domingo, 10 de janeiro de 2010

Ex-líder neonazista admite envolvimento no roubo da placa de Auschwitz

ESTOCOLMO — Um ex-dirigente neonazista de nacionalidade sueca, suspeito de ter participado no roubo do letreiro em alemão "O trabalho nos torna livre" do ex-campo de extermínio nazista de Auschwitz-Birkenau, admitiu nesta sexta-feira seu envolvimento nos fatos.

Anders Hogstrom, 34 anos e fundador e diretor de 1994 a 1999 da Frente Nacional-Socialista, principal partido neonazista sueco, admitiu que foi convidado a atuar como intermediário para vender o letreiro "Arbeit macht frei", roubado em 18 de dezembro passado, mas que, por fim, alertou a polícia polonesa sobre o roubo.

"'Me disseram que havia uma pessoa disposta a pagar vários milhões de coroas suecas pelo letreiro", contou ao tabloide Aftonbladet.

Segundo ele, foi graças a um alerta seu que a polícia conseguiu recuperar a inscrição, que foi encontrada alguns dias mais tarde, partida em três pedaços. Cinco poloneses foram detidos por envolvimento no roubo.

"Estou orgulho por ter revelado à polícia e acabado com essa história", acrescentou.

Indagada pela AFP, uma porta-voz da polícia de Cracóvia desmentiu esta versão.

"A ligação telefônica da Suécia aconteceu quando já estávamos prendendo os ladrões", segundo a porta-voz.

No final de 1999, Anders Hogstrom se distanciou do nazismo, convertendo-se num arrependido modelo, indicou tabloide sueco.

Os cinco detidos, que têm idades que variam de 20 a 40 anos, podem pegar penas de até dez anos de prisão.

A histórica inscrição será restituída ao Museu de Auschwitz tão logo seja possível e antes do 65º aniversário da libertação do campo pelo Exército soviético em 27 de janeiro de 1945.

A placa com a frase em alemão simboliza, para a maioria, o cinismo sem limites da Alemanha nazista.

O slogan popularizado pelo pastor alemão Lorenz Diefenbach, morto em 1886, em seu livro "Arbeit Macht Frei", foi retomado pelos nazistas em 1930.

No início, os nazistas o utilizavam com fins de propaganda na luta contra o elevado desemprego na Alemanha, mas, anos mais tarde, se converteu num slogan dos campos de trabalho e extermínio alemães.

A ideia de utilizar a frase nos campos é atribuída ao SS Theodor Eicke, um dos chefes da concepção e organização das redes de campos nazistas.

"Arbeit macht frei" figurava na entrada dos campos de Dachau, Gross-Rosen, Sachsenhausen, Theresienstadt, Flossenburg e Auschwitz, o maior de todos os campos de extermínio.

Fabricada em julho de 1940 por um prisioneiro polonês, o ferreiro Jan Liwacz, a inscrição de Auschwitz é de aço, mede cinco metros e tem uma particularidade: a letra B da palavra Arbeit está invertida.

Segundo uma interpretação perpetuada pelos sobreviventes, o B invertido simbolizava insubmissão e a resistência à opressão nazista, explicou Sawicki.

Quando, em 27 de janeiro de 1945, o Exército soviético libertou Auschwitz, a inscrição foi desmontada e ia ser levada para o Leste de trem.

No entanto, Eugeniusz Nosal, um prisioneiro polonês recém-libertado, subornou um guarda soviético com uma garrafa de vodca para recuperá-la.

Escondida durante dois anos na prefeitura de Oswiecim (nome polonês do campo de Auschwitz), a inscrição voltou a seu lugar original em 1947, quando o campo de extermínio virou museu e memorial.

Entre 1940 e 1945, o regime nazista alemão exterminou 1,1 milhão de pessoas em Auschwitz-Birkenau.

Fonte: AFP
http://www.google.com/hostednews/afp/article/ALeqM5jCySYsJaG4mbq01xrLpLfiT0BKpQ

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