20.700kg de coque, ou 30,5kg por corpo. 1 kg equivale a 2,2 libras. Mattogno argumentou que as 497 toneladas de coque que foram entregues em Auschwitz de abril à outubro de 1943 não foram suficientes para cremar o número de prisioneiros registrados e não-registrados que foram assassinados. 1.000kg equivalem a 1 tonelada. Ele analisou [o livro] Auschwitz Chronicle de Danuta Czech, que mostra que cerca de 103.000 prisioneiros não-registrados desapareceram após a sua chegada à Auschwitz neste período. Ele acrescentou a este número 21.580 prisioneiros registrados que morreram no campo. Ele afirmou que não havia coque suficiente para cremar os corpos. Estes corpos foram cremados com o coque que estava disponível, isso significa que cada cadáver foi cremado utilizando 4,1kg de coque.[146] Por conseguinte, ele alegou que os 103.000 prisioneiros não-registrados não poderiam ter sido mortos no campo durante este período. Quando ele dividiu as 21.500 mortes de prisioneiros registrados pela quantidade de coque consumida de abril de 1943 a outubro de 1943, ele chegou a 22,7kg por corpo.[147] Mattogno não explicou o que aconteceu com os 103.000 prisioneiros não-registrados.
O arquivo de Gusen invocado por Mattogno mostra a quantidade de coque na forma de carrinho de mão utilizado para transporte aos fornos.[148] No topo da página é citado “Karren Koks”, ou carrinho de mão de coque. Abaixo do título é citado que um carrinho de mão é igual a 60kg. No entanto, esse peso é citado somente para o período de 26 de setembro a 15 de outubro de 1941. Durante este período 203 corpos foram cremados usando 153 carrinhos de mão. Isso significa que 9.180kg (60kg vezes 153 carrinhos de mão) incineraram 203 corpos, resultando em 45kg por corpo. O número 9.180 aparece no backup deste arquivo onde os 153 carrinhos de mão são multiplicados por 60kg. Existe algum motivo, no entanto, para se suspeitar que cada carrinho de mão não continha 60kg de coque, mas este era um número genérico baseado na [capacidade] máxima teórica que cada entrega poderia ser feita. Em outras palavras, 60kg foi atribuído a cada carrinho de mão, independente do peso real. Por exemplo, em 3 de outubro, 11 corpos foram incinerados usando 13 carrinhos de mão. Os 60kg por carrinho de mão teriam levado a 71kg por corpo. No entanto, em 15 de outubro, 33 corpos foram incinerados com 16 carrinhos de mão, ou 29kg por corpo.[149]
Os fornos sofreram uma ampla revisão de 16 a 22 de outubro. O período que Mattogno estava analisando, 31 de outubro a 12 de novembro, mostra 345 carrinhos de mão foram usados para incinerar 677 cadáveres. No entanto, ao contrário da informação prévia para a reparação dos fornos, que acompanha um peso para cada carrinho de mão, e um peso total para todos os 153 carrinhos de mão, não existe informação sobre o peso dos carrinhos de mão após a revisão. Mattogno apenas presumiu que cada carrinho de mão tinha 60kg [de coque], sem informar aos seus leitores que poderia haver problemas para essa suposição e que até mesmo o peso inicial de 60kg por carrinho de mão para os fornos pré-revisão pode estar errada.
No entanto, o arquivo de Gusen fornece algumas informações muito valiosas. Ele mostra que a forma mais eficiente dos fornos queimar combustível é que mais corpos poderiam ser queimados mais rápido com isso. Assim, para o período anterior à revisão dos fornos, apenas 203 corpos poderiam ser queimados em um período de 10 dias, de 15 a 26 de outubro, usando 153 carrinhos de mão de coque. No entanto, durante um período contínuo de 13 dias após a conclusão da revisão, 677 corpos foram queimados com 365 carrinhos de mão de coque. Foi durante este período que 94 corpos foram queimados em duas muflas em 7 de novembro, usando 45 carrinhos de mão de coque e 72 corpos cremados no dia seguinte usando 35 carrinhos de mão. As implicações deste fato para os 46 fornos dos quatro novos crematórios de Auschwitz são importantes porque os números mostram que o uso mais eficiente do combustível queima os corpos mais rapidamente.
Mattogno admitiu que a mufla tripla dos Kremas II e III e que as oito muflas triplas dos Kremas IV e V, poderiam queimar corpos com mais eficiência de combustível do que a mufla dupla do Krema I, mas não admite que os corpos levados para lá queimavam mais depressa. Ele afirmou que a mufla tripla poderia queimar um corpo com um terço a menos de coque necessário para uma mufla dupla. Ele calculou que seria necessário de 16,7 a 20,3kg por corpo. As oito muflas poderiam queimar cerca de metade do combustível necessário nas muflas duplas, ou 12,5 a 15,25kg de coque por corpo.[150] Mattogno fez alguns cálculos sobre a razão deste fenômeno sem mencionar que os seus números são vagamente baseados nos dados fornecidos ao Bauleitung pela Topf.
A única informação disponível sobre a eficiência de combustível para a mufla tripla e as oito foi fornecida ao Bauleitung pela Topf. Em 17 de março de 1943 o Bauleitung emitiu uma nota com o título: “Estimativa do uso de coque para Krema II KL [campo de concentração] de acordo com os dados [Angaben] à partir da Topf e Filhos [fabricante dos fornos] de 11 de março de 1943”. A nota passa a descrever os dados em termos de acendimento. Krema II e III necessários 10 acendimentos para uso de 350kg por hora. No entanto o número poderia ser reduzido em 1/3, se eles fossem usados em base contínua, o que significa que cada Krema economizava 2.800kg de coque em um período de 12 horas. Nas oito muflas a economia de combustível foram ainda maiores. Quando os fornos trabalhavam continuamente iriam queimar 1.120kg de coque em um período de 12 horas. Isso significa que todos os quatro Krema poderiam funcionar com 7.840kg de coque em um período de 12 horas (2.800kg cada para os Kremas II e III e 1.120kg cada para os Kremas IV e V). O Bauleitung conclui: “Estas são as maiores conquistas. Não é possível dar um número para a sua utilização por ano, porque não sabemos quantas horas ou dias serão necessários para aquecê-lo.”[151]
Mattogno representou esta informação no sentido de que “os Krema II e III poderiam ter queimado cerca de 240 corpos pos dia, e o Krema IV e V cerca de 130, totalizando 370 corpos. A estimativa indicada na nota, indica que, assim, uma média diária de 370 macilentos cadáveres adultos eram esperados para a cremação.”[152] Isto é simplesmente uma falsa caracterização dos dados. Não há menção ao número de corpos que poderiam ser queimados. O principal fato é que os dados de combustível fornecidos pela Topf, são baseados no número de horas trabalhadas, independentemente da quantidade de corpos queimados. Este fato causou muitos problemas para Mattogno, porque, como referido anteriormente, as estimativas sobre o número de corpos que poderiam ser queimados em um período de 10 horas de um forno variaram de elevados 36, e o engenheiro Prüfer da Topf estimou 800 corpos nas 5 muflas triplas em um período de 24 horas. O verdadeiro dilema para Mattogno está nos valores do Bauleitung apresentados em 28 de junho de 1943, discutidos anteriormente, 4.416 corpos poderiam ser cremados em um período de 24 horas nos 4 novos Kremas, ou 2.208 em um período de 12 horas. Quando os 7.840kg de coque utilizados em um período de 12 horas são divididos pelos 2.208 corpos que poderiam ser cremados no mesmo período de 12 horas, a média gira em torno de 3,5kg por corpo. Mattogno nunca abordou esta questão diretamente. No entanto, ele estava consciente do problema que os valores do bauleitung poderiam representar. Para lidar com este problema ele recorreu a uma tática comum aos negadores. Ele anunciou que “este documento é uma fabricação.”[153] Assim, qualquer documento que os negadores não conseguem explicar, como resultado dizem que é uma fraude e conspiração. Mattogno não disse como “fabricaram” este relatório.
A questão é saber se os crematórios eram capazes de queimar um corpo em 15 minutos, a quantidade de tempo sugerido no relatório do Bauleitung de 28 de junho de 1943. Conforme referido anteriormente, um forno não poderia incinerar um corpo em 15 minutos, com qualquer tecnologia conhecida do período, mas um quadro diferente emerge quando múltiplos corpos queimando são considerados. A informação de Dachau, citada anteriormente, menciona a queima de 7 a 9 corpos simultaneamente em um período de duas horas. No Castelo de Hartheim, na Áustria, onde havia uma câmara de gás, um trabalhador do crematório testemunhou após a guerra que de dois a oito corpos poderiam ser cremados simultaneamente.[154]
A prática de cremações múltiplas era bem conhecida fora da Alemanha antes da Segunda Guerra Mundial. Em Osaka, Japão, nos anos de 1880 haviam 20 fornos crematórios e cada um deles poderia incinerar três corpos simultaneamente em um período de quatro horas. [155] Em 1911, um forno japonês foi apresentado no Salão Internacional de Higuena em Dresden, Alemanha, que poderia queimar cinco corpos simultaneamente em um período de 2 horas a 2 ½ horas. [156] Esta história reforça a viabilidade da capacidade de cremação simultânea de corpos e avanços tecnológicos 30 anos depois na Alemanha. O fato de os fornos não terem sido construídos com o propósito de múltiplas cremações não é determinante para se saber se na prática foi realmente realizada. O melhor exemplo é nos Estados Unidos, onde a prática é ilegal. Houve um grande escândalo no ínicio de 1980 envolvendo necrotérios no sul da Califórnia. Empregados de uma das instalações testemunharam que era prática comum cremar vários corpos juntos. Um embalsamador afirmou que viu cinco corpos em uma retorta (um forno), enquanto outro viu sete ou oito pessoas que foram cremadas simultaneamente. O fundador de uma das primeiras empresas de cremação dos Estados Unidos declarou que a o resultado da queima de vários corpos simultaneamente “uniformemente as cinzas saem muito escuras.” [157] Curiosamente, negadores criticam frequentemente as testemunhas que descrevem que uma fumaça negra saía do crematório. Se queimando produziu cinza preta pode-se perfeitamente bem termos fumaça preta.
