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terça-feira, 23 de fevereiro de 2016

Neonazismo - Os Soldados de Odin aterrrorizam a Finlândia

Patrulhas urbanas neonazis vigiam as ruas ante a onda de refugiados.

Membros do grupo neonazi "Soldados de Odin",
durante uma manifestação em Joensuu (Finlândia)
no passado 8 de janeiro. Reuters
Há um ano, nada é igual em Kemi, uma pequena cidade da Lapônia finlandesa com apenas 20.000 habitantes. A avalanche de refugiados que chegaram através da fronteira com a Suécia transbordou as autoridades locais e aumentou a inquietação entre os vizinhos. Um mal-estar que alentado o nascimento dos "Soldados de Odin", uma patrulha urbana de jovens neonazis que pretende proteger os finlandeses dos "intrusos islâmicos", os quais lhes culpam pelo aumento da criminalidade e da insegurança no país nórdico. A imagem do movimento alemão Pegida (Patriotas Europeus contra a Islamização do Ocidente), descrevem-se como "uma organização patriótica que luta por uma Finlândia branca" e em suas manifestações hasteavam faixas com o lema "os refugiados não são bem-vindos".

Com suas jaquetas negras decoradas com uma bandeira finlandesa e um viking nas costas, os Soldados de Odin (o principal deus da mitologia nórdica) converteu-se da noite para o dia numa preocupação de primeira ordem para o governo, que teme enfrentamentos violentos entre radicais e refugiados.

Mika Ranta, o organizador das patrulhas em Kemi, define-se a si mesmo como nacional-socialista (nazi), mas argumenta que os Soldados de Odin são um grupo ao qual pertence "todo tipo de gente". O certo é que os serviços secretos finlandeses vinculam a muitos deles com grupos extremistas. Ainda que digam contar com organização em 23 cidades, a Polícia reduz sua presença a cinco. Em declarações à Imprensa local no outubro passado, Ranta explicou que "despertamos numa situação onde mal viviam diferentes culturas, o que provocou medo e preocupação na comunidade". "O maior problema - acrescenta - foi quando nos inteiramos através do Facebook de que solicitantes de asilo se posicionaram em colégios de primário fazendo fotos de garotas".

Como ocorreu em Colônia e outras cidades alemãs e em Estocolmo, as denúncias de agressões sexuais duplicaram durante o último ano na Finlândia, passando de 75 para 147, se bem que não se conhece a identidade dos autores. De fato, na virada de ano passada, uma "caguetagem" e a hábil atuação policial impediram que se reproduzissem os tristes ocorridos da capital renana.

O clima de inquietação obrigou ao primeiro-ministro finlandês, o centrista Juha Sipila, a assegurar que o Governo não permitisse que essas patrulhas neonazistas suplantem as Forças de Segurança nas ruas. "A polícia é a responsável da lei e da ordem no país. As patrulhas civis não podem assumir a autoridade da Polícia", assegurou na televisão pública YLE. Na mesma linha, o ministro do Interior, o conservador Petteri Orpo, insistiu de que os Soldados de Odin "não fortalecem a segurança, senão que, pelo contrário, reforçam o estado de ânimo hostil". "Este tipo de patrulhas têm claramente uns atributos racistas e xenófobos e sua ação não melhora a segurança. Agora a Polícia deve utilizar seus escassos recursos ao seguimento de sua ação", lamentou Orpi. O ministro quis desautorizar assim o chefe da Polícia Nacional, Seppo Kolehmainen, que previamente havia sugerido que os Soldados de Odin poderiam ser úteis para alertar os agentes de possíveis delitos.

A contundência da tripartite de direitas que governa a Finlândia desde maio não é tão unânime como se poderia pensar. Enquanto que o ministro das Finanças e líder conservador, Alexander Stubb, aposta claramente pela ilegalização de "todas as patrulhas de rua racistas", os populistas "Verdadeiros Finlandeses" defendem a liberdade dos cidadãos para se organizar. Assim, o ministro da Justiça, Jari Lindström, assegura que "o fato de que detrás desse movimento se encontram pessoas que cometeram delitos e cumpriram penas de prisão certamente desperta interesse, mas o grande problema é que os cidadãos sentem que falta segurança". Contudo, a classe política, não oculta que a possível ilegalização do movimento poderia ser um beco sem saída se torna vulnerável os princípios constitucionais.

