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quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

Manifestações anti-Brasil em comentários de fakes

Eu ia colocar esse comentário neste post Suíços decidem impor limites à imigração (SVP) mas achei melhor colocar em um post pois às vezes esses comentários no final do post passam batidos.

Infelizmente não consegui localizar o comentário cretino feito anos atrás (eu costumo liberar os comentários pois ficam marcados no email quando são publicados, mas esse eu não achei, posso ter cortado sem publicar, quando não há algo que preste eu depois corto após deixar marcado) de um brasileiro rindo e zombando daquele caso na Suíça de um suposto ataque neonazi como se eles concordassem, caso fosse concreto o ataque, com ataques de neonazis europeus contra brasileiros. Se eu achasse o comentário eu iria colar aqui (era a ideia original do post), mas lembro do teor do comentário e do nick que comentou.

Obviamente o sujeito não usava o nome e sim um nick/fake, e aparenta ser gente que circulava em comunas "revis" do Orkut. Ou seja, por saber que o que comenta é repulsivo e por ter medo de sofrer represálias ou comentários negativos à cretinice que manifesta, não tem coragem tem em assumir o que pensa até porque muitos desses comentários são criminosos. Mas não deixa de ser curioso a "coragem" desses caras.

Esse comportamento é tão 'esquizoide' (esquizoide voluntário) e esdrúxulo que por vezes não merece nem comentário/resposta, mas como não se trata de um caso isolado, a coisa muda de figura. Como já dito em outros posts sobre rixas regionais, fascismo e História do Brasil, há seguimentos sociais em alguns estados que compartilham dessas crenças racistas (de "supremacia" étnica) e estas pessoas fomentam divisões e conflitos no Brasil com esta postura. Tem gente que evita tocar no assunto, como se fosse "tabu", mas sempre fiz questão de fincar pé contra este tipo de "brasileiro" (entre aspas).

Eu diria que a quem compartilha dessa "forma de visão" de mundo esdrúxula, que sente nojo em ser brasileiro porque é descendente de imigração do século XIX pra cá (fica com essa obsessão com sobrenome "de país tal", típico complexo de vira-latas), que se sente "parte" de outro país (embora esses países costumam não dar a mínima a essas tristes pessoas) e fica usando a web pra achincalhar o país (não confundir crítica pertinente com ódio ao país, são coisas distintas, não são sinônimos) porque não queria estar no Brasil, minha sugestão é que procurem o primeiro porto ou aeroporto e sumam do Brasil, e esqueçam que um dia nasceram ou viveram no país.

É isso que uma pessoa que odeia o país deveria fazer, é a atitude mínima coerente com pensa dessa forma. Não confundir o comentário com os episódios da ditadura civil-militar com os dizeres "Brasil ame-o ou deixe-o", um slogan cínico pois muitos brasileiros eram expulsos por questões políticas e não por sentirem ódio de serem brasileiros. Hoje as pessoas são livres pra partir, então seria coerente a esse pessoal (que manifesta essas características) que emigrassem e esquecessem que são brasileiros em outro país. Meu recaso a esses é simples: não se iludam, ninguém sentirá saudades desse tipo de pessoa no Brasil, só na cabeça de vocês é que alguém dá a mínima pra esse tipo de pessoa escrota no país.

Um aspecto curioso desse comportamento, é que boa parte desses "brasileiros" acaba se segregando em "guetos" fora do Brasil, por se sentirem à margem ou mesmo não serem tratados de forma amistosa em outros países, daí que não quebram esse vínculo que têm com o Brasil. É um seguimento social difícil de se conviver e aturar pois são cheios de preconceito sobre tudo e todos.

Por que comento isso? Porque muitas vezes chegam pessoas com esse tipo de comportamento esdrúxulo, não necessariamente "revis" (os "revis" são só o efeito colateral desse pensamento ridículo), dirigindo a palavra a mim achando que eu "compartilho" dessa visão esquizoide deles, sinto lhes desapontar mas não compartilho desse "sofrimento" de vocês, pelo contrário, eu tenho ódio visceral de gente que tem ódio do Brasil por motivos racistas e com esse complexo de vira-latas.

Esse discurso "anti-Brasil" é coisa de imbecil. Uma das vertentes desse discurso descamba pro tal preconceito regional vigente no país que mascara a raiz do problema (o ódio dessas pessoas é porque se sentem parte de algum grupo étnico europeu especial e que não pertencem ao Brasil ou que o Brasil se resume ao "quintal" deles, cidade ou Estado, não algo mais amplo e antigo que a presença deles no Brasil).

Eu não aconselho a essas pessoas virem discutir nesses termos aqui, ou comigo (muitos "revis" manifestam essa postura, tanto que eu os chamo de "fascistas sem pátria") pois vão acabar recebendo algum comentário bem pesado como resposta. Quando não recebem eu simplesmente me distancio pois não consigo conviver com gente assim.

Não sou só eu que pensa dessa forma sobre esse assunto no país, o que ocorre é que a maioria das pessoas acaba por vezes não deixando explícito que sente repúdio desse tipo de pessoa e como eu sou chato nesse ponto, eu escancaro a questão pois acho que não se deve criar tabus com coisas que todo mundo sabe que existe e simplesmente se omitem de enfatizar o problema (algumas vezes por não associarem de onde vem essa raiva insana desse pessoal que odeia ser 'brasileiro').

