quinta-feira, 29 de outubro de 2015

Portugal e a Guerra Civil Espanhola

O envolvimento direto de Salazar (e da ditadura de que foi o máximo expoente) ‬no golpe militar de‭ ‬17‭ ‬de Julho de‭ ‬1936‭ ‬contra a IIª República espanhola tem sido minimizado pela historiografia oficial,‭ ‬alegadamente por falta de provas documentais.‭ ‬Contudo,‭ ‬uma análise dos fatos conhecidos,‭ ‬refrescados pela divulgação recente das reuniões mantidas pelo ditador,‭ ‬no próprio dia do golpe,‭ ‬às‭ ‬22:45,‭ ‬com Ricardo Espírito Santo,‭ ‬presidente do BES,‭ ‬o banco que desempenharia um papel fundamental no financiamento da sublevação fascista,‭ ‬e,‭ ‬no dia seguinte,‭ ‬18‭ ‬de Julho,‭ ‬com o chefe dos conspiradores,‭ ‬exilado em Portugal,‭ ‬General Sanjurjo,‭ ‬tornam evidente esta implicação.

A proclamação da IIª República espanhola em Abril de‭ ‬1931,‭ ‬que pôs fim à monarquia depois da ditadura de Primo de Rivera,‭ ‬surpreende a Ditadura Nacional nas tarefas de controlo da‭ “‬Revolta da Madeira‭”‬.‭ ‬Os republicanos portugueses exilados das revoltas que se tinham sucedido no nosso país depois do golpe militar de‭ ‬28‭ ‬de Maio de‭ ‬1926,‭ ‬até ali refugiados em Espanha e França,‭ ‬passaram a contar com o apoio dos novos governantes espanhóis na luta contra o regime ditatorial português.‭ ‬Conscientes do perigo que representava a nova situação para o seu futuro,‭ ‬os responsáveis pela ditadura portuguesa puseram em marcha uma campanha avivando o anti-espanholismo na opinião pública portuguesa‭ 1.

Esta campanha essencialmente propagandística,‭ ‬levada a cabo pela generalidade dos jornais e rádios portugueses,‭ ‬viria a conhecer um interregno,‭ ‬depois da vitória da coligação de direita de Gil Robles e Alejandro Lerroux nas eleições espanholas de‭ ‬1933,‭ ‬de que resultaria,‭ ‬inclusive,‭ ‬o reconhecimento oficial da IIª República por parte de Portugal,‭ ‬mas viria a ser retomada com mais afinco quando,‭ ‬em Fevereiro de‭ ‬1936,‭ ‬a Frente Popular,‭ ‬coligação de forças de esquerda e independentistas,‭ ‬ganhou as eleições legislativas no Estado espanhol.‭ ‬Desta vez,‭ ‬ao contrário das eleições de‭ ‬1933,‭ ‬os anarquistas e anarco-sindicalistas organizados na FAI,‭ ‬Federação Anarquista Ibérica,‭ ‬e na CNT,‭ ‬Confederação Nacional do Trabalho,‭ ‬não deram indicação abstencionista.‭

Esta vitória eleitoral abriu as portas ao desencadear de um processo pré-revolucionário raramente referenciado quando se fala da Guerra Civil espanhola.‭ ‬Os eleitores que tinham levado a esquerda‭ ‬ao poder‭ ‬já não eram os mesmos que a tinham votado em‭ ‬1931.‭ ‬Algo tinha mudado,‭ ‬tinham mais experiência.‭ ‬Não esperaram que o novo governo decretasse uma anistia,‭ ‬passaram à ação e,‭ ‬de imediato,‭ ‬abriram as portas das cadeias a oitenta mil presos,‭ ‬grande parte deles recluídos na sequência da repressão à greve geral revolucionária de‭ ‬1934.‭ ‬Os camponeses não esperaram o reinício do debate da reforma agrária,‭ ‬lançaram-se a ocupar as terras.‭ ‬Durante o mês de Março,‭ ‬noventa mil camponeses da Extremadura,‭ ‬Andaluzia e La Mancha ocuparam latifúndios,‭ ‬passando a trabalhar a terra em comunidade.‭ ‬Assim se iniciava uma revolução pacífica,‭ ‬potenciada pela generalização das coletivizações da terra,‭ ‬minas,‭ ‬indústria,‭ ‬transportes e alguns serviços básicos após o fracasso do golpe militar fascista em Julho de‭ ‬1936,‭ ‬que manteria rasgos revolucionários durante o primeiro ano da Guerra Civil‭ 2.

A partir de Fevereiro de‭ ‬1936,‭ ‬em paralelo com a campanha de propaganda,‭ ‬Salazar passou a apoiar e‭ ‬a colaborar com opositores espanhóis na preparação de um golpe militar‭ “‬para o derrube do regime republicano espanhol e de defesa da sua ditadura‭” 3.‭ ‬No Estoril,‭ ‬encontrava-se exilado,‭ ‬depois de um pronunciamento militar fracassado em Agosto de‭ ‬1932,‭ ‬do qual fora indultado pelo governo republicano no ano seguinte,‭ ‬o seu mentor,‭ ‬General Sanjurjo Sacanell,‭ ‬coordenador de um grupo de militares,‭ ‬onde‭ ‬se‭ ‬destacavam os Generais Emilio Mola,‭ ‬planificador do golpe e chefe das operações no Norte de Espanha,‭ ‬e Francisco Franco que,‭ ‬à cabeça do exército de África primeiro e como‭ “‬caudilho‭” ‬depois,‭ ‬desempenhou o papel central nos acontecimentos‭ 4.

