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domingo, 2 de julho de 2017

Discurso de Himmler em Posen (Poznan), Polônia, 4 de outubro de 1943 (Extermínio)

Tradução do texto do site The Holocaust History Project que atualmente se encontra arquivado no site Phdn.org (site francês) porque o site original perdeu o servidor (ficou fora do ar) e o conteúdo se perderia ou as pessoas não teriam acesso mais ao conteúdo do site original.

Este é um dos problemas da internet, a "crença" de que esses textos ficarão pra sempre na rede sem que haja manutenção e algum fundo. A tradução do texto só foi possível justamente porque uma pessoa perguntou sobre o texto em um dos posts antigos e vendo os posts, vários links estão "mortos", incluindo o link original do THHP (The Holocaust History Project) em inglês.

O discurso completo tem 3 horas de duração, abaixo segue o trecho mais relevante (ou um dos) que consta do THHP. Na página do site (arquivado) consta o texto original em alemão e a tradução dele em inglês, abaixo segue a tradução pro português.
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Texto completo do discurso de Posen (Poznan)
Abaixo segue o texto completo da apresentação do Quicktime do discurso em Posen (Poznan) de Heinrich Himmler em 4 de outubro de 1943.

4 DE OUTUBRO, 1943

POZNAN, POLÔNIA

Reichsführer-SS Heinrich Himmler, o segundo homem mais poderoso da Alemanha nazista, fala aos oficiais da SS por três horas em um encontro secreto.

As gravações de Himmler sobreviveram à guerra. Está agora no "National Archives" (Arquivo Nacional) em College Park, Maryland.

O que você está ouvindo não foi editado.

Himmler finaliza falando sobre fábricas de armas.

Ele lembra a seus oficiais da lealdade que ele espera deles no extermínio dos judeus.
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"Eu também quero mencionar um assunto muito difícil para vocês aqui, de forma totalmente aberta.

Isso deveria somente ser discutido entre nós, e, portanto, nunca falaremos sobre isso em público.

Assim como não hesitamos em conduzir nosso serviço em 30 de junho, como ordenado, contra os camaradas que falharam em pé contra o muro atirando neles.

Sobre algo o qual nunca falamos, e nunca falaremos.

Ou seja, graças a Deus, um tipo de tato natural para nós, uma conclusão inevitável desse tato, que nunca conversamos a respeito entre nós, nunca falamos sobre isso, todos tremeram, e ficou claro para todos que, da próxima vez ele faria a mesma coisa de novo, se fosse ordenado e necessário.

Estou falando sobre a "evacuação judaica": o extermínio do povo judeu.

É uma das coisas que é facilmente dita. "O povo judeu está sendo exterminado", todos os membros do Partido dirão isto a vocês "de forma perfeitamente clara, isto é parte dos nossos planos, estamos eliminando os judeus, exterminando-os, ha!", um pequeno problema".

E então, todos eles virão, todos os 80 milhões de alemães corretos, e cada um deles tem seu judeu decente. Eles dizem: todos os outros são suínos (porcos), mas aqui este aqui é um judeu de primeira classe.

E nenhum deles têm visto isso, apoiou isto. A maioria de vocês saberá o que isto significa quando 100 corpos (cadáveres) ficam juntos, quando há 500, ou quando há 1000. E ter visto isso, e - com exceção das fraquezas humanas - permanecer decente, fez de nós pessoas duras e é uma página de glória nunca mencionada e nunca será mencionada.

Porque sabemos como as coisas difíceis seriam, se hoje em todas as cidades durante os atentados com bomba, os encargos da guerra e das privações, ainda tivéssemos judeus como sabotadores secretos, agitadores e instigadores. Nós provavelmente estaríamos no mesmo estágio de 1916-17, se os judeus ainda residissem no corpo (seio) do povo alemão.

Tiramos as riquezas que eles tinham, e dei uma ordem estrita, que o Obergruppenführer Pohl realizou, entregamos essas riquezas completamente ao Reich, ao Estado. Não tomamos nada deles para nós mesmos. Alguns poucos, que se ofenderam contra isso, serão [julgados] de acordo com uma ordem que eu dei no início: aquele que carrega um marco (moeda) disso é um homem morto.

Um certo número de homens da SS se ofenderam contra esta ordem. Não muitos, mas eles serão homens mortos - SEM CLEMÊNCIA! Nós temos o direito moral, nós tivemos o dever com o nosso povo para fazê-lo, para matar essas pessoas que queriam nos matar. Mas não temos o direito de enriquecer-nos com um só pelo, com um marco (moeda), com um cigarro, com um relógio ou com qualquer coisa. Que não temos. Porque no final disso, nós não queremos, porque exterminamos o bacilo (judeus), e não para ficarmos doentes e morrermos do mesmo bacilo.

