A ascensão do fascismo na Itália surge como consequência da Primeira Guerra Mundial. Ao fim do conflito, atingido pela inflação e desemprego, o país é dominado por uma forte agitação social. Para se protegerem, os industriais e os latifundiários apelam para esquadrões fascistas criados por Benito Mussolini em 1915, abrindo o caminho para a tomada do poder.
Por Lionel Richard
"Antes do paraquedas se abrir", de Tullio Crali, 1931
"Em 1909, os signatários italianos do Manifesto Futurista, escrito por Marinetti, exaltam uma arte com "violência demolidora e incendiária". Fascinados pela guerra, "a única higiene do mundo", e pela técnica, os "aeropintores" como Tullio Crali interpretam as perspectivas cósmicas para retratar o poder dos meios de transporte modernos. Já na década de 1920, grande parte desta corrente se junta ao fascismo." Exposição temporária do Guggenheim NY.
Quando a guerra eclodiu em 1914, a Itália era aliada - desde o final do século XIX - à Alemanha e o Império Austro-húngaro. No entanto, o governo optou por permanecer neutro. Os "intervencionistas", poucos, que queriam lutar ao lado da Tríplice Entente (França, Reino Unido e Rússia), em seguida, encontraram um porta-voz: Benito Mussolini, que dirigia o órgão do Partido Socialista, "Avanti!". Esta posição lhe rendeu expulsão de seu partido. Mas, em 14 de Novembro de 1914, financiado pela França, fundou outro jornal, "Il Popolo d'Italia". Ele conclamava, em 01 de Janeiro de 1915, para lançar uma "revolução contra a monarquia inerte" com o apoio da "Fasci Autonomi de rivoluzionaria Azione" (Fascistas autônomos da Ação revolucionária).
Em 23 de maio de 1915, reviravolta na Itália. Mussolini e seus fáscios não são grande coisa. Foi alcançado um acordo entre o governo italiano e a Tríplice Entente que, em caso de vitória, a Itália teria vantagens territoriais.
Resultados da guerra: o déficit público se multiplica por oito, e quando por seu lado, os industriais veem seus lucros aumentar em mais de 20%. Os italianos são submetidos à inflação e o desemprego. Nas fábricas do norte, havia 200.000 grevistas. Enquanto isso o Sul era bem agrário. Revoltas eclodem, lojas são saqueadas. Em vez de deixarem o Estado agir, os industriais e proprietários de terra chamam os esquadrões fascistas, sob o pretexto de "ameaça bolchevique". Os Fascistas italianos de combate, estabelecidos por Mussolini em 23 de marco de 1919 para substituir a "Ação Revolucionária Fascista", atacam os sindicatos e as Bolsas de trabalho.
"Controle da imprensa, instauração de uma polícia secreta, supressão do imposto sobre os lucros"
Até então, o "fascismo" era, segundo Mussolini, um "estado de espírito". Mas em 12 de novembro de 1921, foi fundado o Partido Nacional Fascista, cuja mistura de conservadorismo e nacionalismo satisfazia plenamente os círculos industriais. Eles subsidiam as organizações fascistas. As brigadas fascistas, que tinham cerca de 17 mil membros em outubro de 1919, pouco mais de três anos depois tinha mais de 300 mil.
"Perfil contínuo de Mussolini », de Renato Bertelli, 1933.
Renato Bertelli, source: Fondation Marinela Ferrari/DR
Para Mussolini, a hora de mostrar a força havia chegado. Em 28 de outubro de 1922, ocorre a marcha sobre Roma de seus camisas negras. Temendo uma guerra civil, o rei Victor-Emmanuel III se recusou a assinar o decreto que permitiria ao exército reprimir o golpe pela força. Em 30 de outubro de 1922, ele acata uma demanda de Mussolini para que constituísse o novo governo.
Uma vez que o Parlamento lhe deu todos os poderes, Mussolini, promovido à comandante (duce) da nação italiana, ataca as instituições democráticas. Controle da imprensa, criação de uma polícia secreta, prisões, assassinatos ... O poder econômico das classes dominantes é fortalecido. Os impostos sobre bens vendidos ou herdados, os lucros na capitalização financeira e sobre produtos de luxo são eliminados. As ações/participações do Estado em empresas são transferidas para empresas privadas.
