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quarta-feira, 27 de janeiro de 2016

O Hitler "marxista". As falsificações de Hermann Rauschning - Parte 1

Já circulavam no Orkut "frases soltas" de um suposto livro de um alemão (que só não digo que alegaram que ele era historiador porque não salvei print disso e, como o Orkut rodou, o Google tirou do ar como a maioria já sabe, não dá pra recuperar as discussões) "provando" o marxismo de Hitler e consequentemente a falácia da extrema-direita liberal (que se denomina "libertária") de que o "nazismo é de esquerda".

O livro em questão é do Hermann Rauschning. Abaixo segue a explicação sobre o "status" do livro, vale a pena ler até o fim.

Mas irei mostrar mais uma vez porque não discuto esse tipo de idiotice com quem prega esse tipo de distorção. É uma discussão pueril, muitas vezes pior do que as que ocorriam com os "revisionistas" (ao menos esses leem o que pregam, ou têm uma ideia do que discutem, mesmo que façam distorções também).

Quem prega essas mentiras, com veemência (fanatismo tem disso), está assinando atestado de imbecilidade e desonestidade em último grau, ou está afirmando claramente (mesmo sem querer) que não tem ideia do que propaga e só repete bobagem que leu na internet pra defender seu extremismo político.

Só lembro remotamente de uma pessoa querendo discutir essa questão do "nazismo de esquerda" a sério, a pessoa tinha dúvidas e não "certezas", o que propicia um debate. Mas a maioria que repete esse mantra só sabe repetir clichê e defender a distorção, mesmo que mostrem que não tem valor algum.

Não lembro mais exatamente do teor exato das discussões mas lembro das citações desses trechos do Rauschning razoavelmente, era algo bem "bombástico" (entre aspas). Tão "bombástico" que nenhum Historiador de peso sobre nazismo "levou a sério" antes (essa é a parte hilária da coisa). O termo "bombástico" aqui é uma ironia, pois é absurdo alguém crer/achar que algum historiador de segunda guerra/nazismo não tenha ideia de que nazismo é de extrema-direita ou do que se trata o livro de Rauschning, e eles explicam o porquê do nazismo ser de direita/extrema-direita em livros sérios do tema. Há vários títulos nos posts de bibliografia e ranking, basta procurar. Só lê porcaria, hoje, quem quer. Informação não falta, é só procurar.

Sem mais delongas, o livro em questão é do Hermann Rauschning, conservador revolucionário alemão (pois é, existe "revolução conservadora", ao contrário do que certo astrólogo, guru de uma patota barulhenta espalhou dogmaticamente anos a fio na rede como sendo a "verdade das verdades"), que diz ter sido feito de conversações com Hitler. A quem quiser ler mais sobre esse movimento revolucionário conservador alemão, confira o post:
O Movimento Revolucionário Conservador alemão, precursor do nazismo
E a tag (marcador): Conservadorismo

Só há um "pequeno problema" com o livro do Rauschning: o livro é fraudulento, falso, tem crédito zero com historiadores de peso (como o Ian Kershaw, dentre outros nomes, ficarei devendo o trecho) que alegam que Rauschning inventou diversas partes do livro e que o livro é descartável. Só isso basta pra não discutir qualquer trecho reproduzido do livro por fanatismo político e panfletagem.

Podem ler a parte do verbete que comenta o caso e os que contestam, entre o Ian Kershaw (como já citei acima), autor britânico da que é considerada a melhor biografia de Hitler (a mais completa):

Clique em Authenticity of Hitler Speaks pra ler a contestação do livro. (A autenticidade de "Voice of Destruction", é como foi traduzido o título do livro pro inglês, ou uma das traduções). Ficarei devendo a tradução. Pode ficar pruma parte 2 deste post.

Em francês a parte onde comenta que o livro é fraudulento: Hitler m'a dit, une source discréditée

O verbete em português da Wikipedia sobre Rauschning é simplesmente deprimente, não menciona essa questão de que o livro não tem crédito e relata as "conversas" como se fossem sérias. Confirmando o que eu já disse sobre a Wikipedia, o problema dela é a versão em português, onde um bando de cabeças de bagre cortam o que é acrescentado, mesmo se correto, e deixam essa porcaria no lugar por sectarismo ideológico e desonestidade, a versão da Wikipedia em inglês é muito boa e completa. Se o dono do site observar esse problema (a polarização política, fanática, desonesta e sectária que há no Brasil principalmente), melhorará a versão em português.

