Num recente texto de Eric Hunt sobre a câmara de gás homicida do crematório 1 no principal campo de Auschwitz, ele afirma que "uma representação 3D da área mais importante do Crematório 1 é utilizada para entender o papel desta farsa (hoax)". O blog de Carolyn Yeager anuncia que as "Imagens 3D de Hunt demonstram o papel da farsa de Auschwitz". Na verdade, as "imagens 3D" de Hunt realmente não ajudam a entender a distribuição de aberturas no telhado da câmara de gás melhor que a imagem 2D. O efeito 3D parece bom, mas é só isso. Ele não acrescenta nada ao problema que não tenha sido já mostrado pelas imagens 2D publicadas por Carlo Mattogno em "Auschwitz: Crematorium I" (Auschwitz: Crematório I), pág. 124 e suas terríveis variantes do RODOH (como uma imagem 3D pode realmente ajudar a entender algo, isso é mostrado aqui, para a câmara de gás do crematório 2 de Birkenau).
Como já apontei previamente, todo o argumento baseia-se fortemente na confiabilidade de um único modelo (planta). Além disso, se qualquer coisa, sugeriria que os poloneses não teriam reconstruído corretamente a câmara de gás e suas aberturas de gás, depois que fora convertida num abrigo antiaéreo pela SS após os gaseamentos serem interrompidas no campo principal de Auschwitz. Na verdade, algumas das testemunhas mais competentes e independentes (Stanislaw Jankowski, Hans Stark e Hans Aumeier com sua estimativa menor) forneceram uma estimativa de 2 para o número de aberturas, e não 4 como foi assumido pela reconstrução polonesa. Além disso, há ainda um possível motivo para a precaução de colocar uma abertura de gás diretamente ao lado da porta, especialmente quando falta experiência com a estabilidade da porta durante o assassinato em massa com gás venenoso: a de matar a vítima próxima da porta primeiro e se proteger das tentativas dela ser violada.
O argumento apresentado por Mattogno levanta algumas dúvidas sobre como a câmara de gás original parecia e porque foi feita assim, mas não demonstra uma farsa (hoax), não que os poloneses tenham feito algo para enganar nem que não tenha ocorrido gaseamentos homicidas no crematório 1.
Fonte: Holocaust Controversies
http://holocaustcontroversies.blogspot.com/2015/09/erik-hunts-3d-imagery-of-crematorium-1.html
Texto: Hans
Título original: Eric Hunt's 3D Imagery of Crematorium 1
Tradução: Roberto Lucena
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segunda-feira, 21 de dezembro de 2015
quinta-feira, 22 de outubro de 2015
Sai Ahmadinejad, entra Netanyahu. "Revisionistas" ganham um "apoiador" inusitado
Por negacionismo ou "revisionismo" se enquadra não só a negação do fato em si (todo ou parcial), como a distorção do episódio e trivialização. Então o Netanyahu se enquadraria fácil no rótulo negacionista ou "revisionista" (caso alguém queira pegar mais leve usando o termo "revisionista" em vez de negacionista, por não suportar a crítica à postura cretina dele) pelas asneiras que disse hoje, embora ele sempre diz asneiras.
A quem não entendeu o que se passou pelo título do post, leiam a matéria da RTP abaixo que foi feita em cima da matéria do Haaretz (jornal de Israel). O título do Haaretz é até mais pesado:
"Netanyahu: Hitler Didn't Want to Exterminate the Jews"
Traduzindo:
"Netanyahu: Hitler não queria exterminar os judeus"
Isso dito da boca do Primeiro-ministro de Israel, primeiro-ministro de um país que não preciso ressaltar a ligação com o genocídio da segunda guerra.
Esse é o tipo de asneira que você espera que saia de algum "revisionista" ou coisa parecida, não de um primeiro-ministro, principalmente do país mencionado. Mas saiu.
É uma cretinice por dia no mundo, em termos de notícia. No Brasil a bancada "religiosa" executa seu arsenal de idiotices ridicularizando o Congresso com coisas como essa (já podem trocar o nome da bancada pra "bancada do estupro"), projeto do "fundamentalista" presidente da Câmara, Eduardo Cunha, o do Porsche "em nome" do domínio Jesus.com, o mesmo pego com conta nos EUA na casa dos 61 milhões de reais, não foi a da Suíça.
Voltando ao assunto do post, as asneiras dele (Netanyahu) estão repercutindo pesado (mal) em Israel e entre os palestinos, houve uma rejeição total à cretinice dele naquela região do conflito.
Afirmar que Hitler foi incitado por um árabe pra executar a Solução Final e extermínio é como negar a origem do antissemitismo e genocídio da segunda guerra. Não foi uma declaração simplesmente idiota, ultrapassa a idiotice.
É impressionante o nível de ódio que ele nutre a palestinos ao ponto de chegar a fazer uma afirmação desse tipo, trivializar a culpa do maior algoz de judeus por ódio a palestinos. Esse cara não bate bem da cabeça.
Ele apresenta o mesmo tipo de mentalidade turva de gente que levou à morte o Rabin (assassinado por um fanático judeu de extrema-direita em Israel).
Incrível a neurose desse cidadão em citar genocídio da segunda guerra em todo evento envolvendo Israel. A Deborah Lipstadt (historiadora dos EUA) já havia criticado essa postura de políticos de Israel. Deborah Lipstadt é autora deste livro sobre o negacionismo, "Denying the Holocaust: The Growing Assault on Truth and Memory" (Link2), sem tradução pro português, mas que você pode ler a tradução do capítulo VI (feita pelo Leo) em três partes:
Negação [do Holocausto]: Uma ferramenta da Direita Radical (Parte 1)
Negação [do Holocausto]: Uma ferramenta da Direita Radical (Parte 2)
Negação [do Holocausto]: Uma ferramenta da Direita Radical (Parte 3)
A quem quiser ler a matéria (está em inglês, usem o tradutor do Google) sobre a declaração dela do abuso do uso do Holocausto por políticos israelenses (e dos EUA), segue abaixo o texto:
Top Holocaust Scholar Blasts 'Holocaust-abuse' by U.S., Israeli Politicians (Haaretz)
Matéria da RTP sobre as declarações de Netanyahu:
_____________________________________________________
Netanyahu inocenta Hitler e culpa um árabe pelo Holocausto
O primeiro-ministro israelita disse no Congresso Mundial Sionista ao afirmar que foi o Grande Mufti de Jerusalém o responsável pelo Holocausto, ao convencer Hitler a exterminar os judeus.
Ao discursar hoje, quarta feira, perante o Congresso Mundial Sionista, o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, relatou o que diz ter sido uma conversa entre Hitler e o Grande Mufti de Jerusalém, Haj Amin al-Husseini, numa reunião que mantiveram em Novembro de 1941.
Segundo o diário israelita Haaretz, no discurso de hoje Netanyahu reproduziu a conversa nestes termos: "Hitler na altura não queria exterminar os judeus e disse: 'Se os expulsarmos, eles virão todos para aqui [para a Palestina]'". Ainda segundo Netanyahu, Hitler pediu orientação ao Grande Mufti: "O que é que hei-de fazer com eles?". Ao que o Mufti terá replicado: "Queime-os".
Para Netanyahu, a decisão da cúpula nazi, no sentido de exterminar os judeus foi, assim, decisivamente influenciada pelas instruções que o Mufti deu a Hitler, a pedido deste.
Apesar do abalo sísmico que o discurso de Netanyahu está a causar nas redes sociais, o que ele contém não é inteiramente novo. Segundo recorda o Haaretz, o primeiro-ministro tem vindo de forma consistente a transmitir esta versão e já antes, num discurso pronunciado há três anos perante o Knesset (parlamento israelita), apresentara o Mufti de Jerusalém como "um dos principais arquitetos da Solução Final".
Na comunidade académica israelita, as palavras de Netanyahu estão, aliás, a ser tão ou mais criticadas do que noutros pontos do mundo. Segundo o diário britânico The Guardian, o mais conhecido investigador israelita vivo sobre o tema do Holocausto, Dan Michman, disse que, embora a reunião entre Hitler e Husseini tenha efectivamente sucedido, sucedeu num momento em que o Holocausto já estava em curso.
Dina Porat, do Instituto de Yad Vashem, afirmou, segundo citação do diário israelita Yeditoh Aaronot: "Não se pode dizer que o Mufti deu a Hitler a ideia de matar ou queimar os judeus. Não é verdade. A reunião deles teve lugar depois de uma série de fatos que apontam para isto [a decisão já tomada de exterminar os judeus]".
Meir Litvak, professor na Universidade de Tel Aviv, foi mais específico, explicando que a ideia nazi do extermínio dos judeus data já de 1939, quando se concebeu na cúpula do Terceiro Reich o plano de deportá-los para lá dos Montes Urais, após invasão e derrota da URSS, para que morressem de doença.
Ainda segundo Litvak, o plano alternativo, das câmaras de gás, surgiu quando a invasão da URSS fracassou e a guerra a Leste se mostrou impossível de ganhar com os métodos da Blitzkrieg. Como o objetivo do extermínio dos judeus se mantinha, a fantasia da deportação para lá dos Urais foi substituída pela realidade de Auschwitz e de outros campos de extermínio.
A isto acrescenta Litvak: "Husseini apoiou o extermínio do judeus, ele tentou impedir que fossem salvos judeus, ele era uma pessoa abominável. Mas isto não diminui a escala da culpa de Hitler".
A OLP (Organização de Libertação da Palestina) comentou o discurso no Twitter, dizendo "Netanyahu odeia de tal modo os palestinos, que está disposto a absolver Hitler pelo assassínio de seis milhões de judeus".
O líder da oposição israelita, Isaac Herzog, classificou o discurso de Netanyahu como "uma falsificação da História". E lembrou o histórico da sua família: "Ninguém precisa de ensinar-me como o mufti odiava Israel. Ele deu ordem para assassinar o meu avô, Rabbi Herzog, e apoiou Hitler ativamente. Mas só houve um Hitler. Hitler não precisava de Husseini para ordenar o extermínio dos judeus só por serem judeus".
Mesmo o ministro da Defesa Moshe Ya'alon, considerado um dos "falcões" do Governo de Netanyahu, achou necessário demarcar-se das afirmações do primeiro-ministro: "Claro que Haj Amin al-Husseini não inventou a 'Solução Final para a questão judaica'. A História mostra claramente que foi Hitler a iniciá-la. Haj Amin al-Husseini juntou-se a ele". Ya'alon acrescentou, contudo, que "os atuais movimentos jihadistas estão a encorajar o antissemitismo e apoiam-se na conhecida herança nazi".
Fonte: RTP (Portugal)
http://www.rtp.pt/noticias/mundo/netanyahu-inocenta-hitler-e-culpa-um-arabe-pelo-holocausto_n867583
A quem não entendeu o que se passou pelo título do post, leiam a matéria da RTP abaixo que foi feita em cima da matéria do Haaretz (jornal de Israel). O título do Haaretz é até mais pesado:
"Netanyahu: Hitler Didn't Want to Exterminate the Jews"
Traduzindo:
"Netanyahu: Hitler não queria exterminar os judeus"
Isso dito da boca do Primeiro-ministro de Israel, primeiro-ministro de um país que não preciso ressaltar a ligação com o genocídio da segunda guerra.
Esse é o tipo de asneira que você espera que saia de algum "revisionista" ou coisa parecida, não de um primeiro-ministro, principalmente do país mencionado. Mas saiu.
É uma cretinice por dia no mundo, em termos de notícia. No Brasil a bancada "religiosa" executa seu arsenal de idiotices ridicularizando o Congresso com coisas como essa (já podem trocar o nome da bancada pra "bancada do estupro"), projeto do "fundamentalista" presidente da Câmara, Eduardo Cunha, o do Porsche "em nome" do domínio Jesus.com, o mesmo pego com conta nos EUA na casa dos 61 milhões de reais, não foi a da Suíça.
Voltando ao assunto do post, as asneiras dele (Netanyahu) estão repercutindo pesado (mal) em Israel e entre os palestinos, houve uma rejeição total à cretinice dele naquela região do conflito.
Afirmar que Hitler foi incitado por um árabe pra executar a Solução Final e extermínio é como negar a origem do antissemitismo e genocídio da segunda guerra. Não foi uma declaração simplesmente idiota, ultrapassa a idiotice.
É impressionante o nível de ódio que ele nutre a palestinos ao ponto de chegar a fazer uma afirmação desse tipo, trivializar a culpa do maior algoz de judeus por ódio a palestinos. Esse cara não bate bem da cabeça.
Ele apresenta o mesmo tipo de mentalidade turva de gente que levou à morte o Rabin (assassinado por um fanático judeu de extrema-direita em Israel).
Incrível a neurose desse cidadão em citar genocídio da segunda guerra em todo evento envolvendo Israel. A Deborah Lipstadt (historiadora dos EUA) já havia criticado essa postura de políticos de Israel. Deborah Lipstadt é autora deste livro sobre o negacionismo, "Denying the Holocaust: The Growing Assault on Truth and Memory" (Link2), sem tradução pro português, mas que você pode ler a tradução do capítulo VI (feita pelo Leo) em três partes:
Negação [do Holocausto]: Uma ferramenta da Direita Radical (Parte 1)
Negação [do Holocausto]: Uma ferramenta da Direita Radical (Parte 2)
Negação [do Holocausto]: Uma ferramenta da Direita Radical (Parte 3)
A quem quiser ler a matéria (está em inglês, usem o tradutor do Google) sobre a declaração dela do abuso do uso do Holocausto por políticos israelenses (e dos EUA), segue abaixo o texto:
Top Holocaust Scholar Blasts 'Holocaust-abuse' by U.S., Israeli Politicians (Haaretz)
Matéria da RTP sobre as declarações de Netanyahu:
_____________________________________________________
Netanyahu inocenta Hitler e culpa um árabe pelo Holocausto
O primeiro-ministro israelita disse no Congresso Mundial Sionista ao afirmar que foi o Grande Mufti de Jerusalém o responsável pelo Holocausto, ao convencer Hitler a exterminar os judeus.
Ao discursar hoje, quarta feira, perante o Congresso Mundial Sionista, o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, relatou o que diz ter sido uma conversa entre Hitler e o Grande Mufti de Jerusalém, Haj Amin al-Husseini, numa reunião que mantiveram em Novembro de 1941.
Segundo o diário israelita Haaretz, no discurso de hoje Netanyahu reproduziu a conversa nestes termos: "Hitler na altura não queria exterminar os judeus e disse: 'Se os expulsarmos, eles virão todos para aqui [para a Palestina]'". Ainda segundo Netanyahu, Hitler pediu orientação ao Grande Mufti: "O que é que hei-de fazer com eles?". Ao que o Mufti terá replicado: "Queime-os".
Para Netanyahu, a decisão da cúpula nazi, no sentido de exterminar os judeus foi, assim, decisivamente influenciada pelas instruções que o Mufti deu a Hitler, a pedido deste.
Apesar do abalo sísmico que o discurso de Netanyahu está a causar nas redes sociais, o que ele contém não é inteiramente novo. Segundo recorda o Haaretz, o primeiro-ministro tem vindo de forma consistente a transmitir esta versão e já antes, num discurso pronunciado há três anos perante o Knesset (parlamento israelita), apresentara o Mufti de Jerusalém como "um dos principais arquitetos da Solução Final".
Na comunidade académica israelita, as palavras de Netanyahu estão, aliás, a ser tão ou mais criticadas do que noutros pontos do mundo. Segundo o diário britânico The Guardian, o mais conhecido investigador israelita vivo sobre o tema do Holocausto, Dan Michman, disse que, embora a reunião entre Hitler e Husseini tenha efectivamente sucedido, sucedeu num momento em que o Holocausto já estava em curso.
Dina Porat, do Instituto de Yad Vashem, afirmou, segundo citação do diário israelita Yeditoh Aaronot: "Não se pode dizer que o Mufti deu a Hitler a ideia de matar ou queimar os judeus. Não é verdade. A reunião deles teve lugar depois de uma série de fatos que apontam para isto [a decisão já tomada de exterminar os judeus]".
Meir Litvak, professor na Universidade de Tel Aviv, foi mais específico, explicando que a ideia nazi do extermínio dos judeus data já de 1939, quando se concebeu na cúpula do Terceiro Reich o plano de deportá-los para lá dos Montes Urais, após invasão e derrota da URSS, para que morressem de doença.
Ainda segundo Litvak, o plano alternativo, das câmaras de gás, surgiu quando a invasão da URSS fracassou e a guerra a Leste se mostrou impossível de ganhar com os métodos da Blitzkrieg. Como o objetivo do extermínio dos judeus se mantinha, a fantasia da deportação para lá dos Urais foi substituída pela realidade de Auschwitz e de outros campos de extermínio.