Houve uma grande quantidade de testemunhos sobre a prática de múltiplas cremações em Auschwitz. Alter Feinsilber, um Sonderkommando – que extraía os cadáveres das câmaras de gás para serem cremados – afirmou que cinco corpos “queimavam mais rapidamente”. [158] O guarda da SS Pery Broad escreveu que quatro ou cinco corpos poderiam ser colocados em cada um dos fornos dos Kremas II e III. [159] O Sonderkommando Filip Müller afirmou que três ou quatro poderiam ser incinerados de uma vez. [160] O Sonderkommando Szlama Dragon testemunhou que três corpos foram incinerados de uma vez. [161] Dois prisioneiros que fugiram em abril de 1944, cujo relatório foi baseado em informações recebidas à partir dos Sonderkommandos, afirmaram que três corpos poderiam ser cremados de uma vez. [162] Mieczyslaw Morawa, um trabalhador do crematório, testemunhou que testes realizados antes no crematório de Birkenau mostraram que três corpos poderiam ser cremados simultaneamente em um período de 40 minutos em cada um dos 15 fornos do Krema II. Ele afirmou que estes testes foram realizados com um cronômetro pela SS. [163]
Mattogno estava consciente de que os testemunhos sobre as cremações múltiplas iria lhe causar problemas em fazer seu argumento sobre o coque. Ele argumentou que tal procedimento não produzia benefícios, tanto no tempo de cremação de um corpo ou na economia de combustível. Assim ele alegou que múltiplas cremações simplesmente tem duas vezes mais tempo para cremar dois corpos simultaneamente e exigem duas vezes mais combustível. Seu argumento foi baseado nas informações do forno de mufla dupla de Gusen. Ele afirmou que se houvesse múltiplas cremações que teriam ocorrido em Gusen em 8 de novembro de 1941, seria o dia em que 72 corpos foram cremados. [164] Retornando à seção anterior do presente estudo em que Mattogno alega que em 8 de novembro demorou 24 horas e 30 minutos para se cremar 72 corpos, mas que o tempo real ficou entre 16 e 17 horas. Na verdade, a informação de Gusen de 7 de novembro mostra que 94 corpos foram cremados em 19 horas e 45 minutos, ou cerca de 25 minutos por corpo, esta informação teria sido mais atraente para o argumento do que ele estava tentando fazer. Entretanto, ele não se mostrou disposto a admitir que um corpo pode ser cremado em 25 minutos, sob quaisquer circunstâncias.
O problema com o argumento de Mattogno é que podemos estar bastante certos de que não havia múltiplas cremações nesses dias. Um relatório de engenharia de 7 e 8 de novembro mostra que estes fornos trabalharam em cada dia durante 4 horas, com 4 horas de trabalho no dia 6 de novembro e mais 8 horas no dia 9 de novembro. Estes dados significam que aconteceram reparos nos fornos no mesmo dia em que estavam cremando corpos. [165] Nestas circunstâncias, é altamente improvável que múltiplas cremações tenham ocorrido. Mattogno também examinou este arquivo, mas não foi capaz de encontrar qualquer prova de múltiplas cremações. Conforme referido na seção anterior do presente estudo (ver discussão na nota 135), a estimativa de Prüfer de 53 corpos por mufla em 24 horas é uma taxa dentro da faixa dos 47 corpos cremados por mufla em 7 de novembro em um período de 19 horas e 45 minutos. Como foi referido, esta taxa foi mais provavelmente alcançada através da introdução de um corpo em uma mufla antes do corpo anterior ter sido totalmente consumido, o que não é o mesmo que múltiplas cremações. Essa possibilidade parece ter sido prevista nas instruções da Topf para os fornos de Auschwitz, conforme discutido anteriormente. (Ver discussão na nota 108).
O relato mais completo sobre o funcionamento desses fornos foi dado pelo Sonderkommando Henryk Tauber em seu depoimento de maio de 1945. Auschwitz foi libertado em janeiro de 1945. É o documento contemporâneo mais recente. Tauber começou a trabalhar no Krema I em fevereiro de 1943 mas eventualmente foi movido para os Kremas II e III. Ele também trabalhou no Krema V. Mattogno nunca abordou o testemunho de Tauber. Tauber afirmou que era comum cremar simultaneamente cinco corpos no forno. Ele também afirmou que demorava cerca de uma hora e meia para incinerar cinco corpos simultaneamente. [166] Esse tempo não é irreal. Lembrando que foi anteriormente citado um forno japonês que poderia cremar simultaneamente cinco corpos em um período de 2 horas a 2 ½ horas em 1911.
Tauber também notou que, sob condições adequadas, foi possível cremar oito corpos simultaneamente em um forno. Ele menciona o caso dos oito corpos emaciados. Ele também afirma quando crianças iriam ser cremadas, o Sonderkommando cremava os corpos de cinco ou seis crianças com dois adultos. [167] Ele ainda descreveu como os corpos das crianças foram colocados no forno para evitar a queda para as cinzas. [168]
Tauber também aborda a questão do combustível na queima dos corpos. Seu testemunho é importante a este respeito, porque ele mostra que era um problema e que as autoridades tinham desenvolvidos métodos para lidar com ele. Ele explica:
O uso da gordura das vítimas obesas como combustível era algo que exigiria conhecimento em primeira mão. Tauber era um sapateiro e não teria uma posição a esse respeito se realmente não tivesse obervado. A questão é saber quão credível é o seu testemunho. O engenheiro alemão Rudolf Jakobskotter, que Mattogno havia citado como uma autoridade em fornos crematórios, escreveu que a gordura corporal produz calor queimando em um forno. [171] Mattogno não aborda diretamente a questão da utilização de gordura corporal nos fornos como fonte de combustível. Ele inicialmente tinha descartado o testemunho sobre a utilização da gordura corporal nas valas de cremação para acelerar o processo de cremação. Entretanto, ele posteriormente retirou a sua primeira objeção escrevendo que “eu descobri que este procedimento pode ser feito para funcionar, se feito de uma determinada maneira...” [172] Tauber também tinha comentado como a gordura corporal foi utilizada nas valas de cremação para acelerar a cremação. [173]
O processo de utilização de gordura corporal em um forno foi também descrito pelo Sonderkommando Filip Müller, que observou que as autoridades tinham encontrado formas de colocar os corpos nos fornos para maximizar a eficiência de combustível:
Do mesmo modo, o comandante do campo de Auschwitz, Rudolf Hoess testemunhou em Nuremberg que três corpos eram cremados simultaneamente para que os corpos das pessoas obesas queimassem mais rápido. [175] Ele também mencionou a cremação de três corpos simultaneamente em suas memórias, [176] a precisão deste assunto é tema de um outro estudo aqui no site do THHP.
O depoimento de Tauber e as memórias de Müller foram escritas anos antes de que alguém soubesse que o coque seria um assunto a discutir. Ambos relatos revelam claramente que o combustível foi uma séria consideração na gestão dos crematórios e que as autoridades tinham encontrado formas de lidar com o problema.
