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segunda-feira, 23 de maio de 2016

Os árabes que lutaram contra Franco

O jornalista palestino Najati Sidki
Um documentário resgata do esquecimento os mais de mil árabes que se juntaram ao grupo republicano e reivindica sua memória frente às tropas moras de Franco.

O filme, em sua fase final de produção, reconstrói os passos de um palestino que pagou sua luta na Espanha com o desterro e a dispersão familiar

FRANCISCO CARRIÓNEl; Cairo
fcarrionmolina
02/05/2016 19:45

"Vim defender a liberdade no Front de Madrid. Para defender Damasco em Guadalajara, Jerusalém em Córdoba, Bagdá em Toledo, o Cairo em Cádis e Tetuão em Burgos". O jornalista Najati Sidki, palestino e comunista, desembarcou na Espanha de 1936 com a determinação de lutar contra Franco e suas tropas mouras. Sua vida, marcada também pela II Guerra Mundial e pela tragédia do povo palestino, centra agora um documentário que trata de resgatar do esquecimento as centenas de árabes que se juntaram ao grupo republicano.

A cineasta egípcia Amal Ramsis (Cairo, 1972) chegou até Sidki "por pura casualidade" depois de uma longa e frequentemente infrutuosa pesquisa que começou mais de uma década. "Li um artigo sobre a participação árabe na Guerra Civil e comecei a puxar o fio. Saíram muitos nomes, datas e lugares de chegada mas me faltava uma história que proporcionasse um enfoque pessoal", relata ao EL MUNDO Ramsis a partir de um restaurante central do Cairo. E então se fez a luz. "Em 2008 topei com as memórias de Sidki e encontrei o rosto que necessitava pra história".

Em plena ensambladura, o documentário "You come from far away" ("Vim de longe", em espanhol) reconstrói os passos do intelectual e secretário do Partido Comunista Palestino desde sua viagem à península ibérica em 1936 e oferece testemunho de uma realidade desconhecida, sepultada pela terrível recordação dos soldados marroquinos do exército da África que Franco somou a sua sublevação. "Sidki tentou dirigir-se a eles. Baixou no Front de Córdoba e lhes pediu que se unissem ao bando republicano. Poucos lhe escutaram e os que o fizeram não foram bem recebidos", reconhece Ramsis, autora de documentários como "Vida" (2008), "Proibido" (2011) e "O rastro da mariposa" (2014).

"Cheguei - escreve Sidki em suas memórias - à bela e espetacular Barcelona, capital da Catalunha. Comecei a passear por suas amplas avenidas. De repente, encontrei-me com um grupo de milicianos. Seu chefe, achando que eu fosse espanhol, aproximou-se e me disse em castelhano: "Por que não te unes a nós?" Sorrindo lhe repliquei em francês: "Sou um voluntário árabe e vim defender a liberdade no front de Madrid. Para defender Damasco em Guadalajara, Jerusalém em Córdoba, Bagdá em Toledo, o Cairo em Cádis e Tetuão em Burgos".

Najati Sidki, com suas duas filhas
O jornalista - o nome que pôs voz aos alistados árabes que se juntaram a outros milhares de brigadistas estrangeiros que participaram em uma contenda alheia - sobreviveu à derrota e teve duas filhas que hoje são as testamenteiras de sua memória. "Cheguei até Hind, sua filha mais nova que vive na Grécia, e me dei conta de que o testemunho era maior do que havia imaginado. A família de Sidki condensa a história do último século, desde a Nakba (a catástrofe que em 1948 se supõe o exílio forçado de ao menos 750.000 palestinos de suas terras) passando pela II Guerra Mundial ou a guerra civil libanesa", detalha a ditadura do filme.

Alcançada pela ladainha de acontecimentos históricos que desfilaram pelo século XX, a tragédia familiar de Sidki havia permanecido até agora escondida. "Nem sequer fora escrita. Este documentário supõe também um descobrimento dessa vida marcada pelo contexto político espanhol", argui Ramsis. Perdida toda a esperança de defender a República, Sidki teve que fazer frente a outro afundamento. Sua filha Dulia, nascida três anos antes do início da refrega, cresceu em Moscou aleijada de sua família. Durante mais de 20 anos o jornalista apenas teve notícias de sua primogênita.

"Sidki pagou assim não estar de acordo com a posição do Partido Comunista Espanhol a respeito do colonialismo no norte da África", desvela a documentarista. "Ele era, acima de tudo, uma mente livre. Fez pública sua opinião e foi castigado por isso. Expulsaram-lhe do partido e jamais regressou à Rússia. Sua filha mais velha não pode abandonar Moscou e só voltaram a se ver décadas depois em Beirute, que chegou depois de deixar a Palestina em 1948 e onde viveu até a guerra civil. Terminou morrendo na Grécia junto de sua filha mais nova", acrescenta Ramsis.

O documentário reúne o relato das duas irmãs em um contra-relógio contra o esquecimento. "Filmei material durante anos. Pesquisei o fenômeno com uma ajuda da fundação Euroárabe em Granada e deixei congelado o projeto durante a revolução egípcia. O ano passado recebi uma chamada da filha mais nova de Sidki. Disse-me: "Se quer terminar esta história, tens que ir à Moscou de imediato porque minha irmã está perdendo a memória", evoca a cineasta. Na capital da extinta União Soviética se fechou o círculo. "É a vítima de toda a história. A que viveu o desarraigamento e a que tem identidade mista", admite Ramsis. Dulia, com 83 primaveras, e nem sequer balbucia o árabe.

Dulia, a filha mais velha de Najati Sidki
As vicissitudes de Sidki e de seus descendentes são só um fragmento de uma crônica alinhavada por mais de mil árabes chegados da Argélia, Líbano, Marrocos, Arábia Saudita, Egito ou Iraque que entrelaçaram suas vidas ao cruel destino das duas Espanhas. Alguns caíram em combate, outros desapareceram e outros tantos regressaram a sua terra nativa. A todos lhes venceu a desmemória que ditaram quatro décadas de ditadura. "Há uma anedota sobre esta participação árabe. Em 2003 quando um grupo de espanhóis partiu até Bagdá para mostrar sua solidariedade com o povo iraquiano, desconheciam que havia iraquianos entre aqueles que defenderam a República espanhola", indica a realizadora. O filme, terminado na metade dos clarões dos refugiados que chegam às portas da Europa, também convida à reflexão.

"Sidki e seus camaradas árabes não vieram como refugiados. Não vieram para solicitar asilo senão para apoiar os europeus em sua luta contra o fascismo. Para aqueles as fronteiras estavam abertas para todo o mundo. Não é só um documentário que trata de história passada senão que quer falar do significado das fronteiras antes e agora e lutar contra os estereótipos que se associam ao mundo árabe. Esses rostos demonstram que há gente que não pensava na religião e que tratavam de fazer um mundo melhor. A solidariedade com o povo espanhol também serviu para a liberação dos árabes", conclui Ramsis.

Fonte: El Mundo (Espanha)
http://www.elmundo.es/cultura/2016/05/02/57278d0d22601d95368b4670.html
Título original: Los árabes que lucharon contra Franco
Tradução: Roberto Lucena

terça-feira, 23 de fevereiro de 2016

Neonazismo - Os Soldados de Odin aterrrorizam a Finlândia

Patrulhas urbanas neonazis vigiam as ruas ante a onda de refugiados.