A isto acrescenta Litvak: "Husseini apoiou o extermínio do judeus, ele tentou impedir que fossem salvos judeus, ele era uma pessoa abominável. Mas isto não diminui a escala da culpa de Hitler".
A OLP (Organização de Libertação da Palestina) comentou o discurso no Twitter, dizendo "Netanyahu odeia de tal modo os palestinos, que está disposto a absolver Hitler pelo assassínio de seis milhões de judeus".
O líder da oposição israelita, Isaac Herzog, classificou o discurso de Netanyahu como "uma falsificação da História". E lembrou o histórico da sua família: "Ninguém precisa de ensinar-me como o mufti odiava Israel. Ele deu ordem para assassinar o meu avô, Rabbi Herzog, e apoiou Hitler ativamente. Mas só houve um Hitler. Hitler não precisava de Husseini para ordenar o extermínio dos judeus só por serem judeus".
Mesmo o ministro da Defesa Moshe Ya'alon, considerado um dos "falcões" do Governo de Netanyahu, achou necessário demarcar-se das afirmações do primeiro-ministro: "Claro que Haj Amin al-Husseini não inventou a 'Solução Final para a questão judaica'. A História mostra claramente que foi Hitler a iniciá-la. Haj Amin al-Husseini juntou-se a ele". Ya'alon acrescentou, contudo, que "os atuais movimentos jihadistas estão a encorajar o antissemitismo e apoiam-se na conhecida herança nazi".
Fonte: RTP (Portugal)
http://www.rtp.pt/noticias/mundo/netanyahu-inocenta-hitler-e-culpa-um-arabe-pelo-holocausto_n867583
sexta-feira, 15 de maio de 2015
O revisionismo neofranquista (3): Moa exposto
Em outro post, meses atrás, Pío Moa ficou com a palavra na boca, depois que Enrique Moradiellos lhe colocou as luvas do debate, em maio de 2003, nas páginas virtuais do "El Catoblepas". Seria Moa capaz de demonstrar, com documentos, uma das ideias defendidas em suas obras sobre a GCE (Guerra Civil Espanhola) *, sabendo: que a ajuda militar estrangeira durante a guerra foi de quantidade e qualidade similar para ambos os lados e que a dita intervenção não afetou de maneira substancial o resultado final da guerra? Moradiellos havia-lhe rebatido esta ideia com documentos de arquivos da Espanha e estrangeiros que apontavam junto a direção contrária e aqui ficamos, esperando sua resposta.
Responde Moa, um mês depois, na mesma revista digital sustentando, em primeiro lugar, que o assunto de que o bando recebeu mais e melhor ajuda militar é secundário "num debate sério em torno da guerra civil" e que não deveria distrair do verdadeiro assunto a discutir que seria como e quanto influiu a ajuda estrangeira para cada grupo. Moa responde em seguida: a ajuda ítalo-germânica não implicava nenhuma obediência de Franco a Hitler; por outro lado, a ajuda soviética submeteu a Frente Popular (que melhor se entregou voluntariamente) às diretrizes de Stálin. Os planos do ditador soviético haviam sido a instauração de um satélite bolchevique na Espanha para destruir os regimes democráticos da Europa Ocidental.
Portanto, a esperança de uma discussão historiográfica científica com base em fontes documentais fiáveis se esvazia desde o primeiro momento. Disse Moa:
Alguns meses depois, Moa o resume da seguinte forma:
Com respeito à influência de Stálin sobre a Frente Popular, Moradiellos replica de novo em "El Catoblepas" (a Moa e a outros habituais desta revista não faltará oportunidade de lhes citar em outro post) que a URSS nunca conseguiu impor seus ditadores ao governo da República (ainda que tenha penetrado por completo no PCE e, por isso, nos mandos policiais e militares inscritos no partido) e que sua influência só cresceu significativamente ao longo de 1938 quanto mais se distanciavam as potências democráticas da República. Cita para mostrar isso a Viñas, Sarda, Martín Aceña ou Varela Ortega, assim como os documentos citados pelo historiador norte-americano Ronald Radosh em sua obra "España traicionada", Barcelona, 2002.
Contudo, parece um esforço vão já que na seguinte resposta Moa, abundando em desqualificações (burlescamente chama a Moradiellos de "o ilustre professor" e o acusa de "retórica barroca" e de "divagações, nimiedades, justificações desnecessárias", etc) opõe como critério de autoridade para respaldar suas ideias que "para qualquer pessoa algo a par das circunstâncias, não pode admitir a menor dúvida no predomínio soviético na Espanha".
Moa, portanto, não está disposto a discutir no terreno da historiografia baseada em fontes documentais, com informações e dados escritos contrastáveis e discutíveis com critério. Moa pretende levar sempre a discussão unicamente para os terrenos ambíguos da discussão política, onde crê que pode demonstrar a máxima que anima toda sua produção bibliográfica: que a Esquerda é uma ideologia maligna e que a História da 2ª República e da GCE o demonstra.
Que a política de esquerdas seja uma ideologia maligna ou não, não deveria ofuscar o espírito crítico de nenhum historiador que investigue sobre ela. O dever de objetividade deve estar acima de qualquer preconceito pessoal. A não ser que nosso objetivo não seja escrever História, senão fazer propaganda.
Do último livro de Alberto Reig Tapia, "Revisionismo y Política: Pío Moa revisitado" (Madrid, 2008) extraio esta citação que explica este afã de propaganda em determinados leitores:
Fonte: blog Fuentes para la Historia de la 2ª República, la Guerra Civil y el Franquismo (Espanha)
Título original: El revisionismo neofranquista (3): Moa al descubierto
http://fuentesguerracivil.blogspot.com/2008/07/el-revisionismo-neo-franquista-3-moa-al_12.html
Tradução: Roberto Lucena
Parte 1: O revisionismo neofranquista (1): guia de uso - Pío Moa
________________________________________
Observação: Sobre as siglas, como já ressaltado no começo.
GCE é sigla para Guerra Civil Espanhola.
PCE é sigla para Partido Comunista Espanhol.
Responde Moa, um mês depois, na mesma revista digital sustentando, em primeiro lugar, que o assunto de que o bando recebeu mais e melhor ajuda militar é secundário "num debate sério em torno da guerra civil" e que não deveria distrair do verdadeiro assunto a discutir que seria como e quanto influiu a ajuda estrangeira para cada grupo. Moa responde em seguida: a ajuda ítalo-germânica não implicava nenhuma obediência de Franco a Hitler; por outro lado, a ajuda soviética submeteu a Frente Popular (que melhor se entregou voluntariamente) às diretrizes de Stálin. Os planos do ditador soviético haviam sido a instauração de um satélite bolchevique na Espanha para destruir os regimes democráticos da Europa Ocidental.
Portanto, a esperança de uma discussão historiográfica científica com base em fontes documentais fiáveis se esvazia desde o primeiro momento. Disse Moa:
Sustento que, em termos militares, a intervenção se equilibrou mais ou menos. (...) Mas não entrarei agora nesse debate, insisto que é secundário uma vez esclarecida a primeira tese [a influência de Stálin]. Admitirei, a princípio, que meu crítico [Moradiellos] pode ter razão em alguns dos dados parciais que maneja, mas sigo inclinado a crer num equilíbrio básico, inclusive com ligeira supremacia dos suministros recebidos pelas esquerdas.Moa escapa da discussão que Moradiellos tratava de apontar metodologicamente: medir a quantidade e qualidade de ajuda militar recebida por cada grupo e, com base nisso, determinar a influência sobre o resultado final da guerra. Moa, ao não possuir fontes que rebatessem Moradiellos, liquida a discussão invocando opiniões pessoais sem mais fundamento que sua crença pessoal, esse "mas sigo inclinado a crer" vem a dizer que seu preconceito é a prova de toda evidência contrária. O mais curioso do assunto é que um dos slogans publicitários que Moa mais utilizou para a venda de seus livros é que utilizou fontes de arquivos nunca descobertas ou desprezadas por outros historiadores "marxistas". Neste caso, privou-nos delas.
"Uma visão neostalinista da Guerra Civil", El Catoblepas, 16 (junho de 2003).
Alguns meses depois, Moa o resume da seguinte forma:
Creio que Moradiellos pode ter razão em algumas das críticas que me faz sobre fechas e volume da intervenção exterior, se bem que esses dados seguem sujeitos à revisão. Mas, como creio ter demonstrado, falha no fundamental, ou seja, no caráter qualitativamente distinto da intervenção soviética e da ítalo-germânica. Stálin "satelizou" a Frente Popular, enquanto que o apoio das potências fascistas não privou Franco de sua independência. Este é o ponto chave da intervenção externa (...).Parece que vai admitindo que sim, que fora possível que Franco recebesse mais ajuda militar de Hitler e Mussolini em relação ao que recebeu a República da URSS? Em todo caso, Moa segue afirmando que isto seria irrelevante para o desenvolvimento e desenlace da guerra.
"Errores en Los mitos de la Guerra Civil", Libertad Digital, 9 de janeiro de 2004.
Ele [Moradiellos] plantou sua crítica em torno das cifras das intervenções soviética, alemã e italiana, negando minha aseveración de que foram mais ou menos equivalentes, e pretendendo que o maior aporte ítalo-germânico havia decidido a guerra. Como lhe indiquei, a questão das cifras, ainda que seja interessante, não é fundamental. E sua fonte principal, o livro de Howson, resulta muito pouco fiável.Em tão-somente um par de meses voltou a carga sobre esse assunto (sobre o que deve alimentar alguma má consciência) e lançou sua opinião final a respeito:
"Los casos de Moradiellos y Viñas", Libertad Digital, 1 de janeiro de 2007
A quantidade de material e de tropas nunca determina o resultado de uma guerra ou de uma batalha. Tem sido frequente as guerras ganhas com inferioridade material..Em resumo:
"Un debate pueril", Libertad Digital, 14 de março de 2008.
- Primeiro afirmou que a ajuda militar recebida pela Frente Popular foi de maior quantidade e qualidade que a que receberam os franquistas. Isto exaltaria a vitória de Franco, enfrentando um inimigo superior, e desmorona ainda mais a República, dilapidadora das riquezas da Espanha, mal gastadora de sua vantagem militar.
- Mais tarde, depois que Moradiellos houvesse lhe mostrado a prova contrária que era mostrada pelos arquivos, Moa passa a se defender argumentando que a supremacia militar não é algo decisivo no desenlace de uma guerra (esta ideia não merece maior comentário que uma simples revisão dos resultados da intervenção alemã na GCE e o significado da supremacia aérea na guerra moderna).
Com respeito à influência de Stálin sobre a Frente Popular, Moradiellos replica de novo em "El Catoblepas" (a Moa e a outros habituais desta revista não faltará oportunidade de lhes citar em outro post) que a URSS nunca conseguiu impor seus ditadores ao governo da República (ainda que tenha penetrado por completo no PCE e, por isso, nos mandos policiais e militares inscritos no partido) e que sua influência só cresceu significativamente ao longo de 1938 quanto mais se distanciavam as potências democráticas da República. Cita para mostrar isso a Viñas, Sarda, Martín Aceña ou Varela Ortega, assim como os documentos citados pelo historiador norte-americano Ronald Radosh em sua obra "España traicionada", Barcelona, 2002.
Contudo, parece um esforço vão já que na seguinte resposta Moa, abundando em desqualificações (burlescamente chama a Moradiellos de "o ilustre professor" e o acusa de "retórica barroca" e de "divagações, nimiedades, justificações desnecessárias", etc) opõe como critério de autoridade para respaldar suas ideias que "para qualquer pessoa algo a par das circunstâncias, não pode admitir a menor dúvida no predomínio soviético na Espanha".
Moa, portanto, não está disposto a discutir no terreno da historiografia baseada em fontes documentais, com informações e dados escritos contrastáveis e discutíveis com critério. Moa pretende levar sempre a discussão unicamente para os terrenos ambíguos da discussão política, onde crê que pode demonstrar a máxima que anima toda sua produção bibliográfica: que a Esquerda é uma ideologia maligna e que a História da 2ª República e da GCE o demonstra.
Que a política de esquerdas seja uma ideologia maligna ou não, não deveria ofuscar o espírito crítico de nenhum historiador que investigue sobre ela. O dever de objetividade deve estar acima de qualquer preconceito pessoal. A não ser que nosso objetivo não seja escrever História, senão fazer propaganda.
Do último livro de Alberto Reig Tapia, "Revisionismo y Política: Pío Moa revisitado" (Madrid, 2008) extraio esta citação que explica este afã de propaganda em determinados leitores:
Determinada gente não busca a verdade (verdades) senão a aquilo ou aqueles que melhor defendam suas prévias tomadas de postura que, naturalmente, jamais "revisam".
Fonte: blog Fuentes para la Historia de la 2ª República, la Guerra Civil y el Franquismo (Espanha)
Título original: El revisionismo neofranquista (3): Moa al descubierto
http://fuentesguerracivil.blogspot.com/2008/07/el-revisionismo-neo-franquista-3-moa-al_12.html
Tradução: Roberto Lucena
Parte 1: O revisionismo neofranquista (1): guia de uso - Pío Moa
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Observação: Sobre as siglas, como já ressaltado no começo.
GCE é sigla para Guerra Civil Espanhola.
PCE é sigla para Partido Comunista Espanhol.
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domingo, 10 de maio de 2015
O revisionismo neofranquista (2): como funciona
Ao fundo do debate sobre o revisionismo neofranquista é preciso distinguir previamente ao quê estamos nos referindo:
A princípio, o revisionismo histórico é uma técnica acadêmica legítima que reinterpreta uma teoria historiográfica estabelecida já que apareceram novas fontes documentais que permitem uma melhor análise. A História é uma ciência social que constrói suas teorias de forma acumulativa (segundo a quantidade de dados) mas também qualitativa (objetividade de suas teorias). Ou seja, não já nada ruim (de fato é um exercício muito são) em renovar nossa visão dos fatos passados (que mudam segundo nossa civilização) sempre, claro está que o façamos de acordo com o método científico.
Existe, por outro lado, um outro tipo de revisionismo propagandístico e pseudo-histórico que refugia o uso científico da História com um claro interesse político: dar uma interpretação do presente com base no passado. Assim, por exemplo, a esquerda política na Espanha atual é antissistema, anti-Estado, antidemocrática, anti-etc. como já se havia demonstrado, segundo os revisionistas, durante os anos da Segunda República. Trata-se de uma forma de propaganda que trata de justificar suas afirmações entroncando-as num passado manipulado. É uma forma de busca de "respeitabilidade". O exemplo extremo do revisionismo é o negacionismo neonazi.
Em outro post, já se deu alguns quantos dados sobre a figura do principal valedor (ao menos o mais midiático) do revisionismo neofranquista, Pío Moa, e sobre a origem dessa corrente pseudo-histórica.
Melhor que vejamos o anterior como um exemplo: numa discussão que mantiveram na internet, de um lado Enrique Moradiellos e do outro, o próprio Pío Moa apoiado por Antonio Sánchez Martínez, José Manuel Rodríguez Pardo e Íñigo Ongay de Felipe, todos colaboradores assíduos de El Catoblepas, a revista eletrônica da associação Nódulo Materialista a qual está ligada o filósofo Gustavo Bueno e vários outros professores da Universidade de Oviedo. Gustavo Bueno é uma figura muito controvertida por suas recentes obras, "España no es un mito" ("Espanha não é um mito") e "Zapatero y el pensamiento Alicia" ("Zapatero e o pensamento de Alice") (de novo, passado e presente) e suas declarações radicais sobre o atual governo socialista ou o nacionalismo na Espanha, reproduzidas e apoiadas inclusive pela extrema-direita.
Sobre a adscrição política da revista "El Catoblepas", a verdade é que é um tema controvertido porque seus editores se definem como "materialistas", ainda que como sempre, diz-me com quem andas...
Moa declarou repetidamente que o mundo universitário o exclui de seus debates por contradizer a corrente historiográfica predominante controlada por professores ideologizados de esquerda, e portanto, subjetivos.
Enrique Moradiellos, catedrático de História Contemporânea da Universidade de Extremadura lhe responde caindo na provocação. Entre maio de 2003 e fevereiro de 2004 cruza uma série de artigos acerca de uma questão historiográfica particular: a intervenção de potências estrangeiras em apoio de um e de outro bando contendores na GCE (Guerra Civil Espanhola) e seu efeito sobre o curso e desenlace final.
Moa havia enfocado este tema em seu livro "Los mitos de la Guerra Civil" ("Os mitos da Guerra Civil") nos seguintes termos: 1) que a ajuda foi de quantidade e qualidade similar para ambos os bandos; 2) que foi a URSS quem rompeu a política de não-intervencionismo das potências europeias; 3) que o objetivo final da ajuda stalinista era a instauração de um satélite na Espanha que acelerasse a queda dos regimes democráticos da Europa Ocidental e 4) que a dita intervenção não afetou de maneira substancial o resultado final da guerra.