O Partido dos Finlandeses, antes conhecido como "Verdadeiros Finlandeses", recorre a esta equidistância para frear a queda de intenção de votos que lhes concedem as sondagens para entrar no Governo. Sua marca, entretanto, foi feita sentir nesses meses com o endurecimento das leis de imigração. Os refugiados maiores de idade, por exemplo, são obrigados a trabalhar para sufragar os custos de sua estada no país nórdico. Finlândia, como o resto dos países europeus, viu-se superada pela onda de imigrantes procedentes do Oriente Médio e África. Durante o ano passado, recebeu 32.500 solicitações de asilo frente a 4.000 em 2014, o que a situa como o quarto país da UE que mais refugiados recebeu em relação à sua população. Depois de três anos de recessão, o país nórdico, que conta com uma população imigrante substancialmente baixa que a de seus vizinhos nórdicos (6% frente a 15% da Suécia), afronta um duro reto para a integração de asilados.

Com Facebook como plataforma, a sociedade civil tem respondido a ameaças extremistas dos Soldados de Odin com as "Irmãs de Kyllikki", que faz referência a um personagem do poema épico "Kalevala". "Nosso objetivo é ajudar a pessoas e construir um diálogo com todos os finlandeses e também com os imigrantes", assegura uma das fundadoras do grupo, Niina Ruuska. Seria revelador saber se Odin, deus da guerra, mas também da sabedoria, que segundo a lenda pode ver todo desde seu trono em Asgard, está satisfeito com a usurpação de seu nome por uns poucos.

14 de janeiro de 2016. 03:54h Pedro. G. Poyatos.
Colônia Dinamarca Distúrbios Sociedade

Fonte: La Razón (Espanha)
http://www.larazon.es/internacional/los-soldados-de-odin-aterrorizan-finlandia-IO11681889
Título original: Los Soldados de Odín aterrorizan Finlandia
Tradução: Roberto Lucena
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Observações em um post extra (link será colocado aqui). Observação sobre a "confusão" entre os termos refugiados e imigrantes.

A quem se virar com o espanhol (idioma), vale a pena também ler esta matéria do El Mundo sobre o problema. É até mais completa que a matéria traduzida acima (mais extensa, por isso não deu pra traduzir, mas fica a sugestão):
'Soldados de Odín' para velar por Escandinavia (El Mundo)
http://www.elmundo.es/internacional/2016/01/28/56a90f3e268e3e79498b46e4.html

segunda-feira, 15 de dezembro de 2014

Alemanha tem série de protestos contra suposta "islamização" do país

Em Dresden, 10 mil pessoas participam de caminhada organizada por autodenominados "europeus patriotas". Manifestação contrária reúne cerca de 9 mil pessoas.
Manifestação convocada pelo grupo Pegida em Dresden, no leste da Alemanha
Uma série de protestos contra uma suposta "islamização" da Alemanha atingiu seu ápice até o momento nesta segunda-feira (08/12), quando um ato organizado pelo grupo Pegida reuniu cerca de 10 mil pessoas em Dresden, no leste do país, segundo cálculos da polícia.

Na mesma cidade, em torno de 9 mil pessoas protestaram contra o movimento, no qual veem sinais de xenofobia, nacionalismo e intolerância religiosa. Pegida é uma sigla em alemão para "Europeus patriotas contra a islamização do Ocidente". Entre outras bandeiras, defende o endurecimento das leis para asilo.

Manifestações semelhantes aconteceram em Düsseldorf, no oeste, reunindo cerca de 500 pessoas do lado do grupo Pegida e em torno de 750 do outro, segundo cálculos da polícia. Apesar de os integrantes do Pegida negarem que extremistas de direita façam parte do grupo, ao menos em Düsseldorf alguns manifestantes eram oriundos da cena neonazista.

Em Dresden, a manifestação contra o grupo Pegida foi organizada pelas igrejas cristãs, por organizações judaicas e islâmicas, por estudantes e pela universidade local.

Apesar de alguns pequenos conflitos entre os dois lados em Dresden, todas as manifestações desta segunda transcorreram sem o registro de incidentes graves pela polícia.

Os protestos contra a "islamização" começaram em Dresden, há oito semanas, e são realizados sempre às segundas-feiras. Chama a atenção que o estado da Saxônia, do qual Dresden é a capital, praticamente não tem muçulmanos. Eles representam 0,1% da população local, segundo o último censo. Quase todos os muçulmanos que vivem na Alemanha estão no lado ocidental.

Apesar de os membros do Pegida fazerem questão de ressaltar que não possuem relações com a extrema direita, o partido extremista NPD já declarou ter simpatia pelos protestos. O partido eurocético Alternativa para a Alemanha (AfD) afirmou entender os motivos dos manifestantes.

Cartazes pedem fim da "islamização da Europa"
AS/dpa/afp/ots

Fonte: Deutsche Welle (Alemanha)
http://www.dw.de/alemanha-tem-s%C3%A9rie-de-protestos-contra-suposta-islamiza%C3%A7%C3%A3o-do-pa%C3%ADs/a-18117431

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