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quinta-feira, 24 de outubro de 2013

Os Estados Unidos do ódio

‘El País Semanal’ e Canal + adentram na senda mais ‘conspiranóica’, racista e integrista dos EUA

Assim é o dia a dia do Ku-Klux-Klan, dos extremistas cristãos que se preparam para uma guerra santa racial e dos grupos neonazis que querem limpar o país de homossexuais e judeus

FOTOGALERIA Os EUA ultradireitista, em imagens
Jon Sistiaga 9 OCT 2013 - 00:00 CET

O líder das Nações Arianas. / Canal+ / Hernán Zin

“Você está me dizendo que também os treina para uma possível invasão de zumbis?”, pergunto com cara de estupor a Mike Lackomar, porta-voz e um dos líderes da Milícia de Michigan. “Sem dúvida, tanto faz ser um zumbi ou um reptiliano”, responde com severidade. “Há que procurá-lo corpo a corpo e lhe meter balas no peito e outra na cabeça, como no Vietnã”. E cai em gargalhadas. Mas não ri porque está reconhecendo, com toda seriedade, que suas crianças se preparam nos bosques de Michigan para deter hordas de mortos-vivos, senão pela suposta graça que acaba de fazer. Qual a graça? Eu tampouco sei, então Lackomar esclarece: “Como no Vietnã – sorri -, onde tinha que se ganhar os corações e mentes da população. Exatamente, dois tiros no coração e um na cabeça! Se um zumbi sangra quer dizer que ele pode matar”. Estamos em um parque natural a uns cem quilômetros ao sul de Detroit. É sábado. Ao nosso redor há ciclistas, gente fazendo footing, aprendizes de ornitólogos com seus prismáticos e famílias inteiras se preparando para passar um dia de campo. Uns 20 milicianos vestidos com traje de camuflagem e armados até os dentes começam, por seu lado, uma incursão no suposto território inimigo. Bubba, o alias de Tom, um engenheiro agrônomo que hoje às vezes passa por chefe do grupo, dá-lhes as últimas instruções: se escutam um drone, ou seja, o motor de um avião espião não tripulado, devem se esconder entre as árvores. Estamos no estacionamento do parque, junto a vários corredores que estiram seus músculos se preparando para sair para fazer esporte, mas Bubba acaba sua conversa de motivação mirando-lhes com expressão dura e lhes fala: “Se alguém é capturado ou ferido, que não espere resgate”.

O líder das Nações Arianas, uma organização
que se considera cristã e racista. / HERNÁN ZIN
A Milícia de Michigan é um dos mais de 1.300 grupos patrióticos monitorizados nos Estados Unidos por diferentes associações de direitos civis. Alguns desses grupos são considerados muito perigosos e imprevisíveis pela retórica irracional, emocional e até conspiranóica com que agem. Por isso são conhecidos como Grupos de Ódio. A crise econômica, o aumento do paro e a reeleição de Obama, um presidente negro, de sobrenome estrangeiro e pai muçulmano, fez eles crescerem em número.

“As milícias mais perigosas são aquelas que professam um ódio extremo contra o governo dos Estados Unidos, que se dedicam constantemente a fazer acopio de armas, que possuem enormes arsenais e que secretamente planejam possíveis ações contra o governo federal. Dito isto, a maior parte das milícias são cidadãos normais, que gostam de milícias e que são partidários de porte de armas e das liberdades da segunda emenda”, disse Jack Kay, antigo reitor da Universidade de Michigan e que levou anos estudando o fenômeno das milícias. Desde sua cátedra de Teoria da Comunicação, analisou as estratégias de captação e propaganda de dezenas de grupos radicais e está convencido de que muitos indivíduos violentos encontram aqui o lugar onde socializar todas as suas ocultas pulsões de ódio. Este Estados Unidos racista, integrista, supremacista e cheio de ódio é o ecossistema perfeito para a aparição dos lobos solitários.

Lackomar, o porta-voz dos milicianos de Michigan, parece um tipo muito normal. Casado, com dois filhos e com um bom emprego como caminhoneiro. Quando ele mostrou o porta-malas de sua perua, deixou-me boquiaberto: “Sempre levo meu rifle de combate, um Kalashnikov, uma arma muito boa… e leva 10 carregadores de 30 balas cada um… 300 disparos… Bem, isto é o que levo habitualmente no carro para coisas de emergência, mas sempre que saio de casa, ainda que seja para compra, levo minha pistola e algum carregador a mais, assim tenho sempre 60 balas sempre acima”. As leis de Michigan proíbem levar armas es­condidas sob o paletó ou a calça, é assim que Michael e muitos de seus colegas levam suas pistolas na cintura, à vista de todo mundo, como no Velho Oeste. Lackomar insiste em me dizer que não são ultradireitistas, senão libertários. Que não são racistas, que inclusive têm uma esposa de origem filipina, ainda que me confirme que não há nenhum membro negro, judeu, hispânico ou homossexual. Mas sobretudo, insiste que está farto de que o governo lhes considere um bando de pirados. Eles se consideram constitucionalistas, patriotas, defensores mortais dessa segunda emenda que lhes garante o direito de levar armas e formar milícias. Uma emenda da Constituição que tem 200 anos, do tempo da guerra contra os britânicos e os índios nativos.

