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quinta-feira, 4 de julho de 2024

Para entender o conflito Israel-Palestina, livros [Bibliografia Oriente Médio] - Atualização 2024

Farei uma atualização ou acréscimo da lista de livros sobre o conflito na Palestina e Oriente Médio (em Post), só que dessa vez vou excluir a questão da primazia de listar algo em português ou espanhol (acho que já havia feito isso na parte 02) já que o público que acessa o blog vem de várias partes do mundo (vários leem em inglês). Deixarei o link dos outros posts sobre bibliografia do conflito na parte final do post (ou coloco aqui em destaque).

Mas não será uma lista pronta como as demais, vou colocar aos poucos algum nome se surgir algo interessante a acrescentar.

Começarei com a lista que o Salem Nasser (prof.) fez do conflito, a lista está no vídeo dele, segue link abaixo do vídeo, há livro em inglês que nunca foi lançado pro português, há livro lançado em português (versão/tradução):



Aviso:Acabarei colocando a seção da parte em inglês em um post à parte pois são muitos livros e o post ficaria muito extenso (mais do que já é).

quinta-feira, 7 de agosto de 2014

Para entender o conflito Israel-Palestina, livros [Bibliografia Oriente Médio] - Parte 2

For readers from other countries, the books listed in this post are all in English.
Post title: Understanding the Israeli-Palestinian conflict, books (Bibliography) - Part 2

Dando sequência a Parte 1 (Para entender o conflito Israel-Palestina, livros [Bibliografia Oriente Médio] - Parte 1) dessa indicação de livros para quem tiver interesse entender o conflito Israel-Palestina e suas origens, aqui só constará livros em inglês.

Como era/é muita informação e o outro post ficou extenso, pra não sobrecarregar ainda mais de informação resolvi colocar os livros em inglês em um post à parte neste post aqui. Segue abaixo uma lista de livros críticos sobre o conflito. Obviamente, como toda lista, pode ter falhas ou alguém achar que faltou algum livro na lista etc (pra isso existe a parte de comentários justamente pra sugerir algo), mas creio que os livros que constarão aqui, e os que já se encontram na parte dos livros em português (e espanhol) explicam, a contento o conflito palestino-israelense.

Só que obviamente não irei ler livro algum por ninguém, quem quiser se informar de fato que deixe a preguiça de lado e leia algum livro dos listados, além de não machucar, você não se arrependerá de fazer isso, principalmente os que se encontram disponíveis em português (na Parte 1) já que a maior parte do público que lê o blog prefere (ou só lê) livros em português (pois há uma resistência até com livros em espanhol, apesar da proximidade dos idiomas, em inglês nem se fala). Ao invés de ficar tentando entender o que se passa quando a coisa estoura, procure saber antes do que se passa pra ter uma opinião.

Eu abri um espaço sobre a questão no Oriente Médio no blog a contragosto (quem leu meus outros posts sobre o assunto entenderá o porquê do comentário, cliquem na tag Oriente Médio e entenda, creio que não preciso repetir aqui), mas o impacto das imagens e brutalidade dessa ofensiva (mais uma), bem como o efeito acumulativo das outras (2006 no Líbano e 2009 em Gaza) não dá pra, mesmo não querendo abordar o assunto, omitir-se do problema, fazer de conta que "não houve nada" e ponto, algo até mais fácil de fazer mas que vai de encontro ao que eu penso. Saldo da ofensiva, 408 crianças mortas (ONG publica nomes de crianças mortas em Gaza na imprensa britânica), mais de 1800 mortos no total de um lado, muitos milhares de feridos (crianças, idosos e adultos em geral) e centenas de milhares de pessoas deslocados do local, não é algo que humanamente dê pra fazer de conta que não houve nada "demais". Israel cruzou a linha vermelha moral e insiste em fazer de conta que não houve nada demais.

Como disse no outro post, eu não tenho a menor pretensão de ser "consciência moral" de quem não tem a menor capacidade de refletir ou de entender o que se passa e apoia cegamente um país por questões religiosas, étnicas ou por fanatismo ideológico. Não sou "consciência moral" de quem apoia cegamente bombardeios e um ataque desses como se não fosse algo demais, e com argumentos furados e ridículos que se tornam uma afronta à inteligência de qualquer pessoa. Muita gente que apoiou isso hoje, nesse ano, no futuro sentirá vergonha de ter feito isso.

E pra me precaver pois sei muito bem como rola comentários chantagistas pra intimidar quem por acaso critique a postura israelense (eu já disse no outro post que Israel e quem o apoia não tolera críticas, mesmo sérias, apesar de que eu não registrei nenhum comentário apelativo e inadequado nas postagens, o que é um progresso), eu não estou defendendo o Hamas ao criticar Israel, tá na hora de pararem com a postura de "ou tá comigo ou contra mim", não dá pra adotar esse tipo de postura com um conflito aberto como esse.

Só a título ilustrativo do quanto esse tipo de acusação é impertinente, o Hamas foi incentivado por Israel nos anos 80 pra fragmentar a OLP (Organização de Libertação da Palestina) e minar o Fatah (partido nacionalista laico palestino) e dividir os palestinos seguindo a doutrina de guerra famosa do "dividir pra conquistar", e aparentemente tem funcionado a estratégia, até quando... ninguém sabe.

Se quiserem eu até coloco uma explicação com fontes do assunto, mas se alguém quiser e tiver interesse, podem procurar por conta própria pois é no mínimo curioso que um país que incentiva a ascensão de um grupo desses hoje o use como desculpa pra essas ofensivas, e o Hamas saiu fortalecido disso (Link1, Link2, o segundo link é de 2011, sobre o bloqueio de Gaza). Se o propósito dessas ofensivas seria teoricamente minar o Hamas, por que só o fortalece? Eu não acredito que façam isso sem ter ideia do dano da coisa, a meu ver é intencional.

Pros que tentam afirmar que esse tipo de ofensiva foi um "sucesso", deveriam se questionar quanto a essa crença. Matar e fortalecer o Hamas? Se fosse esse o intuito de fato (e não é), seria uma atitude de jerico, mas o fato é que a direita israelense precisa do Hamas politicamente e o Hamas precisa dessa direita israelense (e até da esquerda nacionalista) pra seguir existindo e dividindo.

Então antes de alguém vir com sofismas de "fulano apoia Hamas" etc, critiquem o governo israelense por fazer essas coisas. Eu já disse antes que não levo em consideração comentários de "revis" sobre esse assunto, "revis" são antissemitas (a maioria) explícitos e não possuem interesse real ou humanitário em relação a palestinos e usam o conflito pra reforçar o ódio antissemita deles com judeus (independente de nacionalidade ou ser israelense), além da maioria ser um bando de imbecis mesmo. Portanto, não tomo posição em função deles sobre esse assunto e ninguém deveria tomar uma atitude sobre essa questão por conta do que "revi" pensa ou deixa de pensar. É muito bem conhecida a banalização do termo antissemita por apoiadores de Israel quando se sentem acuados, usam até com quem não é antissemita e eu já advirto que não tolerarei esse tipo de apelação ridícula pro meu lado.

