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quarta-feira, 11 de abril de 2012

Breivik não sofre de psicose, diz avaliação

Homem foi o autor dos ataques de 22 de julho, onde 77 pessoas morreram

Da AFP noticias@band.com.br

População contestou os resultados da primeira
avaliação psiquiátrica de Anders Behring Breivik
/ Jon-Are Berg-Jacobsen/Aftenposten/AFP
Um segundo painel de psiquiatras que analisou Anders Behring Breivik concluiu que o autor dos ataques de 22 de julho de 2011 na Noruega não sofre de psicose e, portanto, é penalmente responsável.

"Nós concluímos que o acusado não era psicótico no momento dos fatos", declarou o psiquiatra Agnar Aspaas durante uma coletiva de imprensa realizada após a entrega do relatório ao Tribunal de Oslo. O processo deve começar na segunda-feira.

A nova avaliação contradiz os resultados de um primeiro exame psiquiátrico oficial que no ano passado concluiu que Breivik sofria de esquizofrenia paranoide, e que, portanto, deveria ser enviado para um hospital psiquiátrico, e não para uma prisão.

Um dos advogados de Breivik afirmou que seu cliente está "satisfeito" com a nova avaliação. Solicitada pela justiça norueguesa após as várias críticas dirigidas à primeira avaliação, esta nova ainda é provisória e de valor apenas consultivo.

Em última instância, será o veredicto dos juízes que decidirá a complicada questão da responsabilidade penal de Breivik e determinará o seu destino: prisão ou hospital psiquiátrico. Em ambos os casos, Breivik poderá permanecer trancafiado entre quatro paredes até sua morte.

Apesar de a pena máxima por "atos de terrorismo" ser de 21 anos na Noruega, um mecanismo de retenção de segurança permite prolongar indefinidamente a prisão de um detento, enquanto este for considerado perigoso.

Ultradireitista fanático, Breivik detonou uma bomba diante de um prédio do governo em Oslo e pouco depois abriu fogo contra jovens social-democratas que participavam em uma reunião política na ilha de Utoeya, matando 77 pessoas no total.

"Existe um alto risco de ele reincidir", afirmam Aspaas e seu colega Terje Toerrissen, em um comunicado do Tribunal que resume as conclusões. "Estamos muito seguros (de nossas conclusões) de que isso é possível", disse Toerrissen, acrescentando que os dois especialistas tiveram acesso "a tanto, ou mais material" do que seus colegas para avaliar a saúde mental de Breivik.

O relatório tem como base 11 entrevistas com o acusado, três semanas de observações contínuas e registros de interrogatórios policiais.

Mesmo sujeito a alterações até o final do julgamento, de acordo com o comportamento de Breivik durante o processo, seus resultados são esperados para reforçar a linha de defesa dos advogados do extremista que, a seu pedido, vão trabalhar para reconhecer a responsabilidade penal do cliente.

Um dos advogados de Breivik afirmou que seu cliente está "satisfeito" com a nova avaliação. Breivik acredita que ser declarado irresponsável por seus atos, invalidaria a sua ideologia islamofóbica e hostil ao multiculturalismo, resumidas no manifesto distribuído por ele no dia dos ataques.

Em uma carta enviada na semana passada para os jornais noruegueses, ele afirmou que um hospital psiquiátrico seria "pior do que a morte" e que a avaliação dos primeiros peritos-psiquiatras era "a maior humilhação."

Em uma inversão impressionante dos papéis habituais, o Ministério Público afirmou no mês passado que está preparado para manter a irresponsabilidade penal de Breivik, reservando a possibilidade de mudar de posição caso apareçam novas provas eventuais.

Fonte: AFP/Band
http://www.band.com.br/noticias/mundo/noticia/?id=100000496512

Ver também:
Noruega: irmão de princesa é uma das vítimas (AFP)

terça-feira, 10 de abril de 2012

Sede na fazenda de antiga colônia nazista será demolida

Pesquisador defende conservação de imóvel no interior que também abrigou órfãos escravos
08 de abril de 2012 | 3h 02

JOSÉ MARIA TOMAZELA, SOROCABA - O Estado de S.Paulo

Prédios de tijolos com suástica
darão lugar à plantação
de cana-de-açúcar - Divulgação
As construções remanescentes de uma colônia nazista que funcionou na década de 1930 na Fazenda Cruzeiro do Sul, em Paranapanema, a 260 km de São Paulo, serão destruídas. O novo proprietário decidiu limpar as terras para facilitar o cultivo de cana-de-açúcar. Está prevista a derrubada dos prédios das oficinas, da cocheira e da pequena igreja. A antiga piscina de alvenaria será soterrada.

Os tijolos usados nas construções trazem impressa a suástica, símbolo do nazismo de Adolf Hitler. O antigo proprietário da fazenda, José Ricardo Rosa Maciel, e sua mulher, Senhorinha, contaram que o comprador consultou os órgãos do patrimônio histórico antes de fechar o negócio para se certificar de que as construções não são tombadas.