Madeira também foi outra fonte de combustível para os fornos. A Topf fez fornos que poderiam ser abastecidos com madeira, mas eles não foram tão eficientes quanto os modelos a coque. [177] Tauber declarou que madeira e palha foram utilizados nos fornos quando o estoque de coque estava baixo. [178] Mattogno localizou registros para entrega de madeira feitos em setembro e outubro de 1943. Ele alegou que a quantidade de madeira entregue foi equivalente a 21,5 toneladas de coque, quase não deu para resolver o problema. [179] Entretanto, Mattogno está suficientemente familiarizado com os arredores do campo de Auschwitz para saber que as autoridades não estavam dependendo de entrega formal de madeira. Fotos da área de Birkenau durante este período onde os crematórios estavam localizados mostram que eram rodeados por uma área bastante arborizada. [180] Na verdade, houve uma abundante oferta de madeira na área envolvida. Era necessário apenas ir, cortar e jogar abaixo. Fotos do Krema III após a liberação mostram as grandes pilhas de madeira cortada no seu exterior. [181] Um relatório sobre a resistência do crematório detalhado, mostra que em agosto de 1944 30 descarregadores de madeira [Holzablader] junto a 870 fogueiros dividiam 2 turnos de doze horas. [182]
Fonte: The Holocaust History Project - http://www.holocaust-history.org/auschwitz/body-disposal/
Tradução: Leo Gott
Continuação - Partes: (1);(2);(3);(4);(5);(6);(7);(8);(9);(10);(11)
Conforme referido anteriormente, os fornos de Auschwitz eram abastecidos a coque. Mattogno alegou que não havia entrega de coque suficiente em Auschwitz para cremar o números de corpos de prisioneiros não registrados que foram assassinados em Auschwitz de abril a outubro de 1943, quando os quatro novos crematórios estavam operando. Antes do meio de março de 1943 apenas o Krema I no campo principal estava operacional. Existem apenas registros de entrega de coque para o período compreendido de 16 de fevereiro de 1942 a outubro de 1943. De abril de 1943 a outubro de 1943, foram entregues 497 toneladas de coque. [140] As informações sobre as entregas de coque foram compiladas pelo pesquisador francês Jean-Claude Pressac, que recolheu as informações através registradas durante o período que esteve no Auschwitz State Museum. Ele analisou os registros de 240 entregas de coque e em seguida compilou estes montantes em valores mensais para o período em que existem registros. Pode ser notado que não sabemos se esses registros estão completos para este período.
Considerando o fato de que não existem registros para o período de meados de fevereiro de 1942 e após outubro de 1943, e nós sabemos que os fornos foram operados durante este período, então é muito possível que os registros em discussão estejam incompletos. Tal incompletude pode ser inferida através da comparação das entregas de coque para as quais existem registros mensais com o número de óbitos dos prisioneiros registrados. Em julho de 1942 temos registro de entrega de 16,5 toneladas de coque. Neste mês foram registradas 4.124 mortes de prisioneiros. No entanto, para março de 1942, há registros de entrega de 39 toneladas de coque, mas apenas 2.397 óbitos registrados de prisioneiros.[141] Em setembro de 1942 havia cerca de 9.000 óbitos de prisioneiros registrados e registros de entrega de 52 toneladas de coque. No mês seguinte, teve cerca de 5.900 mortes de prisioneiros registrados, e o registro de entrega de apenas 15 toneladas de coque. O segundo mais alto mês de entrega de coque foi em maio de 1943, quando 95 toneladas de coque foram entregues. No entanto, os óbitos de prisioneiros registrados foram os mais baixos. O número exato não pode ser isolado porque os livros de óbito de 14 de abril à 4 de junho mostram 2.967 mortes. Sendo assim, é seguro assumir que houve cerca de 2.000 mortes de prisioneiros registrados. Portanto o segundo mês mais alto de entrega de coque também corresponde ao mês com o menor número de óbitos de prisioneiros registrados.[142]
A questão sobre a forma como o coque foi efetivamente entregue em Auschwitz seria resolvido se existissem algum número central emitido pelo Bauleitung para o ano em questão. O negador do Holocausto, David Irving, publicou em 1993 o que ele pretendia que fosse tais números para os anos de 1940 a 1944. Estes números foram alegadamente encontrados nos Arquivos de Auschwitz em Moscou.[143] Entretanto, nenhum número de arquivo foi citado para estes números. Nas três tentativas por parte deste autor para que o Sr.Irving identificasse a fonte desses números nenhum foi bem sucedida. Mattogno escreve que ele não foi capaz de encontrar qualquer suporte aos números de Irving nos Arquivos de Auschwitz em Moscou.[144]
Mattogno examinou o registro dos prisioneiros cremados em Gusen no período de 31 de outubro a 12 de novembro de 1941. Estes números são uma conta síncrona que foi mantida pelos prisioneiros sobre os detalhes da cremação. Fotocópias foram enviadas pelo autor para o Mauthausen Memorial Museu.[145] Mattogno afirmou que os números mostram em 13 dias que , no período de 31 de outubro a 12 de novembro, 677 corpos foram cremados usando 20.700kg de coque, ou 30,5kg por corpo. 1 kg equivale a 2,2 libras. Mattogno argumentou que as 497 toneladas de coque que foram entregues em Auschwitz de abril à outubro de 1943 não foram suficientes para cremar o número de prisioneiros registrados e não-registrados que foram assassinados. 1.000kg equivalem a 1 tonelada. Ele analisou [o livro] Auschwitz Chronicle de Danuta Czech, que mostra que cerca de 103.000 prisioneiros não-registrados desapareceram após a sua chegada à Auschwitz neste período. Ele acrescentou a este número 21.580 prisioneiros registrados que morreram no campo. Ele afirmou que não havia coque suficiente para cremar os corpos. Estes corpos foram cremados com o coque que estava disponível, isso significa que cada cadáver foi cremado utilizando 4,1kg de coque.[146] Por conseguinte, ele alegou que os 103.000 prisioneiros não-registrados não poderiam ter sido mortos no campo durante este período. Quando ele dividiu as 21.500 mortes de prisioneiros registrados pela quantidade de coque consumida de abril de 1943 a outubro de 1943, ele chegou a 22,7kg por corpo.[147] Mattogno não explicou o que aconteceu com os 103.000 prisioneiros não-registrados.
O arquivo de Gusen invocado por Mattogno mostra a quantidade de coque na forma de carrinho de mão utilizado para transporte aos fornos.[148] No topo da página é citado “Karren Koks”, ou carrinho de mão de coque. Abaixo do título é citado que um carrinho de mão é igual a 60kg. No entanto, esse peso é citado somente para o período de 26 de setembro a 15 de outubro de 1941. Durante este período 203 corpos foram cremados usando 153 carrinhos de mão. Isso significa que 9.180kg (60kg vezes 153 carrinhos de mão) incineraram 203 corpos, resultando em 45kg por corpo. O número 9.180 aparece no backup deste arquivo onde os 153 carrinhos de mão são multiplicados por 60kg. Existe algum motivo, no entanto, para se suspeitar que cada carrinho de mão não continha 60kg de coque, mas este era um número genérico baseado na [capacidade] máxima teórica que cada entrega poderia ser feita. Em outras palavras, 60kg foi atribuído a cada carrinho de mão, independente do peso real. Por exemplo, em 3 de outubro, 11 corpos foram incinerados usando 13 carrinhos de mão. Os 60kg por carrinho de mão teriam levado a 71kg por corpo. No entanto, em 15 de outubro, 33 corpos foram incinerados com 16 carrinhos de mão, ou 29kg por corpo.[149]
Os fornos sofreram uma ampla revisão de 16 a 22 de outubro. O período que Mattogno estava analisando, 31 de outubro a 12 de novembro, mostra 345 carrinhos de mão foram usados para incinerar 677 cadáveres. No entanto, ao contrário da informação prévia para a reparação dos fornos, que acompanha um peso para cada carrinho de mão, e um peso total para todos os 153 carrinhos de mão, não existe informação sobre o peso dos carrinhos de mão após a revisão. Mattogno apenas presumiu que cada carrinho de mão tinha 60kg [de coque], sem informar aos seus leitores que poderia haver problemas para essa suposição e que até mesmo o peso inicial de 60kg por carrinho de mão para os fornos pré-revisão pode estar errada.
No entanto, o arquivo de Gusen fornece algumas informações muito valiosas. Ele mostra que a forma mais eficiente dos fornos queimar combustível é que mais corpos poderiam ser queimados mais rápido com isso. Assim, para o período anterior à revisão dos fornos, apenas 203 corpos poderiam ser queimados em um período de 10 dias, de 15 a 26 de outubro, usando 153 carrinhos de mão de coque. No entanto, durante um período contínuo de 13 dias após a conclusão da revisão, 677 corpos foram queimados com 365 carrinhos de mão de coque. Foi durante este período que 94 corpos foram queimados em duas muflas em 7 de novembro, usando 45 carrinhos de mão de coque e 72 corpos cremados no dia seguinte usando 35 carrinhos de mão. As implicações deste fato para os 46 fornos dos quatro novos crematórios de Auschwitz são importantes porque os números mostram que o uso mais eficiente do combustível queima os corpos mais rapidamente.
Mattogno admitiu que a mufla tripla dos Kremas II e III e que as oito muflas triplas dos Kremas IV e V, poderiam queimar corpos com mais eficiência de combustível do que a mufla dupla do Krema I, mas não admite que os corpos levados para lá queimavam mais depressa. Ele afirmou que a mufla tripla poderia queimar um corpo com um terço a menos de coque necessário para uma mufla dupla. Ele calculou que seria necessário de 16,7 a 20,3kg por corpo. As oito muflas poderiam queimar cerca de metade do combustível necessário nas muflas duplas, ou 12,5 a 15,25kg de coque por corpo.[150] Mattogno fez alguns cálculos sobre a razão deste fenômeno sem mencionar que os seus números são vagamente baseados nos dados fornecidos ao Bauleitung pela Topf.