DEFCON 4. As teorias da conspiração que manejam estas milícias são de todo tipo: desde aquela de que a Agência Federal de Saúde (FEMA) está preparando campos de concentração nas Montanhas Rocosas até a aquele em que a Casa Branca quer impôr a lei marcial em todo país. Aquela em que Obama vai apreender suas armas até aquela da Agenda 21 da ONU sobre a sustentabilidade do planeta, que pretende roubar os recursos naturais dos Estados Unidos. A Milícia de Michigan nos confirma que rebaixou seu nível de alerta a Defcon 3, nível amarelo, ameaça média, ainda que faça pouco tempo estavam em Defcon 4, estado de alerta quase de pré-guerra. Mas contra quê ou contra quem? Quem é o inimigo?... Segundo Lackomar, todas as milícias deveriam treinar em cinco áreas diferentes, cinco cenários nos quais todos seus homens deveriam estar atentos nesse momento: “Na luta contra o crime, fazendo patrulhas pela vizinhança, algo para o qual estamos muito capacitados; em resposta ante desastres naturais como os recentes tornados de Oklahoma ou as inundações provocadas pelo Katrina; sobre o terrorismo, como o de Boston; ante qualquer tipo de invasão, quer seja de Cuba, Coreia do Norte ou de zumbis, e em lutar contra a tirania de um governo que extrapole suas funções”.

Há mais de 1.300 grupos patrióticos monitorados nos Estados Unidos por diferentes associações civis

As milícias acreditam de verdade que os Estados Unidos estão a bordo de uma espécie de distopia, una sociedade indesejável em si mesma, um pesadelo em vida. Estão convencidos de que vem uma nova ordem mundial que os escravizará, por isso insistem tanto em treinar contra isso que Alexis de Toqueville chamou de “tirania da maioria”. Por isso vivem numa cultura de autodefesa e cultivam uma retórica partisan. Por isso se vem a si mesmos como a resistência, a força de choque. Os que defenderiam os Estados Unidos contra tudo aquilo que lhes ataque. “Algo não funciona nos Estados Unidos, neste país não podemos dizer a palavra ‘patriota’ porque seremos considerados terroristas, onde não podemos dizer ‘constitucionalistas’ porque somos tachados de terroristas”, queixa-se o coronel Robert Cross, o líder da Ohio Minutemen, outra conhecida milícia. Da janela de sua casa, em pleno campo, pode-se ver a vasilha fumegante da central nuclear de David-Besse, junto ao lago Erie. Cross insiste que não é um radical, senão alguém muito preocupado pelo desvio liberal do governo de Washington, mas Cross é um claro exemplo de pensamento cativo e vitimista. Como muitos milicianos, acredita que foi eleito para uma missão muito sacrificada e muito pouco reconhecida: defender os demais, ou seja, sua gente, de tropas federais, de capacetes azuis da ONU, dos mercenários da Blackwater ou dos sicários dos cartéis mexicanos. Todos esses supostos inimigos estão na página da web do supostamente pacífico Cross, que na internet explica como atuar se a gente se ver envolto em um tiroteio: “primeiramente, leve uma arma; o segundo, leve um amigo com armas, e em terceiro lugar, traga todos seus amigos com armas…”.

DETROIT, CIDADE EM RUÍNAS. Faz já alguns anos que não chega nenhum viajante à Estação Central de Detroit, em Michigan. Há décadas foi concebida como o edifício ferroviário mais alto do mundo, mas um dia os trens deixaram de sair. A cidade do motor; que chegou a ser a quarta urbe dos Estados Unidos, entrou em crise e começou a perder população. Seus edifícios se esvaziaram, seus bairros foram abandonados, suas ruas apodrecem e acabou se declarando quebrada ante a impossibilidade de pagar suas dívidas. Esta cidade converteu-se no epicentro dessa teologia do ódio que é defendida por muitos grupos extremistas. Uma cidade falida, quebrada, que perdeu 25% de sua população em 30 anos. Detroit passou de dois milhões de habitantes a apenas 700.000, tem uma taxa de desemprego insuportável de mais de 20% e é a segunda cidade mais violenta dos Estados Unidos (a primeira está também em Michigan, a 100 quilômetros). É uma urbe abandonada a sua própria sorte pela prefeitura, que cortou a luz, a água, coberta de lixo ou de patrulhas policiais em muitos bairros porque, simplesmente, apenas vive gente e já não tem capacidade de cobrança. Uma cidade que é um enorme bodega do fracasso. A primeira, como propõe algum intelectual, acrópole estadunidense. Neste entorno, como não vão surgir apóstolos do ódio que galvanizam todo o ressentimento e a frustração daqueles que sentem suas vidas desperdiçadas?