Moradiellos rebate num primeiro artigo todas essas teorias com base na documentação já estudada (citando suas obras) por Jackson, Coverdale, Proctor, Avilés, Pike, Viñas, Saz, Howson, Preston, Abendroth, Graham, Radosh, Whealey, Haslam, Oliveira, Stone, Madariaga, García Cruz, Fusi, Bizcarrondo, Elorza etc. Esta documentação está disponível para a consulta nos arquivos do Foreign Office britânico, do Departamento de Estado estadunidense, do Arquivo Político do Ministério de Relações Externas (Berlim), dos Arquivos Militares de Friburgo, do Arquivo Secreto do Estado (Berlim); do Archivio Centrale dello Stato (inclui a Segretaria Particolare del Duce) e do Archivio Storico del Ministero degli Affari Esteri (inclusive o «Ufficio Spagna» que dirigia a intervenção italiana na Espanha) ambos em Roma; do Arquivo do Ministério de Assuntos Exteriores da França (Paris), dos arquivos militares franceses (Toulouse e Paris), dos arquivos de departamentos fronteiriços com a Espanha e dos arquivos de companhias aeronáuticas franceses.
Toda esta documentação estudada e já publicada, vem a demonstrar justo o contrário do afirmado por Moa: que o Eixo levou a iniciativa na intervenção, que os objetivos da intervenção soviética eram contemporizadores (deter o avanço do fascismo) e que a maior ajuda militar alemã e italiana conferiu uma esmagadora superioridade aérea ao grupo franquista, o que determinaria finalmente o curso das operações militares.
Chegando a este ponto, podemos pensar que íamos ter um debate a altura, com Moa replicando com novos dados e cifras provenientes de documentos inéditos. Pois não foi o que aconteceu.
Mas sua resposta e outras coisas mais já a veremos no post seguinte.
Fonte: blog Fuentes para la Historia de la 2ª República, la Guerra Civil y el Franquismo (Espanha)
Título original: El revisionismo neofranquista (2): cómo funciona
http://fuentesguerracivil.blogspot.com.br/2008/03/el-revisionismo-neofranquista-como.html
Tradução: Roberto Lucena
Parte 1: O revisionismo neofranquista (1): guia de uso - Pío Moa
Parte 3: O revisionismo neofranquista (3): Moa exposto
A princípio, o revisionismo histórico é uma técnica acadêmica legítima que reinterpreta uma teoria historiográfica estabelecida já que apareceram novas fontes documentais que permitem uma melhor análise. A História é uma ciência social que constrói suas teorias de forma acumulativa (segundo a quantidade de dados) mas também qualitativa (objetividade de suas teorias). Ou seja, não já nada ruim (de fato é um exercício muito são) em renovar nossa visão dos fatos passados (que mudam segundo nossa civilização) sempre, claro está que o façamos de acordo com o método científico.
Existe, por outro lado, um outro tipo de revisionismo propagandístico e pseudo-histórico que refugia o uso científico da História com um claro interesse político: dar uma interpretação do presente com base no passado. Assim, por exemplo, a esquerda política na Espanha atual é antissistema, anti-Estado, antidemocrática, anti-etc. como já se havia demonstrado, segundo os revisionistas, durante os anos da Segunda República. Trata-se de uma forma de propaganda que trata de justificar suas afirmações entroncando-as num passado manipulado. É uma forma de busca de "respeitabilidade". O exemplo extremo do revisionismo é o negacionismo neonazi.
Em outro post, já se deu alguns quantos dados sobre a figura do principal valedor (ao menos o mais midiático) do revisionismo neofranquista, Pío Moa, e sobre a origem dessa corrente pseudo-histórica.
Melhor que vejamos o anterior como um exemplo: numa discussão que mantiveram na internet, de um lado Enrique Moradiellos e do outro, o próprio Pío Moa apoiado por Antonio Sánchez Martínez, José Manuel Rodríguez Pardo e Íñigo Ongay de Felipe, todos colaboradores assíduos de El Catoblepas, a revista eletrônica da associação Nódulo Materialista a qual está ligada o filósofo Gustavo Bueno e vários outros professores da Universidade de Oviedo. Gustavo Bueno é uma figura muito controvertida por suas recentes obras, "España no es un mito" ("Espanha não é um mito") e "Zapatero y el pensamiento Alicia" ("Zapatero e o pensamento de Alice") (de novo, passado e presente) e suas declarações radicais sobre o atual governo socialista ou o nacionalismo na Espanha, reproduzidas e apoiadas inclusive pela extrema-direita.
Sobre a adscrição política da revista "El Catoblepas", a verdade é que é um tema controvertido porque seus editores se definem como "materialistas", ainda que como sempre, diz-me com quem andas...
Moa declarou repetidamente que o mundo universitário o exclui de seus debates por contradizer a corrente historiográfica predominante controlada por professores ideologizados de esquerda, e portanto, subjetivos.
Enrique Moradiellos, catedrático de História Contemporânea da Universidade de Extremadura lhe responde caindo na provocação. Entre maio de 2003 e fevereiro de 2004 cruza uma série de artigos acerca de uma questão historiográfica particular: a intervenção de potências estrangeiras em apoio de um e de outro bando contendores na GCE (Guerra Civil Espanhola) e seu efeito sobre o curso e desenlace final.
Moa havia enfocado este tema em seu livro "Los mitos de la Guerra Civil" ("Os mitos da Guerra Civil") nos seguintes termos: 1) que a ajuda foi de quantidade e qualidade similar para ambos os bandos; 2) que foi a URSS quem rompeu a política de não-intervencionismo das potências europeias; 3) que o objetivo final da ajuda stalinista era a instauração de um satélite na Espanha que acelerasse a queda dos regimes democráticos da Europa Ocidental e 4) que a dita intervenção não afetou de maneira substancial o resultado final da guerra.
Moradiellos rebate num primeiro artigo todas essas teorias com base na documentação já estudada (citando suas obras) por Jackson, Coverdale, Proctor, Avilés, Pike, Viñas, Saz, Howson, Preston, Abendroth, Graham, Radosh, Whealey, Haslam, Oliveira, Stone, Madariaga, García Cruz, Fusi, Bizcarrondo, Elorza etc. Esta documentação está disponível para a consulta nos arquivos do Foreign Office britânico, do Departamento de Estado estadunidense, do Arquivo Político do Ministério de Relações Externas (Berlim), dos Arquivos Militares de Friburgo, do Arquivo Secreto do Estado (Berlim); do Archivio Centrale dello Stato (inclui a Segretaria Particolare del Duce) e do Archivio Storico del Ministero degli Affari Esteri (inclusive o «Ufficio Spagna» que dirigia a intervenção italiana na Espanha) ambos em Roma; do Arquivo do Ministério de Assuntos Exteriores da França (Paris), dos arquivos militares franceses (Toulouse e Paris), dos arquivos de departamentos fronteiriços com a Espanha e dos arquivos de companhias aeronáuticas franceses.
Toda esta documentação estudada e já publicada, vem a demonstrar justo o contrário do afirmado por Moa: que o Eixo levou a iniciativa na intervenção, que os objetivos da intervenção soviética eram contemporizadores (deter o avanço do fascismo) e que a maior ajuda militar alemã e italiana conferiu uma esmagadora superioridade aérea ao grupo franquista, o que determinaria finalmente o curso das operações militares.
Chegando a este ponto, podemos pensar que íamos ter um debate a altura, com Moa replicando com novos dados e cifras provenientes de documentos inéditos. Pois não foi o que aconteceu.
Mas sua resposta e outras coisas mais já a veremos no post seguinte.
Fonte: blog Fuentes para la Historia de la 2ª República, la Guerra Civil y el Franquismo (Espanha)
Título original: El revisionismo neofranquista (2): cómo funciona
http://fuentesguerracivil.blogspot.com.br/2008/03/el-revisionismo-neofranquista-como.html
Tradução: Roberto Lucena
Parte 1: O revisionismo neofranquista (1): guia de uso - Pío Moa
Parte 3: O revisionismo neofranquista (3): Moa exposto
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segunda-feira, 6 de abril de 2015
O revisionismo neofranquista (1): guia de uso - Pío Moa
Acho que é preciso destacar que na Espanha, por volta dos anos oitenta, consolidada melhor ou pior a Transição e ainda distantes dos oito anos (1996-2004) de governo de José María Aznar, em que discutir sobre a 2ªR (2ª República) e a GCE (Guerra Civil Espanhola) era, ao menos na Universidade, um exercício de relativa unanimidade. Desterrados os argumentos da propaganda franquista, a Segunda República deixava de ser um caos anárquico de roubos, mortes e violações e se convertia em uma oportunidade de progresso perdida; o "Movimento" de regeneração nacional iniciado em julho de 1936 passava a ser considerado um golpe de Estado de livro e a Guerra Civil já não se decidia por intervenção divina, como boa cruzada, senão pelo abandono das democracias europeias frente à aliança de Hitler, Mussolini e Franco. Sinceramente, não parecia haver nada de extraordinário nisto. Toda ditadura constrói mitologias heroicas de luta e resistência por diversos motivos, e se crer nelas como se subministram requer sectarismo e ignorância em partes iguais.
quinta-feira, 4 de dezembro de 2014
Acerca da lei sobre a negação do Holocausto
Como citei aqui, eu comentei que iria fazer um post sobre esta lei da negação do Holocausto pois eu era o único no blog que não era contrário a este tipo de lei em alguns países com passado autoritário/ditatorial, que é o caso do Brasil, Alemanha e vários outros, e onde há um ranço autoritário de parte da população.
Com a subida ao poder de neonazistas na Ucrânia este ano, caiu por terra a "crença" de que esse tipo de lei combata ou consiga dispersar grupos de extrema-direita como muita gente acredita piamente, que basta assinar um decreto, e voilá, via passe de mágica os grupos "somem" com medo da legislação.
Lembrando que o golpe na Ucrânia foi apoiado pelo governo dos EUA e pelas lideranças da União Europeia, abrindo um precedente perigoso desde a segunda guerra. Ou seja, chega a ser bizarro que países tenham esse tipo de legislação e apoiem esse tipo de grupo (neonazi) chegar ao poder por conta de disputa política com a Rússia.
Voltando à questão, a ideia que o Roberto Muehlenkamp defende, e muito mais gente (a Lipstadt também defende isso, se eu achar o texto eu coloco aqui), de que a livre discussão deve prevalecer, e que se deve combater a ideia e que ideias não se acabam via canetada, é totalmente correta.
Mesmo eu tendo essa restrição com o negacionismo, eu sempre achei que essa ideia defendida pelo Roberto era totalmente correta, visto que a livre discussão do assunto nos EUA minou e desmoralizou esses grupos "revisionistas" por lá.
Só que há uma atuação civil naquele país pra combater isto que no Brasil não existe, o povo no Brasil em geral fica no comodismo achando que virá um "super-herói" combater essas coisas ou deixam a coisa correr pra discutir tudo em cima, em época de eleição (às vezes nem isso), sem participar politicamente de nada. É a típica ação comodista e covarde que culminou no aumento expressivo desse extremismo de direita no país como o desses grupos pedindo intervenção militar. A quem acha que uma coisa ("revisionismo") não tem a ver com a outra (esse extremismo de direita pedindo cabeça de presidente etc), as duas coisas têm mais relação do que muita gente pensa. O comodismo político tem um preço, o crescimento do extremismo.
Aqui o texto do Roberto no Holocaust Controversies:
A Petition to the German Legislator
Aqui um texto do Andrew Mathis sobre isso, com e mesma posição:
Holocaust Denial on Parade
O Leo concorda com a posição do Roberto Muehlenkamp (caso eu esteja errado eles podem vir comentar), o Daniel (do blog Avidanofront) idem, o Marcelo Oliveira que eu lembre também (ele não posta no blog, mas o nome do blog foi tirado da antiga, e finada, lista de discussão dele).
Então, declaro abertamente que minha posição anterior favorável (como uma exceção, apenas em países com passado ditatorial recente) sobre essa legislação acerca do negacionismo, não existe mais, não mais apoiarei este tipo de legislação ou lei sobre esse tipo de questão.
Quem quiser se iludir, como disse no comentário lá no começo do post (está no link), com essas leis, de que as mesmas irão acabar com racismo, crenças racistas e grupos fascistoides via caneta, sem haver educação, sem discussão, fique à vontade pra se iludir, só não quero ser cúmplice disso, dessa ilusão coletiva por comodismo, porque há bastante tempo sou cético com a 'eficácia' desse tipo de lei, e como disse acima, com o golpe dado na Ucrânia o ceticismo virou certeza, então seria bizarro eu continuar com a posição anterior.
O que se passa no Brasil em relação a essas questões (de racismo, extrema-direita etc), como eu disse acima, é de haver um certo descaso da sociedade civil, uma histeria tentando criar tabus (pra que não se discuta) por comodismo e fobia social, uma ignorância generalizada (o povo não procura entender o assunto pra se posicionar), e uma vontade de querer abafar o assunto com o famoso "esse assunto é chato" (chato é quem diz isso, tremendas malas sem alças), que acaba criando bizarrices como as que vi no Orkut, quando esse tipo de problema era algo mínimo, controlável, e um grupo de "ativistas" idiotas querendo dar uma de Batman (bancando os "justiceiros"), partiu prum quebra-pau com alguns desses bandos ridículos pequenos que circulavam por lá (grupos mínimos) e a coisa acabou se propagando por conta da histeria criada com a briga aberta, com a mídia fazendo sua "contribuição" pra difundir a coisa em vez de explicar, esclarecer, porque qualquer coisa que remeta a nazismo acaba chamando atenção do público curioso, que em sua grande maioria não lerá nada que preste sobre isso (e nem interesse muitas vezes têm), e quando leem algo que presta não costumam comentar, discutir etc, então a impressão que passam é a de que a ignorância é grande.
Depois do estrago feito não tem volta. Hoje dá pra falar sobre esse estouro do problema no Orkut sem a pessoa receber um ataque de algum "ativista" desses irritadinho porque a gente discorda desse tipo de "ativismo" deles posando de Batman, mas antes era complicado, você corria risco de receber ataque a torto e a direito (xingamento, ameaças etc) só por discordar de alguma dessas figuras por entender que eles não tinham noção alguma do que atacavam/criticavam (e não tinham mesmo, e acho que continuam sem ter), igual aos ataques que alguns "revis" também recebiam (isso era pra justificar a ação "benévola" justiceira deles). E obviamente o ataque é proferido por covardes, pois usavam das falhas de segurança do site pra fazerem isso.
Há um PL no congresso sobre esse assunto (negacionismo) que pode ser aprovado, se for ou não, a lei que reprime o problema não irá educar o povo com a questão do racismo, preconceito etc. É a mesma questão que a legislação antirracista levanta, essas leis acabaram com o racismo no Brasil ou acabou "refinando" a coisa? Porque quem é racista não deixa de ser por conta de uma lei.
Certas ideias, como as racistas, só se diluem mostrando que não prestam, que são crendices e afins, via educação e assimilação de conhecimento que é algo que muitos brasileiros sentem aversão, visto o tipo de busca por "conhecimento" que vão atrás como literatura rasa (livros de auto-ajuda), conspiratória ou por "filosofia" astrológica. Basta ver a lista de livros mais vendidos do país.
Não digo isso por pedantismo ou "contente" (tem gente que se sente o máximo e tem prazer em chamar grupos de pessoas de ignorantes, mas não sinto qualquer "alegria" nisso), pelo contrário, não é tão fácil pôr o dedo na ferida, mas é necessário.
Com a subida ao poder de neonazistas na Ucrânia este ano, caiu por terra a "crença" de que esse tipo de lei combata ou consiga dispersar grupos de extrema-direita como muita gente acredita piamente, que basta assinar um decreto, e voilá, via passe de mágica os grupos "somem" com medo da legislação.
Lembrando que o golpe na Ucrânia foi apoiado pelo governo dos EUA e pelas lideranças da União Europeia, abrindo um precedente perigoso desde a segunda guerra. Ou seja, chega a ser bizarro que países tenham esse tipo de legislação e apoiem esse tipo de grupo (neonazi) chegar ao poder por conta de disputa política com a Rússia.
Voltando à questão, a ideia que o Roberto Muehlenkamp defende, e muito mais gente (a Lipstadt também defende isso, se eu achar o texto eu coloco aqui), de que a livre discussão deve prevalecer, e que se deve combater a ideia e que ideias não se acabam via canetada, é totalmente correta.
Mesmo eu tendo essa restrição com o negacionismo, eu sempre achei que essa ideia defendida pelo Roberto era totalmente correta, visto que a livre discussão do assunto nos EUA minou e desmoralizou esses grupos "revisionistas" por lá.