A política social também é legalmente modificada. A semana de trabalho, que poderia exceder 50 horas, foi limitada a 40 horas em 1923. Uma organização de lazer, o "Dopolavoro", foi criada em abril de 1925. Em 1927, foi criado um programa de saúde pública. Mais a promulgação, no mesmo ano, de uma carta de trabalho, resultou em uma redução de salários de 20% para 2 milhões de trabalhadores.
Quando a crise econômica mundial atingiu a Itália, em 1931, Mussolini veio ao resgate de bancos em falência, uma medida que não teve efeito sobre o emprego. Em dois anos, quando vários milhões de italianos já haviam emigrado para encontrar trabalho, o número de desempregados passou de cem mil para mais de um milhão.
Com o regime fascista, aparece um novo tipo de ditadura. Em toda a Europa, diante da perspectiva de mudanças sociais que seus oponentes consideram como de "inspiração comunista", os grupos de ação são formados no modelo dos Fascistas de Combate.
No ano passado, a The Economistpublicou um artigo sobre a TV Globo, a maior emissora do Brasil. Dizia que “91 milhões de pessoas, pouco menos do que a metade da população, sintoniza no canal todos os dias: o tipo de audiência que nos Estados Unidos só é obtida uma vez por ano, e apenas pela emissora que ganhou os direitos de exibir o Super Bowl”.
Os números podem parecer exagerados, mas basta dar uma volta no quarteirão para passar a considerá-los até que conservadores. Por toda parte há uma televisão ligada, em geral na Globo, e todos a estão encarando de forma hipnótica.
Não é de se espantar que um estudo de 2011 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) afirme que o percentual de residências com um aparelho de televisão (96,9%) é maior do que o das pessoas com uma geladeira (95,8%), e que 64% possui mais de um aparelho em casa. Outros estudos revelaram que os brasileiros passam 4 horas e 31 minutos assistindo à televisão nos dias úteis e 4 horas e 14 minutos nos fins de semana; 73% assistem à televisão todos os dias e apenas 4% nunca o fazem. (Eu sou uma dessas.)
Mas o que significa essa presença esmagadora? Num país onde a educação é deficitária (a Organização pela Cooperação e Desenvolvimento Econômico recentemente nos colocou em 60o. lugar entre 76 países na performance média em exames de aptidão escolar), quer dizer talvez que um único conjunto de valores e perspectivas sociais está sendo amplamente difundido. Além disso, sendo a maior empresa de mídia da América Latina, a Globo é capaz de exercer uma influência considerável na nossa política.
Um exemplo: dois anos atrás, em um tímido pedido de desculpas, a Globo confessou ter apoiado a ditadura militar no Brasil, ocorrida de 1964 e 1985. “À luz da História, contudo”, disse o editorial, “não há por que não reconhecer, hoje, explicitamente, que o apoio foi um erro, assim como equivocadas foram outras decisões editoriais do período que decorreram desse desacerto original.”
Com esses perigos em mente, e em nome do bom jornalismo, passei um dia inteiro assistindo à programação da Globo, em uma terça-feira recente, a fim de verificar o que eu podia aprender sobre as ideias e valores promovidos pela emissora.
A primeira coisa a que a maioria das pessoas assiste todas as manhãs é o jornal local, depois o nacional. A partir desses programas, pode-se inferir que não há nada mais importante na vida do que o clima e o trânsito. O fato de que nossa presidente, Dilma Rousseff, enfrenta um risco sério de impeachment e de que seu principal oponente político, Eduardo Cunha, presidente da Câmara dos Deputados, está sendo investigado por corrupção, esses fatos recebem menos tempo de tela do que os detalhes dos congestionamentos. Os boletins são atualizados pelo menos seis horas por dia, com os âncoras papeando amigavelmente sobre o calor ou a chuva, como se fossem tias solteironas na hora do chá.
Dos programas matutinos, entendi que o segredo da vida é ser famoso, rico, vagamente religioso e “do bem”. Todos os apresentadores e convidados gostavam uns dos outros e sorriam o tempo todo. Foram contadas histórias inspiradoras de pessoas com deficiência que tiveram força de vontade para ter sucesso em suas profissões. Especialistas e celebridades discutiam esses e outros tópicos com notável superficialidade.
Decidi pular os programas vespertinos – em sua maioria, reprises de novelas e de filmes de Hollywood – e fui direto para as notícias do horário nobre.