Como disse antes, não confundir o problema relatado acima com o ato de criticar coisas que consideram erradas no país, crítica é uma coisa, ódio por ser brasileiro e achar que tudo no Brasil não presta por se sentir "europeu" (sem ser) ou sabe-se lá o quê, por conta de um sobrenome é coisa de imbecil, complexo de vira-latas, gente com problema identitário grave (identidade nacional/cultural).

Curioso que muitos "revis" acusam judeus disso (e de pilhas de outras coisas com o ódio antissemita deles) quando o que mais vejo é cultuadores do nazifascismo ter essa postura em relação ao país. São contraditórios, parece que projetam em terceiros o que eles sentem. Engraçado ainda quererem se dizer "nacionalistas" com esse tipo de postura.

E uma observação final: também reprovo o comportamento extremo-oposto a esse, que é o ufanismo "nacionalista" tosco, vazio, fomentando em ditaduras, que em geral é coisa de gente burra querendo aparecer ou encher o saco.

quinta-feira, 24 de outubro de 2013

Os Estados Unidos do ódio

‘El País Semanal’ e Canal + adentram na senda mais ‘conspiranóica’, racista e integrista dos EUA

Assim é o dia a dia do Ku-Klux-Klan, dos extremistas cristãos que se preparam para uma guerra santa racial e dos grupos neonazis que querem limpar o país de homossexuais e judeus

FOTOGALERIA Os EUA ultradireitista, em imagens
Jon Sistiaga 9 OCT 2013 - 00:00 CET

O líder das Nações Arianas. / Canal+ / Hernán Zin

“Você está me dizendo que também os treina para uma possível invasão de zumbis?”, pergunto com cara de estupor a Mike Lackomar, porta-voz e um dos líderes da Milícia de Michigan. “Sem dúvida, tanto faz ser um zumbi ou um reptiliano”, responde com severidade. “Há que procurá-lo corpo a corpo e lhe meter balas no peito e outra na cabeça, como no Vietnã”. E cai em gargalhadas. Mas não ri porque está reconhecendo, com toda seriedade, que suas crianças se preparam nos bosques de Michigan para deter hordas de mortos-vivos, senão pela suposta graça que acaba de fazer. Qual a graça? Eu tampouco sei, então Lackomar esclarece: “Como no Vietnã – sorri -, onde tinha que se ganhar os corações e mentes da população. Exatamente, dois tiros no coração e um na cabeça! Se um zumbi sangra quer dizer que ele pode matar”. Estamos em um parque natural a uns cem quilômetros ao sul de Detroit. É sábado. Ao nosso redor há ciclistas, gente fazendo footing, aprendizes de ornitólogos com seus prismáticos e famílias inteiras se preparando para passar um dia de campo. Uns 20 milicianos vestidos com traje de camuflagem e armados até os dentes começam, por seu lado, uma incursão no suposto território inimigo. Bubba, o alias de Tom, um engenheiro agrônomo que hoje às vezes passa por chefe do grupo, dá-lhes as últimas instruções: se escutam um drone, ou seja, o motor de um avião espião não tripulado, devem se esconder entre as árvores. Estamos no estacionamento do parque, junto a vários corredores que estiram seus músculos se preparando para sair para fazer esporte, mas Bubba acaba sua conversa de motivação mirando-lhes com expressão dura e lhes fala: “Se alguém é capturado ou ferido, que não espere resgate”.

O líder das Nações Arianas, uma organização
que se considera cristã e racista. / HERNÁN ZIN
A Milícia de Michigan é um dos mais de 1.300 grupos patrióticos monitorizados nos Estados Unidos por diferentes associações de direitos civis. Alguns desses grupos são considerados muito perigosos e imprevisíveis pela retórica irracional, emocional e até conspiranóica com que agem. Por isso são conhecidos como Grupos de Ódio. A crise econômica, o aumento do paro e a reeleição de Obama, um presidente negro, de sobrenome estrangeiro e pai muçulmano, fez eles crescerem em número.

“As milícias mais perigosas são aquelas que professam um ódio extremo contra o governo dos Estados Unidos, que se dedicam constantemente a fazer acopio de armas, que possuem enormes arsenais e que secretamente planejam possíveis ações contra o governo federal. Dito isto, a maior parte das milícias são cidadãos normais, que gostam de milícias e que são partidários de porte de armas e das liberdades da segunda emenda”, disse Jack Kay, antigo reitor da Universidade de Michigan e que levou anos estudando o fenômeno das milícias. Desde sua cátedra de Teoria da Comunicação, analisou as estratégias de captação e propaganda de dezenas de grupos radicais e está convencido de que muitos indivíduos violentos encontram aqui o lugar onde socializar todas as suas ocultas pulsões de ódio. Este Estados Unidos racista, integrista, supremacista e cheio de ódio é o ecossistema perfeito para a aparição dos lobos solitários.