19 de Julho de 1936 em Barcelona e Madrid a ação
dos revolucionários civis faz fracassar o golpe fascista.
A‭ ‬17‭ de Julho de‭ ‬1936,‭ ‬Mola pôs em marcha o plano do golpe,‭ ‬que fracassou em Madrid,‭ ‬Valência,‭ ‬Catalunha e País Basco,‭ ‬graças à resistência do movimento revolucionário espanhol‭ ‬-‭ ‬nomeadamente aos membros da CNT-FAI e da UGT,‭ ‬que ocuparam as ruas e cercaram os quartéis afetos ao golpe‭ ‬-‭ ‬e dos militares que se mantiveram fiéis à República.‭ ‬A sublevação teve apenas êxito na Galiza,‭ ‬Castilha e Leão,‭ ‬Aragão,‭ ‬Navarra,‭ ‬Maiorca e Sevilha.‭ ‬Foi neste cenário que se iniciou a Guerra Civil,‭ ‬cujos combates continuaram até à derrota das forças republicanas e revolucionárias‭ ‬a‭ ‬1‭ ‬de Abril de‭ ‬1939,‭ ‬prolongando-se na forma de guerrilha até aos anos sessenta e cujas sequelas se mantêm vivas nos dias de hoje.

O conflito em Espanha desencadeou-se num momento crucial de consolidação da ditadura instalada dez anos antes em Portugal,‭ ‬que conhecera a última de uma série de revoltas havia pouco mais de dois anos,‭ ‬em‭ ‬18‭ ‬de Janeiro de‭ ‬1934,‭ ‬e do seu desfecho dependia a sobrevivência do Estado Novo.‭ ‬Não surpreende por isso a intervenção salazarista a favor dos militares fascistas sublevados nos primeiros meses de guerra,‭ ‬durante os quais o Governo de Lisboa mantinha relações formais com o Governo da República espanhola ao mesmo tempo que equipava,‭ ‬financiava alimentava e defendia nos fóruns internacionais os militares que o tentavam derrubar.‭ ‬Surpreendente é o facto destas atividades terem sido realizadas como se de actos clandestinos se tratasse,‭ ‬ao ponto de delas praticamente não se encontrarem provas documentais.‭

Apoio Financeiro

Desta‭ ‬dificuldade faz‭ ‬eco José Ángel Sánchez Asiain,‭ ‬autor de uma volumosa obra sobre o financiamento da Guerra Civil espanhola,‭ ‬onde dedica um capítulo ao papel de Portugal na sublevação de‭ ‬18‭ ‬de Julho de‭ ‬1936,‭ “‬indiscutivelmente houve ajudas financeiras à sublevação a partir de Portugal.‭ ‬Foram facilitadas nas primeiras semanas da guerra,‭ ‬quando o financiamento era muito escasso.‭ ‬Desgraçadamente,‭ ‬se em geral as ajudas financeiras são difíceis de documentar,‭ ‬no caso português,‭ ‬com exceção dos seus créditos bancários,‭ ‬são-no muitíssimo mais,‭ ‬muito pouco transpareceu,‭ ‬especialmente numa das suas mais importantes‭ ‬rubricas,‭ ‬que sem dúvida teve que ser o coletivo dos grandes empresários‭” 5.‭

Salazar e Ricardo Espirito Santo
(Avô do atual Ricardo Salgado)
Sánchez Asiain,‭ ‬professor universitário,‭ ‬economista e banqueiro,‭ ‬foi durante mais de vinte anos presidente do conselho de administração do Banco de Bilbao,‭ ‬cargo que lhe terá facilitado algumas das suas investigações.‭ ‬Segundo ele,‭ ‬depois de iniciada a sublevação,‭ “‬Salazar dirigiu-se aos banqueiros e aos grandes empresários portugueses para lhes explicar a necessidade e urgência de ajudar os militares que se tinham levantado em armas contra a República‭”‬,‭ ‬argumentando‭ ‬que,‭ ‬com‭ “‬a extensão da revolução e a anarquia com que ali se atuava,‭ ‬os projetos econômicos e sociais que a Frente Popular estava a dinamizar,‭ ‬terminariam por estender-se a Portugal se a sublevação não triunfasse em Espanha‭”‬.‭ ‬Este autor informa não ter conseguido documentar do ponto de vista formal,‭ ‬até ao momento,‭ ‬a existência de tal convocatória,‭ ‬baseando esta informação na‭ “‬tradição oral,‭ ‬apoiada na mais absoluta lógica‭”‬,‭ ‬mas não tem nenhuma dúvida em afirmar que Salazar estava em permanente contacto com‭ “‬os conspiradores‭” ‬e os banqueiros:‭ “‬No próprio‭ ‬17‭ ‬de Julho de‭ ‬1936,‭ ‬à estranha hora das‭ ‬22:45,‭ ‬recebeu o presidente do Banco Espírito Santo,‭ ‬Ricardo Espírito Santo,‭ ‬e no dia seguinte,‭ ‬18‭ ‬de Julho,‭ ‬recebeu o general Sanjurjo e o Marquês de Quintanar‭” 6‬.‭ ‬Outro autor,‭ ‬Filipe Ribeiro de Meneses,‭ ‬acrescenta à lista dos presentes nesta reunião o diretor da PIDE,‭ ‬Capitão Agostinho Lourenço,‭ ‬e o Ministro do Interior,‭ ‬Mário Pais de Sousa 7.‭ ‬Já em‭ ‬2007,‭ ‬Jaime Nogueira Pinto,‭ ‬no livro‭ “‬Salazar:‭ ‬O Outro Retrato‭”‬,‭ ‬se referira às‭ “‬mensagens muito claras‭” ‬dirigidas pelo ditador‭ “‬aos grandes empresários portugueses‭”‬,‭ ‬no princípio da Guerra Civil,‭ “‬para que ajudassem os sublevados‭”‬.‭ ‬Referindo-se a Alfredo da Silva,‭ ‬o maior industrial português com interesses na banca,‭ ‬seguros,‭ ‬construção e reparação naval,‭ ‬que viria a cimentar a sua cumplicidade com Salazar na sequência deste apoio,‭ ‬e a Manuel Bulhosa,‭ ‬que tinha feito uma grande fortuna com o petróleo.