Eu já vi um caso desses de perto. Uma pessoa, que embora eu discorde politicamente dela em quase tudo e nem fale com a mesma hoje (a pessoa é de direita, tucana, eu sou de esquerda, voto no partido oposto ao dos tucanos) e quase o tempo fecha em discussão por conta dessas discordâncias e sectarismos políticos internos do país pela outra pessoa, mas na questão do conflito Israel-Palestina eessa pessoa tem uma postura humanista e justa. Pois bem, o que quero mostrar? Essa pessoa chegou a ser chamada de antissemita por membros pró-Israel num fórum de discussão, de forma mentirosa visível e apelativa naquele episódio da flotilha que foi pra Gaza saindo da Turquia (não lembro mais o ano exatamente). Inclusive deixei claro pra pessoa que discordava totalmente da afirmação injuriosa contra ela e por conta desse ataque que eu presenciei (e outros) comecei a criar uma visão bastante crítica (e sem retorno) em relação a Israel, embora já desse pra notar antes esses problemas, mas o ponto de mudança total surgiu quando presenciei este tipo de agressão estúpida, mentirosa e sem fundamento e outros fatos. Eu evitava me manifestar pois não queria me aborrecer, mas me desagrava a postura dessas pessoas. Eu sai desses fóruns embora depois de uma briga, que poderia ser evitada, mas em parte foi bom pois pôs uma pá de cal na coisa.

Sorte deles que a pessoa não quis revidar o ataque, pois se eu fosse xingado disso, o tempo teria fechado feio na discussão, pois é muita cara de pau alguém fazer um ataque desses mesmo sabendo que é mentira porque a web protege todo tipo de insolência. São coisas que pessoas com essa postura não diz olhando nos olhos de alguém e sim no conforto da proteção da web. Covardia pura e simples e dissimulação.

Deixemos isso de lado e sigamos com a listagem de livros abaixo, mas poderei voltar ao assunto Israel-Palestina noutro post pois achei uns vídeos legais da Profª Arlene Clemesha (insultada em vários vídeos no Youtube por cretinos fanáticos) que colocarei noutro post sobre o assunto, pois o vídeo serve como resumo. Além dela ser muito instruída e inteligente, com todo o respeito do mundo pois a gente fica fascinado quando vê uma mulher bonita, humanista e inteligente falando, ela é uma mulher muito bonita e humanista.

Aviso: Completarei a lista de livros em inglês depois (e os comentários sobre eles), pois tem muito mais que esses. E terminarei o outro post da Parte 1.

Seção em inglês: Clique em "LER TODO O TEXTO" para expandir o post.
Livro 10:

One Palestine, Complete: Jews and Arabs under the British Mandate;
Autor: Tom Segev

Crítica: Three tribes




sábado, 2 de agosto de 2014

Para entender o conflito Israel-Palestina, livros [Bibliografia Oriente Médio] - Parte 1

Conforme prometido, segue abaixo uma lista de alguns livros (vou dar ênfase aos títulos em português e/ou espanhol primeiro, ênfase nos títulos em espanhol caso não tenha em português, e os demais em inglês que considero relevantes, mas estes ficam pro final), não são muitos, para entender o conflito árabe-israelense, do começo até os dias de hoje.

Se você quiser entender este conflito, precisa ler algo sério e não propaganda, principalmente os três títulos listados primeiro (em português) abaixo, destacadamente o primeiro livro da lista. E o problema é justamente este, 90% das pessoas no Brasil (sendo otimista pois acho que o número é muito pior que esse) passa longe desses livros (e de livros em geral a não ser bobagens/perfumaria que são lançadas por editoras e livrarias) e aparece um monte de gente arrotando besteira (a arrogância ignorante) nessas redes sociais repetindo textos, discursos enviesados e toscos, quando não partem logo pra agressão. Se a pessoa conseguir ler um desses, já é um avanço.

Por que digo isso? O que mais notava no Orkut (que foi onde pipocou as discussões pra valer sobre esse conflito na web no Brasil, passando pela ofensiva no Líbano de 2006 até o bombardeio de Gaza em 2009) era gente que não lia nada a não ser propaganda oficial de país X, e não saia disso. Quando discutiam não iam além da repetição de argumentos batidos e argumentos rasteiros, que não conseguiam mantê-los. Todo o discurso do grupo pró-Israel (da maioria, exceção de um ou outro que lia) girava em torno dessa propaganda e nada além disso. Não assistiam documentários, filmes, livros etc. Por isso que levavam muito toco da parte pró-palestina na discussão já que esta parte (não todos, mas um pequeno grupo considerável) lia esses livros ou outros e era bastante informada, politizada. E era algo que causava constrangimento pois nas comunidades em que eu e mais gente ficava, nas de segunda guerra e afins, aparentemente esse pessoal pró-Israel acabavam nos usando como "escudos" porque ficavam acuados quando algum antissemita/"revi" ia pra cima deles discutir sobre esses temas ou contra algum militante pró-palestino. E obviamente essa impostura deles sobrava pra gente, e sem atenuar, isto é uma atitude imbecil (e covarde) dessas pessoas. Não deu pra desabafar lá, irritei-me pra valer com esses grupos, mas fica aqui o desabafo como registro. A gente percebia a coisa, mas por educação ou por considerar algo alheio a questões internas do Brasil, tentávamos não nos envolver com o tema, mas mesmo assim sobrava pra gente por conta da postura inconsequente desse grupo pró-Israel na rede.

Essa observação que descrevi acima não foi nem eu que fiz, estou repetindo-a porque concordo integralmente com ela, eu via a mesma coisa que a pessoa que fez a observação acima descreveu (o comentário foi feito por uma pessoa numa comunidade que ele havia reaberto, sobre Oriente Médio, que fora aberta por outra pessoa) que fez um comentário em "off" criticando o lado pró-israelense no Brasil (nessa comunidade do Orkut) por ser muito, por assim dizer, 'ignorante' em relação ao conflito (ou distorcerem e serem radicais demais) por só repetir propaganda de site. A maioria não lê nada além de textos de determinados sites ou livros enviesados, com discurso pronto sem nem entender o que se passa naquela região enquanto o outro lado tinha interesse e lia livros inteiros. E isso é irônico pois se demonstram ter tanto interesse no que se passa lá, deveriam ler. Quando algum lia, pela postura radical, distorcia a discussão e tentava ganhar discussão "na marra" (a força). E como eu já disse, havia algumas exceções mas não o suficiente pra conter este tipo de impostura dos demais ou porque se enchiam e deixavam pra lá (algo plenamente natural de ocorrer).

Isso quando não aparecia uma pessoa ou outra enviesada até a medula desqualificando autores que as pessoas mais alinhadas com a questão palestina citavam, uma atitude imprudente e apelativa (desonesta), pois ao mesmo tempo que faziam isso, repassavam textos 'floridos' retratando o problema. Hoje dá pra ver com clareza o tamanho da manipulação da coisa, por isso o desabafo. Essa postura acabou por acentuar a imagem negativa de Israel. Não se discute nesses moldes, não se discute com histeria, chilique ou pânico, são coisas que a gente critica o tempo todo nos "revis" então ninguém irá tolerar comportamento similar só porque A ou B acha que é "justo" ou está impulsionado a agir por emocionalismo/fanatismo e não pela razão.

Quero deixar claro, ou mais precisamente, passar na cara dos "revis" que sempre insinuam que "blog" A ou B "fazem jogo dos sionistas", é bom terem vergonha na cara de vez em quando. Eu sempre disse que a questão dos conflitos humanos (nazismo, Holocausto etc) não possuem mais peso sobre o conflito do Oriente Médio, pelo menos pro público na Europa e Américas etc, a maioria das pessoas sabe distinguir uma coisa da outra e eu já comentei outras vezes que a memória do Holocausto inclusive reforça a crítica a Israel e não o oposto como os "revis" alegam. Pelo menos é como vejo. Mas os "revis" não são movidos por valores humanistas e sim antissemitismo, por isso que não os levo em consideração nessa questão, quem quiser levá-los a sério, problema de quem levar.

