Em 31 de dezembro de 1941, as tropas soviéticas temporariamente libertaram Kerch e escavaram valas comuns cheias de judeus vítimas do nazismo. Estas foram fotografadas por foto-jornalistas, entre eles Dmitrii Baltermants, cujas fotos foram publicadas em Ogonyok em 2 de março de 1942. David Shneer nos dá um lote de fotografias aqui e a proveniência também é discutida neste artigo e também aqui. Yad Vashem tem fotos aqui. Finalmente, a escavação foi testemunhada por um judeu-poeta russo chamado Ilya Selvinsky, que a registrou em seu diário e no poema "Eu vi!", que foi publicado em um jornal soviético em 23 de janeiro de 1942; extratos de ambas as fontes são traduzidas e discutidas por Maxim D. Shrayer aqui. Estas fontes merecem maior exposição e atenção.
Fonte: Holocaust Controversies
Texto: Jonathan Harrison
http://holocaustcontroversies.blogspot.com.br/2012/12/photographic-proof-of-kerch-mass-graves.html
Tradução: Roberto Lucena
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domingo, 16 de dezembro de 2012
sexta-feira, 4 de março de 2011
Notas de um campo de trânsito
Localizado em Dubrovitsi próximo à Staraja Russa, ao sul do lago Ilmen depois de 6 de setembro de 1941, Durchgangslager (Dulag) 150, um campo de trânsito para prisioneiros de guerra soviéticos, era subordinado à 281ª Divisão de Segurança e ao comandante do exército de retaguarda da área 584.
O cozinheiro do campo, Franz H., manteve um diário, que está anexado ao registro de sua deposição em 17.10.1970 (Arquivos Federais Alemães da Seção da Secretaria de Ludwigsburg, 319 AR-Z 10/70, Vol. 1, fl. 187f.) e parcialmente transcrito na coleção de documentos Deutscher Osten 1939-1945. Der Weltanschauungskrieg in Photos und Texten., editada por Klaus Michael Mallmann, Volker Rieß and Wolfram Pyta, 2003 e pelo Wissenschaftliche Buchgesellschaft, Darmstadt. Os excertos deste diário transcritos na p. 163 e ss. da coleção traduzidos como se segue:
Uma foto mostrando algumas das vítimas de Dulag 150 está incluída no blog em Fotos do leste alemão.
Fonte: Holocaust Controversies
Texto: Roberto Muehlenkamp
http://holocaustcontroversies.blogspot.com/2010/12/notes-from-transit-camp.html
Tradução: Roberto Lucena
O cozinheiro do campo, Franz H., manteve um diário, que está anexado ao registro de sua deposição em 17.10.1970 (Arquivos Federais Alemães da Seção da Secretaria de Ludwigsburg, 319 AR-Z 10/70, Vol. 1, fl. 187f.) e parcialmente transcrito na coleção de documentos Deutscher Osten 1939-1945. Der Weltanschauungskrieg in Photos und Texten., editada por Klaus Michael Mallmann, Volker Rieß and Wolfram Pyta, 2003 e pelo Wissenschaftliche Buchgesellschaft, Darmstadt. Os excertos deste diário transcritos na p. 163 e ss. da coleção traduzidos como se segue:
6.10.1941De acordo com o relatório soviético que faz parte da coleção de documentos, cerca de 5.000 prisioneiros de guerra sucumbiram à fome, frio, maus tratos e fuzilamentos no inverno de 1941/42 em campos na área de Staraja Russa.
"Várias centenas de prisioneiros recusaram-se a trabalhar (Robott). Como da última v ez que eles tiveram que se ajoelhar na praça durante toda tarde no vento frio e cortante. K. atirou em um desses prisioneiros. As pessoas se sentem como se fossem números de alvo em um campo de tiro."
13.10.1941
"Os prisioneiros estão morrendo como moscas, o cemitério foi deslocado. 12 prisioneiros estavam mortos esta manhã. Melhor morto que um prisioneiro."
18.10.1941
"M. golpeou novamente entre 2-3 prisioneiros. Pessoas que de outro modo pouco teriam a dizer da vida descobrem seu talento para interpretar os mestres da crueldade aqui. Por mais que demore, tudo [que alguém faz] retorna algum dia."
31.10.1941
"O destino e as tragédias continuam tendo seu curso. O frio determina que que mais pessoas irão morrer. Nesta manhã mais de 30 mortos estão estirados lá. Nesta semana houve 20 mortos várias vezes. Novamente eles estão congelando no portão e esperando por roupas que os mortos não precisam mais, pois eles estão despidos. Há sempre um aglomerado de gente. […] Pacientes como animais, indiferentes e aparentemente sem qualquer emoção eles aceitam a vida. M. disse que quando enterrava o 'morto' ele ainda se movia e eles pisavam em seu corpo e sua garganta até ele se engasgar, pois de outra forma eles teriam que levá-lo de volta."
2.11.1941
"No transporte para Riga, P. sozinho atirou em 30 prisioneiros."
5.11.1941
"50 estavam mais uma vez mortos esta manhã. […] Os mortos estão estirados como camundongos. Ontem no transporte novamente 10 morreram até chegar à estação. Hoje havia de novo um transporte de prisioneiros feridos e doentes. Como sempre eles são levados em veículos abertos, primitivos e frágeis. No frio forte, 10 graus no mínimo, eles vêm descalços para a sala fria e então são transportados."
6.11.1941
"Agora eles estão usando um panje cart para transportar os cadáveres. Os carregadores não conseguem administrar. Totalmente despidos eles são atirados dentro de carroças como sacos. Eu ficarei doente se assistir mais isso."
12.11.1941
"Esta manhã houve um incidente pavoroso aqui. Ele relembra o de Dünaburg. Eles besuntaram a cabeça de um judeu com graxa e atearam fogo. Quando ele gritou de dor eles bateram em sua cabeça com um machado. Ele foi levado para as valas comuns, jogado em uma vala e, quando ele estava dentro provavelmente recuperou a consciência e gritou que estava ferido. Então a vala foi rapidamente fechada com pás."
27.11.1941
"Novamente os judeus foram terrivelmente assassinados no campo."
12.1.1942
"Um comissário foi recentemente capturado, após interrogatório ele foi perguntado se não tinha mais nada a dizer. Com uma postura firme, ele declarou que os prisioneiros alemães estavam em melhores condições do que os russos conosco. Pouco antes de deixar o campo ele foi assassinado, para 'simplificar' as coisas. Nesse meio tempo, no bunker onde ele se sentou, outros 2 prisioneiros foram adicionados, entretanto, o homem que realizava a execução não sabia qual deles era o comissário. Então ele simplesmente atirou nos três."
26.1.1942
"Os presos selecionados por nós aqui para o transporte mais distante, viviam da maneira mais primitiva. 200 já estão mortos. Cenas horríveis estão ocorrendo. Eles comem uns aos outros. Continuamente se encontra cadáveres faltando uma parte da coxa, do braço, do peito, ou do rosto. Até mesmo o cérebro é comido. Se apenas eu conseguisse sair daqui."
28.1.1942
"Os prisioneiros arrancam corações e pulmões de outros e os comem. 500 foram levados embora, os que podiam andar, os outros estão mortos. Nenhum é deixado."
18.2.1942
"Como já sabemos há algum tempo, os judeus da Alemanha são levados para o leste, principalmente para a Letônia (Riga), e lá são fuzilados depois de algum tempo."
Uma foto mostrando algumas das vítimas de Dulag 150 está incluída no blog em Fotos do leste alemão.
Fonte: Holocaust Controversies
Texto: Roberto Muehlenkamp
http://holocaustcontroversies.blogspot.com/2010/12/notes-from-transit-camp.html
Tradução: Roberto Lucena
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quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011
Testemunha militar francesa em Kaunas (Kovno)
Quinze dias depois dos soviéticos liberarem Kaunas em agosto de 1944, a cidade foi visitada pelo Coronel Pierre Pouyade do regimento Normandia-Niémen da Força Aérea francesa livre. Cinco meses depois, Pouyard foi entrevistado no Egito e deu um relato descrevendo os "pilhas de cadáveres de homens, mulheres e crianças nas ruas e nos porões destruídos." Matérias deste relato podem ser vistas aqui e aqui.
Fonte: Holocaust Controversies
http://holocaustcontroversies.blogspot.com/2011/02/french-military-witness-in-kaunas-kovno.html
Texto: Jonathan Harrison
Tradução: Roberto Lucena
Fonte: Holocaust Controversies
http://holocaustcontroversies.blogspot.com/2011/02/french-military-witness-in-kaunas-kovno.html
Texto: Jonathan Harrison
Tradução: Roberto Lucena
sexta-feira, 29 de janeiro de 2010
Os primeiros gaseamentos em Auschwitz
Tradução: Marcelo Oliveira
*agradecimentos a Roberto Muehlenkamp por fornecer a fonte.