Na obra de Sánchez Asiain,‭ ‬a Sociedade Geral,‭ ‬empresa fundada por Alfredo da Silva,‭ ‬é referida como tendo aberto um crédito,‭ ‬no valor de‭ ‬175.000‭ ‬libras esterlinas,‭ ‬logo no início de Agosto de‭ ‬1936,‭ ‬a favor de Andrés Amado,‭ ‬Gil Robles e Gabriel Maura,‭ ‬representantes do governo de Burgos‭ ‬em Lisboa.‭ ‬Mas a lista revelada não se fica por aqui.‭ ‬Aparecem também referências a operações de financiamento ao longo do conflito por parte do Banco Totta,‭ ‬da Caixa Geral de Depósitos,‭ ‬do Banco Comercial,‭ ‬Casa Viana e Fonseca,‭ ‬do Banco Nacional Ultramarino e do Banco Espírito Santo.‭ ‬Este último,‭ ‬entre outros apoios,‭ ‬passou a remeter às dezenas de representantes diplomáticos do governo de Burgos verbas para o seu funcionamento‭ 8.‭

Apoio logístico e material

Divisão da Espanha em finais de Julho de 1936
Desde o início do conflito até meados de Agosto,‭ ‬altura em que toda a área de fronteira com Portugal foi isolada e ocupada pelas forças golpistas,‭ ‬os portos,‭ ‬as estradas,‭ ‬a linha férrea e os campos de aviação portugueses serviram de pontos de passagem e ligação entre as forças dos exércitos sublevados no Norte e no Sul da zona ocidental da Península.‭ ‬Por aqui passou também uma parte importante do abastecimento de material de todo o tipo,‭ ‬das armas ligeiras aos aviões,‭ ‬para as tropas golpistas,‭ ‬fornecidos pela Alemanha e pela Itália,‭ ‬tendo Portugal contribuído diretamente com toneladas de munições e outro armamento,‭ ‬fazendo do nosso país a retaguarda de um exército sublevado em campanha‭ 9.

À medida que o exército comandado por Franco progrediu de Cádis em direção ao Norte e conquistou as cidades e vilas dos territórios raianos da Andaluzia e da Extremadura espanhola,‭ ‬os civis e milicianos republicanos,‭ ‬que conseguiam cruzar a fronteira buscando refúgio no nosso país,‭ ‬encontravam um dispositivo montado pela PIDE,‭ ‬GNR,‭ ‬Guarda Fiscal e forças militares,‭ ‬com instruções claras de acção,‭ ‬que os devolvia às forças fascistas,‭ ‬apesar de saberem que os‭ “‬entregados‭” ‬seriam sumariamente fuzilados.‭

Cadáveres de fuzilados no cemitério de Badajoz.
Nos dias seguintes à batalha de Badajoz,‭ ‬depois da conquista pelas tropas fascistas,‭ ‬seriam fuzilados de três a quatro mil habitantes,‭ (‬não está apurada a cifra total‭)‬,‭ ‬a maioria militares fiéis à República,‭ ‬militantes dos partidos de esquerda,‭ ‬anarquistas e sindicalistas da Federação Espanhola dos Trabalhadores da Terra,‭ ‬desta que era considerada a cidade piloto da Reforma Agrária.‭ ‬Alguns deles tinham procurado refúgio em território português,‭ ‬depois de detidos pela GNR foram devolvidos pela PIDE na fronteira às tropas fascistas e aos falangistas.‭ ‬A praça de touros da cidade e as ruas adjacentes ficaram cobertas de cadáveres,‭ ‬naquele que foi considerado um dos maiores massacres da guerra civil,‭ ‬testemunhado por jornalistas estrangeiros,‭ ‬entre eles Mário Neves,‭ ‬do Diário de Lisboa.