Estamos preparados para a luta contra o crime e ante qualquer invasão, sejam de cubanos ou zumbis”

“Os crimes de ódio aqui em Michigan aumentaram. Quando a economia falha, há uma tendência de determinada gente a simpatizar com esses grupos de ódio porque necessitam a alguém a quem jogar a culpa. E esse bode expiatório são os judeus, ou as minorias ou os imigrantes”. Heidi Budaj é a diretora da Liga Antidifamação, uma organização que tem mais de cem anos denunciado condutas xenófobas e racistas. Na atualidade monitoram mais de mil grupos dos chamados grupos de ódio, rastreando constantemente suas webs, seus chats, suas mensagens ou os discursos de seus líderes. Um deles, o Movimento Nacional-Socialista (MNS), a maior organização neonazi dos Estados Unidos, tem sua base em Detroit. Pergunto a Heidi, judia de origem húngara que perdeu parte de sua família nos campos de concentração da Alemanha nazista, que lhe diria ao líder do MNS, Jeff Schoep: “A mim me fascina que alguém dedique toda sua vida a difundir o ódio. Eu lhe perguntaria o que o fez lhe converter à sua máquina de odiar minorias étnicas, judeus, afro-americanos, gente que é diferente dele”. Schoep nos recebe na recepção do meu próprio hotel porque seu partido, confessa, não tem sede. Traslado a pergunta de Heidi ao dirigente neonazi, que, sem perder seu meio sorriso, contesta: “Não se trata de ódio, trata-se de amor. Podes nos considerar um grupo de amor, de amor a nossa gente. Queremos tanto esta nação que queremos nos separar de toda essa gente.”

“A suástica apavora…”. Schoep tem cara de bom garoto e uma esmerada presença. Fala pausado e escolhendo suas palavras. Seu discurso é afável, medido, até contido. Jeff está convencido que a raça branca nos Estados Unidos está se convertendo em uma minoria. Seu sobrenome é de origem alemã. Disse-nos sem lhe perguntar, que é orgulhoso de sua suposta ascendência ariana. Não quer dizer quantos membros são, mas em seus próprios vídeos se estima que as manifestações apenas chegue a meia centena. Segundo as estimativas de Jack Kay, o ex-reitor da Universidade de Michigan, “por cada membro real de um grupo radical há uma centena de simpatizantes”.

Jeff escreveu na página da web do MSN (NSM) o ideário de seu partido. Ponto três: “Demandamos territórios e colônias para alimentar nossa gente e enviar o excesso da população”. Um discurso que cheira ao famoso “espaço vital” dos nazis que desencadeou a II Guerra Mundial, ainda que pessoalmente suaviza e dizem que são só ideias soltas. Para posar para fotos, Jeff se coloca diante da bandeira de seu partido. Por que a suástica? Primeiro conta uma longa perorata sobre o significado esotérico das runas e das cruzes gamadas, mas no final reconhece: “A suástica sugere a nossos inimigos que não há conversa. Quando nossos inimigos veem este símbolo, encolhem-se. Se nos desafiam já sabem o que significa: justiça rápida e sem piedade.”

A Milícia de Michigan durante um treinamento. / HERNÁN ZIN

KKK, O IMPÉRIO INVISÍVEL. Muitos desses grupos compartilham ideologias, fins e inclusive até os símbolos. A suástica, por exemplo, e a saudação nazi do braço ao alto são utilizadas com frequência por muitos dos capítulos ou irmandades da Ku-Klux-Klan. A sede dos Cavaleiros Tradicionalistas da KKK fica em um pequeno povoado de Missouri, a uns cem quilômetros ao sul de San Luis. Os escritórios desta confraria autodenominada de "Império Invisível" é um pequeno despacho dentro do domicílio de seu líder máximo, Frank Ancona, grande mago imperial. Aqui nos recebe, entre gatos, cachorros e até um porco que sua esposa nos impede de fotografar por pudor. “Entre todos los capítulos del Klan seremos uns 7.000 membros”, disse Ancona. “Por segurança, não guardamos nenhum arquivo com os nomes de nossa gente. Cada um dos líderes locais sabe quem são. E cada dragão conhece a seus líderes locais”.

Frank Ancona, filho de um klansman e pai de futuros membros desta confraria racista, fala sobre si mesmo como um ativista pelos direitos civis dos brancos. Sua organização é a mais antiga e infame de todos os movimentos supremacistas dos Estados Unidos e em sua longa história tem centenas de assassinatos rituais de afro-americanos. “Eram outros tempos”, sentencia Ancona, que assegura que agora já não são violentos: “Somos uma organização cristã, branca e patriótica que se ocupa dos interesses da raça branca nos EUA. A gente diz que quando você fala que supremacismo branco significa ódio, mas o que nós acreditamos quando falamos de supremacismo é que a raça branca é superior as outras”.

