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terça-feira, 26 de dezembro de 2017

Quem traiu Anne Frank? Caso em aberto

Anne Frank (segunda a partir da esquerda), com suas
amigas, em 1939.
Uma equipe reabre a investigação a partir do achado de uma lista com os informantes dos nazis em Amsterdã.

Quem traiu Anne Frank e sua família e amigos judeus durante a Segunda Guerra Mundial? A pergunta foi feita durante décadas por múltiplos historiadores, escritores e jornalistas, mas ninguém conseguiu encontrar uma resposta fiável. Um agente jubilado do FBI se pôs agora no comando de uma equipe internacional de especialistas para buscar, usando técnicas policiais, novas pistas que permitam identificar o traidor.

O ex-agente Vince Pankoke, de 59 anos, está tratando de resolver a história pergunta e a mais frequente entre os visitantes do Museu Casa de Anne Frank em Amsterdã: a fonte que informou e permitiu os nazis descobrirem em 1944 o esconderijo dos Frank na rua Prinsengracht da capital holandesa.

As tentativas anteriores não chegaram a grandes resultados, mas esta equipe, composta por especialistas procedentes de diferentes partes do mundo, utiliza sua experiência, múltiplas técnicas usadas em casos frios e informação privilegiada de arquivos históricos de outros países para encontrar as respostas.

Na equipe de 19 pessoas figuram criminólogos, historiadores, jornalistas e informáticos, assim como um ex-chefe da unidade de Ciências do Comportamento do FBI, Roger Depue. A Holanda também se voltou para colaborar neste estudo, permitindo o acesso ao Arquivo Nacional dos Países Baixos, o instituto de guerra, os relatórios sobre o Holocausto e o genocídio, a prefeitura de Amsterdã etc.

Os investigadores estão fazendo uso de um novo software que pode organizar e analisar grandes quantidades de dados. A companhia Xomnia de Amsterdã, especializada no processamento de informação, está proporcionando suporte e inteligência artificial para a investigação.

"Há tanta informação disponível, de arquivos e velhas pesquisas, que para um ser humano é difícil de vincular e analisar, mas com bons programas de ordenador é possível fazer isso, pode-se analisar e fazer conexões", afirmou Pankoke, segundo a imprensa holandesa.

A ideia de iniciar este novo estudo veio do cineasta holandês Thijs Bayens e do jornalista Van Twisk. Ambos se reuniram com o ex-agente do FBI, que se aposentou no ano passado, para lhe pedir que dirigisse esta investigação na qual há também um ex-oficial da polícia holandesa.

Depois da segunda guerra mundial, os soldados estadounidenses reuniram toda a informação disponível e a enviaram para os Estados Unidos. Todos esses documentos estão num arquivo com o qual Pankoke passou horas nos últimos meses em busca de pistas. Entre outras questões, descobriu uma lista de informantes dos alemães em Amsterdã. "Os especialistas com os quais falei depois não sabiam da existência desta lista", assegurou.

Em 4 de agosto de 1944, depois de dois anos na clandestinidade escondidos num anexo da rua Prinsengracht, 263, de Amsterdã, Anne Frank foi presa junto com sua família. A traição parecia ser a única conclusão lógica que desembocou nesta detenção, mas a fonte segue sendo uma incógnita até os dias de hoje.

Quando Otto Frank regressou de Auschwitz, descobriu que era o único sobrevivente das oito pessoas que haviam se escondido em Prinsengracht. Sua esposa, Edith, suas duas filhas Margot e Anne, o dentista Fritz Pfeffer e os demais amigos judeus haviam morrido nos campos de concentração da Alemanha e Polônia.

Imediatamente depois da guerra, Otto iniciou uma investigação sobre a traição. O principal suspeito por isso até então era um dos trabalhadores do armazém, Wilhem van Maaren. Contudo, dois investigações, uma em 1947 e outra em 1963 lhe exoneraram de culpa por falta de provas.

Pankoke lançou uma página na web para recolher toda a informação útil que já apareceu nessas décadas para sua investigação. Durante os últimos 73 anos, várias pessoas tentaram resolver o mistério da traição, o que resultou em cerca de trinta suspeitos: um vizinho? um antigo empregado? uma faxineira? Pankoke está no caso.

Fonte: El Mundo (Espanha)
http://www.elmundo.es/cultura/2017/10/03/59d3441e268e3e46328b457d.html
Título original: "¿Quién traicionó a Ana Frank? Caso abierto"
Tradução: Roberto Lucena

domingo, 2 de julho de 2017

Discurso de Himmler em Posen (Poznan), Polônia, 4 de outubro de 1943 (Extermínio)

Tradução do texto do site The Holocaust History Project que atualmente se encontra arquivado no site Phdn.org (site francês) porque o site original perdeu o servidor (ficou fora do ar) e o conteúdo se perderia ou as pessoas não teriam acesso mais ao conteúdo do site original.

Este é um dos problemas da internet, a "crença" de que esses textos ficarão pra sempre na rede sem que haja manutenção e algum fundo. A tradução do texto só foi possível justamente porque uma pessoa perguntou sobre o texto em um dos posts antigos e vendo os posts, vários links estão "mortos", incluindo o link original do THHP (The Holocaust History Project) em inglês.

O discurso completo tem 3 horas de duração, abaixo segue o trecho mais relevante (ou um dos) que consta do THHP. Na página do site (arquivado) consta o texto original em alemão e a tradução dele em inglês, abaixo segue a tradução pro português.
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Texto completo do discurso de Posen (Poznan)
Abaixo segue o texto completo da apresentação do Quicktime do discurso em Posen (Poznan) de Heinrich Himmler em 4 de outubro de 1943.

4 DE OUTUBRO, 1943

POZNAN, POLÔNIA

Reichsführer-SS Heinrich Himmler, o segundo homem mais poderoso da Alemanha nazista, fala aos oficiais da SS por três horas em um encontro secreto.

As gravações de Himmler sobreviveram à guerra. Está agora no "National Archives" (Arquivo Nacional) em College Park, Maryland.

O que você está ouvindo não foi editado.

Himmler finaliza falando sobre fábricas de armas.

Ele lembra a seus oficiais da lealdade que ele espera deles no extermínio dos judeus.
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"Eu também quero mencionar um assunto muito difícil para vocês aqui, de forma totalmente aberta.

Isso deveria somente ser discutido entre nós, e, portanto, nunca falaremos sobre isso em público.

Assim como não hesitamos em conduzir nosso serviço em 30 de junho, como ordenado, contra os camaradas que falharam em pé contra o muro atirando neles.

Sobre algo o qual nunca falamos, e nunca falaremos.

Ou seja, graças a Deus, um tipo de tato natural para nós, uma conclusão inevitável desse tato, que nunca conversamos a respeito entre nós, nunca falamos sobre isso, todos tremeram, e ficou claro para todos que, da próxima vez ele faria a mesma coisa de novo, se fosse ordenado e necessário.

Estou falando sobre a "evacuação judaica": o extermínio do povo judeu.

É uma das coisas que é facilmente dita. "O povo judeu está sendo exterminado", todos os membros do Partido dirão isto a vocês "de forma perfeitamente clara, isto é parte dos nossos planos, estamos eliminando os judeus, exterminando-os, ha!", um pequeno problema".

E então, todos eles virão, todos os 80 milhões de alemães corretos, e cada um deles tem seu judeu decente. Eles dizem: todos os outros são suínos (porcos), mas aqui este aqui é um judeu de primeira classe.

E nenhum deles têm visto isso, apoiou isto. A maioria de vocês saberá o que isto significa quando 100 corpos (cadáveres) ficam juntos, quando há 500, ou quando há 1000. E ter visto isso, e - com exceção das fraquezas humanas - permanecer decente, fez de nós pessoas duras e é uma página de glória nunca mencionada e nunca será mencionada.

Porque sabemos como as coisas difíceis seriam, se hoje em todas as cidades durante os atentados com bomba, os encargos da guerra e das privações, ainda tivéssemos judeus como sabotadores secretos, agitadores e instigadores. Nós provavelmente estaríamos no mesmo estágio de 1916-17, se os judeus ainda residissem no corpo (seio) do povo alemão.

Tiramos as riquezas que eles tinham, e dei uma ordem estrita, que o Obergruppenführer Pohl realizou, entregamos essas riquezas completamente ao Reich, ao Estado. Não tomamos nada deles para nós mesmos. Alguns poucos, que se ofenderam contra isso, serão [julgados] de acordo com uma ordem que eu dei no início: aquele que carrega um marco (moeda) disso é um homem morto.

Um certo número de homens da SS se ofenderam contra esta ordem. Não muitos, mas eles serão homens mortos - SEM CLEMÊNCIA! Nós temos o direito moral, nós tivemos o dever com o nosso povo para fazê-lo, para matar essas pessoas que queriam nos matar. Mas não temos o direito de enriquecer-nos com um só pelo, com um marco (moeda), com um cigarro, com um relógio ou com qualquer coisa. Que não temos. Porque no final disso, nós não queremos, porque exterminamos o bacilo (judeus), e não para ficarmos doentes e morrermos do mesmo bacilo.

Eu nunca verei isso acontecer, mesmo que um pouco de putrefação entre em contato conosco, ou que se enraíze entre nós. Pelo contrário, onde isto tentar se enraizar, vamos queimá-lo juntos. Mas, em conjunto, podemos dizer: realizamos essa tarefa tão difícil por amor a nosso povo. E não assumimos qualquer defeito (crise de consciência) dentro de nós, em nossa alma ou em nosso caráter."
Fonte: The Holocaust History Project/PHDN.org (EUA/França)
http://www.phdn.org/archives/holocaust-history.org/himmler-poznan/speech-text.shtml
Tradução: Roberto Lucena

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2016

Morre o último sobrevivente do campo de Treblinka. Samuel Willenberg

Samuel Willenberg faleceu aos 93 anos. Esteve no campo de concentração onde morreram cerca de 875.000 pessoas.