Lackomar, o porta-voz dos milicianos de Michigan, parece um tipo muito normal. Casado, com dois filhos e com um bom emprego como caminhoneiro. Quando ele mostrou o porta-malas de sua perua, deixou-me boquiaberto: “Sempre levo meu rifle de combate, um Kalashnikov, uma arma muito boa… e leva 10 carregadores de 30 balas cada um… 300 disparos… Bem, isto é o que levo habitualmente no carro para coisas de emergência, mas sempre que saio de casa, ainda que seja para compra, levo minha pistola e algum carregador a mais, assim tenho sempre 60 balas sempre acima”. As leis de Michigan proíbem levar armas es­condidas sob o paletó ou a calça, é assim que Michael e muitos de seus colegas levam suas pistolas na cintura, à vista de todo mundo, como no Velho Oeste. Lackomar insiste em me dizer que não são ultradireitistas, senão libertários. Que não são racistas, que inclusive têm uma esposa de origem filipina, ainda que me confirme que não há nenhum membro negro, judeu, hispânico ou homossexual. Mas sobretudo, insiste que está farto de que o governo lhes considere um bando de pirados. Eles se consideram constitucionalistas, patriotas, defensores mortais dessa segunda emenda que lhes garante o direito de levar armas e formar milícias. Uma emenda da Constituição que tem 200 anos, do tempo da guerra contra os britânicos e os índios nativos.

DEFCON 4. As teorias da conspiração que manejam estas milícias são de todo tipo: desde aquela de que a Agência Federal de Saúde (FEMA) está preparando campos de concentração nas Montanhas Rocosas até a aquele em que a Casa Branca quer impôr a lei marcial em todo país. Aquela em que Obama vai apreender suas armas até aquela da Agenda 21 da ONU sobre a sustentabilidade do planeta, que pretende roubar os recursos naturais dos Estados Unidos. A Milícia de Michigan nos confirma que rebaixou seu nível de alerta a Defcon 3, nível amarelo, ameaça média, ainda que faça pouco tempo estavam em Defcon 4, estado de alerta quase de pré-guerra. Mas contra quê ou contra quem? Quem é o inimigo?... Segundo Lackomar, todas as milícias deveriam treinar em cinco áreas diferentes, cinco cenários nos quais todos seus homens deveriam estar atentos nesse momento: “Na luta contra o crime, fazendo patrulhas pela vizinhança, algo para o qual estamos muito capacitados; em resposta ante desastres naturais como os recentes tornados de Oklahoma ou as inundações provocadas pelo Katrina; sobre o terrorismo, como o de Boston; ante qualquer tipo de invasão, quer seja de Cuba, Coreia do Norte ou de zumbis, e em lutar contra a tirania de um governo que extrapole suas funções”.

Há mais de 1.300 grupos patrióticos monitorados nos Estados Unidos por diferentes associações civis

As milícias acreditam de verdade que os Estados Unidos estão a bordo de uma espécie de distopia, una sociedade indesejável em si mesma, um pesadelo em vida. Estão convencidos de que vem uma nova ordem mundial que os escravizará, por isso insistem tanto em treinar contra isso que Alexis de Toqueville chamou de “tirania da maioria”. Por isso vivem numa cultura de autodefesa e cultivam uma retórica partisan. Por isso se vem a si mesmos como a resistência, a força de choque. Os que defenderiam os Estados Unidos contra tudo aquilo que lhes ataque. “Algo não funciona nos Estados Unidos, neste país não podemos dizer a palavra ‘patriota’ porque seremos considerados terroristas, onde não podemos dizer ‘constitucionalistas’ porque somos tachados de terroristas”, queixa-se o coronel Robert Cross, o líder da Ohio Minutemen, outra conhecida milícia. Da janela de sua casa, em pleno campo, pode-se ver a vasilha fumegante da central nuclear de David-Besse, junto ao lago Erie. Cross insiste que não é um radical, senão alguém muito preocupado pelo desvio liberal do governo de Washington, mas Cross é um claro exemplo de pensamento cativo e vitimista. Como muitos milicianos, acredita que foi eleito para uma missão muito sacrificada e muito pouco reconhecida: defender os demais, ou seja, sua gente, de tropas federais, de capacetes azuis da ONU, dos mercenários da Blackwater ou dos sicários dos cartéis mexicanos. Todos esses supostos inimigos estão na página da web do supostamente pacífico Cross, que na internet explica como atuar se a gente se ver envolto em um tiroteio: “primeiramente, leve uma arma; o segundo, leve um amigo com armas, e em terceiro lugar, traga todos seus amigos com armas…”.

DETROIT, CIDADE EM RUÍNAS. Faz já alguns anos que não chega nenhum viajante à Estação Central de Detroit, em Michigan. Há décadas foi concebida como o edifício ferroviário mais alto do mundo, mas um dia os trens deixaram de sair. A cidade do motor; que chegou a ser a quarta urbe dos Estados Unidos, entrou em crise e começou a perder população. Seus edifícios se esvaziaram, seus bairros foram abandonados, suas ruas apodrecem e acabou se declarando quebrada ante a impossibilidade de pagar suas dívidas. Esta cidade converteu-se no epicentro dessa teologia do ódio que é defendida por muitos grupos extremistas. Uma cidade falida, quebrada, que perdeu 25% de sua população em 30 anos. Detroit passou de dois milhões de habitantes a apenas 700.000, tem uma taxa de desemprego insuportável de mais de 20% e é a segunda cidade mais violenta dos Estados Unidos (a primeira está também em Michigan, a 100 quilômetros). É uma urbe abandonada a sua própria sorte pela prefeitura, que cortou a luz, a água, coberta de lixo ou de patrulhas policiais em muitos bairros porque, simplesmente, apenas vive gente e já não tem capacidade de cobrança. Uma cidade que é um enorme bodega do fracasso. A primeira, como propõe algum intelectual, acrópole estadunidense. Neste entorno, como não vão surgir apóstolos do ódio que galvanizam todo o ressentimento e a frustração daqueles que sentem suas vidas desperdiçadas?

