Mostrando postagens com marcador criminoso de guerra. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador criminoso de guerra. Mostrar todas as postagens

sexta-feira, 20 de junho de 2014

Conversas com o carrasco: Franz Stangl, comandante de Treblinka (livro de Gitta Sereny)

Franz Stangl
Poucos foram os responsáveis dos campos de extermínio e concentração alemães que tiveram que responder por seus atos ante tribunais posteriormente com o fim da Segunda Guerra Mundial. A maioria deles havia morrido ou havia se suicidado para evitar a responsabilidade judicial e moral pelo ocorrido. Foi o caso do primeiro escalão de figuras do regime nazi (Hitler, Himmler, Göring...). Foi no segundo escalão de autoridades alemãs onde a justiça dos aliados pode se exercer durante os chamados Julgamentos de Nuremberg. O caso mais destacado, que já tratamos, foi o de Rudolf Höss, comandante de Auschwitz, executado em 1947. Nos anos 60 dois casos de responsáveis foragidos, e refugiados na América do Sul, voltou a atrair a atenção da opinião pública perante o tema das responsabilidades graças a sua prisão e julgamento.

O primeiro foi o de Adolf Eichmann, sequestrado na Argentina por um comando dos serviços de inteligência israelense e condenado a morte em Israel em 1962. O caso atraiu a maioria dos jornalistas, entre eles Hannah Arendt a quem escreveria um memorável livro convertido em "guia" para tratar de compreender a natureza do mal que se aloja nos responsáveis do extermínio de milhões de pessoas nos campos de concentração. O segundo caso, o que nos ocupa aqui, foi o de de Franz Stangl, comandante de Treblinka, cuja detenção no Brasil, depois de ter residido um tempo em Damasco, ocorreu em 1967, sendo extraditado para Alemanha. O caso de Stangl se converteu na Alemanha no equivalente midiático do caso Eichmann em Israel.

Durante o período de detenção de Stangl, uma jornalista, Gitta Sereny, teve acesso ao prisioneiro, realizando uma série de entrevistas que serviram de base para a elaboração deste livro. Sereny, nascida na Europa central em 1929 havia colaborado com a resistência francesa, trabalhado em campos de refugiados e colaborado com a ONU na ajuda a crianças refugiadas. Sua vinculação com Stangl - a própria autora explica no prefácio -, surgiu como consequência do fato do interesse pelo qual o tema despertou nos anos 60 entre a população na Alemanha e no resto do mundo, (e sobretudo nas novas gerações que não haviam vivido a guerra diretamente), plantava problemas de difícil resolução: "O que em certo modo segue sendo incompreensível para eles é, como isto pode ocorrer? Como homens podem cometer os atos que cometeram? Como puderam as vítimas "se deixar" maltratar? E como pode o resto do mundo deixar conscientemente que aquilo ocorresse?" (Gitta Sereny, "Desde aquella oscuridad", "Into That Darkness: An Examination of Conscience" pag. 18).

Essas eram as mesmas perguntas que ela carregava desde a guerra: como eram realmente os criminosos responsáveis pelo genocídio e extermínio de milhões de pessoas? Sob essa necessidade de conhecer a natureza do mal existiam já poucas possibilidades de encontrar a um responsável de mais alta patente que Stangl: "Antes que fosse tarde demais, eu pensava, era essencial penetrar na personalidade de ao menos uma das pessoas vinculadas intimamente neste Mal absoluto." (pág. 12). Tinha que conhecer sua vida cotidiana, sua infância, sua família, tudo o que servisse para discernir "até que ponto o mal nos seres humanos é fruto de seus genes e até que ponto é fruto de sua sociedade e seu entorno" (pág. 12). Era evidente para a autora o perigo da justificação que poderia surgir de uma tarefa assim: haver do carrasco uma vítima do sistema, da sociedade.