Membros do grupo neonazi "Soldados de Odin",
durante uma manifestação em Joensuu (Finlândia)
no passado 8 de janeiro. Reuters
Há um ano, nada é igual em Kemi, uma pequena cidade da Lapônia finlandesa com apenas 20.000 habitantes. A avalanche de refugiados que chegaram através da fronteira com a Suécia transbordou as autoridades locais e aumentou a inquietação entre os vizinhos. Um mal-estar que alentado o nascimento dos "Soldados de Odin", uma patrulha urbana de jovens neonazis que pretende proteger os finlandeses dos "intrusos islâmicos", os quais lhes culpam pelo aumento da criminalidade e da insegurança no país nórdico. A imagem do movimento alemão Pegida (Patriotas Europeus contra a Islamização do Ocidente), descrevem-se como "uma organização patriótica que luta por uma Finlândia branca" e em suas manifestações hasteavam faixas com o lema "os refugiados não são bem-vindos".

Com suas jaquetas negras decoradas com uma bandeira finlandesa e um viking nas costas, os Soldados de Odin (o principal deus da mitologia nórdica) converteu-se da noite para o dia numa preocupação de primeira ordem para o governo, que teme enfrentamentos violentos entre radicais e refugiados.

Mika Ranta, o organizador das patrulhas em Kemi, define-se a si mesmo como nacional-socialista (nazi), mas argumenta que os Soldados de Odin são um grupo ao qual pertence "todo tipo de gente". O certo é que os serviços secretos finlandeses vinculam a muitos deles com grupos extremistas. Ainda que digam contar com organização em 23 cidades, a Polícia reduz sua presença a cinco. Em declarações à Imprensa local no outubro passado, Ranta explicou que "despertamos numa situação onde mal viviam diferentes culturas, o que provocou medo e preocupação na comunidade". "O maior problema - acrescenta - foi quando nos inteiramos através do Facebook de que solicitantes de asilo se posicionaram em colégios de primário fazendo fotos de garotas".

Como ocorreu em Colônia e outras cidades alemãs e em Estocolmo, as denúncias de agressões sexuais duplicaram durante o último ano na Finlândia, passando de 75 para 147, se bem que não se conhece a identidade dos autores. De fato, na virada de ano passada, uma "caguetagem" e a hábil atuação policial impediram que se reproduzissem os tristes ocorridos da capital renana.

O clima de inquietação obrigou ao primeiro-ministro finlandês, o centrista Juha Sipila, a assegurar que o Governo não permitisse que essas patrulhas neonazistas suplantem as Forças de Segurança nas ruas. "A polícia é a responsável da lei e da ordem no país. As patrulhas civis não podem assumir a autoridade da Polícia", assegurou na televisão pública YLE. Na mesma linha, o ministro do Interior, o conservador Petteri Orpo, insistiu de que os Soldados de Odin "não fortalecem a segurança, senão que, pelo contrário, reforçam o estado de ânimo hostil". "Este tipo de patrulhas têm claramente uns atributos racistas e xenófobos e sua ação não melhora a segurança. Agora a Polícia deve utilizar seus escassos recursos ao seguimento de sua ação", lamentou Orpi. O ministro quis desautorizar assim o chefe da Polícia Nacional, Seppo Kolehmainen, que previamente havia sugerido que os Soldados de Odin poderiam ser úteis para alertar os agentes de possíveis delitos.

A contundência da tripartite de direitas que governa a Finlândia desde maio não é tão unânime como se poderia pensar. Enquanto que o ministro das Finanças e líder conservador, Alexander Stubb, aposta claramente pela ilegalização de "todas as patrulhas de rua racistas", os populistas "Verdadeiros Finlandeses" defendem a liberdade dos cidadãos para se organizar. Assim, o ministro da Justiça, Jari Lindström, assegura que "o fato de que detrás desse movimento se encontram pessoas que cometeram delitos e cumpriram penas de prisão certamente desperta interesse, mas o grande problema é que os cidadãos sentem que falta segurança". Contudo, a classe política, não oculta que a possível ilegalização do movimento poderia ser um beco sem saída se torna vulnerável os princípios constitucionais.

O Partido dos Finlandeses, antes conhecido como "Verdadeiros Finlandeses", recorre a esta equidistância para frear a queda de intenção de votos que lhes concedem as sondagens para entrar no Governo. Sua marca, entretanto, foi feita sentir nesses meses com o endurecimento das leis de imigração. Os refugiados maiores de idade, por exemplo, são obrigados a trabalhar para sufragar os custos de sua estada no país nórdico. Finlândia, como o resto dos países europeus, viu-se superada pela onda de imigrantes procedentes do Oriente Médio e África. Durante o ano passado, recebeu 32.500 solicitações de asilo frente a 4.000 em 2014, o que a situa como o quarto país da UE que mais refugiados recebeu em relação à sua população. Depois de três anos de recessão, o país nórdico, que conta com uma população imigrante substancialmente baixa que a de seus vizinhos nórdicos (6% frente a 15% da Suécia), afronta um duro reto para a integração de asilados.

Com Facebook como plataforma, a sociedade civil tem respondido a ameaças extremistas dos Soldados de Odin com as "Irmãs de Kyllikki", que faz referência a um personagem do poema épico "Kalevala". "Nosso objetivo é ajudar a pessoas e construir um diálogo com todos os finlandeses e também com os imigrantes", assegura uma das fundadoras do grupo, Niina Ruuska. Seria revelador saber se Odin, deus da guerra, mas também da sabedoria, que segundo a lenda pode ver todo desde seu trono em Asgard, está satisfeito com a usurpação de seu nome por uns poucos.

14 de janeiro de 2016. 03:54h Pedro. G. Poyatos.
Colônia Dinamarca Distúrbios Sociedade

Fonte: La Razón (Espanha)
http://www.larazon.es/internacional/los-soldados-de-odin-aterrorizan-finlandia-IO11681889
Título original: Los Soldados de Odín aterrorizan Finlandia
Tradução: Roberto Lucena
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Observações em um post extra (link será colocado aqui). Observação sobre a "confusão" entre os termos refugiados e imigrantes.

A quem se virar com o espanhol (idioma), vale a pena também ler esta matéria do El Mundo sobre o problema. É até mais completa que a matéria traduzida acima (mais extensa, por isso não deu pra traduzir, mas fica a sugestão):
'Soldados de Odín' para velar por Escandinavia (El Mundo)
http://www.elmundo.es/internacional/2016/01/28/56a90f3e268e3e79498b46e4.html

domingo, 18 de outubro de 2015

Candidata a prefeita na Alemanha é esfaqueada por receber refugiados

Foto: Bild.de/Reprodução.A candidata foi esfaqueada
quando fazia campanha em um mercado
A chanceler Angela Merkel expressou o seu "choque" neste sábado com o ataque contra a candidata à prefeitura de Colônia

Uma política alemã foi esfaqueada neste sábado por motivos aparentemente "racistas", vinculados à política de recepção de refugiados, no momento em que migrantes entram na União Europeia (UE) pela Eslovênia, depois que a Hungria fechou a fronteira com a Croácia.