Estamos preparados para a luta contra o crime e ante qualquer invasão, sejam de cubanos ou zumbis”

“Os crimes de ódio aqui em Michigan aumentaram. Quando a economia falha, há uma tendência de determinada gente a simpatizar com esses grupos de ódio porque necessitam a alguém a quem jogar a culpa. E esse bode expiatório são os judeus, ou as minorias ou os imigrantes”. Heidi Budaj é a diretora da Liga Antidifamação, uma organização que tem mais de cem anos denunciado condutas xenófobas e racistas. Na atualidade monitoram mais de mil grupos dos chamados grupos de ódio, rastreando constantemente suas webs, seus chats, suas mensagens ou os discursos de seus líderes. Um deles, o Movimento Nacional-Socialista (MNS), a maior organização neonazi dos Estados Unidos, tem sua base em Detroit. Pergunto a Heidi, judia de origem húngara que perdeu parte de sua família nos campos de concentração da Alemanha nazista, que lhe diria ao líder do MNS, Jeff Schoep: “A mim me fascina que alguém dedique toda sua vida a difundir o ódio. Eu lhe perguntaria o que o fez lhe converter à sua máquina de odiar minorias étnicas, judeus, afro-americanos, gente que é diferente dele”. Schoep nos recebe na recepção do meu próprio hotel porque seu partido, confessa, não tem sede. Traslado a pergunta de Heidi ao dirigente neonazi, que, sem perder seu meio sorriso, contesta: “Não se trata de ódio, trata-se de amor. Podes nos considerar um grupo de amor, de amor a nossa gente. Queremos tanto esta nação que queremos nos separar de toda essa gente.”

“A suástica apavora…”. Schoep tem cara de bom garoto e uma esmerada presença. Fala pausado e escolhendo suas palavras. Seu discurso é afável, medido, até contido. Jeff está convencido que a raça branca nos Estados Unidos está se convertendo em uma minoria. Seu sobrenome é de origem alemã. Disse-nos sem lhe perguntar, que é orgulhoso de sua suposta ascendência ariana. Não quer dizer quantos membros são, mas em seus próprios vídeos se estima que as manifestações apenas chegue a meia centena. Segundo as estimativas de Jack Kay, o ex-reitor da Universidade de Michigan, “por cada membro real de um grupo radical há uma centena de simpatizantes”.

Jeff escreveu na página da web do MSN (NSM) o ideário de seu partido. Ponto três: “Demandamos territórios e colônias para alimentar nossa gente e enviar o excesso da população”. Um discurso que cheira ao famoso “espaço vital” dos nazis que desencadeou a II Guerra Mundial, ainda que pessoalmente suaviza e dizem que são só ideias soltas. Para posar para fotos, Jeff se coloca diante da bandeira de seu partido. Por que a suástica? Primeiro conta uma longa perorata sobre o significado esotérico das runas e das cruzes gamadas, mas no final reconhece: “A suástica sugere a nossos inimigos que não há conversa. Quando nossos inimigos veem este símbolo, encolhem-se. Se nos desafiam já sabem o que significa: justiça rápida e sem piedade.”

A Milícia de Michigan durante um treinamento. / HERNÁN ZIN

KKK, O IMPÉRIO INVISÍVEL. Muitos desses grupos compartilham ideologias, fins e inclusive até os símbolos. A suástica, por exemplo, e a saudação nazi do braço ao alto são utilizadas com frequência por muitos dos capítulos ou irmandades da Ku-Klux-Klan. A sede dos Cavaleiros Tradicionalistas da KKK fica em um pequeno povoado de Missouri, a uns cem quilômetros ao sul de San Luis. Os escritórios desta confraria autodenominada de "Império Invisível" é um pequeno despacho dentro do domicílio de seu líder máximo, Frank Ancona, grande mago imperial. Aqui nos recebe, entre gatos, cachorros e até um porco que sua esposa nos impede de fotografar por pudor. “Entre todos los capítulos del Klan seremos uns 7.000 membros”, disse Ancona. “Por segurança, não guardamos nenhum arquivo com os nomes de nossa gente. Cada um dos líderes locais sabe quem são. E cada dragão conhece a seus líderes locais”.

Frank Ancona, filho de um klansman e pai de futuros membros desta confraria racista, fala sobre si mesmo como um ativista pelos direitos civis dos brancos. Sua organização é a mais antiga e infame de todos os movimentos supremacistas dos Estados Unidos e em sua longa história tem centenas de assassinatos rituais de afro-americanos. “Eram outros tempos”, sentencia Ancona, que assegura que agora já não são violentos: “Somos uma organização cristã, branca e patriótica que se ocupa dos interesses da raça branca nos EUA. A gente diz que quando você fala que supremacismo branco significa ódio, mas o que nós acreditamos quando falamos de supremacismo é que a raça branca é superior as outras”.