Stangl havia tentado a princípio aproveitar sua entrevista inicial para dar corda para as típicas justificativas que tantas vezes havia se utilizado: de que as ordens vinham de cima, que ele só obedecia, que eram situações lamentáveis e produto da guerra... Sereny incutiu em Stangl a necessidade de ir mais além dessas palavras vazias ("Eu não desejava discutir a bondade ou maldade de tudo isso", pág. 30), o que se propôs é se aprofundar em sua realidade, em sua psicologia e em sua vida para "encontrar uma certa verdade entre ambos, uma nova verdade que contribuísse para a compreensão de coisas que até então não havia se compreendido" (pág. 31). Sob essa perspectiva, o livro de Sereny se inicia com o relato da infância de Stangl sob a férrea disciplina de um pai oficial do exército austro-húngaro, seus hobbies - tocar cítara - ou seu início na polícia austríaca - incluindo o episódio no qual ele mereceu uma condecoração por acabar com um grupelho nazi no período anterior ao Anschluss, o que também lhe criou mais de uma preocupação posterior -. Seu casamento é um ponto-chave em sua biografia, pois Sereny nos mostra um homem que "mais além daquilo que havia se convertido, era capaz de amar" (pág. 55). Junto aos conflitos morais que padeceu Stangl devido à moral católica inculcada por sua mãe, seus principais problemas surgiram sempre ao tratar de distanciar sua esposa, fervorosa católica, do que era a realidade de ser comandante de um campo de extermínio. Precisamente Sereny segue sua investigação depois da morte de Franz Stangl, com entrevistas com sua viúva no Brasil e a outras testemunhas sobreviventes dos campos. O resultado é o retrato de um homem devorado pela ambição, superado por suas obrigações, mas em todo momento consciente da realidade criminosa na qual estava implicado: o programa de eutanásia e os campos de extermínio de Sobibor e Treblinka. Não há dúvida de que sua experiência na polícia austríaca lhe foi útil para seu trabalho de extermínio, mas também para ser consciente da diferença entre o bem e o mal, o que lhe leva a um certo reconhecimento de sua culpa: "Deveria ter morrido. Essa foi minha culpa". (pag. 548).

O livro, em definitivo, trata de mostrar a verdadeira natureza daqueles criminosos do Estado nacional-socialista, que longe de serem "monstros", podiam passar por pessoas normais, pais de família, profissionais competentes, cujo aspecto mais obscuro só era possível tornar evidente ao concluir o conflito bélico e serem julgados. Sereny conclui que "um monstro moral não nasce" (pág. 551) senão que a essência da pessoa se constrói a partir de um núcleo que "é profundamente vulnerável e dependente de certo clima de vida" (pág. 552). Mas além da natureza do mal, a autora aprofunda outros temas também destacados na introdução: como pode ser que o resto do mundo não reagisse? Neste sentido Sereny indaga na implicação da Igreja Católica na ocultação de criminosos nazistas durante os primeiros meses do pós-guerra, assim como no silêncio durante a guerra.

Definitivamente, "Desde aquella oscuridad", é uma obra imprescindível para se aproximar da responsabilidade moral do indivíduo e da coletividade, nos processos de crimes em massa, conhecer até que ponto o indivíduo atua de acordo com sua liberdade de decisão, ou é prisioneiro de um compromisso, ainda que seja criminoso, com a sociedade que o rodeia e o influencia.

PARA CONSULTAR AS TAGS DESTA OBRA: DESDE AQUELLA OSCURIDAD

Título do livro em espanhol: Gitta Sereny, Desde aquella oscuridad. Conversaciones con el verdugo: Franz Stangl, comandante de Treblinka, Edhasa, 2009.

Fonte: extraído do blog El Viento en la Noche (Espanha)
http://universoconcentracionario.wordpress.com/libro-del-mes-recensiones/gitta-sereny-desde-aquella-oscuridad/
Título original: Gitta Sereny: Desde aquella oscuridad (título em inglês: Into That Darkness: An Examination of Conscience)
Tradução: Roberto Lucena

Observação: ler no final deste post uma opinião sobre Hannah Arendt e essa ideia de "banalidade do mal". Há quem concorde com a ideia, tanto que é repetida ou citada por muita gente, mas em geral (pelo que já vi), repetem a coisa sem refletir o significado da ideia, que acho meio torta (opinião pessoal).