O mesmo se passava na restante área raiana,‭ ‬de Valença do Minho a Vila Real de Santo António.‭ ‬Os cerca de mil republicanos,‭ ‬oriundos das povoações espanholas vizinhas de Barrancos,‭ ‬confinados,‭ ‬em Agosto,‭ ‬nos‭ “‬campos de refugiados‭” ‬improvisados nas Herdades da Coitadinha e das Russianas,‭ ‬e que,‭ ‬em Outubro de‭ ‬1936,‭ ‬seriam transportados de barco,‭ ‬a partir de Lisboa,‭ ‬para a zona republicana,‭ ‬foram uma exceção à política seguida por Salazar com os refugiados,‭ ‬tendo ficado a dever-se este desfecho à coragem do responsável do campo, que desrespeitou as ordens,‭ ‬vindo a ser penalizado por isso‭ 10.‭

Apoio diplomático e propaganda

Ruínas de Guernica
A diplomacia portuguesa pôs-se desde o primeiro momento ao serviço do‭ ‬Alzamiento Nacional sem condições.‭ ‬Acusava nos fóruns internacionais o Governo da II República de promover‭ “‬a revolução internacional‭” ‬e de ser‭ “‬um satélite de Moscou”‬,‭ ‬defendendo a legitimidade do golpe de Estado fascista,‭ ‬fazendo a propaganda do franquismo e chegando ao ponto anedótico de negar o bombardeamento aéreo de Guernika,‭ ‬pelos aviões alemães e italianos.‭ ‬Ao mesmo tempo,‭ ‬em diferentes países do mundo,‭ ‬os diplomáticos portugueses colaboravam com os agentes franquistas na defesa da sua causa ante os respectivos governos e a opinião pública internacional‭ 11.

Apesar da importância de todos os apoios proporcionados,‭ ‬para muitos autores,‭ ‬a principal intervenção portuguesa no conflito foi de natureza político-ideológica e revelar-se-ia crucial para credibilizar no exterior o movimento rebelde.‭ ‬É neste contexto que pode situar-se a oposição sistemática a todo o tipo de proposta de mediação entre os sublevados e o governo republicano por parte do Governo português.‭ ‬Uma proposta franco-britânica nesse sentido,‭ ‬recebeu em Dezembro de‭ ‬1936‭ ‬a oposição formal de Salazar em termos esclarecedores sobre o que estava em jogo,‭ ‬ao considerar as mediações no conflito espanhol‭ “‬incompreensíveis,‭ ‬se,‭ ‬como supomos,‭ ‬ali se assiste à luta de duas civilizações ou de uma civilização contra a barbárie‭” 12.‭ ‬Três meses depois a diplomacia portuguesa intervinha junto do Vaticano,‭ ‬no que pode ser qualificado de‭ “‬puxão de orelhas‭” ‬ante a debilidade da igreja católica,‭ ‬concretamente quando suspeitam que a Santa Sé se prepara para apoiar a proposta franco-britânica de mediação do conflito de Maio de‭ ‬1937.

Internamente fora posta em marcha uma campanha de propaganda,‭ ‬controlada pelo Secretariado de Propaganda Nacional‭ (‬SPN‭)‬,‭ ‬visando a mobilização da opinião pública portuguesa,‭ ‬através dos jornais,‭ ‬rádios e cinema,‭ ‬em cujos conteúdos colaboravam os principais intelectuais do regime,‭ ‬promovendo o elogio a Franco e cortando todas as informações que fossem prejudiciais para a imagem do bando‭ ‬insurreto ou que favorecessem o bando leal à República.‭ ‬O Rádio Club Português e a Emissora Nacional aumentaram a potência de emissão e passaram a emitir também em castelhano,‭ ‬constituindo-se em emissores de rádio do exército franquista.‭ ‬Mais de trinta jornalistas e fotógrafos foram enviados pelos jornais portugueses para cobrir a guerra,‭ ‬todos para o território do bando sublevado.

Pacto de não-intervenção

Cartoon aparecido na Imprensa Sueca que parodiava a
suposta “neutralidade” portuguesa no conflito espanhol, cujo
papel foi fundamental para o apoio logístico dado às tropas
nacionais pela Itália e a Alemanha
A partir de meados de Agosto de‭ ‬1936‭ ‬vigorava um acordo multilateral de não intervenção na Guerra Civil,‭ ‬concebido pelo governo de esquerda da Frente Popular francesa e acolhido pelo governo conservador britânico,‭ ‬que tinha por objetivo‭ ‬evitar a internacionalização do conflito num momento de máxima tensão na Europa,‭ ‬ao qual tinham aderido os vinte e sete países europeus‭ (‬todos menos Andorra,‭ ‬Suiça Liechtenstein,‭ ‬Mónaco e Vaticano‭)‬.‭ ‬Os países signatários deste Acordo de Não-Intervenção em Espanha,‭ (‬Portugal seria o último a aderir,‭ ‬logo depois do exército fascista ter ocupado todo o território fronteiriço‭)‬,‭ ‬comprometiam-se a‭ “‬abster-se rigorosamente de toda a ingerência,‭ ‬direta ou indireta,‭ ‬nos assuntos internos de esse país‭” ‬e proibiam‭ “‬a exportação,‭ ‬reexportação e trânsito para Espanha,‭ ‬possessões espanholas ou zona espanhola de Marrocos de toda a classe de armas,‭ ‬munições ou material de guerra‭”‬.‭ ‬Para o cumprimento do acordo foi criado em Londres,‭ ‬em‭ ‬9‭ ‬de Setembro de‭ ‬1936,‭ ‬um Comitê de Não-Intervenção no qual estavam representadas as principais potências europeias,‭ ‬incluídas Alemanha,‭ ‬Itália e União Soviética..