Dez anos atrás, um âncora da Globo, William Bonner, comparou o espectador médio do Jornal Nacional ao Homer Simpson – incapaz de entender notícias complexas. Pelo que pude ver, esse padrão ainda se aplica. Um segmento sobre a crise hídrica em São Paulo, por exemplo, foi ilustrado por uma repórter no zoológico, que disse ironicamente: “Olha a cara de preocupação do leão com a falta d’água”.
Assistir à Globo significa acostumar-se a clichês e fórmulas batidas; muitos dos roteiros de jornais incluem pequenos trocadilhos no final, ou inanidades de pessoas que estão passando. “Dunga disse que gosta de sorrir”, disse uma repórter sobre o técnico da seleção brasileira de futebol. Às vezes, poucos segundos são devotados a notícias perturbadoras como o fato de que o estado de São Paulo decretou um sigilo de 15 anos dos dados operacionais e técnicos da rede hídrica, ao passo que longos minutos são gastos em tópicos como “o salvamento de um homem que estava se afogando [e que] provocou admiração e surpresa numa cidade do interior paulista”.
O resto da noite foi preenchido por novelas, através das quais pode-se concluir que as mulheres sempre usam maquiagem pesada, brincos enormes, unhas bem feitas, saias apertadas, saltos altos e o cabelo liso. (Segundo esses critérios, eu não sou uma mulher.) As personagens femininas podem ser boas ou más, mas unanimemente magras. Elas brigam por causa de homens. Seus objetivos máximos na vida são usar um vestido de noiva, dar à luz um bebê loiro e/ou aparecer na televisão. Pessoas normais têm mordomos, enquanto encanadores sarados realmente visitam e seduzem donas de casa entediadas.
Duas das três novelas em exibição falam sobre favelas, com pouca semelhança com a realidade. Politicamente, tendem ao conservadorismo. A regra do jogo, por exemplo, conta com um personagem que, em um episódio, se apresenta como um advogado de direitos humanos a serviço da Anistia Internacional só para contrabandear para dentro da prisão os materiais necessários para fazer uma bomba. A ONG fez uma reclamação pública, acusando a Globo de contribuir para a criminalização do trabalho de defensores dos direitos humanos no Brasil.
A despeito do alto nível técnico de produção, as novelas são dolorosas de assistir, com suas vastas doses de preconceito, melodrama, diálogos rasos e clichês.
Mas elas têm o seu efeito. No fim do dia, me senti menos preocupada com a crise hídrica ou com a possibilidade de outro golpe militar – exatamente como o leão apático e as mulheres vazias das novelas.
The International New York Times 11 de novembro de 2015 por Vanessa Barbara Contributing Op-Ed Writer
Ps. O artigo original se referia erroneamente a 25 anos de sigilo nos dados operacionais e técnicos da rede hídrica.
Observação 1: Vou usar a sigla "HB" pra todos os posts referentes a conteúdos ligados à História do Brasil. Verei se consigo atualizar os outros.
Observação 2: este texto ficará na parte de História do Brasil. Como considero a cobertura que a mídia (tanto a "grande", oligopolizada, como parte da dita "alternativa") muito aquém do que eu acho bom, tomo a liberdade de colocar textos que considero relevantes e que abordam a atualidade e presenta recente do país.
Esta questão da Rede Globo é muito problemática. Esta emissora ou grupo ("organizações", como ela usa o termo) é um resquício tenebroso da ditadura militar (1964-1985), totalmente alinhada ideologicamente com o governo dos Estados Unidos e que sempre minou qualquer ato de desenvolvimento do país visando a própria soberania plena do mesmo, desde a redemocratização do país em 1985.
Foi um erro dos militares não terem dividido essa emissora em várias partes, antes do fim da ditadura, aniquilando o poder "onisciente" e "onipresente" do todo poderoso dela (Roberto Marinho, já morto, mas não menos nefasto), uma figura sinistra da História do Brasil. São os famosos entreguistas que querem transformar o Brasil num colônia de exploração dos EUA e de outros países em troca do "quinhão" de controle deles. Não possuem qualquer senso pátrio ou escrúpulo.
O texto narra a deturpação que essa emissora cria no país. Isso porque o povo brasileiro lê pouco, tem uma educação precária (mas também tem aversão a ler, pois a educação precária não explica a falta de apego à leitura) e tem um vício por essa emissora, como se fosse uma doença. Chamaram atenção prum fato que eu não havia reparado antes, de como há TVs espalhadas nos recintos do país (bares, consultórios médicos etc), e é verdade, e o grosso delas sintonizadas na Globo. É algo doentio, dantesco, datado. O lado positivo em torno disso é que o pessoal mais novo só fica grudado nos tablets, não assistem mais essa emissora. O que põe em cheque o porquê das empresas brasileiras ainda anunciarem em massa nesse tipo de emissora (jornal e rádio, pois a Globo tem tudo isso, e até cinema) quando a divulgação via internet é mais barata e eficiente que essa mídia datada e apodrecida, onde os noticiários dela mais parecem horário político gratuito do PSDB (partido de oposição no Brasil).