Quase todas as ordens da KKK têm uma receita social para implementar suas teorias racistas. Obviamente, nesses tempos não podem defender nem ideias violentas nem soluções finais, mas continua insistindo no que eles chamam de separatismo branco. Rachel Pendergraft, líder dos Cruzados da KKK no Arkansas e apresentadora na internet de um informativo racista chamado Orgulho Branco, mostra-se categórica: “Estamos seguros de que há um genocídio programado contra a raça branco a nível mundial, e que somos o bode expiatório para tudo o que está funcionando mal em nosso planeta”. Por isso insiste, a única solução é o separatismo. O segregacionismo. A separação das raças. Evitar a mistura. A contaminação. Rachel vive em uma zona, as montanhas Harrison, que do ponto de vista racial é quimicamente pura. Só há brancos. Na sede da KKK se reúnem aos domingos os racistas locais para ir à missa, socializar entre eles e fazer um churrasco. É como um clube de campo que emana ódio. Aqui se defende o apartheid,os guetos para outras "raças", ou uma nova política de bantustões para prender negros judeus ou hispânicos.

A suástica sugere a nossos inimigos que não há conversa. Eles sabem o que significa. justiça sem piedade”

“É difícil encontrar uma organização supremacista branca cujos membros não tenham cometido algum delito ou passado pela prisão. Nas Nações Arianas, os 95% dos membros estiveram na prisão”. Paul Mullet nos encontra na caravana na qual vive e que lhe serve de quartel general da qual provavelmente seja a mais violenta, integrista e radical de todas as organizações extremistas. As Nações Arianas tiveram um passado turbulento, o próprio Mullet se define como um cara violento. Carrega um uniforme que recorda bastante a dos camisas pardas do partido nazi de Hitler e nos pede que falemos baixo porque sua filha de quatro meses está dormindo. Desde que seu ordenador escreveu o manual do cruzado de Deus, o decálogo do bom racista e toda essa besteirada que "arianos", como o próprio Mullet, são uma raça de deus. Os descendentes, assegura, das doze tribos de Israel. Adão e Eva, insiste, tiveram só um filho, Abel, o primeiro da linhagem dos brancos como ele. Eva, contudo, teve uma conjunção carnal com o diabo, com a serpente bíblica, e assim saiu Caim, o irmão mau do qual descendem os judeus, negros e o resto das raças. Paul disse que está tudo documentado. A guarida de ódio, a sede das Nações Arianas, essa organização ultracristã e extrema, é a habitação de Mullet.

“Claro que sou racista. Eu como branco sou superior as outras raças. Por supuesto”. Mullet não tem papas na língua. Não é um racista politicamente correto. O guru de tantos supremacistas é um homem cheio de ódio. Alguém cuja capacidade de amar foi desativada. Um paranoico que acredita ser eleito por seu deus para depurar o mundo. Tipos como ele são os que incendeiam de ira os lobos solitários que acabam pondo em prática todos esses sujetos que vomitam na internet. Graças à Red, Mullet se converteu na referência de uma ideologia alimentada pelo rancor. Antes de irmos a sua casa, perguntei-lhe se sente bem vivendo no ódio. E ele me respondeu: “Sim. Sinto-me bem. É o que sou. Um tipo que odeia.”

O documentário ‘La América del odio’ (Os EUA do ódio) é transmitido no Canal + nesta miércoles, 9 de outubro.

Fonte: El País (Espanha)
http://elpais.com/elpais/2013/10/03/eps/1380801578_189151.html
Título original: La América* del odio
Tradução: Roberto Lucena

Observação sobre grafia de Estados Unidos e "América": 1. pode parecer "bobagem" mas eu só uso o termo exato. "América" é nome de continente e não de país, apesar de faer parte do nome de um país. Usam esta expressão "América" de forma errada e generalizante em alguns países da Europa, principalmente Inglaterra, para se referir aos Estados Unidos. Como também os próprios EUA a usam. A Espanha tem uma certa mania (igual a de alguns países da América do Sul) de repetir esses modismos ou termos impositivos, ou porque acham bonito/diferente imitar britânicos ou norte-americanos (sem levar em conta a carga simbólica do termo) e abrem margem pra crítica. Como só escrevo o nome do país, eu troquei o título original da matéria que estava com "América" para "Estados Unidos". A quem por ventura achar que isso é anti-americanismo (pois tem gente que idolatra tudo e se dói com isso ao tentar politizar ao extremo o idioma, por achar "anormal" que as coisas sejam escritas da forma correta), não é, é apenas a forma correta de se escrever o nome desse país em português. Quem quiser chorar e espernear, à vontade, o termo correto há de prevalecer sobre o incorreto.

2. Muita gente também de forma grotesca usa a sigla EEUU pra se referir a Estados Unidos quando isso é uma grafia do espanhol (que dobra as letras da sigla de um nome quando este está no plural), não existe isso no português (a sigla usada em português pra Estados Unidos é EUA, que também existe no espanhol).