Não sou muito simpático a "ideia" que a Hannad Arendt elaborou sobre a ação desses nazistas, há uma ação consciente, lógica, fria, mecânica (é isso que pode assustar muita gente) de como operam o extermínio conduzidos por crenças racistas profundas ais quais se guiam e/ou absorvem. Também não gosto desses "psicologismos" para entender que alguém que quer matar, mata, sem precisar "fazer" essas reflexões "profundas" sobre moral ou conduta. Acho até tolice esse tipo de indagação, por isso que estou fazendo esse comentário à parte do texto acima.

Alguém com uma moral não muito sólida (torta), se encontrar facilidades (ou um meio que propicie isso e que não ache "nada demais" certos atos criminosos extremos como: matar) para praticar atos que sejam moralmente condenáveis, cometerá. Na verdade esses "psicologismos" mais ajudam a criar 'nuvens' moralistas sobre a questão do genocídio do que ajudam a explicar e entender o problema.

Prum nazista que achava que judeus não eram gente ou não tinham importância alguma, não seria um problema de consciência, ou moral, matar judeus (ou no caso: "se livrar" deles), mesmo que pudessem depois refletir sobre os atos que cometeram e "cair em si" (ou não). Se eles continuaram a crer que judeus não valiam nada e que fizeram o que achavam que era pra ser feito, então não se arrependeram de coisa alguma.

Também não me convence o que ela descreve como 'consciência de culpa' dele sobre os atos que cometera, se ele tivesse isso não haveria fugido pra ficar impune, é incoerente o que ele afirma com sua própria conduta no pós-guerra. Por isso que, como disse acima, odeio esses "psicologismos".

E uma observação dentro da observação, em virtude de aparecer muita gente religiosa "entusiasmada" com esses assuntos só por conta de "crença religiosa", só que não compartilho dessa visão de mundo deles ou de como eles interpretam essas questões. Há um problema nisso: essas pessoas em geral tentam impôr a forma de "pensar" não respeitando que outras pessoas não concordem com essa visão religiosa, e isso gera conflitos e atritos. Curiosamente os "revis" fazem esse tipo de "acusação" quando no fundo os religiosos são eles. Não a toa que tem aparecido sistematicamente matérias sobre intolerância religiosa no país que podem descambar, invariavelmente, prum conflito maior. Não estou nem um pouco propenso a ser tolerante com esse tipo de postura de fanatismo religioso, pois há uma certa tendência de grupos religiosos circularem em torno de assuntos relacionados a judeus e Israel, a meu ver de forma equivocada, só que o assunto nazismo e segunda guerra não se restringe à questão judaica, apesar da relevância do antissemitismo no racismo nazista e das chacinas citadas. Nazismo é um tipo de fascismo ou de extremismo de direita, essas pessoas tratam o nazismo achando que os outros fascismos e regimes de exceção de direita (o Brasil teve dois) são coisas "toleráveis" ou aceitáveis, algo que além de ser equivocado, é uma forma distorcida de entender esses assuntos.

Mas voltando ao assunto anterior, não sei se é porque a gente acaba de certa forma não se 'assustando' mais com a monstruosidade dos nazistas (não se assustar é diferente de concordar, mesmo não se assustando o tamanho da barbárie nazi continua monstruosa) que acaba se aborrecendo fácil com as famosas indagações de "como isso foi possível", e ficando um pouco intolerante com esse tipo de "pergunta".

Mas há também um problema de como esse assunto continua sendo abordado por alguns seguimentos como se o mundo atual fosse o mesmo de 50 anos atrás, e isso provoca inevitavelmente problemas pois coloca o evento da segunda guerra como algo à parte do que se passa no mundo atualmente ou desconectado de outras questões.

Como isso foi possível? É só ver os neonazis chegando ao poder na Ucrânia atualmente, ou os fascistas sendo os mais votados na França pro parlamento europeu, ou os massacres no Iraque, a invasão do Iraque etc. Como é constatável, um monte de coisas têm sido possíveis contra a vontade de A, B ou C, então é algo meio banal a tal pergunta "como foi possível".