A quem não sabe, a Globo apoiou o golpe de 1964, golpe tramado pelos EUA, e cresceu se valendo da ditadura que perseguiu os concorrentes, com dinheiro norte-americano (caso Time-Life). Esse "monstrinho" surgiu no formato atual na ditadura (apesar de ser mais antiga pois ela vem do jornal O Globo, que já era entreguista contra Vargas e o país), foi o pior legado que os militares deixaram pro país, pois ela sabota politicamente o país desde 1985 como "Estado paralelo". A Globo foi o aríete do neoliberalismo e privatizações no país durante o governo FHC (o garoto do Consenso de Washington). E hoje vem falar do caso da Vale em minas, empresa privatizada pelo valor de dois Youtubes que ninguém sabe aonde o dinheiro da privatização (uma merreca perto do valor da empresa) foi parar. E taí o desmantelo da mesma que funciona porcamente.
Mais recentemente, ela apoiou abertamente o Impeachment paraguaio (golpe branco) da atual Presidente do país, colocando transmissão ao vivo de micaretas na Avenida Paulista com a "turma" de extrema-direita. Um apoio tão escancarado que deixou muita gente perplexo com o descaramento da emissora. E erro do governo ao patrocinar com verba estatal um grupo que conspira contra a democracia do país. Sou plenamente a favor do corte de toda verba publicitária estatal a essa emissora e parte da imprensa do país. Se eles defendem liberalismo, que procurem captar recursos da iniciativa privada que tanto defendem e não sejam tão contraditórios atacando o Estado a todo instante pra pegar recursos do mesmo. Dona Dilma, se quer economizar, os milhões que vão pra Globo são uma bela economia. Crie e coragem e faça o que deve ser feito, o povo entenderá. Conspirar contra a democracia do país e contra a soberania do Brasil é crime grave e não deve ser tolerado.
Noutro país, uma emissora dessas já teria sofrido represálias sérias ou mesmo ter o canal cassado por crime de conspiração. E isso não é antidemocrático, quem atentou contra a democracia foi este grupo, como fez em 1964 e repete a dose. Só que os tempos são outros. A internet fura o noticiário enviesado e distorcido dessa emissora, por mais que ela tente manobrar a população (ela já não consegue fazer isso como décadas atrás).
E cuidado com o caso da FIFA, o FBI ainda não citou abertamente o caso de propina pra transmissão de jogos.
Antes de prosseguir com o post, embora creio que muita gente sabe do que se passa (se não sabe, passará a saber), gostaria que lessem essas matérias, ou basta ver os títulos:
Agora, revejam esta foto abaixo, de uma faixa que ficou famosa em uma das "manifestações" da extrema-direita liberal (neocon) do país pra derrubar a presidente da República, de como esta extrema-direita golpista e sem vergonha se identifica com um elemento desses, fixem bem a imagem às matérias acima:
"Somos milhões de Cunhas"
"Somos milhões de Cunhas", ou seja, eles são, em "alma", como o Eduardo Cunha, o dos 184 anos de prisão e notório chantagista que solapou o país durante o ano de 2015 inteiro (com ajuda da mídia oligopolizada e sem vergonha do país, capitaneada pela Rede Globo, e pelos neocons "liberais" que "surgiram do nada" pra "lotar ruas") e fechou com "chave de ouro" com um pedido de Impeachment contra a presidente do país no último dia 2 de dezembro (isso mesmo, em pleno mês de dezembro, do ano que "nunca acaba"): Acuado, Cunha acolhe pedido de impeachment contra Dilma Rousseff
Peço desculpas se no decorrer do post eu fugir do tema, pois seria mais fácil narrar o que se passa (seria mais fácil falar) do que detalhar em linguagem escrita, mas vai assim mesmo.
Vou colocar estes posts sobre esses acontecimentos recentes numa tag (marcador) única, pra facilitar que leiam tudo em série, pois ficará mais compreensível o que se passa vendo em perspectiva (na cronologia, ano após ano).