Só que há uma atuação civil naquele país pra combater isto que no Brasil não existe, o povo no Brasil em geral fica no comodismo achando que virá um "super-herói" combater essas coisas ou deixam a coisa correr pra discutir tudo em cima, em época de eleição (às vezes nem isso), sem participar politicamente de nada. É a típica ação comodista e covarde que culminou no aumento expressivo desse extremismo de direita no país como o desses grupos pedindo intervenção militar. A quem acha que uma coisa ("revisionismo") não tem a ver com a outra (esse extremismo de direita pedindo cabeça de presidente etc), as duas coisas têm mais relação do que muita gente pensa. O comodismo político tem um preço, o crescimento do extremismo.
Aqui o texto do Roberto no Holocaust Controversies:
A Petition to the German Legislator
Aqui um texto do Andrew Mathis sobre isso, com e mesma posição:
Holocaust Denial on Parade
O Leo concorda com a posição do Roberto Muehlenkamp (caso eu esteja errado eles podem vir comentar), o Daniel (do blog Avidanofront) idem, o Marcelo Oliveira que eu lembre também (ele não posta no blog, mas o nome do blog foi tirado da antiga, e finada, lista de discussão dele).
Então, declaro abertamente que minha posição anterior favorável (como uma exceção, apenas em países com passado ditatorial recente) sobre essa legislação acerca do negacionismo, não existe mais, não mais apoiarei este tipo de legislação ou lei sobre esse tipo de questão.
Quem quiser se iludir, como disse no comentário lá no começo do post (está no link), com essas leis, de que as mesmas irão acabar com racismo, crenças racistas e grupos fascistoides via caneta, sem haver educação, sem discussão, fique à vontade pra se iludir, só não quero ser cúmplice disso, dessa ilusão coletiva por comodismo, porque há bastante tempo sou cético com a 'eficácia' desse tipo de lei, e como disse acima, com o golpe dado na Ucrânia o ceticismo virou certeza, então seria bizarro eu continuar com a posição anterior.
O que se passa no Brasil em relação a essas questões (de racismo, extrema-direita etc), como eu disse acima, é de haver um certo descaso da sociedade civil, uma histeria tentando criar tabus (pra que não se discuta) por comodismo e fobia social, uma ignorância generalizada (o povo não procura entender o assunto pra se posicionar), e uma vontade de querer abafar o assunto com o famoso "esse assunto é chato" (chato é quem diz isso, tremendas malas sem alças), que acaba criando bizarrices como as que vi no Orkut, quando esse tipo de problema era algo mínimo, controlável, e um grupo de "ativistas" idiotas querendo dar uma de Batman (bancando os "justiceiros"), partiu prum quebra-pau com alguns desses bandos ridículos pequenos que circulavam por lá (grupos mínimos) e a coisa acabou se propagando por conta da histeria criada com a briga aberta, com a mídia fazendo sua "contribuição" pra difundir a coisa em vez de explicar, esclarecer, porque qualquer coisa que remeta a nazismo acaba chamando atenção do público curioso, que em sua grande maioria não lerá nada que preste sobre isso (e nem interesse muitas vezes têm), e quando leem algo que presta não costumam comentar, discutir etc, então a impressão que passam é a de que a ignorância é grande.
Depois do estrago feito não tem volta. Hoje dá pra falar sobre esse estouro do problema no Orkut sem a pessoa receber um ataque de algum "ativista" desses irritadinho porque a gente discorda desse tipo de "ativismo" deles posando de Batman, mas antes era complicado, você corria risco de receber ataque a torto e a direito (xingamento, ameaças etc) só por discordar de alguma dessas figuras por entender que eles não tinham noção alguma do que atacavam/criticavam (e não tinham mesmo, e acho que continuam sem ter), igual aos ataques que alguns "revis" também recebiam (isso era pra justificar a ação "benévola" justiceira deles). E obviamente o ataque é proferido por covardes, pois usavam das falhas de segurança do site pra fazerem isso.
Há um PL no congresso sobre esse assunto (negacionismo) que pode ser aprovado, se for ou não, a lei que reprime o problema não irá educar o povo com a questão do racismo, preconceito etc. É a mesma questão que a legislação antirracista levanta, essas leis acabaram com o racismo no Brasil ou acabou "refinando" a coisa? Porque quem é racista não deixa de ser por conta de uma lei.
Certas ideias, como as racistas, só se diluem mostrando que não prestam, que são crendices e afins, via educação e assimilação de conhecimento que é algo que muitos brasileiros sentem aversão, visto o tipo de busca por "conhecimento" que vão atrás como literatura rasa (livros de auto-ajuda), conspiratória ou por "filosofia" astrológica. Basta ver a lista de livros mais vendidos do país.
Não digo isso por pedantismo ou "contente" (tem gente que se sente o máximo e tem prazer em chamar grupos de pessoas de ignorantes, mas não sinto qualquer "alegria" nisso), pelo contrário, não é tão fácil pôr o dedo na ferida, mas é necessário.
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segunda-feira, 22 de setembro de 2014
Eichmann antes de Jerusalém (Bettina Stangneth)
Em 1957, um círculo de nazistas na Argentina gravou dezenas de horas de conversas com Adolf Eichmann, com a expectativa de que elas levariam a um livro que refutaria a história estabelecida do Holocausto. Para o desgosto deles, no entanto, Eichmann passou a fazer declarações antissemitas na fita que indicavam claramente que ele desejou exterminar todos os judeus e que a política nazista tinha sido orientada para a Solução Final. Eichmann colocou uma pedra sobre a negação. Bettina Stangneth forneceu a análise mais detalhada e corretamente contextualizada deste ato revisionista suicida que é está atualmente disponível.
Eichmann declarou na fita 17 que "ainda há um monte de judeus curtindo a vida hoje que deveriam ter sido gaseados" (Stangneth, pág. 265). Mais revelador, na fita 67, quando Eichmann erroneamente pensou que a gravação havia sido concluído, ele afirmou que "se 10,3 milhões desses inimigos tivessem sido mortos, então teríamos cumprido nosso dever" (áudio aqui). Um trecho no início daquela mesma conversa identifica estes 10,3 milhões como provenientes do Relatório Korherr e diz que "[se] tivéssemos matado 10,3 milhões, eu ficaria satisfeito, e diria, bom, nós destruímos o inimigo" (Stangneth, p.304).
Em sua análise da guerra, Eichmann põe a culpa pelo fiasco em Weizmann, a quem ele chama de "Führer" da judiaria (ver pág. 11 da apresentação do julgamento T/1393). Ele afirma que "Como as coisas estão agora, desde que o destino pérfido deixou uma grande parte desses judeus vivos, digo a mim mesmo que isto é um fato consumado. Devo me curvar ao destino e providência" (transcrição do julgamento). Eichmann também discute o uso de exaustor de gases de Warthegau, como pode ser visto na página 14 de suas correções nos manuscritos, T/1432.
É, portanto, de admirar que MGK* e outros "revisionistas" evitem essas fitas e transcrições como uma poraga. A frase "eles são forjados" ou "estamos condenados/ferrados" parece apropriada.
*MGK é a sigla pra Mattogno, Graf e T. Kues, três negacionistas de destaque (nos círculos "revis") atualmente.
Fonte: Holocaust Controversies
http://holocaustcontroversies.blogspot.com/2014/09/eichmann-before-jerusalem-bettina.html
Texto: Jonathan Harrison
Título original: Eichmann Before Jerusalem (Bettina Stangneth)
Tradução: Roberto Lucena
Observação: a quem não leu antes, eis minha crítica (na observação deste post) a essa postura da Hannah Arent, que sempre achei furada, sobre o conceito do que ela definiu como "banalidade do mal", que sempre achei fútil e superficial. Mas não é uma crítica recente que eu faço como podem pensar por conta da data do post de 2013. A quem quiser ler os outros posts que citam a Arendt sigam a tag. Que agora a Bettina Stangneth pôs realmente abaixo a ideia distorcida da Arendt, com base nas impressões dela sobre a aparência do Eichmann num julgamento.
E qual é o problema de se manter esse tipo de opinião confrontando nomes que são literalmente endeusados, idolatrados e citados com base em "carteirada" ("quem é você pra contestar este nome consagrado"): justamente este. As pessoas no Brasil se agarram a um nome (geralmente quando citam estados ditatoriais chamando de totalitarismo, outro conceito problemático) que ouvem falar muito e fazem disso uma procissão sem sequer questionar se a afirmação dela procede ou tem sentido.
Toda vez que eu fazia essa contestação dizendo que é no mínimo fútil alguém traçar um perfil de um sociopata com base na dissimulação (certeira) que ele fez no julgamento pra passar por "pobre homem indefeso". A Arendt caiu literalmente na lábia do Eichmann no julgamento dele em Israel que era na verdade um assassino frio como todo nazista fanático, e dissimulado. Não havia banalidade do mal alguma, apenas dissimulação que ela tolamente (por romantismo e idealização) não soube identificar.
É um perigo fazer um comentário assim pois se entra fatalmente no terreno das diferenças de comportamento entre homens e mulheres, que existem, generalizando, pois nem todo homem e mulher se comportam dentro de um padrão preestabelecido embora haja sim uma certa facilidade do lado masculino em perceber certas dissimulações de homens, por um certo ceticismo com gente dissimulada, justamente por sabermos da natureza comportamental mais agressiva e violenta masculina.
A Arendt produziu uma banalização do nazismo com a ideia distorcida dela. Ainda bem que livros como este da Bettina Stangneth, depois de tanto tempo, põe abaixo essa abobrinha de "banalidade do mal". O Eichmann não era um simples burocrata bucólico, com cara de idiota (bonachão), como a Arendt deduziu erroneamente por se ater apenas à dissimulação e aparência dele, ela foi extremamente superficial e genérica ao produzir esse conceito bem furado. Eichmann era um assassino frio, dissimulado, como todo nazista fanático. Toda a máquina de extermínio nazista tinha essa característica, a maioria não entrava na mesma só por serem burocratas, o envolvimento com a ideologia do partido nazi pesava muito.
O que eu já vi de texto em português (do Brasil) citando esses livros da Hannah Arendt como referência sobre totalitarismo, dá desgosto. A crítica deve ser feita pois não é possível que as pessoas sejam tão óbvias a só usarem certos livros batidos (porque só procuram as traduções em português, nem espanhol verificam já que é um idioma próximo e fácil de ler pra quem fala português) pra entender o nazismo sem nem questionar se o conceito está errado ou não. Eu tenho tanta aversão à coisa (a repetição por comportamento de manada provoca certa irritação), que quando vejo o nome Arendt citado com a tal "banalização do mal" eu já paro de ler.
Eichmann declarou na fita 17 que "ainda há um monte de judeus curtindo a vida hoje que deveriam ter sido gaseados" (Stangneth, pág. 265). Mais revelador, na fita 67, quando Eichmann erroneamente pensou que a gravação havia sido concluído, ele afirmou que "se 10,3 milhões desses inimigos tivessem sido mortos, então teríamos cumprido nosso dever" (áudio aqui). Um trecho no início daquela mesma conversa identifica estes 10,3 milhões como provenientes do Relatório Korherr e diz que "[se] tivéssemos matado 10,3 milhões, eu ficaria satisfeito, e diria, bom, nós destruímos o inimigo" (Stangneth, p.304).
Em sua análise da guerra, Eichmann põe a culpa pelo fiasco em Weizmann, a quem ele chama de "Führer" da judiaria (ver pág. 11 da apresentação do julgamento T/1393). Ele afirma que "Como as coisas estão agora, desde que o destino pérfido deixou uma grande parte desses judeus vivos, digo a mim mesmo que isto é um fato consumado. Devo me curvar ao destino e providência" (transcrição do julgamento). Eichmann também discute o uso de exaustor de gases de Warthegau, como pode ser visto na página 14 de suas correções nos manuscritos, T/1432.
É, portanto, de admirar que MGK* e outros "revisionistas" evitem essas fitas e transcrições como uma poraga. A frase "eles são forjados" ou "estamos condenados/ferrados" parece apropriada.
*MGK é a sigla pra Mattogno, Graf e T. Kues, três negacionistas de destaque (nos círculos "revis") atualmente.
Fonte: Holocaust Controversies
http://holocaustcontroversies.blogspot.com/2014/09/eichmann-before-jerusalem-bettina.html
Texto: Jonathan Harrison
Título original: Eichmann Before Jerusalem (Bettina Stangneth)
Tradução: Roberto Lucena
Capa do livro |
E qual é o problema de se manter esse tipo de opinião confrontando nomes que são literalmente endeusados, idolatrados e citados com base em "carteirada" ("quem é você pra contestar este nome consagrado"): justamente este. As pessoas no Brasil se agarram a um nome (geralmente quando citam estados ditatoriais chamando de totalitarismo, outro conceito problemático) que ouvem falar muito e fazem disso uma procissão sem sequer questionar se a afirmação dela procede ou tem sentido.
Toda vez que eu fazia essa contestação dizendo que é no mínimo fútil alguém traçar um perfil de um sociopata com base na dissimulação (certeira) que ele fez no julgamento pra passar por "pobre homem indefeso". A Arendt caiu literalmente na lábia do Eichmann no julgamento dele em Israel que era na verdade um assassino frio como todo nazista fanático, e dissimulado. Não havia banalidade do mal alguma, apenas dissimulação que ela tolamente (por romantismo e idealização) não soube identificar.
É um perigo fazer um comentário assim pois se entra fatalmente no terreno das diferenças de comportamento entre homens e mulheres, que existem, generalizando, pois nem todo homem e mulher se comportam dentro de um padrão preestabelecido embora haja sim uma certa facilidade do lado masculino em perceber certas dissimulações de homens, por um certo ceticismo com gente dissimulada, justamente por sabermos da natureza comportamental mais agressiva e violenta masculina.
A Arendt produziu uma banalização do nazismo com a ideia distorcida dela. Ainda bem que livros como este da Bettina Stangneth, depois de tanto tempo, põe abaixo essa abobrinha de "banalidade do mal". O Eichmann não era um simples burocrata bucólico, com cara de idiota (bonachão), como a Arendt deduziu erroneamente por se ater apenas à dissimulação e aparência dele, ela foi extremamente superficial e genérica ao produzir esse conceito bem furado. Eichmann era um assassino frio, dissimulado, como todo nazista fanático. Toda a máquina de extermínio nazista tinha essa característica, a maioria não entrava na mesma só por serem burocratas, o envolvimento com a ideologia do partido nazi pesava muito.
O que eu já vi de texto em português (do Brasil) citando esses livros da Hannah Arendt como referência sobre totalitarismo, dá desgosto. A crítica deve ser feita pois não é possível que as pessoas sejam tão óbvias a só usarem certos livros batidos (porque só procuram as traduções em português, nem espanhol verificam já que é um idioma próximo e fácil de ler pra quem fala português) pra entender o nazismo sem nem questionar se o conceito está errado ou não. Eu tenho tanta aversão à coisa (a repetição por comportamento de manada provoca certa irritação), que quando vejo o nome Arendt citado com a tal "banalização do mal" eu já paro de ler.
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quarta-feira, 13 de agosto de 2014
As questões de Santomauro (baboseiras "revis") - Parte 1
Tentarei responder esse "questionário" (entre aspas) "revi" de 29 partes ("perguntas") do M. Santomauro ("revisionista" dos EUA), em partes, porque ficaria inviável respondê-lo todo de uma vez, uma vez que quando se coloca textos extensos pouca gente lê. Só não sei em quantas partes ele será dividido.
Em todo caso, segue abaixo o tal texto reproduzido em blog neonazista (Arquivo88, o 88 é alusivo a Heil Hitler), com grafia de Portugal, ainda no acordo ortográfico antigo (já que o novo já está em vigor):
AS QUESTÕES DE SANTOMAURO (http://arquivo88.blogspot.com.br/2014/05/as-questoes-de-santomauro.html)
Alguém poderia me ajudar a responder essas questões?
1. Por que é que Elie Wiesel e inúmeros outros Judeus sobreviveram ao Holocausto se era intenção do Terceiro Reich eliminar cada um dos Judeus que eles receberam nas suas mãos? Elie foi prisioneiro durante vários anos; outros Judeus sobreviveram ainda mais tempo. A maioria destes “sobreviventes” eram pessoas normais que não tinham qualquer perícia rara que os Alemães pudessem ter explorado para o seu esforço de guerra. Não havia nenhuma razão lógica para eles ser mantidos vivos. A existência de mais de um milhão de sobreviventes nos dias de hoje, aproximadamente sessenta anos depois, contradiz um dos componentes básicos do holocausto, isto é, que os Alemães tiveram uma política de eliminar cada Judeu que eles recebiam nas suas mãos.