De qualquer forma, esse registro é um documento importante dos relatos do carrasco de Treblinka.

segunda-feira, 31 de março de 2014

A aventura de Josef Mengele na América do Sul (filme)

No terceiro e penúltimo dia da Mostra de Cinema Judaico (29/03), o argentino Wakolda ("O Médico Alemão"), de Lucia Puenzo, é um dos pontos altos. O filme, que passou pela A Certain Regard do Festival de Cannes em 2012, mostra as experiências desenvolvidas por um estranho médico na Patagônia nos anos 60.

O filme remete a um contexto histórico muito familiar aos sul-americanos: o refúgio de nazis foragidos dos aliados após o fim da 2ª Guerra Mundial. Alguns, como Adolf Eichmann, não tiveram sorte e, no caso deste ex-administrador de Auschwitz, foi sequestrado em plena Buenos Aires pela Mossad e executado em Israel. Já o sinistro Mengele deu-se melhor: acusado de experiências abomináveis com seres humanos durante a guerra, acabou por conseguir fugir sempre e terminou seus dias a viver pacificamente no litoral do Brasil, onde viria a morrer afogado em 1979.

A Wakolda do título original é uma menina que tem um problema: é muito mais pequena do que todas as outras pré-adolescentes da sua idade. Após infiltrar-se no seio da família dela, um misterioso médico vai tentando convencê-los a deixar submete-la a um método supostamente científico para ajudá-la a crescer.

A exibição do filme é precedida pela singular curta-metragem da Bielorrússia Shoes, que em poucos minutos, sem diálogos e sem mostrar rostos, filmando apenas os pés e as pernas dos "personagens", recria uma tragédia da 2ª Guerra.

Outro destaque na programação deste sábado é o documentário Os Judeus e o Dinheiro – Investigação de um Mito, que será seguido de um debate. Partindo de um homicídio que chocou a França em 2006, quando foi encontrado o cadáver de um jovem que havia sido sequestrado e torturado brutalmente durante vários dias, o realizador Lewis Cohen vai investigar um dos mais duradouros mitos relacionados com os judeus – a sua riqueza.


Ligando presente e passado, Cohen evita a superficialidade dos telejornais e dá ao crime, aparentemente cometido contra aquele jovem porque pensavam que ele, por ser judeu, "tinha dinheiro" (na verdade era o proprietário de uma pequena loja de telemóveis*), uma dimensão diferente. Para isso mergulha no passado para encontrar a origem deste mito – contando para isso com comentários de Jacques Le Goff, um dos maiores medievalistas de sempre, além de outros historiadores.

Já O Casamenteiro, de Avi Nesher, que teve no ano passado o seu trabalho mais recente exibido em Portugal, The Wonders, foi um grande sucesso em Israel, enquanto o alemão Os Vivos e os Mortos traz uma jovem em peregrinação por vários países em busca da sua identidade – o que a vai levar até a 2ª Guerra Mundial e o holocausto.

Fora do âmbito do cinema, a Judaica terá uma homenagem a Jan Karski, que contará com a presença do embaixador da Polônia. Karski foi um judeu polaco que durante a 2ª Guerra teve como missão de um grupo de resistência aos nazis um périplo por diversos países para alertar seus governos de que o holocausto estava a acontecer na Alemanha.

Fonte: c7nema.net (site)
http://www.c7nema.net/artigos/item/41263-judaica-a-aventura-de-josef-mengele-na-america-do-sul.html

*telemóvel: é como chamam telefone celular em Portugal

Observação: coloquei mais este texto por conta da citação do documentário do Lewis Cohen "Os judeus e o dinheiro" que desconhecia até ler o texto acima. Gosto de documentários que abordam a origem dos preconceitos mostrando como se formam os estereótipos e o que há de "verdades" nos mesmos, o rapaz morto era um vendedor de celular na França e foi sequestrado e morto porque a gangue que o fez achava que ele seria rico por ser judeu, seguindo à risca um estereótipo sem nem se questionarem que o mesmo poderia ser falso.

