Pra quem não conhece, essa é uma banda ou mini-orquestra formada (e encabeçada) pelo ex-integrante do ABBA, Benny Andersson (o que ficava ao piano/teclados), a Benny Anderssons Orkester (sigla BAO), e que circula pela Suécia e às vezes pelo resto da Europa em pequenas turnês ou apresentações, mas a maioria das apresentações da BAO que aparece no Youtube são pela Suécia mesmo. O som dela tem uma sonoridade de músicas folclóricas da Suécia embora tenha alguma influências sonora do som do ABBA.
Incrível ter levado tanto tempo pra descobrir essa banda. Pra quem sentir saudades da sonoridade do ABBA, embora não seja a mesma coisa, é uma boa dica.
Com o vocal impressionante (figura carismática, com potência vocal fora de série, o fato de ser cantora lírica, ou próximo a isso, também ajuda) de Helen Sjöholm, que dá o contorno final à banda. Ela participou deste filme sueco, que gostaria de assistir, de Kay Pollak, "Så Som I Himmelen" (Título em português: A Vida no Paraíso; Título em inglês: As it is in Heaven), que concorreu ao Oscar de melhor filme estrangeiro e tem uma cena memorável dela cantando a música "Gabriellas Sång" (Música de Gabriella) que foi removido do Youtube pela turma do Copyright (pra variar, gente mala da pior espécie, e não me apareça gente defendendo esses malas. Vão se ferrar ambos, a turma do Copyright e os defensores), só que achei um vídeo semelhante ao que havia visto e foi removido (demora uns 15 segundos pro áudio começar, não tirem antes), assistam enquanto a "turma do copyright" não apronta de novo:
Helen Sjöholm - Gabriellas sång. ( Så som i himmelen ) Allsang På Grensen. Norway
Link alternativo:
As it is in Heaven (Så Som I Himmelen) - Gabriellas Sång
Helen Sjöholm a TV sueca com "Gabriellas sång-TV4"
Link morto: Helen Sjöholm - Gabriellas sång (OST - Så Som I Himmelen)
https://www.youtube.com/embed/PvVFPqQOJAc
Não vou me alongar pois não conheço direito os discos da BAO (não deu pra decorar todas as músicas pois eles cantam em sueco, com exceção de um disco lançado em inglês com versões das músicas em inglês, Story of a Heart) embora já tenha ouvido a maioria
Aqui a música Story of a heart (versão em inglês). E aqui a versão em sueco, ao vivo, do DVD da banda: Sommaren Du Fick - BAO. Prefiro a versão no idioma original.
A maioria das composições é da mesma dupla do ABBA, Benny Andersson e Björn Ulvaeus.
Outra curiosidade sonora da coisa é que o sueco, apesar da visível diferença das línguas neolatinas, tem muito som de vogal, por isso que soa agradável as músicas cantadas nesse idioma, e acho legal quando cantam no idioma original da banda.
Boas festas e fiquem ao som de "Allt Syns När Man Är Naken", que quer dizer mais ou menos "Tudo fica visível quando você está nu" ou "As coisas ficam mais claras quando você fica despido", música da dupla Björn e Benny com melodia fora de série, na voz de Helen Sjöholm acompanhada de Tommy Körberg e Kalle Moraeus nos vocais auxiliares (secundários). Como curiosidade, vídeo de gravação da música com a BAO:
ABBA BENNY ALLT SYNS NAR MAN AR NAKEN 2011
A música ao vivo, inteira, em algum programa sueco:
Benny Anderssons Orkester - Allt Syns När Man Är Naken
Link alternativo, aqui com a apresentação dela no DVD:
Benny Anderssons Orkester (DVD) - Allt syns när man är naken
E este outro com outra apresentação (ao vivo) da mesma música na TV sueca:
Benny Anderssons Orkester (BAO) - Allt Syns När Man Är Naken
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terça-feira, 23 de dezembro de 2014
domingo, 14 de dezembro de 2014
Foi o Holocausto um fenômeno marginal nos países neutros?
O Holocausto não foi, de forma alguma, um mero capítulo da II Guerra Mundial. Foi, na verdade, um acontecimento determinante na história europeia.
Entre os dias 24 e 26 de Novembro teve lugar, em Madrid, o Colóquio Internacional “Bystanders, Recuers or Perpetrators. The Neutral Countries and the Shoah”. Organizado pelo Centro Sefarad, pelo Centro de Estudos do Holocausto e Genocídio (Universidade do Minnesota), pelo Memorial da Shoah (Paris), pelo Departamento Federal dos Negócios Estrangeiros da Suíça, pela Fundação da Topografia do Terror (Berlim), foi o primeiro encontro em que se debateu o papel dos países neutros relativamente ao tema, numa perspectiva comparada. A par de investigadores da Suécia, Suíça, Turquia e Espanha, estiveram presentes três historiadores que se têm debruçado sobre a problemática dos refugiados judeus em Portugal e do relacionamento do Estado Novo com o III Reich.
Portugal esteve representado, pela primeira vez, num fórum acadêmico internacional que debateu um dos episódios mais trágicos da história contemporânea – a atitude dos países europeus neutros face ao massacre dos judeus pelos nazis. Este encontro refletiu, na verdade, uma mudança ocorrida nas últimas décadas na própria historiografia, cujo paradigma se estendeu do “epicentro” do Holocausto para a “periferia”, isto é, para aqueles países que durante muito tempo foram vistos como meros “espectadores”. Um dos oradores questionou mesmo se foi possível ser-se neutro perante um genocídio (Paul Levine).
As palavras “similaridade”, apesar das diferenças, e “ambiguidade” foram, talvez, as mais utilizadas ao longo dos três dias. Uma das principais conclusões a que se chegou foi o facto de a resposta à perseguição movida pelo regime Nacional-Socialista ter sido similar em todos estes países. Todos optaram por adotar medidas restritivas, fechando as fronteiras aos que tentavam salvar-se, sob o pretexto de que os refugiados poderiam perturbar o mercado de trabalho interno ou, até, pôr em perigo a homogeneidade nacional. E até os documentos oficiais refletem esta semelhança ao utilizarem termos como “indesejáveis” para classificar os judeus. Análoga foi, ainda, a resposta ao ultimato alemão de repatriamento dos judeus, em 1943/1944, e o ajustamento da política fronteiriça de acordo com a evolução da guerra.
