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sexta-feira, 12 de outubro de 2012

Depoimento de August Becker, Ph.D, inspetor das vans de gaseamento

Até cerca de 1941 eu estava envolvido com o programa de eutanásia em Oberdienstleiter no departamento de Viktor Brack na Chancelaria do Führer. Eu estive trabalhando como um especialista em processos de gaseamento para extermínio de gente mentalmente doente nos asilos e sanatórios. Desde que esta ação foi suspensa por um curto tempo - não sei porque - antes que eu fosse transferido para a RSHA em Berlim como resultado de uma conversa privada entre o Reichsführer SS Himmler e o Oberdienstleiter Brack.*

Himmler queria empregar pessoas que fossem habilitadas, como resultado da suspensão do programa de eutanásia e que, como eu, fossem especialistas em extermínio por gaseamento para operações de gaseamento em larga escala no Leste da Europa, onde isto estava tendo início. A razão para esta decisão é que os homens encarregados dos Einsatzgruppen no Leste europeu estavam reclamando cada vez mais que os pelotões de fuzilamento não poderiam lidar com o estresse psicológico e moral do assassínio em massa indefinidamente. Eu sei que um número de membros desses esquadrões foram enviados a asilos de doentes mentais e por esta razão um novo e melhor método de extermínio teria que ser encontrado. Então em dezembro de 1941 eu comecei a trabalhar na RSHA, Amt H, no departamento de Rauff… o vice de Rauff na época era então Hauptmann Pradel, que mais tarde se tornou major. Embora Pradel também tivesse uma qualificação equivalente na SS que ele mesmo chamava de major. Eu não tive inicialmente qualquer contato pessoal com Rauff.

Quando em Dezembro de 1941 fui transferido para o departamento de Rauff, ele me explicou a situação dizendo que o estresse psicológico e moral sobre os pelotões de fuzilamento não era mais suportável e que, portanto, o programa de gaseamento tinha que ser iniciado. Ele disse que as vans de gás com motoristas já estavam a caminho ou de fato já tinham alcançado dos Einsatzgruppen. Minha breve profissional era inspecionar o trabalho dos indivíduos do Einsatzgruppen no Leste europeu em conexão com as vans de gás. Isso queria dizer que eu tinha de garantir que os assassinatos em massa realizados nos caminhões procediam corretamente. Eu tinha de prestar atenção especial ao funcionamento mecânico dessas vans. Eu gostaria de mencionar que havia dois tipos de furgões de gás em operação: a Blitz Opel, pesando 3-5 toneladas, e a grande Saurerwagen, que, tanto quanto sei pesava 7 toneladas. No meio de dezembro de 1941, por instruções de Rauff, eu parti para o Leste europeu para pegar o Einsatzgruppe A (Riga) .. para inspecionar seus Einsatzwagen [veículos especiais] ou vans de gás.

Em 14 de dezembro de 1941, no entando, sofri um acidente de carro em Deutsch-Eylau. Como consequência deste acidente, fui enviado para Hospital Católico em Deutsch-Eylau e em virtude minha recuperação recebi alta hospitalar em 23 ou 24 de dezembro de 1941. Tenho certeza disso porque passei o Natal com minha família em Berlim.

Em 4 ou 5 de janeiro de 1942, recebi uma mensagem de Rauff me pedindo para me dirigir a ele. Ao me dirigir a ele fui instruído a partir imediatamente. Desta vez eu viajava diretamente para o Einsatzgruppe D no sul (Otto Ohlendorf) em Simferopol. Inicialmente era para eu ter viajado de avião, mas isso não deu certo por causa das condições climáticas de frio. Eu, portanto, parti de trem em 5 ou 6 de janeiro viajando através de Cracóvia e Fastov para Nikolayev. De lá eu voei no avisão do Reichsführer para Simferopol na Criméia. A viagem durou cerca de três semanas e eu relatei ao chefe do Einsatzgruppe D, Otto Ohlendorf, em algum dia de janeiro. Fiquei com este grupo até o início de abril de 1942 e, em seguida, visitei cada Einsatzgruppe até chegar ao Grupo A, em Riga.