A única informação disponível sobre a eficiência de combustível para a mufla tripla e as oito foi fornecida ao Bauleitung pela Topf. Em 17 de março de 1943 o Bauleitung emitiu uma nota com o título: “Estimativa do uso de coque para Krema II KL [campo de concentração] de acordo com os dados [Angaben] à partir da Topf e Filhos [fabricante dos fornos] de 11 de março de 1943”. A nota passa a descrever os dados em termos de acendimento. Krema II e III necessários 10 acendimentos para uso de 350kg por hora. No entanto o número poderia ser reduzido em 1/3, se eles fossem usados em base contínua, o que significa que cada Krema economizava 2.800kg de coque em um período de 12 horas. Nas oito muflas a economia de combustível foram ainda maiores. Quando os fornos trabalhavam continuamente iriam queimar 1.120kg de coque em um período de 12 horas. Isso significa que todos os quatro Krema poderiam funcionar com 7.840kg de coque em um período de 12 horas (2.800kg cada para os Kremas II e III e 1.120kg cada para os Kremas IV e V). O Bauleitung conclui: “Estas são as maiores conquistas. Não é possível dar um número para a sua utilização por ano, porque não sabemos quantas horas ou dias serão necessários para aquecê-lo.”[151]
Mattogno representou esta informação no sentido de que “os Krema II e III poderiam ter queimado cerca de 240 corpos pos dia, e o Krema IV e V cerca de 130, totalizando 370 corpos. A estimativa indicada na nota, indica que, assim, uma média diária de 370 macilentos cadáveres adultos eram esperados para a cremação.”[152] Isto é simplesmente uma falsa caracterização dos dados. Não há menção ao número de corpos que poderiam ser queimados. O principal fato é que os dados de combustível fornecidos pela Topf, são baseados no número de horas trabalhadas, independentemente da quantidade de corpos queimados. Este fato causou muitos problemas para Mattogno, porque, como referido anteriormente, as estimativas sobre o número de corpos que poderiam ser queimados em um período de 10 horas de um forno variaram de elevados 36, e o engenheiro Prüfer da Topf estimou 800 corpos nas 5 muflas triplas em um período de 24 horas. O verdadeiro dilema para Mattogno está nos valores do Bauleitung apresentados em 28 de junho de 1943, discutidos anteriormente, 4.416 corpos poderiam ser cremados em um período de 24 horas nos 4 novos Kremas, ou 2.208 em um período de 12 horas. Quando os 7.840kg de coque utilizados em um período de 12 horas são divididos pelos 2.208 corpos que poderiam ser cremados no mesmo período de 12 horas, a média gira em torno de 3,5kg por corpo. Mattogno nunca abordou esta questão diretamente. No entanto, ele estava consciente do problema que os valores do bauleitung poderiam representar. Para lidar com este problema ele recorreu a uma tática comum aos negadores. Ele anunciou que “este documento é uma fabricação.”[153] Assim, qualquer documento que os negadores não conseguem explicar, como resultado dizem que é uma fraude e conspiração. Mattogno não disse como “fabricaram” este relatório.
A questão é saber se os crematórios eram capazes de queimar um corpo em 15 minutos, a quantidade de tempo sugerido no relatório do Bauleitung de 28 de junho de 1943. Conforme referido anteriormente, um forno não poderia incinerar um corpo em 15 minutos, com qualquer tecnologia conhecida do período, mas um quadro diferente emerge quando múltiplos corpos queimando são considerados. A informação de Dachau, citada anteriormente, menciona a queima de 7 a 9 corpos simultaneamente em um período de duas horas. No Castelo de Hartheim, na Áustria, onde havia uma câmara de gás, um trabalhador do crematório testemunhou após a guerra que de dois a oito corpos poderiam ser cremados simultaneamente.[154]
A prática de cremações múltiplas era bem conhecida fora da Alemanha antes da Segunda Guerra Mundial. Em Osaka, Japão, nos anos de 1880 haviam 20 fornos crematórios e cada um deles poderia incinerar três corpos simultaneamente em um período de quatro horas. [155] Em 1911, um forno japonês foi apresentado no Salão Internacional de Higuena em Dresden, Alemanha, que poderia queimar cinco corpos simultaneamente em um período de 2 horas a 2 ½ horas. [156] Esta história reforça a viabilidade da capacidade de cremação simultânea de corpos e avanços tecnológicos 30 anos depois na Alemanha. O fato de os fornos não terem sido construídos com o propósito de múltiplas cremações não é determinante para se saber se na prática foi realmente realizada. O melhor exemplo é nos Estados Unidos, onde a prática é ilegal. Houve um grande escândalo no ínicio de 1980 envolvendo necrotérios no sul da Califórnia. Empregados de uma das instalações testemunharam que era prática comum cremar vários corpos juntos. Um embalsamador afirmou que viu cinco corpos em uma retorta (um forno), enquanto outro viu sete ou oito pessoas que foram cremadas simultaneamente. O fundador de uma das primeiras empresas de cremação dos Estados Unidos declarou que a o resultado da queima de vários corpos simultaneamente “uniformemente as cinzas saem muito escuras.” [157] Curiosamente, negadores criticam frequentemente as testemunhas que descrevem que uma fumaça negra saía do crematório. Se queimando produziu cinza preta pode-se perfeitamente bem termos fumaça preta.
Houve uma grande quantidade de testemunhos sobre a prática de múltiplas cremações em Auschwitz. Alter Feinsilber, um Sonderkommando – que extraía os cadáveres das câmaras de gás para serem cremados – afirmou que cinco corpos “queimavam mais rapidamente”. [158] O guarda da SS Pery Broad escreveu que quatro ou cinco corpos poderiam ser colocados em cada um dos fornos dos Kremas II e III. [159] O Sonderkommando Filip Müller afirmou que três ou quatro poderiam ser incinerados de uma vez. [160] O Sonderkommando Szlama Dragon testemunhou que três corpos foram incinerados de uma vez. [161] Dois prisioneiros que fugiram em abril de 1944, cujo relatório foi baseado em informações recebidas à partir dos Sonderkommandos, afirmaram que três corpos poderiam ser cremados de uma vez. [162] Mieczyslaw Morawa, um trabalhador do crematório, testemunhou que testes realizados antes no crematório de Birkenau mostraram que três corpos poderiam ser cremados simultaneamente em um período de 40 minutos em cada um dos 15 fornos do Krema II. Ele afirmou que estes testes foram realizados com um cronômetro pela SS. [163]
Mattogno estava consciente de que os testemunhos sobre as cremações múltiplas iria lhe causar problemas em fazer seu argumento sobre o coque. Ele argumentou que tal procedimento não produzia benefícios, tanto no tempo de cremação de um corpo ou na economia de combustível. Assim ele alegou que múltiplas cremações simplesmente tem duas vezes mais tempo para cremar dois corpos simultaneamente e exigem duas vezes mais combustível. Seu argumento foi baseado nas informações do forno de mufla dupla de Gusen. Ele afirmou que se houvesse múltiplas cremações que teriam ocorrido em Gusen em 8 de novembro de 1941, seria o dia em que 72 corpos foram cremados. [164] Retornando à seção anterior do presente estudo em que Mattogno alega que em 8 de novembro demorou 24 horas e 30 minutos para se cremar 72 corpos, mas que o tempo real ficou entre 16 e 17 horas. Na verdade, a informação de Gusen de 7 de novembro mostra que 94 corpos foram cremados em 19 horas e 45 minutos, ou cerca de 25 minutos por corpo, esta informação teria sido mais atraente para o argumento do que ele estava tentando fazer. Entretanto, ele não se mostrou disposto a admitir que um corpo pode ser cremado em 25 minutos, sob quaisquer circunstâncias.
O problema com o argumento de Mattogno é que podemos estar bastante certos de que não havia múltiplas cremações nesses dias. Um relatório de engenharia de 7 e 8 de novembro mostra que estes fornos trabalharam em cada dia durante 4 horas, com 4 horas de trabalho no dia 6 de novembro e mais 8 horas no dia 9 de novembro. Estes dados significam que aconteceram reparos nos fornos no mesmo dia em que estavam cremando corpos. [165] Nestas circunstâncias, é altamente improvável que múltiplas cremações tenham ocorrido. Mattogno também examinou este arquivo, mas não foi capaz de encontrar qualquer prova de múltiplas cremações. Conforme referido na seção anterior do presente estudo (ver discussão na nota 135), a estimativa de Prüfer de 53 corpos por mufla em 24 horas é uma taxa dentro da faixa dos 47 corpos cremados por mufla em 7 de novembro em um período de 19 horas e 45 minutos. Como foi referido, esta taxa foi mais provavelmente alcançada através da introdução de um corpo em uma mufla antes do corpo anterior ter sido totalmente consumido, o que não é o mesmo que múltiplas cremações. Essa possibilidade parece ter sido prevista nas instruções da Topf para os fornos de Auschwitz, conforme discutido anteriormente. (Ver discussão na nota 108).
O relato mais completo sobre o funcionamento desses fornos foi dado pelo Sonderkommando Henryk Tauber em seu depoimento de maio de 1945. Auschwitz foi libertado em janeiro de 1945. É o documento contemporâneo mais recente. Tauber começou a trabalhar no Krema I em fevereiro de 1943 mas eventualmente foi movido para os Kremas II e III. Ele também trabalhou no Krema V. Mattogno nunca abordou o testemunho de Tauber. Tauber afirmou que era comum cremar simultaneamente cinco corpos no forno. Ele também afirmou que demorava cerca de uma hora e meia para incinerar cinco corpos simultaneamente. [166] Esse tempo não é irreal. Lembrando que foi anteriormente citado um forno japonês que poderia cremar simultaneamente cinco corpos em um período de 2 horas a 2 ½ horas em 1911.