O N. Finkelstein, se não me engano (citando de memória) já citou isso que comentei acima, de que a questão do Holocausto abre margem pra críticas a Israel porque moralmente é algo que pesa contra aquele país a questão da perseguição de judeus na Europa, embora se eu fosse tentar entender Israel hoje, eu olharia mais pra África do Sul do apartheid que pra essa questão da segunda guerra. E pra passar na cara novamente dos "revis", nenhum desses textos críticos do blog deve estar sendo recebido com "festa" por quem é parcial ao extremo com Israel. Seria incoerente, como bem um de vocês citou em um post antigo, alguém ler sobre Holocausto etc e simplesmente fazer vista grossa com a política de Israel em relação aos palestinos e aquele conflito. O comentário feito procede totalmente.

E como já comentei a questão em outros posts, ninguém precisa apelar pra antissemitismo pra criticar algo que está errado, quem o faz ou é tosco, imbecil ou burro (fora outros adjetivos não muito bons). Não é uma situação fácil criticar isso com muita gente extremada que se rotula ou se enquadra como pró-Israel não aceitando/tolerando críticas, mesmo mínimas, quaisquer que sejam, e que tampouco leem esses livros. Discutir com essas pessoas na maioria dos casos é como discutir com portas (não muito diferente de um "revi" discutindo, só que com outro enfoque).
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Livro 1, em português (encontra-se no mercado brasileiro):

A Muralha de ferro: Israel e o mundo Árabe; Autor: Avi Shlaim. Link

Avi Shlaim, nasceu no Iraque (judeus árabes) e tem nacionalidade britânica e israelense. Professor Emérito de Relações Internacionais da famosa Universidade de Oxford, Londres (Inglaterra) e membro da Academia Britânica. Shlaim é considerado um dos Novos Historiadores de Israel, um grupo de acadêmicos israelenses que apresentam interpretações críticas da história do Sionismo e de Israel.

Comentário: o livro é grande e é um dos mais completos, se você que está lendo este post conseguir ler o livro, entenderá melhor (amplamente) o conflito ao invés de só repetir abobrinhas propagandísticas em redes sociais. A algum desavisado mal intencionado que quiser vir malhar, o Shlaim por ter posições políticas de justiça em prol dos palestinos e resolução do conflito, é altamente criticado e atacado pela direita israelense e a pró-Israel fora de Israel. Já vi virem atacar ele no Orkut de forma ridícula, com a famosa desqualificação, sem querer apelar pro argumento da autoridade, mas... um professor emérito de Oxford não entender do problema que narra em mais de 700 páginas e outros livros e textos, é no mínimo um argumento estúpido mesmo.

Eu ia fazer uma tradução de um texto resumo crítico ao livro, mas fica pruma próxima. Se fizer coloco o link depois aqui. A quem não associou de cara o termo Muralha de Ferro, é referente aquela cerca grande que divide hoje as áreas de Israel passando por dentro das áreas que sobraram dos palestinos. A ideia é antiga. Eu uma vez soltei um tópico no Orkut, que não houve comentários (pois o povo estava mais preocupado em bater boca e futrica ordinária), sobre essa questão perguntando: "Jabotinsky venceu?", mais ou menos assim, pois o que se vê em Israel hoje é a vitória política dessa direita fascistóide de Jabotinsky que era ironicamente chamada de revisionista.

Sinopse: Os numeroso e prolongados conflitos de Israel com os árabes, em especial com o povo palestino, lançam uma grande sombra em sua história, marcada pela guerra e pela paz instável. A estratégia da "muralha de ferro", proposta na década de 1920 por Ze'ev Jabotinsky, pressuponha o trato com os árabes de uma posição de incontestável superioridade, porém almejava igualmente ulterior e que o estado israelense, consolidado e poderoso, estaria apto a negociar acordos de paz e prosperidade com os povos da região.

Livro 2, em português (encontra-se no mercado brasileiro):

Imagem E Realidade Do Conflito Israel-palestina; Autor: Norman G. Finkelstein

Norman Finkelstein, nascido em Nova York (EUA), é um cientista político norte-americano. Graduado pela Universidade do Estado de Nova Iorque (State University of New York) em Binghamton (SUNY Binghamton), estudou posteriormente na École Pratique des Hautes Études, em Paris, e obteve seu doutorado em Ciência Política na Universidade Princeton. Ensinou no Brooklyn College e no Hunter College, ambos da Universidade da Cidade de Nova Iorque. Também lecionou na Universidade de Nova Iorque e, finalmente, na Universidade DePaul, em Chicago, até setembro de 2007.

Suas ideias já lhe custaram o emprego de professor universitário, entre outros problemas. Em 23 de maio de 2008, Finkelstein foi impedido de entrar em Israel por suspeitas de que tivesse contato com "elementos hostis a Israel". Na sua chegada ao Aeroporto Internacional Ben Gurion, perto de Tel Aviv, Finkelstein foi interrogado e mandado de volta a Amsterdã, seu ponto de origem. Segundo funcionários da imigração, a decisão de deportar Finkelstein estava relacionada com suas "opiniões antissionistas" e críticas ao governo israelense. Ele foi proibido de entrar em Israel nos próximos 10 anos.

Comentário: eu diria que se você ler um dos dois livros acima, principalmente o do Avi Shlaim, entenderá perfeitamente o que se passa naquele conflito. Os dois livros que eu coloquei não são, obviamente, "queridos" do público pró-Israel, que em vez de lê-los pra pelo menos criticar sabendo o que está escrito, só faz malhar pura e simplesmente. Atitude irracional e ignorante. O Finkelstein é aquele mesmo do livro "A Indústria do Holocausto", outro livro que a maioria ler por "osmose" só o título do livro (rs) e retrata como um livro antissemita ou algo parecido, e muitos "revis" e ignorantes com viés antissemita também citam este livro menor (o livro sobre o conflito no Oriente Médio dele é bem maior, o Indústria do Holocausto é fino) como se explicasse o Holocausto, e não explica, a crítica do livro é outra (pelo visto quem afirma isso também não leu nada além do título do livro e a orelha dele, e olhe lá). O mais engraçado é que no Orkut alguns indivíduos de extrema-direita com um ódio visceral dissimulado em relação a "sionistas" vinham me agredir sem nem saber o que penso e minhas posições políticas, isso é o que é mais cretino nessas pessoas, malham na internet de forma agressiva quando duvido que saem na rua xingando os outros e querendo brigar, até porque sabem que se fizerem isso um dia apanham (literalmente). Li os livros do Finkelstein por curiosidade, já emiti comentários críticos com ele sobre o posicionamento dele sobre a memória do Holocausto (não concordo com alguns pontos ou vários), mas o livro dele sobre o conflito árabe-israelense deveria ser lido.

Sinopse: ler o link do Google Books.

Livro 3, em português (encontra-se no mercado brasileiro):

Seis Dias de Guerra; Autor: Michael B. Oren

Michael B. Oren, é um diplomata, historiador, escritor e militar israelense de nascimento norte-americano. Autor de livros, artigos e ensaios, inclusive o best-seller Seis Dias de Guerra: Junho de 1967 e a Formação do Moderno Oriente Médio. Combateu pelo exército israelense no Líbano e na Faixa de Gaza e serviu também como porta-voz do mesmo. Obteve o bacharelado da Universidade Colúmbia e o doutorado da Princeton. Lecionou nas universidades Harvard, Yale e Georgetown nos EUA e nas universidades Hebraica e de Tel Aviv em Israel. Abriu mão da cidadania norte-americana para poder exercer o cargo de embaixador de Israel.