A quem "chiar" (der piti) porque a Wikipedia foi usada, o conteúdo que consta dela (verbete em inglês) está correto, é isso que importa e não o fato de estar na Wikipedia, há as notas para verificar de onde foram tiradas as informações. Digo isso porque tem uma massa de pedantes (e ignóbeis) neste país que tentam desqualificar a informação/conteúdo só por o mesmo estar na Wikipedia, mesmo se você apontar o livro original (colocar links, trechos etc, como consta aqui e que constará no post da sequência). Repito isso, 'n' vezes se for preciso, porque chega dessa desqualificação ridícula como arma retórica. As citações nos verbetes em inglês contam com as informações nas notas, se o povo não verifica as notas é outra discussão, mas já desqualificam a Wikipedia sem fundamento (refiro-me à versão em inglês, a em português é de fato problemática). Este é um preconceito que perdura mais no Brasil (como vários outros preconceitos).

Voltando ao tema que interessa, a disseminação dessas frases do "Hitler marxista" ou "executor do marxismo" prosseguiram pela web, além do Orkut, obviamente.

Se as pessoas ao menos verificassem esses trechos sensacionalistas, de onde saem, verificariam a falsificação facilmente. Infelizmente a maioria não verifica trechos controvertidos demais (que não são aceitos por nenhuma correta historiográfica), preferem crer em qualquer bobagem que leem na rede.

O mais curioso é que a extrema-esquerda "esperta", que "sabe tudo" (que geralmente tem ranço com este blog por conta do nome), porque quando a gente comenta ou corrige algo deles alguns já ficam irritados porque "não pode estar errado", não souberam rebater/localizar uma bobagem dessas e evitavam participar das comunidades de segunda guerra do Orkut. Vivem num mundo à parte. Toda vez que aparecia uma olavete panfletando besteira sobre segunda guerra (como essa do post), esse pessoal da extrema-esquerda sectária costumava ficar perdido (embora nunca admitissem) por não entenderem que não basta fazer escárnio com esse tipo de extremismo, tem que mostrar seriamente que a panfletagem pregada por esse pessoal é uma distorção, uma mentira. Mostrar de onde foi tirada, o que é aceito como sério etc, indicar alguma fonte séria pro povo ler e não ficar fazendo "gracinha" gratuita por escárnio.

Há um desinteresse nesse pessoal (da extrema-esquerda e esquerda em geral) por temática de segunda guerra, guerra fria etc, mas acham que conseguem rebater o arsenal de distorções da direita radical (que adquiriu certa "tara" por segunda guerra) sem ler esses temas, com sectarismo, ficando em guetos.

Deixando essa questão de lado, irei transcrever uma citação do livro como ela costuma ser repetida a exaustão (inclusive com o nome do autor do livro escrito errado, pra vocês verem, nem um erro desses, banal, a turma da panfletagem corrigiu ou verificou), pois foi por esse trecho que localizei o livro. Inclusive o trecho tem antissemitismo escancarado.

Depois eu "passo" por "chato" (dizer a verdade num país onde grupos radicais inflados pela mídia querem falar mais alto que o Papa está virando um ato de resistência política) por afirmar que esses grupos radicais liberais do Brasil não veem muito problema em endossar esse tipo de panfletagem, embora quando são apertados começam a negar. Essa é a primeira:
"Eu não sou apenas o vencedor do marxismo. Se se despoja desta doutrina seu dogmatismo judeu-talmúdico, para guardar dela apenas seu objetivo final, aquilo o que ela contém de vistas corretas e justas eu sou o realizador do marxismo". (Adolf Hitler, apud Hermann Rauschinning, Hitler m'a dit, Coopération, Paris 1939, pp 211)
Outro erro, o termo "pp" em português é usado como sigla pra "páginas" (plural). Também não corrigiram. A transcrição acima (e as demais) deve ter sido coletada em algum site de extrema-direita francês (traduzidas pro português, mas vai que venham do espanhol), pois cita a edição em francês e o título do livro em francês também.

