sexta-feira, 7 de outubro de 2011
O Terceiro Reich no poder", Richard J. Evans
(Foto) Invasão de tropa nazista ao gueto de Varsóvia
Essa dica é para os amantes de história. O Terceiro Reich no poder, segundo volume da trilogia do historiador Richard J. Evans sobre o nazismo, já está disponível nas livrarias, em publicação no Brasil pela Editora Planeta. A obra é um compêndio de 1024 páginas, que combina narrativa, descrição e análise dos acontecimentos que consolidaram a ditadura de Hitler, entre 1933 e 1939, no período anterior à II Guerra Mundial. Embora dê sequência ao primeiro livro – A chegada do Terceiro Reich – , pode ser lido de forma independente, mesmo por quem não conhece a obra anterior, mas tem interesse específico nas questões políticas do nazismo.
O livro mostra como Hitler manipulou diversos setores da polícia e do exército até chegar ao cargo de chanceler, transformando a Alemanha em um estado de partido único, direcionado quase que exclusivamente para a guerra e o ódio racial. Em pouco tempo, muitos direitos individuais foram suprimidos, assim como leis até então estabelecidas. Entraram em vigor novas legislações, feitas para legitimar a execução de inimigos, principalmente comunistas e sociais-democratas, num primeiro momento, e posteriormente, judeus, ciganos, negros e homossexuais.
A criteriosa pesquisa de Evans resgata até as piadas políticas que se fazia na época sobre o regime nazista. Não deixa ainda de focar na propaganda nazista por meio das artes, do cinema, da literatura, dos jornais e principalmente do rádio. O autor detalha também as brigas internas pelo poder dentro do Partido Nazi, o sufocamento da Igreja Católica e a campanha de acusações de crimes sexuais cometidos por seus integrantes; além da influência da política nazista na educação escolar, o declínio da ciência com a fuga de cientistas dos países dominadmos e a gradual escassez de matérias-primas.
Uma parte importante da obra é dedicada a explicar o ódio dos nazistas pelos judeus e a inclemente perseguição que culminaria no Holocausto.
Quem é – Richard J. Evans é um dos mais destacados especialistas em história da Alemanha na contemporaneidade. Nasceu em Londres, em 1947. Foi professor de história na Universidade Columbia e na Universidade de Londres e atualmente leciona história moderna em Cambridge. Embora tenha vasta bibliografia e importantes prêmios literários e acadêmicos, A Trologia do Terceiro Reich é a primeira obra publicada em português.
Ficha Técnica:
Livro: O Terceiro Reich no poder – segundo volume da trilogia de O Terceiro Reich
Autor: Richard J. Evans
Editora Planeta; 1024 páginas
Fonte: ATarde online
http://literatura.atarde.com.br/?p=798
domingo, 5 de junho de 2011
Richard Evans - A chegada do Terceiro Reich
Chega às nossas livrarias o primeiro deles, que trata das circunstância que favoreceram a ascensão do nazismo e segue sua história até a consolidação da ditadura na primavera de 1933. Dirigido a um público amplo, o livro se articula numa narração cronológica na qual se intercalam referências a indivíduos concretos, com frequência tomadas de diários pessoais. A estrutura da narrativa não exclui o esforço interpretativo. O autor se enfrenta frequentemente com a grande questão de como o agressivo e simplista movimento nazi, que apenas oferecia mais solução aos problemas que exaltação nacionalista, conseguiu fazer perante o poder a uma das nações mais desenvolvidas e cultas da Europa.
Um fator foi o terror. Os nazis se serviram das liberdades democráticas para sua propaganda, ao mesmo tempo em que utilizavam a violência ilegal para amedrontar seus adeversários. O terror aumentou quando Hitler se converteu em chanceler e os camisas pardas puderam atuar com total impunidade, mas apesar disso, nas eleições que aconteceram num clima de violência, os nazis e seus aliados nacionalistas só obtiveram 51,9 % dos votos. Dito de outra maneira, quase a metade dos alemãe se opuseram à ascensão do nazismo ao poder.
