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terça-feira, 29 de dezembro de 2015

França autoriza acesso a alguns arquivos policiais e jurídicos de Vichy

Cidadãos e investigadores podem, a partir de hoje, conhecer melhor o regime de Vichy, colaboracionista da Alemanha nazi durante a ocupação de França, na Segunda Guerra Mundial, após a abertura de arquivos policiais e judiciais da época.

Pétain e Hitler
Entre os documentos até agora abrangidos pelo segredo de defesa nacional que poderão ser "livremente consultados, sob reserva de desclassificação prévia", figuram os relativos às atividades da polícia judiciária francesa entre setembro de 1939 e maio de 1945, precisa um decreto publicado no "Journal Officiel" (Diário Oficial).

Os pedidos de desclassificação de documentos deverão ser formulados pelos serviços públicos de arquivos e o Diário Oficial precisa que serão "altos funcionários de defesa e segurança" os encarregados de dar seguimento a tais pedidos, pelo que determinados documentos continuarão a ser confidenciais.

Assinado pelo primeiro-ministro francês, Manuel Valls, e pelos ministros dos Negócios Estrangeiros, Justiça, Defesa, Interior e Cultura, o decreto diz também respeito às investigações e atividades da polícia judiciária do Governo provisório formado após a libertação da Alemanha nazi, em 1945.

Poderão igualmente ser consultados os casos levados a tribunais de exceção instaurados por Vichy, os crimes julgados logo pelos tribunais de exceção criados após a libertação e os arquivos sobre a perseguição e julgamento de criminosos de guerra nas zonas de ocupação francesa na Alemanha e na Áustria.

Historiadores como Gilles Morin esperam que estes ficheiros, consultáveis quase cinco anos antes de expirar o prazo de 75 anos previsto para o efeito no Código do Património, revelem dados inéditos sobre líderes da Resistência como Jean Moulin, detido, torturado e assassinado em 1943, disse ao canal privado TF1.

O escritor, advogado e caçador de nazis Serge Klasferld que, como outros especialistas, já trabalhou com esses documentos graças a derrogações individuais obtidas desde princípios dos anos 1980, adiantou à emissora France Info que "não se esperam revelações" destes arquivos que, sublinhou, "são sumamente precisos".

Considerou igualmente que, apesar de qualquer derrogação geral "ser um avanço da liberdade de informação", a que hoje começa "é algo quase simbólico".

Segundo o Memorial da Shoah (Holocausto) de Paris, durante o Governo do general Pétain foram assassinados cerca de 80.000 judeus franceses, 76.000 dos quais depois de serem deportados para os campos de concentração nazis.

Os historiadores estimam que, também vítimas do nazismo, além de milhares de comunistas, ciganos, homossexuais e resistentes perderam a vida em França entre 1941 e 1945 cerca de 40.000 a 50.000 doentes mentais, principalmente de fome e esgotamento.

Lusa

Fonte: SIC (Portugal)
http://sicnoticias.sapo.pt/cultura/2015-12-28-Franca-autoriza-acesso-a-alguns-arquivos-policiais-e-juridicos-de-Vichy

domingo, 20 de dezembro de 2015

Planos para judeus franceses e "outros inimigos", de dezembro de 1942 a março de 1943

Esta excelente análise de Peter Longerich merece ser citada inteira:
19.6(5) Num relatório para Hitler em 10 de dezembro de 1942, Himmler preparou uma lista escrita à mão dos pontos que ele queria apresentar. Sobre o "II SD e assuntos policiais", Himmler especificou como ponto 4 a seguinte palavra-chave:
  • Judeus na França
  • 6-700.000
  • outros inimigos.
19.7 Próximo a essas palavras-chaves pode ser encontrado um crédito e no próprio manuscrito de Himmler a palavra "abolir" (abschaffen): Himmler tinha então trazido esses a Hitler e recebeu sua permissão para "abolir", ou seja, para liquidar os estimados 600.000-700.000 judeus na França, bem como "outros inimigos".179 Após a reunião, Himmler enviou uma nota para Müller, chefe da Gestapo, na qual afirmou:
O Führer deu ordens para que os judeus e outros inimigos na França devam ser presos e deportados. Isso deveria ter ocorrido, mesmo que ele tenha falado com Laval sobre isso apenas uma vez. É um problema de 6-700.000 Jews.180
19.8 Dois meses depois, em fevereiro de 1943, Eichmann, em uma breve visita a Paris apresentou um programa máximo para a deportação de todos os judeus que viviam na França, incluindo aqueles com cidadania francesa.181