Sobrevivente do Holocausto, Samuel Willenberg mostra
um mapa do campo de extermínio de Treblinka.
Foto do ano de 2010. (Foto: AP)
Samuel Willenberg, o último sobrevivente do campo de concentração de Treblinka (Polônia), faleceu. Informaram allegados. Tinha 93 anos.

Cerca de 875 mil pessoas pereceram nesse campo da morte durante o genocídio nazi.

Willenberg foi membro de um grupo de prisioneiros judeus que em 1943 atearam fogo ao campo e fugiram para os bosques próximos. Centenas deles conseguiram fugir, mas a maioria foi abatida por soldados nazis ou capturados por aldeões poloneses.

Os nazis e seus colaboradores mataram cerca de 6 milhões de judeus durante a Segunda Guerra Mundial.

Willenberg, numa entrevista com a AP em 2010, narrou como lhe dispararam na perna enquanto montava por cima de companheiros mortos até saltar a mureta do campo de concentração. depois da guerra conseguiu se estabelecer em Israel.

Fonte: AP/El Comercio (Peru)
http://elcomercio.pe/mundo/europa/murio-ultimo-sobreviviente-campo-nazi-treblinka-noticia-1880599
Título original: Murió el último sobreviviente del campo nazi Treblinka
Tradução: Roberto Lucena

sexta-feira, 18 de dezembro de 2015

Guerra e extermínio no Leste. Hitler e a conquista do espaço vital 1933-1945 - Christian Baechler (livro)

O peso da herança e a parte da ideologia nazista

Os dois primeiros capítulos do livro nos permite medir o grau de importância do preconceito contra os eslavos. Ele é anterior à aparição da ideologia nazi, mas será explorado com sucesso por ela. E tudo isso apesar do fato de que desde a Idade Média, alemães e eslavos viveram juntos em muitas partes da Europa Oriental.

Se o mito do "Drang nach Osten" ("Empurrar para o leste") é relativamente bem conhecido, o livro mostra a evolução dos sentimentos alemães em relação a poloneses e russos. A manutenção da unidade da Prússia e depois do Império, conduz a uma política repressiva em relação a eles. Os poloneses são estereotipados como inferiores e sujos .... Uma caricatura que vai piorar após a Primeira Guerra Mundial e da restauração de um estado polonês às custas dos territórios alemães. O caso dos russos é mais complexo, na verdade, a Rússia e a Prússia foram aliadas ao longo do século 19. Os contatos entre as elites são numerosos. A Rússia parece mesmo um pouco com a Alemanha, como um poder que está por ascender. No entanto, torna-se um inimigo em potencial quando termina a tradicional aliança. Portanto, o russo passa a ser caracterizado com uma série de semelhanças com o polonês (sujeira etc ...).

A ideologia nazista retornará os diversos estereótipos e lhes sobreporá uma visão racial. Os eslavos representam a principal força de trabalho a ser explorada neste espaço vital que tanto a Alemanha necessita. Mas a germanização dessas terras não será acompanhada por eles (eslavos), eles estão destinados a ser governados, não são qualificados como aptos a ser germanizados. Também os russos, na ideologia hitlerista, são apresentados como dominados por judeus e submissos ao comunismo, duas razões adicionais para eliminá-los.

O começo da implementação da política nazista

Os capítulos seguintes analisam a evolução das relações entre a Alemanha nazista e seus vizinhos, e da implementação da política nazista na Polônia ocupada. O autor nos leva aqui ao coração do processo de decisão do Terceiro Reich. Como em outras áreas, existem muitas organizações com poderes rivais mal definidas que concorriam e dependia dos principais oficiais nazistas: Himmler, Goering, Rosenberg .... O debate entre funcionalistas e intencionalistas se encontra aí também, mas o autor escolhe o caminho do meio.

Segue-se, portanto, do interior da política nazista para a Polônia. A Polônia recusa a adesão no pacto anti-Komintern, o que iria torná-la um estado vassalo da Alemanha nazi, quando Hitler então decide eliminá-la como Estado. O benefício da hesitação de todas as democracias ao longo dos anos 30 é o que deseja Stálin para ganhar tempo e espaço.

Uma vez conquistada a Polônia, coloca-se em prática a implementação de uma política dirigida contra os judeus e as elites: intelectuais, dirigentes, clérigos... O espaço polonês se destina a ser colonizado, seus habitantes devem ter reduzidos seus status ao trabalho manual servil. Vários projetos vão surgindo, tudo inacabado, mas alguns ainda levam à transferência da população, "evacuada" para abrir espaço para os colonos alemães. Os colonos são geralmente transferidos dos "Volskdeustche" (alemães étnicos) de outros países e são arbitrariamente distribuídos para os novos locais de residência, na maioria das vezes como chefes da exploração em fazendas agrícolas. O destino dos judeus poloneses é objeto de debate amargo entre o Gauleiter dos territórios anexados ao Reich e Frank, que é chefe do Governo Geral.

A Barbarossa e suas consequências

A maior parte do livro trata do destino da URSS. Todos os aspectos são abordados. Quais as motivações ideológicas e econômicas do ataque na preparação e implementação deste plano militar. A ocasião permite ao autor mostrar como o Estado-maior alemão aceitou, sem vacilar, a maioria das diretivas à imagem do tratamento aos comissários. Ele não esquece do sofrimento de milhões de prisioneiros de guerra que morreram em condições terríveis. Mas mostra também as diferenças que aparecem entre os militares (e até mesmo entre os políticos) sobre o destino dos diversos povos da URSS, quando o desfecho do conflito se torna mais incerto.

A ocupação nazista do espaço soviético é o tema de um capítulo específico. Os aspectos práticos da ocupação nazista são revistos, a exploração dos territórios e o destino reservado à população. No melhor dos casos, ela seria explorada como trabalho escravo. Muitas vezes são vítimas das operações militares: despojados de suas casas, de sua comida e tudo o que pode servir são forçados a abandonar. A população também paga um preço alto na luta contra partisans, que acabam por justificar, os olhos dos alemães, essas atrocidades. O capítulo dedicado ao extermínio dos judeus soviéticos é a oportunidade que o autor avalia as diferentes teorias a respeito de sua gênese.

A evocação dos vários planos de reestruturação do espaço soviético e da hierarquia racial de seus ocupantes, permite ver o quão longe chegou a imaginação de vários teóricos nazistas. Tudo foi planejado para a seleção de indivíduos para reter apenas os mais propensos a ser "germanizados" para a criação de colônias agrícolas da SS... Novamente, não há concorrência, ou mesmo oposição entre os projetos de uns e outros.

Enfim, a atitude dos alemães frente ao que acontecia na Europa Oriental permite mostrar que as atrocidades foram amplamente conhecidas. Mas sua magnitude subestimada, ao mesmo tempo em que as faixas mais jovens que não conhecem o assunto sobre o regime nazista, aderem largamente ao tema pela propaganda.

Conclusão

Uma síntese recente sobre os temas que estão sendo discutidos: a data de decisão da implantação do extermínio, a atitude do exército e da população alemã frente as atrocidades... As 400 páginas do livro (acompanhado de uma centena de páginas de notas) deve ser lido com interesse. Além disso, o autor preocupa-se em recordar os principais pontos no final de cada capítulo.

O professor primeiramente encontrou no livro material para fundamentar seu curso sobre as guerras do século XX e o totalitarismo nazista. Tema que foi objeto de análise do documento da prova do 1°S durante a sessão de junho de 2012 (discurso de Himmler em Posen em 1943).

Artigo de François Trébosc, professor de história da geografia no liceu Jean Vigo, Millau

Christian Baechler. Guerre et extermination à l’est. Hitler et la conquête de l’espace vital 1933-1945. Tallandier. 2012; 528 páginas
Quarta-feira, 12 de setembre de 2012, por François Trebosc

Fonte: La Cliothèque
http://clio-cr.clionautes.org/guerre-et-extermination-a-l-est-hitler-et-la-conquete-de-l-espace.html
http://holocaust-doc.blogspot.com.br/2015/09/christian-baechler-guerre-et-extermination-a-lest-hitler-et-la-conquete-de-lespace-vital-1933-1945.html
Título original: Christian Baechler - Guerre et extermination à l’est. Hitler et la conquête de l’espace vital 1933-1945
Tradução: Roberto Lucena

quarta-feira, 30 de outubro de 2013

Relato do Sr. Aleksander Henryk Laks, sobrevivente do Holocausto (vídeo)

Foi sugerido a mim dar uma olhada na página do Sr. Laks, então acabei resolvendo colocar o vídeo com seu relato pra assistirem. Segue abaixo o vídeo com o Sr. Alexander Henryk Laks dando uma palestra com o relato do que ele presenciou na segunda guerra e obviamente no Holocausto. Ele é oriundo da Polônia e presenciou a invasão nazi àquele país e toda a sequência de confinamento em guetos, campos de extermínio/concentração etc. O vídeo é longo, tem 2 horas e 37 minutos mas vale a pena assistir.

A quem quiser pular logo para seu relato pois há um intervalo no começo do vídeo demorado, o relato começa mais ou menos a partir dos 14 minutos e 50 segundos.