A iniciativa franco-britânica deste acordo de não intervenção conduziria ao desarmamento progressivo do exército republicano,‭ ‬impedido de reabastecer-se nos provedores tradicionais,‭ ‬e seria um contributo importante para‭ ‬a vitória dos fascistas dois anos e meio depois.‭ ‬Logo que o acordo foi assinado,‭ ‬a França suspendeu a venda de equipamento militar ao governo legítimo da República.‭ ‬Encerrou a sua fronteira com Espanha e iniciou uma campanha,‭ ‬desencorajando os seus cidadãos de irem apoiar a causa republicana.‭ ‬O mesmo apelo faria a Grã-Bretanha,‭ ‬o que não impediria milhares‭ ‬de franceses e ingleses de se juntarem‭ ‬a outros milhares de voluntários de cinquenta nacionalidades,‭ ‬que acorreram a Espanha para‭ ‬lutar contra o fascismo e apoiar aqueles que lutavam pela terra e pela liberdade.‭

Paralelamente,‭ ‬a Alemanha nazi,‭ ‬a Itália fascista e o Portugal salazarista,‭ ‬signatários do mesmo acordo de não-intervenção,‭ ‬não só não o cumpriram como massificaram o apoio aos sublevados espanhóis com equipamento militar e tropas,‭ ‬evidenciando a farsa que escondia a iniciativa franco-britânica.‭ ‬Antes de acabar o ano de‭ ‬1936,‭ ‬a Alemanha dispunha já no território espanhol de um contingente de cerca de‭ ‬5000‭ ‬homens,‭ ‬entre instrutores,‭ ‬pilotos e soldados,‭ ‬a Legião Condor,‭ ‬equipada com aviões,‭ ‬carros de combate e artilharia.‭ ‬A Itália,‭ ‬participava com o Corpo de Tropas Voluntárias,‭ ‬CTV,‭ ‬composto por‭ ‬50.000‭ ‬italianos,‭ ‬equipados com tanques,‭ ‬veículos blindados e artilharia‭ (‬incluída a antiaérea‭)‬.‭ ‬Pelos portos e fronteiras de Portugal,‭ ‬durante‭ ‬1936,‭ ‬passou uma parte importante deste apoio e do abastecimento ao exército fascista,‭ ‬ao ponto do nosso país figurar como o terceiro maior importador mundial de material de guerra neste período,‭ ‬pondo também a funcionar em dois turnos as fábricas de munições,‭ ‬explosivos e granadas,‭ ‬ao mesmo tempo que organizava o recrutamento de voluntários,‭ ‬os‭ “‬Viriatos‭” 13,‭ ‬com soldo pago em Portugal,‭ ‬que se viriam a integrar aos milhares nas várias divisões do exército sublevado.‭ ‬O futuro da ditadura salazarista jogava-se no conflito espanhol,‭ “‬de entre todos os outros países que apoiaram os dois bandos em luta,‭ ‬nenhum fez um esforço tão grande como o Governo português que viveu a Guerra Civil espanhola como um assunto interno‭” 14.‭

O papel da União Soviética

Com a evidência da violação do acordo por parte destes países,‭ ‬em Novembro de‭ ‬1936‭ ‬a União Soviética passa a fornecer material de guerra ao Governo republicano,‭ ‬uma intervenção que se lhe revelaria rentável do ponto de vista econômico,‭ ‬uma vez que as reservas de ouro espanholas,‭ ‬500‭ ‬toneladas,‭ ‬previamente depositadas em Moscou pelo governo republicano,‭ ‬seriam integralmente consumidas como pagamento pela‭ ‬ajuda soviética,‭ ‬cobrada a preços excepcionalmente elevados.‭ ‬As armas e víveres da União soviética‭ ‬chegaram acompanhados de novas orientações‭ ‬políticas que condicionariam as possibilidades de revolução social em Espanha e,‭ ‬talvez,‭ ‬o desfecho da guerra civil.‭ ‬Com a ajuda militar e o trigo soviéticos,‭ ‬os comunistas,‭ ‬até ali minoritários,‭ ‬aumentaram a sua influência no governo e nas ruas.‭ ‬Uns meses mais tarde,‭ ‬em Maio de‭ ‬37,‭ ‬levantaram-se‭ ‬de novo barricadas em Barcelona,‭ ‬desta vez não contra os fascistas,‭ ‬mas contra as tentativas do governo autônomo,‭ ‬onde participavam os comunistas,‭ ‬de acabar com as coletivizações.‭

Primeiro autocarro (ônibus) construído numa
fábrica de automóveis coletivizada
As coletivizações‭ ‬não afetavam apenas as fábricas e os campos,‭ ‬muitos outros serviços funcionavam perfeitamente nestes tempos de guerra com a gestão coletivizada,‭ ‬socializada ou municipalizada.‭ ‬Vernon Richards‭ 15 ‬resume a aptidão dos trabalhadores catalães para organizar as suas vidas,‭ ‬imediatamente depois de terem derrotado nas ruas de Barcelona os militares fascistas em Julho de‭ ‬1936,‭ “‬foram capazes de tomar conta dos caminhos de ferro e retomar o serviço imediatamente‭; ‬de reorganizar todo transporte urbano e pô-lo a funcionar com mais eficiência que antes‭; ‬mantiveram a normalidade do funcionamento em todos os serviços públicos,‭ ‬como telefones,‭ ‬gás e eletricidad‭; ‬foram criados serviços de saúde e assistência social pelos sindicatos e tomadas medidas para resolver os problemas de anciãos e inválidos.‭ ‬O povo espanhol estava dando provas concretas que não só era capaz de assumir as suas responsabilidades,‭ ‬senão que tinha uma visão da sociedade humana mais equitativa,‭ ‬mais civilizada que qualquer outra jamais concebida pelos políticos e governantes do mundo‭”‬.