Como a venda foi feita com cláusula de confidencialidade, eles não revelaram o nome do novo dono. "Ele vai arrendar as terras para o plantio de cana mecanizado, por isso precisa do terreno desimpedido", disse a mulher. A prefeitura de Paranapanema informou que as terras são particulares e o município não tem condições de desapropriá-las, apesar do interesse cultural.

A fazenda foi comprada no início do século passado por Luis Rocha de Miranda, simpatizante do movimento fascista Ação Integralista Brasileira (AIB). A propriedade tinha geradores de energia elétrica, pista de pouso cimentada, uma estação de trens particular e silos aéreos importados dos Estados Unidos.

Segundo o pesquisador Sidney Aguilar Filho, professor da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), a fazenda foi palco de um esquema escravista nos anos 1930. Os irmãos Rocha Miranda trouxeram 50 meninos do orfanato Romão Duarte, do Rio de Janeiro, poucos meses depois de Hitler ter tomado o poder na Alemanha, em 1933. Os garotos tiveram os nomes trocados por números e seriam obrigados a aderir a ritos nazistas.

Com o fim da AIB após a instalação do Estado Novo por Getúlio Vargas, em 1937, as crianças foram libertadas e as marcas do nazismo no local foram suprimidas. Nos anos 1960, a fazenda foi adquirida pelo alemão Amdt Von Bohlen und Halbach, servindo como local de férias para a família, mas acabou vendida anos depois. Os tijolos com a suástica foram descobertos anos mais tarde por Maciel, que adquiriu a propriedade, quando demolia uma granja de porcos.

Aguilar Filho transformou as pesquisas feitas no local na tese Educação, autoritarismo e eugenia - Exploração do trabalho e violência à infância no Brasil (1930-1945). Ele disse que será "uma calamidade" se a demolição ocorrer. "É um patrimônio público, seja ou não reconhecido pelo Estado. O que aconteceu ali é uma história inconveniente, mas que precisa ser contada." Segundo ele, a pesquisa sobre a célula nazista e a história dos meninos escravos não está completa. "Ainda há muito a ser contado sobre as relações do Estado brasileiro com o regime nazista."

Estudo. A tese de Aguilar Filho analisa aspectos da educação brasileira entre 1930 e 1945 a partir de relatos de vida de 50 meninos "órfãos ou abandonados" sob guarda do Juizado de Menores do Distrito Federal. Eles foram retirados do Educandário Romão de Mattos Duarte, da Irmandade de Misericórdia do Rio de Janeiro, e levados a uma propriedade no interior de São Paulo - a Fazenda Cruzeiro do Sul.

A transferência dessas crianças de 9 a 11 anos foi respaldada pelo Código do Menor de 1927. Por uma década, as crianças foram submetidas a uma educação baseada em longas jornadas de trabalho agrícola e pecuário sem remuneração. Foram submetidas a cárcere, castigos físicos e constrangimentos morais em fazendas de integrantes da cúpula da Ação Integralista Brasileira, simpatizantes do nazismo.

Fonte: O Estado de SP
http://www.estadao.com.br/noticias/impresso,sede-de-antiga-colonia-nazista-sera-demolida-,858463,0.htm

Matéria na Record(TV) sobre a fazenda nazi, de 2008:
A Fazenda Nazista no Brasil e o emprego de trabalho escravo - rastros deixados pelos nazistas no país

quinta-feira, 11 de junho de 2009

Ato homenageia segurança assassinado por racista em museu do Holocausto

Religiosos e flores marcaram pranto em memorial de Washington.
Matador era supremacista branco de 88 anos que odiava judeus e negros.

Da Reuters

Uma manifestação interreligiosa e flores homenagearam nesta quinta (11) o segurança Stephen Tyrone Jones, morto a tiros pelo fanático racista James von Brunn num ataque ao Museu Memorial do Holocausto em Washington. Brunn, de 88 anos, veterano da Segunda Guerra Mundial, afirmava que o Holocausto era uma farsa dos judeus e também desprezava Obama e os negros americanos. O segurança Jones, que era negro, morreu após ser socorrido. Outros seguranças do museu trocaram tiros com Brunn, que foi ferido e está internado em estado grave.