Uma descrição detalhada das primeiras matanças em massa por gaseamento em Auschwitz está contida na autobiografia de Rudolf Hoess, que a seguir será citado através da tradução de Constantine FitzGibbon publicada por Phoenix Press, Londres.
Höss escreveu:
"[…]Antes que o extermínio em massa de judeus começasse, os "politruks" russos e comissários políticos foram liquidados em quase todos os campos de concentração durante 1941 e 1942.
De acordo com uma ordem secreta emitida por Hitler, estes "politruks" russos e comissários políticos eram separados em todos os campos de prisioneiros de guerra por destacamentos especiais da Gestapo. Quando identificados, eles eram transferidos para o campo de concentração mais próximo para liquidação. Fez-se saber que estas medidas foram tomadas porque os russos estavam matando todos os soldados alemães que eram membros do partido ou pertenciam a seções especiais do NSDAP, especialmente membros das SS, e também porque os oficiais políticos do Exército Vermelho haviam sido ordenados, se fossem feitos prisioneiros, a criar todo tipo de perturbação nos campos de prisioneiros de guerra e em seus lugares de emprego e para executar sabotagens onde fosse possível. Os oficiais políticos do Exército Vermelho assim identificados eram trazidos para Auschwitz para liquidação. Os primeiros e menores transportes deles eram executados por pelotões de fuzilamento.
Enquanto eu estava longe do trabalho, meu assistente, Fritsch, o comandante do campo de custódia de proteção, primeiro tentou gaseamentos para essas matanças. Era um preparado de ácido prússico, chamado Zyklon-B, que era usado no campo como um inseticida e do qual sempre havia um estoque à mão. No meu retorno, Fritsch relatou isso para mim, e o gás foi usado no próximo transporte.
Os gaseamentos foram executados nas celas de detenção do Bloco 11.
Protegidos por uma máscara de gás, eu assisti as matanças eu mesmo. Nas celas superlotadas a morte vinha instantaneamente no momento em que o Zyklon-B era despejado. Um grito curto, quase abafado, e estava tudo acabado. Durante a primeira experiência para gasear pessoas, eu não percebi plenamenteo que estava acontecendo, talvez porque eu estivesse muito impressionado pelo processo todo. Eu tenho uma
recordação mais clara do gaseamento de 900 russos que ocorreu pouco depois no crematório velho, visto que o uso do Bloco 11 para este propósito causou muito transtorno. Enquanto o transporte era desembarcado, buracos eram abertos no solo e no teto de concreto da câmara mortuária. Os russos receberam ordens para se despirem na ante-sala; eles então entraram silenciosamente na câmara mortuária, porque a eles foi dito que eles seriam desinfestados dos piolhos. O transporte todo preencheu a câmara mortuária exatamente em sua capacidade. As portas foram então seladas e o gás despejado através dos buracos no teto. Eu não sei quanto tempo durou essa matança. Por um pouco de tempo um murmúrio podia ser ouvido. Quando o pó foi despejado, havia gritos de "Gás!", então um grande grito, e os prisioneiros encurralados avançavam contra ambas as portas. Mas as portas agüentaram.
Elas foram abertas várias horas depois, de forma que o lugar pudesse ser ventilado. Foi quando eu vi, pela primeira vez. uma massa de corpos gaseados. Fez-me sentir desconfortável e eu tremi, embora eu tivesse imaginado que a morte por gaseamento seria pior do que foi. Eu já tinha pensado que as vítimas experimentariam uma terrível sensação de choque. Mas os corpos, sem exceção, não mostraram sinais de convulsão. Os médicos me explicaram que o ácido prússico tinha um efeito paralizante sobre os pulmões, mas sua ação era tão rápida e forte que a morte vinha antes das convulsões, e nisto, seus efeitos diferiam daqueles produzidos por monóxido de carbono ou por deficiência geral de oxigênio.
O extermínio de prisioneiros de guerra russos não causou-me muita preocupação naquela época. A ordem havia sido dada, e eu tinha que executá-la. Eu poderia até admitir que este gaseamento tranqüilizou minha mente, porque o extermínio de judeus ia começar logo e naquele tempo nem Eichmann nem eu estávamos certos de como esses extermínios em massa iriam ser executados. Seria por gás, mas nós não sabíamos que gás ou como ele tinha que ser usado. Agora nós tínhamos o gás, e nós tínhamos estabelecido um processo. Eu sempre tremi diante da possibilidade de executar extermínios por fuzilamento, quando eu pensava nos vastos números em jogo, e nas mulheres e nas crianças. O fuzilamento de reféns, e as execuções de grupos ordenadas pelo Reichsführer SS [Himmler] ou pelo Escritório Central de Segurança do Reich (RSHA) tinham sido suficientes para mim. Eu estava portanto aliviado ao pensar que nós iríamos ser poupados de todos aqueles banhos de sangue, e que as vítimas também iriam ser poupadas do sofrimento até que seu último momento chegasse. Foi precisamente isso que me causou a maior preocupação quando eu havia ouvido a descrição de Eichmann sobre judeus sendo metralhados pelos esquadrões especiais
armados com metralhadoras e pistolas automáticas. Dizem que muitas cenas horríveis aconteceram, pessoas correndo depois de terem sido baleadas, a liquidação dos feridos e particularmente das mulheres e crianças. Muitos membros dos Einsatzkommandos, incapazes de suportar caminhar sobre o sangue por mais um segundo, haviam se suicidado.
Alguns até mesmo enlouqueceram. A maioria dos membros desses Kommandos tiveram que apelar ao álcool ao executar seu horrível trabalho. De acordo com a descrição de Höfle, os homens empregados nos centros de extermínio de Globocnik consumiam quantidades incríveis de álcool.[…]"
Fonte da tradução: Lista Holocausto-doc
http://br.dir.groups.yahoo.com/group/Holocausto-Doc/message/1352
*agradecimentos a Roberto Muehlenkamp por fornecer a fonte.
Uma descrição detalhada das primeiras matanças em massa por gaseamento em Auschwitz está contida na autobiografia de Rudolf Hoess, que a seguir será citado através da tradução de Constantine FitzGibbon publicada por Phoenix Press, Londres.
Höss escreveu:
"[…]Antes que o extermínio em massa de judeus começasse, os "politruks" russos e comissários políticos foram liquidados em quase todos os campos de concentração durante 1941 e 1942.
De acordo com uma ordem secreta emitida por Hitler, estes "politruks" russos e comissários políticos eram separados em todos os campos de prisioneiros de guerra por destacamentos especiais da Gestapo. Quando identificados, eles eram transferidos para o campo de concentração mais próximo para liquidação. Fez-se saber que estas medidas foram tomadas porque os russos estavam matando todos os soldados alemães que eram membros do partido ou pertenciam a seções especiais do NSDAP, especialmente membros das SS, e também porque os oficiais políticos do Exército Vermelho haviam sido ordenados, se fossem feitos prisioneiros, a criar todo tipo de perturbação nos campos de prisioneiros de guerra e em seus lugares de emprego e para executar sabotagens onde fosse possível. Os oficiais políticos do Exército Vermelho assim identificados eram trazidos para Auschwitz para liquidação. Os primeiros e menores transportes deles eram executados por pelotões de fuzilamento.
Enquanto eu estava longe do trabalho, meu assistente, Fritsch, o comandante do campo de custódia de proteção, primeiro tentou gaseamentos para essas matanças. Era um preparado de ácido prússico, chamado Zyklon-B, que era usado no campo como um inseticida e do qual sempre havia um estoque à mão. No meu retorno, Fritsch relatou isso para mim, e o gás foi usado no próximo transporte.
Os gaseamentos foram executados nas celas de detenção do Bloco 11.
Protegidos por uma máscara de gás, eu assisti as matanças eu mesmo. Nas celas superlotadas a morte vinha instantaneamente no momento em que o Zyklon-B era despejado. Um grito curto, quase abafado, e estava tudo acabado. Durante a primeira experiência para gasear pessoas, eu não percebi plenamenteo que estava acontecendo, talvez porque eu estivesse muito impressionado pelo processo todo. Eu tenho uma
recordação mais clara do gaseamento de 900 russos que ocorreu pouco depois no crematório velho, visto que o uso do Bloco 11 para este propósito causou muito transtorno. Enquanto o transporte era desembarcado, buracos eram abertos no solo e no teto de concreto da câmara mortuária. Os russos receberam ordens para se despirem na ante-sala; eles então entraram silenciosamente na câmara mortuária, porque a eles foi dito que eles seriam desinfestados dos piolhos. O transporte todo preencheu a câmara mortuária exatamente em sua capacidade. As portas foram então seladas e o gás despejado através dos buracos no teto. Eu não sei quanto tempo durou essa matança. Por um pouco de tempo um murmúrio podia ser ouvido. Quando o pó foi despejado, havia gritos de "Gás!", então um grande grito, e os prisioneiros encurralados avançavam contra ambas as portas. Mas as portas agüentaram.
