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domingo, 27 de abril de 2014

Sob o Signo do Sigma: Integralismo, Neointegralismo e o Antissemitismo (Livro, lançamento)

Livro sobre integralismo e "neointegralismo" no Brasil. O Odilon me mandou aviso sobre o livro e estou divulgando pois, quem quiser entender como pensa e funciona a extrema-direita no Brasil precisa levar em conta o integralismo, coisa que como já citei várias vezes em outros posts costuma ser "deixada de lado" (intencionalmente ou por ignorância) quando a mídia começa com o sensacionalismo em torno dos ditos "neonazis" brasileiros, que na prática são fascistas ou supremacistas raciais usando suástica.

Resumindo pra não me alongar e tomar espaço da resenha do livro: o que parece ser um "absurdo" (a existência de "neonazis" no Brasil), uma vez que o nazismo original era destinado só a alemães, alemães étnicos e a crença de "raça ariana" (que envolvia povos nórdicos como meta a ser alcançada de "pureza racial", na crença dos nazis), não esse absurdo que muita gente pensa se se levar em conta o passado racista e escravagista brasileiro escamoteado principalmente pelos governos republicanos com destaque pra Getúlio Vargas que foi um dos que mais propagou esse mito de "democracia racial brasileira" e todas essas crenças que envolvem e formam a identidade do país no século XX até agora, além dos regionalismos atuais que são cria do Estado Novo.

Segue abaixo uma pequena descrição do livro "Sob o Signo do Sigma: Integralismo, Neointegralismo e o Antissemitismo" (Eduem, 2014), de Odilon Caldeira Neto.
"Verifica-se, no exercício realizado por Odilon Caldeira Neto, como os herdeiros atuais do movimento oscilam entre a negação, a aceitação e a reelaboração do fato da AIB ter tido traços antissemitas, produzindo conflitos internos entre eles que são característicos desses movimentos. Seu estudo, assim, é não apenas uma colaboração fundamental para a historiografia do integralismo, como também fornece um insight precioso sobre a melhor forma, em termos metodológicos, de lidar com o problema da memória, ou seja, compreendendo como os agentes políticos lidam com seu passado, ao mesmo tempo em que não perde de vista a realidade por trás dessas versões" (João Fábio Bertonha; do Prefácio)
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Labtempo UEM
Com muita satisfação, o Labtempo UEM informa o lançamento do livro "Sob o Signo do Sigma: Integralismo, Neointegralismo e o Antissemitismo", recém publicado pela Editora da Universidade Estadual de Maringá. A obra é resultado de pesquisa realizada no Mestrado em História da Universidade Estadual de Maringá, conta com prefácio de João Fábio Bertonha (UEM) e apresentação de René E. Gertz (PUCRS).
Aos interessados em adquirir uma cópia, basta entrar em contato diretamente com o autor:
- E-mail: odiloncaldeiraneto@gmail.com
- Facebook Odilon Caldeira Neto.

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quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

As marcas do nazismo no Brasil

Muitas pessoas preferem esquecer o passado, ainda mais quando ele é doloroso. Quando se trata de um fenômeno cruel como o nazismo, alguns preferem abafar a História por vergonha do mal que fizeram. Muito se fala do que foi o nazismo na Europa e das suas dolorosas consequências, mas quando se trata de discutir a influência dessa ideologia no Brasil, o assunto morre. Para resgatar a memória de quem sofreu com a expansão da ideologia nazista em terras brasileiras, a Revista de História da Biblioteca Nacional revirou documentos e descobriu a história retratada em “Entre a suástica e a palmatória“.

O vídeo é fruto de uma reportagem especial feita depois de viagens a Campina do Monte Alegre, no interior de São Paulo, e Foz do Iguaçu, no Paraná. A investigação descobriu a existência de duas fazendas no interior de São Paulo que não escondiam a sua simpatia pela ideologia nazista ao longo dos anos 30 e 40. As fazendas pertenciam aos Rocha Miranda, família de prestígio na cidade. Materiais de arquivo mostram que os Rocha Miranda implantaram no seu dia-a-dia a suástica, símbolo máximo do movimento nazista. Tijolos, gado e documentos eram marcados com o desenho. Na fazenda ao lado, a influência nazista foi além: os Rocha Miranda selecionaram 50 meninos órfãos, na sua maioria negros, e colocaram as crianças para trabalhar em regime de escravidão.