Poucas horas depois de dois novos naufrágios que mataram pelo menos 16 migrantes mortos nas costas da Grécia e Turquia, a chanceler Angela Merkel expressou o seu "choque" neste sábado com o ataque contra a candidata à prefeitura de Colônia (oeste) Henriette Reker, em um clima de grande tensão provocada pela política migratória do governo.

"A chanceler expressou seu choque e condenou o ato", disse à AFP uma porta-voz do governo.

A Alemanha deve receber em 2015 até um milhão de refugiados, um recorde sem precedentes.

A candidata foi esfaqueada quando fazia campanha em um mercado, anunciou a polícia regional.

Reker, gravemente ferida no pescoço, era a responsável pela recepção dos refugiados na prefeitura de Colonia, explicou Wolfgang Albers, chefe de polícia da Renânia do Norte-Vestfália.

"Neste contexto, privilegiamos uma ação política" disse.

O agressor, um alemão desempregado há muito tempo e detido depois do crime, "disse que cometeu o ato com uma motivação racista", indicou o chefe de polícia de Colônia, Norbert Wagner.

Reker, candidata sem partido, mas apoiada pelos conservadores (CDU) de Angela Merkel, é uma das candidatas favoritas à prefeitura de Colônia, a quarta maior cidade da Alemanha, com 980.000 habitantes.

Ela sofreu "ferimentos graves", mas o quadro é "estável", afirmou Albers.

Ao mesmo tempo, os migrantes que tentam chegar ao norte da Europa pelos Bálcãs começaram a entrar na Eslovênia neste sábado, depois que a Hungria fechou a fronteira com a Croácia.

A Eslovênia recebeu durante a manhã os primeiros ônibus de migrantes procedentes da Croácia. Poucas horas depois, os primeiros refugiados chegaram à fronteira com a Áustria, confirmando que o "corredor" para o oeste prometido pela Eslovênia está operacional.

O Alto Comissariado da ONU para os Refugiados (Acnur) expressou satisfação e destacou que as autoridades eslovenas asseguram o fluxo de refugiados, principalmente da Síria, Iraque e Afeganistão.

O governo esloveno informou conversações com a Croácia (em Zagreb) para criar "um ou dois" pontos de atendimento aos migrantes.

A Hungria fechou na sexta-feira os principais pontos de passagem de migrantes na fronteira com a Croácia, bloqueada agora em vários trechos por uma grande cerca de alambrados.

Mais de 170.000 migrantes entraram na Hungria pela fronteira com a Croácia desde 15 de setembro. Os dois países estabeleceram uma colaboração para assegurar o trânsito diário.

Novos naufrágios fatais

Os milhares de migrantes que tentam entrar na Europa pela Grécia, Macedônia e Sérvia prosseguem com as viagens extremamente arriscadas.

Doze migrantes morreram afogados neste sábado quando a embarcação em que viajavam naufragou na costa da Turquia, informou agência de notícias turca Anatólia.

A Guarda Costeira do país conseguiu recuperar os corpos que estavam em um bote de madeira que partiu da estação balneária de Ayvalik (noroeste) com destino à ilha grega de Lesbos, segundo a agência.

As equipes de emergência também resgataram 25 passageiros da embarcação, que pediram ajuda com seus telefones celulares.

Mais cedo, a Guarda Costeira da Grécia anunciou a morte de quatro migrantes, três crianças e uma mulher, no naufrágio de uma embarcação no mar Egeu.

Onze pessoas que estavam no mesmo bote foram resgatadas e as equipes de emergência procuram uma criança que está desaparecida.

Quase 300 migrantes morreram no mar Egeu em 2015, durante tentativas de fugir dos conflitos e da pobreza em seus países, informou a Organização Internacional para as Migrações (OIM).

Mais de 600.000 migrantes atravessaram o Mediterrâneo desde janeiro, segundo a OIM, sendo que mais de 466.000 desembarcaram na Grécia. Mais de 3.000 pessoas morreram na travessia.

Fonte: Diário de Canoas
http://www.diariodecanoas.com.br/_conteudo/2015/10/noticias/mundo/230218-candidata-a-prefeita-na-alemanha-e-esfaqueada-por-receber-refugiados.html

Ver mais:
Polícia alemã suspeita de xenofobia em ataque a Reker (Terra/DW)

quinta-feira, 17 de setembro de 2015

O ataque da repórter do Jobbik (extrema-direita) na Hungria aos refugiados

1. O fato foi bastante noticiado no dia, eu só colocarei um texto breve traduzido pra não ficar em branco o post. Mas como tem sido habitual, a mídia brasileira não costuma mencionar o perfil político de boa parte das pessoas que fazem esse tipo de ataque pra passar amenizar a presença dos grupos de extrema-direita ativos.

Não irei abordar a questão síria à fundo neste post, caso alguém queira posso tentar fazer outro post depois sobre o assunto pois choca a forma superficial como o problema é abordado no Brasil omitindo o causador do problema: o fornecimento de armas, pelos governo dos EUA, a "rebeldes" (jihadistas) na Síria pra derrubar o regime sírio e que formaram depois o Estado Islâmico. Repetiram a dose do erro que pariu Bin Laden no Afeganistão. Mas caso algum "indignado" de ocasião solte a pergunta previsível: "Ah, então você está defendendo um ditador". A questão neste caso é simples: entre o caos que está se passando, guerra civil etc e "aturar" uma ditadura "consolidada" (aquela ditadura que está em fase de transição pelo desgaste do tempo), obviamente a segunda hipótese é sempre a "menos pior". Qualquer pessoa sã sabe disso. Como é o caso do Iraque de agora e da época de Saddam (que não era outro "santo"). Política e vida de milhões de pessoas não podem ser tratadas com base nesse "discurso triunfalista" de liberdade matando e destruindo o que vir pela frente.  Qualquer pessoa que não seja bitolada como esses analfabetos políticos do país, que cultuam um astrólogo como "guru intelectual", chegarão à mesma conclusão.

Mas voltando à questão, o assunto extrema-direita costuma ser evitado em boa parte da mídia brasileira há tempo, quando noticiam é na base do estardalhaço e sensacionalismo barato, sem uma abordagem séria, como também não denunciaram o extremismo de direita presente nas marchas do país este ano, a grande mídia no máximo fica com um risinho amarelo quando soltam uma nota ou outra mas não passa disso, extremismo que ficou bastante patente em vídeos gravados pela mídia alternativa que coloquei em alguns posts aqui atacando a irracionalidade e imbecilidade da coisa.

Sem essa ação da mídia alternativa e gravações de terceiros a versão florida dos protestos teria "reinado", como num verdadeiro Estado policial onde a mídia decreta, como numa ditadura, o que a maioria da população deve saber ou não. Se não fosse a internet furando este bloqueio (esta ditadura midiática, que é o termo correto, todo oligopólio de mídia provoca isso) estaríamos vivendo numa bolha de informação.

A jornalista/repórter húngara que ataca uma criança síria junto do pai ou de algum parente é próxima ao Jobbik, grupo/partido de extrema-direita húngaro próximo do atual primeiro-ministro da Hungria, Viktor Orbán.