E pra não me alongar, só um adendo, pois muita gente vem abordar a gente de forma não muito "sútil" com pregação/ataque religioso etc ignorando a convicção de cada um do blog. Eu considero pessoalmente que esse adendo nem deveria ser relevante ou ocorrer, mas em virtude da frequência da ocorrência de atritos religiosos no país de uns tempos pra cá, não é demais fazê-lo: a palestra do vídeo foi dada a um grupo evangélico/protestante, inclusive a gravação consta na conta do grupo no youtube. O importante é o conteúdo do relato dele e não questões religiosas. Não sou evangélico/protestante e nem judeu, tampouco religioso (pra tristeza dos "revis", que adoram rotular todo mundo que eles odeiam de "judeu", "protestante", "sionista" etc).

quinta-feira, 3 de outubro de 2013

Morre historiador israelense do Holocausto, Israel Gutman

Quinta-feira, 3 de outubro de 2013 | 12:09 a.m.

Israel Gutman, who que sobreviveu as atrocidades nazi na segunda guerra e dedicou sua vida à pesquisa do Holocausto, faleceu em Jerusalém. Ele tinha 90 anos.

Gutman nasceu em Varsóvia em 1923 e lutou no levante do Gueto de Varsóvia em 1943, onde ele foi ferido.

Seus pais e irmãos morreram no gueto enquanto Gutman ficou como prisioneiro em três campos de concentração, incluindo Auschwitz.

Depois da guerra ele se transferiu para Israel onde mais tarde serviu como historiador chefe no Museu Memorial do Holocausto Yad Vashem.

Yad Vashem lamentou seu falecimento descrevendo Gutman na terça-feira como um "historiador pioneiro." Ele faleceu na segunda-feira.

Ele deixa duas filhas e três netos.

O funeral ocorre na quarta-feira em Jerusalém.

Fonte: The Associated Press/Las Vegas Sun
http://www.lasvegassun.com/news/2013/oct/03/ml-israel-obit-gutman/
Tradução: Roberto Lucena

Ver mais no blog A Vida no Front:
Israel Gutman, historiador do Holocausto, morreu aos 90 anos

Tag de Israel Gutman no blog (com os posts).

segunda-feira, 5 de agosto de 2013

A relação problemática da Ucrânia com o Holocausto. Ambos: vítimas e perpetradores - Parte 01

Publicado em balticworlds.com em 1 de agosto de 2011.

Ilustração: Katrin Stenmark
Por várias razões, a relação da Ucrânia com o Holocausto e os judeus tem sido ofuscada pela situação similar, mas mais impressionante na Alemanha e na Polônia. A questão merece atenção, no entanto, porque ela ainda é um dilema moral e político sério na Ucrânia, intimamente relacionada com esforço do país para a construção de uma identidade nacional. O dilema é claramente refletido na historiografia ucraniana e na política atual, apesar de museus e monumentos públicos no oeste da Ucrânia também testemunham os vestígios do Holocausto - ou à falta dele.

Estas palavras são, em parte, baseadas na pesquisa histórica ocidental sobre o Holocausto na Ucrânia e como ela tem sido tratada [01], e em parte - principalmente - em pesquisa material reunida durante duas visitas à Kiev e Lviv em 2007 e 2010. [02]

Cenário

De acordo com algumas estimativas, mais de 900.000 judeus morreram na Ucrânia Soviética entre 1941 e 1944 como resultado das políticas genocidas da Alemanha nazista e de seus capangas ucranianos. Este valor representa, na verdade, o maior número de vítimas em qualquer outro país além da Polônia, onde o número de vítimas é estimado em 3,3 milhões. [03] vítimas do Holocausto incluem os judeus da Galícia Oriental, que a União Soviética pegou da Polônia em 1939 no Pacto Molotov-Ribbentrop. Ela era composta por uma minoria relativamente grande (em 1931, 639.000, ou 9,3 por cento), e o antissemitismo era bem disseminado. [04] Durante o período pós-guerra, especialmente depois de 1991, muitos dos judeus restantes emigraram, principalmente para Israel. De acordo com o censo de 2001, apenas cerca de 80.000 judeus (0,2% da população total) permaneceu pela Ucrânia, e apenas 12.000-15.000 no que hoje é agora a Ucrânia ocidental. [05] A rica cultura, que ao longo dos séculos moldou partes da Ucrânia e da Polônia, desapareceu quase totalmente ou foi esquecida.

A historiografia ucraniana sobre o Holocausto

Como Johan Dietsch demonstrou numa dissertação em 2006 [06], a história oficial da Ucrânia soviética do pós-guerra não era particularmente interessada nos judeus como um grupo étnico ou no terrível destino que eles sofreram durante a guerra. Em vez disso, os judeus restantes foram submetidos às campanhas soviéticas contra os "sionistas" e "cosmopolitas" que foram considerados aliados dos imperialistas ocidentais, e da historiografia sobre a guerra dirigida principalmente à vitória do povo soviético unido, sobre o fascismo alemão, que serviu como uma nova e forte base para legitimar o sistema socialista. No processo, a Organização dos Nacionalistas Ucranianos (OUN) e seu exército rebelde (UPA), que queria um Estado independente, foram atacados por ajudar os ocupantes nazistas, e a diáspora ucraniana anticomunista na América do Norte que defendeu os nacionalistas, foi condenada. [07]

Esta diáspora ucraniana procurou preservar a sua identidade nacional valorizando a tradição dos cossacos ucranianos que remonta o século XVII, a partir de líderes cossacos como Bohdan Chmelnitsky, aos líderes da luta pela independência como Symon Petliura, durante a I Guerra Mundial, e o chefe da UPA Stepan Bandera, no início da II Guerra Mundial. Seu antissemitismo, o que levou a vários pogroms, foi convenientemente varrido para debaixo do tapete. Em vez de o Holocausto, a diáspora ucraniana estava particularmente interessada no Holodomor, na política intencional de fome intencional de Stalin na Ucrânia (1932-1933), que foi considerado um genocídio dirigido ao povo ucraniano. Alegou-se que mais ucranianos morreram no Holodomor que judeus no Holocausto e que judeus eram representantes proeminentes no serviço da polícia secreta soviética, o NKVD, e foram cúmplices no Holodomor. A diáspora elogiou as lutas da UPA e OUN pela liberdade, e alguns até mesmo consideraram que a repressão soviética antes da guerra justificou a colaboração de alguns ucranianos com a Alemanha nazista durante a guerra. [08]

Partes deste historiografia foi adotada quando a Ucrânia se tornou independente em 1991. A busca em construir uma identidade ucraniana agora enfatizava a luta nacional pela liberdade desde 1600 e antes disso. Estátuas de Lênin nas regiões ocidentais do país foram substituídas por monumentos dos líderes cossacos e nacionalistas. Desde os anos 1990, os líderes políticos da Ucrânia tentaram em várias ocasiões, para obter o reconhecimento internacional do Holodomor como genocídio contra os ucranianos, que a fome fosse tratada como um equivalente ucraniano do Holocausto. [09] Embora os livros oficiais de história muitas vezes não enfatizem "a responsabilidade dos judeus comunistas judeus pelo Holodomor", a literatura antissemita é publicada e vendida em todos os lugares hoje na Ucrânia, incluindo o Mein Kampf de Hitler. A maior instituição privada de ensino superior da Ucrânia, a MAUP, com 30.000 estudantes, publicou uma série de tais obras. [10]

Ao mesmo tempo que a interpretação oficial da história da Ucrânia contemporânea destaca a luta nacional contra o poder soviético, também sublinha, como nos tempos soviéticos, a luta ativa da Ucrânia contra a Alemanha nazista e as atrocidades nazistas. A enorme monumento da vitória Rodina-Mat ainda está de pé em Kiev, e o 09 de maio é ainda celebrado. A Ucrânia é, portanto, considerada como uma vítima de dois regimes totalitários que entraram na Pacto Molotov-Ribbentrop. De acordo com um livro, de 1994, embora muitas pessoas saudaram a ocupação soviética do leste da Galiza em 1939 como libertação da Polônia, que também levou a sovietização e deportações para o leste, levou muitas pessoas a acolher a posterior invasão alemã. Quando a ocupação da Alemanha nazista tornou-se ainda pior que a dos soviéticos, partisans ucranianos começaram a resistir. [11] Raramente é observado que os ucranianos podem ser encontrados em ambos os lados das linhas de frente.

A verdade sobre o assassinato em massa de judeus pelos nazistas na Ucrânia já não é suprimida, mas é principalmente associada à Babi Yar em 1941 (veja abaixo). A ideologia racial nazista não é explicada e a tragédia dos judeus ainda é ofuscada pelo sofrimento dos ucranianos. Por exemplo, outro livro de 2004 admitiu que os judeus em particular, sofreram no massacre de Babi Yar, e acrescentou que cada cidade teve seu próprio Babi Yar. Os nazistas pressionaram os ucranianos a não ajudar os judeus, mas muitos alegam ter ajudado de qualquer forma e depois executados, e, então, homenageados postumamente por Israel. O metropolita Sheptytsky da Igreja Greco-Católica Ucraniana foi mencionado em particular. [12] É difícil deixar claro que os nacionalistas ucranianos ajudaram no extermínio dos judeus. [13] Viktor Yushchenko, que como primeiro-ministro participou da Conferência do Holocausto em Estocolmo, em 2000, declarou que a experiência de milhões de ucranianos como vítimas de seu próprio Holocausto significa que os ucranianos entendem muito bem o calvário dos judeus. [14] Quando Yushchenko foi eleito presidente em 2004, após a chamada Revolução Laranja, ele foi apoiado principalmente por nacionalistas e grupos de orientação Ocidental no oeste e na região central da Ucrânia.