Quase todas as ordens da KKK têm uma receita social para implementar suas teorias racistas. Obviamente, nesses tempos não podem defender nem ideias violentas nem soluções finais, mas continua insistindo no que eles chamam de separatismo branco. Rachel Pendergraft, líder dos Cruzados da KKK no Arkansas e apresentadora na internet de um informativo racista chamado Orgulho Branco, mostra-se categórica: “Estamos seguros de que há um genocídio programado contra a raça branco a nível mundial, e que somos o bode expiatório para tudo o que está funcionando mal em nosso planeta”. Por isso insiste, a única solução é o separatismo. O segregacionismo. A separação das raças. Evitar a mistura. A contaminação. Rachel vive em uma zona, as montanhas Harrison, que do ponto de vista racial é quimicamente pura. Só há brancos. Na sede da KKK se reúnem aos domingos os racistas locais para ir à missa, socializar entre eles e fazer um churrasco. É como um clube de campo que emana ódio. Aqui se defende o apartheid,os guetos para outras "raças", ou uma nova política de bantustões para prender negros judeus ou hispânicos.

A suástica sugere a nossos inimigos que não há conversa. Eles sabem o que significa. justiça sem piedade”

“É difícil encontrar uma organização supremacista branca cujos membros não tenham cometido algum delito ou passado pela prisão. Nas Nações Arianas, os 95% dos membros estiveram na prisão”. Paul Mullet nos encontra na caravana na qual vive e que lhe serve de quartel general da qual provavelmente seja a mais violenta, integrista e radical de todas as organizações extremistas. As Nações Arianas tiveram um passado turbulento, o próprio Mullet se define como um cara violento. Carrega um uniforme que recorda bastante a dos camisas pardas do partido nazi de Hitler e nos pede que falemos baixo porque sua filha de quatro meses está dormindo. Desde que seu ordenador escreveu o manual do cruzado de Deus, o decálogo do bom racista e toda essa besteirada que "arianos", como o próprio Mullet, são uma raça de deus. Os descendentes, assegura, das doze tribos de Israel. Adão e Eva, insiste, tiveram só um filho, Abel, o primeiro da linhagem dos brancos como ele. Eva, contudo, teve uma conjunção carnal com o diabo, com a serpente bíblica, e assim saiu Caim, o irmão mau do qual descendem os judeus, negros e o resto das raças. Paul disse que está tudo documentado. A guarida de ódio, a sede das Nações Arianas, essa organização ultracristã e extrema, é a habitação de Mullet.

“Claro que sou racista. Eu como branco sou superior as outras raças. Por supuesto”. Mullet não tem papas na língua. Não é um racista politicamente correto. O guru de tantos supremacistas é um homem cheio de ódio. Alguém cuja capacidade de amar foi desativada. Um paranoico que acredita ser eleito por seu deus para depurar o mundo. Tipos como ele são os que incendeiam de ira os lobos solitários que acabam pondo em prática todos esses sujetos que vomitam na internet. Graças à Red, Mullet se converteu na referência de uma ideologia alimentada pelo rancor. Antes de irmos a sua casa, perguntei-lhe se sente bem vivendo no ódio. E ele me respondeu: “Sim. Sinto-me bem. É o que sou. Um tipo que odeia.”

O documentário ‘La América del odio’ (Os EUA do ódio) é transmitido no Canal + nesta miércoles, 9 de outubro.

Fonte: El País (Espanha)
http://elpais.com/elpais/2013/10/03/eps/1380801578_189151.html
Título original: La América* del odio
Tradução: Roberto Lucena

Observação sobre grafia de Estados Unidos e "América": 1. pode parecer "bobagem" mas eu só uso o termo exato. "América" é nome de continente e não de país, apesar de faer parte do nome de um país. Usam esta expressão "América" de forma errada e generalizante em alguns países da Europa, principalmente Inglaterra, para se referir aos Estados Unidos. Como também os próprios EUA a usam. A Espanha tem uma certa mania (igual a de alguns países da América do Sul) de repetir esses modismos ou termos impositivos, ou porque acham bonito/diferente imitar britânicos ou norte-americanos (sem levar em conta a carga simbólica do termo) e abrem margem pra crítica. Como só escrevo o nome do país, eu troquei o título original da matéria que estava com "América" para "Estados Unidos". A quem por ventura achar que isso é anti-americanismo (pois tem gente que idolatra tudo e se dói com isso ao tentar politizar ao extremo o idioma, por achar "anormal" que as coisas sejam escritas da forma correta), não é, é apenas a forma correta de se escrever o nome desse país em português. Quem quiser chorar e espernear, à vontade, o termo correto há de prevalecer sobre o incorreto.

2. Muita gente também de forma grotesca usa a sigla EEUU pra se referir a Estados Unidos quando isso é uma grafia do espanhol (que dobra as letras da sigla de um nome quando este está no plural), não existe isso no português (a sigla usada em português pra Estados Unidos é EUA, que também existe no espanhol).