Elas foram abertas várias horas depois, de forma que o lugar pudesse ser ventilado. Foi quando eu vi, pela primeira vez. uma massa de corpos gaseados. Fez-me sentir desconfortável e eu tremi, embora eu tivesse imaginado que a morte por gaseamento seria pior do que foi. Eu já tinha pensado que as vítimas experimentariam uma terrível sensação de choque. Mas os corpos, sem exceção, não mostraram sinais de convulsão. Os médicos me explicaram que o ácido prússico tinha um efeito paralizante sobre os pulmões, mas sua ação era tão rápida e forte que a morte vinha antes das convulsões, e nisto, seus efeitos diferiam daqueles produzidos por monóxido de carbono ou por deficiência geral de oxigênio.
O extermínio de prisioneiros de guerra russos não causou-me muita preocupação naquela época. A ordem havia sido dada, e eu tinha que executá-la. Eu poderia até admitir que este gaseamento tranqüilizou minha mente, porque o extermínio de judeus ia começar logo e naquele tempo nem Eichmann nem eu estávamos certos de como esses extermínios em massa iriam ser executados. Seria por gás, mas nós não sabíamos que gás ou como ele tinha que ser usado. Agora nós tínhamos o gás, e nós tínhamos estabelecido um processo. Eu sempre tremi diante da possibilidade de executar extermínios por fuzilamento, quando eu pensava nos vastos números em jogo, e nas mulheres e nas crianças. O fuzilamento de reféns, e as execuções de grupos ordenadas pelo Reichsführer SS [Himmler] ou pelo Escritório Central de Segurança do Reich (RSHA) tinham sido suficientes para mim. Eu estava portanto aliviado ao pensar que nós iríamos ser poupados de todos aqueles banhos de sangue, e que as vítimas também iriam ser poupadas do sofrimento até que seu último momento chegasse. Foi precisamente isso que me causou a maior preocupação quando eu havia ouvido a descrição de Eichmann sobre judeus sendo metralhados pelos esquadrões especiais
armados com metralhadoras e pistolas automáticas. Dizem que muitas cenas horríveis aconteceram, pessoas correndo depois de terem sido baleadas, a liquidação dos feridos e particularmente das mulheres e crianças. Muitos membros dos Einsatzkommandos, incapazes de suportar caminhar sobre o sangue por mais um segundo, haviam se suicidado.
Alguns até mesmo enlouqueceram. A maioria dos membros desses Kommandos tiveram que apelar ao álcool ao executar seu horrível trabalho. De acordo com a descrição de Höfle, os homens empregados nos centros de extermínio de Globocnik consumiam quantidades incríveis de álcool.[…]"
Fonte da tradução: Lista Holocausto-doc
http://br.dir.groups.yahoo.com/group/Holocausto-Doc/message/1352
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sexta-feira, 13 de março de 2009
Valas comuns em Polesie
Os negadores gostam de alegar que nunca foram encontradas valas comuns contendo os corpos de judeus assassinados. É esta a razão pela qual Germar Rudolf mentiu sobre a vala comum nos arredores de Marijampole [tradução para português] na Lituânia, e pela qual, apesar de pelo menos nove peças de evidência documental [tradução para português], também mentem sobre Babi Yar.
Portanto, não foi surpresa que, quando reportamos as notícias de que uma vala comum tinha sido aberta em Smalyarka, na Bielorússia, alguns negadores de quarta classe na Internet tenham insistido, como lemmings, que a história não podia ser verdadeira.
No entanto, os documentos mostram que não há apenas mais uma vala comum para os "revisionistas" negar, mas sim muitas dúzias só nesta região da Belorússia, conhecida como o Polesie .
O primeiro passo para se instruir consiste em esquecer o politicamente correcto e chamar Smalyarka pelo seu nome russo, Smoliarka. O governo de Lukashenko para todos os efeitos declarou o russo a língua oficial da Bielorússsia, e não surpreende que se obtenham mais resultados do Google utilizando a ortografia russa em vez da bielorussa, como faremos daqui para diante.
Smoliarka encontra-se a cinco quilômetros da povoação de Bereza Kartuska, não longe da aldeia de Bronnaia Gora, localizada no distrito (raion) Berezovskii da província (oblast) de Brest na Bielorússia. É tão pequena que nem sequer se encontra assinalada no mapa disponível no site do conselho distrital local. No entanto, o mesmo site regista a chacina de 1.500 pessoas em Smoliarka na sua cronologia da história do distrito. O acontecimento, portanto, é tudo menos desconhecido.
A descoberta da vala comum em Smoliarka, conforme foi reportada na notícia original sobre a escavação, foi o trabalho de estudantes escolares da aldeia de Bronnaia Gora, que tinham visitado o arquivo do oblast de Brest e encontrado registos da Comissão Extraordinária Soviética sobre crimes de guerra alemães, que descrevem a localização de várias valas comuns em que até 1.500 judeus do gueto de Bereza Kartuska e outras aldeias próximas tinham sido enterrados depois de terem sido abatidos a tiro por polícias alemães aproximadamente em Setembro de 1942.
O incidente era tão bem conhecido pelos investigadores soviéticos que foi incluído no chamado Livro Negro, compilado por Vasily Grossman e Ilya Ehrenburg em 1946, e daí foi parar ao livro yizkor sobre Bereza Kartuska:
Portanto, as recentes escavações não encontraram nada de novo. Em vez disso, foram tentativas de localizar novamente uma vala que tinha sido aberta em 1944, quando a Comissão Extraordinária tinha inspeccionado pela primeira vez o distrito de Berezovskii, mas que tinha sido posteriormente esquecida.
A razão pela qual Smoliarka tinha sido esquecida é que posteriormente foi encontrada uma vala comum ainda maior por perto, nos arredores da própria Bronnaia Gora. Citando novamente o Livro Negro:
O historiador alemão Christian Gerlach, junto com muitos outros comentadores, indicou no seu livro Kalkulierte Morde cifras ainda maiores, de até 50.000 mortos em Bronnaia Gora, e de facto é este o número inscrito na pedra comemorativa naquele sítio. Este local de matança, cujo nome em polaco se traduziria como "colina da pesar", é quase único nos territórios ocupados de leste: em vez de os assassinos virem aos guetos, os guetos foram levados aos assassinos. Judeus de Antopol, Bereza Kartuska, Kobryn, Gorodets e Mikroshevichi foram levados de comboio para este local de Junho a Novembro de 1942 e lá assassinados, em vez de serem mortos perto dos seus lares.
As provas da dimensão das chacinas em massa de judeus na região de Brest são abundantes. A principal unidade responsável for estas matanças, o Batalhão de Polícia 310 (também conhecido como III./Regimento de Polícia 15), deixou atrás o seu diário de guerra, que tem sido amplamente comentado por muitos historiadores. De facto, Edward Westermann, professor na US Air Force University, escreveu um artigo inteiro sobre este assunto.
Não temos apenas os registos da unidade, mas também abundante informação da própria Brest. Esta divide-se em duas categorias: relatórios enviados ao Ostministerium (Ministério do Leste) pelos comissários regionais e municipais (Gebietskomissare e Stadtkommissar) destacados para a região de Brest, e registos deixados atrás na retirada. Os papéis do Ostministerium encontram-se nos US National Archives II em College Park, microfilmados sob a sigla NARA RG 242 T454. Segundo o relatório situacional do Stadtkommissar de Brest de 21 de Novembro de 1941, um total de 17.574 judeus foram registados como habitantes da cidade de Brest (NARA T454/102/7). Isto são menos dos que tinham lá vivido em 22 de Junho de 1941, uma vez que o relatório de ocorrências Ereignismeldung UdSSR Nr. 32, compilado pelo RSHA [Reichssicherheitshauptamt – Agência Central de Segurança do Reich] a partir de relatórios de actividade dos Einsatzgruppen em 24 de Julho de 1941, registou que 3.950 judeus e 400 russos tinham sido "liquidados" (NARA T175/233/2721638). A partir de outros registos, especialmente relatórios da 221ª Divisão de Segurança, sabemos que os executores deste massacre eram do Batalhão de Polícia 307.
O destino dos 17.574 judeus sobreviventes de entre mais de 21.000 habitantes [judeus] de Brest antes do início da guerra está especialmente bem documentado nos subsequentes relatórios mensais do Stadtkommissar Brest. Além disso, o arquivo do Oblast de Brest contém uma colecção quase única de mais de 12.000 passaportes emitidos para todos os judeus com idades superiores aos 14 que habitavam no gueto de Brest. Esta colecção tem sido digitalizada e encontra-se disponível aqui .