Eu nunca verei isso acontecer, mesmo que um pouco de putrefação entre em contato conosco, ou que se enraíze entre nós. Pelo contrário, onde isto tentar se enraizar, vamos queimá-lo juntos. Mas, em conjunto, podemos dizer: realizamos essa tarefa tão difícil por amor a nosso povo. E não assumimos qualquer defeito (crise de consciência) dentro de nós, em nossa alma ou em nosso caráter."
Fonte: The Holocaust History Project/PHDN.org (EUA/França)
http://www.phdn.org/archives/holocaust-history.org/himmler-poznan/speech-text.shtml
Tradução: Roberto Lucena

quarta-feira, 25 de setembro de 2013

Himmler - O pior homem de Hitler (biografia)

Sempre quando dá, geralmente em posts sobre livros, eu dou umas alfinetadas nas editoras nacionais por não lançarem ou relançarem títulos importantes sobre segunda guerra, embora entenda o motivo pra deixarem isso um pouco de lado: a ênfase do público "leitor" por livros "amenos" e coisas do gênero. Mas quando lançam algo de peso vale sempre ser destacado e elogiado. Traduziram pro português a biografia em alemão do historiador Peter Longerich sobre Himmler.

Abaixo vou colocar o texto que saiu na Isto É (Revista) divulgando o lançamento, embora o livro fora mencionado aqui antes (Biografia exaustiva revela Heinrich Himmler, post de 2008) só que uma matéria apenas sobre o livro e não sobre o lançamento dele em português.

O discurso de Himmler em Posen (ou Poznan), Polônia ocupada, sobre o extermínio de judeus se encontra aqui traduzido:
Discurso de Himmler em Posen sobre o extermínio de judeus (pra ver mais posts clique na tag Discurso de Himmler em Posen)

Links em inglês:
THHP, Nizkor, Holocaust Controversies, áudio com legenda em inglês

O pior homem de Hitler

Biografia revela em detalhes o percurso sanguinário de Heinrich Himmler, idealizador dos campos de concentração nazistas que eliminaram dois terços dos judeus da Europa
Ana Weiss

Confira o trecho de um discurso feito em 1943, na Polônia, em que Himmler fala sobre o massacre dos judeus:

Adolescente mimado, baixinho e com problemas de estômago e relacionamento – que só aumentaram durante sua vida –, Heinrich Himmler sonhava empunhar uma arma no front, o que nunca aconteceu. A biografia do braço mais mortífero de Adolf Hitler, traduzida para o português, mostra que o menino de aparência doentia, o soldado frustrado, o agrônomo subalterno sem capacidade para se tornar independente dos pais foram camadas superficiais sobre o núcleo central da personalidade do organizador do genocídio nazista: o de manipulador das fraquezas humanas.

“Heinrich Himmler – uma Biografia” (Objetiva), escrito por Peter Longerich, professor de história moderna alemã na Universidade Real de Holloway, de Londres, foi considerado pela imprensa alemã e norte-americana a melhor pesquisa sobre uma personalidade da SS, a polícia-sustentáculo do regime de Adolf Hitler. O levantamento do historiador, uma das maiores autoridades em estudos do Holocausto, chega ao País em um volume de 909 páginas, que cerca por ângulos múltiplos a história do nazista de carreira, responsável direto pelo projeto de extermínio em campos de concentração durante a Segunda Guerra Mundial.

No entreguerras, funcionário de uma fábrica de adubos nas redondezas de Munique, Himmler se filiou ao Partido Nacional-Socialista dos Trabalhadores Alemães (NSDAP), ou Partido Nazista. O “frágil e apagado” filho de um funcionário público, que era sustentado pelas marmitas enviadas pela mãe, galgou uma carreira meteórica na Schutzstaffel, a SS, segundo o autor, usando de uma técnica simpática aos olhos do Führer: agradar a superiores e aterrorizar a todos que estão embaixo.

CARREIRISMO
Heinrich Himmler, em 1943, dois anos antes de ser capturado (acima), e nos anos 30, em visita a Dachau (abaixo). O modelo de prisão e
extermínio da Alemanha hitlerista lhe valeu acúmulo de cargos

Nomeado interinamente como primeiro superintendente da polícia de Munique, Himmler acelerou sua ascensão dando início às detenções em massa de civis em 1933. Foi um dos pioneiros no uso da custódia preventiva (prisão de pessoas por tempo indeterminado sem nenhum controle judicial). Subiu por isso a assessor político do Ministério do Interior, o que colocava sob a sua alçada toda a polícia política do Estado. Nesse contexto, criou, em uma antiga fábrica de pólvora na cidade de Dachau, o campo de concentração que serviu de modelo de aprisionamento, tortura, humilhação, morte e incineração dos supostos inimigos do regime hitlerista. Em menos de um mês de funcionamento, conta o livro, a palavra Dachau dispensava qualquer apresentação em território alemão.