Terá sido o grau de conhecimento e de compreensão dos fatos fatores que condicionaram a resposta e posição dos países neutros? De fato, não era possível prever o que iria acontecer depois da invasão da União Soviética, em Junho de 1941, dado que o chamado Holocausto – ou Shoah – se tratou, como o historiador Yehuda Bauer demonstrou, de um genocídio não planeado, que evoluiu por etapas e teve a sua expressão máxima, no Leste europeu, a partir de final de 1941. Se até então a discriminação, emigração/expulsão dos judeus (e “arianização” da sua propriedade) eram centrais na política nazi, e era uma solução possível, embora cada vez mais difícil devido aos entraves colocados pelos nazis e à própria guerra, a partir de final de 1942 e ao longo de 1943, tornou-se cada vez mais claro o que estava a acontecer no Leste da Europa. No entanto, o mesmo Yehuda Bauer chamou a atenção para o facto de o genocídio nazi dos judeus não ter tido precedente e de que, apesar de os países aliados e neutros terem obtido algumas informações sobre o que se passava na Europa de Leste ocupada, se tem de fazer uma distinção entre informação e conhecimento, sendo este último fundamental para a tomada de uma ação.
Outros fatores equacionados pelo investigadores presentes foram o regime político (democracia/ditadura) dos países neutros, a proximidade/distanciamento ideológico face ao Nacional-Socialismo, o peso da opinião pública, a existência de antissemitismo individual e/ou estatal, a questão da soberania nacional ou, entre outros, o desfecho da guerra.
Ficou claro que o Holocausto não foi, de forma alguma, um mero capítulo da II Guerra Mundial. Foi, na verdade, um acontecimento determinante na história europeia. Para alguns países, como a Suécia, tornou-se numa memória essencial para a própria integração na Europa. Mas, além de ser um facto da história europeia, foi ainda um facto da história da Humanidade e uma questão ética da humanidade. Isto explica a necessidade de apostar no seu ensino, que é tanto mais premente quando se assiste na Europa à ascensão de uma nova extrema-direita, ao recrudescimento da xenofobia e do antissemitismo, bem como à banalização do Holocausto devido ao conflito israelo-palestiniano. A abordagem do tema no ensino básico e secundário ajudará – como foi sublinhado num dos últimos painéis sobre a sua memória e educação nos países neutros – a uma reflexão mais ampla sobre racismo, democracia – tão frágil –, direitos humanos ou sobre o papel da história e da memória na construção de uma educação para a cidadania.
Que obstáculos enfrentam os professores nos países neutros? Um dos desafios consiste no fato de se estar a ensinar sobre algo que não teve lugar no interior das suas fronteiras, não existindo mesmo “lugares de memória”, como os campos. Outros países, onde a transição pacífica para a democracia – como foi o caso de Espanha – não conduziu a uma confrontação com a memória, é ainda necessário lidar com o legado da ditadura e enfrentar, com honestidade, o passado (Marta Simó). Este é o caso da Espanha, onde o regime Franquista apostou na construção da sua própria memória histórica em torno do envolvimento do país na II Guerra Mundial.
No final da conferência houve ainda oportunidade para refletir sobre o futuro da investigação sobre o Holocausto, realçando-se a necessidade de incorporar na agenda historiográfica destes países uma abordagem comparativa, promovendo-se projetos conjuntos, bilaterais, especialmente entre Portugal e Espanha. Esta necessidade traduz-se, no caso português, num continuado esforço por parte da historiografia nacional em trilhar o seu caminho, contando com o apoio das instituições científicas nacionais e da própria sociedade civil. Finalmente, observou-se que, se a Historiografia sobre o tema em Portugal já é assinalável, o País ainda só tem um estatuto de observador, a par da Bulgária, Macedônia e Turquia, na Aliança Internacional de Memória do Holocausto (International Holocaust Remembrance Alliance- IHRA), que teve o seu segundo plenário semi-anual, entre 1 e 4 de Dezembro de 2014, em Manchester.
Cláudia Ninhos e Irene Flunser Pimentel
Historiadoras e autoras de Portugal, Salazar e o Holocausto, 2013
Fonte: Público (Portugal)
http://www.publico.pt/mundo/noticia/foi-o-holocausto-um-fenomeno-marginal-nos-paises-neutros-1678689?page=-1
Entre os dias 24 e 26 de Novembro teve lugar, em Madrid, o Colóquio Internacional “Bystanders, Recuers or Perpetrators. The Neutral Countries and the Shoah”. Organizado pelo Centro Sefarad, pelo Centro de Estudos do Holocausto e Genocídio (Universidade do Minnesota), pelo Memorial da Shoah (Paris), pelo Departamento Federal dos Negócios Estrangeiros da Suíça, pela Fundação da Topografia do Terror (Berlim), foi o primeiro encontro em que se debateu o papel dos países neutros relativamente ao tema, numa perspectiva comparada. A par de investigadores da Suécia, Suíça, Turquia e Espanha, estiveram presentes três historiadores que se têm debruçado sobre a problemática dos refugiados judeus em Portugal e do relacionamento do Estado Novo com o III Reich.
Portugal esteve representado, pela primeira vez, num fórum acadêmico internacional que debateu um dos episódios mais trágicos da história contemporânea – a atitude dos países europeus neutros face ao massacre dos judeus pelos nazis. Este encontro refletiu, na verdade, uma mudança ocorrida nas últimas décadas na própria historiografia, cujo paradigma se estendeu do “epicentro” do Holocausto para a “periferia”, isto é, para aqueles países que durante muito tempo foram vistos como meros “espectadores”. Um dos oradores questionou mesmo se foi possível ser-se neutro perante um genocídio (Paul Levine).
As palavras “similaridade”, apesar das diferenças, e “ambiguidade” foram, talvez, as mais utilizadas ao longo dos três dias. Uma das principais conclusões a que se chegou foi o facto de a resposta à perseguição movida pelo regime Nacional-Socialista ter sido similar em todos estes países. Todos optaram por adotar medidas restritivas, fechando as fronteiras aos que tentavam salvar-se, sob o pretexto de que os refugiados poderiam perturbar o mercado de trabalho interno ou, até, pôr em perigo a homogeneidade nacional. E até os documentos oficiais refletem esta semelhança ao utilizarem termos como “indesejáveis” para classificar os judeus. Análoga foi, ainda, a resposta ao ultimato alemão de repatriamento dos judeus, em 1943/1944, e o ajustamento da política fronteiriça de acordo com a evolução da guerra.
Terá sido o grau de conhecimento e de compreensão dos fatos fatores que condicionaram a resposta e posição dos países neutros? De fato, não era possível prever o que iria acontecer depois da invasão da União Soviética, em Junho de 1941, dado que o chamado Holocausto – ou Shoah – se tratou, como o historiador Yehuda Bauer demonstrou, de um genocídio não planeado, que evoluiu por etapas e teve a sua expressão máxima, no Leste europeu, a partir de final de 1941. Se até então a discriminação, emigração/expulsão dos judeus (e “arianização” da sua propriedade) eram centrais na política nazi, e era uma solução possível, embora cada vez mais difícil devido aos entraves colocados pelos nazis e à própria guerra, a partir de final de 1942 e ao longo de 1943, tornou-se cada vez mais claro o que estava a acontecer no Leste da Europa. No entanto, o mesmo Yehuda Bauer chamou a atenção para o facto de o genocídio nazi dos judeus não ter tido precedente e de que, apesar de os países aliados e neutros terem obtido algumas informações sobre o que se passava na Europa de Leste ocupada, se tem de fazer uma distinção entre informação e conhecimento, sendo este último fundamental para a tomada de uma ação.