Mulheres levaram flores ao local (Foto: Mike Theiler/Reuters)


Delegação interreligiosa faz ato com velas diante do museu (Foto: Mike Theiler/Reuters)

Fonte: Reuters
http://g1.globo.com/Noticias/Mundo/0,,MUL1191545-5602,00-ATO+HOMENAGEIA+SEGURANCA+ASSASSINADO+POR+RACISTA+EM+MUSEU+DO+HOLOCAUSTO.html

terça-feira, 22 de julho de 2008

Berlim 1936: A máscara do nazismo

Histórico. Com a Europa mergulhada nos fascismos, Hitler entendeu os Jogos Olímpicos como o momento ideal para a afirmação da superioridade ariana. Mas, na pista, um afro-americano chamado Jesse Owens deu ao mundo a maior prova da igualdade racial

Alemanha dominou no ponto de vista desportivo, mas sofreu alguns 'amargos de boca'

Os cavalos negros da guerra marchavam já imparáveis no vigor do nazismo, a três anos da eclosão da II Guerra Mundial. Adolf Hitler já não era um mero cabo do exército bávaro, mas o chanceler eleito, autoproclamado Führer. O Mein Kampf, livro que escrevera anos antes na prisão, era agora a "bíblia" do nazismo. E, um ano antes dos Jogos Olímpicos de Berlim, em 1936, a temível Gestapo, sob a chefia do general Himmler, braço-direito de Adolf Hitler, já espalhava o terror na Alemanha, no estrito cumprimento das Leis de Nuremberga, nas quais se impunha a xenofobia e o anti-semitismo como leis da nação. Com o "acto" de Nuremberga, os judeus perdiam por decreto todos e quaisquer direitos de cidadania. Adivinhava-se o que aí vinha. Ou talvez não. Em Portugal, havia Estado Novo, ainda não havia PIDE, mas havia partido único, Fátima, Família e Futebol.

Em Espanha eclodia a guerra civil, que deixaria para trás mais de um milhão de mortos, quando em 1939 se encontrou o caminho da paz. Em 1935, morre Fernando Pessoa, o escritor português com maior número de heterónimos. A Europa caminhava para dias tempestuosos. No continente americano, Hollywood florescia. Os Estados Unidos rompiam com a crise em que estavam mergulhados e impunham-se de novo ao mundo como potência, ainda que a antiga URSS gozasse de grande popularidade, depois da "Noite das Facas Longas" no Partido Nacional Socialista, dois antes destas olimpíadas de mascarada.

Os Jogos Olímpicos de Berlim contaram com todo o apoio do Führer em pessoa, que estava disposto a investir mundos e fundos ilimitados. Foi isso mesmo que aconteceu - como nunca tinha acontecido na organização de uns Jogos Olímpicos - para que essas Olimpíadas se transformassem numa demonstração do poderio "magnânimo" do nazismo, assim como da "superioridade" da raça ariana através das suas qualidades atléticas.

Para mais, a preparação dos atletas germânicos foi sem igual. Hitler mandou preparar instalações especiais de treino, na Floresta Negra, para os participantes olímpicos apurarem a sua forma, não se lhes exigindo menos que a vitória.

É claro que a Alemanha havia de vencer a maior parte das medalhas. Mas a verdade é que Hitler teve de engolir um "sapo" rapidíssimo, que se recusou a fazer a saudação nazi. O norte-americano Jesse Owens havia de deitar por terra todas as teses do nacional-socialismo e a teoria da superioridade do homem ariano. Jesse Owens era afro-americano e arrancou o ouro, brilhando no pódio do nazismo, para desespero de Adolf Hitler e perante uma Alemanha boquiaberta. Apesar de a máquina de propaganda nazista ter feito de tudo para que os feitos de Jesse Owens passassem ao lado dos Jogos Olímpicos, a verdade é que estes ficaram na História exactamente por isso. Jesse Owens foi o príncipe negro dos jogos de 1936, conquistando quatro medalhas de ouro e estabelecendo nada menos que quatro recordes olímpicos no atletismo - modalidade rainha dos Jogos Olímpicos - para acentuar a humilhação que impôs ao nazismo e ao seu mestre de obra.

Na História das Olimpíadas fica também a inauguração de três modalidades, que ainda hoje são olímpicas: o basquetebol, o andebol (com onze jogadores) e a canoagem. E foi também em Berlim que se fez a primeira transmissão televisiva dos Jogos Olímpicos, embora ainda a título experimental.

Portanto, nem tudo foi mau nesses Jogos, que em imponência não tiveram igual, numa homenagem ao complexo de superioridade que vigorava na Alemanha. Não foi apenas Jesse Owens a disferir contrariedade ao Führer. Na faustosa cerimónia de abertura, toda a comitiva britânica fez questão de manifestar a sua oposição ao nazismo, num prelúdio do que havia de ditar a História próxima. Perante um mar de suásticas, todos os atletas, assim como os restantes elementos da delegação britânica, se recusaram terminantemente a fazer a saudação, não se mostrando sequer perturbados pela "indisposição" que Adolf Hitler fez questão de demonstrar.

Luís Pedro Cabral
Fonte: Diário de Notícias(Portugal, 19.07.2008)
http://dn.sapo.pt/2008/07/19/dnsport/berlim_1936_a_mascara_nazismo.html

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