O texto (traduzido), introdução, com o pdf se encontra abaixo. Estou colocando este link em destaque aqui porque acho provável que muita gente que tenha visto o post "Na Legião Azul franquista houve poucos voluntários e muitos forçados". Entrevista de Xavier Moreno" tenha passado batido do link que se encontra na "observação".
Muita gente pergunta "o que é fascismo", ou usa a generalização que se formou com o termo (geralmente usado como sinônimo de autoritário) e tem uma ideia confusa do que seja, até porque nunca foi fácil defini-lo por afirmações e mais pelo que ele se diz contra. Sem contar com a propaganda cretina que rola pela internet feita por grupos neocons (extrema-direita liberal) (tag: liberalismo) alegando que "Nazismo é de esquerda", com o intuito, via negação (jogar uma ideologia de extrema-direita pro "outro lado"), tentar tirar a carga negativa que o rótulo de extrema-direita carrega e/ou de não serem associados ao Fascismo, uma vez que o autoritarismo desses bandos possui muita semelhança com a dos fascistas (observação: ter semelhanças não significa que sejam necessariamente iguais). Esses bandos neocons defendem um liberalismo radical econômico (existente só na cabeça deles, eu costumava os chamar de PSTU de sinal trocado, vai ursinho! rs) que geralmente costuma levar países ao caos social.
Um adendo (ou mais de um), já que não vou colocar as notas no texto abaixo. O termo "populista" e "populismo" costuma, ou costumava, ser empregado na Europa pra rotular pejorativamente movimentos, grupos, partidos de extrema-direita. Um exemplo (o texto é recente): Le Pen e Lisboa. Até no Brasil e América Latina, governos nacionalistas (Vargas, Perón etc) recebiam o rótulo de "populistas", Vargas e Perón fizeram governos de cunho nacionalista (à direita). Ultimamente a direita neocon usa o termo (que serve mais pra demonizar do que pra explicar algo) pra atacar grupos de esquerda chamando tudo de "populismo" como um xingamento.
Adendo 2: o livro é sobre o fascismo e extrema-direita (de cunho fascista) na Espanha, mas serve de referência pra entender o fenômeno em outras partes do mundo, já que muitos grupos de extrema-direita no Brasil têm como referência o fascismo europeu.
Adendo 3: essa outra explicação é pro pessoal de fora que lê o blog e não conhece o contexto brasileiro, que tenham interesse mas não conhecem todos os detalhes, apesar deu ter colocado o link do verbete. O PSTU é um partido de extrema-esquerda, trotskista, que de tão à esquerda costuma 'dar beijo na boca' (força de expressão) da extrema-direita neocon. O PSTU sempre foi visto como um partido caricato e sem força (com baixa representatividade, não possui nenhum deputado ou senador no congresso nacional), que mais parece ou que tem um comportamento de seita (como quase todo agrupamento radicaloide, à direita e à esquerda).
Texto abaixo traduzido abaixo com o link do PDF do livro (ebook).
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Nosso ensaio "Que era e o que é o Fascismo", PDF gratuito
¿Qué era? ¿Qué es? El fascismo. Entre el legado de Franco y la modernidad de Le Pen (1975-1997), Destino, Barcelona, 1998, 94 pág. ISBN: 978-84-233-2999-1. Prólogo de Rosa Regás, pág. 11-14.
Em 1998 publicamos nosso breve ensaio "El fascismo" (O Fascismo), na coleção "¿Qué era? ¿Qué es?" ("O que era, o que é"), que era então dirigida por Rosa Regás na editora Destino. Dado que o livro se encontra fora de catálogo, e temos recebido petições de consulta, decidimos digitalizá-lo integralmente para que seja acessível em PDF, de modo gratuito.
Para acessar o livro inteiro, clique no link abaixo (Download):
El fascismo-Xavier Casals
Consideramos que, em que peso o tempo transcorrido, ele oferece uma imagem de interesse: uma radiografia do universo da extrema-direita espanhola da época, na qual se desenha então tentativas de importação do "lepenismo", sobrevivência do neofranquismo e se apontavam populismos protestatario emergentes.
Em suma, da nossa perspectiva o livro oferece una radiografia acessível do universo da extrema-direita espanhola antes da eclosão da Plataforma per Catalunya [PxC].
Sinopse
Síntese de divulgação sobre a evolução do fascismo até o momento da publicação do ensaio centrado no caso da Espanha. A primeira parte ("Os herdeiros do fascismo") expõe como se conformou uma extrema-direita no seio do franquismo, que constituiu um setor ideologicamente retrocedente no fim do regime e durante o alvorecer da Transição, chamado "bunker". A segunda ("A crise do 'bunker', 1975-1982") analisa o papel e a trajetória do "Fuerza Nueva", do terrorismo ultradireitista nos "anos do chumbo" e do fracassado golpe de Estado de 23 de fevereiro de 1981. A terceira parte ("Entre a tradição e a inovação, 1983-1994") constata a coexistência de discursos ultradireitistas nostálgicos do franquismo com outros inovadores e importadores da cultura política deste espectro então com sucesso na Europa, sendo sua referência principal o Front National francês. A quarta e última ("Até uma nova extrema-direita, 1994..."), faz previsões do futuro sobre a eventual existência de um "lepenismo espanhol".
A conclusão final, à luz da década transcorrida, resultou acertada. Dizíamos antes (1998):
"Enquanto a ultradireita espanhola, esta todavia parece contar com um longo caminho por percorrer antes de se configurar como opção política de certa solidez. Carece de líderes e quadros políticos, os eixos ideológicos de seu discurso atual são tão variados como - em ocasiões - contraditórios. As siglas que se agitam nesse espectro são quase desconhecidas, muito cambiantes e dificilmente com poder quanto à sua capacidade de convocatória. Os distintos grupos ou não concorrem às eleições ou, quando o fazem, seus resultados são insignificantes [...]. Mas, sobretudo, a extrema-direita enfrenta um problema não resolvido: conciliar os valores da ultradireita 'tradicional' e os da 'pós-industrial', reunir o legado de Franco e a modernidade de Le Pen" (p. 89).
Fonte: Blog de Xavier Casals
https://xaviercasals.wordpress.com/2014/08/31/el-populismo-que-viene-86-asi-era-la-extrema-derecha-espanola-antes-de-anglada-descarguese-el-ensayo-el-fascismo-en-pdf-gratuitamente/
Título original: Nuestro ensayo "¿Qué era? ¿Qué es? El fascismo" En PDF gratuito
Tradução: Roberto Lucena
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quinta-feira, 10 de dezembro de 2015
segunda-feira, 14 de abril de 2014
A internet é perigosa para o ignorante e útil para o sábio, diz Umberto Eco
Eu não irei colocar o texto todo com a entrevista dele pois é longo e o que achei interessante no texto foi mais a parte que toca num ponto crucial da internet. O Umberto Eco tocou num problema central da web: a internet é perigosa para pessoas que não possuem critérios sobre o que ler ou que não têm interesse em aprender. E há os que tem dificuldade inclusive em achar notícias.
Acho que foi isso que ele quis dizer com a frase ao usar o termo "ignorante" e "sábio". Infelizmente é uma verdade e uma triste constatação, ele conseguiu deduzir um problema corriqueiro (e sério) do uso da rede que muita gente tenta explicar e ele detalhou a questão em poucas linhas. Isso diz respeito não só à questão do "revisionismo" como de qualquer assunto referente à política e História.
Quem quiser ler a entrevista inteira pode conferir neste link. Como não achei edição dessa entrevista em algum site estrangeiro com algo similar a esta afirmação dele (a entrevista foi exclusiva pra revista), então o jeito foi colocar este texto da revista a contragosto.
Explico o motivo do "a contragosto": eu já comentei antes que ando evitando colocar coisas publicadas pela mídia brasileira sobre esses assuntos (extrema-direita, nazismo, Holocausto etc) por considerar que o nível de partidarismo da grande mídia do Brasil (salvo exceções) chegou a um patamar crítico que já beira o descrédito quase total da mesma, além de outras questões que não vou discutir neste post. A mídia brasileira (generalizando) vive numa "bolha", alheia à realidade, parece um personagem do Show de Truman (quem não assistiu o filme pode acessar o link anterior que tem um resumo do filme, mas vale a pena assistir pois só de ver o filme entenderão a analogia), onde ela acha que manipula todo mundo subestimando o senso crítico da população. É um mau hábito adquirido desde o tempo da ditadura (1964-1985) ou antes dela.
A mídia (generalizando) age assim por algumas razões óbvias, como por saber sobre o baixo grau de erudição do povo e de uma certa aversão de muita gente em discutir civilizadamente questões políticas pra aprender etc e chegar a um denominador comum, refiro-me as pessoas comuns e não a radicais políticos. Este comportamento "autista" da mídia não anula o fato de que esta mesma população esteja desenvolvendo um senso crítico do que leem e ouvem como noticiário (é o que está ocorrendo), de forma lenta, mas está, daí o descrédito cada vez aumentando diante de mídia manipulada.
Se eu conseguir achar alguma entrevista do U. Eco similar a essa em algum site estrangeiro, eu trocarei o texto, mas por considerar que essa informação é mais importante que minha "birra" (que não é birra, é opinião formada mesmo), abrirei mais esta exceção. Mas pretendo manter a política de evitar ao extremo textos da mídia brasileira, de forma indenida, até que (quem sabe) mudem de postura e deixem o partidarismo rasteiro e alienante de lado.
Mas alguém pode chegar e dizer: "Ah, você está sendo generoso ou ingênuo ao achar que irão mudar de postura", bom, primeiro que não se trata de ingenuidade e nem de generosidade adotar essa postura, da mesma forma que não mudarem, eu também não mudo de postura e mantenho essa política de evitar textos da mídia brasileira. Até que provem o contrário, as pessoas são livres no país pra ler e repassar o que quiserem, portanto... quem não gosta, paciência. O velho e bom "bateu, levou" muitas vezes costuma funcionar.
Mas sem delongas (só que infelizmente tenho que deixar registrado a opinião acima porque de fato estou colocando isso a contragosto), segue abaixo o trecho que destaco da entrevista do Eco com uma crítica ao uso da internet, e que cabe perfeitamente ao caso brasileiro (e de maioria dos países) e o quanto se vê gente lendo bobagem sem usar uma "peneira" (critério) pra filtrar informação, achando que estão aprendendo ao repetir como papagaios panfletos e informação distorcida.
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A internet é perigosa para o ignorante e útil para o sábio, diz Umberto Eco
Em 2011, aos 80 anos, Umberto Eco concedeu uma entrevista à revista Época onde comentou sobre os prós e contras da internet como ferramenta formadora de indivíduos leitores críticos e/ou analfabetos funcionais. E sobre a acessibilidade do conhecimento possibilitada pela mesma. Confira abaixo a reprodução desta entrevista e não deixe de compartilhar conosco a sua opinião sobre o assunto.
ÉPOCA - Apesar dessas melhorias, o senhor ainda vê a internet como um perigo para o saber?
Eco - A internet não seleciona a informação. Há de tudo por lá. A Wikipédia presta um desserviço ao internauta. Outro dia publicaram fofocas a meu respeito, e tive de intervir e corrigir os erros e absurdos. A internet ainda é um mundo selvagem e perigoso. Tudo surge lá sem hierarquia. A imensa quantidade de coisas que circula é pior que a falta de informação. O excesso de informação provoca a amnésia. Informação demais faz mal. Quando não lembramos o que aprendemos, ficamos parecidos com animais. Conhecer é cortar, é selecionar. Vamos tomar como exemplo o ditador e líder romano Júlio César e como os historiadores antigos trataram dele. Todos dizem que foi importante porque alterou a história. Os cronistas romanos só citam sua mulher, Calpúrnia, porque esteve ao lado de César. Nada se sabe sobre a viuvez de Calpúrnia. Se costurou, dedicou-se à educação ou seja lá o que for. Hoje, na internet, Júlio César e Calpúrnia têm a mesma importância. Ora, isso não é conhecimento.
ÉPOCA - Mas o conhecimento está se tornando cada vez mais acessível via computadores e internet. O senhor não acha que o acesso a bancos de dados de universidades e instituições confiáveis estão alterando nossa noção de cultura?
Eco - Sim, é verdade. Se você sabe quais os sites e bancos de dados são confiáveis, você tem acesso ao conhecimento. Mas veja bem: você e eu somos ricos de conhecimento. Podemos aproveitar melhor a internet do que aquele pobre senhor que está comprando salame na feira aí em frente. Nesse sentido, a televisão era útil para o ignorante, porque selecionava a informação de que ele poderia precisar, ainda que informação idiota. A internet é perigosa para o ignorante porque não filtra nada para ele. Ela só é boa para quem já conhece – e sabe onde está o conhecimento. A longo prazo, o resultado pedagógico será dramático. Veremos multidões de ignorantes usando a internet para as mais variadas bobagens: jogos, bate-papos e busca de notícias irrelevantes.
ÉPOCA - Há uma solução para o problema do excesso de informação?
Eco - Seria preciso criar uma teoria da filtragem. Uma disciplina prática, baseada na experimentação cotidiana com a internet. Fica aí uma sugestão para as universidades: elaborar uma teoria e uma ferramenta de filtragem que funcionem para o bem do conhecimento. Conhecer é filtrar.
Acho que foi isso que ele quis dizer com a frase ao usar o termo "ignorante" e "sábio". Infelizmente é uma verdade e uma triste constatação, ele conseguiu deduzir um problema corriqueiro (e sério) do uso da rede que muita gente tenta explicar e ele detalhou a questão em poucas linhas. Isso diz respeito não só à questão do "revisionismo" como de qualquer assunto referente à política e História.
Quem quiser ler a entrevista inteira pode conferir neste link. Como não achei edição dessa entrevista em algum site estrangeiro com algo similar a esta afirmação dele (a entrevista foi exclusiva pra revista), então o jeito foi colocar este texto da revista a contragosto.
Explico o motivo do "a contragosto": eu já comentei antes que ando evitando colocar coisas publicadas pela mídia brasileira sobre esses assuntos (extrema-direita, nazismo, Holocausto etc) por considerar que o nível de partidarismo da grande mídia do Brasil (salvo exceções) chegou a um patamar crítico que já beira o descrédito quase total da mesma, além de outras questões que não vou discutir neste post. A mídia brasileira (generalizando) vive numa "bolha", alheia à realidade, parece um personagem do Show de Truman (quem não assistiu o filme pode acessar o link anterior que tem um resumo do filme, mas vale a pena assistir pois só de ver o filme entenderão a analogia), onde ela acha que manipula todo mundo subestimando o senso crítico da população. É um mau hábito adquirido desde o tempo da ditadura (1964-1985) ou antes dela.
A mídia (generalizando) age assim por algumas razões óbvias, como por saber sobre o baixo grau de erudição do povo e de uma certa aversão de muita gente em discutir civilizadamente questões políticas pra aprender etc e chegar a um denominador comum, refiro-me as pessoas comuns e não a radicais políticos. Este comportamento "autista" da mídia não anula o fato de que esta mesma população esteja desenvolvendo um senso crítico do que leem e ouvem como noticiário (é o que está ocorrendo), de forma lenta, mas está, daí o descrédito cada vez aumentando diante de mídia manipulada.
Se eu conseguir achar alguma entrevista do U. Eco similar a essa em algum site estrangeiro, eu trocarei o texto, mas por considerar que essa informação é mais importante que minha "birra" (que não é birra, é opinião formada mesmo), abrirei mais esta exceção. Mas pretendo manter a política de evitar ao extremo textos da mídia brasileira, de forma indenida, até que (quem sabe) mudem de postura e deixem o partidarismo rasteiro e alienante de lado.
Mas alguém pode chegar e dizer: "Ah, você está sendo generoso ou ingênuo ao achar que irão mudar de postura", bom, primeiro que não se trata de ingenuidade e nem de generosidade adotar essa postura, da mesma forma que não mudarem, eu também não mudo de postura e mantenho essa política de evitar textos da mídia brasileira. Até que provem o contrário, as pessoas são livres no país pra ler e repassar o que quiserem, portanto... quem não gosta, paciência. O velho e bom "bateu, levou" muitas vezes costuma funcionar.
Mas sem delongas (só que infelizmente tenho que deixar registrado a opinião acima porque de fato estou colocando isso a contragosto), segue abaixo o trecho que destaco da entrevista do Eco com uma crítica ao uso da internet, e que cabe perfeitamente ao caso brasileiro (e de maioria dos países) e o quanto se vê gente lendo bobagem sem usar uma "peneira" (critério) pra filtrar informação, achando que estão aprendendo ao repetir como papagaios panfletos e informação distorcida.
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A internet é perigosa para o ignorante e útil para o sábio, diz Umberto Eco
Em 2011, aos 80 anos, Umberto Eco concedeu uma entrevista à revista Época onde comentou sobre os prós e contras da internet como ferramenta formadora de indivíduos leitores críticos e/ou analfabetos funcionais. E sobre a acessibilidade do conhecimento possibilitada pela mesma. Confira abaixo a reprodução desta entrevista e não deixe de compartilhar conosco a sua opinião sobre o assunto.
ÉPOCA - Apesar dessas melhorias, o senhor ainda vê a internet como um perigo para o saber?
Eco - A internet não seleciona a informação. Há de tudo por lá. A Wikipédia presta um desserviço ao internauta. Outro dia publicaram fofocas a meu respeito, e tive de intervir e corrigir os erros e absurdos. A internet ainda é um mundo selvagem e perigoso. Tudo surge lá sem hierarquia. A imensa quantidade de coisas que circula é pior que a falta de informação. O excesso de informação provoca a amnésia. Informação demais faz mal. Quando não lembramos o que aprendemos, ficamos parecidos com animais. Conhecer é cortar, é selecionar. Vamos tomar como exemplo o ditador e líder romano Júlio César e como os historiadores antigos trataram dele. Todos dizem que foi importante porque alterou a história. Os cronistas romanos só citam sua mulher, Calpúrnia, porque esteve ao lado de César. Nada se sabe sobre a viuvez de Calpúrnia. Se costurou, dedicou-se à educação ou seja lá o que for. Hoje, na internet, Júlio César e Calpúrnia têm a mesma importância. Ora, isso não é conhecimento.