Tauber também notou que, sob condições adequadas, foi possível cremar oito corpos simultaneamente em um forno. Ele menciona o caso dos oito corpos emaciados. Ele também afirma quando crianças iriam ser cremadas, o Sonderkommando cremava os corpos de cinco ou seis crianças com dois adultos. [167] Ele ainda descreveu como os corpos das crianças foram colocados no forno para evitar a queda para as cinzas. [168]
Tauber também aborda a questão do combustível na queima dos corpos. Seu testemunho é importante a este respeito, porque ele mostra que era um problema e que as autoridades tinham desenvolvidos métodos para lidar com ele. Ele explica:
Como já disse, havia cinco fornos no Krema II, cada um com três muflas para cremar os corpos e duas lareiras aquecidas a coque. Assim o fogo ia para os dois lados das muflas, em seguida, aquecia a central, de onde eram levados os gases de combustão ao forno, entre as duas lareiras. Graças a esta combinação, o processo de incineração de corpos no lado das muflas diferia da mufla central. Os corpos de...as pessoas perdiam gordura e [a gordura] queimava rapidamente nas muflas laterais e lentamente na central. Inversamente os corpos das pessoas que eram gaseadas na chegada, não eram desperdiçadas, queimavam na mufla central. Durante a incineração destes corpos, o coque era inicialmente utilizado apenas para acender o fogo da fornalha, para que os corpos gordos queimassem por inciativa própria, graças à combustão da gordura corporal. [169]A explicação de Tauber para a utilização da gordura corporal como fonte de combustível foi enfatizada em qualquer outra parte do seu testemunho. Assim, logo de início, ele mencionou que “[o] processo de incineração era acelerado pela combustão da gordura humana, assim, produzia mais calor.” Este método foi utilizado nos Krema II e III. Mais tarde, ele mencionou que, quando uma gordura corporal “era carregada no fogo quente, a gordura imediatamente fluía para as cinzas, onde pegava fogo e iniciava a combustão do corpo.” [170]
O uso da gordura das vítimas obesas como combustível era algo que exigiria conhecimento em primeira mão. Tauber era um sapateiro e não teria uma posição a esse respeito se realmente não tivesse obervado. A questão é saber quão credível é o seu testemunho. O engenheiro alemão Rudolf Jakobskotter, que Mattogno havia citado como uma autoridade em fornos crematórios, escreveu que a gordura corporal produz calor queimando em um forno. [171] Mattogno não aborda diretamente a questão da utilização de gordura corporal nos fornos como fonte de combustível. Ele inicialmente tinha descartado o testemunho sobre a utilização da gordura corporal nas valas de cremação para acelerar o processo de cremação. Entretanto, ele posteriormente retirou a sua primeira objeção escrevendo que “eu descobri que este procedimento pode ser feito para funcionar, se feito de uma determinada maneira...” [172] Tauber também tinha comentado como a gordura corporal foi utilizada nas valas de cremação para acelerar a cremação. [173]
O processo de utilização de gordura corporal em um forno foi também descrito pelo Sonderkommando Filip Müller, que observou que as autoridades tinham encontrado formas de colocar os corpos nos fornos para maximizar a eficiência de combustível:
"No decurso destas experiências, cadáveres eram selecionados de acordo com critérios diferentes e então cremados. Assim os cadáveres de dois Mussulmans [gíria do campo para prisioneiros emaciados], eram cremados junto com os de duas crianças ou os corpos de dois homens bem nutidos juntamente com a de uma mulher emaciada, cada carga, consistia de três, ou às vezes quatro corpos. Os membros destes grupos [homens da SS e visitantes civis do crematório] ficaram especialmente interessados na quantidade de coque necessária para queimar cadáveres de qualquer categoria em particular..."Posteriormente, todos os cadáveres foram divididos nas quatro categorias acima mencionadas, o critério é a quantidade de coque necessária para reduzí-los a cinzas. Assim foi decretado que os mais econômicos procedimentos de economia de combustível seria cremar os corpos de um homem bem nutrido e de uma mulher emaciada, ou vice-versa, em conjunto com a de uma criança, porque, como os experimentos tinham estabelecidos, nesta combinação, uma vez que tinha pegado fogo, os mortos continuariam a arder sem que mais coque fosse exigido.” [174]
Do mesmo modo, o comandante do campo de Auschwitz, Rudolf Hoess testemunhou em Nuremberg que três corpos eram cremados simultaneamente para que os corpos das pessoas obesas queimassem mais rápido. [175] Ele também mencionou a cremação de três corpos simultaneamente em suas memórias, [176] a precisão deste assunto é tema de um outro estudo aqui no site do THHP.
O depoimento de Tauber e as memórias de Müller foram escritas anos antes de que alguém soubesse que o coque seria um assunto a discutir. Ambos relatos revelam claramente que o combustível foi uma séria consideração na gestão dos crematórios e que as autoridades tinham encontrado formas de lidar com o problema.
Madeira também foi outra fonte de combustível para os fornos. A Topf fez fornos que poderiam ser abastecidos com madeira, mas eles não foram tão eficientes quanto os modelos a coque. [177] Tauber declarou que madeira e palha foram utilizados nos fornos quando o estoque de coque estava baixo. [178] Mattogno localizou registros para entrega de madeira feitos em setembro e outubro de 1943. Ele alegou que a quantidade de madeira entregue foi equivalente a 21,5 toneladas de coque, quase não deu para resolver o problema. [179] Entretanto, Mattogno está suficientemente familiarizado com os arredores do campo de Auschwitz para saber que as autoridades não estavam dependendo de entrega formal de madeira. Fotos da área de Birkenau durante este período onde os crematórios estavam localizados mostram que eram rodeados por uma área bastante arborizada. [180] Na verdade, houve uma abundante oferta de madeira na área envolvida. Era necessário apenas ir, cortar e jogar abaixo. Fotos do Krema III após a liberação mostram as grandes pilhas de madeira cortada no seu exterior. [181] Um relatório sobre a resistência do crematório detalhado, mostra que em agosto de 1944 30 descarregadores de madeira [Holzablader] junto a 870 fogueiros dividiam 2 turnos de doze horas. [182]
Fonte: The Holocaust History Project - http://www.holocaust-history.org/auschwitz/body-disposal/
Tradução: Leo Gott
Continuação - Partes: (1);(2);(3);(4);(5);(6);(7);(8);(9);(10);(11)
segunda-feira, 13 de abril de 2009
Febre do Ouro em Treblinka
Um artigo que apareceu em 7 de Janeiro de 2008 no jornal polaco Gazeta Wyborcza, também disponível na Internet, aborda um assunto pouco conhecido, relacionado com a chacina em massa no campo de extermínio de Treblinka: a participação de polacos não judeus no saque das pertenças das vítimas durante a operação do campo e a busca de tesouros na área do antigo campo de extermínio depois de este ter sido desmantelado. Os autores deste artigo, Piotr Głuchowski e Marcin Kowalski, descrevem estes fenómenos sob o título "Febre do Ouro em Treblinka".
O artigo foi traduzido para alemão pelo Dr. phil. Joachim Neander, um historiador alemão residente em Cracóvia, Polónia. A tradução feita pelo Dr. Neander, que pode ser lida na minha mensagem # 10008 no fórum RODOH, foi por sua vez traduzida para inglês por mim, e o Dr. Neander teve a gentileza de rever a tradução e verifica-la com o texto original em língua polaca. Esta tradução pode ser lida na minha mensagem # 10010 no referido fórum. Também já existe tradução para português, que se encontra na minha mensagem # 10962 no mesmo fórum.
O artigo contém algumas incorrecções.
Uma é a afirmação, aparentemente baseada em informação fornecida pelo antigo director do museu do campo de Treblinka, Tadeusz Kiryluk, que Ivan Demianiuk foi sem dúvida um guarda em Treblinka. De facto, conforme resulta de outras fontes, incluindo este comentário sobre o caso Demianiuk, existe forte evidência de que Demianiuk prestou serviço com guarda SS em vários campos de concentração ou extermínio nazis, incluindo Sobibor e Flossenbürg, mas não há evidência sólida de que alguma vez tenha prestado serviço em qualquer qualidade em Treblinka. O homem que Demianiuk foi acusado de ser, um guarda de Treblinka particularmente sádico conhecido como "Ivan o Terrível", era outro ucraniano com o nome de Ivan Marchenko.
