sexta-feira, 12 de outubro de 2012
Depoimento de August Becker, Ph.D, inspetor das vans de gaseamento
Himmler queria empregar pessoas que fossem habilitadas, como resultado da suspensão do programa de eutanásia e que, como eu, fossem especialistas em extermínio por gaseamento para operações de gaseamento em larga escala no Leste da Europa, onde isto estava tendo início. A razão para esta decisão é que os homens encarregados dos Einsatzgruppen no Leste europeu estavam reclamando cada vez mais que os pelotões de fuzilamento não poderiam lidar com o estresse psicológico e moral do assassínio em massa indefinidamente. Eu sei que um número de membros desses esquadrões foram enviados a asilos de doentes mentais e por esta razão um novo e melhor método de extermínio teria que ser encontrado. Então em dezembro de 1941 eu comecei a trabalhar na RSHA, Amt H, no departamento de Rauff… o vice de Rauff na época era então Hauptmann Pradel, que mais tarde se tornou major. Embora Pradel também tivesse uma qualificação equivalente na SS que ele mesmo chamava de major. Eu não tive inicialmente qualquer contato pessoal com Rauff.
Quando em Dezembro de 1941 fui transferido para o departamento de Rauff, ele me explicou a situação dizendo que o estresse psicológico e moral sobre os pelotões de fuzilamento não era mais suportável e que, portanto, o programa de gaseamento tinha que ser iniciado. Ele disse que as vans de gás com motoristas já estavam a caminho ou de fato já tinham alcançado dos Einsatzgruppen. Minha breve profissional era inspecionar o trabalho dos indivíduos do Einsatzgruppen no Leste europeu em conexão com as vans de gás. Isso queria dizer que eu tinha de garantir que os assassinatos em massa realizados nos caminhões procediam corretamente. Eu tinha de prestar atenção especial ao funcionamento mecânico dessas vans. Eu gostaria de mencionar que havia dois tipos de furgões de gás em operação: a Blitz Opel, pesando 3-5 toneladas, e a grande Saurerwagen, que, tanto quanto sei pesava 7 toneladas. No meio de dezembro de 1941, por instruções de Rauff, eu parti para o Leste europeu para pegar o Einsatzgruppe A (Riga) .. para inspecionar seus Einsatzwagen [veículos especiais] ou vans de gás.
Em 14 de dezembro de 1941, no entando, sofri um acidente de carro em Deutsch-Eylau. Como consequência deste acidente, fui enviado para Hospital Católico em Deutsch-Eylau e em virtude minha recuperação recebi alta hospitalar em 23 ou 24 de dezembro de 1941. Tenho certeza disso porque passei o Natal com minha família em Berlim.
Em 4 ou 5 de janeiro de 1942, recebi uma mensagem de Rauff me pedindo para me dirigir a ele. Ao me dirigir a ele fui instruído a partir imediatamente. Desta vez eu viajava diretamente para o Einsatzgruppe D no sul (Otto Ohlendorf) em Simferopol. Inicialmente era para eu ter viajado de avião, mas isso não deu certo por causa das condições climáticas de frio. Eu, portanto, parti de trem em 5 ou 6 de janeiro viajando através de Cracóvia e Fastov para Nikolayev. De lá eu voei no avisão do Reichsführer para Simferopol na Criméia. A viagem durou cerca de três semanas e eu relatei ao chefe do Einsatzgruppe D, Otto Ohlendorf, em algum dia de janeiro. Fiquei com este grupo até o início de abril de 1942 e, em seguida, visitei cada Einsatzgruppe até chegar ao Grupo A, em Riga.
Em Riga eu aprendi com o Standartenführer Potzelt, vice-comandante da Polícia de Segurança e SD em Riga, que a operação Einsatzkommando em Minsk precisava de algumas vans de gás adicionais já que não consegui operar as três vans existentes que tinha. Ao mesmo tempo, eu também aprendi com Potzelt que havia um campo de extermínio judeu em Minsk. Eu voei para Minsk de helicóptero, correção, num Storch Fieseler pertencente ao Einsatzgruppe. Viajando comigo estava o Hauptsturmführer Rühl, o chefe do campo de extermínio em Minsk, com quem eu tinha discutido negócios em Riga. Durante a viagem, Rühl me propôs que eu fornecesse vans adicionais, uma vez que não poderia prosseguir com os extermínios. Como eu não era responsável pela ordenação de vans de gás, sugeri a Rühl que se dirigisse ao escritório de Rauff.
Quando vi o que estava acontecendo em Minsk - que as pessoas de ambos os sexos estavam sendo exterminados em massa - eu não agüentava mais ver isso e três dias depois, talvez em setembro de 1942, viajei de volta por caminhão via Varsóvia à Berlim.