Johan Dietsch conclui que a imagem oficial dos ucranianos como ambos, heróis e vítimas, não permite que outras pessoas tenham sofrido mais que os ucranianos ou que os ucranianos foram cúmplices no extermínio dos judeus na Ucrânia. No entanto, os livros de história da Ucrânia, que abordam outros países, retratam o Holocausto de forma mais objetiva como um genocídio especificamente dirigido contra os judeus e o rotulam como um trauma puramente europeu. Também deve ser mencionado que, durante uma visita de Estado à Alemanha, em 2007, Yushchenko desviou-se do protocolo ao visitar um campo de concentração onde seu pai havia sido prisioneiro. Desta forma, os ucranianos contornam o problema da sua participação no Holocausto em sua própria casa e apresentam uma impressão de que a Ucrânia compartilha dos valores europeus e está em sintonia com a comunidade europeia. [15]

Por Ingmar Oldberg - Pesquisador associado ao programa da Rússia do Instituto Sueco de Assuntos Internacionais (Estocolmo).

Referências

[01] For contemporary overviews of both Hitler’s and Stalin’s genocides, see Timothy Snyder, Bloodlands: Europe between Hitler and Stalin, London 2010, and Kristian Gerner and Klas-Göran Karlsson, Folkmordens historia [The history of genocide], Stockholm 2005.

[02] A previous version of this article was published in Swedish in Inblick Östeuropa 1—2:2010.

[03] Lucy Dawidowich, The War Against the Jews, Middlesex & New York 1975, pp. 477—480. Betsy Gidwitz cites 1,850,000 victims in Ukraine; see “Jewish Life in Ukraine at the Dawn of the Twenty-first Century: Part One”, Jerusalem Letter no. 451, April 2001, www.jspa.org/jl/jl1351.htm (accessed 2010-09-01), p. 4

[04] For regional distribution, see Father Patrick Desbois, The Holocaust by Bullets, New York 2008, pp. 234 f.

[05] John Grabowski, “Antisemitism i det oranga Ukraina”, [Antisemitism in Orange Ukraine] SKMA newsletter (Swedish Committee Against Anti-Semitism) newsletter, November 2005, www.skma.se/2005/nov.2005.pdf (accessed 2010-05-19).

[06] Making Sense Of Suffering: Holocaust and Holodomor in Ukrainian Historical Culture, Lund 2006.

[07] Dietsch, pp. 69, 97—110.

[08] Dietsch, op. cit., pp. 122—136. See also Taras Hunczak, “Ukrainian-Jewish Relations During the Soviet and Nazi Occupations”, in Yury Boshyk (ed.), Ukraine during World War II, Edmonton 1986, pp. 40—45.

[09] Dietsch, op. cit., pp. 216—226.

[10] Grabowski, op. cit., p. 4.

[11] Dietsch, op. cit., pp. 155 f.

[12] V. A. Smolij (ed.), Istorija Ukrainy XX-pochatku XXI stolittja, Kyiv 2004, pp. 115 f. See also Hunczak, pp. 49—51.

[13] It can be added that Father Patrick Desbois and those whom he interviews in The Holocaust by Bullets clearly ascribe the guilt to the Nazis, without any mention of Ukrainian anti-Semitism.

[14] Dietsch, op. cit., pp. 160 f.

[15] Ibid., pp. 227—234.

Fonte: Baltic Worlds (Revista acadêmica trimestral e revista de notícias). Do Centro de Estudos do Báltico e Leste Europeu (CBEES) da Universidade Södertörn, de Estocolmo
Texto: Ingmar Oldberg
Both Victim and perpetrator - Ukraine’s problematic relationship to the Holocaust
http://balticworlds.com/ukraine%E2%80%99s-problematic-relationship-to-the-holocaust/
Tradução: Roberto Lucena

Próximo: Ambos: vítimas e perpetradores. A relação problemática da Ucrânia com o Holocausto - Parte 02

terça-feira, 8 de janeiro de 2013

Filme de corpos exumados em Majdanek (Holocausto)

Aqui está uma versão no Youtube do filme feito pelo exército polonês em Majdanek entre 24-25 de julho de 1944, dirigido por Aleksander Ford. A exumação das valas comuns é mostrada aos 12:00 minutos do filme. A sequência de imagens corresponde à versão resumida do arquivo de Spielberg, aqui.

Fonte: Holocaust Controversies
Texto: Jonathan Harrison
http://holocaustcontroversies.blogspot.com.br/2012/12/film-of-exhumed-bodies-at-majdanek.html
Tradução: Roberto Lucena

sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

Arqueólogo israelense faz escavações em campo de extermínio nazista

(AP) KIRYAT MALACHI, Israel - Quando o arqueólogo israelense Yoram Haimi decidiu investigar a história não conhecida de sua família no Holocausto, ele foi de encontro para a habilidade que ele conhece melhor: Começou a escavar.

Depois de saber que dois de seus tios foram assassinados no infame campo de extermínio de Sobibor, ele embarcou em um projeto de escavação, que está para brilhar uma nova luz sobre o funcionamento de uma das mais notórias máquinas de matar nazistas, incluindo a identificando a localização das câmaras de gás onde centenas de milhares foram assassinados.

Sobibor, no leste da Polônia, talvez marque o exemplo mais vivo da “Solução Final”, a trama nazista para exterminar os judeus europeus. Ao contrário de outros campos que tinham pelo menos a fachada de ser uma prisão ou campo de trabalho, Sobibor e os campos vizinhos de Belzec e Treblinka foram projetados especificamente para exterminar os judeus. As vítimas eram transportadas para lá em vagões de gado e gaseados até a morte quase que imediatamente.

Mas a pesquisa em Sobibor tem sido difícil. Depois da revolta no campo em Outubro de 1943, os nazistas o desativaram e enterraram, replantando sobre ele para poder encobrir os seus rastros.

Hoje, altas árvores cobrem a maior parte das terras do antigo campo. Como sobraram tão poucos sobreviventes – somente 64 eram conhecidos – nunca houve layout original do campo, onde acredita-se que cerca de 250.000 judeus foram assassinados em um período de 18 meses. Da memória desses poucos sobreviventes e da pouca documentação alemã, os pesquisadores tiveram uma compreensão apenas limitada de como o campo operava.

“Eu sinto que sou um investigador em um laboratório criminal forense”, disse Haimi, 51, esta semana perto de sua casa no sul de Israel, antes de partir para outra escavação na Polônia. “Afinal de contas, é um local de assassinato”.

Em mais de cinco anos de escavações, Haimi foi capaz de remapear o campo e desenterrou milhares de itens. Ele não encontrou nada sobre sua família, mas em meio aos dentes, fragmentos de ossos e cinzas, através da qual ele tem peneirado, ele recuperou jóias, chaves e moedas que ajudaram a identificar algumas das vítimas sem nomes de Sobibor.

A grande concentração de cinzas levou a estimar que mais de 250.000 judeus foram mortos em Sobibor, na verdade.

“Devido à falta de informações sobre Sobibor, cada pequeno pedaço de informação é significativo”, disse Haimi. “Ninguém sabia onde estavam as câmaras de gás. Os alemães não queriam que ninguém descobrisse que estavam lá. Mas graças ao que temos feito, eles não conseguiram.”

A peça mais importante até agora, disse ele, foi uma etiqueta de identificação de metal com o nome de Lea Judith de la Penha, uma menina judia de 6 anos da Holanda que estava confirmada como morta em Sobibor no Memorial do Holocausto Yad Vasem em Israel.

Haimi a chama de “símbolo de Sobibor”.

“Os alemães não discriminavam. Eles matavam as garotinhas também”, disse ele. “Essa coisa (a etiqueta) tem estado hà 70 anos à espera para alguém encontrá-la.”

As escavações de Haimi, apoiadas pelo Yad Vashem, poderiam servir como modelo para futuros estudiosos do Holocausto, onde os nazistas mataram cerca de 6 milhões de judeus.

“Eu acho que o uso da arqueologia oferece a possibilidade de nos dar informações que não tínhamos antes”, Deborah Lipstadt, uma proeminente historiadora americana do Holocausto da Universidade de Emory, disse: “Isso nos dá outra perspectiva de quando estamos na fase em que temos muito poucas pessoas que podem falar em primeira pessoa do singular.”

Ela disse que se os pontos de evidências arqueológicas mostram que o número de mortos em Sobibor são maiores do que se pensava, “não está fora de sincronia com outras pesquisas que se têm feito.”

Basicamente o método de Haimi é semelhante ao que ele faz em casa, onde ele faz escavações para autoridades de Israel de antiguidades no sul do país – cortar quadrados de terra e peneirar através de um filtro. Devido às difíceis condições  em Sobibor e à natureza sensível do esforço, ele também está contando com métodos não invasivos, de alta tecnologia, tais como radares de penetração no solo (GPR, nota do tradutor) e imagens de Satélites de Posicionamento Global (GPS, nota do tradutor).

Com base em restos coletados e padrões no solo, ele foi capaz de descobrir onde os nazistas colocaram postes para sustentar as cercas de arame farpado do campo.

O que o levou a seu grande avanço – o mapeamento, que os alemães chamavam de Himmelfahrsstrasse, ou “Caminho para o Paraíso”, um caminho em que os presos eram levados nus para as câmaras de gás. Ele determinou a rota pelos pólos que marcavam o caminho. À partir disso, ele determinou que tinha localizado as câmaras de gás.

Ele também descobriu que onde se pensava inicialmente que era outro acampamento, descobriu-se que era uma rota de trem interna dentro de Sobibor. Ele cavou e localizou montes de balas em locais de extermínio, utensílios de onde ele acredita que era onde se localizava a cozinha do campo e uma insígnia da suástica de um oficial nazista.