Em que uma coisa impede a outra? O problema (distorção) desse tipo de afirmação é que dá como certo o desfecho da guerra (que todo mundo sabe hoje como acabou) ignorando que o nazismo não previa que iria perder a guerra, não estabeleceu prazos pra cumprir todo o extermínio que não conseguiu realizar (apenas parcialmente), além de ignorar as outras minorias que o nazismo também perseguiu e matou.
O Santomauro novamente "ignora" como se procedeu a matança, que não ocorreu de uma só forma como por exemplo na invasão da União Soviética, a matança se deu por balas e havia remanejo de mão de obra escrava judia e de prisioneiros para mais de um campo. O erro básico dessa afirmação reside no fato de que parte do pressuposto de que o nazismo ou os nazistas sabiam como iria ocorrer o fim da guerra desde o princípio, e isso é falso. Eles não sabiam (quando começaram a perseguir) que o conflito acabaria em 1945, da forma como ocorreu. A meta dos nazis primeiro foi varrer os judeus alemães da Alemanha, depois começou a perseguição em outros países e extermínio com ajuda das forças fascistas (colaboracionistas) dos países ocupados ou alinhados com o eixo. Eles não estabeleceram um prazo fixo pra exterminar todos os judeus da Europa, como também não conseguiriam atingir os judeus que residiam em outros países não-ocupados por nazistas ou sem regimes alinhados com o eixo (ex: Reino Unido).
Portanto a afirmação feita pelo revimané Santomauro parte de um erro e prossegue em cima desse mesmo erro sem fazer qualquer correção.
Os nazis não mataram todos os judeus prisioneiros de uma vez, e não conseguiram perseguir todos os judeus da Europa, por isso obviamente há sobreviventes e há sobreviventes que circularam em vários campos servindo como mão de obra escrava ou chegando aos campos próximo do fim das atividades deles e por sorte não foram mortos. Uma parte que foi capturada foi usada como mão de obra escrava pelo nazismo, um dos motivos pra não se exterminar de uma vez todos os judeus assim que eram pegos, uma parte que foi usada morreu de exaustão. É falso afirmar, como o Santomauro faz, que os prisioneiros de uma forma geral não tinham utilidade pro nazismo, milhares foram usados em trabalho escravo/forçado. Leia mais sobre isso aqui:
Trabalho escravo no nazismo
2. Porque não há nenhuma menção ao Holocausto nos seis volumes de História escritos por Churchill sobre a Segunda Guerra Mundial nem nas memórias de guerra de De Gaulle ou de Eisenhower nem em qualquer dos outros intervenientes menores que escreveram sobre aquele conflito? Lembrem-se que todos eles foram escritos anos depois da guerra ter acabado e também depois do Holocausto ter sido supostamente provado nos Julgamentos de Nuremberga. No que diz respeito ao Holocausto, o silêncio quanto a esta questão é ensurdecedora!
O termo Holocausto só passa a ser popularmente usado depois de uma minissérie norte-americana lançada em 1978 com o mesmo nome: Holocausto. Chega a ser bizarro que um dito "revisionista" não saiba de algo tão primário como esse.
Sobre a minissérie, podem ler sobre isso no post abaixo:
Minissérie 'Holocausto' (Gerald Green, 1978). Não existe filme com nome Holocausto
Ou seja, antes, durante a após décadas da segunda guerra até a minissérie ser lançada e se tornar popular, não se costuma usar (não era comum) o termo Holocausto para se referir à perseguição e extermínio de judeus na segunda guerra ou pra se referir ao genocídio nazista, as pessoas falavam de genocídio, Auschwitz ou extermínio mas o termo Holocausto não era comum/popular, por isso não é incomum que não haja qualquer menção à palavra Holocausto por essas pessoas ou mais gente dessa época.
A afirmação idiota, mais uma, do Santomauro é falsa. Há citações de perseguição a judeus feitas por Churchill em suas memórias, por exemplo. Se o "revi" Santomauro tivesse ido atrás da informação ao invés de crivar como verdade absoluta as abobrinhas de Faurisson (negacionista francês que elaborou essa afirmação), não teria feito tal "questionamento". O que não se sabia à época da segunda guerra e no pós-segunda guerra era a extensão real do extermínio, mas a afirmação de que não há citação sobre o fato é falsa como quase tudo que o Faurisson e os "revis" escrevem.
Encontra-se com relativa facilidade os volumes na web das Memórias de De Gaulle:
Mémoires de guerre
Curioso o Santomauro não ter olhado nenhum volume e principalmente o Faurisson que é francês (se viu fez de conta que não leu).
Nos três volumes há citações dispersas sobre judeus com as palavras "juif" e "juive" (a palavra "juive" é usada pra se referir a seguidor do judaísmo, é usada mais no sentido religioso, enquanto "juif" é usada de forma mais genérica pra "judeu" independente que seja algo religioso ou não).
Quem quiser ver todas as passagens, confiram-nas no link do texto:
Charles de Gaulle et le génocide des juifs
No link acima há todos os trechos sobre Holocausto nas Memórias de De Gaulle. Só isso já põe por terra essa abobrinha clássica do Faurisson repetida pelo Santomauro. Depois o povo pergunta porque não há muita paciência em discutir com "revis", eu acho que isso mostra o motivo. São tão desonestos e distorcem (mentem) tanto que não existe de fato uma discussão e sim apontamento do que eles distorcem de forma deliberada (de caso pensado).
Só um exemplo, volume 2 das Memórias de De Gaulle:
Agora nas Memórias de Churchill, do volume 6 (são seis volumes ao todo as Memórias de Churchill, há um volume condensado que foi traduzido pro português e espanhol mas nunca lançaram na íntegra todos os seis volumes do original em português):
Fico devendo a parte do Eisenhower que colocarei depois.
3. O que é que uma enfermaria para os prisioneiros (e um bordel) estavam a fazer em Auschwitz se aquilo era, realmente, um campo da morte?
No campo havia os mantenedores dele (os nazis), era pra eles e pruma parte dos "prisioneiros arianos" que serviam o bordel e enfermaria. Ou o Santomauro acha que ninguém precisava de medicação e enfermaria? E que nem todos os prisioneiros foram mortos de imediato? O Santomauro "acha" tanto que não acha nada.
O bordel do campo de concentração: o trabalho forçado sexual em campos
O ícone mais idiota da negação do Holocausto: a piscina de Auschwitz
4. Porque iriam os Alemães reunir Judeus nos confins do seu império, envolvendo uma tão grande quantidade de pessoal e material, lutando uma guerra mundial em duas frentes, e entregar essas pessoas em “campos da morte”, a centenas de milhas de distância e que, supostamente, algumas eram executadas logo à chegada – uma bala logo no início não teria apelado ao lendário sentido alemão de eficiência?
Pelo teor das perguntas do Santomauro, parece que ele nunca leu nada sobre nazismo. Vários massacres foram cometidos com uso de munição, principalmente no leste europeu com os Eisantzgruppen. O método foi deixado de lado porque provocava traumas nos executores. O uso de campos de extermínio evitava o contato direto dos carrascos com suas vítimas, que era o que ocasionava esses traumas, além de ser um método rápido e em larga escala.
5. Por que é que após sessenta anos, os historiadores ainda não conseguiram encontrar um único documento alemão que aponte para o Holocausto? Devemos acreditar em pessoas como Raul Hilberg que defendem que, em vez de ordens escritas, havia um “incrível encontro de mentes” que levou a que, literalmente, dezenas de milhares de pessoas coordenassem as suas acções para desenvolver um empreendimento desta magnitude?
Nenhum documento? Dê uma lida (na parte Documents) aqui, há vários. E há algumas traduções em português aqui no blog. Sua afirmação sobre "nenhum documento" é falsa.
6. Como é possível que se insista no número de seis milhões de Judeus mortos quando o número oficial de Judeus mortos em Auschwitz, o principal gulag do Holocausto, foi reduzido do número imediato após o fim da guerra – 3 milhões – para um número que se situa abaixo de um milhão? Por que é que muitas pessoas respondem a esta observação dizendo, “qual é a diferença se são seis milhões ou se é um milhão”. A resposta é que a diferença são cinco milhões. Outra diferença é que dizendo isso, podemos apanhar três anos numa cadeia Austríaca… basta perguntarem a David Irving!
Santomauro, seis milhões é um número referente a uma estimativa ou arredondamento e não número exato como você insinua, ninguém mata exatamente seis milhões de pessoas, mas a estimativa é dessa monta, por isso dizem que seis milhões foram exterminados. Não há nenhum equívoco usar o termo. Não significa que isso é um número exato como você está insinuando. Popularmente as pessoas citam essa quantificação como número exato, mas é errado embora seja usual, você mesmo cometeu o mesmo erro ao fazer a insinuação e não tem a honestidade intelectual de se auto-criticar.
Ninguém será preso por fazer pesquisa sobre o Holocausto, os grupos que são alvos desse tipo de legislação são considerados publicamente como negacionistas e ligados a grupos neonazistas e de extrema-direita. Você novamente "ignora" os motivos pelo qual o Irving foi preso, mas faz o mesmo que todo "revi" sempre faz ao discutir: omite coisas, distorce etc.
Na Turquia quem afirma que houve genocídio armênio pode ser preso, nunca vi nenhum "revi" criticar a Turquia por conta desse tipo de legislação, mas chiam muito com a legislação sobre negacionismo do Holocausto. Pode-se questionar se esse tipo de lei presta ou é válido, mas afirmar que o Irving foi "perseguido" só por ter opinião divergente é ato de má fé.
Só que gostaria de saber quais as fontes do que você afirma, pois você fez um questionário gigante sem apontar fonte alguma, repetindo muitas afirmações feitas por negacionistas. E obviamente ficarei esperando por isso em vão pois sua claque "revi" que traduziu esse texto pro português (gramática portuguesa) não irá atrás disso.
7. Todos os códigos de guerra da Alemanha foram identificados, inclusivamente aqueles usados para enviar os relatórios diários de Auschwitz para Berlim. As cópias destas mensagens não fazem qualquer menção a execuções em massa nem mesmo remotamente sugerem qualquer programa de genocídio em progresso. Além do mais, insiste-se que os alemães usaram um tipo de código eufemista para discutir o seu programa de extermínio dos judeus, como por exemplo solução final, tratamento especial, restabelecimento, etc. Por que é que seria necessário eles usarem um tal eufemismo codificado para conversarem entre si, a menos que eles pensassem que os seus códigos tinham sido descobertos pelos Aliados?
Santomauro, a perseguição e extermínio de judeus não era assunto oficial dentro da Alemanha, era algo que ocorria paralelo à guerra com outros países. Os códigos são justamente pra isso, evitar que o extermínio seja identificado como tal pois constituem crime de guerra. Leia isto:
Quick Facts: "Tratamento Especial" (Sonderbehandlung)
Os eufemismos nazistas
8. O nível hidrostático em Auschwitz está a umas meras 18 polegadas abaixo da superfície, o que faz insustentáveis as afirmações de enormes fossas a arder para a eliminação de dezenas de milhares de vítimas.
Fonte?
9. Inicialmente, foram feitas afirmações de que tinham acontecido execuções em massa em câmaras de gás homicidas em campos localizados dentro do Antigo Reich, como por exemplo, em Dachau e em Bergen-Belsen. As “provas” para esse efeito era eram semelhantes às que nos tinham oferecido para os outros campos, localizados na Polônia ocupada. Porém, sem qualquer explicação, nos anos sessenta cedo passou a ser dito que afinal não era o caso e que todos os “campos da morte” estavam localizados a Leste, ou seja, na Polônia, fora (alguns diriam de forma conveniente) dos olhos dos investigadores ocidentais.
Fonte? Mais outra afirmação sem fonte. Curioso que ele não cita nenhum texto "revi" indicando de onde tiraram essas "conclusões". Sai atacando a esmo, requentando besteira, e não aponta fonte alguma, nem de seus gurus "revis".
Em todo caso, segue abaixo o tal texto reproduzido em blog neonazista (Arquivo88, o 88 é alusivo a Heil Hitler), com grafia de Portugal, ainda no acordo ortográfico antigo (já que o novo já está em vigor):
AS QUESTÕES DE SANTOMAURO (http://arquivo88.blogspot.com.br/2014/05/as-questoes-de-santomauro.html)
Alguém poderia me ajudar a responder essas questões?
1. Por que é que Elie Wiesel e inúmeros outros Judeus sobreviveram ao Holocausto se era intenção do Terceiro Reich eliminar cada um dos Judeus que eles receberam nas suas mãos? Elie foi prisioneiro durante vários anos; outros Judeus sobreviveram ainda mais tempo. A maioria destes “sobreviventes” eram pessoas normais que não tinham qualquer perícia rara que os Alemães pudessem ter explorado para o seu esforço de guerra. Não havia nenhuma razão lógica para eles ser mantidos vivos. A existência de mais de um milhão de sobreviventes nos dias de hoje, aproximadamente sessenta anos depois, contradiz um dos componentes básicos do holocausto, isto é, que os Alemães tiveram uma política de eliminar cada Judeu que eles recebiam nas suas mãos.
Em que uma coisa impede a outra? O problema (distorção) desse tipo de afirmação é que dá como certo o desfecho da guerra (que todo mundo sabe hoje como acabou) ignorando que o nazismo não previa que iria perder a guerra, não estabeleceu prazos pra cumprir todo o extermínio que não conseguiu realizar (apenas parcialmente), além de ignorar as outras minorias que o nazismo também perseguiu e matou.
O Santomauro novamente "ignora" como se procedeu a matança, que não ocorreu de uma só forma como por exemplo na invasão da União Soviética, a matança se deu por balas e havia remanejo de mão de obra escrava judia e de prisioneiros para mais de um campo. O erro básico dessa afirmação reside no fato de que parte do pressuposto de que o nazismo ou os nazistas sabiam como iria ocorrer o fim da guerra desde o princípio, e isso é falso. Eles não sabiam (quando começaram a perseguir) que o conflito acabaria em 1945, da forma como ocorreu. A meta dos nazis primeiro foi varrer os judeus alemães da Alemanha, depois começou a perseguição em outros países e extermínio com ajuda das forças fascistas (colaboracionistas) dos países ocupados ou alinhados com o eixo. Eles não estabeleceram um prazo fixo pra exterminar todos os judeus da Europa, como também não conseguiriam atingir os judeus que residiam em outros países não-ocupados por nazistas ou sem regimes alinhados com o eixo (ex: Reino Unido).
Portanto a afirmação feita pelo revimané Santomauro parte de um erro e prossegue em cima desse mesmo erro sem fazer qualquer correção.
Os nazis não mataram todos os judeus prisioneiros de uma vez, e não conseguiram perseguir todos os judeus da Europa, por isso obviamente há sobreviventes e há sobreviventes que circularam em vários campos servindo como mão de obra escrava ou chegando aos campos próximo do fim das atividades deles e por sorte não foram mortos. Uma parte que foi capturada foi usada como mão de obra escrava pelo nazismo, um dos motivos pra não se exterminar de uma vez todos os judeus assim que eram pegos, uma parte que foi usada morreu de exaustão. É falso afirmar, como o Santomauro faz, que os prisioneiros de uma forma geral não tinham utilidade pro nazismo, milhares foram usados em trabalho escravo/forçado. Leia mais sobre isso aqui:
Trabalho escravo no nazismo
2. Porque não há nenhuma menção ao Holocausto nos seis volumes de História escritos por Churchill sobre a Segunda Guerra Mundial nem nas memórias de guerra de De Gaulle ou de Eisenhower nem em qualquer dos outros intervenientes menores que escreveram sobre aquele conflito? Lembrem-se que todos eles foram escritos anos depois da guerra ter acabado e também depois do Holocausto ter sido supostamente provado nos Julgamentos de Nuremberga. No que diz respeito ao Holocausto, o silêncio quanto a esta questão é ensurdecedora!
O termo Holocausto só passa a ser popularmente usado depois de uma minissérie norte-americana lançada em 1978 com o mesmo nome: Holocausto. Chega a ser bizarro que um dito "revisionista" não saiba de algo tão primário como esse.
Sobre a minissérie, podem ler sobre isso no post abaixo:
Minissérie 'Holocausto' (Gerald Green, 1978). Não existe filme com nome Holocausto
Ou seja, antes, durante a após décadas da segunda guerra até a minissérie ser lançada e se tornar popular, não se costuma usar (não era comum) o termo Holocausto para se referir à perseguição e extermínio de judeus na segunda guerra ou pra se referir ao genocídio nazista, as pessoas falavam de genocídio, Auschwitz ou extermínio mas o termo Holocausto não era comum/popular, por isso não é incomum que não haja qualquer menção à palavra Holocausto por essas pessoas ou mais gente dessa época.