As cenas bizarras continuam surgindo da Hungria por conta da política inamistosa do primeiro-ministro daquele país. Fora outras cenas que saíram (não sei precisar se na Hungria ou outro país, é possível que tenha sido em outro) de arremesso de comida como ração. Os pesadelos (xenofobia e ódio étnico/religioso) da segunda guerra parecem que estão sempre vivos.

É preciso denunciar e ressaltar isto aqui já que o blog tem certo alcance e se nota algumas mudanças na cobertura depois que a gente começa a criticar o viés exacerbado (pra omitir detalhes) dessas coberturas.

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Ler o comentário 2) aqui: Sobre comentários xenófobos na DW Brasil
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Repórter húngara reconhece que pateó em refugiados, mas não pede perdão

Foto: ARCHIVO / END. Captura de tela
Segundo o portal informativo "hvg", a repórter desconectou seu telefone celular e é impossível falar com ela.

A repórter húngara que chutou e deu rasteiras contra refugiados sírios que chegavam ao país vindos da Sérvia reconheceu sua ação, mas não quis dar explicações e não pediu perdão, informou hoje o meio para o que trabalhava.

Petra László -repórter da cadeia de televisão N1, próximo do partido de extrema-direita Jobbik - deu uma rasteira contra um homem que corria com seu filho nos braços em sua fuga de um controle policial em Röszke, depois de passar ali à noite em condições precárias.

Em outras imagens a veem chutando vários refugiados, inclusive uma menina.

O canal privado húngaro N1 despediu a jornalista e assegurou que esta "reconheceu sua ação, ainda que não pode dar explicações" sobre seu comportamento.

Segundo o portal informativo "hvg", a repórter desconectou seu telefone celular e é impossível falar com ela.

Na rede social Facebook foi aberta a página "Morro de vergonha Petra László", que conta já com mais de 15.000 "curtir".

Nela se recolhem as notas publicadas sobre o caso no mundo, desde os Estados Unidos até a Espanha e os países árabes, nas quais os usuários criticam o comportamento da repórter.

Algumas opiniões são escritas em húngaro, inglês, árabe e português, entre outros idiomas, como uma vergonha e afirmam que a jornalista representa o pior da humanidade.

A formação de esquerda Coalizão Democrática, do ex-primeiro-ministro social-democrata Ferenc Gyurcsány, e o partido Együtt-PM anundiaram hoje que denunciarão à repórter por agredir os refugiados.

No Comitê Helsinki pelos direitos humanos assinalaram que, como a repórter chutou a várias pessoas, podia encarar a uma pena de cárcere de 1 a 7 anos, já que os fatos estão agravados porque a violência foi dirigida contra membros de um coletivo.

No ponto de reunião de Röszke, nos dias anteriores se produziram tentativas de fuga e protestos por parte dos refugiados, que se queixam que devem esperar muito tempo ali e passar inclusive noites na intempérie.

Este ponto é onde chegam primeiro os refugiados que cruzam à fronteira e onde têm que esperar, antes de ser trasladados aos centros de registro.




Fonte: El Nuevo Diario (Nicarágua)
http://www.elnuevodiario.com.ni/actualidad/370002-reportera-hungara-reconoce-que-pateo-refugiados-no/
Título original: Reportera húngara reconoce que pateó a refugiados, pero no pide perdón
Tradução: Roberto Lucena

domingo, 6 de setembro de 2015

Imperialismo Humanitário: os Direitos Humanos como desculpa para Intervenção militar (Jean Bricmont) [livro]

Quando os direitos humanos são um pretexto para as intervenções militares imperialistas

Daniel Raventós
19/10/08

O físico da Universidade de Lovaina e ativista belga Jean Bricmont, membro do Conselho Editorial de Sin Permiso (1), escreveu um livro que há poucas semanas foi editado em castelhano: Imperialismo humanitário. O uso dos Direitos Humanos para vender a guerra ("Imperialismo humanitario. El uso de los Derechos Humanos para vender la guerra") (2). Trata-se de um livro que, de logo, tem duas virtudes: aporta uma informação muito pormenorizada e polemiza de forma convincente com algumas posições mantidas por alguns setores dos movimentos pacifistas.

Com este livro, Bricmont pretende aportar "uma modesta contribuição à reconstrução da esquerda". Por esquerda, diz o autor, deve se entender um triplo combate que se tem dado historicamente: a) pelo controle social da produção, b) pela paz e contra o imperialismo, e finalmente c) pela defesa da democracia, dos direitos do indivíduo, da igualdade de gênero, das minorias e do meio ambiente. Acrescenta uma precisão importante. A "velha esquerda" (que chega, segundo o autor, até meados dos anos 60 do século XX) estava muito centrada nos dois primeiros aspectos, desprezando o terceiro, enquanto a "nova esquerda" se centra no terceiro esquecendo boa parte dos dois primeiros.

Ante o grande intervencionismo militar dos EUA e seus aliados, o que Bricmont chama de "nova esquerda" oscilou entre o "imperialismo humanitário" e o "relativismo cultural". A primeira posição defenderia que nossos valores universais "nos dão o direito e até nos obrigam a intervir em qualquer lugar e que questiona pouco ou nada as guerras imperialistas". Grande parte do livro é dedicada a combater esta primeira posição. Daí o título. A segunda posição, contudo, se bem que em geral é contrária à guerra, considera que "não há tal coisa como uma postura moral com valor universal, em cujo nome se pode julgar objetivamente outras sociedades e culturas (ou a nossa)". Pois bem, o que Bricmont pretende com este livro é a defesa de uma terceira posição: o rechaço ao intervencionismo "ao mesmo tempo que aceita como desejáveis os objetivos que este procura alcançar". De forma explícita o autor afirma: "As críticas aqui contidas até a utilização ideológica dos Direitos Humanos, de nenhum modo questionam a legitimidade das aspirações contidas na Declaração dos Direitos Humanos de 1948". Dito em outras palavras, o rechaço de determinadas práticas em alguns países, não deve implicar na defesa das intervenções militares porque a soma de danos é muito maior que os benefícios que se conseguem.

A edição castelhana deste livro inclui um longo, mais de 40 páginas, e tremendo prólogo de Noam Chomsky, a quem Jean Bricmont sente uma confessada admiração. Neste artigo muito recente (3) no Irish Times do linguista do MIT podemos ler: "Por espetacular contraste, na fase neoliberal que seguiu à implosão do sistema de Bretton Woods nos anos 70, o Tesouro estadunidense contempla agora a livre mobilidade dos capitais como um 'direito fundamental', com a diferença, que nem que dizer que haja, dos pretendidos 'direitos' garantidos pela Declaração Universal dos Direitos Humanos: direito à saúde, à educação, ao emprego decente, à segurança, e outros direitos que as administrações de Reagan e Bush displicentemente consideraram como 'cartas para Papai Noel', 'ridículos' ou meros 'mitos'". Esta alusão que faz Chomsky, à carta para Papai Noel se refere exatamente às palavras empregadas por Jeane Kirkpatrick, quando era embaixadora da administração Reagan na ONU, numa conferência sobre direitos humanos realizada no Kenyo College, a mais velha instituição universitária privada de Ohio, em 4 de abril de 1981. Bricmont dedica um bom número de páginas a esta questão, ou seja, às distintas prioridades que os EUA e seus aliados concedem segundo que tipo de direitos se trate. Os direitos individuais e políticos estão na Declaração de 1048. Mas também estão os direitos econômicos e sociais. Para Kirkpatrick esses últimos mereceram aquele depreciativo comentário. Bricmont planta o respeito à seguinte pergunta: "que diriam nossa imprensa e nossos intelectuais se algum dirigente do Terceiro Mundo descrevesse os direitos individuais e políticos como 'uma carta para Papai Noel'."