Comentário: já tem um post sobre este livro aqui. Esse livro é contestado e bastante criticado no livro do Finkelstein (acima), de forma concisa, mesmo assim discordo dele sobre a questão de ler este livro que tem enfoque mais militar. Pra entender o conflito amplamente deve-se ler este livro também, só que a abordagem (mais militar) é só sobre a guerra dos seis dias, não discute muito questões políticas como a ocupação que seguiu a esta guerra e a conquista de terras da Cisjordânia (em inglês West Bank), Faixa de Gaza, Península do Sinai, parte oriental de Jerusalém e as Colinas de Golã.

O conflito atual, pra não estender até a origem, tem mais o contorno do desfecho da guerra dos seis dias e essa expansão territorial de Israel naquela época, embora não se resuma a isso e sim a questões anteriores a este conflito, mas é um conflito crucial pra entender a questão atual já que uma das reivindicações palestinas é o fim da ocupação israelense nessas áreas e definição de fronteiras nos limites de 1967, incluindo a questão de Jerusalém.

Sinopse: aborda os aspectos políticos e militares da Guerra dos Seis Dias, e da interação de suas dimensões internacional, regional e nacional. Descreve e analisa o processo de eclosão da guerra e os seus desdobramentos. Reconstitui os contextos regional e internacional que, em fins da década de 1960, conduziram à conflagração árabe-israelense, analisando a situação interna de cada um dos estados beligerantes.

Livro 4, em português (encontra-se no mercado brasileiro):

Filho do Hamas; Mosab Hassan Yousef (farei a resenha depois)

Mosab Hassan Yousef, nascido em Ramallah, Cisjordânia, 1978, é um palestino, filho mais velho de Hassan Yousef, um dos sete membros fundadores do Hamas. Mosab foi um informante do Shin Bet, o serviço secreto de Israel, de 1997 a 2007, especialmente no período da Segunda Intifada (2000-2005). Segundo o Shin Bet, Mosab Yousef como a mais confiável fonte infiltrada na liderança do Hamas. As informações fornecidas por ele colaboraram para evitar dezenas de ataques suicidas, assassinatos de israelenses e expôs numerosos grupos terroristas. Desde então, Yousef tornou-se cristão, mudando-se para os Estados Unidos. Em março de 2010, ele publicou sua autobiografia, Filho do Hamas: Um relato Impressionante Sobre Terrorismo, Traição, Intrigas Políticas e Escolhas Impensáveis.

Comentário: Pra adiantar já que algum "desavisado" pode vir dar sermão sobre a listagem desse livro sem entender porque o fiz, em virtude desse livro ser muito divulgado em meios evangélicos e afins (pró-Israel), adianto: eu realmente não entendo porque os grupos radicais que apoiam Israel divulgam esse livro, pelo visto não leram o conteúdo dele e só se ateram ao fim do livro ou ao processo de conversão da pessoa a uma das vertentes do cristianismo (pois há várias vertentes/denominações e cristão não é nem nunca foi sinônimo de evangélico, que é uma das vertentes do cristianismo). O autor descreve no livro o processo de fundação do Hamas (que foi visto positivamente e incentivado por Israel para enfraquecer o Fatah, movimento nacionalista palestino e laico) e a OLP (Organização para a Libertação da Palestina), torturas e as cadeias israelenses. Sempre fique perplexo com isso pois ele descreve com precisão esses detalhes mesmo sem se ater muito à questão sistêmica da coisa que é o uso desse grupo islâmico pra enfraquecer politicamente o outro que hoje se concentra na Cisjordânia enquanto o Hamas controla Gaza e este grupo (o Hamas) se perpetua junto com a direita israelense, resumindo: o Hamas e a direita israelense truculenta precisam um do outro pra seguir existindo ou piorando o conflito e dividindo os palestinos por sectarismo religioso.

Depois quando eu digo que esses fanáticos religiosos são toscos, tem gente que acha que é radicalismo ou cisma porque qualquer crítica a fanático religioso no Brasil, hoje, pode ser acusado de intolerância. Mas não é, infelizmente é uma constatação, além de toscos, acabam fomentando conflitos políticos e religiosos em todo canto incluindo o Brasil. Só leram o título do livro ou se leram só se ateram à questão religiosa da conversão e ignoraram o resto, a coisa menos importante no livro uma vez que ignoram a origem do conflito e desdobramentos que são por questões políticas e étnicas e a formação do Hamas (parte mais relevante do livro) e como os serviços de inteligência de Israel se infiltram facilmente nesse grupo.

*o breve anúncio sobre os autores foram tirados do link da Wikipedia, pra facilitar, já que é só para apresentá-los mesmo. Algumas descrições foram traduzidas aqui no blog dos verbetes em inglês.

Livro 5, em português (encontra-se no mercado brasileiro):

A Guerra dos Seis Dias; A.J. Barker (resenha a ser feita depois, existe o título em português)

Caso alguém queira ler o livro pelo Scribd, em espanhol, eis o link: [A.J. Barker] La Guerra de Los Seis Dias

Livros do autor: Link. Como não achei muita referência dele (ou quase nenhuma), fico devendo isso. Mas ele lançou vários livros sobre guerra.

Comentário: a escolha do exemplar se deu porque é um livro popular que saiu numa coleção que se tornou bem conhecida no Brasil, nos anos 70 (eu acho), lançada pela Editora Renes (catálogo inteiro), a coleção se chama "História Ilustrada da 2ª Guerra Mundial e do Século de Violência", tradução da coleção em inglês da Editora Ballantine, Ballantine's Illustrated History of World War II, aqui você encontra o catálogo completo desta coleção no original em inglês, lista.

Esta coleção também se encontra em espanhol lançada pela Editora San Martín, quem quiser conferir o catálogo dela em espanhol, confira este link. Muita gente pergunta sobre onde encontrar exemplares desta coleção pois estava fora de catálogo no Brasil e falta exemplares para completá-la (não sei a situação atual), mas pode adquirir os exemplares em espanhol e inglês que continuam vendendo normalmente. É uma coleção antiga, e portanto defasada, mas serve como algo introdutório.

Há um exemplar nesta coleção sobre a guerra do Yom Kipur (fica a dica).


Livro 6, em português (encontra-se no mercado brasileiro):

A Questao Da Palestina; Autor: Edward W. Said

Edward W. Said, nasceu em Jerusalém, 1 de Novembro de 1935, já falecido, foi um dos mais importantes intelectuais palestinos, crítico literário e ativista da causa palestina. Sua obra mais importante é Orientalismo, publicada em 1978 e traduzida em 36 línguas, que é considerada como um dos textos fundadores dos estudos pós-coloniais.

Comentário: coloquei o texto pela referência do autor e por ser talvez o intelectual palestino mais conhecido no mundo. E também porque o livro se encontra em português.

Sinopse: Obra escrita entre 1977 e 1978 e publicada originalmente em 1979, atualizada pelo autor no prefácio à edição de 1992. Nesse texto, Said lembra que entre 1978 e 1992, quando considerava a questão palestina 'a última grande causa do século 20', um mundo novo havia surgido, moldado por inúmeros fatos. No Oriente Médio, a invasão do Líbano por Israel, em 1982, o início da longa intifada, em 1987, a crise e a Guerra do Golfo, de 1990 a 1991, e a conferência de paz de 1991, além da revolução iraniana. No Leste Europeu, a dissolução da União Soviética, na África, a libertação de Nelson Mandela e a independência da Namíbia e, na Ásia, o fim da guerra do Afeganistão. No prefácio à edição brasileira, Salem H. Nasser sugere que basta atualizar mentalmente os números da tragédia palestina desde o fim dos anos 1970, para se ter uma ideia precisa da dimensão deste texto. Nasser, em sua apresentação, fala das mudanças ocorridas no Oriente Médio, como o fortalecimento militar do Irã/Síria e a eclosão da chamada Primavera Árabe. E sugere que tais questões conectam-se a Israel e suas atitudes em relação à Palestina, embora não existam respostas, por enquanto, para esse processo ainda em curso. Lembra que também o Brasil se transformou nos últimos anos.