Outros fatores equacionados pelo investigadores presentes foram o regime político (democracia/ditadura) dos países neutros, a proximidade/distanciamento ideológico face ao Nacional-Socialismo, o peso da opinião pública, a existência de antissemitismo individual e/ou estatal, a questão da soberania nacional ou, entre outros, o desfecho da guerra.
Ficou claro que o Holocausto não foi, de forma alguma, um mero capítulo da II Guerra Mundial. Foi, na verdade, um acontecimento determinante na história europeia. Para alguns países, como a Suécia, tornou-se numa memória essencial para a própria integração na Europa. Mas, além de ser um facto da história europeia, foi ainda um facto da história da Humanidade e uma questão ética da humanidade. Isto explica a necessidade de apostar no seu ensino, que é tanto mais premente quando se assiste na Europa à ascensão de uma nova extrema-direita, ao recrudescimento da xenofobia e do antissemitismo, bem como à banalização do Holocausto devido ao conflito israelo-palestiniano. A abordagem do tema no ensino básico e secundário ajudará – como foi sublinhado num dos últimos painéis sobre a sua memória e educação nos países neutros – a uma reflexão mais ampla sobre racismo, democracia – tão frágil –, direitos humanos ou sobre o papel da história e da memória na construção de uma educação para a cidadania.
Que obstáculos enfrentam os professores nos países neutros? Um dos desafios consiste no fato de se estar a ensinar sobre algo que não teve lugar no interior das suas fronteiras, não existindo mesmo “lugares de memória”, como os campos. Outros países, onde a transição pacífica para a democracia – como foi o caso de Espanha – não conduziu a uma confrontação com a memória, é ainda necessário lidar com o legado da ditadura e enfrentar, com honestidade, o passado (Marta Simó). Este é o caso da Espanha, onde o regime Franquista apostou na construção da sua própria memória histórica em torno do envolvimento do país na II Guerra Mundial.
No final da conferência houve ainda oportunidade para refletir sobre o futuro da investigação sobre o Holocausto, realçando-se a necessidade de incorporar na agenda historiográfica destes países uma abordagem comparativa, promovendo-se projetos conjuntos, bilaterais, especialmente entre Portugal e Espanha. Esta necessidade traduz-se, no caso português, num continuado esforço por parte da historiografia nacional em trilhar o seu caminho, contando com o apoio das instituições científicas nacionais e da própria sociedade civil. Finalmente, observou-se que, se a Historiografia sobre o tema em Portugal já é assinalável, o País ainda só tem um estatuto de observador, a par da Bulgária, Macedônia e Turquia, na Aliança Internacional de Memória do Holocausto (International Holocaust Remembrance Alliance- IHRA), que teve o seu segundo plenário semi-anual, entre 1 e 4 de Dezembro de 2014, em Manchester.
Cláudia Ninhos e Irene Flunser Pimentel
Historiadoras e autoras de Portugal, Salazar e o Holocausto, 2013
Fonte: Público (Portugal)
http://www.publico.pt/mundo/noticia/foi-o-holocausto-um-fenomeno-marginal-nos-paises-neutros-1678689?page=-1
terça-feira, 22 de abril de 2014
Escritor gera polêmica ao questionar ‘paraíso’ escandinavo
Alvaro A. Ricciardelli
Da BBC Mundo
Atualizado em 11 de fevereiro, 2014 - 17:08 (Brasília) 19:08 GMT
(Foto) Menina com bandeira da Noruega pintada no rosto | Crédito: Getty
Um escritor britânico levantou polêmica ao questionar publicamente um pensamento popular: o de que a Escandinávia é o melhor lugar do mundo para se viver.
Intitulado Terras Escuras: a Triste Verdade por trás do Mito Escandinavo, um artigo de Michael Booth, publicado na edição impressa do jornal The Guardian, critica duramente a região, que ostenta índices invejáveis de saúde e educação.
O assunto também é tema do último livro do autor, para quem a Escandinávia não é "o paraíso que parece".
"Queria fazer os leitores do jornal acordar do coma escandinavo", afirmou Booth à BBC Mundo, o serviço em espanhol da BBC.
Booth vive na Dinamarca e é casado com uma dinamarquesa. Apesar de assumir que gosta de morar ali, destaca que "nem tudo é cor de rosa".
No artigo, ele discorre sobre os problemas da Finlândia com armas e álcool, do giro à direita da tradicionalmente social-democrata sociedade norueguesa, do desemprego juvenil na Suécia e dos problemas de saúde dos dinamarqueses.
"Nos últimos dez anos, o jornal The Guardian só publicou artigos positivos sobre essa estranha utopia que é a Escandinávia. Por isso, fui deliberadamente provocador e mostrei apenas parte da verdade. Claro que fui um pouco selvagem e brutal, mas acredito que tinha de fazê-lo", assegura.
A "brutalidade" de Booth deu resultado. O artigo recebeu mais de 1 milhão de visualizações, foi comentado por mais de 3 mil pessoas e compartilhado 7 mil vezes.
Suicídio e depressão
Um dos mitos associados à Escandinávia diz respeito à alta concentração de suicídios na região.
Na verdade, porém, segundo dados da Organização Mundial da Saúde, nenhum dos países escandinavos figura entre os dez com maior taxa de suicídios no mundo.
Booth lembra, no entanto, que são os escandinavos que consomem mais antidepressivos, segundo dados da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).
O britânico também revela outras verdades incômodas, como as de que as escolas dinamarquesas não têm grandes resultados – feito que se atribui aos resultados do teste Pisa (sigla em inglês do Programa para Avaliação Internacional de Estudantes); que a maior parte das mortes de homens na Finlândia está relacionada com o álcool, como indica o Sistema de Estatística da Finlândia; que a Suécia é um dos dez maiores exportadores de armas do mundo, segundo o Instituto Internacional de Estudos para a Paz de Estocolmo.
Além disso, Booth lembra que, entre todos os países escandinavos, o mais rico, a Noruega, que advoga por um ambiente mais limpo, continua sendo um dos principais exportadores de petróleo do mundo.
"Há uns dez anos, a gente no Reino Unido sonhava em ter uma casa na França, na Espanha ou na Itália. Mas, então, chegou a crise, e as pessoas olharam para a Escandinávia porque viu ali uma espécie de retorno a certos valores básicos: a segurança, a confiança e uma sociedade um pouco mais simples e funcional, tanto estetica quanto estruturalmente. Há uma menor diferença entre ricos e pobres, há um maior sentido de comunidade, uma maior coesão social", acrescenta Booth.