O sucesso do empreendimento de Himmler levou à criação dos demais campos, que passaram a ocupar também outros países europeus, concentrando atividades que ajudavam-no a ter cada vez mais o Reich em suas mãos: linhas de produção de armamentos, experiências biológicas com cobaias humanas e assassinatos coletivos em câmaras de gás. Até a prerrogativa de espancar e matar prisioneiros serviu de moeda ao líder: ganhavam o direito de bater, violar e matar por decisão própria apenas os que fossem promovidos à alta patente. Subordinados só matariam com autorização superior.

ESPECIALISTA

O livro é a primeira tradução de Peter Longerich no Brasil

Um regulamento disciplinar penal criado por ele pregava que, nos campos, qualquer conduta que fosse interpretada como tentativa de provocação ou rebelião poderia ser punida com a morte. Foram milhões delas – a incineração de cadáveres em escala industrial nunca permitiu a contagem exata das baixas. Segundo o historiador, poucos homens fizeram tanto pela Solução Final – eufemismo hitlerista para a extinção dos judeus – como o soldado frustrado Heinrich Himmler.

Quanto mais temido, mais Himmler subia no pódio nazista. O autor mostra que na procura por assessores e funcionários privilegiava “existências fracassadas”, formando assim um séquito de funcionários gratos e endividados. Um deles foi Theodor Eicke, que o chefe da SS tirou “do ponto mais baixo da sua existência” para ocupar o disputado posto de inspetor dos campos de concentração. Funcionário de patente inferio da SS, Eicke recebeu a proposta de emprego quando cumpria prisão por construir explosivos para uso pessoal no horário de trabalho. Foi necessário um atestado médico comprovando saúde mental para libertar e contratar o novo subordinado. Quem assinou a liberação foi o médico Werner
Heyde, nomeado depois chefe de laudos de descendência genética (atestados da impureza racial de judeus, ciganos, testemunhas de Jeová, homossexuais, eslavos e representantes ou simpatizantes dos partidos extintos pelo regime vigente). A promoção seguinte o levou ao posto de líder das mortes por eutanásia. Hitler chamava de eutanásia a “concessão do assassinato por misericórdia diante de doenças incuráveis”. Cabia à SS detectar e diagnosticar tais deformações que “enfraqueciam a raça humana”.

O autor tenta se eximir de conclusões psicológicas sobre o líder. Mas fala de uma moral dupla e volta sempre às técnicas desenvolvidas para a humilhação e o terror, que muitas vezes transcendiam seu projeto profissional. Uma das conclusões de Longerich é que o extermínio nazista era apenas o primeiro passo de Himmler rumo a um derramamento de sangue maior. O projeto foi interrompido em 1945. Capturado pelos aliados com seus assessores, ordenou que todos permanecessem vivos (as altas patentes viviam munidas de cápsulas de cianureto para o suicídio em caso de captura). Apresentou-se ao inimigo como líder, comeu um lanche e então se envenenou, abandonando seus subordinados.

Fonte: Isto É (Revista)
http://www.istoe.com.br/reportagens/325388_O+PIOR+HOMEM+DE+HITLER

quarta-feira, 3 de junho de 2009

Os nazistas e os untermenschen (subhumanos) - Parte 1

(trechos do Capítulo “A Nova Ordem” do livro Ascensão e Queda do Terceiro Reich – O começo do fim – 1939 a 1945, William Shirer, Editora Agir, 2008, págs.: 431 a 438)

Não se traçara um plano compreensível para a Nova Ordem, mas, pelos documentos apreendidos e pelo que aconteceu, é claro que Hitler sabia bem o que desejava que ela fosse: uma Europa governada pelos nazistas, com seus recursos explorados em benefício da Alemanha e com o povo transformado em escravo da raça superior alemã, cujos “elementos indesejáveis” – principalmente os judeus e muitos eslavos no leste, especialmente a classe culta que havia entre eles – seriam exterminados.

Os judeus e os povos eslavos eram os Untermenschen, isto é, subhumanos. Para Hitler, não tinham o direito de viver, salvo aqueles, entre os eslavos, que pudessem ser necessários para trabalhar nos campos e nas minas como escravos de seus senhores alemães. Não só nas grandes cidades do leste – Moscou, Leningrado e Varsóvia – deviam ser eliminadas para sempre, como também seria reprimida a cultura dos russos, poloneses e outros povos eslavos, aos quais seria negada uma educação formal. As prósperas indústrias seriam desmontadas e enviadas para a Alemanha, e o próprio povo confinado aos labores da agricultura para produzir alimentos aos alemães, sendo-lhe permitido para si apenas o suficiente à subsistência. A própria Europa, segundo as palavras dos chefes nazistas, devia ficar “livre dos judeus”.