A "evacuação" de 19.000 judeus de Brest foi registada no relatório do Gendarmerie-Gebietsführer de Brest para o mês de Outubro de 1942, despachado em 11 de Novembro de 1942 (NARA T454/104/999, extractos publicados em Paul Kohl, 'Ich wundere mich, dass ich noch lebe.' Sowjetische Augenzeugen berichten, Gütersloh, 1990, página 198). O diário e guerra do Batalhão de Polícia 310 indica uma cifra menor, de 16.000. Por outro lado, um relatório retrospectivo (Der Ortsbeauftragte Brest-Litowsk, Betr.: Bericht über die Tätigkeit der Zivilverwaltung, de 11 de Novembro de 1943, NARA T454/104/1680) indicou uma cifra de 18.000. Sem o benefício de qualquer acesso aos relatórios alemães, o Livro Negro de Grossman e Ehrenburg estimou entre 17.000 e 20.000 o número de judeus enviados de Brest para o local de matança em Bronnaia Gora.
Martin Dean, o autor de Collaboration in the Holocaust, acrescentou ainda mais evidência, desta vez proveniente de relatórios da Resistência Polaca:
Em Março de 1944, o local de Bronnaia Gora foi visitado pelo Sonderkommando 1005 [tradução para português], a unidade SS sob o comando de Paul Blobel, responsável por exumar e cremar a evidência da chacina em massa alemã. Na Rússia Central e na Bielorússia, o SK 1005 desenvolveu a sua actividade perto de muitas das povoações maiores: sobreviveram relatórios das suas operações em Smolensk, Mogilev, Borisov, Bobruisk e Minsk. Mas não esteve presente, segundo parece, nas capitais menores dos raion e nos shtetl rurais. Assim, enquanto os investigadores soviéticos em Bronnaia Gora encontraram apenas cinzas e valas vazias com as dimensões acima descritas, em outros lugares da região de Brest e em todo o Polesie foram repetidamente encaminhados por testemunhas oculares e informadores locais para os sítios de uma vintena de outras valas comuns intactas.
Smoliarka foi, pois, uma destas exumações. Christian Gerlach menciona uma outra, na povoação de Drogichin, onde a Comissão Extraordinária registou na Acta No. 5 de 2 de Novembro de 1944 que uma vala comum com um volume total de 1.092 metros cúbicos foi aberta. Foi evidentemente escavada na sua totalidade, uma vez que o relatório indica que 3.186 cadáveres foram encontrados na vala: 895 homens, 1.083 mulheres e 1.838 crianças.
Tal precisão nem sempre era o caso nas actas de exumação soviéticas. Não surpreende que a maior parte dos investigadores tenham preferido abrir uma vala, medir as suas dimensões, verificar a identidade das vítimas (i.e., se vestiam uniforme e portanto eram prisioneiros de guerra soviéticos, ou roupas civis) e estimar o seu número com base num cálculo de volume.
Por causa destes métodos, e porque os alemães não sempre deixaram atrás relatórios, nunca será conhecida uma cifra absolutamente precisa do número de vítimas, judeus bem como não judeus, das políticas nazis de ocupação e genocídio. No entanto, a convergência dos relatórios alemães, das testemunhas oculares e das actas de exumação é mais que suficiente para provar a escala e dimensão do genocídio dos judeus na antiga União Soviética. Antes da guerra, a região de Brest pertencia ao woewodstwo (distrito) de Polesie da Polónia. Em 1931, o censo oficial polaco registou 113.988 judeus no woewodstwo (distrito) de Polesie. Em Setembro de 1939, a totalidade do Polesie foi anexada pela União Soviética e dividida em duas províncias, os oblasti de Brest e Pinsk.
As estimativas variam quanto ao número total de vítimas em ambos oblasti, mas uma fonte indica o número de judeus assassinados no Polesie como sendo de 113.451, um número inteiramente plausível se lembrarmos que a população judaica cresceu em talvez 10 % antes do início da guerra, e foi ainda mais aumentada pela chegada de refugiados dos distritos ocidentais depois da partição da Polónia entre a Alemanha nazi e a União Soviética. Os historiadores bielorussos Emanuil Ioffe e Viacheslav Selemenev descobriram um relatório do NKVD nos Arquivos Nacionais de República de Bielorússia, relativo ao número de refugiados judeus na República Socialista Soviética Bielorussa em Fevereiro de 1940. Segundo este documento, um total de 65.796 judeus tinham fugido através da "fronteira e interesses" soviético – alemã até essa data, dos quais 9.879 residiam na antiga província de Polesie, 7.916 no oblast de Brest e 1.963 no oblast de Pinsk (‘Jewish Refugees from Poland in Belorussia, 1939-1940’, Jews in Eastern Europe, Primavera de 1997, páginas 45-50). A partir da exaustiva reconstrução do destino dos judeus de Pinsk publicada por E.S. Rozenblat e I.E Elenskaia (Pinskie evrei: 1939-1944 gg. Brest, 1997), sabemos que cerca de metade destes refugiados foram deportados no verão de 1940 pelo NKVD; os restantes ficaram.
Para quem não fala russo, a historiadora israelita Tivka Fatal-Knaani forneceu uma visão geral suficientemente boa do destino dos judeus de Pinsk em Yad Vashem Studies Volume 29 (PDF). Foi idêntico ao dos judeus de Brest, até no envolvimento dos mesmos executores, o Batalhão de Polícia 310. A única diferença foi que Heinrich Himmler interveio pessoalmente para ordenar a destruição do gueto de Pinsk:
Não só Himmler deixou um rasto documental, mas também o Hauptmann der Schutzpolizei (capitão da polícia) Helmut Saur do Batalhão de Polícia 310. O seu relatório após acção encontra-se nos ficheiros do batalhão que foram capturados pelos soviéticos depois da guerra. Foi submetido ao Tribunal Militar Internacional em Nuremberga como documento USSR-119a, e pode hoje ser encontrado no original no GARF Fond 7445, Moscovo, enquanto versões publicadas encontram se em O Livro Negro e noutras sítios. É inequívoca a linguagem utilizada no Erfahrungsbericht (relatório de experiência) de Saur sobre o que aconteceu em 29, 30 e 31 de Outubro e 1 de Novembro de 1942 [texto em alemão no artigo original, minha tradução – RM]:
Do texto do relatório não resulta claro se Saur tinha reportado a execução de 16.200 ou de 26.200 judeus. A maioria dos especialistas (Gerlach, Fatal-Knaani, Dean, Rozenblat/Elenskaia) tende para a última possibilidade, considerando fontes contextuais. Existem numerosas testemunhas oculares cujos depoimentos indicam o número superior. O Tenente-Coronel da Wehrmacht Feuchtinger, estacionado em Pinsk durante 1943, e capturado pelos britânicos depois de ter servido em França, fez o seguinte relatório a outro prisioneiro de guerra em 1945, sem saber que estava sendo gravado pelos britânicos:
Os investigadores soviéticos depois da libertação encontraram 34 valas comuns em Pinsk e arredores, com um total de 59.084 cadáveres, dos quais 20.000 eram prisioneiros de guerra soviéticos e 38.342 civís (Akt, 24 aprelia 1945 g, g. Pinsk, NARB 845-1-13, p.1).
Não discuti o massacre em Agosto de 1941 de até 9.000 judeus em Pinsk pelo Regimento de Cavalaria 2 das SS, uma vez que foi tão admiravelmente tratado tanto por Christian Gerlach como, recentemente, por Martin Cüppers na sua dissertação de doutoramento , Wegbereiter der Shoa. Die Waffen-SS, der Kommandostab Reichsführer-SS und die Judenvernichtung 1939-1945. Os leitores de língua inglesa podem também consultar o livro comemorativo de Pinsk, aqui.