Andoni | Crédito: BBC
"Mas a verdade é que provavelmente nem os britânicos nem os americanos iriam querer viver tanto tempo aqui se soubessem como realmente é", acrescenta o autor, que afirma que gosta de viver na Dinamarca, mas reconhece que se acostumou "a uma série de dificuldades".
Uma delas é óbvia, mas não menos importante: o clima.
"Isso é o mais complicado", assegura à BBC Mundo Óscar, um venezuelano que há mais de dez anos mora na Noruega.
"A diferença entre o verão e o inverno é enorme", acrescenta Montserrat, uma espanhola que vive em Copenhague há sete anos. "No inverno, todo mundo sai de cara fechada e ninguém se olha, mas no verão todo mundo é amigo de todo mundo".
Segregação
O espanhol Andoni, de um pequeno povoado perto de Sevilha, é outro estrangeiro que mora na Escandinávia.
Quando a crise atingiu em cheio a Espanha, ele arrumou as malas e rumou junto com sua família a Gotemburgo, na Suécia.
Segundo ele, pesaram em sua decisão a saúde e a educação pública de qualidade.
"O Estado te ajuda com tudo, e a ideia é que os dois pais possam trabalhar, por isso existe esse incentivo".
Os materiais escolares, a merenda e a creche são subvencionados. Apesar disso, Andoni se disse surpreso ao descobrir que, em alguns colégios, a segregação era assustadora.
"No primeiro colégio em que meus filhos estudavam, não havia nenhum filho de suecos ainda que o bairro não era precisamente exclusivo de imigrantes", assegura Andoni, que também afirma que antes de chegar tinha a ideia de que a sociedade sueca era mais multicultural.
A xenofobia também foi um dos temas abordados pelo artigo de Booth para o Guardian.
"Teve gente que me perguntou pelo Twitter como eu me atrevia a chamar os noruegueses de racistas, e a verdade é que não fiz isso, só falei do avanço de um partido claramente islamofóbico nas últimas eleições", afirma Booth.
O partido em questão é o Fremskrittpartiet, que forma parte da coalizão que governa o país, junto do partido conservador Hoyre ("direita", em norueguês).
A sigla acolheu durante muitos anos em suas fileiras o norueguês Anders Breivijk, que matou 70 pessoas no verão de 2011 e deixou o país em estado de choque.
"Nunca disse que os noruegueses eram racistas, mas sim que há certas forças políticas, como o Fremskrittpartiet, cujos líderes, em algumas ocasiões, fizeram declarações xenofóbicas e agora são forças políticas com muito poder", afirma Booth.
Por outro lado, os países nórdicos são um dos destinos mais tradicionais de refugiados, mas não são poucos os problemas de integração para os que vêm de fora.
"O imigrante precisa demonstrar que está disposta a fazer um verdadeiro esforço para se integrar", afirma Montserrat, que fala dinarmarquês fluentemente e é casada com um nativo.
Reações
Bandeira da Suécia | Crédito: AFP (Foto)
As reações ao artigo Booth foram tão acaloradas quanto suas objeções aos problemas da região.
Dois dias depois de sua publicação, o Guardian veiculou outro artigo dando voz à opinião de personalidades escandinavas.
O dinamarquês Adam Price, criador de Borgen, uma famosa série televisiva, classificou o texto de Booth como "divertido", ainda que afirmou que a sociedade dinamarquesa é muito mais homogênea do que o autor assegura.
Por sua parte, o ministro finlandês para a Europa disse ser difícil levar o autor a sério, "considerando que vem de um país com um sistema de encanamento que data da época vitoriana".
Já os islandeses reclamaram de ter sido ignorados pelo artigo, uma vez que o autor afirmou que só existem "poucos".
"Os noruegueses levaram o artigo a sério demais. Não estão acostumados à crítica nem a ser taxados como vilões, mas realmente ganham muito dinheiro com petróleo e todos sabemos que os combustíveis fósseis não são tão benéficos ao meio ambiente", acrescenta Booth.
"Muita gente me telefonou dizendo que o Reino Unido não é melhor. Mas eu não falei isso. Não criei uma competição entre países", afirmou o autor.
Os suecos foram um pouco além e viram tintas políticas no ataque. Lars Trägaardh, professor de história da Universidade Sköndal, em Estocolmo, disse que o artigo de Booth ia na mesma linha das declarações de Eisenhower, nas quais o ex-presidente americano criticava a "filosofia socialista" e a "falta de ambição" da sociedade sueca.
Trägaardh diz que "a coesão social não é um prato fácil de digerir para todos", apesar de reconhecer os desafios que a globalização e a migração apresentam.
"Meu artigo queria deixar claro que não há nenhum lugar perfeito. A Escandinávia é genial e ninguém aqui a está menosprezando. Veja, meu livro se chama "A gente quase perfeita", e é realmente isso que eu penso, que não são absolutamente perfeitos, mas estão próximos disso", conclui.
Fonte: BBC Brasil
http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2014/02/140211_escandinavia_mitos_polemica_lgb.shtml
Da BBC Mundo
Atualizado em 11 de fevereiro, 2014 - 17:08 (Brasília) 19:08 GMT
Em artigo para jornal britânico, Michael Booth fez duas críticas aos países da Escandinávia |
Um escritor britânico levantou polêmica ao questionar publicamente um pensamento popular: o de que a Escandinávia é o melhor lugar do mundo para se viver.
Intitulado Terras Escuras: a Triste Verdade por trás do Mito Escandinavo, um artigo de Michael Booth, publicado na edição impressa do jornal The Guardian, critica duramente a região, que ostenta índices invejáveis de saúde e educação.
O assunto também é tema do último livro do autor, para quem a Escandinávia não é "o paraíso que parece".
"Queria fazer os leitores do jornal acordar do coma escandinavo", afirmou Booth à BBC Mundo, o serviço em espanhol da BBC.
Booth vive na Dinamarca e é casado com uma dinamarquesa. Apesar de assumir que gosta de morar ali, destaca que "nem tudo é cor de rosa".
No artigo, ele discorre sobre os problemas da Finlândia com armas e álcool, do giro à direita da tradicionalmente social-democrata sociedade norueguesa, do desemprego juvenil na Suécia e dos problemas de saúde dos dinamarqueses.
"Nos últimos dez anos, o jornal The Guardian só publicou artigos positivos sobre essa estranha utopia que é a Escandinávia. Por isso, fui deliberadamente provocador e mostrei apenas parte da verdade. Claro que fui um pouco selvagem e brutal, mas acredito que tinha de fazê-lo", assegura.
A "brutalidade" de Booth deu resultado. O artigo recebeu mais de 1 milhão de visualizações, foi comentado por mais de 3 mil pessoas e compartilhado 7 mil vezes.
Suicídio e depressão
Um dos mitos associados à Escandinávia diz respeito à alta concentração de suicídios na região.
Na verdade, porém, segundo dados da Organização Mundial da Saúde, nenhum dos países escandinavos figura entre os dez com maior taxa de suicídios no mundo.