3. O termo estadunidense também é correto, como "ianque" e "norte-americano" (embora este seja referente à América do Norte, por generalização também se usa com mais frequência em relação aos EUA do que pra se referir ao Canadá ou México). Já vi "figuras" no Orkut (e quando fui pegar o link do dicionário pra colocar aqui achei uma pérola num site com o mesmo tipo de bobagem) querer questionar o termo quando em qualquer dicionário são citados todos esses termos. Eu aprendi no colégio. Ao pessoal do "contra tudo", por favor, parem de querer estuprar o idioma por ignorância e por fanatismo político, é ridículo isso.

Os comentários acima não são sobre erros ortográficos que são os mais comuns e frequentes (nos textos pode-se encontra vários), mas me refiro a erros de conceito mesmo e de interpretação, por cretinice, idolatria e/ou ignorância voluntária. Não seria necessário fazer essas observações se o ambiente político do país não estivesse tão polarizado e bitolado.

sexta-feira, 20 de julho de 2012

A direita e os imigrantes

NORUEGA
A direita e os imigrantes

O julgamento de Anders Behring Breivik, acusado de matar 73 pessoas por razões políticas, terminou em 22 de junho. Como a Noruega, país rico e famoso pela tranquilidade, foi cenário de tal violência? A militância de extrema direita de Breivik, contudo, reflete uma visão de mundo predominante na Europa
por Rémi Nilsen

Foto: Anders Behring Breivik, em 3 de maio, durante seu julgamento. Analistas acreditavam que massacre havia sido um ataque islâmico.

Na sexta-feira, 22 de julho de 2011, quando uma bomba devastou o bairro administrativo de Oslo, onde se situam a maior parte dos ministérios e a sede do governo, os analistas imediatamente pensaram que o terrorismo islamita internacional tinha atacado; na rua, imigrantes foram maltratados.1 Mas, quando se soube do massacre na ilha de Utøya, situada a uns 50 quilômetros dali, as opiniões começaram a ficar confusas: por que o terrorismo islamita internacional teria decidido exterminar dezenas de adolescentes do acampamento de verão da Liga dos Jovens Trabalhistas (AUF)? O assassino que a polícia prendeu no mesmo dia era um grande loiro de olhos azuis vindo dos belos bairros de Oslo: Anders Behring Breivik, antigo filiado ao Partido do Progresso (Fremskrittspartiet), agremiação populista de tendência de extrema direita. A Noruega ficou chocada.

Um ser humano capaz de matar crianças a sangue frio é por definição um psicopata. Aparentemente, Breivik tinha trabalhado sozinho – poderíamos ver nessa matança apenas uma grande notícia sensacionalista se ele não tivesse reivindicado um ato político, destinado a fazer entender que os “marxistas culturais” – quer dizer, toda a esquerda – estavam entregando a Europa aos muçulmanos. Seu “manifesto” de 1.500 páginas publicado na internet oferece ao corajoso leitor uma antologia de temas que estão longe de ser inéditos nos debates políticos noruegueses.

Conservadorismo cultural, defesa de valores cristãos, medo do desaparecimento da cultura e da identidade europeias por culpa de uma política migratória muito frouxa, islamofobia embalada em um discurso que ousa evocar os direitos humanos: muitas posições parecidas com as do Partido do Progresso.

“Uma nova cruzada”

Carl Ivar Hagen, antigo responsável por esse partido, declarou em 2004 que “os muçulmanos há muito tempo já indicaram claramente, assim como Hitler o fez, que seu objetivo a longo prazo era dominar o mundo”.

Durante a campanha para as eleições legislativas de 2009 – vencidas pela coalizão “vermelho-verde”,2 mas que viram o Partido do Progresso se tornar a segunda maior força política do país, com 22,9% dos votos −,3 sua atual presidente, Siv Jensen, lançou a teoria de uma “islamização insidiosa” do país. Em agosto de 2010, uma figura crescente do mesmo partido, Christian Tybring-Gjedde, acusou o Partido Trabalhista de “apunhalar a cultura norueguesa pelas costas”, enquanto o responsável pelas questões de imigração postava a seguinte mensagem no Twitter: “Temo que uma nova cruzada seja necessária”.

Três sites servem para o essencial das discussões desse movimento – um deles, o Right.no, recebe subsídios do Ministério das Relações Internacionais. Apresentam-se como “críticos” do Islã e se mostram abertamente pró-Israel, denunciando fortemente o antissemitismo. Um de seus principais colaboradores, que foi durante um tempo, segundo Breivik, seu inspirador, é o blogueiro Fjordman; por muito tempo anônimo, ele preferiu revelar sua identidade para não ser associado ao assassino.

