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sábado, 29 de setembro de 2012

Historiador destaca canibalismo do Exército japonês em livro (Beevor - Segunda Guerra Mundial)

Imagem mostra a capa do livro de
Antony Beevor. Foto: Reprodução
Durante a Segunda Guerra Mundial, "os japoneses praticaram uma política de canibalismo com seus prisioneiros de guerra e, inclusive, com seus compatriotas mortos em combate", explicou nesta terça-feira em entrevista à Agência Efe o historiador britânico Antony Beevor.

Segundo Beevor, esse foi um dos aspectos que mais lhe surpreendeu durante a pesquisa elaborada para a realização de "A Segunda Guerra Mundial" (The Second World War), um livro que não pretende ser "o definitivo", mas sim lançar um olhar global baseado em sua experiência como escritor e como ex-militar.

Esse canibalismo era um fato que Beevor não conhecia. Os americanos e os australianos decidiram não dizer nada no final da guerra pelo choque que essa notícia poderia causar entre os familiares dos prisioneiros, explicou o historiador à Agência Efe em Madri, onde hoje apresenta seu novo livro.

Trata-se de uma prática que demonstra toda a crueldade do "extremamente militarizado" Exército japonês, que humilhava os soldados e usava toda a "fúria absorvida nas batalhas para se vingar contra os soldados vencidos".

Apesar de ainda não ser uma notícia pública e de massa, somente uma nova geração de jovens historiadores japoneses tiveram coragem de trazer este fato à tona, explica Beevor.

"É óbvio que todos os exércitos tiveram tentações de cometer crimes, mas alguns mantiveram certas coerências e proporções. No entanto, há diferentes pautas de comportamento. Nem todos os Exércitos foram iguais", completa o historiador.

Outro fato que surpreendeu Beevor foi o "terrível sacrifício" que os comandantes soviéticos infligiram a suas tropas na operação de distração durante a batalha de Stalingrado, que aconteceu para distrair os alemães e supôs a morte de 250 mil russos.

"Sacrificaram mais homens que os britânicos e os americanos juntos no Dia D", revelou Beevor.

Atrocidades existem em todas as guerras, embora o canibalismo dos japoneses é, sem dúvida, o fato mais terrível que Antony Beevor conta em seu novo livro, uma vasta obra que já foi lançada na Colômbia, na Argentina, no México e que, segundo o próprio autor, será publicado em toda América Latina.

Com mais de 30 anos de dedicação ao conflito militar mais amplo e sangrento da história, Beevor, neste livro com mais de mil páginas, resgata informações tiradas dos arquivos russos, alemães e, principalmente, franceses.

Apesar do excesso de fatos, o autor conseguiu achar uma estrutura para não se "afogar", um fato que, segundo o próprio autor, só foi possível graças a sua experiência prévia com livros como "Stalingrado" (2000) e "Berlim: A queda 1945" (2002), autênticos "best sellers" de nível mundial.

Neste novo lançamento, Beevor volta a recorrer ao elemento mais característico da escritura: uma mistura entre as épicas narrações das batalhas e das grandes discussões políticas com os detalhes mais humanos e desumanos das vítimas e carrascos da guerra.

Uma história que Beevor começa a contar na frente oriental, na guerra entre chineses e japoneses, um primeiro exemplo das atrocidades que cometeriam os japoneses, que em Nanjing mataram entre 200 mil e 300 mil chineses da maneira mais cruel, sem distinguir sexo e idade.

Se Beevor decidiu começar por essa parte da história é porque pensa que isso condicionou todo o desenvolvimento posterior de um conflito que se caracterizou por incluir "elementos de uma guerra civil internacional" e que, na realidade, foi "um conglomerado de diferentes conflitos".

"Me senti muito lisonjeado quando disseram que este era o livro definitivo sobre a Segunda Guerra Mundial. Mas, na verdade, não é assim. Sempre haverá novos elementos. Os arquivos da Rússia são enormes e só puderam ser consultados entre 1995 e 2000, enquanto o dos japoneses não deixam pesquisadores estrangeiros consultar os seus", ressaltou Beevor.

Apesar de ainda existir muitas coisas por descobrir, Beevor aponta que o mais intrigante de seu livro são as histórias individuais, muitas delas tiradas de testemunhos de combatentes franceses cujos descendentes entregaram suas cartas às autoridades.

Através dessas histórias pessoais, o leitor se identifica mais facilmente com uns fatos que ultrapassam o entendimento, sendo que esse tipo de narração é o que fez de Beevor um dos historiadores mais lidos na atualidade.

"Hoje em dia, eu não entendo como fizemos para viver nas trincheiras, no descoberto, na neve, congelados de frio e sem tirar jamais os sapatos e a roupa. Isso sem ter água e sem ter nada com que se esquentar". Este é o testemunho de um oficial do Exército Vermelho que se une a outros muitos em uma obra imprescindível para quem deseja entender o que ocorreu com mundo no século XX.

Fonte: EFE/Terra
http://noticias.terra.com.br/mundo/noticias/0,,OI6178212-EI8143,00-Historiador+destaca+canibalismo+do+Exercito+japones+em+livro.html

Observação: o livro já foi lançado em espanhol no último dia 25 de setembro. Sem notícia anunciando o lançamento do livro em português.

Ver:
Antony Beevor lanza hoy libro sobre II Guerra Mundial donde revela episodios de canibalismo (Latercera.com)

sexta-feira, 4 de março de 2011

Notas de um campo de trânsito

Localizado em Dubrovitsi próximo à Staraja Russa, ao sul do lago Ilmen depois de 6 de setembro de 1941, Durchgangslager (Dulag) 150, um campo de trânsito para prisioneiros de guerra soviéticos, era subordinado à 281ª Divisão de Segurança e ao comandante do exército de retaguarda da área 584.