Também é incorrecta a datação para 1947 da investigação do local pela Comissão Principal para a Investigação de Crimes Nazis e das observações de Rachel(a) Auerbach relativamente às actividades de saqueadores de campas. De facto, a Comissão Central para a Investigação de Crimes Alemães na Polónia publicou os factos por ela apurados relativamente ao Campo de Extermínio de Treblinka em 1946, sendo a sua descrição do local de Treblinka obviamente baseada numa investigação feita em Novembro de 1945 pelo Juiz Investigador Lukaszkiewicz, que é referida no meu artigo Polish investigations of the Treblinka killing site were a complete failure … [versão em português]. Segundo um extracto do livro de Yitzhak Arad Belzec, Sobibor, Treblinka. The Operation Reinhard Death Camps, citado no mesmo artigo, Rachel(a) Auerbach visitou Treblinka em 7 de Novembro de 1945, "como parte de uma delegação do Comité Estatal Polaco para a Investigação de Crimes de Guerra Nazis em Solo Polaco"; a memória das suas impressões citada por Arad condiz com as suas afirmações sobre os "chacais e hienas com forma humana", citadas no artigo de Gazeta Wyborcza. O dia 7 de Novembro de 1945 é a data indicada pela própria Rachel(a) Auerbach no seu livro In the Fields of Treblinka("Nos Campos de Treblinka"), cuja tradução para inglês faz parta da colecção The Death Camp Treblinka. A Documentary, editada por Alexander Donat (1979 Waidon Press, Inc., New York City).
A informação de que o campo de trabalho Treblinka I foi inspeccionado pela Cruz Vermelha também parece ser de duvidosa exactidão, ao menos à primeira vista. Isto porque, não obstante a camuflagem do campo da morte de Treblinka II atrás de uma vedação de arame entretecida com ramos (e também árvores, segundo o artigo de Gazeta Wyborcza), como poderiam delegados da Cruz Vermelha, ao inspeccionar um campo de trabalho que se situava a apenas dois quilómetros a sul do campo de extermínio de Treblinka II, ter deixado de notar o fedor dos cadáveres (que, segundo salienta o Prof. Browning no seu relatório de especialista entregue no litígio Irving-Lipstadt, conduziu a uma queixa documentada por parte do comandante local da Wehrmacht de uma povoação (Ostrow) a 20 quilómetros de distância de Treblinka), se Treblinka I foi inspeccionado no verão ou Outono de 1942, no auge das operações de matança em Treblinka II? E como poderia uma delegação da Cruz Vermelha que visitasse Treblinka I na primavera ou no verão de 1943, quando a incineração dos cadáveres em Treblinka II estava decorrendo em pleno, ter deixado de notar o fumo que subia daquele campo e o cheiro a carne queimada? Por outro lado, o campo de trabalho de Treblinka I foi estabelecido em fins de 1941, enquanto Treblinka II apenas começou a operar em fins de Julho de 1942, e Treblinka I continuou operacional até Julho de 1944, cerca de sete meses depois de ter sido concluído o desmantelamento de Treblinka II. Isto significa que delegações da Cruz Vermelha que visitassem Treblinka I antes do fim de Julho de 1942 ou depois do fim de Novembro de 1943 não poderiam ter notado sinais de um campo de extermínio que ainda não existia ou tinha deixado de existir na altura da sua inspecção.
Por último, cumpre anotar que o número de vítimas de Treblinka II mencionado no artigo de Gazeta Wyborcza, cerca de 900.000, corresponde à banda alta de estimativas sobre o número de judeus assassinados neste campo de extermínio. Na página 14 da colectânea acima referida de Alexander Donat, são listadas várias estimativas (minha tradução):
Raul Hilberg, em The Destruction of the European Jews, estimou o número de vítimas deTreblinka como sendo de "até 750.000". No seu relatório atrás referido, a Comissão Central para Investigação de Crimes Alemães na Polónia escreveu que "o número de vítimas assassinadas em Treblinka monta a, pelo menos, 731,600". Uma peça de evidência recentemente descoberta, o relatório enviado em 11 de Janeiro de 1943 pelo SS-Sturmbannführer Höfle em Lublin ao SS-Obersturmbannführer Heim em Cracóvia, menciona exactamente 713.555 judeus entregues em Treblinka até 31.12.1942, durante o período de maior actividade na operação do campo. Assim, as estimativas mais prováveis parecem ser as que foram feitas por Łukaszkiewicz, Hilberg e a Comissão Central para Investigação de Crimes Alemães na Polónia, enquanto a estimativa de Krausnick é algo baixa e as estimativas altas de Scheffler, Auerbach e Zabecki são demasiado altas. Dada a variedade de estimativas, teria sido aconselhável para os autores do artigo de Gazeta Wyborcza – e para a sua fonte aparente, o actual director do museu de Treblinka – mencionar um leque de estimativas em vez de uma única cifra.
Apesar dos defeitos acima referidos, o artigo de Gazeta Wyborcza é altamente informativo, devido à evidência que apresenta sobre as intensas actividades de saque no local do campo de extermínio de Treblinka II após o seu desmantelamento. Além de afirmações dos habitantes das aldeias circundantes entrevistados pelos autores do artigo, e do que foi escrito por Rachel(a) Auerbach, esta evidência inclui:
• Dois relatórios da Secção de Siedlce do Destacamento da NSZ para Acções Especiais [NSZ = Narodowe Siły Zbrojne – Forças Armadas Nacionais, organização guerrilheira polaca de direita, anti-comunista] sobre a cobrança de contribuições a habitantes locais que profanaram as campas em Treblinka – os guerrilheiros, ao que parece, viam estes saqueadores como uma fonte prometedora de fundos;
• Uma vívida descrição do local e do saque por um membro de uma comissão investigadora de Varsóvia, Karol Ogrodowczyk;
• Um relatório de actividade pelo comandante da milícia de Kosów Lacki sobre medidas (fúteis) adoptadas pela sua unidade contra os saqueadores;
• Uma foto de uma acção contra os saqueadores, empreendida por uma unidade da milícia de Ostrowa Mazowieckie:
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Estas e outras evidências de perturbações do solo que ocorreram no local de Treblinka muito depois de o campo de extermínio ter sido desmantelado (valas com "uns bons 10 metros de profundidade", segundo Ogrodowczyk, uma das quais parece "a vala de construção de uma casa de vários andares" numa fotografia mostrada aos autores do artigo pela historiadora polaca Martyna Rusiniak) acrescentam mais um toque de absurdo às afirmações de um certo "revisionista" de nome Richard Krege, que afirmou não ter encontrado sinais de valas em massa na área de Treblinka numa "investigação" do solo com radar subterrâneo (ground penetrating radar - GPR) feita em 1999, e cuja alegada metodologia também foi comentada desfavoravelmente por um especialista em tecnologia de GPR, Lawrence B. Conyers (vide a mensagam postada em Tue Nov 13, 2007 2:12 am por "wet blanket" no fórum de discussão "Atheist Parents"). Passo a traduzir a análise de Conyers, relativa a uma imagem da referida "investigação" que Krege publicou:
Uma afirmação feita pelo antigo director do museu do campo de Treblinka, Tadeusz Kiryluk, citada no artigo de Gazeta Wyborcza, mostra que o Sr. Krege, se de facto fez o que afirma ter feito, não foi o único que andou a passear no local de Treblinka com um GPR. Também sugere que, caso a actividade de Krege tenha sido notada pelo pessoal do monumento de Treblinka, o fulano deve ter sido tomado por um saqueador tecnicamente avançado buscando ouro dos judeus assassinados em Treblinka:
As entrevistas dos jornalistas de Gazeta Wyborcza com habitantes locais mostram que a "febre do ouro" em Treblinka é um tema incómodo e vergonhoso, que os contemporâneos e seus descendentes ainda têm relutância em discutir. Este compreensível embaraço, no contexto da actual controvérsia na Polónia sobre o papel desempenhado por polacos não judeus no extermínio dos judeus da Polónia pelos nazis (vide a última secção do artigo, relativa ao livro "Fear" do estudioso polaco-americano Jan Gross) vê-se mais nitidamente nos comentários de um aldeão, que solicitou anonimato, sobre a fotografia acima referida:
O vergonhoso saque das valas em massa de Treblinka – aquilo que Rachel(a) Auerbach descreveu apropriadamente como o comportamento de "chacais e hienas com forma humana" – não se restringiu a civis polacos, contudo. Tropas soviéticas também participaram:
A vívida imagem de cadáveres judeus voando pelo ar é algo inexacta na medida em que a maior parte daquilo que voou pelo are quando foram detonados explosivos nas valas em massa de Treblinka devem ter sido as cinzas e fragmentos de ossos a que a maior parte dos corpos das vítimas tinham sido reduzidos mediante incineração. Por outro lado, o extracto acima citado confirma uma suposição manifestada no meu artigo Polish investigations of the Treblinka killing site were a complete failure … [versão em português], onde escrevi o seguinte:
Uma certa relutância em mencionar o envolvimento de tropas soviéticas na "febre do ouro" em Treblinka parece existir até hoje, por qualquer razão. Ao menos é esta a suspeita que levanta a explicação dada pelo director do museu do campo Kopówka aos jornalistas de Gazeta Wyborcza para a depressões no solo que actualmente se encontram na área de Treblinka:
A pesquisa de Alex Bay sobre operações militares à volta de Treblinka em 1944 não indica que tenha necessariamente havido quaisquer combates na área de Treblinka, e a fotografia aérea captada pela Luftwaffe em Setembro de 1944, incluída no artigo The Reconstruction of Treblinka de Bay, não mostra a presença de crateras feitas por mísseis de artilharia que correspondam às afirmações de Kopówka. Explosões que produziram tais crateras devem ter ocorrido, portanto, em altura posterior à fotografia de Setembro de 1944.
