terça-feira, 22 de março de 2011

6 anos de prisão para Demjanjuk. Último julgamento de criminoso de guerra nazi na Alemanha

Promotores alemães pedem seis anos de prisão para acusado nazi
terça-feira 22 de março de 2011 16:59 GYT
Por Christian Kraemer

John Demjanjuk
MUNIQUE, Alemanha (Reuters) - Promotores alemães pediram nesta terça-feira seis anos de cárcere para John Demjanjuk, acusado de ajudar a matar 27.900 judeus no Holocausto, ao final do que provavelmente seja o último julgamento por crimes de guerra no país.

O promotor do Estado Hans-Joachim Lutz disse ante o tribunal de Munique, ao final do julgamento que durou 16 meses, que Demjanjuk, de 90 anos, foi "parte da maquinária nazi" e cúmplice do assassinato de judeus.

"Qualquer um com tanta culpa como esta deve ser castigado, apesar de uma idade tão avançada e inclusive 60 anos depois do crime", disse Lutz em seus argumentos finais. Os promotores podiam ter pedido uma condenação de até 15 anos.

Demjanjuk negou qualquer papel no Holocausto. Declarou que foi recrutado pelo exército soviético em 1941, e que se converteu em um prisioneiro de guerra alemão e que trabalhou em campos de prisioneiros alemães.

Os promotores acusam Demjanjuk, que esteve no topo da lista dos criminosos de guerra mais procurados do Centro Simon Wiesenthal, de ajudar nas mortes no campo de extermínio de Sobibor, onde é apontado que cerca de 250.000 judeus foram assassinados. O acusado nega haver ali trabalhado.

Sua família disse que estava demasiado frágil para se submeter a um julgamento, que começou em novembro de 2009 na cadeira de rodas e ao qual compareceu acamado.

Demjanjuk nasceu na Ucrânia e combateu no Exército Vermelho antes que os nazis o capturassem e o recrutassem como guarda do campo. Emigrou para os Estados Unidos em 1951 e se naturalizou em 1958.

Lutz disse que baseia seu pedido de seis anos de prisão pelo alto número de vítimas. Também afirmou que muitos outros prisioneiros de guerra que se converteram em guardas haviam conseguido escapar.

"O acusado poderia ter tentado escapar", disse e acrescentou que Demjanjuk participou voluntariamente e por convicção na aniquilação de judeus.

O promotor disse que quanto maior for o crime, maior era a necessidade de se evitá-lo se tentar escapar fosse arriscado.

Demjanjuk foi sentenciado à morte em Israel en 1988 depois de que os sobreviventes do Holocausto disseram que era o célebre guarda apeliado de "Ivan o terrível" no campo de Treblinka, onde morreram 870.000 pessoas.

O Supremo Tribunal de Israel anulou depois a condenação quando novas provas demonstraram que outro homem foi provavelmente o guarda de Treblinka.

(Reportagem de Christian Kraemer; Traduzido para o espanhol por Raquel Castillo na Redação de Madrid)

Fonte: Reuters (América Latina)
http://lta.reuters.com/article/worldNews/idLTASIE72L15720110322
http://lta.reuters.com/article/worldNews/idLTASIE72L15720110322?pageNumber=2&virtualBrandChannel=0
Tradução: Roberto Lucena

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