Um capítulo inteiro de "Imperialismo humanitário" leva o título de "Os argumentos débeis e fortes na oposição à guerra". O autor põe como argumentos fortes: a defesa do direito internacional e a perspectiva anti-imperialista. Este segundo argumento é exemplificado por um suposto: "que aconteceria se um país pusesse em prática as ideias dos movimentos 'altermundialistas' ou 'pela justiça global'?" (ou seja, o repúdio à dívida externa, a reapropriação dos recursos naturais, impostos fortes aos benefícios empresariais, construção de serviços públicos, ou inclusive a moderadíssima Taxa Tobin...). A reação dos EUA, segundo Bricmont, não seria muito diferente à que teve contra Allende, Lumumba, Arbenz e tantos outros. Reação que incluiria: sabotagem econômica, escalada da subversão interna (e a repressão deste hipotético governo sobre os grupos sociais, políticos e religiosos que a esta tarefa se prestaram, seria imediatamente denunciada como uma violação dos direitos humanos), a possibilidade de um golpe militar e, se tudo isso não fosse suficiente, a intervenção armada direta dos EUA. Ou seja, "uma nova Baía dos Porcos, um novo Vietnã ou um novo Contras". Algum país latinoamericano, Venezuela, destacadamente nos recorda o autor, está passando atualmente por algumas dessas fases. Há alguns anos, em 1984, a CIA publicou um manual (chamado curiosamente de "Operações Psicológicas") que estava destinado aos "lutadores pela liberdade", pois assim era como o presidente dos EUA, Ronald Reagan, considerava os Contra. As instruções que se recomendavam nesse manual eram do seguinte teor: "sequestrar a todos os funcionários ou agentes do governo sandinista", "denunciar à política a um sujeito que resista a se unir à guerrilha... mediante uma carta que contenha falsas acusações de cidadãos não implicados no movimento", "contratar criminosos profissionais para levar a cabo 'tarefas' especificamente selecionadas"... Conclui Bricmont este apartado do anti-imperialismo como argumento forte da oposição à guerra: "O movimento altermundialista não pode renunciar a adotar uma firme postura anti-intervencionista e anti-imperialista".

No próximo 10 de dezembro se cumprirá o 60o aniversário da Declaração dos Direitos Humanos. Centenas e milhares de atos de todo tipo estão sendo e serão feitos para comemorar este aniversário. Se bem que há (e haja) honradas exceções, muitos dos atos que foram feitos (e serão feitos) são pouco mais que um festival, na forma, e um bla bla bla, no conteúdo. Este livro de Jean Bricmont é um bom exercício de reflexão que pouco tem a ver com grande parte deste festival comemorativo.

Imperialismo Humanitario: los derechos humanos como excusa para la intervención militar (Jean Bricmont)
Resenha do livro em sinpermiso.org
Seção: Instalações militares
Martes 21 de outubro de 2008

NOTAS:

(1) Coautor com o físico estadunidense Alan Sokal de "Imposturas intelectuales" (Paidós, 1999), um demolidor arrazoado contra o pós-modernismo e a esquerda acadêmica relativista. Pode ser lida uma longa entrevista com Bricmont no número 3 de Sin Permiso.

(2) Ed. El Viejo Topo, 2008.

(3) Traduzido para o castelhano e publicado por Sin Permiso com o título de "A cara antidemocrática do capitalismo, exposta".

Daniel Raventós é membro do Comitê de Redação de SINPERMISO. Seu último livro é "Las condiciones materiales de la libertad" (Ed. El Viejo Topo, 2007).

Fonte: site SinPermiso (Espanha)
http://www.sinpermiso.info/textos/index.php?id=2122
Título original: Cuando los derechos humanos son un pretexto para las intervenciones militares imperialistas
Tradução: Roberto Lucena
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Observação 1: existe edição desse livro em inglês e espanhol, não creio que tenha publicação disso em português.

Observação 2: não pretendo me estender aqui, mas num momento onde o público brasileiro, muito em virtude da mídia brasileira omitir o que se passa fora e não citar as causas da crise dos refugiados como a intervenção dos EUA na Síria, Líbia e Iraque, choca-se com a foto do menino sírio morto encontrado na praia, foto que causou comoção mundial, fica aqui o registro de um livro que ajuda a esclarecer o que se passa (a ideia por detrás dessas intervenções "humanitárias", entre aspas, e o desastre que provocam). Porque qualquer indignação não passa de falsidade e teatro se a pessoa não criticar a origem do problema (não vai à raiz da coisa). A quantidade de comentários imbecis de brasileiros nessas redes sociais sobre isso, com direito a festival de preconceitos, racismo e afins é qualquer coisa "de cinema", tá dando vergonha ver essa gente medonha opinando sobre o que não entende e só colocando pra fora preconceito (pois é a única coisa que carregam, perderam a humanidade). Refugiados fruto de guerra civil não surgem do nada, tem uma causa provocando isso. Deveriam cassar o prêmio Nobel do Obama, que se encontra em silêncio com a crise estourando na Europa quando é o principal causador da mesma. Fica prum próximo post o assunto (se o fizer), não vou me alongar aqui.

sexta-feira, 4 de outubro de 2013

Sinagoga do Porto partilha informação sobre refugiados do Holocausto

foto Catarina Vieira / Global Imagens
Sinagoga do Porto partilha informação
sobre refugiados do Holocausto
Estiveram guardados na Sinagoga do Porto, durante 70 anos, milhares de documentos que incluem fichas individuais de centenas de refugiados que chegaram ao Porto em 1940, fugindo do terror nazi. O Museu do Holocausto dos Estados Unidos da América terá agora acesso a essa informação, por força de um memorando assinado este mês entre a vice-presidente da Comunidade Judaica do Porto, Isabel Ferreira Lopes, e o diretor de coleções daquele Museu, Michael Grunberger.

No memorando, a que o JN teve acesso, e que vem na sequência de um protocolo anterior, estabelece-se que a Sinagoga do Porto fornecerá ao Museu do Holocausto toda a documentação que possui relativa ao período da Segunda Guerra Mundial, cabendo ao museu realizar duas cópias do material em questão, para investigação e divulgação.

O Museu do Holocausto, com sede em Washington, foi criado para mostrar a história da perseguição e extermínio de seis milhões de judeus e de outras vítimas da tirania nazi, entre 1933 e 1945

Entre os documentos cedidos agora pela Sinagoga do Porto ao museu, salientam-se as fichas individuais de 416 refugiados judeus que beneficiaram do amparo que lhes foi concedido no período em questão pelos membros da comunidade judaica do Porto, presidida então pelo capitão Barros Basto.