Livro 7, em espanhol:

La ocupación. Israel y los territorios palestinos ocupados; Ahron Bregman (a sair pela Editora Crítica, 16 de setembro de 2014, Espanha)

Ahron Bregman, nascido em Israel, 1958, é um cientista político israelense-britânico, como também escritor e jornalista especializado no conflito árabe-israelense. Ele serviu nas Forças de Defesa de Israel (FDI, em inglês IDF) e como um oficial de artilharia participou da campanha de Litani em 1978 e da guerra do Líbano em 1982. Depois da guerra deixou o exército para estudar relações internacionais e ciência política na Universidade Hebraica de Jerusalém. Ele também trabalhou como assistente parlamentar no Knesset. Depois de dar uma entrevista em 1988 ao jornal Haaretz declarando que ele se recusaria a servir nos Territórios Ocupados, ele deixou Israel e se fixou na Inglaterra. Lá ele entrou para o Departamento de Estudos de Guerra do King's College de Londres, chegando ao PHD em 1994. Bregman é um escritor de vários livros e artigos do conflito árabe-israelense e de assuntos sobre o Oriente Médio. Desde 1994 ele escreve os obituários para o Daily Telegraphy, cobrindo o mundo judaico e Israel. Como professor associado ao Departamento de Estudos de Guerra e jornalista, Bregman vive em Londres. Ele tem três crianças, Daniel, Maya e Adam.

Comentário: soube desse autor através de uma entrevista (infelizmente não achei o vídeo dela, a emissora que a fez, a maior do país, tirou-a do ar no Youtube pois remove muito conteúdo jornalístico do Youtube ao contrário de redes/jornais estrangeiros que disponibilizam) e gostei da explanação dele do conflito, de forma bem crítica, além das credenciais. Curiosamente ele não é conhecido no Brasil. Não tem nenhum livro traduzido pro português, o que mostra a pobreza de informação no idioma sobre o conflito. O grosso do mercado editorial em português é lançado pelo Brasil, não lembro a cifra de cabeça mas é algo em torno de uns 75% ou mais, os lançamentos vindos de outros países que falam o idioma, desse tipo de livro, acaba se tornando inexpressivo (infelizmente). Houve avanços nos lançamentos, mas muito pouco, a maioria das principais publicações sobre isso acabam só sendo lançadas em inglês e por sorte em espanhol.

Sinopse: O conflito entre Israel e os palestinos deu lugar a uma extensa literatura. O que não havia até hoje era um estudo sério, objetivo e bem informado sobre a história dos territórios ocupados por Israel desde 1967. Ninguém poderia escrever com mais autoridade que Ahron Bregman, que combateu pelo exército israelense até alcançar a patente de capitão, e resolveu se exilar depois de ter criticado uma política de ocupação que demonstrava "que quem sofreu terríveis tragédias pode atuar da mesma forma quando possuem poder para isso". Seu livro se baseia em uma ampla documentação e entrevistas com numerosos personagens; mas acrescenta além disso, enquanto se refere às frustradas negociações de paz realizadas entre 1995 e 2007, uma série de documentos e relatórios secretos de maior valor, incluindo as transcrições das conversações telefônicas de Clinton com o presidente da Síria, Hafez al-Assad, interceptadas pelos serviços secretos israelenses. Um livro que joga uma nova luz sobre um tema sistematicamente silenciado.

Livro 8, em espanhol:

La limpieza étnica de Palestina; Autor: Ilan Pappé

Ilan Pappé, é um historiador israelense, professor de história na Universidade de Exeter, no Reino Unido. Foi docente em Ciências Políticas em sua cidade natal, na Universidade de Haifa (1984-2007).

É um dos chamados Novos Historiadores, que reexaminaram criticamente a História de Israel e do sionismo. Pappé faz uma análise profunda sobre os acontecimentos de 1948 (criação do Estado de Israel) e seus antecedentes. Em particular, ele defende em seu livro mais importante, Ethnic Cleansing in Palestine (A limpeza étnica da Palestina), que houve uma limpeza étnica, ou seja, a expulsão deliberada da população civil árabe da Palestina - operada pela Haganah, pelo Irgun e outras milícias sionistas, que formariam a base do Tzahal (exército israelense) - segundo um plano elaborado bem antes de 1948. Pappé considera a criação de Israel como a principal razão para a instabilidade e a impossibilidade de paz no Oriente Médio. Segundo ele, o sionismo tem sido historicamente mais perigoso do que o islamismo extremista.

Comentário: não li o livro mas gostaria de ler, mas tem sido bem divulgado e recebe críticas também. A escolha de listar este livro é porque não gostei de comentários contrários ao livro, proferidos no Orkut, desqualificando por completo a coisa sem emitir uma opinião sequer sobre o conteúdo do mesmo, sinal claro de quem fez isso não leu o livro ou se leu queria impedir que mais gente lesse. Pesa também (eu levei isso em consideração pois não aprovo a conduta) a perseguição sofrida pelo autor que é acadêmico também na Inglaterra.

Livro 9, em espanhol:

Israel: Teorías De La Expansión Territorial; Autor: Nur Masalha

Nur Masalha ou Nur-eldeen Masalha, árabe-israelense, nascido na Galileia, é um escritor palestino e acadêmico. Ele é historiador e professor de Religião e Política e Diretor do Centro de Religião e História e do Projeto de Pesquisa da Terra Santa no St. Mary's University College, Universidade de Surrey. Ele é também diretor do Programa de Mestrado em Religião, Política e Resolução de Conflitos na St Mary's. Atualmente, ele é também professor associado de pesquisa no Departamento de História na School of Oriental and African Studies (Universidade de Londres). Ele é também membro do Programa do Kuwait, Departamento do Governo, da London School of Economics (monografia com Stephanie Cronin, sobre ‘The Islamic Republic of Iran and the GCC States: From Revolution to Realpolitik?).

Sinopse: Em "Imperial Israel and the Palestinians" (Israel: Teorías De La Expansión Territorial), Nur Masalha fornece um histórico das políticas expansionistas de Israel, com foco no período da guerra de junho de 1967 até os dias atuais. Ele demonstra que as tendências imperialistas em Israel conduzem a gama política, da Esquerda à Direita. Masalha argumenta que o coração do conflito entre imigrantes sionistas/colonos e os palestinos nativos sempre foi sobre terra, território, demografia e água. Ele documenta como a política de Israel fez de uma prioridade expulsar os palestinos, seja por guerra ou medidas pacíficas. Mas essas tendências imperialistas não se restringem a fanáticos extremistas. O autor revela as políticas expansionistas encontradas no sionismo trabalhista e na ideologia Kookist. Capítulos cobrem todo o terreno do Movimento Israel, do Revisionismo Sionista e do Partido Likud, Gush Emunim e os fundamentalistas religiosos, partidos e movimentos de extrema-direita e da evolução das atitudes públicas judeus israelenses desde 1967.
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Eu terminarei este post depois por dois problemas: o comentário no início do post ficou muito grande. E falta listar mais três autores (ou mais), só que esses estão em inglês mas é importante listá-los. Pra adiantar os autores (e pra eu não esquecer depois), lá vai: Tom SegevAhron Bregman, e vários outros, e tem mais outros dois que lembrei agora (pode ser que eu lembre de outros depois, mas esses estão todos em inglês, pra ver a pobreza de títulos sobre isso em português e espanhol) que é o Walter Laqueur e esse aqui Jacob Shavit sobre o movimento revisionista sionista que era a direita radical e que molda a política de Israel atual e há décadas. Ou é esse livro ou outro, depois eu confiro.