ÉPOCA - Mas o conhecimento está se tornando cada vez mais acessível via computadores e internet. O senhor não acha que o acesso a bancos de dados de universidades e instituições confiáveis estão alterando nossa noção de cultura?
Eco - Sim, é verdade. Se você sabe quais os sites e bancos de dados são confiáveis, você tem acesso ao conhecimento. Mas veja bem: você e eu somos ricos de conhecimento. Podemos aproveitar melhor a internet do que aquele pobre senhor que está comprando salame na feira aí em frente. Nesse sentido, a televisão era útil para o ignorante, porque selecionava a informação de que ele poderia precisar, ainda que informação idiota. A internet é perigosa para o ignorante porque não filtra nada para ele. Ela só é boa para quem já conhece – e sabe onde está o conhecimento. A longo prazo, o resultado pedagógico será dramático. Veremos multidões de ignorantes usando a internet para as mais variadas bobagens: jogos, bate-papos e busca de notícias irrelevantes.
ÉPOCA - Há uma solução para o problema do excesso de informação?
Eco - Seria preciso criar uma teoria da filtragem. Uma disciplina prática, baseada na experimentação cotidiana com a internet. Fica aí uma sugestão para as universidades: elaborar uma teoria e uma ferramenta de filtragem que funcionem para o bem do conhecimento. Conhecer é filtrar.
quinta-feira, 26 de dezembro de 2013
A Espanha franquista foi pioneira no "photoshop" do "pudor" (pra censurar)
Cartazes de filmes mostram a censura durante a ditadura na Espanha. Livro mostra como o regime cobriu decotes na Espanha franquista. Atualizado em 26 de dezembro, 2013 - 09:56 (Brasília) 11:56 GMT
A Espanha de Franco
O livro La censura franquista en el cartel de cine (A censura franquista nos cartazes do cinema) nasceu a partir da pesquisa de Bienvenido Llopis. Segundo ele, os cartazes mostram os “ajustes que os artistas tiveram que fazer” para se adequar “a linha da decência” imposta pelo regime.
A personalidade de Francisco Franco começou a se impor na Espanha em 1936, ano do início da Guerra Civil Espanhola. Franco liderou os nacionalistas, que se opunham à jovem república estabelecida em 1931. O conflito foi um dos mais sangrentos da Europa e considerado um ensaio para a Segunda Guerra Mundial.
Com a vitória, em 1939, Franco tornou-se ditador e governou o país com mão de ferro até sua morte, em 1975. Nesse tempo, obras foram censuradas, inimigos perseguidos e as identidades regionais oprimidas, caso do idioma catalão, proibido por Franco.
O livro "La censura franquista en el cartel de cine" mostra vários cartazes de filmes censurados como “The Biggest Bundle”, de 1968. A atriz Raquel Welch, de biquini, teve o corpo coberto, mas as pernas continuaram à mostra, assim como o decote na versão espanhola.
Na publicidade do filme que na Espanha ganhou o nome de “Amor a la Inglesa”, desaparece a cama em que o ator Peter Sellers aparece entediado esperando a namorada. Já a lingerie da atriz Sinead Cusack é substituida por uma saia vermelha.
Lançado em março de 1934, o filme estrelado por Joan Crawford e Gary Cooper fazia sucesso na Espanha. Crawford, no entanto, ficou publicamente do lado republicano na Guerra Civil Espanhola, que culminou com a vitória franquista. Em 1942, o filme ganhou outro cartaz, no qual o nome da atriz desaparece.
Marilyn Monroe também foi alvo de censura franquista. O decote, considerado ousado, foi retocado, para não mostrar mais do que o regime franquista considerava moral.
Francisco Franco foi ditador da Espanha de 1936 até sua morte, em 1975. Durante esse tempo, o Gabinete de Censura Democrático foi encarregado de rever a publicidade dos filmes que chegavam ao país. Na foto, imagem retocada da atriz italiana Sophia Loren.
O livro "La censura franquista en el cartel de cine" nasceu a partir da pesquisa de Bienvenido Llopis. Segundo ele, os cartazes mostram os “ajustes que os artistas tiveram que fazer” para se adequar “a linha da decência” imposta pelo regime.
Fonte: BBC Brasil
http://www.bbc.co.uk/portuguese/videos_e_fotos/2013/12/131225_galeria_censura_franco_4_mm.shtml
Ver matéria completa (em espanhol): “La censura franquista en el cartel de cine”, el régimen vs el poder de la imagen
http://culturacolectiva.com/la-censura-franquista-en-el-cartel-de-cine-el-regimen-vs-el-poder-de-la-imagen/
Observação: pois é, um decote era "algo criminoso" pra "moral e bons costumes" dos fáscios (que vê perversão em tudo por só pensarem em sacanagem o tempo todo). Vai ver que "tesão" pros fáscios (no caso da matéria são os da Espanha, embora todos os fascistas seguem a mesma linha, ou seja, são farinha do mesmo saco) era isso:
Um decote é "pecado", já usar o garrote (link2) e bater no povo de forma deliberada pra reprimir, deve/devia ser algum tipo de tara/fetiche/perversão sexual deles. Esses fascistas são uma 'gente meio "estranha": caso Max Mosley.
A Espanha de Franco
O livro La censura franquista en el cartel de cine (A censura franquista nos cartazes do cinema) nasceu a partir da pesquisa de Bienvenido Llopis. Segundo ele, os cartazes mostram os “ajustes que os artistas tiveram que fazer” para se adequar “a linha da decência” imposta pelo regime.
A personalidade de Francisco Franco começou a se impor na Espanha em 1936, ano do início da Guerra Civil Espanhola. Franco liderou os nacionalistas, que se opunham à jovem república estabelecida em 1931. O conflito foi um dos mais sangrentos da Europa e considerado um ensaio para a Segunda Guerra Mundial.
Com a vitória, em 1939, Franco tornou-se ditador e governou o país com mão de ferro até sua morte, em 1975. Nesse tempo, obras foram censuradas, inimigos perseguidos e as identidades regionais oprimidas, caso do idioma catalão, proibido por Franco.
O livro "La censura franquista en el cartel de cine" mostra vários cartazes de filmes censurados como “The Biggest Bundle”, de 1968. A atriz Raquel Welch, de biquini, teve o corpo coberto, mas as pernas continuaram à mostra, assim como o decote na versão espanhola.
Na publicidade do filme que na Espanha ganhou o nome de “Amor a la Inglesa”, desaparece a cama em que o ator Peter Sellers aparece entediado esperando a namorada. Já a lingerie da atriz Sinead Cusack é substituida por uma saia vermelha.
Lançado em março de 1934, o filme estrelado por Joan Crawford e Gary Cooper fazia sucesso na Espanha. Crawford, no entanto, ficou publicamente do lado republicano na Guerra Civil Espanhola, que culminou com a vitória franquista. Em 1942, o filme ganhou outro cartaz, no qual o nome da atriz desaparece.
Marilyn Monroe também foi alvo de censura franquista. O decote, considerado ousado, foi retocado, para não mostrar mais do que o regime franquista considerava moral.
Francisco Franco foi ditador da Espanha de 1936 até sua morte, em 1975. Durante esse tempo, o Gabinete de Censura Democrático foi encarregado de rever a publicidade dos filmes que chegavam ao país. Na foto, imagem retocada da atriz italiana Sophia Loren.
O livro "La censura franquista en el cartel de cine" nasceu a partir da pesquisa de Bienvenido Llopis. Segundo ele, os cartazes mostram os “ajustes que os artistas tiveram que fazer” para se adequar “a linha da decência” imposta pelo regime.
Fonte: BBC Brasil
http://www.bbc.co.uk/portuguese/videos_e_fotos/2013/12/131225_galeria_censura_franco_4_mm.shtml
Ver matéria completa (em espanhol): “La censura franquista en el cartel de cine”, el régimen vs el poder de la imagen
http://culturacolectiva.com/la-censura-franquista-en-el-cartel-de-cine-el-regimen-vs-el-poder-de-la-imagen/
Observação: pois é, um decote era "algo criminoso" pra "moral e bons costumes" dos fáscios (que vê perversão em tudo por só pensarem em sacanagem o tempo todo). Vai ver que "tesão" pros fáscios (no caso da matéria são os da Espanha, embora todos os fascistas seguem a mesma linha, ou seja, são farinha do mesmo saco) era isso:
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quinta-feira, 14 de março de 2013
Estudos provam existência de sete vezes mais campos nazistas
Segue abaixo um texto da DW, em português, mais completo sobre a matéria que saiu no NY Times (publicado aqui). Na falta da tradução da matéria do NY Times, esses dois textos (este e o do link anterior) dão pro gasto. Pra quem quiser ler um texto em inglês sobre o assunto, confiram o texto 42,500 Camps and Ghettos do Roberto Muehlenkamp no blog Holocaust Controversies.
Estudos provam existência de sete vezes mais campos nazistas
Segundo pesquisas, existiam 42.500 campos durante o período nazista na Europa – número sete vezes maior do que se supunha até hoje. A afirmação de que os alemães "de nada sabiam" torna-se, assim, mais absurda que nunca.
"Acho surpreendente que, 70 anos depois do fim da Guerra, continuem sendo encontrados novos tipos de campos, assim como novos testemunhos pessoais sobre o Holocausto", diz o historiador norte-americano Martin Dean, do Museu Memorial do Holocausto, em Washington. Há 13 anos, ele coleta dados sobre o tema, pesquisados por historiadores de toda a Europa, Israel e EUA, em trabalhos individuais e divulgados em suas respectivas localidades e regiões, mas que não haviam sido reunidos numa abordagem geral até agora.
O interesse de Dean é reunir todo esse material. E é exatamente isso que faz os resultados de suas pesquisas serem tão peculiares: a equipe de estudiosos do Museu em Washington constatou que a densidade de campos nazistas era muito maior do que se supunha até agora. Segundo as novas estimativas, havia na Europa em torno de 42.500 campos. Até então, as pesquisas apontavam um total de 7 mil campos.
30 mil campos de trabalho forçado
Sobreviventes de Auschwitz, com números tatuados no braço
As pesquisas de Dean causaram furor. Depois de um relato do New York Times a respeito, veio uma verdadeira avalanche de reportagens em outros jornais. E de súbito foi ficando claro que, em toda a Europa, muita gente esteve confinada pelo regime nazista, com frequência em condições sub-humanas. Tortura e fome eram quotidiano para os 20 milhões de prisioneiros de muitos campos.
Esses campos na Europa desempenhavam funções distintas: 30 mil deles eram destinados a trabalhos forçados. Existiam ainda 1.150 guetos de judeus, 980 campos de concentração, mil campos de prisioneiros de guerra e 500 bordéis de prostituição forçada.
Além desses, havia diversos campos voltados para a "germanização" dos prisioneiros, ou seja, sua "educação ariana". Neles, as mulheres eram forçadas a abortar, doentes psíquicos eram mortos como forma de "eutanásia", e prisioneiros reunidos para serem transportados para os campos de extermínio.
Campo multifuncional
Dean e sua equipe dedicam-se sobretudo no momento à pesquisa dos campos de prisioneiros de guerra e trabalho forçado. Trata-se de um trabalho árduo, pois o material permanece, mesmo 70 anos depois do fim da Guerra, de difícil compilação. Em vários casos, os campos foram usados durante alguns meses com determinados objetivos e depois mudavam de função.
Segundo os pesquisadores, esse era o caso, por exemplo, do "campo de educação para o trabalho", liderado pela Gestapo. Em primeira linha, esses locais tinham por meta "disciplinar" as forças de trabalho. No entanto, eram muitas vezes usados para outros fins, como, por exemplo, como campos de punição para civis poloneses. Ou como estação transitória para judeus italianos, a caminho dos campos de concentração.
Campo de concentração Auschwitz-Monowitz
"Quando, como pesquisador, se descreve apenas uma função do campo, isso não é bem exato", explica Dean em entrevista à DW. Todo campo tem sua própria história. Generalizações são praticamente impossíveis. Com a existência de 42.500 campos, essa é uma área de pesquisa de amplíssimas proporções para os historiadores.
Mas nem só acadêmicos e pesquisadores devem se colocar frente a essas perguntas. Muitos alemães poderão, diante dessas informações, questionar as gerações anteriores a respeito: como pode ter sido possível os antepassados não terem sabido nada a respeito de quase 43 mil campos espalhados pela Europa? Era possível simplesmente ignorar 30 mil campos de trabalho forçado? Uma premissa que o historiador Dean aponta como muito improvável.
Parte do dia a dia durante a guerra
Os cientistas alemães não estão surpresos com os resultados das pesquisas de Dean. O historiador Christoph Dieckmann, do Instituto Fritz Bauer, situado em Frankfurt, apoiou a equipe norte-americana nesse projeto de pesquisa. Há pouco, ele recebeu o Prêmio Internacional do Livro do Memorial Yad-Vashem, por seu trabalho sobre o Holocausto.
"As pesquisas dos EUA confirmam que a existência dos campos fazia parte do dia a dia da guerra", diz Dieckmann. "E se perguntarmos a nossos avós, todas eles com certeza conheciam trabalhadores forçados", afirma o historiador. Entre 1943 e 1944, os trabalhadores forçados perfaziam entre 20% e 30% de toda a força de trabalho do Reich alemão, e a maioria deles vivia confinada.
Dieckmann não se surpreende que esse capítulo da história alemã seja raramente tratado em público. Como apontam os pesquisadores norte-americanos, havia também mais de 500 bordéis da Wehrmacht, as Forças Armadas nazistas, nos quais jovens eram forçadas à prostituição. "A Wehrmacht era formada pelos nossos avôs", diz o historiador. "E por acaso os nossos avôs contaram algo a respeito dos bordéis? Não!"
Entender a trajetória do Holocausto
Christoph Dieckmann, do Instituto Fritz Bauer, Frankfurt
Dieckmann é especialsita em pesquisas sobre a Lituânia durante o período nazista. Ele constatou que no país havia mais de 100 guetos de judeus, muito mais do que o estimado até agora. Os alemães amontoaram mais de 100 mil pessoas ali, sem qualquer plano do que fazer com elas, ou seja, sem saber como alimentá-las ou vigiá-las.
As administrações alemã e lituana estavam sobrecarregadas, afirma Dieckmann. E os efeitos disso eram fatais: os ocupadores definiram que os judeus seriam considerados "inimigos do Reich alemão" e ignoravam seu direito à vida. Até outubro de 1941, aqueles que viviam no interior da Lituânia eram mortos nas cidades onde se encontravam. Em seguida, começou a deportação planejada dos judeus de toda a Europa para os campos de extermínio.
Autora: Clara Walther (sv)
Revisão: Augusto Valente
Fonte: Deutsche Welle (Alemanha)
http://www.dw.de/estudos-provam-exist%C3%AAncia-de-sete-vezes-mais-campos-nazistas/a-16655865
Estudos provam existência de sete vezes mais campos nazistas
Segundo pesquisas, existiam 42.500 campos durante o período nazista na Europa – número sete vezes maior do que se supunha até hoje. A afirmação de que os alemães "de nada sabiam" torna-se, assim, mais absurda que nunca.
"Acho surpreendente que, 70 anos depois do fim da Guerra, continuem sendo encontrados novos tipos de campos, assim como novos testemunhos pessoais sobre o Holocausto", diz o historiador norte-americano Martin Dean, do Museu Memorial do Holocausto, em Washington. Há 13 anos, ele coleta dados sobre o tema, pesquisados por historiadores de toda a Europa, Israel e EUA, em trabalhos individuais e divulgados em suas respectivas localidades e regiões, mas que não haviam sido reunidos numa abordagem geral até agora.
O interesse de Dean é reunir todo esse material. E é exatamente isso que faz os resultados de suas pesquisas serem tão peculiares: a equipe de estudiosos do Museu em Washington constatou que a densidade de campos nazistas era muito maior do que se supunha até agora. Segundo as novas estimativas, havia na Europa em torno de 42.500 campos. Até então, as pesquisas apontavam um total de 7 mil campos.
30 mil campos de trabalho forçado
Sobreviventes de Auschwitz, com números tatuados no braço
As pesquisas de Dean causaram furor. Depois de um relato do New York Times a respeito, veio uma verdadeira avalanche de reportagens em outros jornais. E de súbito foi ficando claro que, em toda a Europa, muita gente esteve confinada pelo regime nazista, com frequência em condições sub-humanas. Tortura e fome eram quotidiano para os 20 milhões de prisioneiros de muitos campos.
Esses campos na Europa desempenhavam funções distintas: 30 mil deles eram destinados a trabalhos forçados. Existiam ainda 1.150 guetos de judeus, 980 campos de concentração, mil campos de prisioneiros de guerra e 500 bordéis de prostituição forçada.
Além desses, havia diversos campos voltados para a "germanização" dos prisioneiros, ou seja, sua "educação ariana". Neles, as mulheres eram forçadas a abortar, doentes psíquicos eram mortos como forma de "eutanásia", e prisioneiros reunidos para serem transportados para os campos de extermínio.
Campo multifuncional
Dean e sua equipe dedicam-se sobretudo no momento à pesquisa dos campos de prisioneiros de guerra e trabalho forçado. Trata-se de um trabalho árduo, pois o material permanece, mesmo 70 anos depois do fim da Guerra, de difícil compilação. Em vários casos, os campos foram usados durante alguns meses com determinados objetivos e depois mudavam de função.
Segundo os pesquisadores, esse era o caso, por exemplo, do "campo de educação para o trabalho", liderado pela Gestapo. Em primeira linha, esses locais tinham por meta "disciplinar" as forças de trabalho. No entanto, eram muitas vezes usados para outros fins, como, por exemplo, como campos de punição para civis poloneses. Ou como estação transitória para judeus italianos, a caminho dos campos de concentração.