Martyna Rusiniak, cujo livro sobre O campo de extermínio Treblinka II na memória colectiva é mencionado no artigo de Gazeta Wyborcza como estando previsto para publicação no mês seguinte, discorda com Kopówka na medida em que atribui uma parte das depressões nas florestas de Treblinka às "hienas", especialmente às suas escavações "barulhentas" envolvendo o uso de explosivos. Presumo que o livro de Martyna Rusiniak contém mais detalhes interessantes sobre o campo de extermínio de Treblinka e a Febre do Ouro em Treblinka.
Agradeço ao Dr. Neander por ter feito a revisão deste artigo e ter chamado a atenção para algumas correcções necessárias.
[Tradução adaptada do meu artigo Gold Rush in Treblinka no blog Holocaust Controversies.]
O artigo foi traduzido para alemão pelo Dr. phil. Joachim Neander, um historiador alemão residente em Cracóvia, Polónia. A tradução feita pelo Dr. Neander, que pode ser lida na minha mensagem # 10008 no fórum RODOH, foi por sua vez traduzida para inglês por mim, e o Dr. Neander teve a gentileza de rever a tradução e verifica-la com o texto original em língua polaca. Esta tradução pode ser lida na minha mensagem # 10010 no referido fórum. Também já existe tradução para português, que se encontra na minha mensagem # 10962 no mesmo fórum.
O artigo contém algumas incorrecções.
Uma é a afirmação, aparentemente baseada em informação fornecida pelo antigo director do museu do campo de Treblinka, Tadeusz Kiryluk, que Ivan Demianiuk foi sem dúvida um guarda em Treblinka. De facto, conforme resulta de outras fontes, incluindo este comentário sobre o caso Demianiuk, existe forte evidência de que Demianiuk prestou serviço com guarda SS em vários campos de concentração ou extermínio nazis, incluindo Sobibor e Flossenbürg, mas não há evidência sólida de que alguma vez tenha prestado serviço em qualquer qualidade em Treblinka. O homem que Demianiuk foi acusado de ser, um guarda de Treblinka particularmente sádico conhecido como "Ivan o Terrível", era outro ucraniano com o nome de Ivan Marchenko.
Também é incorrecta a datação para 1947 da investigação do local pela Comissão Principal para a Investigação de Crimes Nazis e das observações de Rachel(a) Auerbach relativamente às actividades de saqueadores de campas. De facto, a Comissão Central para a Investigação de Crimes Alemães na Polónia publicou os factos por ela apurados relativamente ao Campo de Extermínio de Treblinka em 1946, sendo a sua descrição do local de Treblinka obviamente baseada numa investigação feita em Novembro de 1945 pelo Juiz Investigador Lukaszkiewicz, que é referida no meu artigo Polish investigations of the Treblinka killing site were a complete failure … [versão em português]. Segundo um extracto do livro de Yitzhak Arad Belzec, Sobibor, Treblinka. The Operation Reinhard Death Camps, citado no mesmo artigo, Rachel(a) Auerbach visitou Treblinka em 7 de Novembro de 1945, "como parte de uma delegação do Comité Estatal Polaco para a Investigação de Crimes de Guerra Nazis em Solo Polaco"; a memória das suas impressões citada por Arad condiz com as suas afirmações sobre os "chacais e hienas com forma humana", citadas no artigo de Gazeta Wyborcza. O dia 7 de Novembro de 1945 é a data indicada pela própria Rachel(a) Auerbach no seu livro In the Fields of Treblinka("Nos Campos de Treblinka"), cuja tradução para inglês faz parta da colecção The Death Camp Treblinka. A Documentary, editada por Alexander Donat (1979 Waidon Press, Inc., New York City).
A informação de que o campo de trabalho Treblinka I foi inspeccionado pela Cruz Vermelha também parece ser de duvidosa exactidão, ao menos à primeira vista. Isto porque, não obstante a camuflagem do campo da morte de Treblinka II atrás de uma vedação de arame entretecida com ramos (e também árvores, segundo o artigo de Gazeta Wyborcza), como poderiam delegados da Cruz Vermelha, ao inspeccionar um campo de trabalho que se situava a apenas dois quilómetros a sul do campo de extermínio de Treblinka II, ter deixado de notar o fedor dos cadáveres (que, segundo salienta o Prof. Browning no seu relatório de especialista entregue no litígio Irving-Lipstadt, conduziu a uma queixa documentada por parte do comandante local da Wehrmacht de uma povoação (Ostrow) a 20 quilómetros de distância de Treblinka), se Treblinka I foi inspeccionado no verão ou Outono de 1942, no auge das operações de matança em Treblinka II? E como poderia uma delegação da Cruz Vermelha que visitasse Treblinka I na primavera ou no verão de 1943, quando a incineração dos cadáveres em Treblinka II estava decorrendo em pleno, ter deixado de notar o fumo que subia daquele campo e o cheiro a carne queimada? Por outro lado, o campo de trabalho de Treblinka I foi estabelecido em fins de 1941, enquanto Treblinka II apenas começou a operar em fins de Julho de 1942, e Treblinka I continuou operacional até Julho de 1944, cerca de sete meses depois de ter sido concluído o desmantelamento de Treblinka II. Isto significa que delegações da Cruz Vermelha que visitassem Treblinka I antes do fim de Julho de 1942 ou depois do fim de Novembro de 1943 não poderiam ter notado sinais de um campo de extermínio que ainda não existia ou tinha deixado de existir na altura da sua inspecção.
Por último, cumpre anotar que o número de vítimas de Treblinka II mencionado no artigo de Gazeta Wyborcza, cerca de 900.000, corresponde à banda alta de estimativas sobre o número de judeus assassinados neste campo de extermínio. Na página 14 da colectânea acima referida de Alexander Donat, são listadas várias estimativas (minha tradução):
Segundo o perito judiciário oficial alemão, o director do Instituto de História Contemporânea de Munique Dr. Helmut Krausnick, pelo menos 700.000 – incluindo os 329.000 judeus de Varsóvia – morreram lá. No segundo julgamento de Treblinka, outro perito, o Dr. Wolfgang Scheffler, aumentou esta cifra para 900.000 vítimas. O número oficial polaco conforme indicado por Z. Łukaszkiewicz é de 800.000; Rachel Auerbach coloca-o em 1.074.000. Franciszek Ząbecki, um polaco que era controlador de tráfego na estação ferroviária de Treblinka e que, para o Exército Doméstico Polaco (AK), manteve um registo diário de todos os transportes ferroviários, insistiu em que o número não poderia ter sido inferior a 1.200.000 "sem sombra de dúvida." A evidência mais convincente foi dada a mim pessoalmente por Samuel Rajzman, o sénior dos sobreviventes de Treblinka: ele tinha testemunhado uma festa dos SS celebrando a chegada do milionésimo deportado a Treblinka. Esta festa teve lugar bem antes do fim das operações do campo.
Raul Hilberg, em The Destruction of the European Jews, estimou o número de vítimas deTreblinka como sendo de "até 750.000". No seu relatório atrás referido, a Comissão Central para Investigação de Crimes Alemães na Polónia escreveu que "o número de vítimas assassinadas em Treblinka monta a, pelo menos, 731,600". Uma peça de evidência recentemente descoberta, o relatório enviado em 11 de Janeiro de 1943 pelo SS-Sturmbannführer Höfle em Lublin ao SS-Obersturmbannführer Heim em Cracóvia, menciona exactamente 713.555 judeus entregues em Treblinka até 31.12.1942, durante o período de maior actividade na operação do campo. Assim, as estimativas mais prováveis parecem ser as que foram feitas por Łukaszkiewicz, Hilberg e a Comissão Central para Investigação de Crimes Alemães na Polónia, enquanto a estimativa de Krausnick é algo baixa e as estimativas altas de Scheffler, Auerbach e Zabecki são demasiado altas. Dada a variedade de estimativas, teria sido aconselhável para os autores do artigo de Gazeta Wyborcza – e para a sua fonte aparente, o actual director do museu de Treblinka – mencionar um leque de estimativas em vez de uma única cifra.
Apesar dos defeitos acima referidos, o artigo de Gazeta Wyborcza é altamente informativo, devido à evidência que apresenta sobre as intensas actividades de saque no local do campo de extermínio de Treblinka II após o seu desmantelamento. Além de afirmações dos habitantes das aldeias circundantes entrevistados pelos autores do artigo, e do que foi escrito por Rachel(a) Auerbach, esta evidência inclui:
• Dois relatórios da Secção de Siedlce do Destacamento da NSZ para Acções Especiais [NSZ = Narodowe Siły Zbrojne – Forças Armadas Nacionais, organização guerrilheira polaca de direita, anti-comunista] sobre a cobrança de contribuições a habitantes locais que profanaram as campas em Treblinka – os guerrilheiros, ao que parece, viam estes saqueadores como uma fonte prometedora de fundos;
• Uma vívida descrição do local e do saque por um membro de uma comissão investigadora de Varsóvia, Karol Ogrodowczyk;
• Um relatório de actividade pelo comandante da milícia de Kosów Lacki sobre medidas (fúteis) adoptadas pela sua unidade contra os saqueadores;
• Uma foto de uma acção contra os saqueadores, empreendida por uma unidade da milícia de Ostrowa Mazowieckie:
Numa das cabanas em Wólka obtivemos uma foto extraordinária desta acção, talvez a única que ainda existe. Ninguém a tinha publicado até agora. Uma cena em campo aberto: soldados armados com pistolas-metralhadoras à volta de um grupo de aldeões. As mulheres com lenços na cabeça e longas saias, como se fossem para a colheita. Só que nas mãos têm pás em vez de foices. Os homens com bonés e casacos, com pás. À frente deles caveiras e ossos de pernas amontoados. Não se vê consternação nas caras. Os detidos sabem que não têm nada a temer.