Esse tipo de documentário também geraria uma discussão de como combater o preconceito, via repressão simplesmente, como muitos defendem ignorando que não se desacredita uma ideia errada simplesmente por caneta, ou se desconstruindo o preconceito mostrando as falácias e erros neste tipo de discurso, que é o que eu acho que funciona de fato embora no país o combate a preconceitos praticamente inexiste como prática do Estado brasileiro, unidades da federação e instituições, principalmente Universidades.

Ver mais:
Resenha Crítica: "Os Judeus e o Dinheiro" (Jews & Money)
Os Judeus e o Dinheiro: Investigação de um Mito

quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

Cruz Vermelha e Vaticano ajudaram milhares de nazis a escapar

Pesquisa mostra como documentos de viagem ended up in hands of the likes of Adolf Eichmann, Josef Mengele e Klaus Barbie no caos do pós-guerra

Dalya Alberge

Oficiais da SS los Auschwitz los 1944. A partir da esquerda: Richard Baer, ​​que se tornou o comandante de Auschwitz, em maio de 1944, Josef Mengele, comandante de Birkenau, Josef Kramer, escondido, e o ex-comandante de Auschwitz Rudolf Höss, em primeiro plano, o homem da direita não é identificado. Foto: AP

Ambos, Cruz Vermelha e o Vaticano, ajudaram milhares de criminosos de guerra e colaboradores a escaparem depois da segunda guerra mundial, de acordo com o livro que reúne provas de documentos não publicados.

A Cruz Vermelha já admitiu antes o conhecimento de que seus esforços para ajudar os refugiados foram usados ​​por nazistas porque os administradores estavam sobrecarregados, mas a pesquisa sugere que os números são muito maiores do que se pensava.

Gerald Steinacher, um pesquisador da Universidade de Harvard, teve acesso a milhares de documentos internos dos arquivos do Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV). Os documentos incluem documentos de viagem emitidos pela Cruz Vermelha erroneamente aos nazistas no caos do pós-guerra.

Eles lançam luz sobre como e por que os assassinos genocidas, como Adolf Eichmann, Josef Mengele e Klaus Barbie e milhares de outros, evitaram ser capturados pelos aliados.

Ao comparar as listas de criminosos de guerra procurados com documentos de viagem, Steinacher diz que a Grã-Bretanha e Canadá sozinhos inadvertidamente deixaram passar cerca de 8.000 ex-membros das Waffen-SS em 1947, muitos com base em documentos válidos emitidos por engano.

Os documentos - que são discutidos no livro de Steinacher "Nazistas em Fuga: Como os capangas de Hitler fugiram da justiça" (Nazis on the Run: How Hitler's henchmen fled justice) - oferecem um panorama significativo do pensamento do Vaticano, particularmente, porque seus próprios arquivos de depois de 1939 ainda estão fechados. O Vaticano sempre se recusou a comentar.

Steinacher acredita que a ajuda do Vaticano era baseado em uma esperança de reviver um cristianismo europeu e no pavor à União Soviética. Mas, através da Comissão de Refugiados do Vaticano, criminosos de guerra conscientemente conhecidos conseguiam identidades falsas.

A Cruz Vermelha, sobrecarregada por milhões de refugiados, contou substancialmente das referências do Vaticano e nas frequentes e apressadas checagens militares dos Aliados na emissão de documentos de viagem, conhecidos como 10.100s.

Acreditava-se primeiramente na ajuda a refugiados inocentes, embora a correspondência entre delegações da Cruz Vermelha em Génova, Roma e Genebra mostrasse que estavam cientes que nazistas estavam passando.

"Embora o CICV tenha pedido desculpas publicamente, a sua ação foi bem além de ajudar algumas pessoas", disse Steinacher.

Steinacher diz que os documentos indicam que a Cruz Vermelha, principalmente em Roma ou Génova, emitiram pelo menos 120.000 dos 10.100s, e que 90% dos ex-nazistas fugiram através da Itália, principalmente para Espanha, América do Norte e América do Sul - especialmente para a Argentina.