Campo de concentração Auschwitz-Monowitz
"Quando, como pesquisador, se descreve apenas uma função do campo, isso não é bem exato", explica Dean em entrevista à DW. Todo campo tem sua própria história. Generalizações são praticamente impossíveis. Com a existência de 42.500 campos, essa é uma área de pesquisa de amplíssimas proporções para os historiadores.
Mas nem só acadêmicos e pesquisadores devem se colocar frente a essas perguntas. Muitos alemães poderão, diante dessas informações, questionar as gerações anteriores a respeito: como pode ter sido possível os antepassados não terem sabido nada a respeito de quase 43 mil campos espalhados pela Europa? Era possível simplesmente ignorar 30 mil campos de trabalho forçado? Uma premissa que o historiador Dean aponta como muito improvável.
Parte do dia a dia durante a guerra
Os cientistas alemães não estão surpresos com os resultados das pesquisas de Dean. O historiador Christoph Dieckmann, do Instituto Fritz Bauer, situado em Frankfurt, apoiou a equipe norte-americana nesse projeto de pesquisa. Há pouco, ele recebeu o Prêmio Internacional do Livro do Memorial Yad-Vashem, por seu trabalho sobre o Holocausto.
"As pesquisas dos EUA confirmam que a existência dos campos fazia parte do dia a dia da guerra", diz Dieckmann. "E se perguntarmos a nossos avós, todas eles com certeza conheciam trabalhadores forçados", afirma o historiador. Entre 1943 e 1944, os trabalhadores forçados perfaziam entre 20% e 30% de toda a força de trabalho do Reich alemão, e a maioria deles vivia confinada.
Dieckmann não se surpreende que esse capítulo da história alemã seja raramente tratado em público. Como apontam os pesquisadores norte-americanos, havia também mais de 500 bordéis da Wehrmacht, as Forças Armadas nazistas, nos quais jovens eram forçadas à prostituição. "A Wehrmacht era formada pelos nossos avôs", diz o historiador. "E por acaso os nossos avôs contaram algo a respeito dos bordéis? Não!"
Entender a trajetória do Holocausto
Christoph Dieckmann, do Instituto Fritz Bauer, Frankfurt
Dieckmann é especialsita em pesquisas sobre a Lituânia durante o período nazista. Ele constatou que no país havia mais de 100 guetos de judeus, muito mais do que o estimado até agora. Os alemães amontoaram mais de 100 mil pessoas ali, sem qualquer plano do que fazer com elas, ou seja, sem saber como alimentá-las ou vigiá-las.
As administrações alemã e lituana estavam sobrecarregadas, afirma Dieckmann. E os efeitos disso eram fatais: os ocupadores definiram que os judeus seriam considerados "inimigos do Reich alemão" e ignoravam seu direito à vida. Até outubro de 1941, aqueles que viviam no interior da Lituânia eram mortos nas cidades onde se encontravam. Em seguida, começou a deportação planejada dos judeus de toda a Europa para os campos de extermínio.
Autora: Clara Walther (sv)
Revisão: Augusto Valente
Fonte: Deutsche Welle (Alemanha)
http://www.dw.de/estudos-provam-exist%C3%AAncia-de-sete-vezes-mais-campos-nazistas/a-16655865
sábado, 17 de novembro de 2012
Oliver Stone. Uma lição de história sobre os erros dos EUA
A série documental “The Untold History of United States” estreou ontem à noite nos EUA com o primeiro de dez episódios
Segunda Guerra Mundial
Oliver Stone realizou “The Untold History of United States” a pensar nos filhos. “Quando me contaram o que andavam a aprender na escola fiquei perturbado por perceber que não lhes tinham dado uma visão mais honesta do mundo”, conta no início da série documental, que estreou ontem à noite no canal Showtime norte-americano.
“Quando era novo e estudava em Nova Iorque também achava que tinha recebido uma boa educação”, conta – e é a sua voz que narra o resto da série. “Estudei História e tudo fazia sentido. Nós éramos o centro do mundo. Era o destino. Éramos os bons.” Mas isso foi antes de viajar pelo mundo, de ter estado na Guerra do Vietnã e de ter realizado dezenas de filmes, muito deles sobre política (“JFK”, “Nixon”, “Wall Street”...).
Stone decidiu produzir “The Untold History of United States” para que os filhos tivessem acesso a “algo que vá além da tirania de agora, do nevoeiro em que vivemos”, explica. O que é que isso significa em concreto? Uma visão da América que não estamos habituados a ter na TV, em filmes ou em livros Made in USA.
“Não nos centramos nas coisas que a América fez bem”, diz Stone, que, a par da série, também lançou um livro com o mesmo título a 30 de Outubro (em co--autoria com Peter Kuznick, professor de História da American University). “Para isso já há bibliotecas cheias de livros e o currículo escolar. Estamos mais preocupados com os erros.”
A série começou a ser produzida em Fevereiro de 2008 e funciona “como se fossem dez filmes”, diz o realizador. “Foi pensada como um filme sobre a bomba atómica, porque nasci nessa altura, mas depois vi que também daria um bom documentário”, conta. O que foi pensado como um documentário de hora e meia transformou-se numa série com dez episódios. “Tive mais olhos que barriga”, justifica Stone. E tudo por causa de George W. Bush.
“Estávamos em 2008 e estava zangado com o pesadelo que o nosso país vivia. Decidi expandir o documentário porque queria perceber George Bush... como é que ele se safou e como é que o pusemos outra vez na Casa Branca em 2004 depois de tudo o que fez.”
A lição de história não convencional da série inclui imagens de arquivo nunca dantes vistas, como recriações em laboratórios nucleares norte-americanos encenadas para noticiários.
Os primeiros quatro episódios da série dissecam a Segunda Guerra Mundial e a Guerra Fria, mas a história prolonga--se pela Guerra do Iraque até à era Obama. Segundo Stone, o actual presidente não é melhor que Woodrow Wilson ou George W. Bush: “Alguém que pegou numa situação má e a tornou ainda pior ao vender-se a financiadores de Wall Street de bolsos cheios.”
A série, que tem mantido Stone ocupado nestes últimos quatros anos, ainda não tem data de estreia prevista para Portugal.
Por Clara Silva, publicado em 13 Nov 2012 - 03:10 | Atualizado há 4 dias 15 horas
Fonte: Ionline (Portugal)
http://www.ionline.pt/boa-vida/oliver-stone-uma-licao-historia-sobre-os-erros-dos-eua
Segunda Guerra Mundial
Oliver Stone realizou “The Untold History of United States” a pensar nos filhos. “Quando me contaram o que andavam a aprender na escola fiquei perturbado por perceber que não lhes tinham dado uma visão mais honesta do mundo”, conta no início da série documental, que estreou ontem à noite no canal Showtime norte-americano.
“Quando era novo e estudava em Nova Iorque também achava que tinha recebido uma boa educação”, conta – e é a sua voz que narra o resto da série. “Estudei História e tudo fazia sentido. Nós éramos o centro do mundo. Era o destino. Éramos os bons.” Mas isso foi antes de viajar pelo mundo, de ter estado na Guerra do Vietnã e de ter realizado dezenas de filmes, muito deles sobre política (“JFK”, “Nixon”, “Wall Street”...).
Stone decidiu produzir “The Untold History of United States” para que os filhos tivessem acesso a “algo que vá além da tirania de agora, do nevoeiro em que vivemos”, explica. O que é que isso significa em concreto? Uma visão da América que não estamos habituados a ter na TV, em filmes ou em livros Made in USA.
“Não nos centramos nas coisas que a América fez bem”, diz Stone, que, a par da série, também lançou um livro com o mesmo título a 30 de Outubro (em co--autoria com Peter Kuznick, professor de História da American University). “Para isso já há bibliotecas cheias de livros e o currículo escolar. Estamos mais preocupados com os erros.”
A série começou a ser produzida em Fevereiro de 2008 e funciona “como se fossem dez filmes”, diz o realizador. “Foi pensada como um filme sobre a bomba atómica, porque nasci nessa altura, mas depois vi que também daria um bom documentário”, conta. O que foi pensado como um documentário de hora e meia transformou-se numa série com dez episódios. “Tive mais olhos que barriga”, justifica Stone. E tudo por causa de George W. Bush.
“Estávamos em 2008 e estava zangado com o pesadelo que o nosso país vivia. Decidi expandir o documentário porque queria perceber George Bush... como é que ele se safou e como é que o pusemos outra vez na Casa Branca em 2004 depois de tudo o que fez.”
A lição de história não convencional da série inclui imagens de arquivo nunca dantes vistas, como recriações em laboratórios nucleares norte-americanos encenadas para noticiários.
Os primeiros quatro episódios da série dissecam a Segunda Guerra Mundial e a Guerra Fria, mas a história prolonga--se pela Guerra do Iraque até à era Obama. Segundo Stone, o actual presidente não é melhor que Woodrow Wilson ou George W. Bush: “Alguém que pegou numa situação má e a tornou ainda pior ao vender-se a financiadores de Wall Street de bolsos cheios.”
A série, que tem mantido Stone ocupado nestes últimos quatros anos, ainda não tem data de estreia prevista para Portugal.
Por Clara Silva, publicado em 13 Nov 2012 - 03:10 | Atualizado há 4 dias 15 horas
Fonte: Ionline (Portugal)
http://www.ionline.pt/boa-vida/oliver-stone-uma-licao-historia-sobre-os-erros-dos-eua
quinta-feira, 11 de outubro de 2012
Tese de doutorado revela práticas nazistas no Brasil
O historiador Sidney Aguilar Filho chegou ao tema da pesquisa por indicação de uma aluna, que mencionou em aula ter encontrado tijolos marcados com a suástica nazista na fazenda da família, no interior de São Paulo,
Foto: Antoninho Perri/Unicamp/Divulgação
Foi pela indicação de uma aluna, que mencionou em aula ter encontrado tijolos marcados com a suástica nazista na fazenda da família, no interior de São Paulo, que o historiador Sidney Aguilar Filho teve o primeiro contato com aquele que viria a ser seu objeto de estudo durante quatro anos e meio. "Eu não fui atrás do tema, foi realmente uma coincidência", esclarece o autor da tese Educação, autoritarismo e eugenia: exploração do trabalho e violência à infância desamparada no Brasil (1930-1945).
Na tese do historiador, é possível ter acesso à história da transferência de 50 meninos órfãos ou abandonados, considerados oficialmente pretos ou pardos (apenas dois deles eram brancos, segundo documentos oficiais). O grupo foi levado do Educandário Romão de Matos Duarte, no Rio de Janeiro, na época capital do Brasil, para a fazenda Santa Albertina, pertencente à rica família Rocha Miranda, localizada em Campina do Monte Alegre, uma área com forte presença de simpatizantes do movimento integralista, durante as décadas de 1930 e 1940, no interior do Estado de São Paulo.
Submetidos a um regime de trabalho na propriedade, os menores viveram no local até o início dos anos de 1940, quando a posição brasileira de combate ao nazismo na Segunda Guerra Mundial e o desprestígio sofrido pelos integralistas junto ao governo de Getúlio Vargas transformou o nazismo e todas as ideologias simpatizantes a ele em um mal a ser combatido. O estudo dá a oportunidade de obter mais informações sobre fatos ainda nebulosos de um período recente da história brasileira.
Quase 10 anos depois de ter entrado em contato com o tema e movido por "uma espécie de dever moral", o historiador decidiu pesquisar o assunto com maior profundidade por meio de um doutorado. "Os sobreviventes já eram velhinhos em idade avançada, e eu julguei que tinha, por causa deles, uma obrigação de realizar a pesquisa. Dessa forma, busquei apoio na Unicamp, em um grupo que trabalha com história da educação. O meu foco não era o nazismo no Brasil, mas sim a coincidência de que um grupo composto apenas por meninos tenha sido retirado de um orfanato na capital do País e levado para uma fazenda em uma região que concentrava forte presença integralista e nazista", explica Aguilar Filho, que, em busca de documentos oficiais e informações históricas e sociais da época, fez diversas viagens por cidades europeias e brasileiras.
Um dos temas de destaque da tese é o contexto social e cultural do período. Por meio de documentos oficiais e reportagens e anúncios publicitários veiculados na Revista da Semana, importante publicação do período, foi possível investigar qual era o papel das crianças na sociedade da época e como esse ambiente possibilitou que meninos sob a tutela do Estado fossem entregues aos cuidados de um único homem, Oswaldo Rocha Miranda, que os levou para a fazenda de sua família.
"Houve a tentativa de entender o imaginário das elites e da classe média carioca que deram suporte para as teorias eugenistas, além da lógica do educandário em entregar 50 meninos a uma pessoa apenas. E para isso, pesquisei através da mídia da época, de intelectuais reconhecidos pela elite brasileira, e encontrei um imaginário tremendamente preconceituoso aos olhos contemporâneos, e uma legislação eugenista, onde havia a justificação do racismo por características fenotípicas, com uma violação dos direitos étnicos", ressalta o historiador.
Aguilar Filho destaca a importância de diferenciar o movimento integralista do nazismo. O contexto histórico brasileiro de práticas higienistas possibilitou a transferência dos 50 meninos à propriedade no interior paulista. Contudo, enquanto o arianismo era central no nazismo, no integralismo ele estava restrito a alguns grupos. Dessa forma, muitos integralistas eram admiradores das ideias políticas e econômicas nazistas, mas não corroboravam com a defesa da raça ariana. "Nazismo e integralismo são coisas diferentes, mas também é importante considerar suas semelhanças nas concepções autoritárias de sociedade e na defesa dos princípios higienistas, por exemplo", destaca.
O historiador exalta o trabalho de outros pesquisadores na relação entre ideologias nazifascistas e elementos culturais e educacionais, como Ana Maria Dietrich, René Gertz e Ediógenes Aragão Santos - que foi sua orientadora na tese.
Segundo o historiador, que entrevistou três dos 50 meninos levados à fazenda no interior paulista, o contato com testemunhas de um fato histórico trouxe à tona dois aspectos principais. "Um deles é a importância de trabalhar questões históricas nas quais existem fontes vivas, o que nos leva às teorias de história oral, uma área com quase 30 anos de pesquisas, mas que ainda precisa caminhar muito. Outro aspecto é o do papel dos sobreviventes na construção da história, que foi fundamental nesta pesquisa", explica. Para ele, a presença de história oral não é um elemento legitimador por si só, mas acredita que, se existem relatos, eles devem ser reconhecidos. "Ao mesmo tempo em que nenhum documento é neutro, nenhum depoimento também é neutro, e a construção da narrativa tem que levar em conta todas essas premissas. Assim, quando há uma fartura de documentos de diversos tipos, associados à memória oral, o processo ganha uma vida especial", afirma.
Durante a relação com os três sobreviventes, o historiador enfrentou uma rejeição inicial, que exigiu que ele lidasse com as memórias de trauma das testemunhas. "O caminho que eu encontrei foi ter acesso ao máximo de documentações escritas e fotográficas possível, para que esses detentores da memória oral não tivessem a responsabilidade de provar o que estavam dizendo", destaca.
Como resultado dessa solução, ao mesmo tempo em que tomava cuidado para contatar primeiramente membros da família dos sobreviventes - que também foram grandes apoiadores da pesquisa - Aguilar Filho conseguiu estabelecer uma relação de mão dupla com os entrevistados. "Ao mesmo tempo em que eu produzia a tese e ajudava eles a lidar com suas memórias, esses relatos também acabaram fortalecendo a pesquisa, dando mais vida ao processo", relata.
Documentário
Já em processo de gravação, em parceria com uma produtora, a tese de doutorado de Aguilar Filho vai parar nas telas. Sem poder adiantar mais detalhes, o historiador apenas afirma que será o roteirista do filme e garante que muitos elementos da pesquisa estarão presentes na produção. "A proposta é de um documentário com alto grau de respeito à pesquisa científica, mas com vida própria, claro; não é uma tese. Temos uma grande preocupação de fidedignidade", diz.
10 de setembro de 2012 • 07h49
Fonte: Cartola/Terra
http://noticias.terra.com.br/educacao/noticias/0,,OI6136519-EI8266,00-Tese+de+doutorado+revela+praticas+nazistas+no+Brasil.html
Ver mais:
Fazenda Nazista - Integralismo e Nazismo
As ligações entre os fascismos - Integralismo e Nazismo
Foto: Antoninho Perri/Unicamp/Divulgação
Foi pela indicação de uma aluna, que mencionou em aula ter encontrado tijolos marcados com a suástica nazista na fazenda da família, no interior de São Paulo, que o historiador Sidney Aguilar Filho teve o primeiro contato com aquele que viria a ser seu objeto de estudo durante quatro anos e meio. "Eu não fui atrás do tema, foi realmente uma coincidência", esclarece o autor da tese Educação, autoritarismo e eugenia: exploração do trabalho e violência à infância desamparada no Brasil (1930-1945).
Na tese do historiador, é possível ter acesso à história da transferência de 50 meninos órfãos ou abandonados, considerados oficialmente pretos ou pardos (apenas dois deles eram brancos, segundo documentos oficiais). O grupo foi levado do Educandário Romão de Matos Duarte, no Rio de Janeiro, na época capital do Brasil, para a fazenda Santa Albertina, pertencente à rica família Rocha Miranda, localizada em Campina do Monte Alegre, uma área com forte presença de simpatizantes do movimento integralista, durante as décadas de 1930 e 1940, no interior do Estado de São Paulo.
Submetidos a um regime de trabalho na propriedade, os menores viveram no local até o início dos anos de 1940, quando a posição brasileira de combate ao nazismo na Segunda Guerra Mundial e o desprestígio sofrido pelos integralistas junto ao governo de Getúlio Vargas transformou o nazismo e todas as ideologias simpatizantes a ele em um mal a ser combatido. O estudo dá a oportunidade de obter mais informações sobre fatos ainda nebulosos de um período recente da história brasileira.