Quem quiser ver o livro original (em francês), confira neste link abaixo (em PDF):
"Hitler M'a dit" de Hermann Rauschning

E aqui a versão em inglês do livro (em PDF):
THE VOICE OF DESTRUCTION - Hermann Rauschning

Em espanhol (não localizei o PDF):
Hitler me dijo: Entrevista de Hermann Rauschning a Adolfo Hitler

O nome do Rauschning acima (no link dos PDFs do livro) está correto, ao contrário da tradução com erro do nome que está em destaque mais acima, com trecho do livro.

Curioso que num dos sites ou página que colocam essa panfletagem com os trechos do livro, diz que o "livro é raro". O livro é tão raro que tem logo dois PDFs dele acima com cópias, em francês e inglês, pra todo gosto, hahahaha. Se não me engano eu acho até que encontrei isso em espanhol. O livro se encontra a um clique e não o localizaram. Mas pra reproduzir besteira, são rápidos.

Sobre os sites que reproduzem a panfletagem como correta, podem achar pela web, eu não colocarei isto aqui pois não quero esse tipo de fanático enchendo o saco, chorando, achando que vou ceder e concordar com a mentira deles pra não ficarem "chateados". Essa gente olavete, ou neocon brasileiro, é muito, mas muito insuportável/chato, com um nível de discussão ridículo. Foi por isso que evitei ao extremo citar esse povo aqui, nunca os quis por perto, o nível baixa (quando falo em baixar, é no sentido literal: partem pra agressão, xingamento, grosserias e coisas do tipo) e sou chato nesse ponto.

Deixando isso de lado, como entendo melhor o inglês (eu não falo francês, apenas entendo porcamente alguma coisa, por enquanto, dá só pro gasto com ajuda do tradutor), usarei a versão do livro em inglês em vez daquela em francês.

O trecho que destaquei acima segue abaixo da edição em inglês (PDF, pág. 115), com tradução minha na sequência. E como dá pra ver, a tradução que fizeram antes está distorcida (pra variar...):
"I am not only the conqueror, but also the executor of Marxism—of that part of it that is essential and justified, stripped of its Jewish-Talmudic dogma."

"Eu não sou apenas o conquistador, mas também o executor do marxismo-daquela parte dele que é essencial e justificada, tirando dele seu dogma judaico-talmúdico."
E tem mais abaixo, só que sem indicar as páginas e não são traduções minhas, é como são encontradas pela web (eu as localizei na edição em inglês por páginas, num segundo post coloco o texto original com a nova tradução, se for necessária):
"Não é a Alemanha que será bolchevisada, é o bolchevismo que se tornará uma espécie de nacional socialismo. Aliás, existem entre nós nazistas e os bolchevistas mais pontos comuns do que há divergências, e, antes de tudo,o verdadeiro espírito revolucionário, que se encontra na Rússia como entre nós, por toda a parte onde os marxistas judeus não controlam o jogo. Eu sempre levei em conta esta verdade e é por isso que eu dei ordem de aceitar imediatamente no partido todos os ex comunistas"

"Eu aprendi muito do marxismo, e eu não sonho esconder isso. O que me interessou e me instruiu nos marxistas foram os seus métodos. Todo o Nacional Socialismo está contido lá dentro. O nacional socialismo é aquilo que o marxismo poderia ter sido se ele fosse libertado dos entraves estúpidos e artificiais de uma pretensa ordem democrática"

"Que significa ainda a propriedade e que significam as rendas? Para que precisamos nós socializar os bancos e as fábricas? Nós socializamos os homens"
Eu farei uma segunda parte deste post e nela coloco os trechos mencionados acima no livro original em inglês, citando a página do trecho, onde tentarei colocar os comentários do Kershaw (traduzidos, foi por isso que cabe um segundo post, mas tem o link sobre isso em inglês, acima) e outros autores sobre a credibilidade desse livro do Rauschning, já que só tem comentário sobre a fraude desse livro em sites "revisionistas", confiram o texto em inglês e francês (ambos os sites são negacionistas, fica o aviso):
Rauschning's Phony 'Conversations With Hitler': An Update. Mark Weber
Les fausses «Conversations avec Hitler» de Rauschning : une mise au point. Mark Weber

Os "revis" também afirmam que o livro é uma falsificação.

Vejam só a que ponto chegamos, o fanatismo dessa extrema-direita liberal (libertária) é tão grande que até "revis" conseguem demonstrar que algo está errado de tanta cretinice que esses "libertários" (ultraliberais) panfletam sobre nazismo e segunda guerra. Fiz o post na pressa senão acabaria deixando de lado.