Ao longo do caminho, ele e seu parceiro polonês Wojciech Mazurek, juntamente com cerca de 20 trabalhadores, tropeçaram em milheres de itens pessoais pertencentes às vítimas: óculos, frascos de perfume, dentaduras, anéis, relógios, um boneco do Mickey Mouse, um diamente cravejado em uma correte de ouro, um par de brincos de ouro com a inscrição ER – parece ser as iniciais do proprietário – um medalhão de prata como o nome “Hanna” gravado.

Ele também descobriu uma versão única da estrela amarela que os judeus usavam obrigados pelos nazistas, feita de metal em vez de pano, que os investigadores determinaram que teve origem na Eslováquia.

Marek Bem, um ex-diretor do museu de Sobibor, disse que as primeiras escavações no local começaram em 2001, ele disse que o mapeamento dos longos 200 metros da Himmelfahrsstrasse abre a porta para olhar para as reais câmaras de gás.

“Estamos mais perto da verdade”, disse ele. “Isso nos diz para onde olhar para as câmaras de gás.”

Haimi não está autorizado a levar qualquer um dos itens para fora da Polônia, mas ele consulta regularmente o Instituto Internacional para Pesquisas do Holocausto Yad Vashem, que o ajuda a interpretar suas descobertas e lhe dá uma perspectiva histórica.

Dan Michman, chefe do instituto, disse que a pesquisa ajuda Haimi a lançar luz sobre os “aspectos técnicos” do Holocausto. Ele também concede uma visão, por exemplo, do que as pessoas escolhem para levar com eles em seus momentos finais.

“Seus detalhes são importantes e são um importante instrumento contra a negação do Holocausto. Isso não é memória, são baseados em fatos. É uma prova difícil”, disse ele.

Mas a precisão do formato é a maior contribuição de Haimi, permitindo aos pesquisadores aprender mais sobre como funcionava, disse Deborah Dwork, diretora do Strassler Family Center for Holocaust and Genocide Studies at Clark University in Worcester, Massachusetts. (Tradução literal: Centro do Holocausto e Estudos de Genocídio da Universidade Clark de Worcester, Massachusetts).

Ela disse que alguns críticos têm sugeridos que os ex-campos da morte são “sagrados” e “devem permanecer intocados”. Mas ela disse que acredita que a escavação é justificável. “Eu sinto que a nossa necessidade de conhecimento supera nossas preocupações.”

Uma vez que seu trabalho em Sobibor for concluído, Haimi espera passar para a pesquisa em Treblinka e outros campos de extermínio que foram destruídos.

Embora a arqueologia seja identificada com o estudo da história antiga, Haimi pensa que com os sobreviventes morrendo rapidamente, ela poderá em breve tornar-se um elemento-chave na compreensão do Holocausto.

“Esta será a futura ferramenta para as pesquisas do Holocausto”, disse ele.

Tradução: Leo Gott


Ver mais:
Arqueólogo procura família em campo de execução nazista (Terra)

sábado, 3 de novembro de 2012

Morreu Wilhelm Brasse, fotógrafo dos horrores de Auschwitz

Varsóvia - Morreu Wilhelm Brasse, fotógrafo dos horrores de Auschwitz
por Lusa, texto publicado por Paula Mourato

Wilhelm Brasse, ex-prisioneiro do campo de extermínio nazi de Auschwitz-Birkenau, que por ordem das autoridades fotografou dezenas de milhares de companheiros, morreu ontem aos 95 anos em Zywiec, Polónia, disse um porta-voz do museu do holocausto.

Brasse forneceu igualmente documentos sobre as experiências pseudo-clínicas dos médicos Josef Mengele e Eduard Wirths, este médico chefe das SS (força de elite do regime nazi) em Auschwitz-Birkenau.

Nascido em 1917, Brasse trabalhou na sua juventude como fotógrafo no sul da Polónia. Após o início da II Guerra Mundial, recusou, apesar das suas origens austríacas, assinar a "Volksliste", que significava adesão ao ocupante alemão, e inscreveu-se no exército polaco.

Preso pelos alemães durante uma tentativa de passagem da fronteira húngara em 1940, foi enviado para o campo de Auschwitz-Birkenau, recebendo o número de prisioneiro 3.444.

Em janeiro de 1941, sob ordem de Rudolf Höss, comandante do campo de Auschwitz, onde foram exterminados cerca de 1,1 milhões de pessoas, das quais um milhão de judeus, foi criada uma célula de identificação dos prisioneiros, a Erkennungsdienst.

No mês seguinte, Brasse e outros sete detidos ficaram nessa célula, sendo que o seu trabalho consistia, sobretudo, em fotografar os novos prisioneiros, "salvo os que eram enviados diretamente para as câmaras de gás", como explicou à agência AFP em 2009.

Fonte: AFP/Diário de Notícias (Portugal)
http://www.dn.pt/inicio/artes/interior.aspx?content_id=2843571

segunda-feira, 22 de outubro de 2012

Morre aos 108 anos o sobrevivente mais velho de Auschwitz

Antoni Dobrowolski, o sobrevivente mais velho do campo de extermínio da Alemanha nazi de Auschwitz-Birkenau morreu com 108 anos de idade, anunciou hoje um dos historiadores oficiais do local, Adam Cyra.

Cyra, historiador do museu de Auschwitz-Birkenau, disse que Dobrowolski morreu na cidade de Debno, no noroeste da Polónia. Professor primário, Dobrowolski manteve aulas secretas durante a ocupação nazi da Polónia, na Segunda Guerra Mundial, quando os nazis proibiram a população local de ir à escola.

Preso em 1942 pela Gestapo, a polícia secreta nazi, Dobrowolski foi enviado para o campo da morte de Auschwitz, em território polaco então anexado pela Alemanha. Os nazis transferiram depois Antoni Dobrowolski para os campos de Gross Rosen e Sachsenhausen, ambos na Alemanha.

O professor sobreviveu até à libertação do campo de Sachsenhausen, pelas forças soviéticas e polacas, em 1945. De regresso à Polónia após a guerra, Dobrowolski dirigiu primeiro uma escola primária em Debno e, depois, uma escola secundária.

Auschwitz-Birkenau é um dos mais duradouros e fortes símbolos do Holocausto e da campanha de genocídio contra os judeus da Europa, por parte dos alemães, na Segunda Guerra Mundial.

Após o fim da guerra, em 1945, as autoridades polacas transformaram o campo de extermínio num museu e memorial. Um ano depois de invadirem a Polónia em 1939, os nazis abriram o que viria a ser, mais tarde, um vasto complexo a sul da cidade de Oswiecim (Auschwitz em alemão), inicialmente para prender e matar prisioneiros polacos, como Dobrowolski.

Mais tarde, o campo cresceu até à vizinha aldeia de Brzezinka, ou Birkenau, quando a Alemanha nazi expandiu o Holocausto a uma escala industrial. Dos seis milhões de judeus mortos pelos nazis durante a guerra, um milhão foi assassinado no campo, principalmente em câmaras de gás, junto com dezenas de milhares de outras pessoas, incluindo polacos, ciganos e prisioneiros de guerra soviéticos.

Lusa

Fonte: SIC (Portugal)
http://sicnoticias.sapo.pt/mundo/2012/10/22/morre-aos-108-anos-o-sobrevivente-mais-velho-de-auschwitz

Ver mais:
Mais velho ex-prisioneiro de Auschwitz falece aos 108 anos (AFP/Terra)
Holocausto: falleció el sobreviviente más anciano de Auschwitz (observadorglobal.com)
Muere a los 108 años el superviviente más anciano de Auschwitz (El Periódico, Espanha)

terça-feira, 5 de junho de 2012

À Espera de Turistas: a relação entre um alemão e um sobrevivente do Holocausto

O incômodo convívio entre as nações na região turística do campo de concentração de Auschwitz.

Léo Freitas

A Segunda Guerra já rendeu mais filmes do que se pode imaginar, mas, vez ou outra, um cineasta trata da questão por um ponto de vista peculiar. É o caso de “À Espera de Turistas”, do alemão Robert Thalheim, que esteve na seleção oficial Um Certo Olhar em 2007. Com atraso de cinco anos, a obra estreia em circuito nacional e preza pela simplicidade ao expor a relação entre um jovem alemão e um idoso polonês sobrevivente do campo de concentração de Auschwitz, um dos maiores e mais cruéis do regime nazista.

Quando decide prestar serviços sociais na região de Auschwitz em uma alternativa para fugir do serviço militar em seu país, o jovem Sven (Alexander Fehling) vê-se incumbido de realizar pequenos trabalhos para o sr. Krzeminski (Ryszard Ronczewski), um octogenário que se recusa a sair do campo, onde fica o museu em homenagem aos mortos pelo Holocausto.

Enquanto auxilia o polonês com atividades como compras de supermercados, reparos no dormitório e serviços de motorista para pequenas palestras ministradas aos turistas (com detalhes que só um sobrevivente é capaz de oferecer), Sven se sente descolado em uma região onde é visto como eterna persona non grata. A ironia de prestar serviços sociais a poloneses em nome do Exército Alemão faz com que o deboche dos poloneses que o rodeiam seja inevitável.

Com seu jeito carrancudo e introspectivo, Sr. Krzeminski nunca fala do assunto diante do rapaz que, de ajudante, assume o posto de, praticamente, um servo. Suas poucas palavras de ordem, regadas a cigarros e a um olhar perdido mirando o horizonte de sua janela, dão ainda maior desconforto em Sven, que sente que não há nada a ser feito, a não ser cumprir seu ano de serviço.

Para distrair-se nas suas horas de folga, vai a shows, passeia por pontos históricos que se dedicam, obviamente, à tragédia que assolou o local há mais de 70 anos. Em uma de suas saídas, conhece Ania (Barbara Wysocka), que dará margem a um envolvimento amoroso e uma relação não muito amistosa com o irmão dela, Krzysztof (Piotr Rogucki).