Em vez disso, a presente vistoria de valas comuns terminará na parte mais a leste do Polesie, no distrito de Luninets. Tal como em Brest e em Pinsk, as primeiras massacres foram efectuadas em 1941, neste caso também pelo Regimento de Cavalaria 2 das SS, na capital do distrito de Luninets. Cüppers cita uma ordem indicando que o estado-maior do "destacamento montado" (Reitende Abteilung), bem como um esquadrão inteiro de soldados de cavalaria, o 4./SS-Kavallerie-Regiment 2, chegaram a Luninets em 11 de Agosto de 1941. (mensagem de rádio Reit.Abt, 11.8.41, Bundesarchiv-Militärarchiv, RS 4/936). Pouco depois o regimento reportou o seguinte:
Conforme Gerlach e muitos outros historiadores têm demonstrado, em Agosto de 1941 o termo "saqueadores" era um código das SS para homens judeus em idade militar (entre os 17 e 45 anos). As investigações soviéticas localizaram as seguintes valas comuns em 1945:
Os restantes idosos, mulheres e crianças do gueto de Luninets e das povoações vizinhas de Lakhva e Koshangrodek foram exterminados no início de Setembro de 1942, por destacamentos do Comandante da Polícia de Segurança Volínia-Podólia, delegação de Pinsk, conforme foi estabelecido em 1973 num julgamento em Frankfurt am Main, República Federal Alemã (ver aqui para mais detalhes). O resumo clínico dos investigadores soviéticos deverá ser suficiente para indicar as dimensões destas chacinas em massa:
Por rara coincidência, as fronteiras do raion de Luninets coincidem com as da powiat de Luniniec na Polónia antes da guerra. Em 1931, o censo registou 8.072 judeus com base na religião neste condado. As investigações soviéticas apuraram que 7.127 judeus tinham sido assassinados no raion de Luninets. Aproximadamente 80-90% de todos os judeus no condado tinham sido exterminados, e os seus corpos recuperados.
Este, então, é o segredo sombrio que os negadores não querem conhecer: houve muitas, muitas outras valas espalhadas pela paisagem da Europa de Leste além daquelas de Babi Yar, Belzec ou Treblinka. Na Polónia, havia 1.657 comunidades judaicas, onde no mínimo um quarto dos habitantes foi assassinado dentro das suas povoações ou perto destas. Na União Soviética, foram identificados mais 800 guetos, todos os quais foram varridos do mapa em 1943. Falar de um número "limitado" de execuções de represália "justificadas", como os negadores as vezes concedem, é um disparate pegado. Também não se pode identificar as acções de fuzilamento em massa apenas com os Einsatzgruppen. Em nenhum dos casos aqui apresentados um destacamento do Einsatzgruppe B executou o extermínio. Em vez disso, os carrascos eram da Ordnungspolizei (polícia de ordem), da Waffen-SS e dos destacamentos estáticos da Sicherheitspolizei (polícia de segurança). Quando foi a última vez que ouvimos um revisionista discutir as actividades destas unidades? Quase nunca.
Especialistas em demografia russos estabeleceram que 26 milhões de cidadãos soviéticos morreram entre 1941 e 1945. Um cálculo cauteloso indica que 10 % deste número, 2,6 milhões, foram mortos no Holocausto. Destes, 144.000 foram mortos na Rússia, no mínimo 250.000 no RSS Bielorussa antes da guerra, 656.000 na RSS Ucraniana, 100.000 na actual Moldova, 218.000 nos Estados Bálticos de Lituânia, Letónia e Estónia, e 1,2 milhões nos territórios da Polónia oriental anexados à União Soviética como Bielorússia ocidental e Ucrânia ocidental em 1939.
Os negadores tentam fazer crer que não há evidência para esta litania de horror. No entanto, a evidência existe em abundância: em documentos alemães, em relatos de testemunhas oculares de entre os carrascos, as vítimas e os espectadores, e nos relatórios de exumações repetidos do Cáucaso até à fronteira polaca com monótona consistência. O facto de que estudantes escolares bielorussos podem pegar em relatórios de investigação soviéticos com mais de 60 anos de idade, e hoje em dia localizar novamente as valas comuns, apenas prova aquilo com o qual os negadores não conseguem lidar: que houve chacina em massa, e que a houve repetidamente.
Autor: Dr. Nick Terry
Texto original: Mass Graves in the Polesie
Tradução e adaptação: Roberto Muehlenkamp
Portanto, não foi surpresa que, quando reportamos as notícias de que uma vala comum tinha sido aberta em Smalyarka, na Bielorússia, alguns negadores de quarta classe na Internet tenham insistido, como lemmings, que a história não podia ser verdadeira.
No entanto, os documentos mostram que não há apenas mais uma vala comum para os "revisionistas" negar, mas sim muitas dúzias só nesta região da Belorússia, conhecida como o Polesie .
O primeiro passo para se instruir consiste em esquecer o politicamente correcto e chamar Smalyarka pelo seu nome russo, Smoliarka. O governo de Lukashenko para todos os efeitos declarou o russo a língua oficial da Bielorússsia, e não surpreende que se obtenham mais resultados do Google utilizando a ortografia russa em vez da bielorussa, como faremos daqui para diante.
Smoliarka encontra-se a cinco quilômetros da povoação de Bereza Kartuska, não longe da aldeia de Bronnaia Gora, localizada no distrito (raion) Berezovskii da província (oblast) de Brest na Bielorússia. É tão pequena que nem sequer se encontra assinalada no mapa disponível no site do conselho distrital local. No entanto, o mesmo site regista a chacina de 1.500 pessoas em Smoliarka na sua cronologia da história do distrito. O acontecimento, portanto, é tudo menos desconhecido.
A descoberta da vala comum em Smoliarka, conforme foi reportada na notícia original sobre a escavação, foi o trabalho de estudantes escolares da aldeia de Bronnaia Gora, que tinham visitado o arquivo do oblast de Brest e encontrado registos da Comissão Extraordinária Soviética sobre crimes de guerra alemães, que descrevem a localização de várias valas comuns em que até 1.500 judeus do gueto de Bereza Kartuska e outras aldeias próximas tinham sido enterrados depois de terem sido abatidos a tiro por polícias alemães aproximadamente em Setembro de 1942.
O incidente era tão bem conhecido pelos investigadores soviéticos que foi incluído no chamado Livro Negro, compilado por Vasily Grossman e Ilya Ehrenburg em 1946, e daí foi parar ao livro yizkor sobre Bereza Kartuska:
Cidadãos soviéticos da cidade de Bereza e das aldeias nesta área foram transportados para as valas, num local adequado. Os sofrimentos e as matanças dos pacíficos habitantes de Smoliarka foram similares aos do genocídio em Brona Gura [nome polaco de Bronnaia Gora]. Cinco sepulturas comuns foram lá encontradas, e todas continham cidadãos soviéticos. Cada sepultura tinha as mesmas medidas: 10 metros de comprimento, 4 metros de largura e 2.5 metros de profundidade. O genocídio de cidadãos soviéticos na área da aldeia de Smoliarka foi executado em Setembro de 1942. Lá foram abatidas – segundo testemunhas oculares – cerca de 1.000 pessoas.
Portanto, as recentes escavações não encontraram nada de novo. Em vez disso, foram tentativas de localizar novamente uma vala que tinha sido aberta em 1944, quando a Comissão Extraordinária tinha inspeccionado pela primeira vez o distrito de Berezovskii, mas que tinha sido posteriormente esquecida.
A razão pela qual Smoliarka tinha sido esquecida é que posteriormente foi encontrada uma vala comum ainda maior por perto, nos arredores da própria Bronnaia Gora. Citando novamente o Livro Negro:
Segundo o programa preparado pelo conquistadores fascistas, entre Maio e Junho de 1942 foram cavadas valas a uma distância de 400 metros ao nordeste da estação ferroviária de Brona Gura, numa superfície de 16.000 metros (quadrados).
Para fazer este trabalho, os alemães utilizaram camponeses da área, entre 600 e 800 pessoas cada dia. Para acelerar o trabalho utilizaram vários materiais explosivos.
Depois de cavadas as valas, em meados de Junho de 1942, os alemães começaram a transferir cidadãos soviéticos em vagões ferroviários de vários locais e de campos em Bereza, Brest, Dohitzin, Yanov, Horodetz e outros campos na Bielorússia, para a estação de Brona Gura. Cidadãos soviéticos também foram transferidos a pé para a área de Brona Gura
Os vagões estavam repletos e houve muitos que morreram. Depois levaram-nos ao cruzamento ferroviário, onde havia depósitos militares, cerca de 250 metros da estação central de Brona Gura. Pararam os vagões perto das valas preparadas, e descarregaram as pessoas no terreno rodeado de arame farpado.
Depois de descarregarem as pessoas dos vagões ferroviários, ordenaram-lhes que se despissem. Depois levaram-nas por uma espécie de corredor estreito entre arame farpado para as valas. Os primeiros desceram para dentro das valas por uma escada e foram forçados a deitar-se com a cara para baixo, um junto ao outro. Depois de encher a primeira "camada" abateram-nos com armas automáticas. Os alemães vestiam uniformes ASD e SS. Da mesma forma encheram a segunda e terceira camadas, até encher a vala. Os gritos de homens, mulheres e crianças partiam o coração. Depois de abater todos os cidadãos, carregaram as roupas e objectos nos vagões com destino desconhecido.
A chegada e descarga das pessoas nas carruagens foi efectuada sob a severa supervisão dos chefes de estação em Brona Gura, Pikeh e Schmidt, de origem alemã. A fim de apagar todos os sinais das crueldades cometidas em Brona Gura, os alemães abateram todos os cidadãos (mais de 1.000 pessoas) que habitavam a área onde no passado tinham estado depósitos militares.