Booth lembra, no entanto, que são os escandinavos que consomem mais antidepressivos, segundo dados da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).
O britânico também revela outras verdades incômodas, como as de que as escolas dinamarquesas não têm grandes resultados – feito que se atribui aos resultados do teste Pisa (sigla em inglês do Programa para Avaliação Internacional de Estudantes); que a maior parte das mortes de homens na Finlândia está relacionada com o álcool, como indica o Sistema de Estatística da Finlândia; que a Suécia é um dos dez maiores exportadores de armas do mundo, segundo o Instituto Internacional de Estudos para a Paz de Estocolmo.
Além disso, Booth lembra que, entre todos os países escandinavos, o mais rico, a Noruega, que advoga por um ambiente mais limpo, continua sendo um dos principais exportadores de petróleo do mundo.
"Há uns dez anos, a gente no Reino Unido sonhava em ter uma casa na França, na Espanha ou na Itália. Mas, então, chegou a crise, e as pessoas olharam para a Escandinávia porque viu ali uma espécie de retorno a certos valores básicos: a segurança, a confiança e uma sociedade um pouco mais simples e funcional, tanto estetica quanto estruturalmente. Há uma menor diferença entre ricos e pobres, há um maior sentido de comunidade, uma maior coesão social", acrescenta Booth.
Andoni | Crédito: BBC
Morando na Suécia, o espanhol Andoni diz ter ficado surpreso com segregação no país |
Uma delas é óbvia, mas não menos importante: o clima.
"Isso é o mais complicado", assegura à BBC Mundo Óscar, um venezuelano que há mais de dez anos mora na Noruega.
"A diferença entre o verão e o inverno é enorme", acrescenta Montserrat, uma espanhola que vive em Copenhague há sete anos. "No inverno, todo mundo sai de cara fechada e ninguém se olha, mas no verão todo mundo é amigo de todo mundo".
Segregação
O espanhol Andoni, de um pequeno povoado perto de Sevilha, é outro estrangeiro que mora na Escandinávia.
Quando a crise atingiu em cheio a Espanha, ele arrumou as malas e rumou junto com sua família a Gotemburgo, na Suécia.
Segundo ele, pesaram em sua decisão a saúde e a educação pública de qualidade.
"O Estado te ajuda com tudo, e a ideia é que os dois pais possam trabalhar, por isso existe esse incentivo".
Os materiais escolares, a merenda e a creche são subvencionados. Apesar disso, Andoni se disse surpreso ao descobrir que, em alguns colégios, a segregação era assustadora.
"No primeiro colégio em que meus filhos estudavam, não havia nenhum filho de suecos ainda que o bairro não era precisamente exclusivo de imigrantes", assegura Andoni, que também afirma que antes de chegar tinha a ideia de que a sociedade sueca era mais multicultural.
A xenofobia também foi um dos temas abordados pelo artigo de Booth para o Guardian.
"Teve gente que me perguntou pelo Twitter como eu me atrevia a chamar os noruegueses de racistas, e a verdade é que não fiz isso, só falei do avanço de um partido claramente islamofóbico nas últimas eleições", afirma Booth.
O partido em questão é o Fremskrittpartiet, que forma parte da coalizão que governa o país, junto do partido conservador Hoyre ("direita", em norueguês).
A sigla acolheu durante muitos anos em suas fileiras o norueguês Anders Breivijk, que matou 70 pessoas no verão de 2011 e deixou o país em estado de choque.
"Nunca disse que os noruegueses eram racistas, mas sim que há certas forças políticas, como o Fremskrittpartiet, cujos líderes, em algumas ocasiões, fizeram declarações xenofóbicas e agora são forças políticas com muito poder", afirma Booth.
Por outro lado, os países nórdicos são um dos destinos mais tradicionais de refugiados, mas não são poucos os problemas de integração para os que vêm de fora.
"O imigrante precisa demonstrar que está disposta a fazer um verdadeiro esforço para se integrar", afirma Montserrat, que fala dinarmarquês fluentemente e é casada com um nativo.
Reações
Bandeira da Suécia | Crédito: AFP (Foto)
Professor sueco comparou declarações de Booth às de Eisenhower |
Dois dias depois de sua publicação, o Guardian veiculou outro artigo dando voz à opinião de personalidades escandinavas.
O dinamarquês Adam Price, criador de Borgen, uma famosa série televisiva, classificou o texto de Booth como "divertido", ainda que afirmou que a sociedade dinamarquesa é muito mais homogênea do que o autor assegura.
Por sua parte, o ministro finlandês para a Europa disse ser difícil levar o autor a sério, "considerando que vem de um país com um sistema de encanamento que data da época vitoriana".
Já os islandeses reclamaram de ter sido ignorados pelo artigo, uma vez que o autor afirmou que só existem "poucos".
"Os noruegueses levaram o artigo a sério demais. Não estão acostumados à crítica nem a ser taxados como vilões, mas realmente ganham muito dinheiro com petróleo e todos sabemos que os combustíveis fósseis não são tão benéficos ao meio ambiente", acrescenta Booth.
"Muita gente me telefonou dizendo que o Reino Unido não é melhor. Mas eu não falei isso. Não criei uma competição entre países", afirmou o autor.
Os suecos foram um pouco além e viram tintas políticas no ataque. Lars Trägaardh, professor de história da Universidade Sköndal, em Estocolmo, disse que o artigo de Booth ia na mesma linha das declarações de Eisenhower, nas quais o ex-presidente americano criticava a "filosofia socialista" e a "falta de ambição" da sociedade sueca.
Trägaardh diz que "a coesão social não é um prato fácil de digerir para todos", apesar de reconhecer os desafios que a globalização e a migração apresentam.
"Meu artigo queria deixar claro que não há nenhum lugar perfeito. A Escandinávia é genial e ninguém aqui a está menosprezando. Veja, meu livro se chama "A gente quase perfeita", e é realmente isso que eu penso, que não são absolutamente perfeitos, mas estão próximos disso", conclui.
Fonte: BBC Brasil
http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2014/02/140211_escandinavia_mitos_polemica_lgb.shtml
domingo, 30 de março de 2014
Suécia admite que durante 100 anos marginalizou e esterilizou o povo cigano
Dois ciganos desalojados de um acampamento em Estocolmo em 14 de março. / Rikard Stadler (Cordon Press) |
Ana Carbajosa / Miguel Mora Madri / Paris 29 MAR 2014 - 15:20 BRT
Ao longo do último século, a Suécia esterilizou, perseguiu, retirou crianças de suas famílias e proibiu a entrada no país dos ciganos; e as pessoas dessa minoria étnica foram tratadas durante décadas pelo Estado como “incapacitados sociais”. Estes anúncios não foram feitos por uma ONG militante. Eles fazem parte do relato do Governo conservador sueco, que em um gesto inédito na Europa, tanto por sua honestidade intelectual como pela amplitude do respeito à verdade, decidiu olhar para o passado e a revirar seus arquivos mais obscuros.