Como acho que já mencionei acima (se for redundância depois eu corto, ou corrijo), esta panfletagem é também espalhada em círculos "conservadores neocons", que são reacionários que em tese "odeiam" o nazismo (mas nem tanto assim...). O "ódio" é porque hoje em dia "pega mal" eles declararem amor aos nazis com o sentimento anti-esquerda deles (com a retórica da guerra fria, quem for de esquerda é "comunista"), mas eles não sentem uma aversão "profunda", daí preferem manter "certa distância" desse tipo de denominação (taticamente) até que estoure algum regime fascista de novo na Europa e o Fascismo fique "fashion" (na moda) de novo, pra valer. Já vi vários declararem amor à Marine Le Pen em páginas de Portugal, amor à "verdadeira direita" (rs). Como disse em outros posts, esses "libertários" (ultraliberais) do Brasil são o PSTU da direita. Eles, o Bolsonaro e cia.

Com os últimos posts sobre fanatismo político no país, 3 perfis saíram do blog (da parte "seguir"), só pra mostrar a quanto anda o extremismo político no país.

terça-feira, 8 de dezembro de 2015

[HB] Como em 1964, a conspiração do golpe para derrubar governo foi tramada durante 2015 (ou antes): a Globo, Cunha, Temer e o resto da tropa

Antes de prosseguir com o post, embora creio que muita gente sabe do que se passa (se não sabe, passará a saber), gostaria que lessem essas matérias, ou basta ver os títulos:

Procuradoria pede 184 anos de prisão para Eduardo Cunha
Justiça da Suíça multa Cunha por tentar impedir investigação de contas
Cunha: Dinheiro na Suíça é da venda de carne moída

Agora, revejam esta foto abaixo, de uma faixa que ficou famosa em uma das "manifestações" da extrema-direita liberal (neocon) do país pra derrubar a presidente da República, de como esta extrema-direita golpista e sem vergonha se identifica com um elemento desses, fixem bem a imagem às matérias acima:

"Somos milhões de Cunhas"


 "Somos milhões de Cunhas", ou seja, eles são, em "alma", como o Eduardo Cunha, o dos 184 anos de prisão e notório chantagista que solapou o país durante o ano de 2015 inteiro (com ajuda da mídia oligopolizada e sem vergonha do país, capitaneada pela Rede Globo, e pelos neocons "liberais" que "surgiram do nada" pra "lotar ruas") e fechou com "chave de ouro" com um pedido de Impeachment contra a presidente do país no último dia 2 de dezembro (isso mesmo, em pleno mês de dezembro, do ano que "nunca acaba"):
Acuado, Cunha acolhe pedido de impeachment contra Dilma Rousseff

A quem quiser ver mais insanidades desta "manifestação" dos golpistas (antes eles se valiam do "benefício da dúvida" pra negar a pecha, mas depois do ato de Cunha e apoio da mídia oligopolizada a pecha de golpista grudou na testa e não desgruda mais), podem clicar no post:
Carnaval-Manicômio: O desfile da extrema-direita - viúva de 1964 - nas supostas marchas "contra a corrupção" (O que virou o "vem pra rua" despolitizado de 2013)

Peço desculpas se no decorrer do post eu fugir do tema, pois seria mais fácil narrar o que se passa (seria mais fácil falar) do que detalhar em linguagem escrita, mas vai assim mesmo.

Vou colocar estes posts sobre esses acontecimentos recentes numa tag (marcador) única, pra facilitar que leiam tudo em série, pois ficará mais compreensível o que se passa vendo em perspectiva (na cronologia, ano após ano).

Os posts ficarão na tag "golpismo", que vem desde a Copa do Mundo e aquelas "marchas de junho de 2013", a Revolução Colorida que não atingiu seu intento que era a derrubada de presidente naquela ocasião, mas tirou do limbo essa extrema-direita golpista e todo tipo de oportunista político que vê nesses episódios uma forma de "se dar bem", mesmo que se ferre depois, como o Carlos Lacerda que apoiou e conspirou pelo golpe de 1964 e depois foi perseguido pela ditadura que ajudou a promover.

Alguém, com bom senso, acha que tudo isso foi um "grande caos" que emergiu do "nada"? Só se for trouxa ou ingênuo (sinto se magoar com esse tipo de afirmação). Agora está ficando bem nítido o que vem se passando desde 2013.