A afirmação idiota, mais uma, do Santomauro é falsa. Há citações de perseguição a judeus feitas por Churchill em suas memórias, por exemplo. Se o "revi" Santomauro tivesse ido atrás da informação ao invés de crivar como verdade absoluta as abobrinhas de Faurisson (negacionista francês que elaborou essa afirmação), não teria feito tal "questionamento". O que não se sabia à época da segunda guerra e no pós-segunda guerra era a extensão real do extermínio, mas a afirmação de que não há citação sobre o fato é falsa como quase tudo que o Faurisson e os "revis" escrevem.
Encontra-se com relativa facilidade os volumes na web das Memórias de De Gaulle:
Mémoires de guerre
Curioso o Santomauro não ter olhado nenhum volume e principalmente o Faurisson que é francês (se viu fez de conta que não leu).
Nos três volumes há citações dispersas sobre judeus com as palavras "juif" e "juive" (a palavra "juive" é usada pra se referir a seguidor do judaísmo, é usada mais no sentido religioso, enquanto "juif" é usada de forma mais genérica pra "judeu" independente que seja algo religioso ou não).
Quem quiser ver todas as passagens, confiram-nas no link do texto:
Charles de Gaulle et le génocide des juifs
No link acima há todos os trechos sobre Holocausto nas Memórias de De Gaulle. Só isso já põe por terra essa abobrinha clássica do Faurisson repetida pelo Santomauro. Depois o povo pergunta porque não há muita paciência em discutir com "revis", eu acho que isso mostra o motivo. São tão desonestos e distorcem (mentem) tanto que não existe de fato uma discussão e sim apontamento do que eles distorcem de forma deliberada (de caso pensado).
Só um exemplo, volume 2 das Memórias de De Gaulle:
Au cours de l'été, s'aggravait la persécution des Juifs, menée par un « commissariat » spécial de concert avec l'envahisseur. En septembre, comme le Reich exigeait de la France une main-d'œuvre sans cesse plus nombreuse et que les ouvriers volontaires n'y suffisaient pas, on procédait à une levée obligatoire de travailleurs. Le montant total des frais d'occupation atteignait 200 milliards au début de ce mois, soit le double de ce qu'il était en septembre de l'année d'avant. Enfin, la répression allemande redoublait de violence. Pendant ces quatre mêmes semaines, un millier d'hommes étaient fusillés, dont 116 au mont Valérien ; plus de 6 000 allaient en prison ou aux camps de concentration.Tradução:
Durante o verão, agravou-se a perseguição aos judeus, conduzida por uma "polícia" especial em conjunto com o invasor. Em setembro, o Reich exigiu da França uma força de trabalho cada vez mais numerosa e que os trabalhadores voluntários não eram suficientes, então passaram a elevar a cota de trabalhadores forçados. Os custos totais de ocupação chegou a 200 bilhões no início deste mês, é o dobro do que era em setembro do ano anterior. Por fim, a repressão alemã redobrou a violência. Durante essas quatro semanas, mil homens foram baleados, incluindo 116 no Monte Valérien; mais de 6000 estavam em campos de prisioneiros ou de concentração.
Agora nas Memórias de Churchill, do volume 6 (são seis volumes ao todo as Memórias de Churchill, há um volume condensado que foi traduzido pro português e espanhol mas nunca lançaram na íntegra todos os seis volumes do original em português):
Prime Minister to Foreign SecretaryMinha tradução:
11 July 44
There is no doubt that this [persecution of Jews in Hungary and their expulsion from enemy territory] is probably the greatest and most horrible crime ever committed in the whole history of the world, and it has been done by scientific machinery by nominally civilised men in the name of a great State and one of the leading races of Europe. It is quite clear that all concerned in this crime who may fall into our hands, including the people who only obeyed orders by carrying out the butcheries, should be put to death after their association with the murders has been proved. I cannot therefore feel that this is the kind of ordinary case which is put through the Protecting Power, as, for instance, the lack of feeding or sanitary conditions in some particular prisoners’ camp. There should therefore, in my opinion, be no negotiations of any kind on this subject. Declarations should be made in public, so that everyone connected with it will be hunted down and put to death.
Do primeiro-ministro ao ministro de Relações ExterioresNão irei traduzir o resto abaixo, mas caso alguém tenha curiosidade, segue em destaque outras partes do volume 6:
11 de julho 44
Não há dúvida de que isto [a perseguição de judeus na Hungria e sua expulsão do território inimigo] é provavelmente o maior e mais horrível crime jamais cometido em toda a história do mundo, e foi feito por maquinário científico por homens nominalmente civilizados, em nome de um grande Estado e uma das principais raças da Europa. Está bastante claro que todos os envolvidos neste crime podem cair em nossas mãos, incluindo as pessoas que apenas obedeceram ordens de execução nos "açougues", e devem ser condenados à morte depois que sua associação com os assassinatos for provada. Não posso, portanto, achar que isto é um caso comum como é colocado pelo Protetorado, como, por exemplo, a falta de alimentação ou das condições sanitárias no acampamento de alguns prisioneiros em particular. Portanto, não deve haver, na minha opinião, negociações de qualquer tipo sobre este assunto. As declarações devem ser feitas em público, para que todos os envolvidos sejam perseguidos e condenados à morte.
Prime Minister to Secretary of State for WarDo Volume 1:
6 July 44
I am in general agreement with your proposals [for a Jewish fighting force], but I think the brigade should be formed and sent to Italy as soon as convenient, and worked up to a brigade group there as time goes on by the attachment of the other units.
2. I like the idea of the Jews trying to get at the murderers of their fellow-countrymen in Central Europe, and I think it would give a great deal of satisfaction in the United States.
________________
I believe it is the wish of the Jews themselves to fight the Germans anywhere. It is with the Germans they have their quarrel. There is no need to put the conditions in such a form as to imply that the War Office in its infinite wisdom might wish to send the Jews to fight the Japanese and that otherwise there would be no use in having the brigade group.
_______________
This seems to be a rather doubtful business [the case of the Hungarian Jews], These unhappy families, mainly women and children, have purchased their lives with probably nine-tenths of their wealth. I should not like England to seem to be wanting to hunt them down.
By all means tell the Russians anything that is necessary, but please do not let us prevent them from escaping.
You have these martial or pugnacious manifestations, and also this persecution of the Jews of which so many Members have spoken….Ou seja, não há menção à palavra Holocausto mas há menções à perseguição e crimes nazistas. Um ponto a se destacar é que os autores das memórias não colocam essa questão do Holocausto como central pois não eram obcecados por judeus como algumas pessoas são ("revis"). Pra eles isto se tratava de algo menor ou de uma "guerra dentro da guerra" fruto da paranoia nazista pois eles estavam mais preocupados com seus respectivos países do que salvar minorias do nazismo, o que não quer dizer que ignoravam a questão. Mais outro erro de interpretação (distorção) pesada que o Santomauro e o Faurisson fizeram deliberadamente.
Fico devendo a parte do Eisenhower que colocarei depois.
3. O que é que uma enfermaria para os prisioneiros (e um bordel) estavam a fazer em Auschwitz se aquilo era, realmente, um campo da morte?
No campo havia os mantenedores dele (os nazis), era pra eles e pruma parte dos "prisioneiros arianos" que serviam o bordel e enfermaria. Ou o Santomauro acha que ninguém precisava de medicação e enfermaria? E que nem todos os prisioneiros foram mortos de imediato? O Santomauro "acha" tanto que não acha nada.
O bordel do campo de concentração: o trabalho forçado sexual em campos
O ícone mais idiota da negação do Holocausto: a piscina de Auschwitz
4. Porque iriam os Alemães reunir Judeus nos confins do seu império, envolvendo uma tão grande quantidade de pessoal e material, lutando uma guerra mundial em duas frentes, e entregar essas pessoas em “campos da morte”, a centenas de milhas de distância e que, supostamente, algumas eram executadas logo à chegada – uma bala logo no início não teria apelado ao lendário sentido alemão de eficiência?
Pelo teor das perguntas do Santomauro, parece que ele nunca leu nada sobre nazismo. Vários massacres foram cometidos com uso de munição, principalmente no leste europeu com os Eisantzgruppen. O método foi deixado de lado porque provocava traumas nos executores. O uso de campos de extermínio evitava o contato direto dos carrascos com suas vítimas, que era o que ocasionava esses traumas, além de ser um método rápido e em larga escala.
5. Por que é que após sessenta anos, os historiadores ainda não conseguiram encontrar um único documento alemão que aponte para o Holocausto? Devemos acreditar em pessoas como Raul Hilberg que defendem que, em vez de ordens escritas, havia um “incrível encontro de mentes” que levou a que, literalmente, dezenas de milhares de pessoas coordenassem as suas acções para desenvolver um empreendimento desta magnitude?
Nenhum documento? Dê uma lida (na parte Documents) aqui, há vários. E há algumas traduções em português aqui no blog. Sua afirmação sobre "nenhum documento" é falsa.
6. Como é possível que se insista no número de seis milhões de Judeus mortos quando o número oficial de Judeus mortos em Auschwitz, o principal gulag do Holocausto, foi reduzido do número imediato após o fim da guerra – 3 milhões – para um número que se situa abaixo de um milhão? Por que é que muitas pessoas respondem a esta observação dizendo, “qual é a diferença se são seis milhões ou se é um milhão”. A resposta é que a diferença são cinco milhões. Outra diferença é que dizendo isso, podemos apanhar três anos numa cadeia Austríaca… basta perguntarem a David Irving!
Santomauro, seis milhões é um número referente a uma estimativa ou arredondamento e não número exato como você insinua, ninguém mata exatamente seis milhões de pessoas, mas a estimativa é dessa monta, por isso dizem que seis milhões foram exterminados. Não há nenhum equívoco usar o termo. Não significa que isso é um número exato como você está insinuando. Popularmente as pessoas citam essa quantificação como número exato, mas é errado embora seja usual, você mesmo cometeu o mesmo erro ao fazer a insinuação e não tem a honestidade intelectual de se auto-criticar.
Ninguém será preso por fazer pesquisa sobre o Holocausto, os grupos que são alvos desse tipo de legislação são considerados publicamente como negacionistas e ligados a grupos neonazistas e de extrema-direita. Você novamente "ignora" os motivos pelo qual o Irving foi preso, mas faz o mesmo que todo "revi" sempre faz ao discutir: omite coisas, distorce etc.
Na Turquia quem afirma que houve genocídio armênio pode ser preso, nunca vi nenhum "revi" criticar a Turquia por conta desse tipo de legislação, mas chiam muito com a legislação sobre negacionismo do Holocausto. Pode-se questionar se esse tipo de lei presta ou é válido, mas afirmar que o Irving foi "perseguido" só por ter opinião divergente é ato de má fé.
Só que gostaria de saber quais as fontes do que você afirma, pois você fez um questionário gigante sem apontar fonte alguma, repetindo muitas afirmações feitas por negacionistas. E obviamente ficarei esperando por isso em vão pois sua claque "revi" que traduziu esse texto pro português (gramática portuguesa) não irá atrás disso.
7. Todos os códigos de guerra da Alemanha foram identificados, inclusivamente aqueles usados para enviar os relatórios diários de Auschwitz para Berlim. As cópias destas mensagens não fazem qualquer menção a execuções em massa nem mesmo remotamente sugerem qualquer programa de genocídio em progresso. Além do mais, insiste-se que os alemães usaram um tipo de código eufemista para discutir o seu programa de extermínio dos judeus, como por exemplo solução final, tratamento especial, restabelecimento, etc. Por que é que seria necessário eles usarem um tal eufemismo codificado para conversarem entre si, a menos que eles pensassem que os seus códigos tinham sido descobertos pelos Aliados?
Santomauro, a perseguição e extermínio de judeus não era assunto oficial dentro da Alemanha, era algo que ocorria paralelo à guerra com outros países. Os códigos são justamente pra isso, evitar que o extermínio seja identificado como tal pois constituem crime de guerra. Leia isto:
Quick Facts: "Tratamento Especial" (Sonderbehandlung)
Os eufemismos nazistas
8. O nível hidrostático em Auschwitz está a umas meras 18 polegadas abaixo da superfície, o que faz insustentáveis as afirmações de enormes fossas a arder para a eliminação de dezenas de milhares de vítimas.
Fonte?
9. Inicialmente, foram feitas afirmações de que tinham acontecido execuções em massa em câmaras de gás homicidas em campos localizados dentro do Antigo Reich, como por exemplo, em Dachau e em Bergen-Belsen. As “provas” para esse efeito era eram semelhantes às que nos tinham oferecido para os outros campos, localizados na Polônia ocupada. Porém, sem qualquer explicação, nos anos sessenta cedo passou a ser dito que afinal não era o caso e que todos os “campos da morte” estavam localizados a Leste, ou seja, na Polônia, fora (alguns diriam de forma conveniente) dos olhos dos investigadores ocidentais.
Fonte? Mais outra afirmação sem fonte. Curioso que ele não cita nenhum texto "revi" indicando de onde tiraram essas "conclusões". Sai atacando a esmo, requentando besteira, e não aponta fonte alguma, nem de seus gurus "revis".
sexta-feira, 25 de julho de 2014
Sobre o post "Os selfies de Auschwitz" e o conflito no Oriente Médio
Selfie sendo feito na "Marcha da Vida", 2013 Auschwitz-Birkenau. A foto não está sendo tirada num concerto de rock, trata-se do campo de extermínio mesmo. |
Numa parte do texto tem escrito (destaco):
"Quando as palavras esvaziam a históriaO texto vai direto ao ponto central problema e mesmo sem citá-las ele remete àquelas Marchas da Vida que citei na observação do post anterior, pois 'aparentemente' servem pra direcionar esse público jovem pra Israel visando o que chamam de Aliá (ou em inglês Aliyah), pra que futuramente emigrem pra Israel ou pra reforçar discurso ultranacionalista interno pros grupos de adolescentes que vão de Israel pra visitar esses campos.
"De certa maneira não é culpa desses garotos", disse ao The New Yorker a criadora da página no Facebook "Com minhas melhores amigas em Auschwitz", que apresentava uma coleção de selfies publicados no Instagram pelos jovens turistas. A exibição dessas imagens, acompanhadas por sarcásticos pies de fotos, fez estourar o debate em Israel.
"Muitos políticos usam cinicamente o Holocausto para fazer avançar seus próprios interesses", assinalou a revista estadunidense. No seu entendimento, o tema do extermínio judeu tem sido utilizado também pelo primeiro-ministro Benjamin Netanyahu como moeda corrente em sua retórica nacionalista.
Os políticos têm usado a memória do Holocausto para exacerbar o nacionalismo israelense. (EFE/Abir Sultan)
Algumas vozes em Israel questionaram a intenção política desses périplos escolares pelos campos de concentração, que contribuíram para exacerbar a paranoia e o nacionalismo nos jovens, em especial nos homens obrigados a prestar serviço militar desde os 18 anos.
A página no Facebook foi desativada na quarta-feira passada, mas sua autora considera que cumpriu seu objetivo. "Aqueles que não entenderam a mensagem até agora, provavelmente nunca a compreenderão", disse a The New Yorker.
Isso obviamente é um uso político indevido (ou no mínimo altamente questionável) da memória pra fins políticos diversos que não o de educar pessoas para uma formação humanista para compreenderem a questão do genocídio de forma mais ampla e da intolerância do fascismo e o que um regime ultranacionalista pode causar em qualquer país, incluindo Israel.
A quem quiser ver uma denúncia melhor elaborada (detalhada) sobre o problema citado acima, pode e deve conferir o documentário Defamation (Link2) produzido pelo cineasta israelense Yoav Shamir, o mesmo do documentário Checkpoint.
Uma crítica ao filme (em inglês):
Yoav Shamir’s great film, ‘Defamation’, offers a devastating and transcendent portrait of Foxman
Mas farei um comentário sobre o documentário pois esse documentário aparece em vários sites "revis" quando o mesmo não é negacionista, muito longe disso, é uma crítica séria e necessária. Os "revis" costumam citar o documentário com aquelas propagandas "bombásticas" de sempre e que acabam ficando sem resposta por parte das entidades citadas no filme ou mesmo de entidades ligadas a este tipo de questão, porque não dá simplesmente pra fazer de conta que o filme não existe e nem ignorar o conteúdo do mesmo.
Caso alguém queira assistir, não irei colocar o link dele aqui pois o vídeo legendado no Youtube está numa conta de extrema-direita, mas quem quiser pode assistir lá, é fácil o acesso. Outra opção é a de baixar da web (com a legenda, pela web dá pra achar fácil) e assistir.
O documentário é feito por um israelense que questiona o uso político citado acima dessas Marchas da Vida, sendo usadas pra doutrinar adolescentes, de Israel e fora de Israel, e mostra vários maus usos da memória pra fins políticos.
Muita gente acaba nem assistindo achando que se trata de um filme antissemita ou algo do tipo porque no começo do filme o cineasta coloca alguns cidadãos judeus anciãos em tom de ironia (inclusive a avó dele) repetindo vários clichês ditos por antissemitas, mas passada essa parte o filme foca em questões realmente sérias. É parte do humor do cineasta, eu particularmente não acho graça nesse tipo de "humor" mas se ele acha... questão de gosto, cada um com o seu... mas isso não deve impedir que as pessoas prossigam e assistam o filme inteiro.