19.9 Na reunião de 10 de dezembro de 1942, Himmler apresentou a Hitler uma proposta de criação de um campo de trabalho para judeus mantidos na França, Hungria e Romênia, para um total de 10.000 pessoas. De acordo com uma nota escrita à mão por Himmler, Hitler aceitou a proposta. 182 Após a reunião, Himmler enviou uma ordem para Müller para concentrar essas 10.000 pessoas num "campo especial" (Sonderlager). Ele afirmou: "Certamente eles devem trabalhar lá, mas sob condições em que permaneçam saudáveis e vivos." 183

19.10 As notas manuscritas de Himmler deste encontro com Hitler e as ordens enviadas para Müller confirmam que foi desejo de Hitler que aqueles judeus franceses que não se enquadrassem nessa regra não fossem "mantidos vivos" (am Leben bleiben), mas que fossem "abolidos", ou seja, assassinados.
Observe também esta análise interessante de Edith Shaked. Embora os nazistas tenham sido incapazes de terminar esses planos de extermínio, a intenção é clara.

Fonte: Holocaust Controversies
http://holocaustcontroversies.blogspot.com/2015/08/plans-for-french-jews-and-other-enemies.html
Texto: Jonathan Harrison
Título original: Plans for French Jews and "other enemies", December 1942 to March 1943
Tradução: Roberto Lucena

sexta-feira, 31 de maio de 2013

Judeus: questões sobre Vichy (Livro de Laurent Joly)

Judeus: questões sobre (Juifs: questions sur Vichy)

Por Jacques Duquesne (L'Express), publicado em 15/06/2006

Altamente documentada, a tese de Laurent Joly sobre o Comissariado Geral imposto pelo país ocupante. Daí a aceitar sua conclusão...

Os nazis mandavam, Vichy fazia. A partir do verão de 1940, o SS Dannecker queria criar na França um escritório central para assuntos judaicos. Os homens de Vichy, já haviam desenvolvido sua própria legislação antissemita, tardiamente. Substituindo a Pierre Laval como chefe de governo, o almirante Darlan não demora muito para satisfazer o ocupante. Assim cria o Comissariado Geral para Assuntos Judaicos (CGQJ, sigla em francês).

Estranhamente, ela não fez um livro real sobre o CGAJ. E aqui está, um bloco de 1.000 páginas da tese. Laurent Joly trabalhou todos os arquivos disponíveis. Ele dá a esta triste instituição, seus líderes, a ideologia por trás deles, a sua pequena equipe, uma imagem detalhada. Necessariamente mais sutil do que o sentido usual, porque qualquer investigação aprofundada revela brigas pessoais, as diferenças de interesse ou táticas.

A "arianização" das propriedades judaicas

Alguns leitores vão descobrir um assunto pouco tratado, com o foco definido, logicamente, sobre as deportações: o roubo e a "arianização" das propriedades dos judeus que interessava ​​- no sentido material - muitos dirigentes. Lamentamos que este estudo, de uma riqueza rara, dedica apenas nove páginas de relatórios complexos à CGAJ com o Presbitério e com a União Geral dos Judeus na França (UGIF), instituição dita representativa criada por uma lei de 1941. E não vamos aceitar a conclusão de que "depois da Romênia, a França de Vichy é, certamente, dos países satélites que, por si só, desempenhou o papel mais criminoso nas políticas genocidas dos nazistas." Há quase 40 anos no livro La Destruction des juifs d'Europe (A destruição dos judeus europeus), Raul Hilberg, disse essencialmente: "Na Holanda, os alemães deportaram mais de três quartos dos judeus, na França, as estatísticas eram exatamente o oposto, impedidos com os esforços para deportar todos os judeus franceses, os alemães foram atrás da propriedade da comunidade judaica ".

Fonte: L'Express (França)
http://www.lexpress.fr/culture/livre/vichy-dans-la-solution-finale-histoire-du-commissariat-general-aux-questions-juives_821365.html
Tradução: Roberto Lucena

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