Peder Jensen, seu verdadeiro nome, é um antigo estudante de árabe atualmente empregado como enfermeiro em um estabelecimento para deficientes mentais. Apoia Israel desde 2002, quando foi observador em Hebron de uma organização de direitos humanos que defendia os palestinos. Ele se baseia em teorias da conspiração difundidas por Bat Ye’or – nome artístico de Gisèle Littman Orebi, britânica de origem egípcia – em seu livro Eurabia:4 os dirigentes europeus teriam escolhido se aliar aos muçulmanos para trair a população branca em troca de garantias na aquisição de petróleo – uma velha fantasia que existe desde a crise petroleira de 1973.5

Classe média

A imigração “maciça” de populações cujas taxas de natalidade são supostamente muito elevadas seria o sinal desse acordo secreto. A Europa estaria, assim, em guerra, num sentido mais ou menos literal. É com essa ideologia que Fjordman e seus acólitos incitam à “resistência ativa”, fazendo abertamente referência à ocupação da Noruega pelos nazistas. “Não são, claramente, neonazistas clássicas essas pessoas que espancam muçulmanos nas ruas”, nota Thomas Hylland Eriksen, professor de Antropologia Social especialista em multiculturalismo. “Não se trata de desempregados do sexo masculino deixados na mão devido ao fechamento das fábricas. São pessoas de classe média inferior, que leram muito, mesmo que suas leituras tenham sido muito seletivas.”6

Há realmente um “problema de imigração” na Noruega? A política de abertura à mão de obra estrangeira foi encerrada em 1975. Eram os paquistaneses que acabavam de chegar, então, ao mercado de trabalho. Essa comunidade, primeira e segunda gerações, representa hoje o grupo mais importante vindo de um país fora da Europa, e a maioria das 90 mil pessoas de confissão muçulmana – lembremos que a Noruega é um Estado confessional, onde 86% dos 5 milhões de habitantes se definem como protestantes luteranos. Os que chegaram depois de 1975 são essencialmente cidadãos da União Europeia – Suécia, Polônia, França, Alemanha – empregados pela indústria ou refugiados e exilados submetidos a critérios de aceitação muito estritos.

Ainda que o desemprego seja mais elevado na população oriunda da imigração (7,7%, enquanto a média nacional é de 3,3%; na segunda geração, o desemprego é apenas 1% mais elevado do que para o conjunto dos jovens),7 esta é relativamente bem integrada. Segundo uma sondagem de 2010, 70% dos noruegueses “apreciavam a cultura dos imigrantes e sua participação na vida ativa, e pensavam que os trabalhadores imigrantes vindos de um país de fora da Escandinávia contribuíam positivamente para a economia norueguesa”.8

A Noruega parece então ter conseguido criar uma sociedade multicultural onde a integração não é um problema maior. Então, como explicar que a islamofobia tenha se tornado um elemento cada vez mais frequente no debate político?

O país – riquíssimo, principalmente graças ao petróleo e aos recursos marítimos – foi muito pouco atingido pela crise financeira e a crise da dívida. O Estado de bem-estar social continua reinando: não houve cortes drásticos nos gastos públicos (apesar de uma reorganização que conduziu ao fechamento de alguns estabelecimentos), e o país mantém sem dúvida a política social mais generosa do mundo. Há anos, a Noruega está em primeiro lugar na classificação estabelecida pelas Nações Unidas dos países onde as condições de vida são as melhores.

Neoliberalismo

No entanto, ela não foi poupada pelo neoliberalismo, conduzido pelo Partido Trabalhista: as desigualdades sociais e as diferenças salariais aumentaram muito ao longo dos últimos vinte anos. “Depois de 1990, a diferença salarial entre o 1% que ganha mais e a remuneração média aumentou muito mais rápido na Noruega do que no Reino Unido ou nos Estados Unidos”,9 segundo um relatório da empresa de marketing à esquerda Manifest. A parte de ativos financeiros brutos (depósitos bancários, ações etc.) detida pela classe média foi dividida por dois entre 1984 e 2008. Os salários dos mais ricos aumentaram muito, enquanto os dos assalariados caíram.

É nesse contexto que a imigração se tornou uma questão política central. Os neoliberais, sob a influência da empresa de marketing Civita, financiada por organizações patronais, se esforçaram para provar que o modelo nórdico de Estado de bem-estar social não era mais viável, a despeito de uma realidade cotidiana que mostrava que o sistema fiscal e o crescimento da produtividade sustentavam amplamente o modelo atual.

A prosperidade crescente do país, cujo PIB progrediu de forma ininterrupta desde 1998 – com exceção de um recuo em 2009 – e se classifica, por habitante, como o terceiro da Europa,10 permitiu ocultar o agravamento das desigualdades sociais. Isso deixa à direita populista o campo livre para recuperar as frustrações de um eleitorado que se sente maltratado – essencialmente a classe média, que, desde o começo dos anos 1990, está perdendo em relação aos mais ricos.

Segundo Eriksen, a direita radical islamofóbica norueguesa se compõe “de pessoas que têm a impressão de ter sido desclassificadas. Elas consideram que seu nível de vida estagnou; sentem-se marginalizadas e excluídas pela sociedade. Veem-se como uma força essencial da nação, mas não conseguem mais se identificar com esta, porque outra concepção da comunidade nacional se impôs: mais cosmopolita e igualitária, baseada antes na cidadania do que na aparência etnonacional”.