Aviso: Acabarei colocando a seção da parte em inglês em um post à parte pois são muitos livros e o post ficaria muito extenso (mais do que já é).

Atualização: 05.08.2014

Segunda parte, em inglês:
Para entender o conflito Israel-Palestina, livros [Bibliografia Oriente Médio] - Parte 2

quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

Cruz Vermelha e Vaticano ajudaram milhares de nazis a escapar

Pesquisa mostra como documentos de viagem ended up in hands of the likes of Adolf Eichmann, Josef Mengele e Klaus Barbie no caos do pós-guerra

Dalya Alberge

Oficiais da SS los Auschwitz los 1944. A partir da esquerda: Richard Baer, ​​que se tornou o comandante de Auschwitz, em maio de 1944, Josef Mengele, comandante de Birkenau, Josef Kramer, escondido, e o ex-comandante de Auschwitz Rudolf Höss, em primeiro plano, o homem da direita não é identificado. Foto: AP

Ambos, Cruz Vermelha e o Vaticano, ajudaram milhares de criminosos de guerra e colaboradores a escaparem depois da segunda guerra mundial, de acordo com o livro que reúne provas de documentos não publicados.

A Cruz Vermelha já admitiu antes o conhecimento de que seus esforços para ajudar os refugiados foram usados ​​por nazistas porque os administradores estavam sobrecarregados, mas a pesquisa sugere que os números são muito maiores do que se pensava.

Gerald Steinacher, um pesquisador da Universidade de Harvard, teve acesso a milhares de documentos internos dos arquivos do Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV). Os documentos incluem documentos de viagem emitidos pela Cruz Vermelha erroneamente aos nazistas no caos do pós-guerra.

Eles lançam luz sobre como e por que os assassinos genocidas, como Adolf Eichmann, Josef Mengele e Klaus Barbie e milhares de outros, evitaram ser capturados pelos aliados.

Ao comparar as listas de criminosos de guerra procurados com documentos de viagem, Steinacher diz que a Grã-Bretanha e Canadá sozinhos inadvertidamente deixaram passar cerca de 8.000 ex-membros das Waffen-SS em 1947, muitos com base em documentos válidos emitidos por engano.

Os documentos - que são discutidos no livro de Steinacher "Nazistas em Fuga: Como os capangas de Hitler fugiram da justiça" (Nazis on the Run: How Hitler's henchmen fled justice) - oferecem um panorama significativo do pensamento do Vaticano, particularmente, porque seus próprios arquivos de depois de 1939 ainda estão fechados. O Vaticano sempre se recusou a comentar.

Steinacher acredita que a ajuda do Vaticano era baseado em uma esperança de reviver um cristianismo europeu e no pavor à União Soviética. Mas, através da Comissão de Refugiados do Vaticano, criminosos de guerra conscientemente conhecidos conseguiam identidades falsas.

A Cruz Vermelha, sobrecarregada por milhões de refugiados, contou substancialmente das referências do Vaticano e nas frequentes e apressadas checagens militares dos Aliados na emissão de documentos de viagem, conhecidos como 10.100s.

Acreditava-se primeiramente na ajuda a refugiados inocentes, embora a correspondência entre delegações da Cruz Vermelha em Génova, Roma e Genebra mostrasse que estavam cientes que nazistas estavam passando.

"Embora o CICV tenha pedido desculpas publicamente, a sua ação foi bem além de ajudar algumas pessoas", disse Steinacher.

Steinacher diz que os documentos indicam que a Cruz Vermelha, principalmente em Roma ou Génova, emitiram pelo menos 120.000 dos 10.100s, e que 90% dos ex-nazistas fugiram através da Itália, principalmente para Espanha, América do Norte e América do Sul - especialmente para a Argentina.

Ex-membros da SS, muitas vezes misturados com refugiados genuínos, apresentaram-se como apátridas alemães étnicos para ganhar papéis de trânsito. Judeus tentando chegar à Palestina através da Itália às vezes eram contrabandeados pela fronteira com nazistas em fuga.

Steinacher diz que delegações individuais da Cruz Vermelha emitiram 10.100s para criminosos de guerra "por simpatia com os indivíduos ... atitude política, ou simplesmente porque estavam sobrecarregadas". Documentos roubados também foram usados ​​para atravessar os nazistas com segurança. Ele disse: "Eles eram realmente um dilema. Era difícil. Ela queria se livrar do trabalho. Que ninguém queria fazê-lo...."

A Cruz Vermelha se recusou a comentar diretamente as conclusões de Steinacher, mas a organização diz em seu site: "O CICV já lamentou o fato de que Eichmann e outros criminosos nazistas utilizaram de forma maliciosa seus documentos de viagem para cobrir seus rastros."

The Guardian, quarta-feira, 25 de maio de 2011 15.31 BST

Fonte: The Guardian
http://www.guardian.co.uk/world/2011/may/25/nazis-escaped-on-red-cross-documents
Tradução: Roberto Lucena

sábado, 7 de julho de 2012

U-507: O submarino que afundou o Brasil na Segunda Guerra

Livro-reportagem detalha episódio que jogou o Brasil na Segunda Guerra

A entrada do Brasil na Segunda Guerra Mundial completa 70 anos em agosto próximo. A decisão foi tomada pelo então presidente Getúlio Vargas depois que o submarino alemão U-507 torpedeou cinco navios nacionais, no litoral de Sergipe e da Bahia, entre os dias 15 e 17 de agosto de1942, causando a morte de 607 brasileiros. Uma semana depois, Vargas decretou estado de beligerância à Alemanha e à Itália e, no dia 31 de agosto, declarou guerra.

O episódio, ainda pouco conhecido dos brasileiros, é o tema do livro-reportagem “U-507 – O submarino que afundou o Brasil na Segunda Guerra”, que marca a estréia no mercado editorial do jornalista gaúcho Marcelo Monteiro, pela Editora Schoba, com prefácio de Luis Fernando Verissimo. A obra, que será lançada oficialmente em 20 de junho, às 19h30, na Livraria Cultura do Shopping Iguatemi, em Brasília, é resultado de três anos e meio de pesquisas e entrevistas. Com cerca de 350 páginas, o livro-reportagem revela em detalhes os afundamentos dos mercantes Baependy, Araraquara, Aníbal Benévolo, Itagiba e Arará, mostrando o sofrimento das vítimas da carnificina nazista. A narrativa conta o drama de náufragos devorados por tubarões, de sobreviventes vagando por mais de dois dias sem água ou comida e da menininha que sobreviveu ao afundamento do Itagiba boiando por horas dentro de uma caixa de madeira vazia.

Até então, o Brasil procurava manter-se neutro no conflito. Mas, depois de romper relações diplomáticas com o Eixo – em função do ataque à base americana de Pearl Harbor, em dezembro anterior –, o País colaborava com o esforço de guerra ianque, exportando borracha e outros itens essenciais à indústria bélica dos Estados Unidos. Após o ataque aos navios brasileiros e diante da revolta da população, que saiu às ruas em protesto, depredando estabelecimentos comerciais pertencentes a imigrantes alemães, italianos e japoneses, Vargas viu-se obrigado a abandonar a condição de não beligerante.