A ideia é saldar as dívidas com o passado para procurar melhorar o presente: “A situação que vivem os ciganos hoje se devem à discriminação histórica a que ele foram submetidos”, afirma o chamado Livro Branco, que foi apresentado nesta semana em Estocolmo, e no qual se detalham os abusos cometidos com os ciganos a partir de 1900.
A coalizão de centro-direita vigia a ascensão da extrema direita
O ministro de Integração,Erik Ullenhag, definiu essas décadas de impunidade e racismo de Estado como “um período escuro e vergonhoso da história sueca”. Suas palavras coincidiram com um episódio que ilustra a situação atual: na quarta-feira, uma das mulheres ciganas convidadas a dar seu depoimento foi proibida pelos funcionários do hotel Sheraton de entrar na área do café da manhã.
Os abusos históricos, assinala o Livro Branco, seguiram um padrão criado há séculos pelas monarquias europeias: começaram com os censos que elaboraram organismos oficiais como o Instituto para Biologia Racial ou a Comissão para a Saúde e o Bem-estar, que identificaram os ciganos que viviam no país. Os primeiros documentos oficiais descreviam os ciganos como “grupos indesejáveis para a sociedade” e como “uma carga”. Entre 1934 e 1974, o Estado prescreveu às mulheres ciganas a esterilização apelando ao “interesse das políticas de população”, como fez Austrália com os aborígenes. Não há cifras de vítimas, mas no Ministério de Integração explicam que uma em cada quatro famílias consultadas conhece algum caso de abortos forçados e esterilização. Os órgãos oficiais ficaram com a custódia de crianças ciganas que foram arrancadas de suas famílias. O estudo também não oferece dados sobre este costume, mas Sophia Metelius, assessora política do ministério, explica que se tratava de “uma prática sistemática”, sobretudo no inverno.
Estocolmo admite que proibiu a entrada de ciganos na Suécia até 1964, apesar de se saber o destino que tinham as minorias em um cenários de expansão nazista: os especialistas calculam que ao menos 600.000 romas e sintis foram exterminados no Porrajmos (como é conhecido o holocausto cigano), nas mãos do regime hitlerista e outros similares.
O Livro Branco detalha as prefeituras suecas que proibiram que os ciganos se assentassem de forma permanente, e lembra que as crianças eram segregadas em sala de aulas especiais e que não podiam ser atendidas pelos serviços sociais. “A ideia era tornar a vida deles impossível para que fossem embora do país”, resume Metelius.
Algumas destas práticas acontecem ainda em diversos países europeus, e a ciganofobia permanece com força na França , Grã-Bretanha e Alemanha. Paris desalojou em 2013 mais de 20.000 ciganos. Berlim planeja uma lei para evitar que os migrantes romenos e búlgaros —a maioria, roma— sem trabalho fiquem mais de seis meses no país.
Na próxima semana, a União Europeia celebrará uma cúpula especial para avaliar o caminho das políticas de integração da minoria roma. O panorama geral é desolador, com mostras de ódio racial na Hungria, Eslováquia e a República Tcheca.
Na Suécia, um país de cerca de nove milhões e meio de habitantes, vivem hoje mais de 50.000 ciganos. Por enquanto, as autoridades não contemplam a compensação aos familiares das vítimas de abusos, embora o Livro Branco abra porta para as demandas. O Governo estabeleceu a verdade histórica cruzando entrevistas pessoais de dúzias de ciganos com os arquivos oficiais. “Não são revelações novas. Os ciganos estão há anos contando estas histórias, mas ninguém dava atenção. Agora, simplesmente, reunimos os documentos oficiais e os cruzamos com depoimentos”, diz Sophia Metelius.
A coalizão de centro-direita enfrenta um forte crescimento nas pesquisas da extrema direita (10% das intenções de voto) e se propôs combater as mensagens xenófobas com uma firme defesa da tradição progressista sueca.
A aceitação em massa de refugiados sírios é uma das políticas com as quais liberais e conservadores querem demonstrar que o catastrofismo populista não deve irremediavelmente se converter em profecia autocumprida. O reconhecimento das selvagerias cometidas com os ciganos caminha nessa mesma direção. A ironia é que o civilizado e tolerante norte da Europa, ao final, não era tudo isso. A esperança se propaga com esse infrequente exercício de memória e respeito.
Fonte: El País (edição brasileira)
http://brasil.elpais.com/brasil/2014/03/28/internacional/1396032026_384483.html
sexta-feira, 31 de dezembro de 2010
Neonazi sueco condenado pelo furto da placa de Auschwitz
Ex-líder Neonazi Anders Högström
Condenado por incitar furto de letreiro de Auschwitz
O ex-líder neonazi sueco Anders Högström foi esta quinta-feira condenado, na Polônia, a dois anos e oito meses de prisão, por ter incitado ao furto do letreiro do antigo campo de concentração de Auschwitz, anunciou o porta-voz do Tribunal de Cracóvia.
Os dois cúmplices de Högström, os poloneses Andrzej Strychalski e Marcin Auguscinski, foram condenados a dois anos e seis meses de prisão e a dois anos e quatro meses de cadeia, respetivamente, noticiaram as agências internacionais. As penas somam-se a outras, decretadas em março, num primeiro processo, a outros três arguidos polacos, condenados a entre dezoito meses e dois anos e meio de prisão.
Högström vai cumprir a pena na Suécia, adiantou o porta-voz do Tribunal de Cracóvia, Rafal Lisak. Na abertura do processo, o arguido declarou-se culpado e aceitou, de antemão, a pena de dois anos e oito meses de cadeia pedida pelo Ministério Público. O letreiro irônico "Arbeit Macht Frei" (O Trabalho Liberta) desapareceu da entrada principal do antigo campo de concentração nazi de Auschwitz, na Polónia, a 18 de dezembro de 2009. Três dias depois, foi encontrado numa casa de campo.
Os autores materiais do furto foram presos horas depois da descoberta, graças à colaboração de cidadãos. O campo de concentração de Auschwitz foi um dos principais palcos do Holocausto, onde se estima que tenham morrido, entre 1940 e 1945, mais de um milhão de pessoas, a maioria judeus, nas câmaras de gás ou por fome, doença e trabalhos forçados. Atualmente, o recinto é um museu.
Fonte: Lusa
http://dn.sapo.pt/inicio/globo/interior.aspx?content_id=1745792&seccao=Europa
Condenado por incitar furto de letreiro de Auschwitz
O ex-líder neonazi sueco Anders Högström foi esta quinta-feira condenado, na Polônia, a dois anos e oito meses de prisão, por ter incitado ao furto do letreiro do antigo campo de concentração de Auschwitz, anunciou o porta-voz do Tribunal de Cracóvia.