Deslocado por estar rodeado de poloneses, Sven vai morar com os dois irmãos e o envolvimento amoroso com Ania, mais do que previsível, esbarra nos projetos desencontrados de ambos. Surge, ainda, Zofia (Halina Kwiatkowska), a simpática irmã de Krzeminski, que, morando em uma região rural da Polônia, se esforça para levar o irmão consigo, cada dia mais consumido pelas lembranças de sua época como prisioneiro. Ele, porém, não consegue se imaginar longe daquele local, onde viveu grande parte de sua vida.

Além de expor o desconforto de duas nações separadas e unidas pela Segunda Guerra, “À Espera de Turistas” trata da questão com delicadeza e humanidade, embora não ofereça nada de novo com relação à direção. Esforça-se em seu roteiro, com frases pontuais, onde boa parte dos diálogos não se conclui. Seja para dar margem a interpretações do público ou, simplesmente, por explicitar ainda mais a questão difícil de conviver mesmo após sete décadas, o longa cativa, embora seja pouco para sua 1h20min de projeção. O distanciamento soa como proposital, justamente para não tomar lados e dividir opiniões em um contexto que soaria mais do que equivocado entre bons versus maus.

Afinal, as cicatrizes da guerra estão em seus protagonistas, seja em Krzeminski, que viveu diante do horror, seja em Sven, que carrega nas costas o peso de um passado da qual não fez parte mas tem de carregar nas costas o tempo todo. E assim, o filme reforça a questão de que o passado, por mais difícil que seja, deve ser lembrado para que não se repita.

Após “À Espera de Turistas”, outras obras – mais contundentes – também lidaram com temas semelhantes. No documentário para a TV “Hitlers Angriff – Wie der Zweite Weltkrieg Begann”, a mundialmente conhecida empresa de comunicação Deutsche Welle se uniu à TVP polonesa para tratar dos horrores cometidos por Hitler. Já“In Darkness”, indicado ao Oscar 2012 de Melhor Filme Estrangeiro e sem previsão de estreia no Brasil, mostra a saga de um oficial alemão que abriga judeus poloneses durante a Segunda Guerra.

Tomando o viés cara a cara da complicada relação humana dos personagens, é um exemplo tímido de redenção diante da grande mancha negra da Alemanha que, até os dias de hoje, assombra as nações envolvidas. Assim, sem explorar os horrores do conflito, “À Espera de Turistas” usa os silêncios e a interpretação de seu trio de atores (Alexander Fehlin recebeu, inclusive, o prêmio de Melhor Ator no Festival de Cinema de Munique) em lembranças ocultas que perdurarão nas memórias de alemães e poloneses, independente do tempo e espaço que façam parte.

Filmado na região onde realmente esteve Auschwitz (hoje, rodeado de belas paisagens que nada lembram os horrores do enorme grupo de campos de concentração do conflito), “À Espera de Turistas” é um filme simples, porém delicado e sincero em sua proposta, e que surge para amenizar as cicatrizes de uma guerra que, mais do que “milhões de mortos”, tirou a vida até mesmo daqueles que sobreviveram.

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Léo Freitas formou-se em Jornalismo em 2008 pela Universidade Anhembi Morumbi. Cinéfilo desde a adolescência e apaixonado por cinema europeu, escreve sobre cinema desde 2009. Atualmente é correspondente do CCR em São Paulo e desejaria que o dia tivesse 72 horas para consumir tudo que a capital paulista oferece culturalmente.

Fonte: Cinema Com Rapadura
http://cinemacomrapadura.com.br/criticas/267539/a-espera-de-turistas-a-relacao-entre-um-alemao-e-um-sobrevivente-do-holocausto/

Ver mais:
À Espera de Turistas reflete sobre as lembranças do holocausto (Pipoca Moderna)

quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

Confirmadas valas comuns em Treblinka

Arqueólogos forenses britânicos são autores da primeira tentativa científica de localização de restos mortais de vítimas do Holocausto, no campo de concentração de Treblinka, na Polônia.

Entre 1942 e 1943, mais de 800 mil judeus foram mortos em Treblinka. A existência de valas comuns neste campo de concentração era apenas conhecida pelos relatos de sobreviventes, o que originava dúvidas acerca da veracidade dos mesmos.

Um estudo conduzido pela arqueóloga britânica Caroline Sturdy Colls, da Universidade de Birmingham, veio comprovar esses testemunhos. Novas tecnologias aplicadas na investigação – que incluem imagens de satélite, GPS, radar de penetração no solo, levantamento de resistência do solo e aparelhos de imagens elétricas – permitiram localizar seis valas comuns nas áreas referenciadas pelas testemunhas.

Uma destas valas tem 26 metros de comprimento, 17 de largura e, pelo menos, quatro de profundidade.

A pesquisa no terreno permitiu também localizar construções que aparentam ser estruturais, sendo que duas delas são provavelmente restos das câmaras de gás. De acordo com as testemunhas, estas eram as únicas estruturas feitas de tijolos.

De forma a respeitar as tradições religiosas dos judeus – que não permitem a exumação dos corpos – não foram feitas escavações no local. As descobertas foram feitas através do contraste detetado pelas tecnologias modernas entre as propriedades físicas do solo e as características no interior do mesmo, como perturbações causadas por algo enterrado.

Pesquisas anteriores

Um relatório de 1946 encontrou no local “restos de postes queimados, pedaços de arame farpado e secções curtas de estrada pavimentada” e ainda “grandes quantidades de cinzas humanas misturadas com areia e ossos”. Apesar de terem sido detetados restos humanos no local, nunca ficou comprovada a existência de valas comuns.

Na pesquisa que começou em 2010, Caroline Sturdy Colls deixou claro que é possível ver fragmentos de osso na superfície do solo, especialmente depois de chover, resultantes das cinzas da cremação dos corpos.

Encobrir crimes de guerra

Ao contrário do campo de concentração de Auschwitz, onde as câmaras de gás e os crematórios continuam de pé, em Treblinka tudo foi destruído.

Hoje em dia, o local onde morreram milhares de pessoas é um memorial de 17 mil pedras com os nomes dos locais de onde eram originários os judeus que para aqui foram transportados.

A decisão de destruir este campo de concentração e cremar os corpos das vítimas aconteceu depois de o Exército alemão ter percebido que deveria encobrir os crimes de guerra.

Em 1943, os nazis abandonaram este campo próximo de Varsóvia. Destruíram todos os edifícios e todos os vestígios que levassem a crer que ali tinha sido montado um campo de concentração. Transformaram então Treblinka numa quinta e plantaram árvores à volta.

Mas para um grupo de arqueólogos forenses todas as provas apontam para o propósito real daquele sítio.

Fonte: JA/Rede Expresso
http://www.jornaldoalgarve.pt/2012/01/confirmadas-valas-comuns-em-treblinka/

domingo, 1 de janeiro de 2012

(EBOOK) Belzec, Sobibor, Treblinka. Negação do Holocausto e Operação Reinhard. Uma crítica às falsificações de Mattogno, Graf e Kues

Segue abaixo o Ebook e texto elaborado pelos membros do Holocaust Controversies(blog) principalmente sobre os campos de Belzec, Sobibor e Treblinka e a Operação Reinhard. É possível baixar o ebook em arquivo PDF. Observação: o texto está em inglês.

Livro: Belzec, Sobibor, Treblinka (Negação do Holocausto e Operação Reinhard). Uma crítica às falsificações de Mattogno, Graf e Kues.

Um documento de Holocaust Controversies, 1ª edição, dezembro de 2011: http://holocaustcontroversies.blogspot.com

© 2011 Jonathan Harrison, Roberto Muehlenkamp, Jason Myers, Sergey Romanov, Nicholas Terry

Nota: Este trabalho pode ser distribuído eletronicamente de forma gratuita como PDF ou reproduzido em websites, mas os direitos dos autores são reservados. Por favor, dê os créditos do texto ao ‘Holocaust Controversies’. Reprodução para fins comerciais é proibida.

Dedicado a Harry Mazal (1937-2011)

NOTA: a versão definitiva desta crítica está em formato PDF. O ebook pode ser baixado em:  
Google Docs  |  Rapidshare  | Archive.org
A versão do blog deve ser considerada como uma versão preliminar.
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domingo, 17 de julho de 2011

Jan Gross, autor do livro "Vizinhos": "O nazismo pôs uma categoria de vítimas contra as outras"

Jan Gross, autor do livro "Vizinhos"
que desnudou a verdade dos fatos.
Vizinhos não foi o único livro de Jan T. Gross (Varsóvia, 1947) em provocar uma polêmica em seu país natal. Em 2006, sua investigação Medo. Antissemitismo na Polônia depois de Auschwitz havia contribuído com o debate. Centrado nos pogrons contra judeus uma vez finalizada a Segunda Guerra Mundial, Gross estima que, dos mais de 200 mil que regressaram à Polônia, uns 3000 foram assassinados. Em 2008, as autoridades judiciais polonesas interpretaram o livro Medo à luz do artigo 132 de seu Código Penal, que castigava até com três anos de prisão a quem "publicamente caluniasse a nação polonesa como partícipe, organizadora ou responsável pelos crimes nazis ou comunistas". Um artigo que inclusive foi chamado ironicamente de "Lei Gross", já que foi criada depois da polêmica em torno de "Vizinhos". Os promotores se recusaram a iniciar uma investigação e mais tarde o artigo foi vetado como anticonstitucional. Gross acaba de publicar outro livro irritante para o status quo polonês: Colheita Dourada, sobre o enriquecimento às custas dos judeus assassinados durante o Holocausto.