Os posts ficarão na tag "golpismo", que vem desde a Copa do Mundo e aquelas "marchas de junho de 2013", a Revolução Colorida que não atingiu seu intento que era a derrubada de presidente naquela ocasião, mas tirou do limbo essa extrema-direita golpista e todo tipo de oportunista político que vê nesses episódios uma forma de "se dar bem", mesmo que se ferre depois, como o Carlos Lacerda que apoiou e conspirou pelo golpe de 1964 e depois foi perseguido pela ditadura que ajudou a promover.
Alguém, com bom senso, acha que tudo isso foi um "grande caos" que emergiu do "nada"? Só se for trouxa ou ingênuo (sinto se magoar com esse tipo de afirmação). Agora está ficando bem nítido o que vem se passando desde 2013.
Deram sinal verde em Washington pra setores radicais da direita brasileira (setores golpistas, organizados, articulados) atacarem a democracia do país (sabotarem politicamente, criarem o "caos") como não faziam antes, já que não vencem eleição.
Não basta vencer, tem que debilitar a democracia do país pra tornar o país vulnerável a chantagem política de grupos organizados (setor financeiro, lobistas) com forte presença no congresso nacional, pra atacar direitos da população e a economia do país.
Por que cito Washington (capital dos Estados Unidos)?
Porque desde a segunda guerra não há qualquer movimento político dessa envergadura, visando entregar recursos do país (privatizações) e colocar governos alinhados aos EUA, sem o dedo dos Estados Unidos. Vide o Consenso de Washington e a era FHC, o ataque a Vargas já em 1954 (a ofensiva sempre se dá visando os recursos do país), que com sua morte evitou o golpe na ocasião e por aí vai.
Não só no Brasil como em quase todo o mundo. Isso não é uma "teoria da conspiração" (quisera eu que fosse). Isso é História que a maioria da população (ou uma parcela significativa) se orgulha em não saber, não conhecer. Depois ficam "boiando" com cara de trouxas sem saber do que se passa, sem saber se posicionar.
A quem quiser ver como foi tramado o golpe de 1964, que repercute negativamente até hoje na vida pública do país, assistam o documentário "O dia que durou 21 anos" que narra toda a tramoia dos EUA (Estados Unidos) armando o golpe, já com Kennedy. Confiram o link: Documentário: O Dia que Durou 21 Anos. Como e quem armou o golpe de 1964 no Brasil
Obviamente (espero), a postura das Forças Armadas hoje têm sido exemplar, de pleno respeito à Constituição, já que muita gente reclama que estão "atacando as FA", não é ataque, até porque é uma parte fundamental do Estado, só que havia uma tradição de golpes que acabavam servindo a interesses externos. Espero que uma visão mais nacional (não anacrônica e com paranoias do passado e sectarismo) sobre o país seja dominante nas FA.
Sim, estou sendo categórico: esta extrema-direita ou direita radical só está fazendo estas coisas no país porque possuem algum respaldo do governo norte-americano (respaldo externo), mesmo que este negue (as tramoias deles sobre isto só aparecerão décadas mais tardes, se não quiserem levar o Wikileaks em consideração). Nenhum grupo de extrema-direita neocon faria isso no Brasil sem aval externo, pois seriam isolados facilmente.
Até algum tempo atrás chamavam essas acusações sobre a participação dos EUA no golpe de 1964 de "paranoia da esquerda", mesmo com pilhas de indícios, hoje já não negam mais pois a verdade vem à tona, mesmo com décadas de atraso.
A quem andou "dormindo", já houve golpe em Honduras e no Paraguai (golpe branco) muito recentemente. Os golpes nunca "surgem" do nada.
Sei que tem gente que fica surtando quando alguém usa esses termos como "conspiração", "golpe", verdade etc, pois os ditos "revisionistas" (negacionistas) costumam usar o discurso (tenho que citar isso pois o blog comenta este assunto), só que o uso desses termos no caso deles (na maioria das vezes) é pra retórica fascistoide em cima de um fato da segunda guerra, assunto que não causa mais tanta repercussão com o tanto de desgraças que emergiram nos últimos anos (Estado Islâmico, crise nos EUA/Europa etc). Portanto, a quem ficar "magoadinho" com os termos, vá encher o saco de outro. A questão é coisa séria e não pretexto pra melindre de terceiros. Vamos parar de frescura que esses chiliques emocionais saturaram.