Ex-membros da SS, muitas vezes misturados com refugiados genuínos, apresentaram-se como apátridas alemães étnicos para ganhar papéis de trânsito. Judeus tentando chegar à Palestina através da Itália às vezes eram contrabandeados pela fronteira com nazistas em fuga.

Steinacher diz que delegações individuais da Cruz Vermelha emitiram 10.100s para criminosos de guerra "por simpatia com os indivíduos ... atitude política, ou simplesmente porque estavam sobrecarregadas". Documentos roubados também foram usados ​​para atravessar os nazistas com segurança. Ele disse: "Eles eram realmente um dilema. Era difícil. Ela queria se livrar do trabalho. Que ninguém queria fazê-lo...."

A Cruz Vermelha se recusou a comentar diretamente as conclusões de Steinacher, mas a organização diz em seu site: "O CICV já lamentou o fato de que Eichmann e outros criminosos nazistas utilizaram de forma maliciosa seus documentos de viagem para cobrir seus rastros."

The Guardian, quarta-feira, 25 de maio de 2011 15.31 BST

Fonte: The Guardian
http://www.guardian.co.uk/world/2011/may/25/nazis-escaped-on-red-cross-documents
Tradução: Roberto Lucena

terça-feira, 22 de março de 2011

6 anos de prisão para Demjanjuk. Último julgamento de criminoso de guerra nazi na Alemanha

Promotores alemães pedem seis anos de prisão para acusado nazi
terça-feira 22 de março de 2011 16:59 GYT
Por Christian Kraemer

John Demjanjuk
MUNIQUE, Alemanha (Reuters) - Promotores alemães pediram nesta terça-feira seis anos de cárcere para John Demjanjuk, acusado de ajudar a matar 27.900 judeus no Holocausto, ao final do que provavelmente seja o último julgamento por crimes de guerra no país.

O promotor do Estado Hans-Joachim Lutz disse ante o tribunal de Munique, ao final do julgamento que durou 16 meses, que Demjanjuk, de 90 anos, foi "parte da maquinária nazi" e cúmplice do assassinato de judeus.

"Qualquer um com tanta culpa como esta deve ser castigado, apesar de uma idade tão avançada e inclusive 60 anos depois do crime", disse Lutz em seus argumentos finais. Os promotores podiam ter pedido uma condenação de até 15 anos.

Demjanjuk negou qualquer papel no Holocausto. Declarou que foi recrutado pelo exército soviético em 1941, e que se converteu em um prisioneiro de guerra alemão e que trabalhou em campos de prisioneiros alemães.

Os promotores acusam Demjanjuk, que esteve no topo da lista dos criminosos de guerra mais procurados do Centro Simon Wiesenthal, de ajudar nas mortes no campo de extermínio de Sobibor, onde é apontado que cerca de 250.000 judeus foram assassinados. O acusado nega haver ali trabalhado.

Sua família disse que estava demasiado frágil para se submeter a um julgamento, que começou em novembro de 2009 na cadeira de rodas e ao qual compareceu acamado.

Demjanjuk nasceu na Ucrânia e combateu no Exército Vermelho antes que os nazis o capturassem e o recrutassem como guarda do campo. Emigrou para os Estados Unidos em 1951 e se naturalizou em 1958.

Lutz disse que baseia seu pedido de seis anos de prisão pelo alto número de vítimas. Também afirmou que muitos outros prisioneiros de guerra que se converteram em guardas haviam conseguido escapar.

"O acusado poderia ter tentado escapar", disse e acrescentou que Demjanjuk participou voluntariamente e por convicção na aniquilação de judeus.

O promotor disse que quanto maior for o crime, maior era a necessidade de se evitá-lo se tentar escapar fosse arriscado.

Demjanjuk foi sentenciado à morte em Israel en 1988 depois de que os sobreviventes do Holocausto disseram que era o célebre guarda apeliado de "Ivan o terrível" no campo de Treblinka, onde morreram 870.000 pessoas.

O Supremo Tribunal de Israel anulou depois a condenação quando novas provas demonstraram que outro homem foi provavelmente o guarda de Treblinka.