-Porque você crê que na Polônia não há um sentido de responsabilidade coletiva por esses crimes, sem prejuízo de que seja inegável que os poloneses também foram vítimas do nazismo?

-Na Polônia, a narrativa principal sobre as experiências da Guerra é a vitimização, e é correta, porque a ocupação nazi foi extraordinariamente brutal, especialmente nos países eslavos. Trataram-nos como escravos, para a escala racial nazi eram Untermensch, subumanos. E os judeus estavam na escala mais baixa. O nazismo teve sucesso em pôr uma categoría de vítimas contra a outra, apoiado em um antissemitismo tradicional na Polônia, e por isso seu incentivo em cometer atos como os de Jedwabne funcionou. Isto evidentemente não se adequa com a narrativa heróica dos poloneses, que é também correta: a resistência foi mais elaborada e complexa que qualquer outra na Europa sob ocupação. Como compatibilizar esta narrativa da resistência com o fato de que, quando os nazis de alguma maneira "instigaram" a população a se juntar à espoliação dos judeus, a população se juntou, inclusive até ocasionalmente assassinando-os? É muito difícil de admitir. Por outro lado, há que reconhecer que a Polônia é o único país do Leste Europeu em aceitar esta discussão. A população de outros países do leste se comportou em relação a seus judeus de maneira parecida ou inclusive pior, e lá não há uma intervenção historiográfica para discutir esta questão.

-Qual reflexão lhe inspira o 70° aniversário do massacre de Jedwabne?

-A Polônia é muito diferente agora que há dez anos atrás, creio que há uma maior consciência entre os historiadores, mas também em outros seguimentos da sociedade, de que as relações entre poloneses e judeus durante a Segunda Guerra não foram o que deveriam ter sido. Não há muito mais que fazer, exceto refletir e guardar algum tipo de luto pela morte de tantos compatriotas que nunca tiveram um duelo apropiado. E espero que, à medida que histórias como esta venham à luz e sejam melhor entendidas, que sejam reconhecidas como parte central da história polonesa: não como algo que se passou com "os judeus", senão com toda a população.

Fonte: lanacion.com(Argentina)
http://www.lanacion.com.ar/1389900-el-nazismo-puso-a-una-categoria-de-victimas-en-contra-de-la-otra
Tradução: Roberto Lucena

quarta-feira, 18 de maio de 2011

Himmler no Distrito de Lublin, fevereiro de 1943

Em 16 de fevereiro de 1943, Himmler ordenou o desmonte do Gueto de Varsóvia com o argumento de que "temos que fazer sumir em definitivo deste espaço cerca de 500.000 sub-humanos (Untermenschen) que sobreviveram até o momento". Esta ordem foi provavelmente emitida enquanto Himmler esteve em Lublin, de acordo com documentados citados por Gerlach em Kalkulierte Morde, pág. 572 nota 430, reproduzido em parte pelo Dr. Nick Terry aqui:
Grothmann Fernschreiben um Globocnik, 11.2.43, Bundesarchiv ZM Hoppegarten Dahlwitz-1457 A.2, Bl. 178
telex inclui Reiseprogramm de 12.2.43:
Vom Flugplatz aus dem sofort zu Fahrt bewussten Ort
[...]
mais: Hauptabteilungsleiter no Generalgouvernement, Naumann, escreveu num Vermerk de 23.2.43 que Himmler estava ca vor. 14 im tagen Distrikt Lublin anwesend (BA R26 IV/33)
Essas fontes são fortes provas de que Himmler visitou os campos da Aktion Reinhard em fevereiro de 1943, entre outras tarefas que ele fez enquanto esteve na área de Lublin. Negacionistas ou são desconhecedores destes documentos ou fingem não terem conhecimento deles. Por exemplo, ver Mattogno e Graf, Treblinka, pág.142, onde afirmam:
Por outro lado, a história da visita de Himmler à Treblinka é desprovida de qualquer tipo de base histórica e nem sequer é apoiada por uma vaga referência documental. É uma simples invenção das testemunhas, a fim de tornarem credíveis seus contos sobre as grandes cremações em Treblinka, que por sua vez devem dar credibilidade às suas descrições de uma gigante exterminação em massa no campo. Mas historicamente se vê que é tudo um grande nonsense.
Isto é repetido cegamente por nathan aqui:
Eu devo assumir que a visita de Himmler em fevereiro à Treblinka é uma invenção, uma propaganda, muito provavelmente proveniente das memórias férteis "Um ano em Treblinka"(A Year in Treblinka) de Wiernik.
Estranhamente, em Sobibor, pág.58, MGK* admitem uma visita de Himmler ao campo de Sobibor em março, mas a prova documental para isto (Globocnik-Herff, 13/4/43) não é tão precisa em sua datação como a documentação de fevereiro, como Globus(apelido de Globocnik) simplesmente diz "em março", e Globus escreveu retrospectivamente. Esta fonte, portanto, não se opõe ao fato de Himmler ter visitado a região em fevereiro e março, e nem exclui a possibilidade de que Globus pudesse ter se enganado sobre o mês. Além disso, MGK se contradizem com esta concessão na página 282, nota de rodapé 855, de Sobibor, negando qualquer visita de Himmler à Treblinka em fevereiro ou março de 1943, apesar de no capítulo anterior (página 58) do livro deles, eles tinham citado uma visita em março às "instalações da Aktion Reinhard" baseando-se em Globus-Herff.

Além disso, MGK fracassam em explicar porque Himmler visitaria um mero campo de trânsito, especialmente porque não oferecem nenhuma prova de que houve um problema no campo que requeriu a atenção de Himmler. A cremação de corpos é therefore a única explicação para a visita de Himmler e que está na tabela, na ausência de qualquer tipo de narrativa coerente (uma vez mais) de negacionistas.

MGK* = sigla para os negacionistas Mattogno, Graf e Kues

Fonte: Holocaust Controversies
Texto: Jonathan Harrison
http://holocaustcontroversies.blogspot.com/2011/05/himmler-in-distrikt-lublin-february.html
Tradução: Roberto Lucena

domingo, 24 de abril de 2011

Seis milhões

Em 1905, a população judaica do Império Russo (incluindo a Polônia) foi contada em cerca de 6,060,415. E esta estimativa acabou ainda sendo usada por fontes judaico-americanas em 1917 (AJC Yearbook, 1916-1917, p. 276). Portanto, e logicamente, essas organizações judaico-americanas seguindo na busca por ajuda para seus irmãos naquela região citariam uma estimativa de 6 milhões.

Entretanto, o Arquivo de Jornais do Google nos retorna esses resultados para o período de 1905-1939:

"Cinco milhões de judeus": 42
"Seis milhões de judeus": 44
"Três milhões de judeus": 57
"Milhões de judeus": 1,520

Além disso, histórias relatando a iminente fome, deportação ou aniquilação de 5 milhões (não seis) podem ser encontradas aqui, aqui, aqui e aqui. Histórias similares referindo-se a "três milhões de judeus" encontram-se aqui e aqui. O segundo artigo pede por ajuda "para que três milhões de judeus não desapareçam da face da Terra."

Fonte: Holocaust Controversies
http://holocaustcontroversies.blogspot.com/2011/04/six-million.html
Texto: Jonathan Harrison
Tradução: Roberto Lucena
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Observação: para quem não entendeu o contexto e o conteúdo do post, favor ler o complemento abaixo com os comentários do Jonathan Harrison (na parte de comentários do blog Holocaust Controversies), sobre o post, refutando mais uma(de tantas) baboseira "revi".

Complemento: comentários do Holocaust Controversies "Six Million"

Ben diz...
Então, você está dizendo que o número de vítimas do Holocausto é menor que seis milhões?

Jonathan Harrison diz...
Não, eu estou refutando a afirmação feita por negadores do Holocausto de que 6 milhões foi um número fabricado baseado em previsões pré-1939. Negacionistas dizem que 6 milhões era a estimativa dominante na cultura judaica antes do Holocausto. Este artigo mostra que, nem de longe, este era o caso em questão, o das citações da imprensa.

Ler mais:
A Teoria do "Holocausto" da Primeira Guerra Mundial (por Jamie McCarthy e Ken McVay)

sexta-feira, 15 de abril de 2011

Livro resgata prazer de matar dos soldados alemães na 2ª Guerra

O historiador Sönke Neitzel e o psicólogo Harald Wetzer resgataram um outro olhar sobre os horrores da Segunda Guerra Mundial, abordando a fascinação pelo confronto bélico por parte de muitos soldados alemães.

No livro Soldaten (Soldados, em alemão), Neitzel e Wetzer acabam com o mito que o Exército alemão teve um papel supostamente respeitável na Segunda Guerra Mundial e que não tinha sido cúmplice direto dos crimes do nacional-socialismo, em contraste com as unidades especiais das SS.

O mito já tinha sido alvo com a famosa exposição "Vernichtungskrieg. Verbrecher der Wehrmacht" (Guerra de Extermínio. Crimes do Exército alemão) que percorreu a Alemanha entre 1995 e 1999, e que em algumas cidades gerou protestos.

Os testemunhos de soldados alemães publicados em seu livro por Nietzel e Wetzer não deixam dúvidas que matar e saquear não representava nenhum problema ético e, pelo contrário, gerava prazer.

As declarações foram encontradas por Neitzel em arquivos britânicos e americanos quando o historiador pesquisava sobre a guerra no Atlântico.

Trata-se de transcrições de conversas entre soldados alemães em cativeiro nas quais não escondam o prazer que sentiram ao matar, e que foram gravadas sem que eles soubessem com o objetivo de obter informação militarmente relevante.