Mas voltando à questão relevante, o que se passa, se você olhar em perspectiva, começou em 2013 (não vamos entrar na década passada, pois já havia ensaios destes ataques, que só não davam resultado porque houve uma transformação do país, mudança de status) com as tais "marchas de junho" (ficaram conhecidas assim), onde o povo saiu como "manada" às ruas igual àquela cena do filme "Forest Gump" quando ele sai correndo aleatoriamente sem direção e um monte de gente segue atrás dele atrás de "alguma coisa" (ideal etc) e ele apenas estava correndo por correr.
A cena do filme ilustra bem o que houve em 2013, por parte da maioria que aderiu sem uma pauta definida a essa "manifestação" desconexa onde esses setores organizados da direita golpista (direita radical), que é parte da mídia (a Rede Globo está apoiando o golpe ao legitimar o ato do Eduardo Cunha, atitude parecida com a de 1964 quando apoiou outro golpe, e o faz diariamente), aproveitaram esse "tumulto", esse "efeito manada" da população, pra incitar uma dose de irracionalidade política (ódio, revolta sem direção) pra solapar a democracia do país, pois qualquer movimento desconexo, sem rumo, acaba de alguma forma causando danos à democracia, ainda mais quando isto passa a ter apoio de grupos poderosos do país e de fora.
Voltando à questão mais relevante (de novo), pois isto diz respeito a todos no país, se você acha que essas "brincadeiras" de Eduardo Cunha, Aécio Neves, Temer e cia não sobrará pra você, tenho uma notícia a lhe dar: vai sobrar pra todo mundo, não há espaço pra "A" ou "B" ficar em "cima do muro".
Aliás, esse estado de coisas só chegou a esse extremo porque muita gente nesse país costuma ficar em cima do muro (por comodismo ou mesmo estupidez política, achando que quem se posiciona é "idiota", quando o idiota é o covarde) deixando a corda esticar ao extremo, quando poderiam ter cortado todos esses extremistas se tivessem tido coragem de dizer "basta" a eles, se tivessem noção do que está por trás desses "movimentos do bem" pra "moralizar a política" no país, dos ditos "apartidários" (que votam em tucanos, extrema-direita, Caiados e outros).
Pra alguém que ainda não percebeu o que move a "insanidade" (entre aspas, pois este pessoal que está tumultuando, os cabeças, sabem o que estão fazendo) desse pessoal, é o famoso "mais do mesmo":
Há no Brasil setores da elite (classe dominante) que querem se alinhar aos Estados Unidos totalmente entregando o patrimônio público brasileiros (pré-Sal, Petrobras, programa nuclear do país etc) a grupos privados estrangeiros, como fizeram com a Vale do Rio Doce (não preciso citar o crime ambiental que a Vale, privatizada, causou recentemente, e que a mídia oligopolizada demorou dias pra "ver", depois de ficarem "chocados" com o terrorismo na França, síndrome de vassalo, de vira-lata, colonizado).
Pra esses setores (banqueiros, alguns empresários com um liberalismo dogmático, os que encarnam o patrimonialismo) qualquer gesto de soberania do Brasil, projeto nacional etc é visto como algo a ser combatido. Eles são fieis capachos das corporações dos EUA e do governo norte-americano, como parte dos governos de direita da América Latina (a maioria absoluta desde a redemocratização da maioria dos países e mesmo antes disso).
E como fazem isso?
Pegam algum caso de corrupção etc (estão começando a entender o que há por trás da retórica moralista?) e começam a fazer estardalhaço em torno disso com a mídia, diariamente, descendo o porrete de forma seletiva (pois partidos que são uma barreira a esse projeto neoliberal é algo a ser batido), sempre empurrando pra debaixo do tapete qualquer "aliado" (político ligado ao PSDB, que é o partido que defende esta ordem, junto com setores do PMDB e algumas legendas historicamente entreguistas) que esteja envolvido em falcatrua.
Por isso que aquela operação Lava-Jato, que deveria se tornar algo sério, emblemático (apurar tudo, não isentando qualquer culpado, de qualquer partido, e verificando desde o começo das irregularidades do grupo infrator na Petrobras, ainda no governo FHC ou antes), está condenada a se tornar um retumbante fiasco (pode provocar perda de 1% do PIB, ou traduzindo, a operação já custou mais caro que a própria corrupção supostamente investigada, resumidamente, nem pra apurar corrupção esses malas, pra não usar termo pior, fazem a coisa direito) por ser conduzida com fins eleitoreiros, políticos, politicagem ordinária.