Quase 10 anos depois de ter entrado em contato com o tema e movido por "uma espécie de dever moral", o historiador decidiu pesquisar o assunto com maior profundidade por meio de um doutorado. "Os sobreviventes já eram velhinhos em idade avançada, e eu julguei que tinha, por causa deles, uma obrigação de realizar a pesquisa. Dessa forma, busquei apoio na Unicamp, em um grupo que trabalha com história da educação. O meu foco não era o nazismo no Brasil, mas sim a coincidência de que um grupo composto apenas por meninos tenha sido retirado de um orfanato na capital do País e levado para uma fazenda em uma região que concentrava forte presença integralista e nazista", explica Aguilar Filho, que, em busca de documentos oficiais e informações históricas e sociais da época, fez diversas viagens por cidades europeias e brasileiras.
Um dos temas de destaque da tese é o contexto social e cultural do período. Por meio de documentos oficiais e reportagens e anúncios publicitários veiculados na Revista da Semana, importante publicação do período, foi possível investigar qual era o papel das crianças na sociedade da época e como esse ambiente possibilitou que meninos sob a tutela do Estado fossem entregues aos cuidados de um único homem, Oswaldo Rocha Miranda, que os levou para a fazenda de sua família.
"Houve a tentativa de entender o imaginário das elites e da classe média carioca que deram suporte para as teorias eugenistas, além da lógica do educandário em entregar 50 meninos a uma pessoa apenas. E para isso, pesquisei através da mídia da época, de intelectuais reconhecidos pela elite brasileira, e encontrei um imaginário tremendamente preconceituoso aos olhos contemporâneos, e uma legislação eugenista, onde havia a justificação do racismo por características fenotípicas, com uma violação dos direitos étnicos", ressalta o historiador.
Aguilar Filho destaca a importância de diferenciar o movimento integralista do nazismo. O contexto histórico brasileiro de práticas higienistas possibilitou a transferência dos 50 meninos à propriedade no interior paulista. Contudo, enquanto o arianismo era central no nazismo, no integralismo ele estava restrito a alguns grupos. Dessa forma, muitos integralistas eram admiradores das ideias políticas e econômicas nazistas, mas não corroboravam com a defesa da raça ariana. "Nazismo e integralismo são coisas diferentes, mas também é importante considerar suas semelhanças nas concepções autoritárias de sociedade e na defesa dos princípios higienistas, por exemplo", destaca.
O historiador exalta o trabalho de outros pesquisadores na relação entre ideologias nazifascistas e elementos culturais e educacionais, como Ana Maria Dietrich, René Gertz e Ediógenes Aragão Santos - que foi sua orientadora na tese.
Segundo o historiador, que entrevistou três dos 50 meninos levados à fazenda no interior paulista, o contato com testemunhas de um fato histórico trouxe à tona dois aspectos principais. "Um deles é a importância de trabalhar questões históricas nas quais existem fontes vivas, o que nos leva às teorias de história oral, uma área com quase 30 anos de pesquisas, mas que ainda precisa caminhar muito. Outro aspecto é o do papel dos sobreviventes na construção da história, que foi fundamental nesta pesquisa", explica. Para ele, a presença de história oral não é um elemento legitimador por si só, mas acredita que, se existem relatos, eles devem ser reconhecidos. "Ao mesmo tempo em que nenhum documento é neutro, nenhum depoimento também é neutro, e a construção da narrativa tem que levar em conta todas essas premissas. Assim, quando há uma fartura de documentos de diversos tipos, associados à memória oral, o processo ganha uma vida especial", afirma.
Durante a relação com os três sobreviventes, o historiador enfrentou uma rejeição inicial, que exigiu que ele lidasse com as memórias de trauma das testemunhas. "O caminho que eu encontrei foi ter acesso ao máximo de documentações escritas e fotográficas possível, para que esses detentores da memória oral não tivessem a responsabilidade de provar o que estavam dizendo", destaca.
Como resultado dessa solução, ao mesmo tempo em que tomava cuidado para contatar primeiramente membros da família dos sobreviventes - que também foram grandes apoiadores da pesquisa - Aguilar Filho conseguiu estabelecer uma relação de mão dupla com os entrevistados. "Ao mesmo tempo em que eu produzia a tese e ajudava eles a lidar com suas memórias, esses relatos também acabaram fortalecendo a pesquisa, dando mais vida ao processo", relata.
Documentário
Já em processo de gravação, em parceria com uma produtora, a tese de doutorado de Aguilar Filho vai parar nas telas. Sem poder adiantar mais detalhes, o historiador apenas afirma que será o roteirista do filme e garante que muitos elementos da pesquisa estarão presentes na produção. "A proposta é de um documentário com alto grau de respeito à pesquisa científica, mas com vida própria, claro; não é uma tese. Temos uma grande preocupação de fidedignidade", diz.
10 de setembro de 2012 • 07h49
Fonte: Cartola/Terra
http://noticias.terra.com.br/educacao/noticias/0,,OI6136519-EI8266,00-Tese+de+doutorado+revela+praticas+nazistas+no+Brasil.html
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sábado, 7 de julho de 2012
U-507: O submarino que afundou o Brasil na Segunda Guerra
Livro-reportagem detalha episódio que jogou o Brasil na Segunda Guerra
A entrada do Brasil na Segunda Guerra Mundial completa 70 anos em agosto próximo. A decisão foi tomada pelo então presidente Getúlio Vargas depois que o submarino alemão U-507 torpedeou cinco navios nacionais, no litoral de Sergipe e da Bahia, entre os dias 15 e 17 de agosto de1942, causando a morte de 607 brasileiros. Uma semana depois, Vargas decretou estado de beligerância à Alemanha e à Itália e, no dia 31 de agosto, declarou guerra.
O episódio, ainda pouco conhecido dos brasileiros, é o tema do livro-reportagem “U-507 – O submarino que afundou o Brasil na Segunda Guerra”, que marca a estréia no mercado editorial do jornalista gaúcho Marcelo Monteiro, pela Editora Schoba, com prefácio de Luis Fernando Verissimo. A obra, que será lançada oficialmente em 20 de junho, às 19h30, na Livraria Cultura do Shopping Iguatemi, em Brasília, é resultado de três anos e meio de pesquisas e entrevistas. Com cerca de 350 páginas, o livro-reportagem revela em detalhes os afundamentos dos mercantes Baependy, Araraquara, Aníbal Benévolo, Itagiba e Arará, mostrando o sofrimento das vítimas da carnificina nazista. A narrativa conta o drama de náufragos devorados por tubarões, de sobreviventes vagando por mais de dois dias sem água ou comida e da menininha que sobreviveu ao afundamento do Itagiba boiando por horas dentro de uma caixa de madeira vazia.
Até então, o Brasil procurava manter-se neutro no conflito. Mas, depois de romper relações diplomáticas com o Eixo – em função do ataque à base americana de Pearl Harbor, em dezembro anterior –, o País colaborava com o esforço de guerra ianque, exportando borracha e outros itens essenciais à indústria bélica dos Estados Unidos. Após o ataque aos navios brasileiros e diante da revolta da população, que saiu às ruas em protesto, depredando estabelecimentos comerciais pertencentes a imigrantes alemães, italianos e japoneses, Vargas viu-se obrigado a abandonar a condição de não beligerante.
Além de entrevistar sobreviventes dos naufrágios, Monteiro teve acesso ao diário de bordo de Harro Schacht, comandante do submarino alemão. Assim, além da rotina nos navios afundados, o livro também detalha, com base nos documentos nazistas, o cotidiano do próprio submersível, corrigindo alguns equívocos históricos, como o de que todos os vapores brasileiros teriam sido afundados com dois torpedos (somente o Baependy recebeu dois disparos) e trazendo uma nova – e talvez definitiva – versão para o episódio.
História viva
Entre os personagens localizados pelo autor está a alagoana Walderez Cavalcante, de 74 anos. Em 1942, com apenas quatro anos de idade, ela foi resgatada do naufrágio do Itagiba depois de permanecer cerca de quatro horas boiando dentro de uma caixa de transporte de Leite Moça. “O pessoal da baleeira me botou numa caixa de leite condensado da Nestlé, vazia, e me disse: ‘segure, não solte’”, lembra a psicóloga aposentada.
Outra náufraga entrevistada para o livro é Vera Beatriz do Canto, hoje com 74 anos, filha do capitão do Exército José Tito do Canto. Dias antes do ataque do U-507,a mãe de Vera, Noêmia, tivera um pesadelo: vira um navio preto, com centenas de pessoas vestindo preto e com um número 13 estampado no casco. No dia 13 de agosto de 1942, às 13 horas, o Itagiba partiu do armazém 13 do cais do porto do Rio de Janeiro em direção a Salvador. Essa seria a sua última viagem. No dia17, duas horas antes da chegada a Salvador, o vapor foi alvejado pelo submarino nazista, próximo ao Morro de São Paulo.
O soldado Dálvaro José de Oliveira era um dos soldados da tropa comandada pelo pai de Vera, que estava sendo transferida do Rio para Olinda (PE), onde seria formado o 7º Grupo de Artilharia de Dorso. Outro contingente de soldados do mesmo pelotão seguia no Baependy, que partira dois dias antes do Itagiba. No dia 15, o Baependy foi torpedeado. O Itagiba teria o mesmo destino no dia 17.Centenas de militares perderam a vida nos dois ataques alemães.
Às margens do Rio Una, em Valença, cidade para onde foram levados os náufragos e feridos dos naufrágios de Itagiba e Arará, o soldado Oliveira e seus colegas sobreviventes juraram vingança. Assim, em 1944, Oliveira embarcou para a Itália, onde ajudou a eliminar o nazifascismo. “Nossa vitória na guerra foi uma homenagem àqueles que morreram, inocentemente, nos navios mercantes brasileiros”,diz Oliveira, hoje com 92 anos, que até 2011 ocupava a presidência da Associação Nacional dos Veteranos da Força Expedicionária Brasileira (ANVFEB).
Fonte: Portal FEB
http://www.portalfeb.com.br/u-507-o-submarino-que-afundou-o-brasil-na-segunda-guerra/
Ver mais:
Livro-reportagem relata como o Brasil participou da Segunda Guerra Mundial
A entrada do Brasil na Segunda Guerra Mundial completa 70 anos em agosto próximo. A decisão foi tomada pelo então presidente Getúlio Vargas depois que o submarino alemão U-507 torpedeou cinco navios nacionais, no litoral de Sergipe e da Bahia, entre os dias 15 e 17 de agosto de1942, causando a morte de 607 brasileiros. Uma semana depois, Vargas decretou estado de beligerância à Alemanha e à Itália e, no dia 31 de agosto, declarou guerra.
O episódio, ainda pouco conhecido dos brasileiros, é o tema do livro-reportagem “U-507 – O submarino que afundou o Brasil na Segunda Guerra”, que marca a estréia no mercado editorial do jornalista gaúcho Marcelo Monteiro, pela Editora Schoba, com prefácio de Luis Fernando Verissimo. A obra, que será lançada oficialmente em 20 de junho, às 19h30, na Livraria Cultura do Shopping Iguatemi, em Brasília, é resultado de três anos e meio de pesquisas e entrevistas. Com cerca de 350 páginas, o livro-reportagem revela em detalhes os afundamentos dos mercantes Baependy, Araraquara, Aníbal Benévolo, Itagiba e Arará, mostrando o sofrimento das vítimas da carnificina nazista. A narrativa conta o drama de náufragos devorados por tubarões, de sobreviventes vagando por mais de dois dias sem água ou comida e da menininha que sobreviveu ao afundamento do Itagiba boiando por horas dentro de uma caixa de madeira vazia.
Até então, o Brasil procurava manter-se neutro no conflito. Mas, depois de romper relações diplomáticas com o Eixo – em função do ataque à base americana de Pearl Harbor, em dezembro anterior –, o País colaborava com o esforço de guerra ianque, exportando borracha e outros itens essenciais à indústria bélica dos Estados Unidos. Após o ataque aos navios brasileiros e diante da revolta da população, que saiu às ruas em protesto, depredando estabelecimentos comerciais pertencentes a imigrantes alemães, italianos e japoneses, Vargas viu-se obrigado a abandonar a condição de não beligerante.
Além de entrevistar sobreviventes dos naufrágios, Monteiro teve acesso ao diário de bordo de Harro Schacht, comandante do submarino alemão. Assim, além da rotina nos navios afundados, o livro também detalha, com base nos documentos nazistas, o cotidiano do próprio submersível, corrigindo alguns equívocos históricos, como o de que todos os vapores brasileiros teriam sido afundados com dois torpedos (somente o Baependy recebeu dois disparos) e trazendo uma nova – e talvez definitiva – versão para o episódio.
História viva
Entre os personagens localizados pelo autor está a alagoana Walderez Cavalcante, de 74 anos. Em 1942, com apenas quatro anos de idade, ela foi resgatada do naufrágio do Itagiba depois de permanecer cerca de quatro horas boiando dentro de uma caixa de transporte de Leite Moça. “O pessoal da baleeira me botou numa caixa de leite condensado da Nestlé, vazia, e me disse: ‘segure, não solte’”, lembra a psicóloga aposentada.
Outra náufraga entrevistada para o livro é Vera Beatriz do Canto, hoje com 74 anos, filha do capitão do Exército José Tito do Canto. Dias antes do ataque do U-507,a mãe de Vera, Noêmia, tivera um pesadelo: vira um navio preto, com centenas de pessoas vestindo preto e com um número 13 estampado no casco. No dia 13 de agosto de 1942, às 13 horas, o Itagiba partiu do armazém 13 do cais do porto do Rio de Janeiro em direção a Salvador. Essa seria a sua última viagem. No dia17, duas horas antes da chegada a Salvador, o vapor foi alvejado pelo submarino nazista, próximo ao Morro de São Paulo.
O soldado Dálvaro José de Oliveira era um dos soldados da tropa comandada pelo pai de Vera, que estava sendo transferida do Rio para Olinda (PE), onde seria formado o 7º Grupo de Artilharia de Dorso. Outro contingente de soldados do mesmo pelotão seguia no Baependy, que partira dois dias antes do Itagiba. No dia 15, o Baependy foi torpedeado. O Itagiba teria o mesmo destino no dia 17.Centenas de militares perderam a vida nos dois ataques alemães.
Às margens do Rio Una, em Valença, cidade para onde foram levados os náufragos e feridos dos naufrágios de Itagiba e Arará, o soldado Oliveira e seus colegas sobreviventes juraram vingança. Assim, em 1944, Oliveira embarcou para a Itália, onde ajudou a eliminar o nazifascismo. “Nossa vitória na guerra foi uma homenagem àqueles que morreram, inocentemente, nos navios mercantes brasileiros”,diz Oliveira, hoje com 92 anos, que até 2011 ocupava a presidência da Associação Nacional dos Veteranos da Força Expedicionária Brasileira (ANVFEB).
Fonte: Portal FEB
http://www.portalfeb.com.br/u-507-o-submarino-que-afundou-o-brasil-na-segunda-guerra/
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quarta-feira, 28 de dezembro de 2011
As vítimas africanas de Hitler: os massacres do exército alemão a soldados franceses negros em 1940
Documento criado em: 20 de julho de '06
Air & Space Power Journal Book Review - Primavera de 2007
Hitler's African Victims: The German Army Massacres of Black French Soldiers in 1940(As vítimas africanas de Hitler: os massacres do exército alemão a soldados franceses negros em 1940) por Raffael Scheck. Cambridge University Press (http://www.cambridge.org/us), 32 Avenue of the Americas, New York, New York 10013-2473, 2006, 216 páginas, $65,00 (capa dura).
Em "A Preface to History" de Carl G. Gustavson, o autor afirma que ao visualizar qualquer evento histórico, deve-se examinar e tentar compreender quaisquer e todas as influências profundas que levaram à ocorrência de um específico episódio, porque nunca tais eventos ocorrem em um vácuo e simplesmente não "apenas ocorrem". Pelo contrário, as situações sempre vão em movimento na esteira de outros acontecimentos. Em seu excelente livro "Hitler's African Victims", Raffael Scheck faz isto com perfeição e com grande efeito.
Professor adjunto de História Moderna da Europa no Colby College e titular PhD da Universidade de Brandeis, Scheck é autor dos livros "Alfred von Tirpitz and German Right Wing Politics, 1914–1930"(Alfred von Tirpitz e as políticas alemãs de extrema-direita, 1914-1930) e "Mothers of the Nation: Right-Wing Women in Weimar Germany"(Mães da Nação: as mulheres de extrema-direita na República de Weimar), juntamente com vários artigos sobre políticas da extrema-direita alemã. Em Hitler’s African Victims, Scheck traz à luz uma área da história que até agora as pessoas, ou intencionalmente teriam ignorado ou, infelizmente, esquecido.
Durante o desesperado verão de 1940, as forças alemãs avançaram largamente, sem contenção, sobre a Europa Ocidental. Um dos muitos países a sentir a fúria do exército de Hitler foi a França. Ardendo com um intenso desejo de vingança pelas abominações impostas ao povo alemão - o Tratado de Versailles - Hitler e seus asseclas assumiram uma atitude especial para impôr uma rápida e humilhante rendição à França. As fileiras do exército francês alistaram mais de 100.000 soldados negros os quais os franceses haviam recrutado e mobilizado a partir de áreas da Mauritânia, Senegal e Níger, na África Ocidental Francesa, colocando-os em regimentos só negros ou mestiços e em seguida tornando-os parte das divisões da Infantaria Colonial. Durante a árdua batalha contra os alemães, estes soldados africanos - muitas vezes armados com os temidos coupe-coupe(facões) de lâmina longa, com os quais eles abriam caminho através dos soldados inimigos no combate corpo a corpo - viram-se confrontados com o melhor que os alemães poderiam reunir. Raramente se ouve a história das perdas que os africanos impuseram aos alemães.