Na superfície onde foi feita a terrível matança havia oito poços. A primeira sepultura tinha 63 metros de comprimento e 6,6 metros de largura. A segunda, 36 metros de comprimento e 6,5 de largura. A terceira tinha um comprimento de 36 metros e uma largura de 6 metros. A quarta tinha 37 metros de comprimento e 6 metros de largura. A quinta tinha 52 metros de comprimento e 6 metros de largura. A sexta tinha 24 metros de comprimento e 6 de largura. A sétima tinha 16 metros de comprimento e 4,5 de largura. A profundidade de todas as sepulturas era entre 3,5 e 4 metros.
De Junho até Novembro de 1942 os alemães assassinaram mais de 30.000 cidadãos na área de Brona Gura.
O historiador alemão Christian Gerlach, junto com muitos outros comentadores, indicou no seu livro Kalkulierte Morde cifras ainda maiores, de até 50.000 mortos em Bronnaia Gora, e de facto é este o número inscrito na pedra comemorativa naquele sítio. Este local de matança, cujo nome em polaco se traduziria como "colina da pesar", é quase único nos territórios ocupados de leste: em vez de os assassinos virem aos guetos, os guetos foram levados aos assassinos. Judeus de Antopol, Bereza Kartuska, Kobryn, Gorodets e Mikroshevichi foram levados de comboio para este local de Junho a Novembro de 1942 e lá assassinados, em vez de serem mortos perto dos seus lares.
As provas da dimensão das chacinas em massa de judeus na região de Brest são abundantes. A principal unidade responsável for estas matanças, o Batalhão de Polícia 310 (também conhecido como III./Regimento de Polícia 15), deixou atrás o seu diário de guerra, que tem sido amplamente comentado por muitos historiadores. De facto, Edward Westermann, professor na US Air Force University, escreveu um artigo inteiro sobre este assunto.
Não temos apenas os registos da unidade, mas também abundante informação da própria Brest. Esta divide-se em duas categorias: relatórios enviados ao Ostministerium (Ministério do Leste) pelos comissários regionais e municipais (Gebietskomissare e Stadtkommissar) destacados para a região de Brest, e registos deixados atrás na retirada. Os papéis do Ostministerium encontram-se nos US National Archives II em College Park, microfilmados sob a sigla NARA RG 242 T454. Segundo o relatório situacional do Stadtkommissar de Brest de 21 de Novembro de 1941, um total de 17.574 judeus foram registados como habitantes da cidade de Brest (NARA T454/102/7). Isto são menos dos que tinham lá vivido em 22 de Junho de 1941, uma vez que o relatório de ocorrências Ereignismeldung UdSSR Nr. 32, compilado pelo RSHA [Reichssicherheitshauptamt – Agência Central de Segurança do Reich] a partir de relatórios de actividade dos Einsatzgruppen em 24 de Julho de 1941, registou que 3.950 judeus e 400 russos tinham sido "liquidados" (NARA T175/233/2721638). A partir de outros registos, especialmente relatórios da 221ª Divisão de Segurança, sabemos que os executores deste massacre eram do Batalhão de Polícia 307.
O destino dos 17.574 judeus sobreviventes de entre mais de 21.000 habitantes [judeus] de Brest antes do início da guerra está especialmente bem documentado nos subsequentes relatórios mensais do Stadtkommissar Brest. Além disso, o arquivo do Oblast de Brest contém uma colecção quase única de mais de 12.000 passaportes emitidos para todos os judeus com idades superiores aos 14 que habitavam no gueto de Brest. Esta colecção tem sido digitalizada e encontra-se disponível aqui .
A "evacuação" de 19.000 judeus de Brest foi registada no relatório do Gendarmerie-Gebietsführer de Brest para o mês de Outubro de 1942, despachado em 11 de Novembro de 1942 (NARA T454/104/999, extractos publicados em Paul Kohl, 'Ich wundere mich, dass ich noch lebe.' Sowjetische Augenzeugen berichten, Gütersloh, 1990, página 198). O diário e guerra do Batalhão de Polícia 310 indica uma cifra menor, de 16.000. Por outro lado, um relatório retrospectivo (Der Ortsbeauftragte Brest-Litowsk, Betr.: Bericht über die Tätigkeit der Zivilverwaltung, de 11 de Novembro de 1943, NARA T454/104/1680) indicou uma cifra de 18.000. Sem o benefício de qualquer acesso aos relatórios alemães, o Livro Negro de Grossman e Ehrenburg estimou entre 17.000 e 20.000 o número de judeus enviados de Brest para o local de matança em Bronnaia Gora.
Martin Dean, o autor de Collaboration in the Holocaust, acrescentou ainda mais evidência, desta vez proveniente de relatórios da Resistência Polaca:
Brest. A liquidação dos judeus tem continuado desde 15 de Outubro. Durante os primeiros 3 dias cerca de 12.000 pessoas foram abatidas. O local da execução é Bronna Gora. Actualmente o resto daqueles que se esconderam está sendo liquidado. A liquidação foi organizada por um esquadrão móvel do SD e da polícia local. Actualmente o "acabamento" é feito apenas pela polícia local, em que os polacos representam uma grande percentagem. Frequentemente são mais ciosos do que os alemães. Algumas posses judaicas vão mobilar lares e escritórios alemães, outras são vendidas em leilão. Apesar do facto de terem sido encontradas grandes quantidades de armas durante a liquidação, os judeus comportaram-se de forma passiva.
Em Março de 1944, o local de Bronnaia Gora foi visitado pelo Sonderkommando 1005 [tradução para português], a unidade SS sob o comando de Paul Blobel, responsável por exumar e cremar a evidência da chacina em massa alemã. Na Rússia Central e na Bielorússia, o SK 1005 desenvolveu a sua actividade perto de muitas das povoações maiores: sobreviveram relatórios das suas operações em Smolensk, Mogilev, Borisov, Bobruisk e Minsk. Mas não esteve presente, segundo parece, nas capitais menores dos raion e nos shtetl rurais. Assim, enquanto os investigadores soviéticos em Bronnaia Gora encontraram apenas cinzas e valas vazias com as dimensões acima descritas, em outros lugares da região de Brest e em todo o Polesie foram repetidamente encaminhados por testemunhas oculares e informadores locais para os sítios de uma vintena de outras valas comuns intactas.
Smoliarka foi, pois, uma destas exumações. Christian Gerlach menciona uma outra, na povoação de Drogichin, onde a Comissão Extraordinária registou na Acta No. 5 de 2 de Novembro de 1944 que uma vala comum com um volume total de 1.092 metros cúbicos foi aberta. Foi evidentemente escavada na sua totalidade, uma vez que o relatório indica que 3.186 cadáveres foram encontrados na vala: 895 homens, 1.083 mulheres e 1.838 crianças.
Tal precisão nem sempre era o caso nas actas de exumação soviéticas. Não surpreende que a maior parte dos investigadores tenham preferido abrir uma vala, medir as suas dimensões, verificar a identidade das vítimas (i.e., se vestiam uniforme e portanto eram prisioneiros de guerra soviéticos, ou roupas civis) e estimar o seu número com base num cálculo de volume.
Por causa destes métodos, e porque os alemães não sempre deixaram atrás relatórios, nunca será conhecida uma cifra absolutamente precisa do número de vítimas, judeus bem como não judeus, das políticas nazis de ocupação e genocídio. No entanto, a convergência dos relatórios alemães, das testemunhas oculares e das actas de exumação é mais que suficiente para provar a escala e dimensão do genocídio dos judeus na antiga União Soviética. Antes da guerra, a região de Brest pertencia ao woewodstwo (distrito) de Polesie da Polónia. Em 1931, o censo oficial polaco registou 113.988 judeus no woewodstwo (distrito) de Polesie. Em Setembro de 1939, a totalidade do Polesie foi anexada pela União Soviética e dividida em duas províncias, os oblasti de Brest e Pinsk.