O cozinheiro do campo, Franz H., manteve um diário, que está anexado ao registro de sua deposição em 17.10.1970 (Arquivos Federais Alemães da Seção da Secretaria de Ludwigsburg, 319 AR-Z 10/70, Vol. 1, fl. 187f.) e parcialmente transcrito na coleção de documentos Deutscher Osten 1939-1945. Der Weltanschauungskrieg in Photos und Texten., editada por Klaus Michael Mallmann, Volker Rieß and Wolfram Pyta, 2003 e pelo Wissenschaftliche Buchgesellschaft, Darmstadt. Os excertos deste diário transcritos na p. 163 e ss. da coleção traduzidos como se segue:
6.10.1941
"Várias centenas de prisioneiros recusaram-se a trabalhar (Robott). Como da última v ez que eles tiveram que se ajoelhar na praça durante toda tarde no vento frio e cortante. K. atirou em um desses prisioneiros. As pessoas se sentem como se fossem números de alvo em um campo de tiro."

13.10.1941
"Os prisioneiros estão morrendo como moscas, o cemitério foi deslocado. 12 prisioneiros estavam mortos esta manhã. Melhor morto que um prisioneiro."

18.10.1941
"M. golpeou novamente entre 2-3 prisioneiros. Pessoas que de outro modo pouco teriam a dizer da vida descobrem seu talento para interpretar os mestres da crueldade aqui. Por mais que demore, tudo [que alguém faz] retorna algum dia."

31.10.1941
"O destino e as tragédias continuam tendo seu curso. O frio determina que que mais pessoas irão morrer. Nesta manhã mais de 30 mortos estão estirados lá. Nesta semana houve 20 mortos várias vezes. Novamente eles estão congelando no portão e esperando por roupas que os mortos não precisam mais, pois eles estão despidos. Há sempre um aglomerado de gente. […] Pacientes como animais, indiferentes e aparentemente sem qualquer emoção eles aceitam a vida. M. disse que quando enterrava o 'morto' ele ainda se movia e eles pisavam em seu corpo e sua garganta até ele se engasgar, pois de outra forma eles teriam que levá-lo de volta."

2.11.1941
"No transporte para Riga, P. sozinho atirou em 30 prisioneiros."

5.11.1941
"50 estavam mais uma vez mortos esta manhã. […] Os mortos estão estirados como camundongos. Ontem no transporte novamente 10 morreram até chegar à estação. Hoje havia de novo um transporte de prisioneiros feridos e doentes. Como sempre eles são levados em veículos abertos, primitivos e frágeis. No frio forte, 10 graus no mínimo, eles vêm descalços para a sala fria e então são transportados."

6.11.1941
"Agora eles estão usando um panje cart para transportar os cadáveres. Os carregadores não conseguem administrar. Totalmente despidos eles são atirados dentro de carroças como sacos. Eu ficarei doente se assistir mais isso."

12.11.1941
"Esta manhã houve um incidente pavoroso aqui. Ele relembra o de Dünaburg. Eles besuntaram a cabeça de um judeu com graxa e atearam fogo. Quando ele gritou de dor eles bateram em sua cabeça com um machado. Ele foi levado para as valas comuns, jogado em uma vala e, quando ele estava dentro provavelmente recuperou a consciência e gritou que estava ferido. Então a vala foi rapidamente fechada com pás."

27.11.1941
"Novamente os judeus foram terrivelmente assassinados no campo."

12.1.1942
"Um comissário foi recentemente capturado, após interrogatório ele foi perguntado se não tinha mais nada a dizer. Com uma postura firme, ele declarou que os prisioneiros alemães estavam em melhores condições do que os russos conosco. Pouco antes de deixar o campo ele foi assassinado, para 'simplificar' as coisas. Nesse meio tempo, no bunker onde ele se sentou, outros 2 prisioneiros foram adicionados, entretanto, o homem que realizava a execução não sabia qual deles era o comissário. Então ele simplesmente atirou nos três."

26.1.1942
"Os presos selecionados por nós aqui para o transporte mais distante, viviam da maneira mais primitiva. 200 já estão mortos. Cenas horríveis estão ocorrendo. Eles comem uns aos outros. Continuamente se encontra cadáveres faltando uma parte da coxa, do braço, do peito, ou do rosto. Até mesmo o cérebro é comido. Se apenas eu conseguisse sair daqui."

28.1.1942
"Os prisioneiros arrancam corações e pulmões de outros e os comem. 500 foram levados embora, os que podiam andar, os outros estão mortos. Nenhum é deixado."

18.2.1942
"Como já sabemos há algum tempo, os judeus da Alemanha são levados para o leste, principalmente para a Letônia (Riga), e lá são fuzilados depois de algum tempo."
De acordo com o relatório soviético que faz parte da coleção de documentos, cerca de 5.000 prisioneiros de guerra sucumbiram à fome, frio, maus tratos e fuzilamentos no inverno de 1941/42 em campos na área de Staraja Russa.

Uma foto mostrando algumas das vítimas de Dulag 150 está incluída no blog em Fotos do leste alemão.

Fonte: Holocaust Controversies
Texto: Roberto Muehlenkamp
http://holocaustcontroversies.blogspot.com/2010/12/notes-from-transit-camp.html
Tradução: Roberto Lucena

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