Tragicamente, durante o período de luta mais difícil na campanha da França, acima de 3.000 desses prisioneiros Tirailleurs Senegalais foram evidentemente massacrados por soldados alemães. O assassinato de prisioneiros inimogos - por membros de ambos os lados - ocorreu durante a guerra, mas o grande número de perdas cometidas pelos Tirailleurs durante em um período relativamente curto de tempo levanta sérias questões. O autor faz um trabalho magistral de extraordinária e coerente informação do acontecimento para explicar as circunstâncias que cercam esses massacres.
Como parte de sua análise, Scheck discusses muitos aspectos da história do racismo na Alemanha que provavelmente levaram a atitudes predominantes dentro da sociedade nazista daquele tempo — por exemplo, o que ficou conhecido como "Terror Negro"(Black Horror), envolvendo o estacionamento de soldados negros na Renânia logo após a Primeira Guerra. Vários incidentes ocorreram entre estes soldados e a população nativa, especialmente os nascimentos de muitas crianças mestiças. Estarrecida, a liderança nazi pediu pela esterelização forçada destas crianças e a propaganda alemã trabalhava a exaustão para retratar negros como selvagens e "loucos pervertidos sexuais". Por conta destes esforços, uma forte fundação antinegra surgiu na nova Alemanha. Da mesma forma, como um poder colonial na África (1904–1907), a Alemanha eliminou mais de 150.000 negros durante uma série de levantes. Além disso, os alemães deram tratamento similar ao dos negros apanhados lutando pela União durante a Guerra Civil Norte-Americana, bem como o tratamento dos EUA a mexicanos, norte-americanos nativos e filipinos durante os conflitos com esses povos.
Todos esses fatores ajudaram a criar uma atmosfera propícia para cometer as atrocidades descritas neste livro. O autor explica eloqüentemente conceitos tais como o critério para o massacre sancionado e cinco fatores situacionais que conduziram ao assassínio de prisioneiros negros. Curiosamente, a pesquisa de Scheck revelou que quando tudo estiver dito e feito, aparentemente nenhuma diretiva do governo alemão ordenou que os soldados matassem esses prisioneiros. Muito provavelmente, a ferocidade da batalha, o racismo latente e os efeitos de terem visto colegas soldados mortos em combate - muitos cortados e separados por africanos ocidentais armados a faca - combinaram para motivar os alemães a agir como agiram. Na verdade, muitas unidades alemãs se recusaram a matar os prisioneiros negros absolutamente, e depois de agosto de 1940 - o período mais desesperador para alemães e franceses - pouco ou nenhum assassinato de prisioneiros ocorreu.
Apesar deu tecer louvores a este livro, eu tenho algumas discordâncias com o autor. Scheck afirma que os alemães iriam "atirar imediatamente nos negros dispersos sem lhes dar a oportunidade de se render. Isto era ilegal como um massacre, mas mais fácil para encobrir. . . . A prática de não dar alojamentos a soldados negros, embora ilegal, foi certamente facilitada pelo fato de que as disposições legais para se render poderiam ser difíceis de se aplicar no combate corpo a corpo"(páginas 61 e 66). De acordo com a Lei de Conflito Armado, no entanto, não é ilegal matar soldados em fuga ou dispersar os soldados. Só depois deles terem se rendido e o inimigo tomar o controle deles, eles se tornariam imunes de serem mortos. Da mesma forma, é legal dizimar toda formações de soldados inimigos - por não matá-los hoje, em vez de tê-los que enfrentar amanhã. Apesar de ser "descortês" poder matar soldados em fuga ou dizimar uma formação inteira inimiga, continua a ser perfeitamente aceitável e legal fazê-lo.
No geral, os pontos de menor importância em nada diminuem o grosso deste excelente livro. Não é sempre que se encontra um estudo da Segunda Guerra Mundial que revela uma página inteiramente nova da história. Completo com dez fotografias, quatro páginas de tabelas que descrevem os assassinatos e um mapa das áreas em questão, Hitler's African Victims deixa sua marca como uma importante contribuição para uma já desordenada história da guerra.
Tenente-Coronel Robert F. Tate, FAEUA(USAFR)
Base(AFB) de Maxwell, Alabama
Aviso
As conclusões e opiniões expressas neste documento são as que o autor manifesta de acordo com sua liberdade de expressão e no ambiente acadêmido da Academia da Força Aérea(Air University). Elas não refletem a posição oficial do Governo dos EUA, do Departamento de Defesa, da Força Aérea dos EUA ou da Academia da Força Aérea(Air University).
Fonte: Air & Space Power Journal Book Review(da Academia da Força Aérea dos EUA)
http://www.airpower.au.af.mil/airchronicles/bookrev/scheck.html
Tradução: Roberto Lucena
Ler também:
Crescendo negro na Alemanha nazista
Negros alemães vítimas do Holocausto
Mais apontamentos do racismo nazi
O racismo nazista nas palavras dos próprios nazistas
A Fazenda Nazista no Brasil e o emprego de trabalho escravo - rastros deixados pelos nazistas no país
Air & Space Power Journal Book Review - Primavera de 2007
Hitler's African Victims: The German Army Massacres of Black French Soldiers in 1940(As vítimas africanas de Hitler: os massacres do exército alemão a soldados franceses negros em 1940) por Raffael Scheck. Cambridge University Press (http://www.cambridge.org/us), 32 Avenue of the Americas, New York, New York 10013-2473, 2006, 216 páginas, $65,00 (capa dura).
Em "A Preface to History" de Carl G. Gustavson, o autor afirma que ao visualizar qualquer evento histórico, deve-se examinar e tentar compreender quaisquer e todas as influências profundas que levaram à ocorrência de um específico episódio, porque nunca tais eventos ocorrem em um vácuo e simplesmente não "apenas ocorrem". Pelo contrário, as situações sempre vão em movimento na esteira de outros acontecimentos. Em seu excelente livro "Hitler's African Victims", Raffael Scheck faz isto com perfeição e com grande efeito.
Professor adjunto de História Moderna da Europa no Colby College e titular PhD da Universidade de Brandeis, Scheck é autor dos livros "Alfred von Tirpitz and German Right Wing Politics, 1914–1930"(Alfred von Tirpitz e as políticas alemãs de extrema-direita, 1914-1930) e "Mothers of the Nation: Right-Wing Women in Weimar Germany"(Mães da Nação: as mulheres de extrema-direita na República de Weimar), juntamente com vários artigos sobre políticas da extrema-direita alemã. Em Hitler’s African Victims, Scheck traz à luz uma área da história que até agora as pessoas, ou intencionalmente teriam ignorado ou, infelizmente, esquecido.
Durante o desesperado verão de 1940, as forças alemãs avançaram largamente, sem contenção, sobre a Europa Ocidental. Um dos muitos países a sentir a fúria do exército de Hitler foi a França. Ardendo com um intenso desejo de vingança pelas abominações impostas ao povo alemão - o Tratado de Versailles - Hitler e seus asseclas assumiram uma atitude especial para impôr uma rápida e humilhante rendição à França. As fileiras do exército francês alistaram mais de 100.000 soldados negros os quais os franceses haviam recrutado e mobilizado a partir de áreas da Mauritânia, Senegal e Níger, na África Ocidental Francesa, colocando-os em regimentos só negros ou mestiços e em seguida tornando-os parte das divisões da Infantaria Colonial. Durante a árdua batalha contra os alemães, estes soldados africanos - muitas vezes armados com os temidos coupe-coupe(facões) de lâmina longa, com os quais eles abriam caminho através dos soldados inimigos no combate corpo a corpo - viram-se confrontados com o melhor que os alemães poderiam reunir. Raramente se ouve a história das perdas que os africanos impuseram aos alemães.
Tragicamente, durante o período de luta mais difícil na campanha da França, acima de 3.000 desses prisioneiros Tirailleurs Senegalais foram evidentemente massacrados por soldados alemães. O assassinato de prisioneiros inimogos - por membros de ambos os lados - ocorreu durante a guerra, mas o grande número de perdas cometidas pelos Tirailleurs durante em um período relativamente curto de tempo levanta sérias questões. O autor faz um trabalho magistral de extraordinária e coerente informação do acontecimento para explicar as circunstâncias que cercam esses massacres.
Como parte de sua análise, Scheck discusses muitos aspectos da história do racismo na Alemanha que provavelmente levaram a atitudes predominantes dentro da sociedade nazista daquele tempo — por exemplo, o que ficou conhecido como "Terror Negro"(Black Horror), envolvendo o estacionamento de soldados negros na Renânia logo após a Primeira Guerra. Vários incidentes ocorreram entre estes soldados e a população nativa, especialmente os nascimentos de muitas crianças mestiças. Estarrecida, a liderança nazi pediu pela esterelização forçada destas crianças e a propaganda alemã trabalhava a exaustão para retratar negros como selvagens e "loucos pervertidos sexuais". Por conta destes esforços, uma forte fundação antinegra surgiu na nova Alemanha. Da mesma forma, como um poder colonial na África (1904–1907), a Alemanha eliminou mais de 150.000 negros durante uma série de levantes. Além disso, os alemães deram tratamento similar ao dos negros apanhados lutando pela União durante a Guerra Civil Norte-Americana, bem como o tratamento dos EUA a mexicanos, norte-americanos nativos e filipinos durante os conflitos com esses povos.
Todos esses fatores ajudaram a criar uma atmosfera propícia para cometer as atrocidades descritas neste livro. O autor explica eloqüentemente conceitos tais como o critério para o massacre sancionado e cinco fatores situacionais que conduziram ao assassínio de prisioneiros negros. Curiosamente, a pesquisa de Scheck revelou que quando tudo estiver dito e feito, aparentemente nenhuma diretiva do governo alemão ordenou que os soldados matassem esses prisioneiros. Muito provavelmente, a ferocidade da batalha, o racismo latente e os efeitos de terem visto colegas soldados mortos em combate - muitos cortados e separados por africanos ocidentais armados a faca - combinaram para motivar os alemães a agir como agiram. Na verdade, muitas unidades alemãs se recusaram a matar os prisioneiros negros absolutamente, e depois de agosto de 1940 - o período mais desesperador para alemães e franceses - pouco ou nenhum assassinato de prisioneiros ocorreu.
Apesar deu tecer louvores a este livro, eu tenho algumas discordâncias com o autor. Scheck afirma que os alemães iriam "atirar imediatamente nos negros dispersos sem lhes dar a oportunidade de se render. Isto era ilegal como um massacre, mas mais fácil para encobrir. . . . A prática de não dar alojamentos a soldados negros, embora ilegal, foi certamente facilitada pelo fato de que as disposições legais para se render poderiam ser difíceis de se aplicar no combate corpo a corpo"(páginas 61 e 66). De acordo com a Lei de Conflito Armado, no entanto, não é ilegal matar soldados em fuga ou dispersar os soldados. Só depois deles terem se rendido e o inimigo tomar o controle deles, eles se tornariam imunes de serem mortos. Da mesma forma, é legal dizimar toda formações de soldados inimigos - por não matá-los hoje, em vez de tê-los que enfrentar amanhã. Apesar de ser "descortês" poder matar soldados em fuga ou dizimar uma formação inteira inimiga, continua a ser perfeitamente aceitável e legal fazê-lo.
No geral, os pontos de menor importância em nada diminuem o grosso deste excelente livro. Não é sempre que se encontra um estudo da Segunda Guerra Mundial que revela uma página inteiramente nova da história. Completo com dez fotografias, quatro páginas de tabelas que descrevem os assassinatos e um mapa das áreas em questão, Hitler's African Victims deixa sua marca como uma importante contribuição para uma já desordenada história da guerra.
Tenente-Coronel Robert F. Tate, FAEUA(USAFR)
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As conclusões e opiniões expressas neste documento são as que o autor manifesta de acordo com sua liberdade de expressão e no ambiente acadêmido da Academia da Força Aérea(Air University). Elas não refletem a posição oficial do Governo dos EUA, do Departamento de Defesa, da Força Aérea dos EUA ou da Academia da Força Aérea(Air University).
Fonte: Air & Space Power Journal Book Review(da Academia da Força Aérea dos EUA)
http://www.airpower.au.af.mil/airchronicles/bookrev/scheck.html
Tradução: Roberto Lucena
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Crescendo negro na Alemanha nazista
Negros alemães vítimas do Holocausto
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O racismo nazista nas palavras dos próprios nazistas
A Fazenda Nazista no Brasil e o emprego de trabalho escravo - rastros deixados pelos nazistas no país
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quarta-feira, 30 de novembro de 2011
Site oficial do Museu do Holocausto de Curitiba está no ar
O site oficial do Museu do Holocausto de Curitiba já está disponível, no endereço www.museudoholocausto.org.br. Primeiro do gênero no Brasil, o Museu é uma iniciativa da Associação Casa de Cultura Beit Yaacov, presidida por Miguel Krigsner, e da comunidade judaica na capital paranaense.
O site disponibiliza aos internautas todas as informações referentes ao Museu: horários de funcionamento, atividades educacionais, notícias, artigos, visita virtual, testemunhos da comunidade judaica, links para as redes sociais, memória, agendamento de visitas a partir do dia 12 de fevereiro de 2012, e também um espaço para doações de materiais que tenham relação com a identidade do espaço. Alguns links ainda estão em fase final de construção e entrarão no ar nos próximos dias.
Familiares de vítimas do Holocausto e pessoas que tenham objetos, fotos e documentos desse fato histórico e desejarem doar ao Museu podem ter acesso aos procedimentos pelo site.
O Museu do Holocausto de Curitiba será aberto ao público no dia 12 de fevereiro de 2012, e a partir dessa data, as visitas poderão ser feitas individualmente ou em grupos, em dias e horários previamente agendados pelo site ou pelos telefones (41) 3093-7462/ 3093-7461.
Serviço:
Museu do Holocausto de Curitiba (em funcionamento a partir de 12/02/2012).
Rua Cel. Agostinho de Macedo, 248, Bom Retiro. Curitiba - PR.
Telefones do museu: (41) 3093-7462 e (41) 3093-7461.
Site: www.museudoholocausto.org.br.
Fonte: ParanáOnline
http://www.parana-online.com.br/editoria/almanaque/news/577590/?noticia=SITE+OFICIAL+DO+MUSEU+DO+HOLOCAUSTO+DE+CURITIBA+ESTA+NO+AR
Site: http://www.museudoholocausto.org.br/
O site disponibiliza aos internautas todas as informações referentes ao Museu: horários de funcionamento, atividades educacionais, notícias, artigos, visita virtual, testemunhos da comunidade judaica, links para as redes sociais, memória, agendamento de visitas a partir do dia 12 de fevereiro de 2012, e também um espaço para doações de materiais que tenham relação com a identidade do espaço. Alguns links ainda estão em fase final de construção e entrarão no ar nos próximos dias.
Familiares de vítimas do Holocausto e pessoas que tenham objetos, fotos e documentos desse fato histórico e desejarem doar ao Museu podem ter acesso aos procedimentos pelo site.
O Museu do Holocausto de Curitiba será aberto ao público no dia 12 de fevereiro de 2012, e a partir dessa data, as visitas poderão ser feitas individualmente ou em grupos, em dias e horários previamente agendados pelo site ou pelos telefones (41) 3093-7462/ 3093-7461.
Serviço:
Museu do Holocausto de Curitiba (em funcionamento a partir de 12/02/2012).
Rua Cel. Agostinho de Macedo, 248, Bom Retiro. Curitiba - PR.
Telefones do museu: (41) 3093-7462 e (41) 3093-7461.
Site: www.museudoholocausto.org.br.
Fonte: ParanáOnline
http://www.parana-online.com.br/editoria/almanaque/news/577590/?noticia=SITE+OFICIAL+DO+MUSEU+DO+HOLOCAUSTO+DE+CURITIBA+ESTA+NO+AR
Site: http://www.museudoholocausto.org.br/
quinta-feira, 6 de outubro de 2011
One Third of the Holocaust refutado
Em junho de 2006, um anônimo negacionista do Holocausto da área de São Francisco, o qual Sergey Romanov apelidou de "Ugly Voice"(Voz Feia) e que se apelidou de "DenierBud,"(O Negacionista) postou um filme dividido em trinta partes, de quatro horas e quinze minutos, entitulado "One Third of the Holocaust" no YouTube.
Logo em seguida, Jonathan Andersson da Suécia (conhecido como Franz Holtzhäuser, a.k.a k0nsl) hospedou o filme em seu próprio website. Sergey Romanov, Roberto Muehlenkamp e Andrew E. Mathis, do blog Holocaust Controversies decidiram refutar o filme parte a parte. Entretanto "Bud" soube de nosso trabalho ao longo de vários meses e o conectou os vídeos dele ao nosso trabalho. Ele não publicará o trabalho em seu site que, de acordo com suas palavras, não é feito por um professor adjunto ou titular de história em uma universidade.
Três dos membros deste blog são professores universitários, embora não sejam professores titulares (ainda). Um é Ph.D. em história, com uma dissertação cobrindo o período. Os outros dois membros, um tem nacionalidade alemã com formação em direito e um tem nacionalidade russa e vive em Moscou com acesso aos arquivos soviéticos do período em "debate."
Dito isto, acreditamos que somos qualificados para responder os vídeos.
Aqui estão os links para as partes separadas do filme, cada uma seguida por uma refutação. Algumas de nossas postagens são endereçadas a mais de uma parte do filme, então elas às vezes se repetem. Pedimos desculpas por quaisquer iterações, e agradecemos ao nosso quarto parceiro, Nick Terry, por sua ajuda em compôr estes pedaços.
Nossas postagens ordenadas pela data podem ser encontradas aqui.