Deram sinal verde em Washington pra setores radicais da direita brasileira (setores golpistas, organizados, articulados) atacarem a democracia do país (sabotarem politicamente, criarem o "caos") como não faziam antes, já que não vencem eleição.

Não basta vencer, tem que debilitar a democracia do país pra tornar o país vulnerável a chantagem política de grupos organizados (setor financeiro, lobistas) com forte presença no congresso nacional, pra atacar direitos da população e a economia do país.

Por que cito Washington (capital dos Estados Unidos)?

Porque desde a segunda guerra não há qualquer movimento político dessa envergadura, visando entregar recursos do país (privatizações) e colocar governos alinhados aos EUA, sem o dedo dos Estados Unidos. Vide o Consenso de Washington e a era FHC, o ataque a Vargas já em 1954 (a ofensiva sempre se dá visando os recursos do país), que com sua morte evitou o golpe na ocasião e por aí vai.

Não só no Brasil como em quase todo o mundo. Isso não é uma "teoria da conspiração" (quisera eu que fosse). Isso é História que a maioria da população (ou uma parcela significativa) se orgulha em não saber, não conhecer. Depois ficam "boiando" com cara de trouxas sem saber do que se passa, sem saber se posicionar.

A quem quiser ver como foi tramado o golpe de 1964, que repercute negativamente até hoje na vida pública do país, assistam o documentário "O dia que durou 21 anos" que narra toda a tramoia dos EUA (Estados Unidos) armando o golpe, já com Kennedy. Confiram o link:
Documentário: O Dia que Durou 21 Anos. Como e quem armou o golpe de 1964 no Brasil

Obviamente (espero), a postura das Forças Armadas hoje têm sido exemplar, de pleno respeito à Constituição, já que muita gente reclama que estão "atacando as FA", não é ataque, até porque é uma parte fundamental do Estado, só que havia uma tradição de golpes que acabavam servindo a interesses externos. Espero que uma visão mais nacional (não anacrônica e com paranoias do passado e sectarismo) sobre o país seja dominante nas FA.

Sim, estou sendo categórico: esta extrema-direita ou direita radical só está fazendo estas coisas no país porque possuem algum respaldo do governo norte-americano (respaldo externo), mesmo que este negue (as tramoias deles sobre isto só aparecerão décadas mais tardes, se não quiserem levar o Wikileaks em consideração). Nenhum grupo de extrema-direita neocon faria isso no Brasil sem aval externo, pois seriam isolados facilmente.

Até algum tempo atrás chamavam essas acusações sobre a participação dos EUA no golpe de 1964 de "paranoia da esquerda", mesmo com pilhas de indícios, hoje já não negam mais pois a verdade vem à tona, mesmo com décadas de atraso.

A quem andou "dormindo", já houve golpe em Honduras e no Paraguai (golpe branco) muito recentemente. Os golpes nunca "surgem" do nada.

Sei que tem gente que fica surtando quando alguém usa esses termos como "conspiração", "golpe", verdade etc, pois os ditos "revisionistas" (negacionistas) costumam usar o discurso (tenho que citar isso pois o blog comenta este assunto), só que o uso desses termos no caso deles (na maioria das vezes) é pra retórica fascistoide em cima de um fato da segunda guerra, assunto que não causa mais tanta repercussão com o tanto de desgraças que emergiram nos últimos anos (Estado Islâmico, crise nos EUA/Europa etc). Portanto, a quem ficar "magoadinho" com os termos, vá encher o saco de outro. A questão é coisa séria e não pretexto pra melindre de terceiros. Vamos parar de frescura que esses chiliques emocionais saturaram.

Mas voltando à questão relevante, o que se passa, se você olhar em perspectiva, começou em 2013 (não vamos entrar na década passada, pois já havia ensaios destes ataques, que só não davam resultado porque houve uma transformação do país, mudança de status) com as tais "marchas de junho" (ficaram conhecidas assim), onde o povo saiu como "manada" às ruas igual àquela cena do filme "Forest Gump" quando ele sai correndo aleatoriamente sem direção e um monte de gente segue atrás dele atrás de "alguma coisa" (ideal etc) e ele apenas estava correndo por correr.