3. O termo estadunidense também é correto, como "ianque" e "norte-americano" (embora este seja referente à América do Norte, por generalização também se usa com mais frequência em relação aos EUA do que pra se referir ao Canadá ou México). Já vi "figuras" no Orkut (e quando fui pegar o link do dicionário pra colocar aqui achei uma pérola num site com o mesmo tipo de bobagem) querer questionar o termo quando em qualquer dicionário são citados todos esses termos. Eu aprendi no colégio. Ao pessoal do "contra tudo", por favor, parem de querer estuprar o idioma por ignorância e por fanatismo político, é ridículo isso.

Os comentários acima não são sobre erros ortográficos que são os mais comuns e frequentes (nos textos pode-se encontra vários), mas me refiro a erros de conceito mesmo e de interpretação, por cretinice, idolatria e/ou ignorância voluntária. Não seria necessário fazer essas observações se o ambiente político do país não estivesse tão polarizado e bitolado.

terça-feira, 21 de agosto de 2012

Julgamento contra 26 neonazis é iniciado na Alemanha

Os detidos foram objeto de manifestação de apoio (Reuters)

O julgamento está programado para ser concluído em meados de setembro.

Notimex

Berlim.- No dia de hoje se iniciou o julgamento contra 26 supostos neonazis, na cidade alemã de Koblenz, os quais foram objeto de uma manifestação de apoio realizada sábado passado no centro da cidade, protagonizada por membros de facções políticas.

Os acusados têm idade que vão dos 19 aos 54 anos. São membros e simpatizantes da 'Oficina de Ação do Médio Reno', que se localizava até março na assim chamada 'Casa Café' – café é a cor com a qual na Alemanha se identifica o nazismo - na população conurbada de Bad Neunahr-Ahrweiler.

De acordo com a Promotoria do Estado da Renânia do Norte-Vestfália, os indivíduos são acusados de pertencer a um grupo de extrema-direita que é contrário à Constituição; além disso, crê-se que eles fizeram atos de violência contra alemães que pertencem à esquerda.

O julgamento está programado pra ser concluído em meados de setembro. Os acusados foram detidos durante uma batida que levou a cabo às autoridades judiciais há 5 meses à 'Oficina de Ação do Médio Reno’.

Ataque Neonazi

Cerca de 100 neonazis armados con paus, explosivos e barras de metal, atacaram uma vivenda na qual estava o escritório de membros e simpatizantes de esquerda que leva o nome de ‘Praxis’, palavra que em alemão (e português) significa 'prática'.

Em outras ocasiões golpearam antifascistas, espiaram a quem se declarava de esquerda e pintaram suásticas em via pública.

Entre os cabeças do ataque se encontra o chefe da 'Oficina de Ação do Médio Reno', Christian H., de 27 anos, assim como Axel Reitz, de 29 anos, também conhecido como 'o Hitler de Colônia'.

A acusação que foi feita contra os detidos consta de 926 folhas e nelas asinalam as autoridades que a ação foi planejada com muita antecipação.

‘Casa Café’

O objetivo da 'Casa Café', que se instalou em Bad Neuhnar-Ahrweiler em 2010 era criar um estado segundo o modelo da Alemanha que se encontrava sob o regime de Adolf Hitler.

Alguns dos detidos explicaram que um dos "sonhos" de sua organização era conseguir estourar uma revolução de extrema-direita, na qual se executaria todos os antifascistas.

A relação entre o partido neonazi (Partido Nacional da Alemanha) com a Oficina de Ação da Renânia do Norte-Vestfália está sendo investigada, já que possivelmente havia vínculos entre ambos e ao que parece este partido apoiou em termos financeiros à organização.

Em se confirmando, o Partido Nacional da Alemanha será banido.

O especialista alemão em neonazismo, Bernd Wagner, declarou em Koblenz que “todos eles (a ala neonazi) tem o medo idiota de que a raça branca desapareça”.

Acrescentou que "os neonazis alemães se veem numa luta apocalíptica contra o sistema, contra o capitalismo internacional, de predomínio dos dos Estados Unidos e contra a democracia ocidental. Chamam essa posição de "Resistência Nacional".

Wagner é também fundador da iniciativa cidadã 'Saída', grupo que ajuda os indivíduos que queiram abandonar o meio neonazi a ter uma 'vida normal',

Internacional
Redator: Angel Valdes

Fonte: El Financeiro (México)
http://www.elfinanciero.com.mx/index.php?option=com_k2&view=item&id=35732&Itemid=26
Tradução: Roberto Lucena

Ver mais:
26 alleged neo-Nazis go on trial in Germany on charges of anti-leftist violence (AP/Montreal Gazette)
Inicia el juicio contra 26 presuntos neonazis alemanes (veracruzanos.com, México)

segunda-feira, 19 de março de 2012

Assassino em série da França seria paranóico racista (extrema-direita)

Perita trabalha na cena do crime em frente à escola judaica Ozar Hatorah, em Toulouse. Foto: AFP
19 de março de 2012 • 15h50 • atualizado às 16h31

O assassino que horrorizou a França, após matar em oito dias crianças em uma escola judaica e militares, tem um perfil de assassino em série que "atribuiu a si mesmo uma missão" em uma lógica de "guerra", com "um aumento de poder" em cada um de seus crimes, apontaram criminologistas e especialistas. "Serial killer", paranóico racista de extrema direita, que acredita estar em uma "missão", desequilibrado "desprovido de ideologia": todas as hipóteses são apresentadas para tentar definir a personalidade de um assassino, que age sozinho e que sabe manusear armas para atingir suas vítimas.