“Não me interessa, absolutamente, o que acontece a um russo ou a um tcheco”, declarou Heinrich Himmler em 4 de outubro de 1943, num discurso aos oficiais de suas SS, em Posen.(...)

“O que as nações [continuou Himmler] puderem oferecer em matéria de sangue bom, de nosso tipo, nós acolheremos, seqüestrando, se necessário, suas crianças e educando-as aqui, conosco. Se as nações vivem em prosperidade ou morrem de fome, como gado, apenas me interessa na medida em que delas necessitamos como escravas de nossa <>, fora disso, nenhum outro interesse tenho por elas. Se dez mil mulheres russas caem exaustas ao cavarem fossos contra tanques, interessa-me apenas que esses fossos sejam terminados para a Alemanha(...)[1]

(...)

Em 15 de outubro de 1940, Hitler decidiu sobre o futuro dos tchecos, o primeiro povo eslavo a ser conquistado. Metade devia ser assimilada; seria, aliás, despachada para a Alemanha, onde trabalharia como escrava. A outra metade, especialmente os intelectuais, seria simplesmente nas palavras constantes de um relatório secreto sobre o assunto, eliminada.[2]

Os poloneses [acentuou Hitler] nasceram especialmente para o trabalho pesado(...) Não é preciso pensar em melhorias para eles. Cumpre manter, na Polônia, um padrão de vida baixo, não se permitindo que suba(...) Os poloneses são preguiçosos e é necessário usar a força para obrigá-los a trabalhar(...) Devemos utilizar-nos do governo geral (da Polônia) simplesmente como fonte de mão-de-obra não especializada(...) Poder-se-ia conseguir ali, todos os anos, os trabalhadores de que o Reich possa necessitar.

Duas semanas antes o Führer esclareceu suas idéias sobre o destino dos poloneses, o segundo dos povos eslavos a ser conquistado. Seu fiel secretário, Martin Bormann, deixou um longo memorando sobre os planos nazistas que Hitler encaminhou a Hans Frank, o governador-geral da parte remanescente da Polônia, e a outros funcionários.[3]

Quanto aos sacerdotes poloneses,
(...)eles pregarão o que mandarmos. Se qualquer sacerdote agir diferentemente, daremos cabo dele. Sua tarefa é manter os poloneses tranqüilos, broncos e fracos de espírito.

Havia duas outras classes de poloneses a serem tratadas, e o ditador nazista não se esqueceu de mencioná-las:

Indispensável ter em mente que a pequena nobreza polonesa deve cessar de existir; por mais cruel que isso possa ser, ela deve ser exterminada onde quer que se encontre(...) Deve haves apenas um senhor para os poloneses: o alemão. Dois senhores, lado a lado, não podem e não devem existir. Todos os representantes da classe culta polonesa, portanto, têm de ser exterminados. Isso parece crueldade, mas é a lei da vida.

A obsessão dos alemães pela idéia de que eram uma raça superior, e que os povos eslavos deviam ser seus escravos, era especialmente violenta no tocante à Rússia. Erich Koch, o rude comissário do Reich na Ucrânia, exprimiu isso num discurso proferido em Kiev no dia 5 de março de 1943:

Somos uma raça superior e devemos governar com dureza, mas com justiça(...) Arrancarei deste país, entretanto, tudo que puder. Não vim para espalhar bem-aventuranças(...) A população deve trabalhar, trabalhar sempre(...) Não viemos para distribuir o maná. Viemos para criar as bases da vitória. Somos uma raça superior que precisa lembrar que o mais humilde operário alemão é, racial e biologicamente, mais valioso que a população daqui.[4]

Quase um ano antes, em 23 de julho de 1942, quando os exércitos alemães aproximavam-se, na Rússia, dos campos petrolíferos do Cáucaso, Martin Bormann, secretário do Partido de Hitler e, já então, seu braço direito, escreveu uma longa carta a Rosenberg reiterando a opinião do Führer sobre o assunto. Um funcionário do Ministério de Rosenberg fez o resumo dessa carta:

Os eslavos terão que trabalhar para nós. Se não precisarmos deles, poderão morrer. Tornam-se supérfluos, por conseguinte, os serviços de saúde alemães e a vacinação compulsória. A fertilidade dos eslavos é indesejável; o ensino, perigoso. Basta que contem até cem(...) Toda pessoa instruída é um futuro inimigo. Deixaremos a religião, para eles, como meio de diversão. Quanto à alimentação, não receberão mais do que o absolutamente necessário. Somos os senhores. Primeiro nós.[5]

Quando as tropas alemãs entraram na Rússia, foram acolhidas em muitos lugares como libertadoras por uma população que hà muito vivia oprimida e dominada pelo terror da tirania de Stálin. Houve, no começo, deserções em massa de soldados russos. Especialmente no Báltico, que, fazia pouco tempo, havia estado sob ocupação soviética, e na Ucrânia, onde um movimento incipiente de independência não pudera ser completamente eliminado, muitos sentiram-se felizes de verem libertados do jugo soviético(...), mesmo pelos alemães.

Em Berlim, havia pessoas que acreditavam que se conquistaria a adesão do povo russo para a sua causa, se Hitler tivesse agido habilmente, tratando a população com consideração e prometendo libertá-la do sistema bolchevique (concedendo-lhe liberdade religiosa e econômica e transformando em cooperativas as fazendas coletivas), e dando-lhe, eventualmente, um autogoverno. Poderiam eles então cooperar com os alemães, não só nas regiões ocupadas como, também, nas não ocupadas, para se libertarem do cruel domínio de Stálin. Se tivessem feito – argumentaram -, cairia o próprio regime bolchevique e se desintegraria o Exército Vermelho, da mesma maneira que se dera com os exércitos czaristas em 1917.

Mas a selvageria da ocupação nazista e os óbvios objetivos dos conquistadores alemães, muitas vezes proclamados publicamente, saquear terras, escravizar as populações e colonizar o leste com alemães, logo destruíram qualquer possibilidade de êxito.

Ninguém resumiu melhor essa desastrosa política e todas as oportunidades que ela desdenhou e destruiu do que um alemão, o Dr. Otto Bräutigam, diplomata de carreira e representante-chefe do Departamento Político do Ministério que Rosenberg criara, fazia pouco tempo: o Ministério para os Territórios Ocupados do Leste. Num acrimonioso relatório confidencial dirigido a seus superiores em 25 de outubro de 1942, Bräutigam ousou apontar os erros cometidos pelos nazistas na Rússia.

Encontramos, à nossa chegada na União Soviética, uma população cansada do bolchevismo que aguardava, ansiosamente, novos slogan que oferecessem perspectivas de melhor fututo. Era dever da Alemanha fornecer tais slogans, mas manteve silêncio sobre eles. A população saudou-nos alegremente como libertadores e colocou-se à nossa disposição.

Houve, na verdade, um slogan; mas o povo russo logo percebeu seu significado.

Com o inerente instinto dos povos orientais [continuou Bräutigam], esses homens primitivos logo descobriram que para a Alemanha o slogan “Libertação do Bolchevismo” não passava de um pretexto para escravizar os povos orientais segundo seus próprios métodos(...) O operário e o camponês logo perceberam que a Alemanha não os considerava companheiros com direitos iguais, mas apenas objetivo de suas pretensões políticas e econômicas(...) Com uma presunção sem precedente, pomos de lado todo o conhecimento político e(...) tratamos os povos dos territórios do leste como “brancos de segunda classe”, aos quais a providência apenas atribui a tarefa de servir à Alemanha como escravos(...)

Havia dois outros processos, declarou Bräutigam, que lançaram os russos contra os alemães: o bárbaro tratamento infligido aos prisioneiros de guerra e o embarque forçado de mulheres e homens para a Alemanha, a fim de trabalharem como escravos.

Já não constitui segredo de amigos e adversários que centenas de milhares de prisioneiros de guerra russos têm morrido de fome ou de frio em nossos acampamentos(...) Presenciamos agora a grotesca situação de termos que recrutar milhões de operários nos territórios ocupados no leste, depois que os prisioneiros de guerra morreram de fome como moscas(...) Nos desmandos ilimitados para com o povo eslavo, que ainda prevalecem, empregaram-se métodos de recrutamento que, provavelmente, têm sua origem nos períodos mais negros do tráfico de escravos. Inaugurou-se uma constante caçada ao homem. Sem consideração à saúde ou à idade, embarcaram-se pessoas para a Alemanha(...)(*)

(*) Nem a exterminação de prisioneiros soviéticos em massa nem a exploração do russo no trabalho constituíram segredo para o Kremlin. Já em novembro de 1941, Molotov fez um protesto diplomático formal contra o extermínio dos prisioneiros de guerra russos, e, em abril do ano seguinte, outro mais, contra o programa de trabalho escravo na Alemanha.