A cena do filme ilustra bem o que houve em 2013, por parte da maioria que aderiu sem uma pauta definida a essa "manifestação" desconexa onde esses setores organizados da direita golpista (direita radical), que é parte da mídia (a Rede Globo está apoiando o golpe ao legitimar o ato do Eduardo Cunha, atitude parecida com a de 1964 quando apoiou outro golpe, e o faz diariamente), aproveitaram esse "tumulto", esse "efeito manada" da população, pra incitar uma dose de irracionalidade política (ódio, revolta sem direção) pra solapar a democracia do país, pois qualquer movimento desconexo, sem rumo, acaba de alguma forma causando danos à democracia, ainda mais quando isto passa a ter apoio de grupos poderosos do país e de fora.

Voltando à questão mais relevante (de novo), pois isto diz respeito a todos no país, se você acha que essas "brincadeiras" de Eduardo Cunha, Aécio Neves, Temer e cia não sobrará pra você, tenho uma notícia a lhe dar: vai sobrar pra todo mundo, não há espaço pra "A" ou "B" ficar em "cima do muro".

Aliás, esse estado de coisas só chegou a esse extremo porque muita gente nesse país costuma ficar em cima do muro (por comodismo ou mesmo estupidez política, achando que quem se posiciona é "idiota", quando o idiota é o covarde) deixando a corda esticar ao extremo, quando poderiam ter cortado todos esses extremistas se tivessem tido coragem de dizer "basta" a eles, se tivessem noção do que está por trás desses "movimentos do bem" pra "moralizar a política" no país, dos ditos "apartidários" (que votam em tucanos, extrema-direita, Caiados e outros).

Pra alguém que ainda não percebeu o que move a "insanidade" (entre aspas, pois este pessoal que está tumultuando, os cabeças, sabem o que estão fazendo) desse pessoal, é o famoso "mais do mesmo":
Há no Brasil setores da elite (classe dominante) que querem se alinhar aos Estados Unidos totalmente entregando o patrimônio público brasileiros (pré-Sal, Petrobras, programa nuclear do país etc) a grupos privados estrangeiros, como fizeram com a Vale do Rio Doce (não preciso citar o crime ambiental que a Vale, privatizada, causou recentemente, e que a mídia oligopolizada demorou dias pra "ver", depois de ficarem "chocados" com o terrorismo na França, síndrome de vassalo, de vira-lata, colonizado).
Pra esses setores (banqueiros, alguns empresários com um liberalismo dogmático, os que encarnam o patrimonialismo) qualquer gesto de soberania do Brasil, projeto nacional etc é visto como algo a ser combatido. Eles são fieis capachos das corporações dos EUA e do governo norte-americano, como parte dos governos de direita da América Latina (a maioria absoluta desde a redemocratização da maioria dos países e mesmo antes disso).

E como fazem isso?

Pegam algum caso de corrupção etc (estão começando a entender o que há por trás da retórica moralista?) e começam a fazer estardalhaço em torno disso com a mídia, diariamente, descendo o porrete de forma seletiva (pois partidos que são uma barreira a esse projeto neoliberal é algo a ser batido), sempre empurrando pra debaixo do tapete qualquer "aliado" (político ligado ao PSDB, que é o partido que defende esta ordem, junto com setores do PMDB e algumas legendas historicamente entreguistas) que esteja envolvido em falcatrua.

Por isso que aquela operação Lava-Jato, que deveria se tornar algo sério, emblemático (apurar tudo, não isentando qualquer culpado, de qualquer partido, e verificando desde o começo das irregularidades do grupo infrator na Petrobras, ainda no governo FHC ou antes), está condenada a se tornar um retumbante fiasco (pode provocar perda de 1% do PIB, ou traduzindo, a operação já custou mais caro que a própria corrupção supostamente investigada, resumidamente, nem pra apurar corrupção esses malas, pra não usar termo pior, fazem a coisa direito) por ser conduzida com fins eleitoreiros, políticos, politicagem ordinária.