Uma tentativa de ocupação pela polícia,‭ ‬da sede da Telefónica coletivizada,‭ ‬que foi interpretada como uma provocação dos stalinistas para acabar com o processo revolucionário em Espanha,‭ ‬despoletaria graves incidentes por toda a cidade nos dias seguintes,‭ ‬de que resultariam cerca de quinhentos mortos e‭ ‬milhares de feridos,‭ ‬uma guerra civil dentro da guerra civil.‭

A situação de guerra e a premência do combate contra o fascismo levaria os dirigentes das organizações libertárias e revolucionárias catalãs a desistir do enfrentamento com o governo republicano e o PCE.‭ ‬As milícias populares e colunas foram militarizadas,‭ ‬com o regresso da hierarquia militar,‭ ‬as coletivizações passaram a nacionalizações e,‭ ‬por arrasto,‭ ‬a revolução social em marcha começou a adquirir as características do capitalismo de estado.‭ ‬Os métodos repressivos de Stálin na União Soviética passaram a ser utilizados em Espanha,‭ ‬onde se estendeu a guerra aos trotskistas,‭ ‬com a eliminação do POUM e o assassinato de alguns dos seus dirigentes.‭ ‬A política de condução da guerra passaria a ser dirigida pelo PCE em todas as suas facetas.‭ ‬O comitê executivo do Komitern,‭ ‬a Internacional Comunista,‭ ‬a‭ ‬4‭ ‬de Agosto de‭ ‬1937,‭ ‬publicava o enquadramento teórico de toda esta ação política:‭ “‬Num país como Espanha,‭ ‬onde as instituições feudais têm ainda raízes muito profundas,‭ ‬a classe operária e o povo têm como tarefa imediata e urgente,‭ ‬a única tarefa possível‭ (‬…‭) ‬não realizar‭ ‬a revolução socialista,‭ ‬mas sim defender,‭ ‬consolidar e desenvolver a revolução democrática burguesa‭”‬.

A solidariedade dos portugueses com a República espanhola

A oposição ao regime,‭ ‬asfixiada por dez anos de ditadura edificada sobre os escombros das revoltas sangrentas iniciadas em Fevereiro de‭ ‬1927‭ (‬ver Mapa nº‭ ‬5‭)‬,‭ ‬com milhares de presos,‭ ‬deportados nas‭ ‬colônias e exilados no estrangeiro,‭ ‬participou no apoio‭ ‬à República e‭ ‬ao processo revolucionário espanhol,‭ ‬apesar das circunstâncias difíceis em que se encontrava,‭ ‬realizando vários atentados à bomba,‭ ‬levados a cabo por anarquistas e republicanos reviralhistas contra objetivos relacionados diretamente com o conflito.‭

Aspecto da rua e do portão do jardim da casa de Josué Trocado para
onde o ditador se dirigia quando rebentou a bomba. Foto Arquivo
Nacional da Torre do Tombo.
No dia‭ ‬20‭ ‬de Janeiro de‭ ‬1937,‭ ‬deflagraram explosões no Consulado de Espanha‭; ‬no Rádio Club Português,‭ ‬apoiante mais descarado da ação fascista no país vizinho,‭ ‬com emissões de propaganda em espanhol‭; ‬nos depósitos de gasolina da‭ ‬Vacuum‭ (‬Mobil‭)‬,‭ ‬em Alcântara,‭ ‬fornecedora de gasolina ao exército franquista‭; ‬e nos arsenais militares de Chelas e‭ ‬de Barcarena,‭ ‬donde saía armamento que era transportado para a fronteira.‭ ‬A‭ ‬4‭ ‬de Julho levaram a cabo a ação mais importante politicamente:‭ ‬o atentado contra Salazar (ver excerto de BD 16),‭ ‬que não teve mais consequências para a vida do ditador porque o dispositivo explosivo fora mal desenhado‭ 17.‭

Relacionada por muitos autores como um gesto de apoio‭ ‬aos‭ ‬republicanos espanhóis,‭ ‬a revolta dos marinheiros de Setembro de‭ ‬1936,‭ ‬em que um grupo de marinheiros organizados na ORA‭ (‬Organização Revolucionária da Armada‭)‬,‭ ‬estrutura afeta ao PCP,‭ ‬se apoderou de três navios no Tejo,‭ (‬Dão,‭ ‬Bartolomeu Dias e‭ ‬Afonso de Albuquerque‭)‬,‭ “‬não foi feita para irmos para Espanha naturalmente era para lá que iríamos se fosse preciso,‭ ‬porque não havia outro sítio para onde ir,‭ ‬mas não era esse o objetivo‭”‬,‭ ‬afirma José Barata‭ 18,‭ ‬um dos marinheiros revoltosos membro da ORA.‭ ‬Segundo ele,‭ ‬o motivo era exigir a reintegração de dezessete marinheiros,‭ ‬excluídos no regresso de uma viagem que teve várias escalas em portos do Mediterrâneo controlados pelos republicanos espanhóis e a libertação dos marinheiros presos no ano anterior.‭ ‬Fossem quais fossem as razões dos marinheiros,‭ ‬Salazar não hesitou em mandar bombardear os navios pela artilharia de costa,‭ ‬de que resultou a morte de cinco marinheiros,‭ ‬dezenas de feridos,‭ ‬a condenação posterior de outros sessenta a pesadas penas de prisão,‭ ‬cumpridas no Tarrafal e a inutilização dos navios mais modernos da Armada.
Marinheiros da ORA conduzidos, sobre escolta, para o
campo de concentração do Tarrafal, em Outubro de 1936