O assassino - que circula com uma scooter e usa uma arma de calibre 11,43 - primeiro atacou militares de origem norte-africana e um de seus companheiros negro, antes de atacar uma escola judaica no sudoeste do país. Um homem determinado, que mostrou ter sangue frio, matou a cada quatro dias. Ele poderia ser militar ou paramilitar, ativo ou não, motivado por "um desejo de destruir algumas categorias de pessoas", disse o ex-policial Jean-François Abgrall.

A cada ato "aumentou sua força na agressão", afirma o analista criminal que se tornou investigador, mencionando "um personagem que vai para a guerra". "Sua primeira vítima, um paraquedista, caiu em uma armadilha (em Toulouse no dia 11 de março). Em seguida, repetiu o ato ao atacar três outros paraquedistas (em Montauban na quinta-feira). Os militares tinham em comum o fato de poderem ser percebidos como estrangeiros", o que pode ser para ele "insuportável", acredita Abgrall.

"Finalmente, na segunda-feira, chegou a perseguir suas vítimas no interior de uma escola judaica", onde matou três crianças e um professor. "Há, definitivamente um gatilho. Não podemos dizer qual seria, mas estamos em um clima de campanha política e falamos de problemas sociais que podem ter significados diferentes para ele", acrescentou Abgrall. Para o psiquiatra criminologista Coutanceau Roland, a mais forte hipótese é a de "terrorismo reduzido a um homem", racista ou não.

"Seria uma pessoa que, em vez de ter uma doença mental, tem apenas uma personalidade paranóica. Ele desenvolveu uma forma de crença ideológica absoluta, inabalável na privacidade de sua imaginação. De maneira megalomaníaca, ele atribui a si a tarefa de agir: ele pode afirmar 'eu tinha que fazer isso!'". "Ao se tratar de uma lógica abstrata de combate, o ato é cometido de maneira fria, organizada, com uma insensibilidade para com as pessoas que ele mata", afirma Coutanceau.

Para ele, esse assassino certamente não é um "assassino em massa em sua forma clássica, como na escola de Columbine (EUA, 1999), porque esse tipo de assassino permanece no local e procura, de alguma maneira, ser morto pela polícia". O psiquiatra também considera a possibilidade de ser um "doente mental, com um desenvolvimento do caráter paranóico, como o assassino de Oslo (o norueguês Breivik que matou 77 pessoas em julho de 2011, ndlr.) Alguém que tem um delírio, enquanto o resto de sua personalidade funciona 'normalmente', tornando-o capaz de organizar com inteligência sua estratégia".

Autor de dezenas de livros sobre crimes, Stephane Bourgoin descreveu o autor dos ataques como um "assassino em série". "Se não for parado, vai continuar, é indiscutível. Mas este tipo de assassino é difícil de ser pego, pois não tem conexão alguma com suas vítimas". A pista de terrorismo, que ninguém quer descartar, não é privilegiada pelos especialistas nem pelos investigadores, mesmo que a seção anti-terrorista tenha sido chamada por causa do "clima de intimidação e terror" gerado pelos ataques.

Fonte: AFP
http://noticias.terra.com.br/mundo/noticias/0,,OI5673616-EI8142,00-Assassino+em+serie+da+Franca+seria+paranoico+racista.html

Ver mais:
França: atirador pode ser o autor de três chacinas (A Tarde online)

terça-feira, 20 de abril de 2010

A Parafernália do Ódio

O rastro de ódio e racismo difundido pela direita radical.

Grupos de extrema-direita retomam força nos EUA no governo Obama

Ideologias ultraconservadoras voltaram a ganhar terreno nos Estados Unidos após a eleição de Barack Obama como primeiro presidente negro do país, em um movimento que analistas identificam como uma reação raivosa de parte dos norte-americanos à crise econômica, às políticas liberais do domocrata e às alterações demográficas que afetam a região.

De acordo com um relatório recente da organização de defesa dos direitos humanos Southern Poverty Law Center (SPLC), as três grandes alas da direita radical (os chamados grupos de ódio, grupos nativistas extremistas e organizações patriotas) cresceram juntas mais do que 40% no último ano, atingindo a marca de 1.753 agrupações organizadas.

A primeira categoria, os chamados grupos de ódio, se refere às agremiações que proclamam de alguma maneira a inferioridade de um determinado grupo que eles enxergam como diferente. Os alvos mais frequentes dos grupos de ódio são os negros, os judeus, os homossexuais e os imigrantes; em geral, compartilham a crença na superioridade do homem branco protestante (veja tabela abaixo).

Segundo os dados do relatório do SPLC, o número de grupos de ódio cresceu 55% na última década, atingindo a marca de 932 organizações ativas, distribuídas por todo o território dos Estados Unidos, como mostra o mapa abaixo.

Mapa da distribuição atual dos grupos de ódio no território dos Estados Unidos
Os chamados "hate groups" são agremiações de extrema-direita com ideologias que combinam racismo, xenofobia e homofobia (mais detalhes na tabela que aparece ao final do texto). Passe o mouse para conhecer o número exato de grupos de ódio em cada Estado, segundo o SPLC

A segunda grande ala, os nativistas extremistas, contempla os grupos que vão além da discussão sobre políticas públicas e enfrentam abertamente os imigrantes, segundo a definição apresentada no relatório. Em um ano, o número de células com essas características cresceu de 173 para 309.