"No segundo dia da guerra da Polônia tive que lançar bombas sobre uma estação em Posem. Não gostei. No terceiro dia, me pareceu igual, e no quarto, já passei a gostar", disse um soldado em uma conversa gravada no dia 30 de abril de 1940 que acrescentou: "Nossa diversão matutina era caçar soldados inimigos pelos campos com metralhadoras e deixá-los no chão com duas balas nas costas".

Outro soldado, ao descrever um bombardeio no qual os cavalos "voaram pelos ares", disse que senti pena dos animais, mas não sentia o mesmo pelas pessoas.

"Os cavalos me davam pena, as pessoas não. Os cavalos me deram pena até o último dia", explicou a um de seus companheiros de cativeiro.

O Holocausto, por outro lado, é pouco citado durante as conversas, uma circunstância que os autores do livro atribuem a que para os soldados não se tratava de algo especial.

Quando abordam o tema fica claro que estão informados do que ocorria, e inclusive um dos soldados conta a outro como um oficial das SS o convidou para presenciar e filmar um fuzilamento em massa de judeus.

A espontaneidade e a sinceridade é o maior "valor" das conversas frente os testemunhos diretos de soldados que participaram da Segunda Guerra Mundial, pois geralmente "maquiavam" suas verdadeiras sensações.

As cartas, por sua parte, eram, de certa forma, uma versão da guerra para as famílias, que naturalmente ocultava muitos detalhes, enquanto as memórias de veteranos da Segunda Guerra Mundial apresentam, por último, o problema da deformação, às vezes involuntária, das noções de lembranças que costumam perder com o passar dos anos, somada à necessidade dos autores de apresentar uma imagem respeitável.

Fonte: EFE/Terra
http://noticias.terra.com.br/mundo/noticias/0,,OI5076381-EI8142,00-Livro+resgata+prazer+de+matar+dos+soldados+alemaes+na+Guerra.html

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Valas comuns e Majdanek

No ensaio sobre Majdanek de Mattogno e Graf, eles reconhecem que os corpos foram descobertos em Krepiecki, a 12km de Majdanek:
a Comissão polonesa-soviética, em sua busca nos terrenos do campo e da floresta Krepiecki, descobriu 467 corpos e 266 crânios que foram submetidos à análise forense. A Comissão também descobriu 4,5m³ de cinzas e ossos
Krepiecki é claramente o mesmo local que W.H. Lawrence descreveu ao visitar aqui:
Eu estive em Krempitski, dez milhas ao leste, onde vi três das dez valas comuns abertas e olhei para 368 corpos parcialmente decompostos de homens, mulheres e crianças que tinham sido executados individualmente em uma variedade de métodos cruéis e horríveis. Só nesta floresta as autoridades estimam que existam mais de 300.000 corpos.
Mattogno e Graf podem, e vão, lamuriar e mentir sobre os números, mas isso não altera o fato de que os judeus estavam sendo assassinados em massa nessas áreas e que alguns dos corpos achados foram observados por jornalistas norte-americanos, como também por investigadores poloneses e soviéticos. Além disso, note que esses números foram relatados com cautela por Lawrence:
É impossível para este correspondente afirmar com certeza quantas pessoas os alemães mataram aqui. Muitos corpos inquestionavelmente foram queimados, e não faz tanto tempo que todas as valas nesta vizinhança foram abertas antes do período que visitei a cena.

Mas eu estive em um armazém de madeira no campo, com cerca de 150 pés de comprimento, no qual eu atravessava literalmente dezenas de milhares de sapatos espalhados pelo chão como grãos num elevador cheio pela metade. Lá eu vi sapatos de crianças tão jovens como de uma de um ano de idade. Havia sapatos de homens e mulheres jovens e velhos. Aqueles que eu vi estavam todos em mau estado - desde que os alemães usaram este campo não apenas para exterminar suas vítimas, mas também como um meio de obterem roupas para o povo alemão - mas alguns, obviamente, tinham sido bastante caros. Pelo menos um par viera dos EUA, pois tinha um selo, "Goodyear Welt".

Já passei por um armazém no centro da cidade de Lublin, no qual vi centenas de malas e literalmente dezenas de milhares peças de roupas e pertences pessoais de pessoas que morreram aqui, e tive a oportunidade de indagar um oficial alemão, Herman Vogel, 42, de Millheim, que admitiu que, como chefe dos barracões de roupas, ele tinha supervisionado a transferência de cargas de dezoito vagões de cargas carregados de roupas para a Alemanha durante um período de dois meses e que ele sabia que isso vinha dos corpos de pessoas que haviam sido mortas em Majdanek.
Este homem era apenas mais um que estava consumindo propaganda soviética?

Fonte: Holocaust Controversies
http://holocaustcontroversies.blogspot.com/2011/02/mass-graves-and-majdanek.html
Texto: Jonathan Harrison
Tradução: Roberto Lucena

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Vítimas do Holocausto ameaçadas por esquecimento em valas comuns do Leste Europeu

Vala localizada na Ucrânia
Milhares de judeus assassinados pelos nazistas estão enterrados em valas comuns na Ucrânia, Rússia, Polônia e Belarus. Organização Yahad in Unum luta para resgatá-los do esquecimento.

"O Holocausto não começou em Auschwitz. Começou já antes do funcionamento das câmaras de gás, com a invasão do Leste da Europa pela Wehrmacht", diz o rabino norte-americano Andrew Baker.

Soldados, comandos de morte e colaboradores atuaram como ajudantes ávidos. Eles fuzilaram os judeus, nos lugares mesmos onde moravam, e jogaram os corpos em valas comuns. Há milhares de sepulturas na Ucrânia, Polônia, Belarus e Rússia, em florestas afastadas, nos arredores de povoados e cidades. Negligenciados, ignorados, descuidados, os corpos são o testemunho silencioso de uma história quase totalmente reprimida.

Contra o esquecimento

Por muito tempo ninguém se interessou pela localização dessas valas comuns. Até que o francês Pater Patrick Desbois e seus colegas da organização Yahad in Unum começaram a buscar pistas e interrogar moradores e testemunhas sobreviventes. O trabalho possibilitou a identificação de milhares de sepulturas.

Num projeto-modelo de grande porte, uma iniciativa internacional quer agora proteger cinco desses locais, identificá-los com placas memoriais, protegendo-os do esquecimento no futuro.

Participam do projeto a Volksbund Deutscher Kriegsgräberfürsorge, uma comissão alemã que cuida dos túmulos de vítimas de guerra, o American Jewish Comittee (AJC), ao qual Andrew Baker é filiado, a conferência dos rabinos europeus, assim como organizações não-governamentais do Leste Europeu. O Ministério alemão de Relações Exteriores destinou 300 mil euros para o projeto.

Memória e formação
Kyslyn, Ucrânia

"Somos gratos por esse apoio que vem da Alemanha", disse Eduard Dolinsky, do Comitê Judaico da Ucrânia, país onde 500 mil judeus foram vítimas do nazismo. Os jovens não aprendem nada na escola sobre essa parte do passado. "Aqui, a tendência é esquecer."

Na época da União Soviética, o assassinato dos judeus foi ocultada, diz Anatoly Podolsky, do Centro para Estudos do Holocausto, em Kiev. Desde que o país ficou independente, os historiadores puderam, finalmente, pesquisar sobre o tema, "mas o governo tem pouco interesse no assunto".

Pesquisa, documentação e uma homenagem digna são tarefas gigantescas, diz Deidre Berger, diretora do AJC de Berlim. Porém tão importantes quanto elas é contar o que aconteceu às gerações mais novas. "Elas devem saber quantas vidas foram destruídas, quantas comunidades judaicas desapareceram", comenta.

Em dezembro de 2010, um grupo de trabalho esteve na Ucrânia para verificar a situação. O diretor do programa, Jan Fahlbusch, contou sobre descobertas terríveis feitas num terreno arenoso. "Depois da guerra voltou-se a retirar areia do local onde ocorreram muitos tiroteios. Nesse processo, os túmulos foram abertos; num certo ponto, os ossos estão quase na superfície. Aí população escavou o local à procura de objetos de valor." Esse fenômeno foi observado repetidamente na região.

Luta contra o relógio
Restos de um cemitérios de judeus, em Rava Ruska

A iniciativa conta com estreita colaboração das autoridades locais e de arquitetos. Eduard Dolinsky, do Comitê Judaico, fala sobre o design do memorial: "Essa é a condição principal: antes de qualquer outra instância, cabe aos judeus que vivem no local a última palavra sobre a aparência do memorial".

Quando os cinco projetos estivem implementados, eles não só serão exemplos para outros memoriais, como passarão à responsabilidade do governo local. Segundo Jan Fahlbusch, até agora valas comuns não eram reconhecidas legalmente como cemitérios. Consequentemente não eram protegidas contra novas construções e modificações. Tal proteção deve ser assegurada pelas instituições locais.

Nesse ínterim, continua a busca de vestígios e de testemunhas. E, naturalmente, o tempo não para. As testemunhas sobreviventes contam, atualmente, 80 ou mesmo 90 anos de idade, e as pesquisas são uma corrida contra o tempo, diz William Mengebier, da organização francesa Yahad in Unum.

Mesmo assim: "Em 2011, nossa equipe deve fazer 15 viagens de pesquisa e bater à portas, nas ruelas de povoados remotos da Ucrânia, Belarus, Rússia e Polônia, perguntando aos mais idosos: Você viveu aqui durante a guerra?".

Autora: Cornelia Rabitz (np)
Revisão: Augusto Valente

Fonte: Deutsche Welle (versão pt-br)
http://www.dw-world.de/dw/article/0,,14798887,00.html

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