A política e os métodos empregados pela Alemanha na Rússia “provocaram a resistência dos povos orientais”, concluiu Bräutigam.

Nossa política forçou os bolcheviques e os nacionalistas russos a formarem uma frente comum contra nós. Os russos estão hoje lutando com excepcional bravura e com espírito de renúncia, nada mais visando que o reconhecimento da dignidade humana.

Fechando o memorando de 13 páginas com uma obervação positiva, o Dr. Bräutigam pediu que se modificasse completamente a política adotada. “Deve-se dizer aos russos algo de concreto sobre seu futuro”, argumentou ele.[6]

Notas desta parte:

[1] NCA, IV, p.559 (ND 1919-PS)
[2] Ibid., III, p.618-9 (ND 862-PS) relatório do general Gotthard Heinrici, representante geral da Wehrmacht no Protetorado.
[3] Memorando de Bormann. Citado em TMWC, VII, p.224-6 (ND URSS-172).
[4] NCA, III, p.798-9 (ND 1130-PS)
[5] Ibid., VIII, p.53 (NDR-CF)
[6] Memorando do Dr. Bräutigam de 25 de outubro de 1942. Texto em NCA, III, p.242-51; original alemão em TMWC, XXV, 331-42 (ND 294-PS)

quarta-feira, 27 de agosto de 2008

O "Engano" de Graf



Traduzido por Leo Gott à partir do link:
http://holocaustcontroversies.blogspot.com/2008/08/grafs-deceit.html

Em Holocaust or Hoax? de Jürgen Graf, ele sabe que é uma trapaça. Em seu primeiro comentário sobre o discurso de Himmler em Posen, Graf tenta enganar o leitor dizendo que o “significado da palavra ‘Ausrottung’ mudou” desde a guerra.

Graf escreve, como segue:

no primeiro discurso Himmler identifica “evacuação” dos judeus com o “extermínio” deles, misturando os dois conceitos que hoje são totalmente distintos. A identificação de evacuação e de extermínio perde seu significado contraditório quando se considera que o significado da palavra "Ausrottung" mudou. Em um discurso de hoje, é sem dúvida que ‘ausrottung’ significa “extermínio físico”, “liquidação”. Isto não era necessariamente no início, a derivação etimológica de ‘ausrotten’ é “arrancar(*)”.

[(*)Nota do tradutor: seria arrancar pela raiz, desenraizar.]


Isso é totalmente falso, visto que na versão anterior de Holocausto or Hoax?, que em 1993 era intitulado The Holocaust Under the Scanner Graf cita este texto publicado em 1944 que que inclui as descrições dos extermínios em Belzec e Majdanek:

Abraham Silberschein (Die Judenausrottung in Polen, Genève, août1944)

Por isso, Graf sabe que existe o texto, que foi publicado em 1944, na qual "ausrottung ' só poderia ter se referido aos assassinatos em campos de extermínio, Graf ainda usa tentativas de golpe para com seus leitores assumindo que o significado de ‘ausrottung’ como "extermínio físico / liquidação "significado não estava em uso até uma certa data.

Além disso, é claro, como seu parceiro na trapaça, Carlos Porter, Graf simplesmente ignora essas partes dos discursos de Posen que provam que Himmler só poderia estar se referindo a extermínio em massa.

quarta-feira, 20 de agosto de 2008

Discurso de Himmler em Posen (Poznan)

Uma tática favorita dos “Negadores do Holocausto” é a tentativa de neutralizar a palavra “ausrotten” [ou “ausrottung”] quando ela aparece em um documento nazista. Eles costumam ignorar as análises de expressões feitas por especialistas alemães nativos, tais como aparecem na LTI de Kempeler ou na admissão de Longerich no julgamento de Lipstadt. Em raras ocasiões, quando reconhecem essas análises eles deliberadamente as deturpam, conforme já demonstrado aqui.

A estupidez desta tática é melhor ilustrada em um artigo de Carlos Porter, que foi publicado pela CODOH, em 1996, o que pode ser visto neste link. Porter tenta girar o primeiro discurso de Himmler em Posen, em 4o outubro de 1943 de uma forma mais benigna. Em Nuremberg, “ausrotten” foi traduzido como “extirpação”. Porter insiste que é “desaparecimento”. Isto em si não é bom negócio porque "extirpação" ainda pode significar extermínio se usado em um contexto particular. Na verdade Longerich traduz “ausrotten” como “extirpação” e afirma que:
Eu ainda não encontrei um único exemplo de Hitler ou Himmler utilizando o termo "ausrotten" durante a Segunda Guerra Mundial no que diz respeito aos seres humanos ou a um grupo de seres humanos, do que no sentido de "matar em grande número ou matar todos na medida do possível ".
No entanto, o erro colegial de Porter foi insistir que Himmler estava falando "figurado" quando ele utilizou o termo, mas em seguida a impressão dos longos extratos do discurso mostraram que Himmler estava, na verdade, se referindo literalmente a genocídio em massa e assassinato de mulheres e crianças.