Em Riga eu aprendi com o Standartenführer Potzelt, vice-comandante da Polícia de Segurança e SD em Riga, que a operação Einsatzkommando em Minsk precisava de algumas vans de gás adicionais já que não consegui operar as três vans existentes que tinha. Ao mesmo tempo, eu também aprendi com Potzelt que havia um campo de extermínio judeu em Minsk. Eu voei para Minsk de helicóptero, correção, num Storch Fieseler pertencente ao Einsatzgruppe. Viajando comigo estava o Hauptsturmführer Rühl, o chefe do campo de extermínio em Minsk, com quem eu tinha discutido negócios em Riga. Durante a viagem, Rühl me propôs que eu fornecesse vans adicionais, uma vez que não poderia prosseguir com os extermínios. Como eu não era responsável pela ordenação de vans de gás, sugeri a Rühl que se dirigisse ao escritório de Rauff.

Quando vi o que estava acontecendo em Minsk - que as pessoas de ambos os sexos estavam sendo exterminados em massa - eu não agüentava mais ver isso e três dias depois, talvez em setembro de 1942, viajei de volta por caminhão via Varsóvia à Berlim.

Eu tinha a intenção de informar a Rauff em seu escritório em Berlim. No entanto, ele não estava lá. Em vez disso, fui recebido por seu vice, Pradel, que tinha sido neste período promovido a Major. ... Em uma conversa privada com duração de cerca de uma hora na qual eu descrevi para Pradel o método de trabalho das vans de gás e críticas sobre o fato de que os criminosos não tinham sido gaseados, mas haviam sido sufocados porque os operadores tinham ajustado o motor de forma incorreta. Eu disse a ele que as pessoas tinham vomitado e defecavam. Pradel me escutou sem dizer uma palavra. No final da entrevista ele simplesmente me disse para escrever um relatório detalhado sobre o assunto. Por fim, ele me disse para ir ao escritório do caixa para liquidar as despesas que haviam incorridas durante minha viagem.

Fonte: Ernst Klee, Willi Dressen e Volker Riess (editores), The Good Old Days, tradução (para o inglês) de Deborah Burnstone, 1991 Konecky & Konecky, Old Saybrook, CT, pág. 68-71, da afirmação de Becker em 26.3.60 (9 AR Z 220/59, vol. I, pág. 194 ff.)

Fonte: Holocaust Controversies
http://holocaustcontroversies.yuku.com/topic/1646/Statement-by-August-Becker-Ph-D-Gas-Van-Inspector
Material de: Roberto Muehlenkamp
Tradução: Roberto Lucena

*Observação: no texto em inglês os primeiros três parágrafos deste texto são um só parágrafo. Dividi o parágrafo em três no intuito de tornar a leitura mais fácil.

quarta-feira, 28 de julho de 2010

Vídeo recria destruição de Varsóvia durante 2ª Guerra Mundial

Simulação quer educar a nova geração sobre destruição que aconteceu na Polônia

Uma simulação de cinco minutos ajuda a educar a nova geração sobre a destruição da cidade de Varsóvia, na Polônia, ocorrida durante de Segunda Guerra Mundial (1939-1945).

O vídeo foi produzido por 40 especialistas, que demoraram dois anos para finalizá-lo. Ele documenta, utilizando recursos do cinema em três dimensões (3D), os chocantes escombros a que Varsóvia foi reduzida pela Alemanha Nazista, durante a tentativa de extermínio de judeus.

Os produtores usaram imagens históricas para criar uma simulação de um voo sobre a cidade no início de 1945, que mostra colapso de pontes, casas queimadas sem telhado, e o Gueto de Varsóvia, que concentrou maior comunidade judaica na época do Holocausto.

Jan Oldakowski, o diretor do Museu do Levante de Varsóvia (Warsaw Uprising Museum), diz que o vídeo, legendado em polonês, é destinado principalmente para os jovens que não percebem o grau de destruição da maior cidade da Polônia entre 1939 e 1945.