Eu tinha a intenção de informar a Rauff em seu escritório em Berlim. No entanto, ele não estava lá. Em vez disso, fui recebido por seu vice, Pradel, que tinha sido neste período promovido a Major. ... Em uma conversa privada com duração de cerca de uma hora na qual eu descrevi para Pradel o método de trabalho das vans de gás e críticas sobre o fato de que os criminosos não tinham sido gaseados, mas haviam sido sufocados porque os operadores tinham ajustado o motor de forma incorreta. Eu disse a ele que as pessoas tinham vomitado e defecavam. Pradel me escutou sem dizer uma palavra. No final da entrevista ele simplesmente me disse para escrever um relatório detalhado sobre o assunto. Por fim, ele me disse para ir ao escritório do caixa para liquidar as despesas que haviam incorridas durante minha viagem.
Fonte: Ernst Klee, Willi Dressen e Volker Riess (editores), The Good Old Days, tradução (para o inglês) de Deborah Burnstone, 1991 Konecky & Konecky, Old Saybrook, CT, pág. 68-71, da afirmação de Becker em 26.3.60 (9 AR Z 220/59, vol. I, pág. 194 ff.)
Fonte: Holocaust Controversies
http://holocaustcontroversies.yuku.com/topic/1646/Statement-by-August-Becker-Ph-D-Gas-Van-Inspector
Material de: Roberto Muehlenkamp
Tradução: Roberto Lucena
*Observação: no texto em inglês os primeiros três parágrafos deste texto são um só parágrafo. Dividi o parágrafo em três no intuito de tornar a leitura mais fácil.
segunda-feira, 30 de maio de 2011
Evidências de Implantação da Solução Final por Christopher R. Browning (Einsatzgruppen)
Capítulo 2 – Einsatzgruppen
5.2.3.1 Em 16 de Maio de 1942, o Dr. August Becker apresentou um relatório secreto a Walter Rauff respeito da visita de inspeção das vans de gás a ser utilizado pelos Einsatzgruppen. Os caminhões Saurer modelo grande com Einsatzgruppen C e D, ele reportou, poderiam viajar em estradas de terra somente em tempo seco e foram inúteis após chuva. Além disso, o terreno acidentado tinha afrouxado as vedações e rebites, de modo que muitos caminhões mais herméticos. Os caminhões do Einsatzgruppen D se tornaram mais conhecidos da população civil que se referiam a eles como “caminhões da morte”.(Todeswagen) Eles disfarçavam pintando as janelas laterais, mas eles não achavam que este subterfúgio iria preservar o sigilo por muito tempo.
No entanto, os maiores problemas com as vans de gás, segundo o relatório de Becker, não eram técnicos. Os homens sofreram “enormes danos emocionais e problemas de saúde” (ungeheure seelische und gesundheitliche Schäden) e queixavam-se de dores de cabeça após cada desembarque. “O gaseamento, sem exceção é realizado corretamente. Para terminar o trabalho o mais rápido possível, os motoristas, sem exceção, abrem o acelerador ao máximo. Por esta razão, aqueles que são executados sofrem com a morte por asfixia, e não, como se pretendia, descansar em paz.” O resultado foi medonho – rostos horrivelmente distorcidos e os corpos cobertos de excremento e vômito. (verzerrte Gesichter und Ausscheidungen)(103)
Apesar desses problemas, as vans de gás ainda continuavam com demanda. O chefe da Polícia de Segurança em Riga reportou em meados de Junho de 1942, um mês após o relatório de Becker, que na Bielorússia ocupada pelos alemães “um transporte de Judeus chega semanalmente e são submetidos a tratamento especial. Os três caminhões especiais que tinham em mãos não eram suficientes para este fim!” Então ele pediu um Saurer modelo grande para ao outro Saurer e aos dois caminhões Diamante do modelo pequeno.(104)
Notas:
(103) – Documento de Nuremberg 501-PS, Becker para Rauff, 16.5.42, publicado em: IMT, vol. 26, pp.103-5. (Die Vergasung wird durchweg nicht richtig vorgenommen. Um die Aktion möglich schnell zu beenden, geben die Fahrer durchweg Vollgas. Durch diese Massnahme erleiden die zu Exekutierenden den Erstickungstod und nicht wie vorgesehen, den Einschläferungstod.)
(104) - 501-PS, BdS Ostland para RSHA, II D 3 a, 15.6.42, publicado em: IMT, vol. 26, pp.106-7. (trifft woechentlich ein Judentransport ein, der einer Sonderbehandlung zu unterziehen ist. Die 3 dort vorhandenen S-Wagen reichen fuer diesen Zweck nicht aus!)
Fonte: Holocaust Denial On Trail (Christopher Browning Report)
Link: http://www.holocaustdenialontrial.com/en/trial/defense/browning/523.0
Tradução: Leo Gott