A reportagem entrou em contato com pessoas que viveram na época, incluindo dois sobreviventes do grupo de jovens que trabalhavam na fazenda dos Rocha Miranda: Aloísio Silva, que suportou a exploração até ser libertado em 1945, e Argemiro Santos, que fugiu da fazenda aos 14 anos. Veja o depoimento dos dois no vídeo abaixo:



Observação: este assunto já foi reproduzido aqui (Entre a suástica e a palmatória - Fazenda nazi), texto original aqui, só que não lembro se deixei o vídeo de fora do post pra colocar neste ou se não constava antes. Em todo caso o vídeo sobre a história da fazenda está acima.

Peço desculpas ao remetente por não ter podido responder um email que chegou na época da primeira matéria sobre fazenda creio que de alguém de lá comentando para publicar algo sobre o assunto. Várias matérias sobre o assunto foram reproduzidos no blog. Pra acessar todas as matérias sobre a fazenda basta clicar na tag fazenda nazista.

quinta-feira, 11 de outubro de 2012

Tese de doutorado revela práticas nazistas no Brasil

O historiador Sidney Aguilar Filho chegou ao tema da pesquisa por indicação de uma aluna, que mencionou em aula ter encontrado tijolos marcados com a suástica nazista na fazenda da família, no interior de São Paulo,
Foto: Antoninho Perri/Unicamp/Divulgação

Foi pela indicação de uma aluna, que mencionou em aula ter encontrado tijolos marcados com a suástica nazista na fazenda da família, no interior de São Paulo, que o historiador Sidney Aguilar Filho teve o primeiro contato com aquele que viria a ser seu objeto de estudo durante quatro anos e meio. "Eu não fui atrás do tema, foi realmente uma coincidência", esclarece o autor da tese Educação, autoritarismo e eugenia: exploração do trabalho e violência à infância desamparada no Brasil (1930-1945).

Na tese do historiador, é possível ter acesso à história da transferência de 50 meninos órfãos ou abandonados, considerados oficialmente pretos ou pardos (apenas dois deles eram brancos, segundo documentos oficiais). O grupo foi levado do Educandário Romão de Matos Duarte, no Rio de Janeiro, na época capital do Brasil, para a fazenda Santa Albertina, pertencente à rica família Rocha Miranda, localizada em Campina do Monte Alegre, uma área com forte presença de simpatizantes do movimento integralista, durante as décadas de 1930 e 1940, no interior do Estado de São Paulo.

Submetidos a um regime de trabalho na propriedade, os menores viveram no local até o início dos anos de 1940, quando a posição brasileira de combate ao nazismo na Segunda Guerra Mundial e o desprestígio sofrido pelos integralistas junto ao governo de Getúlio Vargas transformou o nazismo e todas as ideologias simpatizantes a ele em um mal a ser combatido. O estudo dá a oportunidade de obter mais informações sobre fatos ainda nebulosos de um período recente da história brasileira.

Quase 10 anos depois de ter entrado em contato com o tema e movido por "uma espécie de dever moral", o historiador decidiu pesquisar o assunto com maior profundidade por meio de um doutorado. "Os sobreviventes já eram velhinhos em idade avançada, e eu julguei que tinha, por causa deles, uma obrigação de realizar a pesquisa. Dessa forma, busquei apoio na Unicamp, em um grupo que trabalha com história da educação. O meu foco não era o nazismo no Brasil, mas sim a coincidência de que um grupo composto apenas por meninos tenha sido retirado de um orfanato na capital do País e levado para uma fazenda em uma região que concentrava forte presença integralista e nazista", explica Aguilar Filho, que, em busca de documentos oficiais e informações históricas e sociais da época, fez diversas viagens por cidades europeias e brasileiras.

Um dos temas de destaque da tese é o contexto social e cultural do período. Por meio de documentos oficiais e reportagens e anúncios publicitários veiculados na Revista da Semana, importante publicação do período, foi possível investigar qual era o papel das crianças na sociedade da época e como esse ambiente possibilitou que meninos sob a tutela do Estado fossem entregues aos cuidados de um único homem, Oswaldo Rocha Miranda, que os levou para a fazenda de sua família.