Os dois cúmplices de Högström, os poloneses Andrzej Strychalski e Marcin Auguscinski, foram condenados a dois anos e seis meses de prisão e a dois anos e quatro meses de cadeia, respetivamente, noticiaram as agências internacionais. As penas somam-se a outras, decretadas em março, num primeiro processo, a outros três arguidos polacos, condenados a entre dezoito meses e dois anos e meio de prisão.
Högström vai cumprir a pena na Suécia, adiantou o porta-voz do Tribunal de Cracóvia, Rafal Lisak. Na abertura do processo, o arguido declarou-se culpado e aceitou, de antemão, a pena de dois anos e oito meses de cadeia pedida pelo Ministério Público. O letreiro irônico "Arbeit Macht Frei" (O Trabalho Liberta) desapareceu da entrada principal do antigo campo de concentração nazi de Auschwitz, na Polónia, a 18 de dezembro de 2009. Três dias depois, foi encontrado numa casa de campo.
Os autores materiais do furto foram presos horas depois da descoberta, graças à colaboração de cidadãos. O campo de concentração de Auschwitz foi um dos principais palcos do Holocausto, onde se estima que tenham morrido, entre 1940 e 1945, mais de um milhão de pessoas, a maioria judeus, nas câmaras de gás ou por fome, doença e trabalhos forçados. Atualmente, o recinto é um museu.
Fonte: Lusa
http://dn.sapo.pt/inicio/globo/interior.aspx?content_id=1745792&seccao=Europa
domingo, 12 de dezembro de 2010
Extrema-direita sueca chega ao poder e país submerge em xenofobia
O retorno após duas décadas da extrema-direita ao Parlamento sueco nas eleições legislativas de setembro transformou a política do país, que ingressou na onda dos movimentos xenófobos do norte da Europa.
Depois do domínio efêmero da Nova Democracia (1991-1994), a Suécia vinha se mantendo à margem da onda de partidos xenófobos que ganhou força no resto da Escandinávia nos últimos anos, particularmente na Dinamarca e na Noruega.
Essa situação, no entanto, mudou quando o partido Democratas da Suécia obteve 5,6% dos votos e 20 das 349 cadeiras do Parlamento, e o que é mais relevante, fez com que a aliança de centro-direita do primeiro-ministro Fredrik Reinfeldt perdesse a maioria absoluta.
A maior representatividade, no entanto, não rendeu à legenda nada até agora, já que Governo e oposição mantiveram sua promessa de isolar a extrema-direita, inclusive em questões mais polêmicas, como a presença militar no Afeganistão.
Depois do domínio efêmero da Nova Democracia (1991-1994), a Suécia vinha se mantendo à margem da onda de partidos xenófobos que ganhou força no resto da Escandinávia nos últimos anos, particularmente na Dinamarca e na Noruega.
Essa situação, no entanto, mudou quando o partido Democratas da Suécia obteve 5,6% dos votos e 20 das 349 cadeiras do Parlamento, e o que é mais relevante, fez com que a aliança de centro-direita do primeiro-ministro Fredrik Reinfeldt perdesse a maioria absoluta.
A maior representatividade, no entanto, não rendeu à legenda nada até agora, já que Governo e oposição mantiveram sua promessa de isolar a extrema-direita, inclusive em questões mais polêmicas, como a presença militar no Afeganistão.
domingo, 10 de janeiro de 2010
Ex-líder neonazista admite envolvimento no roubo da placa de Auschwitz
ESTOCOLMO — Um ex-dirigente neonazista de nacionalidade sueca, suspeito de ter participado no roubo do letreiro em alemão "O trabalho nos torna livre" do ex-campo de extermínio nazista de Auschwitz-Birkenau, admitiu nesta sexta-feira seu envolvimento nos fatos.
Anders Hogstrom, 34 anos e fundador e diretor de 1994 a 1999 da Frente Nacional-Socialista, principal partido neonazista sueco, admitiu que foi convidado a atuar como intermediário para vender o letreiro "Arbeit macht frei", roubado em 18 de dezembro passado, mas que, por fim, alertou a polícia polonesa sobre o roubo.
"'Me disseram que havia uma pessoa disposta a pagar vários milhões de coroas suecas pelo letreiro", contou ao tabloide Aftonbladet.
Segundo ele, foi graças a um alerta seu que a polícia conseguiu recuperar a inscrição, que foi encontrada alguns dias mais tarde, partida em três pedaços. Cinco poloneses foram detidos por envolvimento no roubo.
"Estou orgulho por ter revelado à polícia e acabado com essa história", acrescentou.
Indagada pela AFP, uma porta-voz da polícia de Cracóvia desmentiu esta versão.
"A ligação telefônica da Suécia aconteceu quando já estávamos prendendo os ladrões", segundo a porta-voz.
No final de 1999, Anders Hogstrom se distanciou do nazismo, convertendo-se num arrependido modelo, indicou tabloide sueco.
Os cinco detidos, que têm idades que variam de 20 a 40 anos, podem pegar penas de até dez anos de prisão.
A histórica inscrição será restituída ao Museu de Auschwitz tão logo seja possível e antes do 65º aniversário da libertação do campo pelo Exército soviético em 27 de janeiro de 1945.
A placa com a frase em alemão simboliza, para a maioria, o cinismo sem limites da Alemanha nazista.
O slogan popularizado pelo pastor alemão Lorenz Diefenbach, morto em 1886, em seu livro "Arbeit Macht Frei", foi retomado pelos nazistas em 1930.
No início, os nazistas o utilizavam com fins de propaganda na luta contra o elevado desemprego na Alemanha, mas, anos mais tarde, se converteu num slogan dos campos de trabalho e extermínio alemães.
A ideia de utilizar a frase nos campos é atribuída ao SS Theodor Eicke, um dos chefes da concepção e organização das redes de campos nazistas.
"Arbeit macht frei" figurava na entrada dos campos de Dachau, Gross-Rosen, Sachsenhausen, Theresienstadt, Flossenburg e Auschwitz, o maior de todos os campos de extermínio.
Fabricada em julho de 1940 por um prisioneiro polonês, o ferreiro Jan Liwacz, a inscrição de Auschwitz é de aço, mede cinco metros e tem uma particularidade: a letra B da palavra Arbeit está invertida.
Segundo uma interpretação perpetuada pelos sobreviventes, o B invertido simbolizava insubmissão e a resistência à opressão nazista, explicou Sawicki.
Quando, em 27 de janeiro de 1945, o Exército soviético libertou Auschwitz, a inscrição foi desmontada e ia ser levada para o Leste de trem.
No entanto, Eugeniusz Nosal, um prisioneiro polonês recém-libertado, subornou um guarda soviético com uma garrafa de vodca para recuperá-la.
Escondida durante dois anos na prefeitura de Oswiecim (nome polonês do campo de Auschwitz), a inscrição voltou a seu lugar original em 1947, quando o campo de extermínio virou museu e memorial.