As estimativas variam quanto ao número total de vítimas em ambos oblasti, mas uma fonte indica o número de judeus assassinados no Polesie como sendo de 113.451, um número inteiramente plausível se lembrarmos que a população judaica cresceu em talvez 10 % antes do início da guerra, e foi ainda mais aumentada pela chegada de refugiados dos distritos ocidentais depois da partição da Polónia entre a Alemanha nazi e a União Soviética. Os historiadores bielorussos Emanuil Ioffe e Viacheslav Selemenev descobriram um relatório do NKVD nos Arquivos Nacionais de República de Bielorússia, relativo ao número de refugiados judeus na República Socialista Soviética Bielorussa em Fevereiro de 1940. Segundo este documento, um total de 65.796 judeus tinham fugido através da "fronteira e interesses" soviético – alemã até essa data, dos quais 9.879 residiam na antiga província de Polesie, 7.916 no oblast de Brest e 1.963 no oblast de Pinsk (‘Jewish Refugees from Poland in Belorussia, 1939-1940’, Jews in Eastern Europe, Primavera de 1997, páginas 45-50). A partir da exaustiva reconstrução do destino dos judeus de Pinsk publicada por E.S. Rozenblat e I.E Elenskaia (Pinskie evrei: 1939-1944 gg. Brest, 1997), sabemos que cerca de metade destes refugiados foram deportados no verão de 1940 pelo NKVD; os restantes ficaram.
Para quem não fala russo, a historiadora israelita Tivka Fatal-Knaani forneceu uma visão geral suficientemente boa do destino dos judeus de Pinsk em Yad Vashem Studies Volume 29 (PDF). Foi idêntico ao dos judeus de Brest, até no envolvimento dos mesmos executores, o Batalhão de Polícia 310. A única diferença foi que Heinrich Himmler interveio pessoalmente para ordenar a destruição do gueto de Pinsk:
O OKW [Comando Supremo da Wehrmacht] informou-me de que a região de Brest-Gomel sofre cada vez mais de ataques de bandos, que suscitam a questão da necessidade de tropas adicionais. Com base nas notícias que me têm sido reportadas deve-se considerar o gueto de Pinsk como centro do movimento dos bandos na região dos pântanos de Pripyat.
Ordeno assim, apesar das considerações económicas, a destruição e obliteração do gueto de Pinsk. Poderão ser poupados 1.000 trabalhadores masculinos, caso a operação o permita, para serem disponibilizados à Wehrmacht no fabrico de cabanas prefabricadas em madeira. Estes 1.000 homens deverão ser mantidos num campo bem guardado, e caso a segurança não possa ser mantida, estes 1.000 deverão ser destruídos.
(Publicado em Helmut Heiber (ed),‘Reichsführer!…’ Briefe an und von Himmler. Estugarda 1968, página 165)
Não só Himmler deixou um rasto documental, mas também o Hauptmann der Schutzpolizei (capitão da polícia) Helmut Saur do Batalhão de Polícia 310. O seu relatório após acção encontra-se nos ficheiros do batalhão que foram capturados pelos soviéticos depois da guerra. Foi submetido ao Tribunal Militar Internacional em Nuremberga como documento USSR-119a, e pode hoje ser encontrado no original no GARF Fond 7445, Moscovo, enquanto versões publicadas encontram se em O Livro Negro e noutras sítios. É inequívoca a linguagem utilizada no Erfahrungsbericht (relatório de experiência) de Saur sobre o que aconteceu em 29, 30 e 31 de Outubro e 1 de Novembro de 1942 [texto em alemão no artigo original, minha tradução – RM]:
"Os judeus, agora atentos, reuniram-se na maior parte dos casos voluntariamente em todas as ruas, e com a ajuda de dois guardas da polícia foi possível encaminhar alguns milhares de judeus ao local de concentração já nas primeiras horas. Uma vez que agora a outra parte dos judeus tinha visto para onde é que se ia, juntaram-se à procissão, de modo a que a inspecção pretendida no local de concentração já não pode ser efectuada por causa da chegada repentina de tantos (só se tinha contado com 1.000 a 2.000 pessoa no primeiro dia do rastreio.) O primeiro rasteio esteve concluído às 17:00 horas e decorreu sem incidentes. No 1º dia cerca de 10.000 pessoas foram executadas. À companhia passou a noite no lar para soldados em estado de alerta.
O gueto foi rastreado pela segunda vez em 30.X., pela terceira em 31.X e pela quarta em 1.XI. Um total de cerca de 15.000 judeus foram conduzidos ao local de concentração. Judeus doentes e crianças individuais deixadas nas casas foram imediatamente executados dentro do gueto no pátio. No gueto foram executados cerca de 1.200 judeus. Não houve incidentes salvo num caso."
Do texto do relatório não resulta claro se Saur tinha reportado a execução de 16.200 ou de 26.200 judeus. A maioria dos especialistas (Gerlach, Fatal-Knaani, Dean, Rozenblat/Elenskaia) tende para a última possibilidade, considerando fontes contextuais. Existem numerosas testemunhas oculares cujos depoimentos indicam o número superior. O Tenente-Coronel da Wehrmacht Feuchtinger, estacionado em Pinsk durante 1943, e capturado pelos britânicos depois de ter servido em França, fez o seguinte relatório a outro prisioneiro de guerra em 1945, sem saber que estava sendo gravado pelos britânicos:
"Quando estive em Pinsk foi-me dito que no ano anterior tinham lá vivido 25.000 judeus, e que no espaço de três dias esses 25.000 judeus tinham sido sacados, alinhados à beira de uma floresta ou num relvado – tinham antes sido obrigados a cavas as suas próprias campas – e logo cada um deles desde o mais velho barbudo até à criança recém-nascida foram abatidos por um esquadrão da polícia. Foi esta a primeira vez que eu próprio tinha de facto ouvido e visto o que aconteceu lá. Antes não tinha acreditado ou considerado possível que coisa semelhante acontecesse. A enfermeira na hospedagem para oficiais onde eu vivia disse-me: "Por amor de Deus, no diga nada sobre eu lhe ter contado isto."
(Relatório sobre informação obtida de prisioneiro de guerra ofical sénior em 1-6.6.45, GRGG 311, 8.6.45, PRO WO 208/4178
Os investigadores soviéticos depois da libertação encontraram 34 valas comuns em Pinsk e arredores, com um total de 59.084 cadáveres, dos quais 20.000 eram prisioneiros de guerra soviéticos e 38.342 civís (Akt, 24 aprelia 1945 g, g. Pinsk, NARB 845-1-13, p.1).
Não discuti o massacre em Agosto de 1941 de até 9.000 judeus em Pinsk pelo Regimento de Cavalaria 2 das SS, uma vez que foi tão admiravelmente tratado tanto por Christian Gerlach como, recentemente, por Martin Cüppers na sua dissertação de doutoramento , Wegbereiter der Shoa. Die Waffen-SS, der Kommandostab Reichsführer-SS und die Judenvernichtung 1939-1945. Os leitores de língua inglesa podem também consultar o livro comemorativo de Pinsk, aqui.
Em vez disso, a presente vistoria de valas comuns terminará na parte mais a leste do Polesie, no distrito de Luninets. Tal como em Brest e em Pinsk, as primeiras massacres foram efectuadas em 1941, neste caso também pelo Regimento de Cavalaria 2 das SS, na capital do distrito de Luninets. Cüppers cita uma ordem indicando que o estado-maior do "destacamento montado" (Reitende Abteilung), bem como um esquadrão inteiro de soldados de cavalaria, o 4./SS-Kavallerie-Regiment 2, chegaram a Luninets em 11 de Agosto de 1941. (mensagem de rádio Reit.Abt, 11.8.41, Bundesarchiv-Militärarchiv, RS 4/936). Pouco depois o regimento reportou o seguinte:
11-13.8.41:O rastreio do pântanos Pripjet foi concluído com êxito pelo Destacamento Montado … 2.325 saqueadores foram abatidos a tiro no período do relatório. No total foram abatidos 7.730 saqueadores, comunistas, comissários, secretários do partido e guerrilheiros.
SS-Kav.Rgt. 2, Relatório de Actividade para o período de 11-13.8.41, NARA T354/785/327
Conforme Gerlach e muitos outros historiadores têm demonstrado, em Agosto de 1941 o termo "saqueadores" era um código das SS para homens judeus em idade militar (entre os 17 e 45 anos). As investigações soviéticas localizaram as seguintes valas comuns em 1945:
Nos arredores da povoação de Luninets a comissão examinou valas comuns de vítimas do terror fascista: na direcção de Mochula foram encontradas 7 valas, localizadas 400 metros a norte do dique da linha ferroviária de reserva Luninets-Pinsk. A dimensão de cada uma das três valas maiores era de 6 x 2 x 2,5 metros, as dimensões das valas menores eram 4 x 2 x 1,5 metros. Nestas 7 valas estavam enterradas 1.312 pessoas de sexo masculino.