Além de entrevistar sobreviventes dos naufrágios, Monteiro teve acesso ao diário de bordo de Harro Schacht, comandante do submarino alemão. Assim, além da rotina nos navios afundados, o livro também detalha, com base nos documentos nazistas, o cotidiano do próprio submersível, corrigindo alguns equívocos históricos, como o de que todos os vapores brasileiros teriam sido afundados com dois torpedos (somente o Baependy recebeu dois disparos) e trazendo uma nova – e talvez definitiva – versão para o episódio.

História viva

Entre os personagens localizados pelo autor está a alagoana Walderez Cavalcante, de 74 anos. Em 1942, com apenas quatro anos de idade, ela foi resgatada do naufrágio do Itagiba depois de permanecer cerca de quatro horas boiando dentro de uma caixa de transporte de Leite Moça. “O pessoal da baleeira me botou numa caixa de leite condensado da Nestlé, vazia, e me disse: ‘segure, não solte’”, lembra a psicóloga aposentada.

Outra náufraga entrevistada para o livro é Vera Beatriz do Canto, hoje com 74 anos, filha do capitão do Exército José Tito do Canto. Dias antes do ataque do U-507,a mãe de Vera, Noêmia, tivera um pesadelo: vira um navio preto, com centenas de pessoas vestindo preto e com um número 13 estampado no casco. No dia 13 de agosto de 1942, às 13 horas, o Itagiba partiu do armazém 13 do cais do porto do Rio de Janeiro em direção a Salvador. Essa seria a sua última viagem. No dia17, duas horas antes da chegada a Salvador, o vapor foi alvejado pelo submarino nazista, próximo ao Morro de São Paulo.

O soldado Dálvaro José de Oliveira era um dos soldados da tropa comandada pelo pai de Vera, que estava sendo transferida do Rio para Olinda (PE), onde seria formado o 7º Grupo de Artilharia de Dorso. Outro contingente de soldados do mesmo pelotão seguia no Baependy, que partira dois dias antes do Itagiba. No dia 15, o Baependy foi torpedeado. O Itagiba teria o mesmo destino no dia 17.Centenas de militares perderam a vida nos dois ataques alemães.

Às margens do Rio Una, em Valença, cidade para onde foram levados os náufragos e feridos dos naufrágios de Itagiba e Arará, o soldado Oliveira e seus colegas sobreviventes juraram vingança. Assim, em 1944, Oliveira embarcou para a Itália, onde ajudou a eliminar o nazifascismo. “Nossa vitória na guerra foi uma homenagem àqueles que morreram, inocentemente, nos navios mercantes brasileiros”,diz Oliveira, hoje com 92 anos, que até 2011 ocupava a presidência da Associação Nacional dos Veteranos da Força Expedicionária Brasileira (ANVFEB).

Fonte: Portal FEB
http://www.portalfeb.com.br/u-507-o-submarino-que-afundou-o-brasil-na-segunda-guerra/

Ver mais:
Livro-reportagem relata como o Brasil participou da Segunda Guerra Mundial

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Jantar debate Lisboa e Berlim sob domínio de Hitler

A associação cultural Academia Prima Folia organiza, no próximo sábado, dia 12 de Novembro, às 20:00, um jantar debate sob o tema "Portugal e a Alemanha Nazi" com o jornalista e historiador António Louçã.

António Louçã tem diversos livros publicados, entre eles "Negócios com os nazis. Ouro e outras pilhagens", "Hitler e Salazar. Comércio em tempos de guerra", "Portugal visto pelos nazis. Documentos. 1933-1945", "Conspiradores e traficantes. Portugal no tráfico de armas e de divisas nos anos do nazismo. 1933-1945" e "O segredo da Rua d'O Século.Ligações perigosas de um dirigente judeu com a Alemanha nazi (1935-1939)”.

Louçã, actualmente jornalista na RTP, foi correspondente do Diário Popular, diretor da revista mensal Versus, chefe de redação do Semana Informática e editor da revista História.
(ES)

Fonte: Jornal HARDMUSICA (Portugal)
http://hardmusica.pt/noticia_detalhe.php?cd_noticia=10622

domingo, 23 de outubro de 2011

Gilad Margalit - A Alemanha e seus ciganos (Uma experiência traumática pós-Auschwitz) (Livro)

A Alemanha e seus ciganos
Uma experiência traumática pós-Auschwitz (tradução livre)
Gilad Margalit

"Nenhum outro estudo examina tão cuidadosamente e abrangentemente a história dos ciganos na Alemanha, especialmente desde o fim da Segunda Guerra Mundial."
—James F. Tent, autor de Mission on the Rhine(Missão no Reno)

O historiador Gilad Margalit eloquentemente preenche uma trágica lacuna no registro histórico com esta examinação extensa da situação dos ciganos antes, durante e desde a era do Terceiro Reich.

O livro "Germany and Its Gypsies"(A Alemanha e seus ciganos) revela o registro do sofrimento oriundo do tratamento oficial aos ciganos alemães, um povo cujo futuro, na sombra de Auschwitz, permanece incerto. Margalit segue a história do elevado racismo do século XIX até as políticas genocidas do nazismo que resultaram no assassinato da maior parte dos ciganos alemães, da mudança de atitudes nas duas Alemanhas em 1945 passando pela reunificação e depois até o presente.

Inspirando-se numa rica variedade de fontes, Margalit considera os eventos históricos fundamentais, os argumentos jurídicos, debates e mudança de atitudes em relação ao status dos ciganos alemães e ilumina uma vital e importante luz sobre o problema dos grupos étnicos e sua vitimização na sociedade. O resultado é um poderoso e inesquecível testemunho.

Gilad Margalit é professor no Departamento de História Geral da Universidade de Haifa, Israel.

Fonte: site da Editora da Universidade de Wisconsin(EUA)
http://uwpress.wisc.edu/books/2050.htm
Tradução: Roberto Lucena

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

O Terceiro Reich no poder", Richard J. Evans

Planeta lança segundo volume da trilogia O Terceiro Reich

(Foto) Invasão de tropa nazista ao gueto de Varsóvia

Essa dica é para os amantes de história. O Terceiro Reich no poder, segundo volume da trilogia do historiador Richard J. Evans sobre o nazismo, já está disponível nas livrarias, em publicação no Brasil pela Editora Planeta. A obra é um compêndio de 1024 páginas, que combina narrativa, descrição e análise dos acontecimentos que consolidaram a ditadura de Hitler, entre 1933 e 1939, no período anterior à II Guerra Mundial. Embora dê sequência ao primeiro livro – A chegada do Terceiro Reich – , pode ser lido de forma independente, mesmo por quem não conhece a obra anterior, mas tem interesse específico nas questões políticas do nazismo.

O livro mostra como Hitler manipulou diversos setores da polícia e do exército até chegar ao cargo de chanceler, transformando a Alemanha em um estado de partido único, direcionado quase que exclusivamente para a guerra e o ódio racial. Em pouco tempo, muitos direitos individuais foram suprimidos, assim como leis até então estabelecidas. Entraram em vigor novas legislações, feitas para legitimar a execução de inimigos, principalmente comunistas e sociais-democratas, num primeiro momento, e posteriormente, judeus, ciganos, negros e homossexuais.