Muita gente também cisma com o filme porque as "fontes de divulgação" são suspeitas (sites "revis" adoraram o filme mas sem entender a crítica, pra variar...) e por apenas lerem o título da coisa acabam deixando de lado (isso mesmo que você leu, muita gente só lê o título do filme e não vê o conteúdo). Há também o problema que citei acima de que as entidades citadas no filme (e várias entidades ligadas a Israel, em todos os países) deveriam ter uma autocrítica sobre essas questões do ultranacionalismo e sobre o conflito no Oriente Médio, mas não o fazem, pelo contrário, a "culpa" (conceito religioso) é sempre do outro, nunca há "problemas" no governo israelense, quando não comentam repetindo discurso oficial do governo israelense, simplesmente fazem de conta que as coisas não existem, ou desviam o foco da discussão e deixam circular de qualquer maneira na internet os vídeos sem resposta à altura, sem autocrítica.
A incapacidade de se autocriticar é um sintoma grave de sociedades conturbadas. Eu chamo isso de a famosa postura do avestruz, apesar de ser um mito pois o avestruz não enfia a cabeça no chão com medo, o dito popular diz que o animal mete a cabeça no chão com medo e deixa o tempo fechar ao redor com o famoso "não é comigo" (mesmo sendo). A analogia é pertinente pois é um ato de covardia fazer vista grossa.
Por que o problema causa tanta repulsa e controvérsia? Porque, como fica claro no filme, você levar um bando de aborrecentes (adolescentes) cheios de espinha na cara e com a cabeça na lua pensando em mil e uma bobagens pra ter "terapia de choque" em campos de extermínio, das duas uma, ou estão formando um bando de lunáticos traumatizados que vão descarregar esses traumas adquiridos em alguém (vão servir o exército pra matar alguns e depois virarem 'pacifistas arrependidos' pra consciência 'pesar' menos) ou até gente que futuramente com raiva se voltará contra os idealizadores dessas campanhas que provavelmente são mantidas pela direita israelense e seus apoiadores (dos grupos que votam e apoiam Netanyahu, Lieberman etc, dentro e fora de Israel), como alguns "radicaizinhos" vindos de Israel que descambam até pro antissemitismo como esse Gilad Atzmon que é cultuado por vários grupos de extrema-direita, "revis" e até gente na extrema-esquerda que não consegue separar antissemitismo de crítica à política israelense. A motivação dele, pelo que dá pra deduzir pois ele não fala isso textualmente, é que um dia 'viu' o que o sionismo era e "virou" um judeu antissemita (isso mesmo, você não leu errado, o tal Gilad é judeu e antissemita). Achou bizarra a coisa? Pois existe.
E não me refiro aquele slogan questionável criado nos EUA ou em Israel de "self-hating jews" pra calar ativistas contrários à política israelense acusando-os de se "auto-odiarem". O exemplo que citei acima é de um judeu que odeia ser judeu, só que atrela toda sua identidade a essa questão ao invés de deixá-la de lado ou se afastar (seria a postura de alguém sério). Ou ele fala a sério no ódio pois não é o único com essa postura, ou está fazendo cortina de fumaça pra direita israelense pois radicais desse tipo são "amados" pela direita de Israel que acaba tendo espaço pra tocar na tecla da questão do genocídio da segunda guerra por conta desse discurso antissemita e de ativistas sem noção que vivem reduzindo a questão do Oriente Médio ao nazismo achando que estão "politizando" as pessoas com isso e não estão.
Assistam o documentário que vocês entenderão melhor o problema. O documentário também toca na ADL (dos EUA) com acusações graves que ficaram sem resposta, e não são acusações quaisquer, daquelas feitas por antissemitas e sim algo sério.
Não dá pruma pessoa normal assistir um negócio desses e ficar indiferente a não ser que seja desprovido de qualquer senso crítico e de humanismo, por isso que comentei que evito discutir Oriente Médio aqui pois primeiro: atrai muita gente sem noção/maluca (fanáticos) enchendo o saco e agredindo (de todo tipo de vertente, pró-palestino, pró-Israel etc), ou tentando te "convencer" via retórica dos "pontos de vista" de A, B ou C achando que estão discutindo com idiotas, e geralmente quebram a cara pois não estão discutindo com idiotas. Eu não tenho paciência com esse tipo de pessoa (digamos que eu também não seja lá muito paciente com gente intolerante ou que fica tentando escamotear os assuntos e direcioná-los achando que a gente não percebe isso), já chega os "revis" como "malucos", tolerância zero pro resto e até com eles se encherem o saco.
Segundo que: por não haver uma autocrítica séria proveniente de entidades judaicas no Brasil e em outros países em relação às críticas e denúncias sobre esse nacionalismo exacerbado em Israel e assuntos ligados a esses conflitos do Oriente Médio, que não foram feitas por antissemitas ou "revis", a não ser demonstrarem apoio irrestrito e cego a Israel, eu não farei "papel" de "consciência moral" por essas entidades e pessoas pois, além de não ter ligação com aquele país, minha consciência e posição política não tolera este tipo de conduta. Não gosto de covardia e de gente querendo ser "esperto" tirando o corpo fora. A gente critica o fascismo e extremismo justamente por coisas como o que se passa. E como já deixei claro noutro post, o Oriente Médio (como um todo, Israel incluso) não é uma região do planeta que me cause qualquer fascínio (no sentido ruim do termo).
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1. Só quero deixar de aviso que já sei decorado o discurso de Israel e do lado palestino e como já demonstrei, tenho posicionamento na questão e não preciso de radical dos dois lados vir dar "lição de moral" quando não possuem moral alguma pra dar. Portanto a quem quiser me propagandear que aquela região do globo é 'fascinante' por conta de idealizações românticas, guarde isso pra você, sou cético, propaganda e idolatria alheia não me comovem, pelo contrário, isso me irrita profundamente, não me impressiono fácil com essas coisas. A quem acompanha o blog já viu aqui críticas pesadas aos "revis" por esse tipo de postura de idealizarem o "mundo europeu encantado" (países alheios) quando destratam o país que nasceram, ou por ignorância, complexo ou burrice ou as três coisas juntas, comportamento que precisa ser combatido no Brasil, mas não são só "revis" que possuem esse defeito de destratar o Brasil. Ficam repetindo ladainha da mídia brasileira de que o país é o "esgoto do mundo" e essa ladainha já saturou pela mídia brasileira estar fazendo politicagem ordinária em vez de jornalismo.
2. Mais outro aviso é que antes de alguém vir criticar, assistam o filme, aí sim podem comentar dizendo o que acharam. Criticar sem ver é coisa de idiota. Por que faço esses avisos? Porque já trombei várias vezes com pessoas que se enquadram neste comportamento que descrevi e é uma discussão desagradável, irritante e pueril, é como discutir com uma porta, com gente que vive no mundo da Lua, em uma realidade paralela, delirando e ninguém tem obrigação de aturar esse tipo de coisa. O problema disso proliferar é que que muita gente no Brasil fica acanhada em ser "chata" e deixa essa postura mala-sem-alça se alastrar, mas eu não tenho o menor problema em passar por chato quando acho passaram dos limites.
3. A gente quando comenta esses temas pisa em ovos, pois ao contrário do que os "revis" pregam (com a cretinice habitual de sempre), críticas, mesmo legítimas a Israel ou à política israelense não costumam ser de fato aceitas ou bem recebidas por Israel e quem o apoia, ao contrário do que muita gente que defende este país alega. Não é uma inverdade quando "revis" tocam nesta questão, que tem nome (Hasbará), no caso dos "revis", eles quererem tirar uma lasca dessa postura idiota de Israel pra angariar legitimidade pra eles em cima do conflito do Oriente Médio, mas a afirmação dessa vez não é falsa.
4. Essa política israelense de querer abafar opinião pública de todas as formas costuma provocar o efeito inverso (colateral), cada vez mais a percepção das pessoas sobre esse país piora no mundo inteiro pois as pessoas percebem essas ações deliberadas de abafa, principalmente com o acesso às informações hoje via internet e com a disparidade de mortos de lado a lado nesses massacres pra fins eleitoreiros feito pelo governo israelense.
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P.S. 1 Escrevi esse post há dias por isso não havia saído ainda esse último desenrolar da crise em Gaza que já vai em 800 mortos praticamente, e agora com um ataque frontal ao Brasil como país, um insulto inaceitável mas que depõe contra quem o profere e não contra o Brasil, a não ser na cabeça dos cretinos de uma direita aloprada brasileira que não possuem qualquer senso de pátria ou nação. Refiro-me a essa asneira proferida por um porta-voz do governo israelense, Yigal Palmor, atacando o Brasil chamando o país de "anão diplomático" e citando o jogo de 7x1 com a Alemanha pra comparar de forma ridícula com um massacre (link), algo digno de um completo idiota/cretino. O cidadão ainda ignora o fato de que não é o Brasil que está isolado ou sendo rechaçado no mundo inteiro, como também e tampouco trata-se de um "anão diplomático". "Anão diplomático" é quem consegue ser odiado no mundo inteiro por massacres midiáticos e não consegue nem sequer ter uma política diplomática razoável, com um um linguajar diplomático digno de quitanda, de um governo isolado e criticado em todo o mundo.
P.S. 2 O mundo escuta o "anão diplomático" brasileiro (estou usando o termo dado em sentido irônico), e não é uma ideia muito boa atacar o "anão diplomático" dessa forma tão cretina pois isso é mal visto no resto do mundo (que gosta do Brasil) e internamente no país (exceção feita aos brasileiros anti-brasileiros, os mesmos que fizeram campanha contra a Copa do Mundo), principalmente pela tradição de resolução de conflitos pelo corpo diplomático do país. O que dá pra constatar desse episódio é que só os mais fanáticos/bitolados hoje apoiam o governo de Israel, por isso que o termo isolamento é totalmente pertinente, Israel encontra-se isolado e não por ação de terceiros e sim pela atitude inconsequente e estúpida de seus governos, dos neocons de Israel e da direita inconsequente (Link2) mundo afora. Gueto ideológico não é minha praia, pois essa direita brasileira neocon não passa disso: gueto ideológico de quinta categoria, escória política do Brasil. Latem muito, escrevem muita besteira, e se restringem a guetos pois ninguém em sã consciência leva esse pessoal a sério a não ser como exemplo de surto psicótico.
sexta-feira, 18 de julho de 2014
Sobre ofensiva em Gaza (2014)
Eu iria fazer post como continuidade deste post "Os selfies de Auschwitz. A banalização da memória" e outros sobre questões geopolíticas que alguns grupos trouxeram à tona usando a Copa pra isso, mas ficará pra outra ocasião. Eu ia fazer um balanço do assunto por conta deste post: "Copa do Mundo no Brasil, post pro pessoal que reside fora do Brasil (estrangeiros) sobre o evento. Para entender o "caos" proclamado na mídia estrangeira e brasileira", mas fica pra outra oportunidade.
Como a ofensiva em Gaza pegou todo mundo de surpresa antes mesmo do término da Copa do Mundo, segue este post condenando a posição do governo israelense e a ofensiva pirotécnica pra agradar setores internos daquele país (da direita radical, passando pela direita e centro israelense, por assim dizer). Chamar radical é "forma de dizer", trata-se de uma sociedade radicalizada pelo nacionalismo. Não me agradava também a postura de grupos que se denominam de esquerda "pacifistas" em Israel com uma postura reativa ao extremo, pelo menos do que vi no Orkut. Eu não pude na época externar esta opinião que externo agora sobre isso, primeiro porque quando perco a confiança em certas pessoas passo a vê-las de forma atravessada e corto o diálogo. Como também por ter saído de algumas dessas comunidades pois houvera entrado pra avaliar o que cada grupo pensava/comentava do conflito e isto acabou não acrescentando muito (os livros foram mais relevantes que estas comunas/grupos), com uma briga feia com um direitista radical. Havia um tipo de postura nessas comunidades que não me agrada que é o de tentar conciliar de forma forçada grupos que pensam de forma radicalmente distintos quando uma parte nem sequer tolera a presença da outra parte, isso em questões internas do Brasil mesmo, e não faltaram alertas que aconteceriam brigas por esta razão (algo previsível).
A última ofensiva deste tipo por parte de Israel foi em 2009, com o mesmo pretexto ou motivação parecida, e não preciso comentar a repercussão e impacto disso na época, acho que muita gente lembra do episódio.
A quem quiser saber o posicionamento do blog sobre as questões do Oriente Médio basta dar uma olhada na tag (marcador) Oriente Médio e ler os posts da tag, mas mais precisamente este post aqui e este outro.
Não vou detalhar o problema do conflito pois eu iria fazer um post sobre Oriente Médio com indicação de alguns livros sobre isso já que a mídia brasileira (e estrangeira) pouco esclarece o público sobre esses temas (salvo exceções) a não ser banalizar e muitas vezes se posicionar de forma não muito clara, além de grupos radicais de vários espectros (pró-Israel ou não) aproveitarem e criarem mais confusão em torno desses assuntos. Fica também pra outra ocasião.
Curiosamente o post "Selfies de Auschwitz" tem muito a ver com o assunto em questão do post, mas como não dava pra comentar o conteúdo da matéria, com detalhes, e ignorando o evento atual naquela região do planeta, achei melhor fazer este post isolado.
Minha posição política não leva em conta as idiotices que "revisionistas" (negacionistas) do Holocausto comentam sobre Holocausto, nazismo e afins, não dá pra levar em consideração um grupo inexpressivo no Brasil como contraponto de todos os assuntos mundiais (como muita gente forçava e fazia no Orkut e fora dele) a não ser da proliferação do racismo no país, algo que já comentei diversas vezes e insisto no ponto pois a ideia central desses bandos é essa.
Além de "defenderem" um fascismo "difuso" que eu já apelidei de "fascismo sem pátria" já que boa parte desses 'fascistas' "revis" sentem uma profunda aversão ao Brasil e ficam exaltando a descendência/origem deles o tempo todo como se isso tivesse alguma relevância a não ser atestar a própria idiotice desse pessoal, querendo se distinguir dos demais brasileiros com crendices racistas de supremacia pela origem familiar. Por sinal, é contraditório um fascista odiar o próprio país, por isso que o termo que cunhei escancara (e ironiza) a contradição central de vários desses bandos de extrema-direita de cunho fascista/ultraconservador no Brasil.
Como a ofensiva em Gaza pegou todo mundo de surpresa antes mesmo do término da Copa do Mundo, segue este post condenando a posição do governo israelense e a ofensiva pirotécnica pra agradar setores internos daquele país (da direita radical, passando pela direita e centro israelense, por assim dizer). Chamar radical é "forma de dizer", trata-se de uma sociedade radicalizada pelo nacionalismo. Não me agradava também a postura de grupos que se denominam de esquerda "pacifistas" em Israel com uma postura reativa ao extremo, pelo menos do que vi no Orkut. Eu não pude na época externar esta opinião que externo agora sobre isso, primeiro porque quando perco a confiança em certas pessoas passo a vê-las de forma atravessada e corto o diálogo. Como também por ter saído de algumas dessas comunidades pois houvera entrado pra avaliar o que cada grupo pensava/comentava do conflito e isto acabou não acrescentando muito (os livros foram mais relevantes que estas comunas/grupos), com uma briga feia com um direitista radical. Havia um tipo de postura nessas comunidades que não me agrada que é o de tentar conciliar de forma forçada grupos que pensam de forma radicalmente distintos quando uma parte nem sequer tolera a presença da outra parte, isso em questões internas do Brasil mesmo, e não faltaram alertas que aconteceriam brigas por esta razão (algo previsível).
A última ofensiva deste tipo por parte de Israel foi em 2009, com o mesmo pretexto ou motivação parecida, e não preciso comentar a repercussão e impacto disso na época, acho que muita gente lembra do episódio.
A quem quiser saber o posicionamento do blog sobre as questões do Oriente Médio basta dar uma olhada na tag (marcador) Oriente Médio e ler os posts da tag, mas mais precisamente este post aqui e este outro.
Não vou detalhar o problema do conflito pois eu iria fazer um post sobre Oriente Médio com indicação de alguns livros sobre isso já que a mídia brasileira (e estrangeira) pouco esclarece o público sobre esses temas (salvo exceções) a não ser banalizar e muitas vezes se posicionar de forma não muito clara, além de grupos radicais de vários espectros (pró-Israel ou não) aproveitarem e criarem mais confusão em torno desses assuntos. Fica também pra outra ocasião.
Curiosamente o post "Selfies de Auschwitz" tem muito a ver com o assunto em questão do post, mas como não dava pra comentar o conteúdo da matéria, com detalhes, e ignorando o evento atual naquela região do planeta, achei melhor fazer este post isolado.