(Akt rassledovaniia zlodeianii nemetsko-fashistskikh zakhvatchikov na vremmenno okkupirovannoi territorii Luninetskogo raiona Pinskoi oblasti, 10 aprelia 1945 goda, go. Luninets, NARB 645-1-13, p.12)
Os restantes idosos, mulheres e crianças do gueto de Luninets e das povoações vizinhas de Lakhva e Koshangrodek foram exterminados no início de Setembro de 1942, por destacamentos do Comandante da Polícia de Segurança Volínia-Podólia, delegação de Pinsk, conforme foi estabelecido em 1973 num julgamento em Frankfurt am Main, República Federal Alemã (ver aqui para mais detalhes). O resumo clínico dos investigadores soviéticos deverá ser suficiente para indicar as dimensões destas chacinas em massa:
Luninets
2.932 cadáveres encontrados numa única vala comum medindo 50 x 4 x 3 metros (600 metros cúbicos)
Dos quais
- 106 homens
- 1.429 mulheres
- 1.397 crianças
A data da "acção" foi 4 de Setembro de 1942
Lakhva
1.946 cadáveres foram encontrados numa vala comum medindo 25 x 4 x 2,5 metros (250 metros cúbicos)
Dos quais
- 524 homens
- 698 mulheres
- 724 crianças
Data da "acção" 3 de Setembro de 1942
Koshangrodek
937 cadáveres foram encontrados numa vala comum medindo 12 x 4 x 3 metros (144 metros cúbicos)
Dos quais
- 311 homens
- 325 mulheres
- 301 crianças
Data da "acção" 3 de Setembro de 1942
Akt, 10.4.45, NARB 845-1-13, pp.12-13
Por rara coincidência, as fronteiras do raion de Luninets coincidem com as da powiat de Luniniec na Polónia antes da guerra. Em 1931, o censo registou 8.072 judeus com base na religião neste condado. As investigações soviéticas apuraram que 7.127 judeus tinham sido assassinados no raion de Luninets. Aproximadamente 80-90% de todos os judeus no condado tinham sido exterminados, e os seus corpos recuperados.
Este, então, é o segredo sombrio que os negadores não querem conhecer: houve muitas, muitas outras valas espalhadas pela paisagem da Europa de Leste além daquelas de Babi Yar, Belzec ou Treblinka. Na Polónia, havia 1.657 comunidades judaicas, onde no mínimo um quarto dos habitantes foi assassinado dentro das suas povoações ou perto destas. Na União Soviética, foram identificados mais 800 guetos, todos os quais foram varridos do mapa em 1943. Falar de um número "limitado" de execuções de represália "justificadas", como os negadores as vezes concedem, é um disparate pegado. Também não se pode identificar as acções de fuzilamento em massa apenas com os Einsatzgruppen. Em nenhum dos casos aqui apresentados um destacamento do Einsatzgruppe B executou o extermínio. Em vez disso, os carrascos eram da Ordnungspolizei (polícia de ordem), da Waffen-SS e dos destacamentos estáticos da Sicherheitspolizei (polícia de segurança). Quando foi a última vez que ouvimos um revisionista discutir as actividades destas unidades? Quase nunca.
Especialistas em demografia russos estabeleceram que 26 milhões de cidadãos soviéticos morreram entre 1941 e 1945. Um cálculo cauteloso indica que 10 % deste número, 2,6 milhões, foram mortos no Holocausto. Destes, 144.000 foram mortos na Rússia, no mínimo 250.000 no RSS Bielorussa antes da guerra, 656.000 na RSS Ucraniana, 100.000 na actual Moldova, 218.000 nos Estados Bálticos de Lituânia, Letónia e Estónia, e 1,2 milhões nos territórios da Polónia oriental anexados à União Soviética como Bielorússia ocidental e Ucrânia ocidental em 1939.
Os negadores tentam fazer crer que não há evidência para esta litania de horror. No entanto, a evidência existe em abundância: em documentos alemães, em relatos de testemunhas oculares de entre os carrascos, as vítimas e os espectadores, e nos relatórios de exumações repetidos do Cáucaso até à fronteira polaca com monótona consistência. O facto de que estudantes escolares bielorussos podem pegar em relatórios de investigação soviéticos com mais de 60 anos de idade, e hoje em dia localizar novamente as valas comuns, apenas prova aquilo com o qual os negadores não conseguem lidar: que houve chacina em massa, e que a houve repetidamente.
Autor: Dr. Nick Terry
Texto original: Mass Graves in the Polesie
Tradução e adaptação: Roberto Muehlenkamp
sexta-feira, 1 de fevereiro de 2008
66 Perguntas e Respostas sobre o Holocausto - Pergunta 37
37. Como morreram?
O IHR diz:
Principalmente pelas contínuas epidemias de tifo que assolaram a Europa da guerra. Também por fome e por falta de cuidados médicos até o final da guerra quando quase todas as estradas e linhas de trem foram arrasadas pelos Aliados.
Nizkor responde:
Alguns morreram de tifo. Numericamente falando, a primeira causa da morte da maioria dos judeus foram os gaseamentos, seguida das execuções com armas de fogo.
Nos campos do "Altreich" (ver pergunta 1), a morte sobreveio principalmente por fome e enfermidades. Quanto aos prisioneiros lhes eram dada comida escassa e eles eram submetidos a um duro trabalho, as diferenças com o resto do campo são poucas. Em Auschwitz, que era na ocasião um campo de trabalho e um campo de extermínio, "selecionava-se" os prisioneiros com freqüência, gaseando os mais débeis. Assim, poucos chegavam a morrer de esgotamento, e em troca terminavam nas câmaras de gás.
Quando os Aliados chegaram aos campos da morte nazis da Alemanha, viram que o pessoal das SS estava bem alimentado e vestido, e a população local raras vezes estavam passando graves dificuldades relativamente. (Por outro lado, a população alemã das grandes cidades estavam sim sofrendo). Tudo isto pode se comprovar nas filmagens da libertação dos campos, onde se pode ver a população das cidades e povos vizinhos que os soldados americanos levaram aos campos para que fossem testemunhas do que ali ocorreu. Nenhuma das pessoas que se vê tinha aspecto de ter passado fome.
Existe além disso uma famosa fotografia de umas mulheres gordas das SS capturadas em Bergen-Belsen. Dezenas de milhares de prisioneiros morreram de fome em Belsen. Se você tivesse visto um filme de cadáveres esqueléticos introduzidos com escavadeiras em valas comuns, provavelmente é de Belsen. O contraste com as mulheres das SS é claro. Várias cenas da liberação de Bergen-Belsen demonstram esta questão.
Assim mesmo, quase nenhum prisioneiro aliado morreu de fome; simplesmente, havia pessoas as quais os nazis queriam manter vivas, e havia outras pessoas as quais os nazis queriam matar. Um grande número de prisioneiros de guerra soviéticos - uns três milhões - morreram por esta razão.
Fonte: Nizkor
Tradução: C. Roberto Lucena
O IHR diz:
Principalmente pelas contínuas epidemias de tifo que assolaram a Europa da guerra. Também por fome e por falta de cuidados médicos até o final da guerra quando quase todas as estradas e linhas de trem foram arrasadas pelos Aliados.
Nizkor responde:
Alguns morreram de tifo. Numericamente falando, a primeira causa da morte da maioria dos judeus foram os gaseamentos, seguida das execuções com armas de fogo.
Nos campos do "Altreich" (ver pergunta 1), a morte sobreveio principalmente por fome e enfermidades. Quanto aos prisioneiros lhes eram dada comida escassa e eles eram submetidos a um duro trabalho, as diferenças com o resto do campo são poucas. Em Auschwitz, que era na ocasião um campo de trabalho e um campo de extermínio, "selecionava-se" os prisioneiros com freqüência, gaseando os mais débeis. Assim, poucos chegavam a morrer de esgotamento, e em troca terminavam nas câmaras de gás.
Quando os Aliados chegaram aos campos da morte nazis da Alemanha, viram que o pessoal das SS estava bem alimentado e vestido, e a população local raras vezes estavam passando graves dificuldades relativamente. (Por outro lado, a população alemã das grandes cidades estavam sim sofrendo). Tudo isto pode se comprovar nas filmagens da libertação dos campos, onde se pode ver a população das cidades e povos vizinhos que os soldados americanos levaram aos campos para que fossem testemunhas do que ali ocorreu. Nenhuma das pessoas que se vê tinha aspecto de ter passado fome.
Existe além disso uma famosa fotografia de umas mulheres gordas das SS capturadas em Bergen-Belsen. Dezenas de milhares de prisioneiros morreram de fome em Belsen. Se você tivesse visto um filme de cadáveres esqueléticos introduzidos com escavadeiras em valas comuns, provavelmente é de Belsen. O contraste com as mulheres das SS é claro. Várias cenas da liberação de Bergen-Belsen demonstram esta questão.
Assim mesmo, quase nenhum prisioneiro aliado morreu de fome; simplesmente, havia pessoas as quais os nazis queriam manter vivas, e havia outras pessoas as quais os nazis queriam matar. Um grande número de prisioneiros de guerra soviéticos - uns três milhões - morreram por esta razão.
Fonte: Nizkor
Tradução: C. Roberto Lucena
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