Assim Porter derrubou seu próprio caso. Por exemplo, na tradução do próprio Porter, a palavra "extirpação" segue a frase “eliminação dos judeus". Mais tarde, no mesmo parágrafo, Himmler descreve a cena típica de assassinato em massa:
A maioria de vocês sabe o que significa quando 100 corpos estão deitados em conjunto, quando há 500 quinhentos , ou se houver 1000 deitados. Para os que passaram por esta situação, e, ao mesmo tempo, salvo exceções acometeram de fraquezas humanas, para permanecerem dignos, nos fez endurecer.
No parágrafo seguinte, Himmler torna ainda mais claro o seu significado, ao referir diretamente a um genocídio de "este povo":
Tínhamos o direito moral, nós tínhamos o dever para com o nosso próprio povo, para matar esse povo que queria nos matar.
No parágrafo seguinte ele admite que:
"temos que erradicar um bacilo".
Mais para o fim do discurso, Himmler diz:
Se outras raças vivem em prosperidade ou estão morrendo de fome, me interessa apenas na medida em que precisamos deles como escravos para a nossa cultura: caso contrário, não tenho interesse algum. Se uma mulher russa cair de esgotamento enquanto cava uma vala anti-tanque me interessa apenas na medida em que termine as valas anti-tanque para a Alemanha.
Se isto não é "contexto" suficiente para comprovar o correto significado de “ausrotten” na primeira intervenção de Himmler em Posen, nós temos mais “contexto” à partir deste acompanhamento do discurso feito dois dias mais tarde no mesmo local.

Estou grato a David Woolfe por chamar a minha atenção para este excerto:
Es trat an uns die Frage heran: Wie ist es mit den Frauen und Kindern? Ich habe mich entschlossen, auch hier eine ganz klare Lösung zu finden. Ich hielt mich nämlich nicht für berechtigt, die Männer auszurotten- sprich also, umzubringen oder umbringen zu lassen - und die Rächer in Gestalt der Kinder für unsere Söhne und Enkel groß werden zu lassen. Es mußte der schwere Entschluß gefaßt werden, dieses Volk von der Erde verschwinden zu lassen.

Chegamos à pergunta: Como será com as mulheres e as crianças? Estou decidido a encontrar uma solução clara aqui também. Eu não considero justificativa a mim mesmo o extermínio dos homens - ou seja, para matá-los ou mandá-los mortos - e permitir que os vingadores dos nossos filhos e netos, cresçam sob a forma de suas crianças. A decisão difícil teve de ser tomada para fazer desaparecer este povo da Terra.
Assim Himmler definiu "utilmente" o significado preciso que ele usou para "auszurotten", no segundo discurso em Posen.

Ele então reiterou este significado, em mais um discurso em Sonthofen em 24 de maio de 1944:
Quanto às mulheres e crianças judias, eu não acredito que eu tinha o direito de deixar que essas crianças cresçam até se tornarem os vingadores que iam matar os nossos pais [sic] e netos. Isso eu pensei, seria covardia. Assim, o problema foi resolvido sem meias medidas.
Himmler não aprovou as "meias-medidas". Apenas seria "meio espirituoso" o primeiro discurso de Himmler em Posen, discurso este para tentar enganar-nos a pensar assim.

Fonte: Holocaust Controversies
http://holocaustcontroversies.blogspot.com/2008/08/himmlers-posen-speech.html
Autor: Jonathan Harrison
Título original: Himmler's Posen Speeches
Tradução: Leo Gott

O Mundo Maluco de Walter Sanning (Parte 7)

Traduzido por Leo Gott à partir do link:
http://holocaustcontroversies.blogspot.com/2008/07/crazy-world-of-walter-sanning-part-7.html


A minha série sobre o “Negador do Holocausto” que está desaparecido Walter Sanning, continua aqui em um divertido postscript fornecido em seu artigo Scorched Earth Warfare.

Sanning alega que os soviéticos foram "beneficiários de uma incrivelmente generosa assistência à reconstrução" a partir dos nazistas, e que "a alegada brutalidade da sistemática alemã na Rússia é simples exposto da propaganda soviética". Esta alegação conforme demonstrada foi baseada em uma recusa deliberada dele em ler a literatura primária sobre a política de alimentação nazista. Por exemplo, Roberto [Muehlenkamp] traduziu e transcreveu parcialmente dois documentos-chave neste tópico no RODOH, mostrando que existia um “plano de fome” antes da Barbarossa, Roberto [Muehlenkamp] resume esta evidência aqui.