A Lava-Jato, que já chamam de "Vaza-a-Jato", pois parece uma "peneira" onde depoimento sigiloso chega à mídia vazado e é vendido por "japonês bonzinho" da Polícia Federal (ou seja, prática de corrupção na própria polícia):
‘Japa bonzinho’ da Lava Jato ganha fama, música e é candidato a hit de Carnaval. Assista o clip

Essa Lava-Jato começou a fazer água quando ocorreu a prisão inconsequente do Almirante da Marinha, Othon Luiz, cabeça do programa nuclear do país, com décadas de serviços prestados ao país, um assunto seríssimo de Estado, defesa nacional, pelo juiz celebridade que vive aparecendo em palestras de grupos empresariais de mídia, quando um juiz em outros países (EUA, França etc) jamais se atreveria a se intrometer desta forma em assuntos delicados como este, tanto que o caso passou pro Rio de Janeiro e saiu das mãos do juiz do Paraná. As "forças ocultas" do Estado devem ter se movimentado (nada contra, se isto ocorreu, agiram bem).

Nem se fizessem roteiro de filme ficção surrealista daria uma trama tão surreal como essa, e tão ridiculamente mal feita, pelo extremismo (radicalismo) de alguns envolvidos na coisa (mídia, juiz do Paraná etc).

Quando o ataque é seletivo demais, até o mais reticente que fica "aplaudindo" o linchamento (de início) começa a desconfiar de que há algo de podre na coisa (na condução do caso).

Aos que ficarem irritadinhos pela crítica à condução do caso no Paraná, vou ser curto e grosso: eu não acredito em "super-heróis", eu não preciso de "heróis", essa transposição popularesca (apelativa) de "heróis" de filmes pra vida real é coisa de gente estúpida. É um troço tão cretino e estúpido que chega a ser ridículo comentar, mas como gente estúpida e radical abunda neste país, então a gente é obrigado a ser curto e direto com esse comportamento messiânico e fantasioso de parte da população, comportamento causado por dificuldades em interpretar fatos, falta de firmeza no que se pensa ou "crê".

Todos esses fatos citados acima (marchas de junho, Lava-Jato, pedido de Impeachment, movimentos de ruas estimulados por TVs, locautes de caminhoneiros etc) estão interligados, ou seja, esse "caos" que essa direita tocou não foi aleatório, foi algo tramado, muito bem planejado, que deu pra visualizar muito bem após o gesto desmedido do vice-presidente da República, Michel Temer, o maçom (agora dá pra entender porque tem tanta página da maçonaria no FB apoiando golpe), articulando grupos pra apoiar o pedido de "impeachment" sem vergonha do cidadão Eduardo Cunha. A quem não assistiu (vou procurar vídeo melhor depois e coloco), esse é breve e resume bem, o ex-governador do Ceará e ex-ministro Ciro Gomes foi curto e direto sobre a tramoia, que é golpe de estado (crime), ou o famoso "golpe branco" (golpe institucional, com pretexto ordinário, ilegítimo, sem forças armadas):




Em suma, eu ia fazer um post melhor mas se esperasse mais não iria sair nada e não posso me omitir sobre o que se passa.

Acho que todo democrata de verdade (não os pseudo-democratas que se dizem "liberais" no Brasil, esses neocons que seguem gente como Olavo de Carvalho e cia), deve se posicionar com veemência contra esse golpismo que se arrasta desde 2013 (pra fixar uma data mais óbvia, e próxima dos fatos recentes). Não precisa gostar de governo "A" ou "B" ou com a política do mesmo, mas a democracia do país foi conseguida a duras penas e é um retrocesso abrir um precedente desses que não vai acabar num afastamento "paraguaio"** (explico a expressão abaixo também), que arrastaria o país pro buraco décadas a fio, tal qual o de 1964. Esse pessoal do "caos" não tem nada a perder, se eles tivessem consciência política (cívica) não estariam fazendo isso, fora os burros (a manada) que vai "na onda" (os famosos "bucha de canhão", que eles descartam quando conseguem o intento).

Não se iludam, esse pessoal é o mesmo que deu o golpe em 1964 (são herdeiros mentais dos golpistas de 1964 e antes, já que houve tentativa de golpe antes de 1964, que não deu certo graças a um general nacionalista e democrata, General Teixeira Lott). Comentei isso várias vezes nos outros posts sobre manifestações, o Eduardo Cunha e o Michel Temer só vestiram a carapuça que tanto negavam, pois muita gente não tomou uma posição firme achando que essa fanfarronice desse pessoal acabaria pelo cansaço (eu mesmo cheguei a achar isso) e não vai acabar sem dizer "basta" a eles. E por boa parte do país não costumar ter interesse em História do Brasil (um povo que desconhece sua própria História é alvo fácil de manipulação).