Além das fronteiras


A direita populista pretende precisamente se apropriar da “vontade popular”; para citar Ali Esbati, “dos que pertencem a uma elite em certos meios e não podem suportar ver que os que eles desprezam ocupam o terreno para se tornarem mais visíveis na sociedade. Eles odeiam o movimento operário, as organizações para a libertação das mulheres ou ainda as personalidades de meios culturais ou acadêmicos que se expressam em favor de outra ordem social”. Helge Luras, “especialista em terrorismo” do muito reputado Instituto Norueguês de Relações Internacionais (Nupi), confirmou isso numa rede de televisão russa (Russian Today, 22 de julho), afirmando que “os multiculturalistas carregam a responsabilidade do atentado, pois eles abafaram a vontade popular com sua política de imigração”.

No entanto, mesmo que uma violência excepcional como essa tenha acontecido na Noruega, a onda direitista não se limita à Escandinávia. Se acreditarmos em Esbati, é inclusive fora do contexto escandinavo que é preciso procurar a origem disso. “Em todo o mundo ocidental, ao longo dessas últimas décadas, as forças muito organizadas do capitalismo trabalharam contra a estagnação econômica através de uma exploração ainda mais dura e da recuperação de antigos bastiões do movimento operário, atacando de passagem os regimes de previdência, os serviços de saúde pública e o direito trabalhista. Essa situação degradada cria um ambiente social dividido segundo linhas étnicas e religiosas. Esses temas são recorrentes e transnacionais.”

Rémi Nilsen

Jornalista, é o responsável pela edição norueguesa do Le Monde Diplomatique

Ilustração: Pool News / Reuters

1 Dagsavisen, Oslo, 25 jul. 2011.
2 Partido Trabalhista, Partido Socialista de Esquerda – fundado nos anos 1970, contra a política pró-norte-americana dos trabalhistas – e Partido do Centro.
3 Nas últimas eleições, em setembro de 2011, ele teve apenas 11,5% dos votos.
4 Bat Ye’or, Eurabia. L’axe euro-arabe [Eurábia, o eixo euro-árabe], Edições Jean-Cyrille Godefroy, Paris, 2006.
5 Andreas Malm, Hatet mot muslimer [O ódio contra os muçulmanos], Atlas, Estocolmo, 2011.
6 Aftenposten, Oslo, 1º ago. 2011.
7 Dados do Escritório Nacional de Estatísticas (www.ssb.no).
8 “A imigração e os imigrantes 2010”, Escritório Nacional de Estatísticas.
9 “A nova Noruega. A concentração do poder econômico do período pós-1990”, Manifest, Oslo, 2011.
10 Atrás de Liechtenstein e Luxemburgo.

Fonte: Le Monde Diplomatique Brasil
http://diplomatique.org.br/artigo.php?id=1207

Observação: apesar do viés da publicação, isto não comprometeu o conteúdo da matéria. A matéria é relevante pois descreve como a visão do assassino da Noruega é bem compartilhada na Europa e fora dela. Não se trata de um "louco" e sim de um extremista que pôs em prática o que muita gente em vários países europeus (e não-europeus) pensam sobre imigrantes, racismo etc.

quarta-feira, 11 de abril de 2012

Breivik não sofre de psicose, diz avaliação

Homem foi o autor dos ataques de 22 de julho, onde 77 pessoas morreram

Da AFP noticias@band.com.br

População contestou os resultados da primeira
avaliação psiquiátrica de Anders Behring Breivik
/ Jon-Are Berg-Jacobsen/Aftenposten/AFP
Um segundo painel de psiquiatras que analisou Anders Behring Breivik concluiu que o autor dos ataques de 22 de julho de 2011 na Noruega não sofre de psicose e, portanto, é penalmente responsável.

"Nós concluímos que o acusado não era psicótico no momento dos fatos", declarou o psiquiatra Agnar Aspaas durante uma coletiva de imprensa realizada após a entrega do relatório ao Tribunal de Oslo. O processo deve começar na segunda-feira.

A nova avaliação contradiz os resultados de um primeiro exame psiquiátrico oficial que no ano passado concluiu que Breivik sofria de esquizofrenia paranoide, e que, portanto, deveria ser enviado para um hospital psiquiátrico, e não para uma prisão.

Um dos advogados de Breivik afirmou que seu cliente está "satisfeito" com a nova avaliação. Solicitada pela justiça norueguesa após as várias críticas dirigidas à primeira avaliação, esta nova ainda é provisória e de valor apenas consultivo.

Em última instância, será o veredicto dos juízes que decidirá a complicada questão da responsabilidade penal de Breivik e determinará o seu destino: prisão ou hospital psiquiátrico. Em ambos os casos, Breivik poderá permanecer trancafiado entre quatro paredes até sua morte.

Apesar de a pena máxima por "atos de terrorismo" ser de 21 anos na Noruega, um mecanismo de retenção de segurança permite prolongar indefinidamente a prisão de um detento, enquanto este for considerado perigoso.