Milhares de portugueses participaram na primeira linha do conflito,‭ (‬a maioria emigrantes que depois de proclamada a República no país vizinho ali tinham procurado trabalho,‭ ‬um pouco por todo o território,‭ ‬mas em grande número nas minas das Astúrias e de Rio Tinto,‭ ‬outros exilados fugindo da repressão que se seguiu às várias revoltas fracassadas da década anterior e alguns que a partir de Portugal se dirigiram às zonas republicanas depois de iniciada a guerra‭)‬,‭ ‬contando-se por dezenas,‭ ‬os mortos‭; ‬centenas,‭ ‬os presos‭; ‬e outros tantos,‭ ‬os confinados nos campos de concentração franceses,‭ ‬no final da guerra.‭ ‬Nas obras de referência mundial sobre a Guerra Civil,‭ ‬quando tratam a‭ ‬participação dos cidadãos de todos os continentes que acorreram a Espanha para lutar contra o fascismo,‭ ‬comungando do ânimo revolucionário dos republicanos,‭ ‬admirado no mundo inteiro,‭ ‬pouco se fala da presença portuguesa.‭ ‬Uma explicação poderá ser o facto da esmagadora maioria dos portugueses‭ ‬já se encontrar ali quando se desencadeou o conflito,‭ ‬passando a integrar as milícias e colunas locais desde o primeiro momento.‭ ‬Também por essa razão não terá existido uma brigada internacional portuguesa,‭ ‬embora seja conhecida a presença de portugueses em várias delas.‭ ‬Uma investigação exaustiva sobre este tema ainda está por fazer‭ 19.

Ao finalizar o conflito,‭ ‬Salazar assumiria a participação compenetrada no bando fascista da guerra civil espanhola.‭ ‬No discurso perante a Assembleia Nacional,‭ ‬a‭ ‬22‭ ‬de maio de‭ ‬1939,‭ ‬afirmou que não lhe importava‭ “‬o sacrifício que tinha feito Portugal nem o número de soldados portugueses mortos na guerra‭”‬,‭ ‬referindo-se‭ ‬aos‭ “‬viriatos‭”‬,‭ ‬voluntários fascistas a soldo,‭ ‬já que o importante,‭ ‬para ele,‭ ‬era que‭ “‬o objetivo tinha sido cumprido‭”‬,‭ ‬rematando de forma eloquentemente reveladora:‭ “‬Orgulho-me de que tenham morrido bem e todos‭ – ‬vivos e mortos‭ ‬-‭ ‬tenham escrito pela sua valentia mais uma página heroica da nossa e da alheia História.‭ ‬Não temos nada a pedir nem contas a apresentar.‭ ‬Vencemos,‭ ‬eis tudo‭!‬” 20

Franco e Salazar em 1965 (foto de Arbonaida)
De então para cá,‭ ‬foram muitas as vicissitudes que afetaram a vida dos povos do planeta.‭ ‬A ditadura financeira em que vivemos é o resultado das vitórias nos conflitos que marcaram o século passado,‭ ‬nos quais a Guerra Civil espanhola e o processo revolucionário que se seguiu ao golpe militar de‭ ‬25‭ ‬de Abril no nosso país tiveram um papel destacado.‭ ‬A civilização que Salazar via perigar no conflito espanhol perdura,‭ ‬com consequências catastróficas em todos os aspectos da vida que conhecemos.‭ ‬Nunca saberemos se o presente seria diferente se a vitória tivesse sorrido ao lado da‭ “‬barbárie‭”‬,‭ ‬mas o ritmo de decomposição da sociedade atual,‭ ‬gerando a infelicidade de um cada‭ ‬vez maior número‭ ‬de pessoas,‭ ‬obrigará à sua destruição,‭ ‬se é que ela não se‭ ‬auto-destrói‭ ‬antes.

Delfim Cadenas
delfimcadenas@jornalmapa.pt

Portugal e a Guerra Civil Espanhola
16 de Setembro de 2014

Notas:

1. OLIVEIRA,‭ ‬Cesar de‭; ‬Portugal e a II República Espanhola‭ (‬1931-1936‭)‬,‭ ‬pp‭ ‬82-83,‭ ‬Lisboa,‭ ‬Perspectivas e Realidades,‭ ‬1985.