No entanto, o maior aumento se deu entre os chamados grupos patriotas, que saltaram 244% desde que Obama tomou posse. Essas organizações acreditam que lhes cabe a tarefa de proteger a sociedade civil dos planos secretos do governo, e alimentam teorias conspiratórias a esse respeito.

Uma dessas teorias – que ganhou repercussão com o jornalista Glenn Beck, da Fox News – prega que o governo Obama estaria organizando campos de detenção secretos para eventualmente prender os cidadãos e impor uma “nova ordem mundial” de caráter totalitário. Uma outra preocupação dos grupos patriotas é a suposta ameaça dos mexicanos, que estariam organizando secretamente “la reconquista” dos territórios tomados na formação dos Estados Unidos.

Essas teorias conspiratórias seriam apenas histórias extravagantes se não fosse o elemento paramilitar desses grupos, as milícias armadas, cuja função seria “defender” os cidadãos do governo. Dos 512 grupos patriotas ativos, 127 são milícias, segundo o SPLC.

Site da "white boy society", exemplo de grupo nacionalista branco nos EUA, destaca suposta porcentagem de brancos no mundo. Grupo defende a tarefa de construir países "100% brancos"

Descontando a frustração no "outro"
Os organizadores do levantamento explicam que tais agrupamentos ganharam força com a frustração, amplamente difundida, “com as mudanças demográficas no país, o aumento da dívida pública, a problemática economia e a sequência de medidas promovidas pelo presidente Obama tachadas de ‘socialistas’ ou ‘fascistas’ por seus oponentes”.

Na prática, esses grupos são compostos de cidadãos brancos que reivindicam a herança do que eles classificam como valores tradicionais perdidos pela América e culpam o elemento “diferente” – negros, judeus, gays e os imigrantes – por todos os problemas que o país enfrenta.

O organizador da pesquisa, Mark Potok, apontou em entrevista coletiva veiculada pelo site do SPLC que, nesse contexto, a explosão de novos grupos extremistas durante o primeiro ano de governo Obama não é coincidência.

“O presidente é um homem negro”, destaca o pesquisador, lembrando que foram descobertos diversos planos para assassinar o líder político desde a noite em que foi nomeado como candidato do partido democrata, em 2008. “A maioria dos casos de terrorismo doméstico está vinculada com a figura de Obama.”

A crise econômica e a alteração do perfil demográfico dos Estados Unidos - que tem cada vez mais latinos em sua população - forneceram combustível para o preconceito e para as teorias conspiratórias dessas alas de ultradireita.

“[Os grupos de ultradireita] não são o fim da nossa democracia, mas essa é uma coisa que deve ser levada a sério, é um movimento que deve ser considerado”, conclui o pesquisador.

Análise do SPLC identifica 12 grandes agrupações de ódio direitistas

Antigays | São grupos que se opõem a direitos iguais para homossexuais; ganharam mais poder nas últimas três décadas.



Anti-imigrantes | Os xenófobos estão entre os grupos de direita mais violentos dos EUA; proliferaram na década de 1990.



Catolicismo tradicional radical | Talvez o maior grupo antisemita norte-americano; é rejeitado pelo Vaticano.



Identidade Cristã | Teologia racista e antisemita; ganhou influência na década de 1980.




Ku Klux Klan | Com uma longa história de violência, é o mais famoso – e mais velho – grupo extremista norte-americano. Embora os negros sejam seu alvo principal, também ataca judeus, imigrantes, gays e, até recentemente, católicos.



Nacionalistas brancos | Alegam a inferioridade dos grupos não-brancos. Outros grupos extremistas, como skinheads, racistas e neonazistas, compartilham dessa ideologia.



Negação do Holocausto | Negam ou minimizam a importância do genocídio metódico de judeus realizado pelos nazistas. Frequentemente se amparam em linguagem pseudoacadêmica e preferem a denominação “revisionistas históricos”.



Neoconfederados | Termo usado para descrever revisionistas partidários da Confederação. Dizem perseguir sentimento cristão e vínculo com a terra natal que a América teria perdido.



Neonazistas | Grupos inspirados na ideologia nazista alemã. Acreditam que os problemas da nação se devem ao controle dos judeus sobre o governo, as instituições financeiras e a mídia.



Músicos racistas | Grupos musicais de vários gêneros que gravam e distribuem canções que pregam a supremacia branca.



Separatistas negros | Defendem instituições – e até mesmo países – separados para brancos e negros. Muitas formas de separatismo negro se vincula com ideais antibrancos e antijudeus.



Skinheads racistas | Elemento particularmente violento do movimento supremacista branco, frequentemente chamados de “a tropa de choque” da esperada revolução.



Fonte: Southern Poverty Law Center. Cada logotipo representa um grupo particular dentro das categorias gerais

Thiago Chaves-Scarelli
Do UOL Notícias
Em São Paulo

Fonte: UOL Notícias
http://noticias.uol.com.br/ultimas-noticias/internacional/2010/03/20/grupos-de-extrema-direita-retomam-forca-nos-eua-durante-governo-obama.jhtm

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