Episódio 1: Introdução
Refutação de Roberto Muehlenkamp
Episódio 2: Poço d'água
Refutações de Andrew E. Mathis, Roberto Muehlenkamp, Sergey Romanov e Andrew E. Mathis
Episódio 3: Cabelo cortado
Refutação de Sergey Romanov
Episódio 4: Sistema de escape
Refutação de Sergey Romanov
Episódio 5: Julgamento de Nuremberg
Refutações de Roberto Muehlenkamp, Andrew E. Mathis e Sergey Romanov
Episódio 6: Construção para Gaseamento
Refutação de Roberto Muehlenkamp
Episódio 7: Abraham Bomba e Episódio 8: Eliyahu Rosenberg
Refutações de Sergey Romanov
Episódio 9: Reader's Digest
Refutação de Andrew E. Mathis
Episódio 10: Experimentos ridículos
Refutação de Roberto Muehlenkamp
Episódio 11: Tumbas de Treblinka e Episódio 12: Tumbas de Belzec
Refutações de Roberto Muehlenkamp
Episódio 13: Tumbas de Sobibor
Refutação de Roberto Muehlenkamp
Episódio 14: Steven Spielberg, Pechersky
Refutação de Sergey Romanov
Episódio 15: Chuva, vento, fogo, gelo
Refutação de Roberto Muehlenkamp
Episódio 16: Túnel de escape
Refutação de Roberto Muehlenkamp
Episódio 17: Crônica de Belzec
Refutação de Andrew E. Mathis
Episódio 18: Prova física, parte 1
Refutação de Roberto Muehlenkamp
Episódio 19: Prova física, parte 2
Refutado em duas postagens por Roberto Muehlenkamp aqui e aqui
Episódio 20: Chegada dos soviéticos à Treblinka
Refutação de Andrew E. Mathis
Episódio 21: Destruindo provas
Refutação de Andrew E. Mathis
Episódio 22: Um doutor testemunha
Refutação de Sergey Romanov
Episódio 23: Cordeiro
Refutação de Roberto Muehlenkamp
Episódio 24: Demolidor
Refutação de Roberto Muehlenkamp
Episódio 25: Cerca inflamável
Refutação de Roberto Muehlenkamp
Episódio 26: A cerca externa de Treblinka
Refutação de Andrew E. Mathis
Episódio 27: Alemães confessores, parte 1 e Episódio 28: Alemães confessores, parte 2
Refutações de Sergey Romanov
Episódio 29: O livro de Alexander Donat
Refutação de Andrew E. Mathis com uma nota de Sergey Romanov
Episódio 30: Conclusão
Refutação de Andrew E. Mathis
Fonte: Holocaust Controversies
http://onethirdoftheholocaust.blogspot.com/2006/12/one-third-of-holocaust-refuted.html
Texto: Andrew E. Mathis
Tradução: Roberto Lucena
Observação: as refutações para os vídeos estão em inglês. Usar o Google Tradutor.
Logo em seguida, Jonathan Andersson da Suécia (conhecido como Franz Holtzhäuser, a.k.a k0nsl) hospedou o filme em seu próprio website. Sergey Romanov, Roberto Muehlenkamp e Andrew E. Mathis, do blog Holocaust Controversies decidiram refutar o filme parte a parte. Entretanto "Bud" soube de nosso trabalho ao longo de vários meses e o conectou os vídeos dele ao nosso trabalho. Ele não publicará o trabalho em seu site que, de acordo com suas palavras, não é feito por um professor adjunto ou titular de história em uma universidade.
Três dos membros deste blog são professores universitários, embora não sejam professores titulares (ainda). Um é Ph.D. em história, com uma dissertação cobrindo o período. Os outros dois membros, um tem nacionalidade alemã com formação em direito e um tem nacionalidade russa e vive em Moscou com acesso aos arquivos soviéticos do período em "debate."
Dito isto, acreditamos que somos qualificados para responder os vídeos.
Aqui estão os links para as partes separadas do filme, cada uma seguida por uma refutação. Algumas de nossas postagens são endereçadas a mais de uma parte do filme, então elas às vezes se repetem. Pedimos desculpas por quaisquer iterações, e agradecemos ao nosso quarto parceiro, Nick Terry, por sua ajuda em compôr estes pedaços.
Nossas postagens ordenadas pela data podem ser encontradas aqui.
Episódio 1: Introdução
Refutação de Roberto Muehlenkamp
Episódio 2: Poço d'água
Refutações de Andrew E. Mathis, Roberto Muehlenkamp, Sergey Romanov e Andrew E. Mathis
Episódio 3: Cabelo cortado
Refutação de Sergey Romanov
Episódio 4: Sistema de escape
Refutação de Sergey Romanov
Episódio 5: Julgamento de Nuremberg
Refutações de Roberto Muehlenkamp, Andrew E. Mathis e Sergey Romanov
Episódio 6: Construção para Gaseamento
Refutação de Roberto Muehlenkamp
Episódio 7: Abraham Bomba e Episódio 8: Eliyahu Rosenberg
Refutações de Sergey Romanov
Episódio 9: Reader's Digest
Refutação de Andrew E. Mathis
Episódio 10: Experimentos ridículos
Refutação de Roberto Muehlenkamp
Episódio 11: Tumbas de Treblinka e Episódio 12: Tumbas de Belzec
Refutações de Roberto Muehlenkamp
Episódio 13: Tumbas de Sobibor
Refutação de Roberto Muehlenkamp
Episódio 14: Steven Spielberg, Pechersky
Refutação de Sergey Romanov
Episódio 15: Chuva, vento, fogo, gelo
Refutação de Roberto Muehlenkamp
Episódio 16: Túnel de escape
Refutação de Roberto Muehlenkamp
Episódio 17: Crônica de Belzec
Refutação de Andrew E. Mathis
Episódio 18: Prova física, parte 1
Refutação de Roberto Muehlenkamp
Episódio 19: Prova física, parte 2
Refutado em duas postagens por Roberto Muehlenkamp aqui e aqui
Episódio 20: Chegada dos soviéticos à Treblinka
Refutação de Andrew E. Mathis
Episódio 21: Destruindo provas
Refutação de Andrew E. Mathis
Episódio 22: Um doutor testemunha
Refutação de Sergey Romanov
Episódio 23: Cordeiro
Refutação de Roberto Muehlenkamp
Episódio 24: Demolidor
Refutação de Roberto Muehlenkamp
Episódio 25: Cerca inflamável
Refutação de Roberto Muehlenkamp
Episódio 26: A cerca externa de Treblinka
Refutação de Andrew E. Mathis
Episódio 27: Alemães confessores, parte 1 e Episódio 28: Alemães confessores, parte 2
Refutações de Sergey Romanov
Episódio 29: O livro de Alexander Donat
Refutação de Andrew E. Mathis com uma nota de Sergey Romanov
Episódio 30: Conclusão
Refutação de Andrew E. Mathis
Fonte: Holocaust Controversies
http://onethirdoftheholocaust.blogspot.com/2006/12/one-third-of-holocaust-refuted.html
Texto: Andrew E. Mathis
Tradução: Roberto Lucena
Observação: as refutações para os vídeos estão em inglês. Usar o Google Tradutor.
domingo, 11 de setembro de 2011
Será que existem raças humanas? Investigadores do Instituto Gulbenkian respondem
Grupo de investigadores do Instituto Gulbenkian da Ciência publicam crónica que questiona a validade do conceito de raças humanas. “São tantas as nossas características genéticas e tão variadas que é impossível agrupar-nos em raças.”, lê-se no documento publicado no jornal Público.
SERÁ QUE EXISTEM RAÇAS HUMANAS?
(texto integral)
James Watson, prémio Nobel da Medicina, agitou recentemente o mundo ao afirmar que os negros teriam inteligência inferior. A intensidade do debate que se seguiu, com diferentes entidades e personalidades a tomar posição sobre estas afirmações, terá impedido os esclarecimentos necessários sobre o principal conceito subjacente às suas palavras, o de grupos humanos distintos e facilmente identificáveis, em linguagem leiga, o conceito de raças humanas.
Sabemos que há grupos distintos de cães. Um doberman, por exemplo, tem características diferentes das de um caniche. Estas características morfológicas são definidas por informação genética diferente, que é mantida porque cães de um grupo só são cruzados com cães desse mesmo grupo. Estes grupos resultaram de uma vontade humana de separar conjuntos de cães diferentes por várias gerações, impedindo assim o cruzamento entre esses indivíduos, o que levou a uma diferenciação das características de cada grupo, tornada mais óbvia ao longo do tempo. Um outro exemplo de grupos ainda mais distintos é o da couve-de-bruxelas e da couve-flor. Neste caso, como a diferenciação genética é maior, feita ao longo de mais gerações, alguns geneticistas até aceitariam que se trata de “raças diferentes” da mesma espécie de couve.
Mas nenhum grupo humano foi sujeito a estas condições de isolamento. De facto, todos os dados científicos mostram que temos um ancestral comum em África e que desde sempre o constante movimento e a consequente troca de bens, informação cultural e genética impedem que se gerem grupos humanos isolados.
É sabido que basta haver migração de poucos indivíduos em cada geração para homogeneizar potenciais diferenças genéticas entre grupos.
A cor da pele é das características mais fáceis de reconhecer nas pessoas e provavelmente por essa razão foi erroneamente utilizada para tentar organizar os humanos por grupos, raças. No entanto, não é por uma característica ser fácil de visualizar, como é o caso da cor da pele, que isso a torna representativa de todo o património genético dessa pessoa, reflectindo todo um leque de outras características com uma componente genética, como, por exemplo, a cor dos olhos. Dependendo da característica genética em questão, um português poderia ser agrupado mais facilmente com um chinês ou um etíope do que com o seu vizinho do lado. Por exemplo, poderá ser melhor para si receber sangue de um etíope que partilha consigo o mesmo grupo sanguíneo, do que receber sangue do seu vizinho do lado pertencente a outro grupo sanguíneo. São tantas as nossas características genéticas e tão variadas que é impossível agrupar-nos em raças.
O conceito de raças humanas ainda faz menos sentido desde que, de há uns 40 anos para cá, os dados mostram que no continente africano está representada quase toda a informação genética dos humanos do nosso planeta. Dado este facto, faz pouco sentido dizer que os negros são um grupo geneticamente diferente de qualquer outro. Assim, se hoje houvesse uma doença que devastasse todos os continentes, a sobrevivência dos africanos garantiria a preservação de quase todo o património genético da nossa espécie. Todos os outros continentes têm uma menor representação daquilo que nós, seres humanos, somos geneticamente. Assim, antropólogos e geneticistas juntam-se hoje em dia para dizer que o conceito de raças humanas não faz sentido.
Francisco Dionísio, Isabel Gordo, Lounés Chikhi, Mónica Bettencourt Dias, Rui Martinho e Sara Magalhães
(Doutorados em Biologia e investigadores no Instituto Gulbenkian de Ciência)
Texto Publicado no Jornal “Público”(Portugal) a 3 de Novembro de 2007.
Reproduzido na rede social Orkut em 22/04/09 na antiga comunidade anti-"revisionismo.
Fonte: Comunicar Ciência (comunicar-ciencia.org)
Link original(fora do ar): http://www.comunicar-ciencia.org/website/index.php?option=com_content&task=view&id=72
Observação: o site comunicar-ciencia.org, do qual o texto acima foi reproduzido, encontra-se fora do ar. O site é mencionado no site da Universidade de Évora (Portugal). Link com a citação do comunicar-ciencia.org no site da Universidade.
Ver também:
Humanidade Sem Raças? - Libelo contra o racismo (geneticista Sergio Pena)
SERÁ QUE EXISTEM RAÇAS HUMANAS?
(texto integral)
James Watson, prémio Nobel da Medicina, agitou recentemente o mundo ao afirmar que os negros teriam inteligência inferior. A intensidade do debate que se seguiu, com diferentes entidades e personalidades a tomar posição sobre estas afirmações, terá impedido os esclarecimentos necessários sobre o principal conceito subjacente às suas palavras, o de grupos humanos distintos e facilmente identificáveis, em linguagem leiga, o conceito de raças humanas.
Sabemos que há grupos distintos de cães. Um doberman, por exemplo, tem características diferentes das de um caniche. Estas características morfológicas são definidas por informação genética diferente, que é mantida porque cães de um grupo só são cruzados com cães desse mesmo grupo. Estes grupos resultaram de uma vontade humana de separar conjuntos de cães diferentes por várias gerações, impedindo assim o cruzamento entre esses indivíduos, o que levou a uma diferenciação das características de cada grupo, tornada mais óbvia ao longo do tempo. Um outro exemplo de grupos ainda mais distintos é o da couve-de-bruxelas e da couve-flor. Neste caso, como a diferenciação genética é maior, feita ao longo de mais gerações, alguns geneticistas até aceitariam que se trata de “raças diferentes” da mesma espécie de couve.
Mas nenhum grupo humano foi sujeito a estas condições de isolamento. De facto, todos os dados científicos mostram que temos um ancestral comum em África e que desde sempre o constante movimento e a consequente troca de bens, informação cultural e genética impedem que se gerem grupos humanos isolados.
É sabido que basta haver migração de poucos indivíduos em cada geração para homogeneizar potenciais diferenças genéticas entre grupos.
A cor da pele é das características mais fáceis de reconhecer nas pessoas e provavelmente por essa razão foi erroneamente utilizada para tentar organizar os humanos por grupos, raças. No entanto, não é por uma característica ser fácil de visualizar, como é o caso da cor da pele, que isso a torna representativa de todo o património genético dessa pessoa, reflectindo todo um leque de outras características com uma componente genética, como, por exemplo, a cor dos olhos. Dependendo da característica genética em questão, um português poderia ser agrupado mais facilmente com um chinês ou um etíope do que com o seu vizinho do lado. Por exemplo, poderá ser melhor para si receber sangue de um etíope que partilha consigo o mesmo grupo sanguíneo, do que receber sangue do seu vizinho do lado pertencente a outro grupo sanguíneo. São tantas as nossas características genéticas e tão variadas que é impossível agrupar-nos em raças.
O conceito de raças humanas ainda faz menos sentido desde que, de há uns 40 anos para cá, os dados mostram que no continente africano está representada quase toda a informação genética dos humanos do nosso planeta. Dado este facto, faz pouco sentido dizer que os negros são um grupo geneticamente diferente de qualquer outro. Assim, se hoje houvesse uma doença que devastasse todos os continentes, a sobrevivência dos africanos garantiria a preservação de quase todo o património genético da nossa espécie. Todos os outros continentes têm uma menor representação daquilo que nós, seres humanos, somos geneticamente. Assim, antropólogos e geneticistas juntam-se hoje em dia para dizer que o conceito de raças humanas não faz sentido.
Francisco Dionísio, Isabel Gordo, Lounés Chikhi, Mónica Bettencourt Dias, Rui Martinho e Sara Magalhães
(Doutorados em Biologia e investigadores no Instituto Gulbenkian de Ciência)
Texto Publicado no Jornal “Público”(Portugal) a 3 de Novembro de 2007.
Reproduzido na rede social Orkut em 22/04/09 na antiga comunidade anti-"revisionismo.
Fonte: Comunicar Ciência (comunicar-ciencia.org)
Link original(fora do ar): http://www.comunicar-ciencia.org/website/index.php?option=com_content&task=view&id=72
Observação: o site comunicar-ciencia.org, do qual o texto acima foi reproduzido, encontra-se fora do ar. O site é mencionado no site da Universidade de Évora (Portugal). Link com a citação do comunicar-ciencia.org no site da Universidade.
Ver também:
Humanidade Sem Raças? - Libelo contra o racismo (geneticista Sergio Pena)
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domingo, 5 de junho de 2011
Richard Evans - A chegada do Terceiro Reich
O fenômeno nazi, essa explosão de barbárie em pleno coração da Europa, desafia nossa capacidade de compreensão e ao mesmo tempo resulta ineludível. Richard Evans se propõe a analizá-lo em 3 volumes.
Chega às nossas livrarias o primeiro deles, que trata das circunstância que favoreceram a ascensão do nazismo e segue sua história até a consolidação da ditadura na primavera de 1933. Dirigido a um público amplo, o livro se articula numa narração cronológica na qual se intercalam referências a indivíduos concretos, com frequência tomadas de diários pessoais. A estrutura da narrativa não exclui o esforço interpretativo. O autor se enfrenta frequentemente com a grande questão de como o agressivo e simplista movimento nazi, que apenas oferecia mais solução aos problemas que exaltação nacionalista, conseguiu fazer perante o poder a uma das nações mais desenvolvidas e cultas da Europa.
Um fator foi o terror. Os nazis se serviram das liberdades democráticas para sua propaganda, ao mesmo tempo em que utilizavam a violência ilegal para amedrontar seus adeversários. O terror aumentou quando Hitler se converteu em chanceler e os camisas pardas puderam atuar com total impunidade, mas apesar disso, nas eleições que aconteceram num clima de violência, os nazis e seus aliados nacionalistas só obtiveram 51,9 % dos votos. Dito de outra maneira, quase a metade dos alemãe se opuseram à ascensão do nazismo ao poder.
O mais difícil de entender é poorque tantos outros se deixaram seduzir por Hitler. Evans não crê que a história alemã conduzira necessariamente a ele. A ascensão nazi se viu favorecida por diversas circunstâncias, entre as que destaca a escassa firmeza que a República de Weimar conseguiu na sociedade alemã e o destrutivo impacto da depressão econômica que se iniciou em 1929. Muitos alemães, incluindo boa parte da elite que regia o país, só aceitaram a democracia como um mal menor frente à revolução, mas sentiam nostalgia da disciplina conservadora dos tempos do kaiser. Em outro extremo os comunistas, desejosos de seguir o exemplo russo e com numerosos seguidores sobretudo entre os desempregados, eram hostis à República. A violência política se converteu desde 1918 em um fenômeno comum, com altos e baixos em sua intensidade. O espectro da revolução social assustava as classes médias. E a economia alemã sofreu duas gravíssimas crises, a hiperinflação do começo dos anos 20, da qual conseguiu se recuperar, e a grande depressão do começo dos anos 30, que serviu de caldo de cultura ao nazismo. Mas apesar de tal conjução de circunstâncias desfavoráveis, fica difícil entender como tantos alemães depositaram sua confiança no histriônico Hitler e seus capangas de camisa parda.