Entre 1940 e 1945, o regime nazista alemão exterminou 1,1 milhão de pessoas em Auschwitz-Birkenau.
Fonte: AFP
http://www.google.com/hostednews/afp/article/ALeqM5jCySYsJaG4mbq01xrLpLfiT0BKpQ
Anders Hogstrom, 34 anos e fundador e diretor de 1994 a 1999 da Frente Nacional-Socialista, principal partido neonazista sueco, admitiu que foi convidado a atuar como intermediário para vender o letreiro "Arbeit macht frei", roubado em 18 de dezembro passado, mas que, por fim, alertou a polícia polonesa sobre o roubo.
"'Me disseram que havia uma pessoa disposta a pagar vários milhões de coroas suecas pelo letreiro", contou ao tabloide Aftonbladet.
Segundo ele, foi graças a um alerta seu que a polícia conseguiu recuperar a inscrição, que foi encontrada alguns dias mais tarde, partida em três pedaços. Cinco poloneses foram detidos por envolvimento no roubo.
"Estou orgulho por ter revelado à polícia e acabado com essa história", acrescentou.
Indagada pela AFP, uma porta-voz da polícia de Cracóvia desmentiu esta versão.
"A ligação telefônica da Suécia aconteceu quando já estávamos prendendo os ladrões", segundo a porta-voz.
No final de 1999, Anders Hogstrom se distanciou do nazismo, convertendo-se num arrependido modelo, indicou tabloide sueco.
Os cinco detidos, que têm idades que variam de 20 a 40 anos, podem pegar penas de até dez anos de prisão.
A histórica inscrição será restituída ao Museu de Auschwitz tão logo seja possível e antes do 65º aniversário da libertação do campo pelo Exército soviético em 27 de janeiro de 1945.
A placa com a frase em alemão simboliza, para a maioria, o cinismo sem limites da Alemanha nazista.
O slogan popularizado pelo pastor alemão Lorenz Diefenbach, morto em 1886, em seu livro "Arbeit Macht Frei", foi retomado pelos nazistas em 1930.
No início, os nazistas o utilizavam com fins de propaganda na luta contra o elevado desemprego na Alemanha, mas, anos mais tarde, se converteu num slogan dos campos de trabalho e extermínio alemães.
A ideia de utilizar a frase nos campos é atribuída ao SS Theodor Eicke, um dos chefes da concepção e organização das redes de campos nazistas.
"Arbeit macht frei" figurava na entrada dos campos de Dachau, Gross-Rosen, Sachsenhausen, Theresienstadt, Flossenburg e Auschwitz, o maior de todos os campos de extermínio.
Fabricada em julho de 1940 por um prisioneiro polonês, o ferreiro Jan Liwacz, a inscrição de Auschwitz é de aço, mede cinco metros e tem uma particularidade: a letra B da palavra Arbeit está invertida.
Segundo uma interpretação perpetuada pelos sobreviventes, o B invertido simbolizava insubmissão e a resistência à opressão nazista, explicou Sawicki.
Quando, em 27 de janeiro de 1945, o Exército soviético libertou Auschwitz, a inscrição foi desmontada e ia ser levada para o Leste de trem.
No entanto, Eugeniusz Nosal, um prisioneiro polonês recém-libertado, subornou um guarda soviético com uma garrafa de vodca para recuperá-la.
Escondida durante dois anos na prefeitura de Oswiecim (nome polonês do campo de Auschwitz), a inscrição voltou a seu lugar original em 1947, quando o campo de extermínio virou museu e memorial.
Entre 1940 e 1945, o regime nazista alemão exterminou 1,1 milhão de pessoas em Auschwitz-Birkenau.
Fonte: AFP
http://www.google.com/hostednews/afp/article/ALeqM5jCySYsJaG4mbq01xrLpLfiT0BKpQ
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sexta-feira, 25 de dezembro de 2009
Suposto complô neonazista é investigado na Suécia
ESTOCOLMO, 24 (ANSA) - Os serviços de inteligência suecos (SAEPO) investigam um suposto complô planejado por uma organização de extrema-direita(neonazistas) para atacar o parlamento e a residência do primeiro-ministro.
"Posso confirmar o fato de que temos recebido informações sobre um suposto complô contra o parlamento e a residência do primeiro-ministro", anunciou o portavoz da SAEPO, Patrick Peter. "Temos essas informações faz algum tempo e estamos indagando para obter mais", disse o portavoz, sem acrescentar detalhes.
O diário Aftonbladet publicou informações repassadas acerca de um plano para atacar o parlamento e as residências do premier e do chanceler.
O diário, que cita fontes anônimas, diz que o plano seria financiado com a venda da placa de ferro que tem gravada a legenda "Arbeit Macht Frei" ("O trabalho nos libertará", em alemão) roubada na sexta-feira passada do portão principal do campo de extermínio nazista de Auschwitz. O portavoz dos serviços suecos disse que "não tinha informação" sobre os indícios do diário.
Na terça-feira passada, a promotoria de Cracóvia, Polônia, anunciou que o roubo do símbolo da Shoá havia sido entregue por "um extrangeiro residente na Polônia" mas não confirmou as notícias publicadas pela imprensa polonesa que falavam de uma "pista sueca".
Na Suécia, são ativos numerosos grupelhos que professam a ideologia nazista.
GAT 24/12/2009 20:44
Fonte: Ansalatina.com
http://www.ansa.it/ansalatina/notizie/rubriche/mundo/20091224204435002684.html
Tradução: Roberto Lucena
"Posso confirmar o fato de que temos recebido informações sobre um suposto complô contra o parlamento e a residência do primeiro-ministro", anunciou o portavoz da SAEPO, Patrick Peter. "Temos essas informações faz algum tempo e estamos indagando para obter mais", disse o portavoz, sem acrescentar detalhes.
O diário Aftonbladet publicou informações repassadas acerca de um plano para atacar o parlamento e as residências do premier e do chanceler.
O diário, que cita fontes anônimas, diz que o plano seria financiado com a venda da placa de ferro que tem gravada a legenda "Arbeit Macht Frei" ("O trabalho nos libertará", em alemão) roubada na sexta-feira passada do portão principal do campo de extermínio nazista de Auschwitz. O portavoz dos serviços suecos disse que "não tinha informação" sobre os indícios do diário.
Na terça-feira passada, a promotoria de Cracóvia, Polônia, anunciou que o roubo do símbolo da Shoá havia sido entregue por "um extrangeiro residente na Polônia" mas não confirmou as notícias publicadas pela imprensa polonesa que falavam de uma "pista sueca".
Na Suécia, são ativos numerosos grupelhos que professam a ideologia nazista.
GAT 24/12/2009 20:44
Fonte: Ansalatina.com
http://www.ansa.it/ansalatina/notizie/rubriche/mundo/20091224204435002684.html
Tradução: Roberto Lucena
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