Essa Lava-Jato começou a fazer água quando ocorreu a prisão inconsequente do Almirante da Marinha, Othon Luiz, cabeça do programa nuclear do país, com décadas de serviços prestados ao país, um assunto seríssimo de Estado, defesa nacional, pelo juiz celebridade que vive aparecendo em palestras de grupos empresariais de mídia, quando um juiz em outros países (EUA, França etc) jamais se atreveria a se intrometer desta forma em assuntos delicados como este, tanto que o caso passou pro Rio de Janeiro e saiu das mãos do juiz do Paraná. As "forças ocultas" do Estado devem ter se movimentado (nada contra, se isto ocorreu, agiram bem).
Nem se fizessem roteiro de filme ficção surrealista daria uma trama tão surreal como essa, e tão ridiculamente mal feita, pelo extremismo (radicalismo) de alguns envolvidos na coisa (mídia, juiz do Paraná etc).
Quando o ataque é seletivo demais, até o mais reticente que fica "aplaudindo" o linchamento (de início) começa a desconfiar de que há algo de podre na coisa (na condução do caso).
Aos que ficarem irritadinhos pela crítica à condução do caso no Paraná, vou ser curto e grosso: eu não acredito em "super-heróis", eu não preciso de "heróis", essa transposição popularesca (apelativa) de "heróis" de filmes pra vida real é coisa de gente estúpida. É um troço tão cretino e estúpido que chega a ser ridículo comentar, mas como gente estúpida e radical abunda neste país, então a gente é obrigado a ser curto e direto com esse comportamento messiânico e fantasioso de parte da população, comportamento causado por dificuldades em interpretar fatos, falta de firmeza no que se pensa ou "crê".
Todos esses fatos citados acima (marchas de junho, Lava-Jato, pedido de Impeachment, movimentos de ruas estimulados por TVs, locautes de caminhoneiros etc) estão interligados, ou seja, esse "caos" que essa direita tocou não foi aleatório, foi algo tramado, muito bem planejado, que deu pra visualizar muito bem após o gesto desmedido do vice-presidente da República, Michel Temer, o maçom (agora dá pra entender porque tem tanta página da maçonaria no FB apoiando golpe), articulando grupos pra apoiar o pedido de "impeachment" sem vergonha do cidadão Eduardo Cunha. A quem não assistiu (vou procurar vídeo melhor depois e coloco), esse é breve e resume bem, o ex-governador do Ceará e ex-ministro Ciro Gomes foi curto e direto sobre a tramoia, que é golpe de estado (crime), ou o famoso "golpe branco" (golpe institucional, com pretexto ordinário, ilegítimo, sem forças armadas):
Em suma, eu ia fazer um post melhor mas se esperasse mais não iria sair nada e não posso me omitir sobre o que se passa.
Acho que todo democrata de verdade (não os pseudo-democratas que se dizem "liberais" no Brasil, esses neocons que seguem gente como Olavo de Carvalho e cia), deve se posicionar com veemência contra esse golpismo que se arrasta desde 2013 (pra fixar uma data mais óbvia, e próxima dos fatos recentes). Não precisa gostar de governo "A" ou "B" ou com a política do mesmo, mas a democracia do país foi conseguida a duras penas e é um retrocesso abrir um precedente desses que não vai acabar num afastamento "paraguaio"** (explico a expressão abaixo também), que arrastaria o país pro buraco décadas a fio, tal qual o de 1964. Esse pessoal do "caos" não tem nada a perder, se eles tivessem consciência política (cívica) não estariam fazendo isso, fora os burros (a manada) que vai "na onda" (os famosos "bucha de canhão", que eles descartam quando conseguem o intento).
Não se iludam, esse pessoal é o mesmo que deu o golpe em 1964 (são herdeiros mentais dos golpistas de 1964 e antes, já que houve tentativa de golpe antes de 1964, que não deu certo graças a um general nacionalista e democrata, General Teixeira Lott). Comentei isso várias vezes nos outros posts sobre manifestações, o Eduardo Cunha e o Michel Temer só vestiram a carapuça que tanto negavam, pois muita gente não tomou uma posição firme achando que essa fanfarronice desse pessoal acabaria pelo cansaço (eu mesmo cheguei a achar isso) e não vai acabar sem dizer "basta" a eles. E por boa parte do país não costumar ter interesse em História do Brasil (um povo que desconhece sua própria História é alvo fácil de manipulação).