A magnitude da tragédia que provocaram os nazis com frequência faz esquecer sua própria mediocridade. Seu obsessivo antissemitismo, que culpava os judeus de todos os males da Alemanha, era um caso extremo da comum tendência humana em evitar o esforço de enfrentar os problemas reais. E sua atitude ante a alta cultura era reveladora. Hitler e os seus viram com satisfação a partida para o exílio de boa parte dos mais destacados cientistas, escritores e artistas da Alemanha. Entre eles se encontrava Einstein.
A chegada do Tercer Reich
Autor: Richard J. Evans
Trad. de J. M. álvarez. Península, 2005. 672 páginas
JUAN AVILÉS | Publicado em 07/07/2005
Fonte: El Cultura.es (Espanha)
http://www.elcultural.es/version_papel/LETRAS/12423/La_llegada_del_Tercer_Reich
Tradução: Roberto Lucena
Chega às nossas livrarias o primeiro deles, que trata das circunstância que favoreceram a ascensão do nazismo e segue sua história até a consolidação da ditadura na primavera de 1933. Dirigido a um público amplo, o livro se articula numa narração cronológica na qual se intercalam referências a indivíduos concretos, com frequência tomadas de diários pessoais. A estrutura da narrativa não exclui o esforço interpretativo. O autor se enfrenta frequentemente com a grande questão de como o agressivo e simplista movimento nazi, que apenas oferecia mais solução aos problemas que exaltação nacionalista, conseguiu fazer perante o poder a uma das nações mais desenvolvidas e cultas da Europa.
Um fator foi o terror. Os nazis se serviram das liberdades democráticas para sua propaganda, ao mesmo tempo em que utilizavam a violência ilegal para amedrontar seus adeversários. O terror aumentou quando Hitler se converteu em chanceler e os camisas pardas puderam atuar com total impunidade, mas apesar disso, nas eleições que aconteceram num clima de violência, os nazis e seus aliados nacionalistas só obtiveram 51,9 % dos votos. Dito de outra maneira, quase a metade dos alemãe se opuseram à ascensão do nazismo ao poder.
O mais difícil de entender é poorque tantos outros se deixaram seduzir por Hitler. Evans não crê que a história alemã conduzira necessariamente a ele. A ascensão nazi se viu favorecida por diversas circunstâncias, entre as que destaca a escassa firmeza que a República de Weimar conseguiu na sociedade alemã e o destrutivo impacto da depressão econômica que se iniciou em 1929. Muitos alemães, incluindo boa parte da elite que regia o país, só aceitaram a democracia como um mal menor frente à revolução, mas sentiam nostalgia da disciplina conservadora dos tempos do kaiser. Em outro extremo os comunistas, desejosos de seguir o exemplo russo e com numerosos seguidores sobretudo entre os desempregados, eram hostis à República. A violência política se converteu desde 1918 em um fenômeno comum, com altos e baixos em sua intensidade. O espectro da revolução social assustava as classes médias. E a economia alemã sofreu duas gravíssimas crises, a hiperinflação do começo dos anos 20, da qual conseguiu se recuperar, e a grande depressão do começo dos anos 30, que serviu de caldo de cultura ao nazismo. Mas apesar de tal conjução de circunstâncias desfavoráveis, fica difícil entender como tantos alemães depositaram sua confiança no histriônico Hitler e seus capangas de camisa parda.
A magnitude da tragédia que provocaram os nazis com frequência faz esquecer sua própria mediocridade. Seu obsessivo antissemitismo, que culpava os judeus de todos os males da Alemanha, era um caso extremo da comum tendência humana em evitar o esforço de enfrentar os problemas reais. E sua atitude ante a alta cultura era reveladora. Hitler e os seus viram com satisfação a partida para o exílio de boa parte dos mais destacados cientistas, escritores e artistas da Alemanha. Entre eles se encontrava Einstein.
A chegada do Tercer Reich
Autor: Richard J. Evans
Trad. de J. M. álvarez. Península, 2005. 672 páginas
JUAN AVILÉS | Publicado em 07/07/2005
Fonte: El Cultura.es (Espanha)
http://www.elcultural.es/version_papel/LETRAS/12423/La_llegada_del_Tercer_Reich
Tradução: Roberto Lucena
terça-feira, 19 de outubro de 2010
Documentário: Pessah - Sobreviventes do Holocausto
Divulgação; Documentário: "Pessah - Sobreviventes do Holocausto"
Descrição do Trailer Promocional - Primeira Parte (depoimentos captados no RJ e RS) Longa-Documentário "Pessach - Sobreviventes do Holocausto".
Direção: Denise Sganzerla
Idioma: Português
País: Brasil
Descrição do Trailer Promocional - Primeira Parte (depoimentos captados no RJ e RS) Longa-Documentário "Pessach - Sobreviventes do Holocausto".
Direção: Denise Sganzerla
Idioma: Português
País: Brasil
segunda-feira, 9 de agosto de 2010
Historiador britânico Tony Judt morre nos EUA aos 62 anos
NOVA YORK — O historiador Tony Judt, que ironizava o rótulo recebido de esquerdista e comunista que renegava a origem judia, morreu em sua casa de Manhattan, aos 62 anos, anunciou neste domingo o jornal The New York Times.
O historiador, que ensinava na New York University, faleceu na sexta-feira, com a notícia só sendo divulgada agora, vítima de complicações de uma enfermiade degenerativa que tem o nome do jogador de beisebol Lou Gehrig.
Nascido e educado na Grã-Bretanha, Judt vivia nos Estados Unidos, tendo ensinado em universidades americanas durante a maior parte da carreira, como especialista em história francesa do pós-guerra.
Sua tese sobre a reconstituição do Partido Socialista francês depois da primeira guerra mundial foi publicada na França como "La Reconstruction du Parti Socialiste: 1921-1926" (1976).
Em 1979 publicou um ensaio sobre a esquerda francesa: "Socialism in Provence, 1871-1914: A Study in the Origins of the Modern French Left," e em 1986 "Marxism and the French Left: Studies on Labour and Politics in France, 1830-1981" sobre as relações entre o poder político e o movimento operário na França.
"Hoje, fora da Universidade de Nova York, sou visto como uma caricatura de esquerdista, como um comunista que renega suas origens. Dentro da universidade, consideram-me um típico elitista liberal branco, fora de moda", declarou ao jornal The Guardian de Londres, em janeiro passado. "Gosto disso. Estou nos limites de ambos".
Embora filho de judeus e de seu apoio a Israel no princípio, Judt deixou de acreditar no sionismo mais tarde e começou a ver Israel como um poder ocupante nefasto, cuja autodefinição como Estado judeu - argumentou depois - era um anacronismo, afirmou ao Times.
Fonte: AFP
http://www.google.com/hostednews/afp/article/ALeqM5g-tH_XlcOOlhYeHZnorBP3dwBWNA
Mais:
Morreu o historiador Tony Judt Destak(Portugal)
O historiador, que ensinava na New York University, faleceu na sexta-feira, com a notícia só sendo divulgada agora, vítima de complicações de uma enfermiade degenerativa que tem o nome do jogador de beisebol Lou Gehrig.
Nascido e educado na Grã-Bretanha, Judt vivia nos Estados Unidos, tendo ensinado em universidades americanas durante a maior parte da carreira, como especialista em história francesa do pós-guerra.
Sua tese sobre a reconstituição do Partido Socialista francês depois da primeira guerra mundial foi publicada na França como "La Reconstruction du Parti Socialiste: 1921-1926" (1976).
Em 1979 publicou um ensaio sobre a esquerda francesa: "Socialism in Provence, 1871-1914: A Study in the Origins of the Modern French Left," e em 1986 "Marxism and the French Left: Studies on Labour and Politics in France, 1830-1981" sobre as relações entre o poder político e o movimento operário na França.
"Hoje, fora da Universidade de Nova York, sou visto como uma caricatura de esquerdista, como um comunista que renega suas origens. Dentro da universidade, consideram-me um típico elitista liberal branco, fora de moda", declarou ao jornal The Guardian de Londres, em janeiro passado. "Gosto disso. Estou nos limites de ambos".
Embora filho de judeus e de seu apoio a Israel no princípio, Judt deixou de acreditar no sionismo mais tarde e começou a ver Israel como um poder ocupante nefasto, cuja autodefinição como Estado judeu - argumentou depois - era um anacronismo, afirmou ao Times.
Fonte: AFP
http://www.google.com/hostednews/afp/article/ALeqM5g-tH_XlcOOlhYeHZnorBP3dwBWNA
Mais:
Morreu o historiador Tony Judt Destak(Portugal)
sábado, 7 de agosto de 2010
Novas tecnologias contra medo do esquecimento em Hiroshima e Nagasaki
Tóquio, 6 ago (EFE).- Os últimos sobreviventes do ataque atômico dos Estados Unidos sobre o Japão, há 65 anos, são hoje idosos que resistem a ideia de que suas lembranças morram com eles, situação que tentam evitar com a ajuda da tecnologia.
No Japão ainda restam 235 mil "hibakusha" (sobreviventes da bomba nuclear em Hiroshima e Nagasaki), com uma média de idade de 75 anos. Muitos sofrem de doenças relacionadas às radiações recebidas quando eram crianças por causa da explosão nuclear.
Boa parte deles dedicou a vida a lutar para que o massacre não caia no esquecimento com conferências, entrevistas e excursões pelo mundo a fim de divulgar, como símbolos vivos da tragédia, sua eloquente mensagem contra as armas nucleares.
Mas os "hibakusha" são cada vez menos e com eles se extinguem os relatos sobre o que ocorreu em 6 de agosto em Hiroshima e em 9 de agosto em Nagasaki, quando duas bombas atômicas arrasaram as cidades e acabaram com a vida de dezenas de milhares de pessoas.
No final de 1945, 140 mil pessoas morreram em Hiroshima e 74 mil em Nagasaki nesses ataques, embora as vítimas por causa das radiações nos anos posteriores foram mais numerosas.
"Vi uma chama de intensa luz púrpura e branca, as janelas explodiram e o teto veio abaixo. Os gritos dos feridos ecoavam por todas as partes", conta Naoyuki Okuma, um trabalhador de Mitsubishi Electric que tinha 19 anos quando a bomba caiu em Nagasaki.
"Como meus ferimentos eram menores do que os dos outros, me pediram para eu transportasse os feridos. Haviam pessoas atingidas por estilhaços de vidros, com braços e pernas quebrados, gente com a pele em carne viva", lembra Okuma.
Seu relato ficou perpetuado no chamado "Nagasaki Archive", uma iniciativa digital que conta com a ajuda do Google Maps. Trata-se de um mapa em 3D da cidade com fotos dos sobreviventes nos locais onde estavam no momento do ataque associados a depoimentos.
O site (http://en_nagasaki.mapping.jp/p/nagasaki-archive.html), que entrou no ar há menos de um mês, pretende "guardar a trágica experiência do passado e transformá-la em dados acessíveis às futuras gerações", afirmam os responsáveis pelo projeto, para o qual colaborou a Universidade Metropolitana de Tóquio.
"A atenção da imprensa e dos educadores e a oportunidade de tratar o tema da bomba atômica está diminuindo gradualmente, e a memória começa a desaparecer", advertem.
Pelo tag (#nagasaki0809) do microblogging Twitter é possível que qualquer usuário envie uma mensagem aos sobreviventes, as respostas aparecem sobrepostas no mapa.
Os sites dedicados aos "hibakusha" se multiplicaram nos últimos anos no Japão, onde durante décadas as vítimas de Hiroshima e Nagasaki levaram como um peso o estigma da discriminação, pois era disseminada a ideia de que os efeitos da radiação poderiam ser contagiosos.
Entre os locais emblemáticos que utilizam a internet para divulgar mensagens está no Memorial da Paz de Hiroshima, muito perto do local onde caiu a primeira bomba atômica da história.
Depois que no ano 2000 o diretor mostrasse sua preocupação pela contínua redução do número de visitas, o centro decidiu criar um "museu virtual" para que, de qualquer cantinho do mundo, seja possível fazer uma visita interativa por suas instalações (www.pcf.city.hiroshima.jp/index_e2.html).
Os responsáveis pelo museu realizaram um grande trabalho para recolher nas últimas décadas cerca de 130 mil relatos dos sobreviventes, os quais digitalizaram grande parte.
Traduzidas até agora para inglês, chinês e coreano, nesta semana o museu anunciou a próxima versão de vários testemunhos em outros sete idiomas.
O objetivo é manter viva a lembrança da tragédia para as gerações futuras. Porque, como assegura o lema do Museu de Hiroshima: "Se ninguém fala, nada muda".
Fonte: EFE
http://www.google.com/hostednews/epa/article/ALeqM5jWGU55bUH9ec9Z8HAR-p3zaD_vyg
Ler mais:
Hiroshima perdia, mas não esquece tragédia da bomba atômica
No Japão ainda restam 235 mil "hibakusha" (sobreviventes da bomba nuclear em Hiroshima e Nagasaki), com uma média de idade de 75 anos. Muitos sofrem de doenças relacionadas às radiações recebidas quando eram crianças por causa da explosão nuclear.
Boa parte deles dedicou a vida a lutar para que o massacre não caia no esquecimento com conferências, entrevistas e excursões pelo mundo a fim de divulgar, como símbolos vivos da tragédia, sua eloquente mensagem contra as armas nucleares.
Mas os "hibakusha" são cada vez menos e com eles se extinguem os relatos sobre o que ocorreu em 6 de agosto em Hiroshima e em 9 de agosto em Nagasaki, quando duas bombas atômicas arrasaram as cidades e acabaram com a vida de dezenas de milhares de pessoas.
No final de 1945, 140 mil pessoas morreram em Hiroshima e 74 mil em Nagasaki nesses ataques, embora as vítimas por causa das radiações nos anos posteriores foram mais numerosas.
"Vi uma chama de intensa luz púrpura e branca, as janelas explodiram e o teto veio abaixo. Os gritos dos feridos ecoavam por todas as partes", conta Naoyuki Okuma, um trabalhador de Mitsubishi Electric que tinha 19 anos quando a bomba caiu em Nagasaki.
"Como meus ferimentos eram menores do que os dos outros, me pediram para eu transportasse os feridos. Haviam pessoas atingidas por estilhaços de vidros, com braços e pernas quebrados, gente com a pele em carne viva", lembra Okuma.
Seu relato ficou perpetuado no chamado "Nagasaki Archive", uma iniciativa digital que conta com a ajuda do Google Maps. Trata-se de um mapa em 3D da cidade com fotos dos sobreviventes nos locais onde estavam no momento do ataque associados a depoimentos.
O site (http://en_nagasaki.mapping.jp/p/nagasaki-archive.html), que entrou no ar há menos de um mês, pretende "guardar a trágica experiência do passado e transformá-la em dados acessíveis às futuras gerações", afirmam os responsáveis pelo projeto, para o qual colaborou a Universidade Metropolitana de Tóquio.
"A atenção da imprensa e dos educadores e a oportunidade de tratar o tema da bomba atômica está diminuindo gradualmente, e a memória começa a desaparecer", advertem.
Pelo tag (#nagasaki0809) do microblogging Twitter é possível que qualquer usuário envie uma mensagem aos sobreviventes, as respostas aparecem sobrepostas no mapa.
Os sites dedicados aos "hibakusha" se multiplicaram nos últimos anos no Japão, onde durante décadas as vítimas de Hiroshima e Nagasaki levaram como um peso o estigma da discriminação, pois era disseminada a ideia de que os efeitos da radiação poderiam ser contagiosos.
Entre os locais emblemáticos que utilizam a internet para divulgar mensagens está no Memorial da Paz de Hiroshima, muito perto do local onde caiu a primeira bomba atômica da história.
Depois que no ano 2000 o diretor mostrasse sua preocupação pela contínua redução do número de visitas, o centro decidiu criar um "museu virtual" para que, de qualquer cantinho do mundo, seja possível fazer uma visita interativa por suas instalações (www.pcf.city.hiroshima.jp/index_e2.html).
Os responsáveis pelo museu realizaram um grande trabalho para recolher nas últimas décadas cerca de 130 mil relatos dos sobreviventes, os quais digitalizaram grande parte.
Traduzidas até agora para inglês, chinês e coreano, nesta semana o museu anunciou a próxima versão de vários testemunhos em outros sete idiomas.
O objetivo é manter viva a lembrança da tragédia para as gerações futuras. Porque, como assegura o lema do Museu de Hiroshima: "Se ninguém fala, nada muda".
Fonte: EFE
http://www.google.com/hostednews/epa/article/ALeqM5jWGU55bUH9ec9Z8HAR-p3zaD_vyg
Ler mais:
Hiroshima perdia, mas não esquece tragédia da bomba atômica
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sábado, 5 de junho de 2010
1952: Criado o Arquivo Nacional Alemão
No dia 3 de junho de 1952, foi fundado na cidade de Koblenz um arquivo central, onde estão guardados, entre outros, importantes documentos do tempo do nazismo.
(Foto) Funcionário do Arquivo Nacional expõe 'Os direitos elementares do povo alemão', de 1848
É enorme a quantidade de documentos guardados no registro nacional da Alemanha, na cidade de Koblenz. Colocadas lado a lado, as estantes do Arquivo Central cobririam uma distância de 250 quilômetros. Na sua inauguração, o arquivo possuía apenas sete funcionários. Hoje em dia, são 260, e mais 580 nas filiais de Aachen, Bayreuth, Frankfurt, Potsdam e Rastatt.
Embora, na época de sua fundação, a escolha de Koblenz para sede tenha sido motivo de controvérsia – pois alguns queriam que fosse Bonn, sede provisória do governo da Alemanha Federal –, com o passar do tempo a polêmica acabou sendo esquecida.
A tarefa primordial do Arquivo Central continua sendo, até hoje, a documentação dos acontecimentos na Alemanha, através do arquivamento dos atos do governo. Com exceção dos documentos do tempo do nazismo e da ex-Alemanha Oriental, os registros do governo são guardados durante 30 anos.