A criteriosa pesquisa de Evans resgata até as piadas políticas que se fazia na época sobre o regime nazista. Não deixa ainda de focar na propaganda nazista por meio das artes, do cinema, da literatura, dos jornais e principalmente do rádio. O autor detalha também as brigas internas pelo poder dentro do Partido Nazi, o sufocamento da Igreja Católica e a campanha de acusações de crimes sexuais cometidos por seus integrantes; além da influência da política nazista na educação escolar, o declínio da ciência com a fuga de cientistas dos países dominadmos e a gradual escassez de matérias-primas.

Uma parte importante da obra é dedicada a explicar o ódio dos nazistas pelos judeus e a inclemente perseguição que culminaria no Holocausto.

Quem é – Richard J. Evans é um dos mais destacados especialistas em história da Alemanha na contemporaneidade. Nasceu em Londres, em 1947. Foi professor de história na Universidade Columbia e na Universidade de Londres e atualmente leciona história moderna em Cambridge. Embora tenha vasta bibliografia e importantes prêmios literários e acadêmicos, A Trologia do Terceiro Reich é a primeira obra publicada em português.

Ficha Técnica:
Livro: O Terceiro Reich no poder – segundo volume da trilogia de O Terceiro Reich
Autor: Richard J. Evans
Editora Planeta; 1024 páginas

Fonte: ATarde online
http://literatura.atarde.com.br/?p=798

terça-feira, 14 de junho de 2011

Gerald Fredrick Töben - Biografia - "revisionistas" 06


Gerald Fredrick Töben

O Dr. Fredrick Töben é um proeminente revisionista australiano, fundador e Diretor do Adelaide Institute, e autor de pelo menos oito livros sobre educação, ciência política e história.

Ele completou doutorado em filosofia na Universidade de Stuttgart em 1977. Em seguida, ministrou aulas em várias escolas secundaristas e faculdades da Nova Zelândia, Alemanha, Nigéria e Rodésia. Em 1984 ele esteve envolvido em uma caso 10 anos de litigância com o Victorian Department of Education e ganhou. Depois disso, em 1994 ele estabeleceu a gestão privada do Adelaide Institute.

Considerado por muitos como um negador do Holocausto, Töben regularmente nega a afirmação, embora tenha indicado em várias ocasiões que ele considera o Holocausto uma “mentira”, perpetuando ostensivamente “os gangsters do Holocausto, vendedores de cadáveres do Shoah Business Merchants”, ele também afirmou que “o atual governo dos EUA é influenciado pelo mundo Sionista para manter a sobrevivência das colônias européias, apartheid, Sionismo e o Estado racista de Israel”. Enquanto da mesma ele nega ser um anti-semita ou um supremacista branco, tem como umas de suas organizações favoritas o StormFront e o seu Adelaide Institute tem uma predileção incomum constante com suásticas, muitas vezes em várias páginas de seu site.

Em 1999, ele ficou preso por 9 meses em Mannheim pela violação da Lei do Holocausto na Alemanha, Seção 130, que proíbe qualquer pessoa de “difamar os mortos”. Töben ainda de recusa a admitir que o Holocausto como afirmado pela maioria dos historiadores nunca ocorreu, e afirmando que os assassinatos em massa ocorrem em uma escala muito menor. Em 2002, um juiz da Corte Federal da Austrália encontrou no website de Töben [uma página] “vilipendiando o povo Judeu”, e ordenou a Töben que removesse o material ofensivo de seu site. O tribunal não cumpriu a uma ordem dada anteriormente por um comissário de Direitos Humanos e Comissão de Oportunidades e Igualdades para “emitir um pedido de desculpas escrito pelo presidente do Conselho Executivo dos Judeus Australianos”.

Enquanto Töben e seus associados do Adelaide Institute, ocasionalmente negando “serem negadores do Holocausto”, em entrevistas realizadas pela mídia australiana, em 2005 em entrevista à televisão estatal Iraniana, indicou que era sua crença que “Israel foi fundado sob a mentira do Holocausto”.

Fonte: The Coordination Forum for Countering Antisemitism

Link: http://www.antisemitism.org.il/eng/Gerald%20Fredrick%20T%C3%B6ben

Tradução: Leo Gott

domingo, 5 de junho de 2011

Richard Evans - A chegada do Terceiro Reich

O fenômeno nazi, essa explosão de barbárie em pleno coração da Europa, desafia nossa capacidade de compreensão e ao mesmo tempo resulta ineludível. Richard Evans se propõe a analizá-lo em 3 volumes.

Chega às nossas livrarias o primeiro deles, que trata das circunstância que favoreceram a ascensão do nazismo e segue sua história até a consolidação da ditadura na primavera de 1933. Dirigido a um público amplo, o livro se articula numa narração cronológica na qual se intercalam referências a indivíduos concretos, com frequência tomadas de diários pessoais. A estrutura da narrativa não exclui o esforço interpretativo. O autor se enfrenta frequentemente com a grande questão de como o agressivo e simplista movimento nazi, que apenas oferecia mais solução aos problemas que exaltação nacionalista, conseguiu fazer perante o poder a uma das nações mais desenvolvidas e cultas da Europa.

Um fator foi o terror. Os nazis se serviram das liberdades democráticas para sua propaganda, ao mesmo tempo em que utilizavam a violência ilegal para amedrontar seus adeversários. O terror aumentou quando Hitler se converteu em chanceler e os camisas pardas puderam atuar com total impunidade, mas apesar disso, nas eleições que aconteceram num clima de violência, os nazis e seus aliados nacionalistas só obtiveram 51,9 % dos votos. Dito de outra maneira, quase a metade dos alemãe se opuseram à ascensão do nazismo ao poder.

O mais difícil de entender é poorque tantos outros se deixaram seduzir por Hitler. Evans não crê que a história alemã conduzira necessariamente a ele. A ascensão nazi se viu favorecida por diversas circunstâncias, entre as que destaca a escassa firmeza que a República de Weimar conseguiu na sociedade alemã e o destrutivo impacto da depressão econômica que se iniciou em 1929. Muitos alemães, incluindo boa parte da elite que regia o país, só aceitaram a democracia como um mal menor frente à revolução, mas sentiam nostalgia da disciplina conservadora dos tempos do kaiser. Em outro extremo os comunistas, desejosos de seguir o exemplo russo e com numerosos seguidores sobretudo entre os desempregados, eram hostis à República. A violência política se converteu desde 1918 em um fenômeno comum, com altos e baixos em sua intensidade. O espectro da revolução social assustava as classes médias. E a economia alemã sofreu duas gravíssimas crises, a hiperinflação do começo dos anos 20, da qual conseguiu se recuperar, e a grande depressão do começo dos anos 30, que serviu de caldo de cultura ao nazismo. Mas apesar de tal conjução de circunstâncias desfavoráveis, fica difícil entender como tantos alemães depositaram sua confiança no histriônico Hitler e seus capangas de camisa parda.

A magnitude da tragédia que provocaram os nazis com frequência faz esquecer sua própria mediocridade. Seu obsessivo antissemitismo, que culpava os judeus de todos os males da Alemanha, era um caso extremo da comum tendência humana em evitar o esforço de enfrentar os problemas reais. E sua atitude ante a alta cultura era reveladora. Hitler e os seus viram com satisfação a partida para o exílio de boa parte dos mais destacados cientistas, escritores e artistas da Alemanha. Entre eles se encontrava Einstein.

A chegada do Tercer Reich
Autor: Richard J. Evans
Trad. de J. M. álvarez. Península, 2005. 672 páginas
JUAN AVILÉS | Publicado em 07/07/2005

Fonte: El Cultura.es (Espanha)
http://www.elcultural.es/version_papel/LETRAS/12423/La_llegada_del_Tercer_Reich
Tradução: Roberto Lucena

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