"Houve a tentativa de entender o imaginário das elites e da classe média carioca que deram suporte para as teorias eugenistas, além da lógica do educandário em entregar 50 meninos a uma pessoa apenas. E para isso, pesquisei através da mídia da época, de intelectuais reconhecidos pela elite brasileira, e encontrei um imaginário tremendamente preconceituoso aos olhos contemporâneos, e uma legislação eugenista, onde havia a justificação do racismo por características fenotípicas, com uma violação dos direitos étnicos", ressalta o historiador.

Aguilar Filho destaca a importância de diferenciar o movimento integralista do nazismo. O contexto histórico brasileiro de práticas higienistas possibilitou a transferência dos 50 meninos à propriedade no interior paulista. Contudo, enquanto o arianismo era central no nazismo, no integralismo ele estava restrito a alguns grupos. Dessa forma, muitos integralistas eram admiradores das ideias políticas e econômicas nazistas, mas não corroboravam com a defesa da raça ariana. "Nazismo e integralismo são coisas diferentes, mas também é importante considerar suas semelhanças nas concepções autoritárias de sociedade e na defesa dos princípios higienistas, por exemplo", destaca.

O historiador exalta o trabalho de outros pesquisadores na relação entre ideologias nazifascistas e elementos culturais e educacionais, como Ana Maria Dietrich, René Gertz e Ediógenes Aragão Santos - que foi sua orientadora na tese.

Segundo o historiador, que entrevistou três dos 50 meninos levados à fazenda no interior paulista, o contato com testemunhas de um fato histórico trouxe à tona dois aspectos principais. "Um deles é a importância de trabalhar questões históricas nas quais existem fontes vivas, o que nos leva às teorias de história oral, uma área com quase 30 anos de pesquisas, mas que ainda precisa caminhar muito. Outro aspecto é o do papel dos sobreviventes na construção da história, que foi fundamental nesta pesquisa", explica. Para ele, a presença de história oral não é um elemento legitimador por si só, mas acredita que, se existem relatos, eles devem ser reconhecidos. "Ao mesmo tempo em que nenhum documento é neutro, nenhum depoimento também é neutro, e a construção da narrativa tem que levar em conta todas essas premissas. Assim, quando há uma fartura de documentos de diversos tipos, associados à memória oral, o processo ganha uma vida especial", afirma.

Durante a relação com os três sobreviventes, o historiador enfrentou uma rejeição inicial, que exigiu que ele lidasse com as memórias de trauma das testemunhas. "O caminho que eu encontrei foi ter acesso ao máximo de documentações escritas e fotográficas possível, para que esses detentores da memória oral não tivessem a responsabilidade de provar o que estavam dizendo", destaca.

Como resultado dessa solução, ao mesmo tempo em que tomava cuidado para contatar primeiramente membros da família dos sobreviventes - que também foram grandes apoiadores da pesquisa - Aguilar Filho conseguiu estabelecer uma relação de mão dupla com os entrevistados. "Ao mesmo tempo em que eu produzia a tese e ajudava eles a lidar com suas memórias, esses relatos também acabaram fortalecendo a pesquisa, dando mais vida ao processo", relata.

Documentário

Já em processo de gravação, em parceria com uma produtora, a tese de doutorado de Aguilar Filho vai parar nas telas. Sem poder adiantar mais detalhes, o historiador apenas afirma que será o roteirista do filme e garante que muitos elementos da pesquisa estarão presentes na produção. "A proposta é de um documentário com alto grau de respeito à pesquisa científica, mas com vida própria, claro; não é uma tese. Temos uma grande preocupação de fidedignidade", diz.

10 de setembro de 2012 • 07h49

Fonte: Cartola/Terra
http://noticias.terra.com.br/educacao/noticias/0,,OI6136519-EI8266,00-Tese+de+doutorado+revela+praticas+nazistas+no+Brasil.html

Ver mais:
Fazenda Nazista - Integralismo e Nazismo
As ligações entre os fascismos - Integralismo e Nazismo

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