Ultradireitista fanático, Breivik detonou uma bomba diante de um prédio do governo em Oslo e pouco depois abriu fogo contra jovens social-democratas que participavam em uma reunião política na ilha de Utoeya, matando 77 pessoas no total.

"Existe um alto risco de ele reincidir", afirmam Aspaas e seu colega Terje Toerrissen, em um comunicado do Tribunal que resume as conclusões. "Estamos muito seguros (de nossas conclusões) de que isso é possível", disse Toerrissen, acrescentando que os dois especialistas tiveram acesso "a tanto, ou mais material" do que seus colegas para avaliar a saúde mental de Breivik.

O relatório tem como base 11 entrevistas com o acusado, três semanas de observações contínuas e registros de interrogatórios policiais.

Mesmo sujeito a alterações até o final do julgamento, de acordo com o comportamento de Breivik durante o processo, seus resultados são esperados para reforçar a linha de defesa dos advogados do extremista que, a seu pedido, vão trabalhar para reconhecer a responsabilidade penal do cliente.

Um dos advogados de Breivik afirmou que seu cliente está "satisfeito" com a nova avaliação. Breivik acredita que ser declarado irresponsável por seus atos, invalidaria a sua ideologia islamofóbica e hostil ao multiculturalismo, resumidas no manifesto distribuído por ele no dia dos ataques.

Em uma carta enviada na semana passada para os jornais noruegueses, ele afirmou que um hospital psiquiátrico seria "pior do que a morte" e que a avaliação dos primeiros peritos-psiquiatras era "a maior humilhação."

Em uma inversão impressionante dos papéis habituais, o Ministério Público afirmou no mês passado que está preparado para manter a irresponsabilidade penal de Breivik, reservando a possibilidade de mudar de posição caso apareçam novas provas eventuais.

Fonte: AFP/Band
http://www.band.com.br/noticias/mundo/noticia/?id=100000496512

Ver também:
Noruega: irmão de princesa é uma das vítimas (AFP)

quarta-feira, 4 de abril de 2012

Anders Breivik prefere morrer a ser internado

Autor confesso do massacre na Noruega. Anders Breivik prefere morrer a ser internado

O autor confesso do massacre na Noruega
quer ser considerado imputável (Foto:
Jon-Are Berg-Jacobsen/Aftenposten/Reuters)
O extremista norueguês Anders Behring Breivik, autor confesso do massacre na ilha de Utoya e do atentado à bomba em Oslo no Verão do ano passado, de que resultaram 77 mortos e 151 feridos, diz que prefere morrer a ser internado numa instituição psiquiátrica.

“Enviar um ativista político para um hospício é mais sádico e mais maléfico do que matá-lo!”, escreveu Breivik numa carta publicada pelo jornal norueguês Verdens Gang.

Breivik, 33 anos, está em prisão preventiva e já foi submetido a duas avaliações psiquiátricas. Numa delas foi considerado responsável pelos seus actos, pelo que poderia ser julgado e condenado a uma pena de prisão, mas um segundo relatório concluiu que sofre de esquizofrenia paranóide, o que poderá levar à substituição de uma pena de prisão pelo internamento num estabelecimento psiquiátrico.

Na carta enviada ao Verdens Gang, com 38 páginas, Anders Behring Breivik contesta os resultados desta última avaliação, considerando que 80% do relatório dos psiquiatras Torgeir Husby e Synne Soerheim contém erros, e afirma que o internamento é “um destino pior do que a morte”.

Segundo as conclusões da avaliação clínica, Breivik é um psicótico que, com o tempo, desenvolveu uma esquizofrenia paranóide que teria alterado o seu juízo antes e durante os ataques, afirmou Svein Holden, procurador do Ministério Público da Noruega. "Ele vive no seu próprio universo delirante e os seus pensamentos e atos são regidos por esse universo", disse o responsável.

Eram 15h26 do dia 22 de Julho de 2011, quando uma bomba explodiu em Oslo. O ataque tinha sido anunciado num manifesto de mais de 1500 páginas escrito por Breivik ao longo de nove anos e que fora publicado na Internet horas antes das explosões. Às 17h25, surgiam relatos de tiros disparados na ilha de Utoya, onde decorria um acampamento de jovens do Partido Trabalhista. A equipa especial antiterrorismo chega a Utoya mais de uma hora depois de o atirador, disfarçado de polícia, ter desembarcado de um ferry na ilha. Nessa hora, Breivik disparou contra dezenas e dezenas de jovens, com balas modificadas para maximizar o número de vítimas. Matou 69 pessoas na ilha e outras oito morreram na explosão em Oslo.

O início do julgamento está marcado para o próximo dia 16 e Anders Behring Breivik insiste em ser julgado como uma pessoa sã e imputável.

Fonte: Público (Portugal)
http://www.publico.pt/Mundo/anders-breivik-diz-que-prefere-morrer-a-ser-internado-1540789

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