O mais difícil de entender é poorque tantos outros se deixaram seduzir por Hitler. Evans não crê que a história alemã conduzira necessariamente a ele. A ascensão nazi se viu favorecida por diversas circunstâncias, entre as que destaca a escassa firmeza que a República de Weimar conseguiu na sociedade alemã e o destrutivo impacto da depressão econômica que se iniciou em 1929. Muitos alemães, incluindo boa parte da elite que regia o país, só aceitaram a democracia como um mal menor frente à revolução, mas sentiam nostalgia da disciplina conservadora dos tempos do kaiser. Em outro extremo os comunistas, desejosos de seguir o exemplo russo e com numerosos seguidores sobretudo entre os desempregados, eram hostis à República. A violência política se converteu desde 1918 em um fenômeno comum, com altos e baixos em sua intensidade. O espectro da revolução social assustava as classes médias. E a economia alemã sofreu duas gravíssimas crises, a hiperinflação do começo dos anos 20, da qual conseguiu se recuperar, e a grande depressão do começo dos anos 30, que serviu de caldo de cultura ao nazismo. Mas apesar de tal conjução de circunstâncias desfavoráveis, fica difícil entender como tantos alemães depositaram sua confiança no histriônico Hitler e seus capangas de camisa parda.
A magnitude da tragédia que provocaram os nazis com frequência faz esquecer sua própria mediocridade. Seu obsessivo antissemitismo, que culpava os judeus de todos os males da Alemanha, era um caso extremo da comum tendência humana em evitar o esforço de enfrentar os problemas reais. E sua atitude ante a alta cultura era reveladora. Hitler e os seus viram com satisfação a partida para o exílio de boa parte dos mais destacados cientistas, escritores e artistas da Alemanha. Entre eles se encontrava Einstein.
A chegada do Tercer Reich
Autor: Richard J. Evans
Trad. de J. M. álvarez. Península, 2005. 672 páginas
JUAN AVILÉS | Publicado em 07/07/2005
Fonte: El Cultura.es (Espanha)
http://www.elcultural.es/version_papel/LETRAS/12423/La_llegada_del_Tercer_Reich
Tradução: Roberto Lucena
quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011
Historiadores e “revisionistas”, por Richard J. Evans
"Historiadores respeitáveis e profissionais não suprimem partes de citações de documentos que vão contra o seu próprio caso, mas levam-nas em conta, e se necessário alteram o seu caso em conformidade. Eles não apresentam como verdadeiros o que sabem serem falsos só porque estas falsificações ocorreram para mostrar o que eles estão dizendo. Eles não inventam de forma engenhosa, mas implausível e totalmente incompatível com a razão, para desconfiar de documentos verdadeiros porque esses documentos são contrários aos seus argumentos, novamente, alteram seus argumentos se este for o caso, ou mesmo os abandona completamente. Eles conscientemente não atribuem suas próprias conclusões a livros e outras fontes, que de fato em uma inspeção mais próxima da verdade, diz o contrário. Eles não procuram avidamente os valores mais elevados possíveis em uma série de estatísticas, independentemente de sua fiabilidade ou não, simplesmente porque eles querem, por qualquer razão, maximizar o valor em causa, mas sim avaliar todos os dados disponíveis imparcialmente o quanto possível, afim de chegar a um número que irá suportar o exame crítico dos outros. Eles não traduzem mal fontes de línguas estrangeiras afim de torná-las mais úteis para eles próprios. Eles não inventam palavras, frases, citações, incidentes e eventos para os quais não há evidência histórica afim de apresentar os seus argumentos mais plausíveis."
Fonte: Holocaust Denial On Trial
Link: http://www.hdot.org/en/trial/defense/evans/6
Link (antigo): http://www.holocaustdenialontrial.org/en/trial/defense/evans/6
Tradução: Leo Gott