Roberto também revelou uma carta de Rosenberg para Keitel relativo aos maus tratos de POW da URSS (Documento de Nuremberg 081-PS).

Este contém a admissão da tentativa dos cidadãos soviéticos de fornecer comida para os prisioneiros de guerra, mas foram impedidos à força de fazer:

De qualquer forma, com uma certa dose de compreensão para os objetivos que visam a política alemã, poderiam ter evitado a morte e a deterioração, na medida descrita. Por exemplo, de acordo com as informações em mãos, a população nativa no seio da União Soviética está absolutamente disposta a colocar alimentos à disposição dos prisioneiros de guerra. Vários comandantes de campo compreendem que esta escolha teria êxito. No entanto, na maioria dos casos, os comandantes de campo estão proibindo a população civil de pôr comida à disposição dos reclusos, e eles estão deixando-os com fome para que morram. Até mesmo na marcha para os campos, a população civil não foi autorizado a dar alimentos aos prisioneiros de guerra. Em muitos casos, os prisioneiros de guerra, quando já não podia manter-se na marcha por causa da fome e da exaustão, foram fuzilados diante dos olhos horrorizados da população civil, e os cadáveres ali foram deixados.


Roberto[Muehlemkamp] também fez uma compilação das fontes sobre [O cerco de]Leningrado tornando claro que a intenção dos nazistas eram “matar a cidade” de fome.

Finalmente, além das excelentes fontes de Roberto, também podemos apontar para uma passagem do discurso de Himmler em Posen onde ele não deixa qualquer dúvida sobre a política nazista:

O que acontece com um russo, com um checo, não me interessa nem um pouco. O que as nações podem oferecer em matéria de bom sangue para o nosso modelo, vamos levar, se necessário sequestramos seus filhos e para recrutá-los conosco. Se as nações vivem em prosperidade ou estão morrendo de fome, me interessa apenas na medida em que precisamos deles como escravos para a nossa cultura: caso contrário, não tenho interesse algum.
Se uma mulher russa cair de esgotamento enquanto cava uma vala anti-tanque me interessa apenas na medida em que termine as valas anti-tanque para a Alemanha (Documento de Nuremberg 1919-PS)

terça-feira, 6 de maio de 2008

Carta prova que [Albert] Speer sabia do Holocausto

Traduzido por Leo Gott à partir do link:
http://www.guardian.co.uk/world/2007/mar/13/secondworldwar.kateconnolly

Matéria publicada no The Guardian em 13/07/2007

Uma carta recém descoberta do arquiteto e Ministro do Armamento de Adolf Hitler Albert Speer oferece prova de que ele sabia sobre os planos para exterminar os judeus, apesar das suas repetidas afirmações ao contrário.

Escrevendo em 1971 a Hélène Jeanty, viúva de um líder da resistência belga, Speer admite que esteve na conferência em que Heinrich Himmler, o chefe da SS e da Gestapo, revelou os planos para o extermínio dos judeus, que é conhecido como discurso de Posen [ou Poznan]. A insistência de Speer em dizer que ele havia deixado o encontro antes do final, provavelmente deve tê-lo poupado da execução no Julgamento de Nuremberg, no fim da Segunda Guerra Mundial.

Na carta a Jeanty, escrita em 23/12/1971, Speer escreveu: "Não há dúvida - Eu estava presente quando Himmler anunciou em 06/10/1943 que todos os judeus seriam mortos". Ele continuou: "Quem poderia acreditar que eu estava arrependido, que teria sido mais fácil de ter escrito tudo isto em minhas memórias?"

Isto o ajudou a obter a fama de "O bom nazista" e a imagem de gênio de arquitetura que em um mau passo ingressara nos círculos nazistas para avançar em sua carreira. Ao invés de ser condenado à morte como o foram vários nazistas do alto escalão, Speer cumpriu 20 anos na prisão, principalmente por ter usado trabalho escravo.

Speer, que morreu em Londres em 1981, negou ter conhecimento na época sobre o Holocausto em seu livro mais vendido Inside the Third Reich de 1969, assim como em longas entrevistas com a autora britânica Gitta Sereny, que escreveu sua biografia.

A carta faz parte de uma coleção de 100 cartas que foram trocadas entre Speer e a senhora Jeanty, escritas entre 1971 e 1981, encontradas recentemente na Grã-Bretanha. Eles devem ser leiloadas em Bonhams, Londres, em 27 de março [de 2008].
Na foto acima: Adolf Hitler e Albert Speer olhando projetos de arquitetura.

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