2. PAZ,‭ ‬Abel; ‬“O Povo em Armas‭”‬,‭ ‬Lisboa,‭ ‬Assírio‭ & ‬Alvim,‭ ‬s.‭ ‬d.‭ ‬Ver também entrevista de Outubro de‭ ‬2005‭ ‬a Abel Paz,‭ ‬in‭ ‬http://goo.gl/28Ql6j
 
3. PORTELA,‭ ‬Luis e RODRIGUES,‭ ‬Edgar; ‬Na Inquisição de Salazar,‭ ‬pp‭ ‬188-189,‭ ‬Rio de Janeiro,‭ ‬Editora Germinal,‭ ‬1957.

4. Sanjurjo viria a morrer em Cascais a‭ ‬20‭ ‬de julho de‭ ‬1936,‭ ‬dois dias depois do‭ “‬Alzamiento‭”‬,‭ ‬quando a avioneta que o transportava a Burgos teve um acidente ao descolar.‭ ‬Mola viria a morrer também num acidente aéreo perto de Burgos em‭ ‬1937.

5. SÁNCHEZ ASIAIN,‭ ‬José Angel‭; ‬La financiación de la guerra civil española,‭ ‬p.238,‭ ‬Barcelona,‭ ‬Crítica,‭ ‬2012

6. Obra citada nota anterior,‭ ‬p.239.‭ ‬Em nota de rodapé,‭ ‬o autor informa que teve acesso à agenda da Secretaria de Salazar,‭ ‬que se encontra no Arquivo Salazar‭ (‬1907-1974‭)‬,‭ ‬Torre do Tombo, agradecendo ao seu amigo Carlos A.‭ ‬Damas,‭ ‬director do Centro de Estudos da História do Banco Espírito Santo a destacada ajuda que lhe prestou no acesso a essa agenda e a outros valiosos documentos,‭ ‬especialmente os relativos à operação para pôr à disposição de diplomáticos do Governo de Burgos recursos financeiros por conta do banco.

7. MENESES,‭ ‬Filipe Ribeiro de; ‬Salazar,‭ ‬Uma Biografia Política,‭ ‬p.218,‭ ‬Lisboa,‭ ‬Dom Quijote,‭ ‬2010.

8. SÁNCHEZ ASIAIN,‭ ‬obra citada,‭ ‬pp.240‭ ‬e seguintes.

9. OLIVEIRA,‭ ‬Cesar de‭; ‬obra citada,‭ ‬pp.‭ ‬137-155.

10. SIMÕES,‭ ‬Maria Dulce‭; ‬Barrancos na Encruzilhada da Guerra Civil de Espanha. Memórias e testemunhos,‭ ‬1936.‭ ‬Câmara Municipal de Barrancos,‭ ‬Edições Colibri,‭ ‬2007.

11. DELGADO,‭ ‬Iva‭; ‬Portugal e a Guerra de Espanha,‭ ‬pp‭ ‬38‭ ‬e seguintes,‭ ‬Lisboa,‭ ‬Europa-América,‭ ‬1980.

12. MNE‭ ‬1964:‭ ‬doc nº‭ ‬699.‭ ‬Resposta formal de Salazar à proposta franco-britânica de mediação do conflito,‭ ‬de‭ ‬11.12.1936.

13. Entre quatro e dez mil voluntários portugueses,‭ ‬a cifra exacta não está apurada,‭ ‬conhecidos por os‭ “‬viriatos‭” ‬alistar-se-iam nas fileiras franquistas.

14. RODRIGUEZ,‭ ‬Alberto Pena‭; ‬La creación de la imagen del franquismo en el Portugal‭ ‬salazarista,‭ http://goo.gl/utvbiw
 
15. RICHARDS,‭ ‬Vernon‭; ‬Enseñanzas de la revolución española,‭ ‬Madrid,‭ ‬Campo abierto ediciones,‭ ‬1977

16. Fonte: http://bandarra-bandurra.blogspot.com.es
 
17. SANTANA,‭ ‬Emídio‭; ‬O Atentado a Salazar,‭ ‬p.‭ ‬61,‭ ‬Lisboa,‭ ‬Publicações Forum,‭ ‬1976.

18. GOMES,‭ ‬Varela‭; ‬Guerra de Espanha‭ – ‬Achegas ao Redor da Participação Portuguesa,‭ ‬2ª edição,‭ ‬p.‭ ‬78,‭ ‬Lisboa,‭ ‬Fim de Século,‭ ‬2006

19. César de Oliveira,‭ ‬na obra citada pp‭ ‬399-410,‭ ‬identifica centenas deles a partir dos arquivos portugueses,‭ ‬Varela Gomes,‭ ‬obra citada pp.‭ ‬17-77,‭ ‬recolheu depoimentos de participantes,‭ ‬quase todos comunistas,‭ ‬e identificou outros.‭ ‬José Tavares,‭ “‬Memória Subversiva‭ – ‬História do anarquismo e do sindicalismo em Portugal‭”‬,‭ ‬27‭ ‬horas de entrevistas e registo de documentos,‭ ‬Lisboa,‭ ‬1987,‭ ‬filmou depoimentos de alguns dos anarquistas que tinham participado na guerra.

20. Discurso de Salazar ante a Assembleia Nacional em‭ ‬22‭ ‬de Maio de‭ ‬1939. Discursos e Notas políticas III, 1938-1943, pp.147-148. Coimbra Editora, 1959.

Fonte: Jornal Mapa
http://www.jornalmapa.pt/2014/09/16/portugal-e-a-guerra-civil-espanhola/

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