Aberto a consultas particulares
Em 1986, o arquivo ganhou uma sede nova, mas continuou na cidade onde se encontram os rios Reno e Mosela. Mais tarde, com a unificação alemã, enriqueceu seu acervo com documentos históricos da ex-República Democrática Alemã (RDA). Cada uma das filiais é dedicada a um setor específico, como o arquivo militar, que fica em Freiburg, ou o cinematográfico, em Berlim.
A partir de 1987, uma alteração na legislação regulamentou o uso do arquivo central. Cada cidadão alemão pode consultar o acervo, seja para objetivos jornalísticos, científicos ou da administração pública, desde que o faça em pedido oficial, justificando o motivo de seu interesse.
Estão armazenados no arquivo documentos desde 1815, passando pelo Deutsches Reich (o Império Alemão, de 1867/71-1945), pelos tempos da ocupação doa Aliados (1945-1949), pela República Democrática Alemã (1949-1990) e a República Federal da Alemanha (a partir de 1949).
Ernst Meinhardt (rw)
Fonte: Deustsche Welle
http://www.dw-world.de/dw/article/0,,566097,00.html?maca=bra-rss-br-top-1029-rdf
Ernst Meinhardt (rw)
Site do Arquivo Central da Alemanha
Com informações sobre o centro de documentação e suas filiais (em alemão)
(Foto) Funcionário do Arquivo Nacional expõe 'Os direitos elementares do povo alemão', de 1848
É enorme a quantidade de documentos guardados no registro nacional da Alemanha, na cidade de Koblenz. Colocadas lado a lado, as estantes do Arquivo Central cobririam uma distância de 250 quilômetros. Na sua inauguração, o arquivo possuía apenas sete funcionários. Hoje em dia, são 260, e mais 580 nas filiais de Aachen, Bayreuth, Frankfurt, Potsdam e Rastatt.
Embora, na época de sua fundação, a escolha de Koblenz para sede tenha sido motivo de controvérsia – pois alguns queriam que fosse Bonn, sede provisória do governo da Alemanha Federal –, com o passar do tempo a polêmica acabou sendo esquecida.
A tarefa primordial do Arquivo Central continua sendo, até hoje, a documentação dos acontecimentos na Alemanha, através do arquivamento dos atos do governo. Com exceção dos documentos do tempo do nazismo e da ex-Alemanha Oriental, os registros do governo são guardados durante 30 anos.
Aberto a consultas particulares
Em 1986, o arquivo ganhou uma sede nova, mas continuou na cidade onde se encontram os rios Reno e Mosela. Mais tarde, com a unificação alemã, enriqueceu seu acervo com documentos históricos da ex-República Democrática Alemã (RDA). Cada uma das filiais é dedicada a um setor específico, como o arquivo militar, que fica em Freiburg, ou o cinematográfico, em Berlim.
A partir de 1987, uma alteração na legislação regulamentou o uso do arquivo central. Cada cidadão alemão pode consultar o acervo, seja para objetivos jornalísticos, científicos ou da administração pública, desde que o faça em pedido oficial, justificando o motivo de seu interesse.
Estão armazenados no arquivo documentos desde 1815, passando pelo Deutsches Reich (o Império Alemão, de 1867/71-1945), pelos tempos da ocupação doa Aliados (1945-1949), pela República Democrática Alemã (1949-1990) e a República Federal da Alemanha (a partir de 1949).
Ernst Meinhardt (rw)
Fonte: Deustsche Welle
http://www.dw-world.de/dw/article/0,,566097,00.html?maca=bra-rss-br-top-1029-rdf
Ernst Meinhardt (rw)
Site do Arquivo Central da Alemanha
Com informações sobre o centro de documentação e suas filiais (em alemão)
terça-feira, 9 de março de 2010
Holocausto: Intencionalistas x Funcionalistas
Debate entre historiadores: Estava programada de antemão a destruição dos judeus da Europa?
Duas correntes historiográficas tem tentado compreender o modo como se organizou o genocídio dos judeus. Ambas estão de acordo em constatar a enormidade dos crimes cometidos, mas qual foi o papel pessoal exercido por Hitler? E qual o dos nazis em seu conjunto?
Uns são os "intencionalistas", que pensam que o genocídio estava já presente no primeiro programa de Hitler, entre 1919- 1920; os outros são "funcionalistas", que sustentam que o genocídio foi sendo executado sobre a marcha, com frequência mediante a improvisação e em meio a uma contenda entre diversos poderes do sistema nazista.
Os "intencionalistas": Para um considerável grupo de historiadores, as perguntas sobre o surgimento da solução final encontram resposta na retórica antissemita de Hitler que, em diferentes períodos de sua carreira, materializa nos judeus um objetivo constante. Desta forma, Hitler aparece como o motor da política antissemita nazi, manifestando em suas opiniões uma linha de pensamento coerente. Hitler é, assim mesmo, considerado como o único estrategista com suficiente autoridade e determinação para levar a cabo a realização da solução final. No que pode ser a obra mais lida sobre este aspecto ("A guerra contra os judeus"), Lucy Dawidowicz sustenta que o Fürher já preparava o terreno para o extermínio em massa em setembro de 1939, durante a invasão da Polônia. "A aniquilação dos judeus e a guerra eram interdependentes", escreve. As desordens da guerra proporcionaram a Hitler a cobertura necessária para cometer os assassinatos desenfreados. Tais operações necessitavam de um cenário onde as regras da moral ou os habituais códigos de guerra não tivessem lugar". Setembro de 1939 veio, pois, a desenvolver uma "dupla guerra": por uma parte, uma guerra de conquista buscando por meios tradicionais o controle de matérias-primas e a criação de um império; por outra, a guerra contra os judeus, a confrontração decisiva contra o principal inimigo do Terceiro Reich. Desta perspectiva, a ordem de extermínio em massa na escala europeia, lançada em finais da primavera ou durante o verão de 1941, deriva-se diretamente das ideias de Hitler acerca dos judeus, ideias que já haviam sido expressas em 1919. Pode, em diversas ocasiões, camuflar ou minimizar a importância de seu programa de aniquilação. Mas, insiste Dawidowicz, suas intenções não variaram jamais: "Hitler havia formulado planos de longo prazo para realizar seus objetivos ideológicos, e a destruição dos judeus era seu núcleo fundamental". Tomando a expressão do historiador britânico Tim Mason, Chistopher Browning foi o primeiro a qualificar de "intencionalista" esta interpretação que põe o acento sobre o papel exercido por Hitler na ação de pôr em execução o assassinato dos judeus da Europa, detectando um alto grau de obstinação, de coerência e de lógica no desenvolvimento da política antissemita dos nazis, da qual o principal objetivo era o extermínio em massa. Os "funcionalistas", que criticam esta corrente, insistem mais sobre a evolução dos objetivos nazis, ao compasso dos acontecimentos malogrados da política alemã e da interação entre esta e os mecanismos internos do Terceiro Reich.
(Michael Marrus: L´Holocauste dans l´Histoire. Eshel, 1990)
Título em português: A Assustadora História do Holocausto, Michael Marrus
Os funcionalistas: a corrente funcionalista se desenvolveu em torno de importantes historiadores alemães como Martin Broszat. Os trabalhos de Martin Broszat, de Hans Mommsen e de muitos outros põem em questão a ideia de que a evolução do Terceiro Reich fora o resultado da aplicação de um plano pré-estabelecido, enunciado no Mein Kampf("Minha Luta") e minuciosamente preparado durante o "período de luta" anterior à tomada de poder, em 1933. Rechaçam o fato de que tal programa pudesse se impôr sem repreender a todos os componentes da sociedade alemã e mais ainda ao resto da sociedade internacional. Criticam o postulado de base desta análise, chamada intencionalista, que sustenta que Hitler foi o fator determinante do sistema criminoso posto em funcionamento pelos nazis, e que a violência extrema e uma posição onipotente lhe permitira concretizar sua visão racista do mundo. Frente a esta perspectiva, os funcionalistas retomaram e desenvolveram uma ideia sugerida em 1942 pelo sociólogo exilado Fraz Neumann. Longe de formarem um bloco, o regime nazista estava submetido à forças centrífugas apartadas naquilo que a interação definia sua especificidade: o aparato do partido propiamente dito, suas múltiplas organizações satélites (profissionais, culturais, juvenis...), o exército, as forças econômicas, nas que se juntam os aparatos totalitários que escapam ao controle tanto do partido como do Estado. Dois fatos essenciais são deduzidos desta interpretação. Por uma parte, o sistema nazi se construiu sobre a dinâmica de um movimento descontínuo. A etapa final – a radicalização assassina -, não pode erigir-se no ponto de arranque de toda análise, numa espécie de aproximação teleológica, porque o Terceiro Reich esteve sujeito a uma temporalidade própria, é o produto de uma história que se trata precisamente de analisar. Distante de ser um sistema rígido e fechado, o estado hitlerista foi um sistema relativamente aberto, às vezes anárquico, em evolução permanente e que uma de suas molas foi a existência de fortes rivalidades entre as diversas fontes de poder, isso que Broszat denomina de a "policracia nazi". Por outra parte, neste sistema, a função de Hitler, que está longe de ser o ditador todopoderoso tantas vezes descrito, era a de garantir a coesão do sistema. Sua vontade pessoal era um fator menos determinante que o "mito do Führer", elaborado por uma propaganda eficaz e onipresente. Este mito ou esta mística tinham como objetivo mobilizar as energias, integrar os diferentes estratos sociais (pelo terror, a persuasão ou a exclusão) e legitimar um regime cujos mecanismos internos escapavam em parte a seus dirigentes.
Esta corrente tem se mostrado especialmente fecunda para estudar a gênesis da solução final, os processos de decisão e os complexos meios de sua aplicação. Sobre este ponto em concreto, os historiadores da corrente funcionalista reavaliaram para baixo o peso pessoal de Hitler em benefício de outras instâncias de decisão centrais ou locais, e tem insistido sobretudo na importância decisiva das circunstâncias políticas e militares de 1940-1941. Uma vez efetuada a deportação e a concentração em grande escala das populações judias do leste, e em particular a dos judeus poloneses, os responsáveis nazis, especialmente os da Polônia oculpada, encontraram-se ante a uma situação material inadministrável que foi a invasão da URSS, em junho de 1941, e o avanço das tropas alemãs na frente oriental se tornou ainda mais crítico. A decisão de exterminar em massa os judeus, que se produziu segundo eles no outono de 1941, seria o resultado de uma conjução de fatores: o fanatismo ideológico extremo (a condição necessária), as divergências dos aparatos burocráticos, as pujanças radicais resultantes e a anarquia de uma situação que os nazis não controlavam, apesar de que eles mesmos a haviam criado.
(Henry Rousso, prefácio de Norbert Frei, L'Etat hitlerien et la société allemande. Le Seuil, 1994)
Fonte: 2009 Proyecto Clío
http://clio.rediris.es/fichas/Holocausto/debate.htm
Tradução: Roberto Lucena
Duas correntes historiográficas tem tentado compreender o modo como se organizou o genocídio dos judeus. Ambas estão de acordo em constatar a enormidade dos crimes cometidos, mas qual foi o papel pessoal exercido por Hitler? E qual o dos nazis em seu conjunto?
Uns são os "intencionalistas", que pensam que o genocídio estava já presente no primeiro programa de Hitler, entre 1919- 1920; os outros são "funcionalistas", que sustentam que o genocídio foi sendo executado sobre a marcha, com frequência mediante a improvisação e em meio a uma contenda entre diversos poderes do sistema nazista.
Os "intencionalistas": Para um considerável grupo de historiadores, as perguntas sobre o surgimento da solução final encontram resposta na retórica antissemita de Hitler que, em diferentes períodos de sua carreira, materializa nos judeus um objetivo constante. Desta forma, Hitler aparece como o motor da política antissemita nazi, manifestando em suas opiniões uma linha de pensamento coerente. Hitler é, assim mesmo, considerado como o único estrategista com suficiente autoridade e determinação para levar a cabo a realização da solução final. No que pode ser a obra mais lida sobre este aspecto ("A guerra contra os judeus"), Lucy Dawidowicz sustenta que o Fürher já preparava o terreno para o extermínio em massa em setembro de 1939, durante a invasão da Polônia. "A aniquilação dos judeus e a guerra eram interdependentes", escreve. As desordens da guerra proporcionaram a Hitler a cobertura necessária para cometer os assassinatos desenfreados. Tais operações necessitavam de um cenário onde as regras da moral ou os habituais códigos de guerra não tivessem lugar". Setembro de 1939 veio, pois, a desenvolver uma "dupla guerra": por uma parte, uma guerra de conquista buscando por meios tradicionais o controle de matérias-primas e a criação de um império; por outra, a guerra contra os judeus, a confrontração decisiva contra o principal inimigo do Terceiro Reich. Desta perspectiva, a ordem de extermínio em massa na escala europeia, lançada em finais da primavera ou durante o verão de 1941, deriva-se diretamente das ideias de Hitler acerca dos judeus, ideias que já haviam sido expressas em 1919. Pode, em diversas ocasiões, camuflar ou minimizar a importância de seu programa de aniquilação. Mas, insiste Dawidowicz, suas intenções não variaram jamais: "Hitler havia formulado planos de longo prazo para realizar seus objetivos ideológicos, e a destruição dos judeus era seu núcleo fundamental". Tomando a expressão do historiador britânico Tim Mason, Chistopher Browning foi o primeiro a qualificar de "intencionalista" esta interpretação que põe o acento sobre o papel exercido por Hitler na ação de pôr em execução o assassinato dos judeus da Europa, detectando um alto grau de obstinação, de coerência e de lógica no desenvolvimento da política antissemita dos nazis, da qual o principal objetivo era o extermínio em massa. Os "funcionalistas", que criticam esta corrente, insistem mais sobre a evolução dos objetivos nazis, ao compasso dos acontecimentos malogrados da política alemã e da interação entre esta e os mecanismos internos do Terceiro Reich.
(Michael Marrus: L´Holocauste dans l´Histoire. Eshel, 1990)
Título em português: A Assustadora História do Holocausto, Michael Marrus
Os funcionalistas: a corrente funcionalista se desenvolveu em torno de importantes historiadores alemães como Martin Broszat. Os trabalhos de Martin Broszat, de Hans Mommsen e de muitos outros põem em questão a ideia de que a evolução do Terceiro Reich fora o resultado da aplicação de um plano pré-estabelecido, enunciado no Mein Kampf("Minha Luta") e minuciosamente preparado durante o "período de luta" anterior à tomada de poder, em 1933. Rechaçam o fato de que tal programa pudesse se impôr sem repreender a todos os componentes da sociedade alemã e mais ainda ao resto da sociedade internacional. Criticam o postulado de base desta análise, chamada intencionalista, que sustenta que Hitler foi o fator determinante do sistema criminoso posto em funcionamento pelos nazis, e que a violência extrema e uma posição onipotente lhe permitira concretizar sua visão racista do mundo. Frente a esta perspectiva, os funcionalistas retomaram e desenvolveram uma ideia sugerida em 1942 pelo sociólogo exilado Fraz Neumann. Longe de formarem um bloco, o regime nazista estava submetido à forças centrífugas apartadas naquilo que a interação definia sua especificidade: o aparato do partido propiamente dito, suas múltiplas organizações satélites (profissionais, culturais, juvenis...), o exército, as forças econômicas, nas que se juntam os aparatos totalitários que escapam ao controle tanto do partido como do Estado. Dois fatos essenciais são deduzidos desta interpretação. Por uma parte, o sistema nazi se construiu sobre a dinâmica de um movimento descontínuo. A etapa final – a radicalização assassina -, não pode erigir-se no ponto de arranque de toda análise, numa espécie de aproximação teleológica, porque o Terceiro Reich esteve sujeito a uma temporalidade própria, é o produto de uma história que se trata precisamente de analisar. Distante de ser um sistema rígido e fechado, o estado hitlerista foi um sistema relativamente aberto, às vezes anárquico, em evolução permanente e que uma de suas molas foi a existência de fortes rivalidades entre as diversas fontes de poder, isso que Broszat denomina de a "policracia nazi". Por outra parte, neste sistema, a função de Hitler, que está longe de ser o ditador todopoderoso tantas vezes descrito, era a de garantir a coesão do sistema. Sua vontade pessoal era um fator menos determinante que o "mito do Führer", elaborado por uma propaganda eficaz e onipresente. Este mito ou esta mística tinham como objetivo mobilizar as energias, integrar os diferentes estratos sociais (pelo terror, a persuasão ou a exclusão) e legitimar um regime cujos mecanismos internos escapavam em parte a seus dirigentes.
Esta corrente tem se mostrado especialmente fecunda para estudar a gênesis da solução final, os processos de decisão e os complexos meios de sua aplicação. Sobre este ponto em concreto, os historiadores da corrente funcionalista reavaliaram para baixo o peso pessoal de Hitler em benefício de outras instâncias de decisão centrais ou locais, e tem insistido sobretudo na importância decisiva das circunstâncias políticas e militares de 1940-1941. Uma vez efetuada a deportação e a concentração em grande escala das populações judias do leste, e em particular a dos judeus poloneses, os responsáveis nazis, especialmente os da Polônia oculpada, encontraram-se ante a uma situação material inadministrável que foi a invasão da URSS, em junho de 1941, e o avanço das tropas alemãs na frente oriental se tornou ainda mais crítico. A decisão de exterminar em massa os judeus, que se produziu segundo eles no outono de 1941, seria o resultado de uma conjução de fatores: o fanatismo ideológico extremo (a condição necessária), as divergências dos aparatos burocráticos, as pujanças radicais resultantes e a anarquia de uma situação que os nazis não controlavam, apesar de que eles mesmos a haviam criado.
(Henry Rousso, prefácio de Norbert Frei, L'Etat hitlerien et la société allemande. Le Seuil, 1994)
Fonte: 2009 Proyecto Clío
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Tradução: Roberto Lucena
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