Não vou esperar que publicação A, B ou C, que nunca comentam a coisa sob perspectiva (o que chega a ser ridículo), como se o Brasil não tivesse relevância geopolítica alguma (o Brasil é membro dos BRICS, aquele bloco que a Rússia faz parte, a mesma Rússia encurralada pelos EUA na Ucrânia e que sofre boicote dos EUA na guerra civil na Síria), o que é uma atitude ridícula, cretinice.
Caso alguém que não tinha opinião formada, leia este post e os anteriores (irei organizar em série na tag que eu citei acima), sendo redundante (acabei escrevendo de novo porque já havia escrito o parágrafo), não precisa gostar de governo A ou B, apenas defender a democracia do país dessa rapinagem organizada com discurso "moralista" (que eu sempre chamo de "udenista") de que estão "preocupados com o país" e outras baboseiras do tipo.
Acho que a ficha caiu pra muita gente quando o "excelentíssimo" presidente da Câmara, Sr. E. Cunha, abriu o processo de Impeachment (golpe branco) pra tentar salvar a própria pele (primeiramente), mas o ato dele não é um ato "tresloucado" só pra salvar a pele, como faz parecer, é algo calculado e tramado por grupos mais fortes que ele, que o usaram e usam enquanto for possível, caso o povo não interrompa esse festival de insanidades, dizer um "basta" a esses grupos "liderados" por "Pokemons com fome" e esse "populacho medonho"* (explico a expressão depois ou abaixo, nas notas, até porque uso com frequência e é bom registrar, pois podem acabar gostando e depois eu não poderei alegar que eu usava isso).
A Time andou listando o "Pokemon subnutrido" como "gente influente", quando a Time começa a dar destaque a golpistas é sinal de que há fumaça nos EUA, a Time andou até dando destaque a Marine Le Pen (suavizando a imagem dela, extrema-direita, não vou discuti-la aqui). A Time é aquela publicação que, se eu não estiver enganado, é parte daquele grupo Time-Life que deu dinheiro pra Globo em 1964, caso Time-Life, a DW, publicação alemã, também adora dar eco a esses golpistas, nunca os chama pelo nome ou o termo "extrema-direita", na Europa sabem usar o termo, mas no Brasil é como se não houvesse "extremos políticos", caso sui generis no mundo.
Era pro país estar pensando nas festas de fim de ano, mas graças ao "murismo" (ficar em cima do muro) dos bons, que tinham alguma noção de que há algo de estranho nessa narrativa da grande mídia, vamos ter que enfrentar o problema. Comigo não há meio termo pra golpista. Caso alguém que leia se identifique politicamente com os grupos golpistas, não espere de mim cordialidade, considero vocês inimigos e como tal irei tratá-los.
Notas:
*populacho medonho: a elite usa o termo "populacho" (ralé, gentinha, Zé Povinho, escória etc) como pejorativo pra povo, "populares". Como essa claque de ódio é muito ordinária, apesar de se "acharem" o "último bastião moral do país", é um verdadeiro populachomedonho. Os termos "populacho" e "medonho" se encontram nos links (dicionário), rs. Nada mais justo chamar a suposta "elite" pelo que eles adoram chamar os outros, mesmo porque eles são medonhos mesmo (abomináveis).
**paraguaio: isso é gíria, não é relativo ao nacional (a quem nasce no Paraguai, apesar do nome). Ficarei devendo o termo no dicionário. Mas pra quem não conhece (já que muita gente de fora lê o blog e não conhece certos termos do país), o Paraguai é conhecido por vender muito contrabando, produto falsificado, então costuma-se usar o termo "paraguaio" pra designar algo chinfrim, de quinta categoria (relativo à muamba, produto falsificado). Há também outra origem pro termo que é a do "Cavalo Paraguaio". Apesar de alegarem que é um termo discriminatório ao Paraguai (que o termo estaria associado ao povo etc), o termo é mais usado por conta do aspecto da "muamba" (contrabando, mercadoria falsificada), mas devido à questão da Guerra do Paraguai, acabam enviesando o termo, que é comum nas ruas mesmo com o rótulo de "pejorativo" etc.
Prefiro deixar anotado (quando é possível) o uso de certos termos do que alguma pessoa mal intencionada atribua significados aos mesmos pra fins 'marotos'.
P.S. texto sujeito a correções (faltam vários links, serão colocados depois).