Estas e outras evidências de perturbações do solo que ocorreram no local de Treblinka muito depois de o campo de extermínio ter sido desmantelado (valas com "uns bons 10 metros de profundidade", segundo Ogrodowczyk, uma das quais parece "a vala de construção de uma casa de vários andares" numa fotografia mostrada aos autores do artigo pela historiadora polaca Martyna Rusiniak) acrescentam mais um toque de absurdo às afirmações de um certo "revisionista" de nome Richard Krege, que afirmou não ter encontrado sinais de valas em massa na área de Treblinka numa "investigação" do solo com radar subterrâneo (ground penetrating radar - GPR) feita em 1999, e cuja alegada metodologia também foi comentada desfavoravelmente por um especialista em tecnologia de GPR, Lawrence B. Conyers (vide a mensagam postada em Tue Nov 13, 2007 2:12 am por "wet blanket" no fórum de discussão "Atheist Parents"). Passo a traduzir a análise de Conyers, relativa a uma imagem da referida "investigação" que Krege publicou:
Olhei para o site, e para a imagem que o senhor enviou. É apenas uma pequena parte da 'grelha' dele. A foto mostra-o usando uma antena de 200 MHz e recolhendo secções transversais espaçadas em cerca de um metro numa ampla grelha. Aquela imagem não foi processada, e apenas mostra uma secção de 5 metros de comprimento numa linha. E mesmo naquele perfil parece haver algumas "coisas" no solo ao lado direito que podem bem ser valas em massa. Resulta aparente que este fulano ou não percebe nada de GPR, ou no mínimo não sabe como processa-lo. Para fazer um trabalho como deve ser, os dados devem ser colocados num cubo 3-D cube de reflexões e processados em grupo, incluindo TODOS os perfis recolhidos. Se alguém quiser ir mesmo ao fundo desta questão terá que obter os dados dele e deixar outro alguém processá-los, ou recolher todo novamente e processar os seus próprios dados. Isto aqui NÃO é nenhum estudo científico ou representativo do solo, nem nada que se pareça.
Uma afirmação feita pelo antigo director do museu do campo de Treblinka, Tadeusz Kiryluk, citada no artigo de Gazeta Wyborcza, mostra que o Sr. Krege, se de facto fez o que afirma ter feito, não foi o único que andou a passear no local de Treblinka com um GPR. Também sugere que, caso a actividade de Krege tenha sido notada pelo pessoal do monumento de Treblinka, o fulano deve ter sido tomado por um saqueador tecnicamente avançado buscando ouro dos judeus assassinados em Treblinka:
“Quando foi que viu os últimos saqueadores?” – “Não sei dizer exactamente. Mas os últimos que vieram cá tinham detectores de metal. Deve ter sido nos anos 90. Uma vez falei com um que tinha um desses aparelhos. Ele insistia em mostrar-me como esse radar trabalha. Têm-nos sempre melhores, os saqueadores de cadáveres. Antigamente davam sinal só quando havia metal, mas agora há aparelhos de radar com os quais se pode olhar debaixo do solo. São manejados por computador.”
As entrevistas dos jornalistas de Gazeta Wyborcza com habitantes locais mostram que a "febre do ouro" em Treblinka é um tema incómodo e vergonhoso, que os contemporâneos e seus descendentes ainda têm relutância em discutir. Este compreensível embaraço, no contexto da actual controvérsia na Polónia sobre o papel desempenhado por polacos não judeus no extermínio dos judeus da Polónia pelos nazis (vide a última secção do artigo, relativa ao livro "Fear" do estudioso polaco-americano Jan Gross) vê-se mais nitidamente nos comentários de um aldeão, que solicitou anonimato, sobre a fotografia acima referida:
"As pessoas aprenderam a diferença entre trigo e ouro," conta o dono da casa, a quem mostramos a foto. Estuda longamente as caras na fotografia. Não quer revelar quem reconheceu, mas admite que: "Não são pessoas anónimas." Várias vezes repete que, se mencionar-mos o seu nome na "Gazeta", os vizinhos queimar-lhe-ão a casa.
O vergonhoso saque das valas em massa de Treblinka – aquilo que Rachel(a) Auerbach descreveu apropriadamente como o comportamento de "chacais e hienas com forma humana" – não se restringiu a civis polacos, contudo. Tropas soviéticas também participaram:
No Outono de 1944 voltaram a aparecer guardas ucranianos e russos, mas desta vez ao serviço de Estaline. Com a sua chegada a escavação camponesa virou uma indústria. Do aeroporto de Ceranów, a 10 km de distância, os soviéticos trouxeram minas e bombas que não tinham explodido. A carga explosiva era afundada numa vala em massa, um soviético fazia-la detonar, e os cadáveres dos judeus voavam pelo ar.
Quando três anos mais tarde apareceram membros da Comissão Principal para Investigação dos Crimes Nazis, a vergonhosa actividade estava no seu apogeu. O membro da comissão Rachela Auerbach anotou: "Com pás e outros artefactos saqueadores e ladrões escavam, buscam, vasculham ... carregam para cá projécteis de artilharia e bombas não detonadas – chacais e hienas com forma humana. Fazem buracos na terra embebida em sangue, misturada com a cinza de judeus queimados ..."
Tendo em conta a censura, Auerbach não podia dizer, desde logo, que eram os soviéticos quem organizava e supervisionava esta vergonhosa actividade. Não esclareceu quem eram os "ladrões".
A vívida imagem de cadáveres judeus voando pelo ar é algo inexacta na medida em que a maior parte daquilo que voou pelo are quando foram detonados explosivos nas valas em massa de Treblinka devem ter sido as cinzas e fragmentos de ossos a que a maior parte dos corpos das vítimas tinham sido reduzidos mediante incineração. Por outro lado, o extracto acima citado confirma uma suposição manifestada no meu artigo Polish investigations of the Treblinka killing site were a complete failure … [versão em português], onde escrevi o seguinte:
Também cabe questionar porque Mattogno não considerou a possibilidade de que estas crateras de bomba resultaram da actividade de escavadores saqueadores, os quais poderiam, por exemplo, ter obtido tais dispositivos do arsenal de um comandante soviético corrupto ou até ter incluído membros de unidades de artilharia ou de engenheiros soviéticos, que participaram eles próprios na "febre do ouro de Treblinka" equipados com o necessário equipamento para abrir grandes buracos e assim facilitar a busca dos objectos de valor que presumiam ter sido deixados atrás pelas vítimas de Treblinka.
Uma certa relutância em mencionar o envolvimento de tropas soviéticas na "febre do ouro" em Treblinka parece existir até hoje, por qualquer razão. Ao menos é esta a suspeita que levanta a explicação dada pelo director do museu do campo Kopówka aos jornalistas de Gazeta Wyborcza para a depressões no solo que actualmente se encontram na área de Treblinka:
"Quando demos a volta ao monumento encontramos depressões no terreno," dizemos ao despedir-nos do director. "A julgar pelas árvores que crescem neles devem ter algumas dúzias de anos. Trata-se de depressões provenientes das escavações?" – "Não ... isso vem de projécteis de artilharia. Em 1944 a linha da frente passava por aqui durante algumas semanas."
A pesquisa de Alex Bay sobre operações militares à volta de Treblinka em 1944 não indica que tenha necessariamente havido quaisquer combates na área de Treblinka, e a fotografia aérea captada pela Luftwaffe em Setembro de 1944, incluída no artigo The Reconstruction of Treblinka de Bay, não mostra a presença de crateras feitas por mísseis de artilharia que correspondam às afirmações de Kopówka. Explosões que produziram tais crateras devem ter ocorrido, portanto, em altura posterior à fotografia de Setembro de 1944.
Martyna Rusiniak, cujo livro sobre O campo de extermínio Treblinka II na memória colectiva é mencionado no artigo de Gazeta Wyborcza como estando previsto para publicação no mês seguinte, discorda com Kopówka na medida em que atribui uma parte das depressões nas florestas de Treblinka às "hienas", especialmente às suas escavações "barulhentas" envolvendo o uso de explosivos. Presumo que o livro de Martyna Rusiniak contém mais detalhes interessantes sobre o campo de extermínio de Treblinka e a Febre do Ouro em Treblinka.
Agradeço ao Dr. Neander por ter feito a revisão deste artigo e ter chamado a atenção para algumas correcções necessárias.
[Tradução adaptada do meu artigo Gold Rush in Treblinka no blog Holocaust Controversies.]
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