Isabel Ferreira Lopes declarou ao JN que, "tão importante como guardar, preservar e estudar toda a documentação sobre esse período trágico, é tentar saber como é que os refugiados que estiveram nesta sinagoga em 1940 reconstruíram depois as suas vidas."

Sinagoga comemorou 75 anos

A Sinagoga do Porto celebrou este ano o seu 75.º aniversário. A cerimônia foi marcada pela presença do embaixador de Israel em Portugal e de altos dignitários judeus vindos expressamente de Londres, Israel, Argentina e EUA.

Publicado em 2013-10-01
Óscar Queirós

Fonte: Jornal de Notícias (Portugal)
http://www.jn.pt/PaginaInicial/Cultura/Interior.aspx?content_id=3452751

quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

Cruz Vermelha e Vaticano ajudaram milhares de nazis a escapar

Pesquisa mostra como documentos de viagem ended up in hands of the likes of Adolf Eichmann, Josef Mengele e Klaus Barbie no caos do pós-guerra

Dalya Alberge

Oficiais da SS los Auschwitz los 1944. A partir da esquerda: Richard Baer, ​​que se tornou o comandante de Auschwitz, em maio de 1944, Josef Mengele, comandante de Birkenau, Josef Kramer, escondido, e o ex-comandante de Auschwitz Rudolf Höss, em primeiro plano, o homem da direita não é identificado. Foto: AP

Ambos, Cruz Vermelha e o Vaticano, ajudaram milhares de criminosos de guerra e colaboradores a escaparem depois da segunda guerra mundial, de acordo com o livro que reúne provas de documentos não publicados.

A Cruz Vermelha já admitiu antes o conhecimento de que seus esforços para ajudar os refugiados foram usados ​​por nazistas porque os administradores estavam sobrecarregados, mas a pesquisa sugere que os números são muito maiores do que se pensava.

Gerald Steinacher, um pesquisador da Universidade de Harvard, teve acesso a milhares de documentos internos dos arquivos do Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV). Os documentos incluem documentos de viagem emitidos pela Cruz Vermelha erroneamente aos nazistas no caos do pós-guerra.

Eles lançam luz sobre como e por que os assassinos genocidas, como Adolf Eichmann, Josef Mengele e Klaus Barbie e milhares de outros, evitaram ser capturados pelos aliados.

Ao comparar as listas de criminosos de guerra procurados com documentos de viagem, Steinacher diz que a Grã-Bretanha e Canadá sozinhos inadvertidamente deixaram passar cerca de 8.000 ex-membros das Waffen-SS em 1947, muitos com base em documentos válidos emitidos por engano.

Os documentos - que são discutidos no livro de Steinacher "Nazistas em Fuga: Como os capangas de Hitler fugiram da justiça" (Nazis on the Run: How Hitler's henchmen fled justice) - oferecem um panorama significativo do pensamento do Vaticano, particularmente, porque seus próprios arquivos de depois de 1939 ainda estão fechados. O Vaticano sempre se recusou a comentar.

Steinacher acredita que a ajuda do Vaticano era baseado em uma esperança de reviver um cristianismo europeu e no pavor à União Soviética. Mas, através da Comissão de Refugiados do Vaticano, criminosos de guerra conscientemente conhecidos conseguiam identidades falsas.

A Cruz Vermelha, sobrecarregada por milhões de refugiados, contou substancialmente das referências do Vaticano e nas frequentes e apressadas checagens militares dos Aliados na emissão de documentos de viagem, conhecidos como 10.100s.

Acreditava-se primeiramente na ajuda a refugiados inocentes, embora a correspondência entre delegações da Cruz Vermelha em Génova, Roma e Genebra mostrasse que estavam cientes que nazistas estavam passando.

"Embora o CICV tenha pedido desculpas publicamente, a sua ação foi bem além de ajudar algumas pessoas", disse Steinacher.

Steinacher diz que os documentos indicam que a Cruz Vermelha, principalmente em Roma ou Génova, emitiram pelo menos 120.000 dos 10.100s, e que 90% dos ex-nazistas fugiram através da Itália, principalmente para Espanha, América do Norte e América do Sul - especialmente para a Argentina.

Ex-membros da SS, muitas vezes misturados com refugiados genuínos, apresentaram-se como apátridas alemães étnicos para ganhar papéis de trânsito. Judeus tentando chegar à Palestina através da Itália às vezes eram contrabandeados pela fronteira com nazistas em fuga.

Steinacher diz que delegações individuais da Cruz Vermelha emitiram 10.100s para criminosos de guerra "por simpatia com os indivíduos ... atitude política, ou simplesmente porque estavam sobrecarregadas". Documentos roubados também foram usados ​​para atravessar os nazistas com segurança. Ele disse: "Eles eram realmente um dilema. Era difícil. Ela queria se livrar do trabalho. Que ninguém queria fazê-lo...."

A Cruz Vermelha se recusou a comentar diretamente as conclusões de Steinacher, mas a organização diz em seu site: "O CICV já lamentou o fato de que Eichmann e outros criminosos nazistas utilizaram de forma maliciosa seus documentos de viagem para cobrir seus rastros."

The Guardian, quarta-feira, 25 de maio de 2011 15.31 BST

Fonte: The Guardian
http://www.guardian.co.uk/world/2011/may/25/nazis-escaped-on-red-cross-documents
Tradução: Roberto Lucena

domingo, 9 de dezembro de 2012

A controvérsia dos arquivos de Arolsen: pequeno conforto para negacionistas

Hoje o Washington Post traz uma atualização acerca da disputa sobre os registros alojados no Serviço Internacional de Arquivos em Arolsen, na Alemanha. A história primeiro estourou há pouco mais de um mês, quando foi revelado que mais de 20 países estavam pedindo à Alemanha para abrir o acesso ao arquivo de Arolsen a historiadores e parentes.

O arquivo, administrado desde 1955 pela República Federal da Alemanha, contém registros criados pelo Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) depois de 1945 através de seus esforços para rastrear e localizar as inúmeras pessoas deslocadas, refugiados e campos de concentração. Cerca de mais de 17 milhões de nomes estão contidas nesses registos.

Então, por que os arquivos Arolsen são de interesse para ambos, historiadores do Holocausto bem como para os negadores do Holocausto? Para entender isso, veja abaixo da dobra.

O motivo, ao que parece, para a obstinação de ambos, da CICV e do governo alemão, reside nas leis de privacidade estritas que regem o acesso aos arquivos alemães. Se você já se perguntou porque Christopher Browning e outros historiadores de peso têm que escrever Hans K. ou inventar pseudônimos para testemunhas oculares, isto se deve à lei alemã de proteção de dados. Isso se aplica tanto às vítimas, bem como perpetradores, com o resultado de que os homens da SS condenados ou absolvidos de acusaçõesacusados ​​de crimes de guerra nos tribunais alemães não podem ser citados pelo nome por historiadores, apesar de suas identidades poderem livremente ser estabelecidas com consulta aos arquivos pessoais da SS disponíveis no Arquivos Nacionais dos EUA.

Da história de hoje do Washington Post, arece que o ITS também está ficando para trás em sua função primária, a de catalogar centenas de milhares de casos que necessitam de identificação. Isto fere não só aqueles que procuram estabelecer o destino de seus parentes desaparecidos, mas também pode prejudicar os casos de compensação trazidas por sobreviventes sob os regimes existentes. Contudo, parece que o governo alemão pode temer uma avalanche de novos pedidos de que os arquivos devam ser abertos.