(Reportagem de Christian Kraemer; Traduzido para o espanhol por Raquel Castillo na Redação de Madrid)

Fonte: Reuters (América Latina)
http://lta.reuters.com/article/worldNews/idLTASIE72L15720110322
http://lta.reuters.com/article/worldNews/idLTASIE72L15720110322?pageNumber=2&virtualBrandChannel=0
Tradução: Roberto Lucena

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Alemanha abre processo contra ex-criminoso nazista

BERLIM — A Promotoria alemã informou nesta quarta-feira que iniciou um processo contra o ex-guardião de um campo de extermínio nazista de 90 anos, acusado de participar do assassinato de 430.000 judeus durante a Segunda Guerra Mundial.

Samuel Kunz, que reconheceu ter trabalhado no campo de extermínio de Belzec, situado na Polônia sob ocupação alemã, entre 1942 e 1943, foi informado na semana passada das acusações contra ele, informou à AFP um porta-voz da Procuradoria da cidade de Dortmund (oeste).

Kunz também é acusado da morte de outros dez judeus em dois incidentes diferentes, que também ocorreram em Belzec, indicou o porta-voz, Christoph Goeke.

Kunz negou envolvimento nos assassinatos.

Depois dos julgamentos de Nuremberg depois da guerra, quando os principais líderes nazistas foram condenados à morte, as autoridades alemãs examinaram mais de 25.000 casos, mas a imensa maioria não gerou processos.

Fonte: AFP
http://www.google.com/hostednews/afp/article/ALeqM5gAS6QIwqs4n9dJG51b7mFHPWnRaw

Matérias:
Testemunha no julgamento de Demjanjuk acusada de cumplicidade na morte de 430 mil judeus (Lusa, Portugal)
German Nazi suspect charged over 430,000 deaths (BBC)

sábado, 21 de junho de 2008

Criminoso de guerra nazista é visto passeando em cidade da Áustria

VIENA - Em Klagenfurt, uma das quatro cidades austríacas em que estão sendo disputados os jogos da Eurocopa, vive tranqüilamente o número 4 da lista de criminosos de guerra nazistas procurados internacionalmente.

Milivoj Asner, de 95 anos, natural da Croácia, foi encontrado pelo tablóide britânico The Sun que publicou fotos suas passeando pelas ruas do centro de Klagenfurt em companhia da mulher.

Asner, que foi o chefe da polícia secreta nazista em seu país de origem, é acusado de ter deportado centenas de judeus, ciganos e sérvios para os campos de concentração e possui um mandado de prisão internacional.

As fotos publicadas nesta segunda-feira com grande destaque pelo The Sun mostram Asner caminhando tranqüilamente pelas ruas de Klagenfurt. Durante o passeio ao lado da mulher, Asner foi totalmente ignorado pelas centenas de policiais de rua, mesmo os habitantes da cidade conhecendo bem sua identidade real e os crimes atrozes por ele cometidos.

Há anos a Croácia pede sua extradição. No entanto, Viena sustenta que Asner não está em condições de ser interrogado ou processado.

Segundo o Wiesenthal Center, organização judaica que há mais de 30 anos luta contra o anti-semitismo e se empenha em levar à justiça os chefes nazistas sobreviventes, a Áustria representa o paraíso dos criminosos de guerra.

- Temos a intenção de reportar este fato ao ministro da Justiça austríaco. Se este homem é capaz de passear e degustar vinho nos bares, será capaz também de suportar um processo - afirmou ao The Sun o diretor da agência, Efraim Zuroff.

Fonte: Agência ANSA/JB Online(16.06.2008) http://jbonline.terra.com.br/extra/2008/06/16/e16065710.html
Foto(site da Interpol): Milivoj Asner
Ver também: Daily Mail - Criminosos de guerra nazi
http://www.dailymail.co.uk/news/article-496729/Last-Nazi-war-criminals-warned-Were-you.html
The Sun - Criminosos de guerra nazi
http://www.thesun.co.uk/sol/homepage/news/article521322.ece

LinkWithin

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...