Não vou esperar que publicação A, B ou C, que nunca comentam a coisa sob perspectiva (o que chega a ser ridículo), como se o Brasil não tivesse relevância geopolítica alguma (o Brasil é membro dos BRICS, aquele bloco que a Rússia faz parte, a mesma Rússia encurralada pelos EUA na Ucrânia e que sofre boicote dos EUA na guerra civil na Síria), o que é uma atitude ridícula, cretinice.

Caso alguém que não tinha opinião formada, leia este post e os anteriores (irei organizar em série na tag que eu citei acima), sendo redundante (acabei escrevendo de novo porque já havia escrito o parágrafo), não precisa gostar de governo A ou B, apenas defender a democracia do país dessa rapinagem organizada com discurso "moralista" (que eu sempre chamo de "udenista") de que estão "preocupados com o país" e outras baboseiras do tipo.

Acho que a ficha caiu pra muita gente quando o "excelentíssimo" presidente da Câmara, Sr. E. Cunha, abriu o processo de Impeachment (golpe branco) pra tentar salvar a própria pele (primeiramente), mas o ato dele não é um ato "tresloucado" só pra salvar a pele, como faz parecer, é algo calculado e tramado por grupos mais fortes que ele, que o usaram e usam enquanto for possível, caso o povo não interrompa esse festival de insanidades, dizer um "basta" a esses grupos "liderados" por "Pokemons com fome" e esse "populacho medonho"* (explico a expressão depois ou abaixo, nas notas, até porque uso com frequência e é bom registrar, pois podem acabar gostando e depois eu não poderei alegar que eu usava isso).

A Time andou listando o "Pokemon subnutrido" como "gente influente", quando a Time começa a dar destaque a golpistas é sinal de que há fumaça nos EUA, a Time andou até dando destaque a Marine Le Pen (suavizando a imagem dela, extrema-direita, não vou discuti-la aqui). A Time é aquela publicação que, se eu não estiver enganado, é parte daquele grupo Time-Life que deu dinheiro pra Globo em 1964, caso Time-Life, a DW, publicação alemã, também adora dar eco a esses golpistas, nunca os chama pelo nome ou o termo "extrema-direita", na Europa sabem usar o termo, mas no Brasil é como se não houvesse "extremos políticos", caso sui generis no mundo.

Era pro país estar pensando nas festas de fim de ano, mas graças ao "murismo" (ficar em cima do muro) dos bons, que tinham alguma noção de que há algo de estranho nessa narrativa da grande mídia, vamos ter que enfrentar o problema. Comigo não há meio termo pra golpista. Caso alguém que leia se identifique politicamente com os grupos golpistas, não espere de mim cordialidade, considero vocês inimigos e como tal irei tratá-los.

Notas:

*populacho medonho: a elite usa o termo "populacho" (ralé, gentinha, Zé Povinho, escória etc) como pejorativo pra povo, "populares". Como essa claque de ódio é muito ordinária, apesar de se "acharem" o "último bastião moral do país", é um verdadeiro populacho medonho. Os termos "populacho" e "medonho" se encontram nos links (dicionário), rs. Nada mais justo chamar a suposta "elite" pelo que eles adoram chamar os outros, mesmo porque eles são medonhos mesmo (abomináveis).

**paraguaio: isso é gíria, não é relativo ao nacional (a quem nasce no Paraguai, apesar do nome). Ficarei devendo o termo no dicionário. Mas pra quem não conhece (já que muita gente de fora lê o blog e não conhece certos termos do país), o Paraguai é conhecido por vender muito contrabando, produto falsificado, então costuma-se usar o termo "paraguaio" pra designar algo chinfrim, de quinta categoria (relativo à muamba, produto falsificado). Há também outra origem pro termo que é a do "Cavalo Paraguaio". Apesar de alegarem que é um termo discriminatório ao Paraguai (que o termo estaria associado ao povo etc), o termo é mais usado por conta do aspecto da "muamba" (contrabando, mercadoria falsificada), mas devido à questão da Guerra do Paraguai, acabam enviesando o termo, que é comum nas ruas mesmo com o rótulo de "pejorativo" etc.

Prefiro deixar anotado (quando é possível) o uso de certos termos do que alguma pessoa mal intencionada atribua significados aos mesmos pra fins 'marotos'.

P.S. texto sujeito a correções (faltam vários links, serão colocados depois).

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