Mas a compensação é uma questão de segunda ordem diante da principal controvérsia em torno acesso aos seus arquivos. Este diz respeito ao acesso para historiadores. Como os historiadores já trabalham sob restrições incrivelmente duras acerca da privacidade em outros arquivos alemães, como o ex-centro Zentrale Stelle für Landesjustizverwaltung em Ludwigsburg, que abriga os registros de investigações de crimes de guerra da Alemanha Ocidental, já há precedentes de como preocupações com a privacidade pode ser gerenciada. Até agora, devido à oposição alemã, nenhum acordo foi alcançado entre o comitê de supervisão de 11 países encarregados de Arolsen sobre estabelecer até mesmo um grupo de trabalho de especialistas para avaliar o valor dos registros para os historiadores.

Among the research centres that have protested the lack of access to Arolsen include the University of Amsterdam and the US Holocaust Memorial Museum.

Entre os centros de pesquisa que protestaram contra a falta de acesso a Arolsen estão incluídos a Universidade de Amsterdã e o Museu Memorial do Holocausto dos EUA (USHMM).

A ironia de toda a controvérsia é que muitos arquivos de Arolsen foram copiados para outros arquivos, incluindo o Arquivo Nacional dos EUA, e através dele então, para o arquivo do Museu Memorial do Holocausto dos EUA.

Então, o que essas coleções existentes contém? Os 189 rolos de microfilmes no NARA (Arquivo Nacional dos EUA) sozinhos contém os registros de alguns mas não todos os campos de concentração alemães, mas mais interessante também um conjunto incompleto de listas de deportação de Berlim e várias outras cidades alemãs. Eles, portanto, ajudam a documentar o número de judeus transportados para Auschwitz, incluindo milhares de berlinenses deportados durante o então chamado Fabrikaktion de início de 1943, sobre o qual Wolf Gruner escreveu recentemente de forma detalhada.

Além disso, outros arquivos de Arolsen foram copiados para arquivos do Yad Vashem. Foram estes arquivos, por exemplo, nos quais Christian Gerlach encontrou uma cópia de um relatório de 1945, indicando os números de chegadas em Auschwitz em 1944 daqueles que foram selecionados para o trabalho, clarificando o destino dos judeus deportados durante a Ação húngara.

Assim, os arquivos do ITS oferem um pequeno consolo aos negadores do Holocausto como Ernst Zundel, que afirma que os materiais Arolsen provam que houve um número de mortos muito inferior dentro dos campos de concentração alemães.

O valor do arquivo Arolsen para pesquisadores não reside na abertura dos arquivos relacionados com os principais campos de concentração, uma vez que a maioria destes já estão disponíveis para acesso público no NARA. Além disso, os registros detalhados de muitos campos como Majdanek e Neuengamme foram destruídos, e não podem ser mais recuperados. Nem Arolsen contém materiais relativos aos campos da Aktion Reinhard. Não se pode excluir que o arquivo Arolsen também pode conter mais documentos relacionados com o destino de judeus deportados como o relatório Glaser mencionado acima. Mas este não é o único material que Arolsen detém.

Em vez disso, os arquivos do ITS também poderiam ajudar a esclarecer o destino de literalmente milhões de outros deportados, especialmente os trabalhadores forçados não-judeus da Europa Ocidental e Oriental, como também das vítimas de expulsões étnicas na Europa Central e do Leste depois de 1945. Arolsen é, portanto, motivo de preocupação não só para os historiadores do Holocausto, mas, para os historiadores da Segunda Guerra Mundial e suas conseqüências como um todo. A investigação sobre a deportação de mais de 7 milhões de trabalhadores estrangeiros para a Alemanha, os movimentos pós-guerra das Pessoas Deslocadas, programas de repatriamento e as expulsões étnicas, todos serão enriquecidos pelo acesso aos arquivos do ITS.

Neste sentido, os negadores do Holocausto expõem sua falta de imaginação e falta de humanidade quando se concentram apenas sobre o destino dos judeus europeus, ignorando o destino de milhões de não-judeus que também sofreram por causa das políticas nazistas de deportação. Nem parecem tão preocupados com o destino dos alemães étnicos expulsos do leste da Cortina de Ferro. Talvez, neste último caso, porque é mais fácil palpitar superficialmente a fonte das estimativas do que fazer uma devida investigação.

Atualização: ver a resposta ao AAARGH aqui.

Fonte: Holocaust Controversies
Texto: Nicholas Terry
http://holocaustcontroversies.blogspot.com.br/2006/05/arolsen-aaargh-all-those-names.html
Tradução: Roberto Lucena

domingo, 22 de junho de 2008

Portas Fechadas - Canadá em tempos de Holocausto

Sobre a situação no Canadá em tempos de Holocausto.
Texto de Dr. Pedro Germán Cavallero *

Quem visita o Canadá, aprecia imediatamente a diversidade étnica e cultural de sua população. Este “Canadá de cores” se destaca em relevo em Toronto, onde as distintas coletividades fazem sentir sua presença através de restaurantes de comida étnica, comércios de produtos típicos e bairros inteiros que parecem “pequenas repúblicas” encravadas na geografia canadense. Desde há mais de meio século, o país tem recebido de forma contínua levas de imigrantes, perseguidos políticos e vítimas de conflitos armados. Esta tendência se acentuou fortemente em fins da década de ‘60 e começo dos ‘70, mantendo-se até o presente.

Na atualidade a coletividade de maior crescimento demográfico é a asiática, é em sua maioria de origem chinesa. Concentrados na região do Pacífico, os asiáticos contam além disso com uma forte presença em Toronto. O antigo bairro judeu de Spadina se converteu no epicentro da vida social, comunitária e comercial dos residentes chineses. Uma visita ao mesmo nos leva a compará-lo com o bairro de Once (Buenos Aires), onde os coreanos “redesenharam” essa parte da cidade tradicionalmente habitada pela coletividade judaica portenha. Spadina apresenta uma geografia urbana salpicada de postos de rua, restaurantes chineses, dragões de pedra e luzes de neón que parecem assinalar o fim de uma era marcada pelos vendedores e comerciantes judeus locais. Uma velha sinagoga, todavia ativa e com sua fachada escurecida, desafia solitariamente o evidente passo do tempo.

REFÚGIO PARA OS PERSEGUIDOS?

O Canadá goza amplamente de uma reputação internacional de “abertura” no que diz respeito a perseguidos políticos e emigrados econômicos chegados com o anseio de se fixar. Em boa medida, essa reputação responde a uma realidade concreta.

Prova disto são os chilenos, uruguaios e argentinos (emigrados durante a “Guerra Suja”), colombianos (empurrados pelo conflito armado que dessangra o país), nicaragüenses e guatemaltecos (saídos de seus países durante os convulsivos anos ’80), asiáticos, africanos, russos e europeus do Leste radicados no país. Contudo, a trajetória do país é mais complexa: durante a Segunda Guerra Mundial, o Canadá fechou herméticamente suas portas ignorando os desesperados pedidos de auxílio dos judeus europeus.