Minha posição política não leva em conta as idiotices que "revisionistas" (negacionistas) do Holocausto comentam sobre Holocausto, nazismo e afins, não dá pra levar em consideração um grupo inexpressivo no Brasil como contraponto de todos os assuntos mundiais (como muita gente forçava e fazia no Orkut e fora dele) a não ser da proliferação do racismo no país, algo que já comentei diversas vezes e insisto no ponto pois a ideia central desses bandos é essa.
Além de "defenderem" um fascismo "difuso" que eu já apelidei de "fascismo sem pátria" já que boa parte desses 'fascistas' "revis" sentem uma profunda aversão ao Brasil e ficam exaltando a descendência/origem deles o tempo todo como se isso tivesse alguma relevância a não ser atestar a própria idiotice desse pessoal, querendo se distinguir dos demais brasileiros com crendices racistas de supremacia pela origem familiar. Por sinal, é contraditório um fascista odiar o próprio país, por isso que o termo que cunhei escancara (e ironiza) a contradição central de vários desses bandos de extrema-direita de cunho fascista/ultraconservador no Brasil.
domingo, 22 de junho de 2014
Direita pró-Dugin versus Direita Radical Anticomunista (e outras direitas radicais) no Brasil
O "embate" do século... esse "quebra pau" (entre aspas) vou assistir da arquibancada (rsrsrs).
Procurando algo sobre o Dugin (Link2), acabo me deparando com essa peça de 'humor involuntário' que mostra o quanto o extremismo surtado, com base em distorções e senso comum, radicalizado ao extremo (inflado pela grande mídia brasileira que tem incitado esse tipo de extremismo, principalmente em algumas revistas e jornais conhecidos, publicando literalmente idiotices e propaganda da guerra fria em pleno século XXI), torna-se algo caricato em si mesmo, quando não representa um risco real à integridade de grupos num país.
A direita brigando pra ver quem é a "verdadeira direita" ou quem está mais à direita lembra aqueles embates da esquerda radical (por exemplo, o PSTU) querendo se mostrar como a "verdadeira esquerda", rs.
Uma outra amostra se encontra aqui nos comentários. É o tipo de "discussão" perdida porque esse pessoal é tão bitolado que ao invés de tentarem entender a divisão do que se entende por direita ficam tentando pregar ou desvencilhar o fascismo (nazismo é um tipo de fascismo) da própria direita (neste caso por desonestidade e panfletagem). O fascismo é um dos seguimentos de direita, não o único. Mesmo que você aponte um teórico (historiador) como o francês René Rémond (que era de direita) num dos comentários, que teorizou essas divisões de direita na França (mostrou como ela se divide na França, o modelo serve pra outros países como o Brasil que segue mais as divisões ideológicas da Europa), esse pessoal continua ignorando e fazendo pregação estéril.
Se alguém quiser rir (tem tanta besteira que acho que até os "revis" vão discordar do seu "irmão de armas"), pode acessar o link abaixo do Stormfront. O Stormfront, é um site/fórum racista dos EUA criado por um ex-"guru" da Klan, talvez o maior fórum supremacista (neonazi) do mundo. Eles abriram uma seção em português quando esses negacionistas começaram a ter destaque no Brasil com a ascensão do Orkut. Pelo menos foi quando a coisa começou a ter algum destaque na mídia e pela web no Brasil.
Pra adiantar, o post é de um "revi" se queixando do "esquerdismo" (rsrsrs) do resto dos "revis" ou como ele chama, da "direita revisionista", vendo "comunismo" em tudo. Tudo o que ele discordar é "comunismo". É mais ou menos a retórica rasa que é difundida em parte da mídia brasileira, rotula-se tudo mesmo sem dizer o que significa ou sem saber o significado das coisas, puro fanatismo e ignorância pesada. Caso dê pra comentar, depois eu coloco o texto inteiro no post e destaco (ou noutro post), mas salvei em pdf caso apaguem. Segue abaixo:
Sua opinião sobre a 'direita revisionista'
Só um trecho:
A questão foi rebatida neste texto sobre estrangeiros na Waffen-SS e suas tropas "multiétnicas", mas havia sim esse tipo de besteirol no Orkut, inclusive com uma comunidade fácil de achar (se não apagaram com medo) de um cara (muito idiota. por sinal) com fake e nick sugestivo exótico de ditador africano espelhando essas idiotices.
É estranha essa germanofilia que esse pessoal manifesta que confunde uma idolatria à Alemanha com idolatria ao nazismo. Aliás, eles de fato são idólatras do nazismo, tanto faz se o nazismo fosse alemão ou não. Eles acham que Alemanha (país) e nazismo (ideologia) são uma coisa só, quando país/Estado é uma coisa e ideologia/regime é outra coisa, e nação também é outra coisa, confusão que os nazistas pregaram a exaustão mas só repete quem quer. Parece banal ter que comentar isso mas muita gente de fato não faz distinção entre os termos, que não são sinônimos.
Acesso à informação está aí a disposição de quase todo mundo, não há desculpa da maioria hoje não saber dessas coisas quando são indagados sobre essas questões, basta procurar o significado e assimilar (aprender). O que existe é uma falta de interesse real em aprender e uma procura demasiada em ler retórica pra passar por "esperto", "culto", "sabichão", algo que só impressiona pessoas extremamente tolas.
Mas essa das cotas é nova, não sabia disso (que tinha "revi" NS defendendo isso), rsrsrsrs.
Mas é 'curioso' o comentário do cara, por ele então não haveria negros nas Universidades brasileiras (dá pra deduzir isso)... interessante... ah, esses "revis" sempre defendendo o "interesse" da "coletividade" brasileira. E obviamente no entendimento dessas criaturas, o termo "coletivo" é coisa de comunista. Fora as outras bizarrices (idiotices) ao tentar criar mitificações em cima de crenças racistas pessoais ignorando a própria história/formação do país.
É aquele velho ponto que bato na tecla sobre o ensino brasileiro deixar de lado a discussão dessas questões (da formação do país, do ensino de História do Brasil que é uma verdadeira calamidade, pois se fosse bom não haveria essa proliferação de gente pregando besteira sem um mínimo de conhecimento porque não aprenderam nada no colégio), com um roteiro ultrapassado e que continua propagando a mitificação (imagem) feita do Brasil na Era Vargas. Como se já não bastasse a mídia fazer isso.
O próprio negacionismo e racismo no país se prolifera em cima dessa ignorância sobre História do Brasil, aí partem pra remendar o problema criando leis de criminalização, que é isso mesmo: remendo e não solução. Leis pra criminalizar não irão reparar (minar a crença racista que se propaga no desconhecimento e ignorância) ou conter um contingente de gente que cresceu ouvindo bobagem (senso comum, racismo, preconceito regional etc) como "verdades absolutas", isso é feito pela educação e não pela criminalização simplesmente, não menosprezando o valor da legislação antirracista do Brasil, mas eu considero aquilo um remendo e não uma solução. Coloca-se uma lei avançada e tende a se achar que com isso irão acabar com o racismo deixando o ensino precário repetindo as mesmas idiotices de geração em geração, fora a questão do ambiente doméstico que muitas vezes agrava ainda mais essas crenças.
Coisas como a ideologia do branqueamento nem sequer são mencionadas em escolas, o que é algo criminoso já que cria uma realidade mitificada do país em cima de distorções históricas, como se o Brasil nunca tivesse tido racismo institucional na escravidão e como se o país tivesse "começado" a existir na ascensão do Rio de Janeiro (cidade) e São Paulo (século XIX e século XX) quando na realidade o país surge em 1500 do choque entre índios (nativos) e portugueses, mais de meio milênio de história já se passaram até o presente e não um século e meio como fazem nesse recorte regional que a mídia adora martelar pra moldar a cultura do povo.
P.S. e está havendo Copa, por sinal, uma das melhores Copas da história até o momento. Os "pessimistas" atacaram tanto a Copa que o veneno que lançaram acabou se voltando contra eles. Ainda farei um post sobre essa questão da mídia e das "teorias da conspiração" que os "revis" seguem ou propagam pois em virtude da idiotice deles qualquer crítica ao sistema ou à mídia acaba caindo em descrédito ou pode vir a ser manipulada por quem não gosta de tais críticas. Pra turma do #naovaitercopa, fiquem aí se contorcendo de raiva já que a sabotagem de vocês não deu certo (e depois ainda vão negar que um dia fizeram isso) e o povo finalmente rechaçou firmemente essa propaganda cretina que parte da mídia brasileira e parte da mídia estrangeira (com destaque bastante negativo pra imprensa espanhola que não vi fazer uma notícia positiva sobre o mundial) fizeram junto com os grupos mercenários mascarados, apoiados por partidecos com interesses "difusos", fazendo baderna dentro do país.
Procurando algo sobre o Dugin (Link2), acabo me deparando com essa peça de 'humor involuntário' que mostra o quanto o extremismo surtado, com base em distorções e senso comum, radicalizado ao extremo (inflado pela grande mídia brasileira que tem incitado esse tipo de extremismo, principalmente em algumas revistas e jornais conhecidos, publicando literalmente idiotices e propaganda da guerra fria em pleno século XXI), torna-se algo caricato em si mesmo, quando não representa um risco real à integridade de grupos num país.
A direita brigando pra ver quem é a "verdadeira direita" ou quem está mais à direita lembra aqueles embates da esquerda radical (por exemplo, o PSTU) querendo se mostrar como a "verdadeira esquerda", rs.
Uma outra amostra se encontra aqui nos comentários. É o tipo de "discussão" perdida porque esse pessoal é tão bitolado que ao invés de tentarem entender a divisão do que se entende por direita ficam tentando pregar ou desvencilhar o fascismo (nazismo é um tipo de fascismo) da própria direita (neste caso por desonestidade e panfletagem). O fascismo é um dos seguimentos de direita, não o único. Mesmo que você aponte um teórico (historiador) como o francês René Rémond (que era de direita) num dos comentários, que teorizou essas divisões de direita na França (mostrou como ela se divide na França, o modelo serve pra outros países como o Brasil que segue mais as divisões ideológicas da Europa), esse pessoal continua ignorando e fazendo pregação estéril.
Se alguém quiser rir (tem tanta besteira que acho que até os "revis" vão discordar do seu "irmão de armas"), pode acessar o link abaixo do Stormfront. O Stormfront, é um site/fórum racista dos EUA criado por um ex-"guru" da Klan, talvez o maior fórum supremacista (neonazi) do mundo. Eles abriram uma seção em português quando esses negacionistas começaram a ter destaque no Brasil com a ascensão do Orkut. Pelo menos foi quando a coisa começou a ter algum destaque na mídia e pela web no Brasil.
Pra adiantar, o post é de um "revi" se queixando do "esquerdismo" (rsrsrs) do resto dos "revis" ou como ele chama, da "direita revisionista", vendo "comunismo" em tudo. Tudo o que ele discordar é "comunismo". É mais ou menos a retórica rasa que é difundida em parte da mídia brasileira, rotula-se tudo mesmo sem dizer o que significa ou sem saber o significado das coisas, puro fanatismo e ignorância pesada. Caso dê pra comentar, depois eu coloco o texto inteiro no post e destaco (ou noutro post), mas salvei em pdf caso apaguem. Segue abaixo:
Sua opinião sobre a 'direita revisionista'
Só um trecho:
"Em 2008 lá estavam eles no orkut espalhando a idéia de que haviam negros na SS, usando como 'provas' meia dúzia de fotos de soldados negros com capacetes alemães. Em 2010 eles já estavam apoiando cotas para negros nas universidades brasileiras, baseando-se na idéia de que, se haviam negros na SS alemã, então também deveriam haver negros nas universidades brasileiras."Essa da propaganda sobre negros na Waffen-SS (que seria uma divisão da SS) ocorreu e ocorre sim, e não é algo original do Brasil. Foi feita uma tradução de propaganda de fora. Tem alguns fóruns neonazis russos com pilhas de fotos disso, que na verdade são divisões árabes (do Norte da África) e indianos na Waffen-SS etc.
A questão foi rebatida neste texto sobre estrangeiros na Waffen-SS e suas tropas "multiétnicas", mas havia sim esse tipo de besteirol no Orkut, inclusive com uma comunidade fácil de achar (se não apagaram com medo) de um cara (muito idiota. por sinal) com fake e nick sugestivo exótico de ditador africano espelhando essas idiotices.
É estranha essa germanofilia que esse pessoal manifesta que confunde uma idolatria à Alemanha com idolatria ao nazismo. Aliás, eles de fato são idólatras do nazismo, tanto faz se o nazismo fosse alemão ou não. Eles acham que Alemanha (país) e nazismo (ideologia) são uma coisa só, quando país/Estado é uma coisa e ideologia/regime é outra coisa, e nação também é outra coisa, confusão que os nazistas pregaram a exaustão mas só repete quem quer. Parece banal ter que comentar isso mas muita gente de fato não faz distinção entre os termos, que não são sinônimos.
Acesso à informação está aí a disposição de quase todo mundo, não há desculpa da maioria hoje não saber dessas coisas quando são indagados sobre essas questões, basta procurar o significado e assimilar (aprender). O que existe é uma falta de interesse real em aprender e uma procura demasiada em ler retórica pra passar por "esperto", "culto", "sabichão", algo que só impressiona pessoas extremamente tolas.
Mas essa das cotas é nova, não sabia disso (que tinha "revi" NS defendendo isso), rsrsrsrs.
Mas é 'curioso' o comentário do cara, por ele então não haveria negros nas Universidades brasileiras (dá pra deduzir isso)... interessante... ah, esses "revis" sempre defendendo o "interesse" da "coletividade" brasileira. E obviamente no entendimento dessas criaturas, o termo "coletivo" é coisa de comunista. Fora as outras bizarrices (idiotices) ao tentar criar mitificações em cima de crenças racistas pessoais ignorando a própria história/formação do país.
É aquele velho ponto que bato na tecla sobre o ensino brasileiro deixar de lado a discussão dessas questões (da formação do país, do ensino de História do Brasil que é uma verdadeira calamidade, pois se fosse bom não haveria essa proliferação de gente pregando besteira sem um mínimo de conhecimento porque não aprenderam nada no colégio), com um roteiro ultrapassado e que continua propagando a mitificação (imagem) feita do Brasil na Era Vargas. Como se já não bastasse a mídia fazer isso.
O próprio negacionismo e racismo no país se prolifera em cima dessa ignorância sobre História do Brasil, aí partem pra remendar o problema criando leis de criminalização, que é isso mesmo: remendo e não solução. Leis pra criminalizar não irão reparar (minar a crença racista que se propaga no desconhecimento e ignorância) ou conter um contingente de gente que cresceu ouvindo bobagem (senso comum, racismo, preconceito regional etc) como "verdades absolutas", isso é feito pela educação e não pela criminalização simplesmente, não menosprezando o valor da legislação antirracista do Brasil, mas eu considero aquilo um remendo e não uma solução. Coloca-se uma lei avançada e tende a se achar que com isso irão acabar com o racismo deixando o ensino precário repetindo as mesmas idiotices de geração em geração, fora a questão do ambiente doméstico que muitas vezes agrava ainda mais essas crenças.
Coisas como a ideologia do branqueamento nem sequer são mencionadas em escolas, o que é algo criminoso já que cria uma realidade mitificada do país em cima de distorções históricas, como se o Brasil nunca tivesse tido racismo institucional na escravidão e como se o país tivesse "começado" a existir na ascensão do Rio de Janeiro (cidade) e São Paulo (século XIX e século XX) quando na realidade o país surge em 1500 do choque entre índios (nativos) e portugueses, mais de meio milênio de história já se passaram até o presente e não um século e meio como fazem nesse recorte regional que a mídia adora martelar pra moldar a cultura do povo.
P.S. e está havendo Copa, por sinal, uma das melhores Copas da história até o momento. Os "pessimistas" atacaram tanto a Copa que o veneno que lançaram acabou se voltando contra eles. Ainda farei um post sobre essa questão da mídia e das "teorias da conspiração" que os "revis" seguem ou propagam pois em virtude da idiotice deles qualquer crítica ao sistema ou à mídia acaba caindo em descrédito ou pode vir a ser manipulada por quem não gosta de tais críticas. Pra turma do #naovaitercopa, fiquem aí se contorcendo de raiva já que a sabotagem de vocês não deu certo (e depois ainda vão negar que um dia fizeram isso) e o povo finalmente rechaçou firmemente essa propaganda cretina que parte da mídia brasileira e parte da mídia estrangeira (com destaque bastante negativo pra imprensa espanhola que não vi fazer uma notícia positiva sobre o mundial) fizeram junto com os grupos mercenários mascarados, apoiados por partidecos com interesses "difusos", fazendo baderna dentro do país.
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