CANADÁ E O HOLOCAUSTO

Segundo o historiador canadense Franklin Bialystock, autor de "Delayed Impact: The Holocaust and the Canadian Jewish Community" (Reação Tardia: o Holocausto e a Comunidade Judia Canadense), durante as duas décadas posteriores à II Guerra a Shoá “esteve ausente na vida dos canadeenses”. Para Bialystock, essa “amnésia generalizada” incluiu também a uma parte da comunidade judia local. Este dado resulta em algo significativo se se tem em conta que os 15 por cento dos judeus canadenses eram sobreviventes do Holocausto. Durante anos, as instituições educativas comunitárias tampouco fizeram grandes avanços na difusão da experiência, tanto no âmbito interno como com a opinião pública. Haveria de se passar três décadas (até começo dos anos ’80), para que se produzisse uma virada fundamental e se “redescobrisse” o extermínio perpetrado pelo Terceiro Reich.

Surpreendentemente, a mudança sobreveio em 1982 a partir da publicação do livro "None Is Too Many (Nenhum é demais). A investigação dos historiadores canadenses Irvin Abella e Harold Trouter gerou um grande debate no país ao revelar pela primeira vez a política de “portas fechadas” implementada peplo primeiro ministro Mackenzie King com relação aos refugiados europeus.

Mackenzie King, o formidável líder do Partido Liberal que encabeçou o governo entre 1926-1948, exerceu o cargo durante 22 anos, convertendo-se em uma figura de enorme popularidade e influência na vida política canadense. As revelações dos historiadores Abella e Trouter foram acompanhadas por outras ainda mais desconcertantes: além de impedir o ingresso ao Canadá das vítimas do nazismo, autorizou-se a entrada de criminosos de guerra nazi.

Bialystock destaca como fator relevante do período histórico a relativa “passividade” da comunidade judaica ante as reiteradas negativas do governo. Contudo, uma das explicações que resgata de suas investigações para explicar este fenômeno deriva da situação que atravessava, durante esses anos, o judaísmo canadense: “fracionado, débil e sem capacidade real para chegar até os círculos de poder”. Essas circunstâncias, ao se combinarem, impediram influir de uma forma efetiva no traçado da política doméstica e na internacional.

OS ANOS DE PRÉ-GUERRA

Durante os anos prévios à II Guerra Mundial, o Canadá se esforçava para romper com uma tradição anti-semita que impregnava a distintos segmentos da população. No âmbito doméstico atuavam vários grupos pró-fascistas que enrareciam o clima de opinião geral. Entre eles, eram particulamento conspícuos o Partido Nacional Social Cristão (NSCP) e o Partido Nacionalista do Canadá, ambos de forte orientação fascista e anti-semita. Estes grupos impediram que se tomasse forma uma política humanitária destinada a socorrer as vítimas do nazismo. No mesmo contexto, tampouco se pode esquivar-se a participação do Canadá no esforço bélico aliado. Desde sua alienação contra as potências do Eixo “a preocupação pelas vítimas do Holocausto ficou relegada pela atenção dedicada à guerra mesmo”. Outros historiadores sustentam que, além de todos esses fatores, os círculos influentes acreditavam que o assentamento de judeus europeus “não era viável no Canadá”, ainda que fosse possível na Palestina sob controle britânico”.

O FRONT INTERNO

Outra circunstância que impediu a abertura à imigração de refugiados e perseguidos judeus foi dada pela marcada cautela que prevalecia entre alguns líderes comunitários judeus. Estes viam como prioritário orientar a comunidade “a superar os obstáculos internos criados pelo anti-semitismo doméstico, como condição necessária para inserir-se socialmente”.

De acordo com esta visão, o crescimento “rápido” da minoria judia houvera posto em perigo o dificultoso processo assimilacionista que estava tendo lugar. No começar da guerra, a comunidade judia era estimada em 167.000 pessoas, ou seja, os 1.5 por cento da população total. Deles, 50 por cento eram imigrantes procedentes em sua maioria da Rússia, Polônia e Romênia. Essa presença, reduzida, com um nível muito incipiente de inserção social e um alto componente imigrante, enfrentava a discriminação em suas mais variadas formas. O acesso à moradia, emprego, estabelecimentos educativos, parques, passeios públicos e comércios privados era restringido para os judeus canadenses.

Neste contexto, eram comuns (fundamentalmente na província de Ontario) os cartazes contendo legendas tais como: “Só Gentios”, “Judeus Não” e “Só Cristãos”. A realidade social cotidiana limitava as possibilidades concretas da comunidade judia para advogar (menos ainda “pressionar”) a favor da obtenção de permissões de ingresso para familiares, amigos ou pessoas do mesmo povo.

HÓSPEDES NA PRÓPIA CASA

Recentemente no início dos anos ’40, començou-se a se debater uma legislação de conteúdo anti-discriminatório que haveria de permitir alcançar progressivamente um tratamento mais igualitário para os judeus locais.

Durante o mesmo período, os três parlamentares canadenses de origem judia que integravam o Parlamento, Samuel Jacobs, Sam Factor (ambos do Partido Liberal) e A. Heaps (da oposição), estavam muito longe dos espaços políticos de decisão, tanto e suas respectivas bancadas na Câmara dos Comuns como na base de seus agrupamentos políticos. Segundo os historiadores Abella e Trouter, os judeus canadenses “tinham a sensação de serem ‘hóspedes’ em sua própria terra, de estar no Canadá mas não ser parte da mesma”.

Esse sentimento colocava a dirigência comunitária em uma situação extremadamente débil ao dialogar com as autoridades governamentais. Os distintos acadêmicos que tem investigado o período coincidem em assinalar que a “diplomacia silenciosa” seguida pelos dirigentes comunitários frente ao governo (para persuadi-lo de abrir à imigração) evidentemente fracassou, ao igual que fracassaram os esforços das organizações judias destinados a arrecadar ajuda humanitária. Depois da liberação dos campos de concentração, o governo de Mackenzie King não modificou em absoluto sua posição intransigente respeito dos refugiados judeus. King permaneceu a frente do governo até bem o começo do pós-guerra, sendo substituído como premier em início de 1948.

Segundo Abella e Trouter, para o líder liberal não havia “um benefício eleitoral direto” derivado da adoção de uma posição mais receptiva. De igual forma, uma parte importante da opinião pública canadense seguia aferrada ao anti-semitismo, e os judeus residentes no país continuavam sendo vistos de forma negativa. Finalmente, uma cifra revela com clareza a “eficácia” e “dedicação” com a qual a burocracia governamental canadense implementou a política de “portas fechadas”.

A mesma surge do número de refugiados judeus que foram autorizados a entrar no país: entre o 1 de abril de 1945 e o 31 de março de 1947, o Canadá aprovou o ingresso de tão somente 2.918 judeus europeus. Estes constituíam os 3 por cento dos 98.011 imigrantes (fundamentalmente europeus não-judeus) ingressados no dito período.

* Advogado - Coordenador do “National Council of La Raza”, (NCLR), Washington.

Fonte: Fundación Memoria del Holocausto(Argentina)
http://www.fmh.org.ar/revista/20/puecer.htm
Tradução: Roberto Lucena

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