Vídeo: Miasto ruin. Przelot nad zburzoną Warszawą w kwietniu 1945.
http://www.youtube.com/watch?v=HHYo8HBTHVA


Fonte: R7
http://noticias.r7.com/internacional/noticias/filme-recria-destruicao-de-varsovia-durante-2-guerra-mundial-20100728.html

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Auschwitz: Danuta Terlikowska foi mort com uma injeção de fenol no coração

Auschwitz Memorial / Muzeum Auschwitz. 29 de outubro de 2012

Fotografia de campo de Danuta Terlikowska.
Em 29 de outubro de 1942, a enfermeira Danuta Terlikowska, de 21 anos, foi assassinada com uma injeção cardíaca de fenol. Ela foi transportada para o campo de Auschwitz em 25 de agosto de 1942 vinda da prisão de Pawiak em Varsóvia. Ela recebeu o número de campo 18294. Danuta Terlikowska, membro de uma organização clandestina, foi presa em Varsóvia enquanto limpava armas de fogo. Ela chegou a Auschwitz com sentença de morte. Na certidão de óbito oficial do campo a causa de sua morte foi descrita como pneumonia.

Foto: Arquivo do Museu de Auschwitz/Archiwum Muzeum Auschwitz (Polônia)

Fonte: Página do Museu de Auschwitz no Facebook

Tradução: Roberto Lucena

https://www.facebook.com/auschwitzmemorial/posts/10151662262466097

segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

Museu de Auschwitz precisa de dinheiro para sobreviver

Varsóvia, 26 Jan (Lusa) - O museu do campo de concentração de Auschwitz precisa urgentemente de dinheiro para garantir a sua conservação, o que leva os responsáveis a garantir que sem uma entrada de cem milhões de euros tem "um futuro incerto".

"A ajuda internacional é a única fórmula para conservar o que resta", afirmou o representante do Conselho de Auschwitz e ex-prisioneiro nas instalações durante a II Guerra Mundial Wladyslaw Bartoszewski em declarações a um jornal local.

Para Bartoszewski, um lugar com a importância de Auschwitz, considerado um dos monumentos mais importantes para a memória histórica do mundo, deveria receber mais apoios de organismos internacionais pela sua relevância já que os custos de manutenção são muito elevados.

O apoio estrangeiro já existe mas situa-se na ordem dos cerca de 250 mil euros anuais, muito menos que o necessário para manter de pé esta memória do Holocausto.

Desde que o museu de Auschwitz foi criado, há mais de 60 anos, o estado polaco assume praticamente a totalidade dos custos, com um subsídio anual de cerca de 4,4 milhões de euros.

Segundo Piotr Cywinski, o diretor do museu, "se quiséssemos arranjar os telhados, não seriam precisos mais de 15 mil euros, mas trata-se de revelar e proteger a História".

O diretor é o primeiro a admitir que a instituição se debate com uma tremenda falta de dinheiro.

O museu de Auschwitz foi declarado Patrimônio da Humanidade, pela UNESCO, em 1979. Em 2008, foi visitado por mais de um milhão de pessoas.

Fonte: Lusa
http://aeiou.expresso.pt/gen.pl?p=stories&op=view&fokey=ex.stories/494056

terça-feira, 20 de janeiro de 2009

Mais de 1 milhão visitaram Auschwitz em 2008

Varsóvia, 19 jan (EFE).- Mais de 1,1 milhões de pessoas visitaram em 2008 o campo de concentração de Auschwitz-Bierkenau, ao sul da Polônia, dos quais cerca de 700 mil foram jovens interessados conhecer o local onde a barbárie nazista assassinou cerca de 1 milhão de judeus na 2ª Guerra Mundial.

Apesar dos bons dados, o número de visitantes não foi tão alto quanto o registrado em 2007, quando superou todos os recordes, com mais de 1,2 milhões de entradas, segundo reconheceu hoje a direção do centro de Auschwitz.

A maioria dos visitantes foi de poloneses (mais de 400 mil), seguidos pelos britânicos (110 mil), americanos (75 mil), alemães (60 mil) e israelenses (45 mil).

O museu de Auschwitz-Birkenau foi aberto em 1947, no antigo campo de concentração, o maior do nazismo, onde entre 1940 e 1945 foram assassinados 1,1 milhões de pessoas, sendo 90% judeus.

O campo foi declarado Patrimônio da Humanidade pela Unesco em 1979, passando a ser um dos principais símbolos do Holocausto no mundo todo. EFE

Fonte: EFE/G1
http://g1.globo.com/Noticias/Mundo/0,,MUL962137-5602,00-MAIS+DE+MILHAO+VISITARAM+AUSCHWITZ+EM.html

Foto: BBC
Um ex-prisioneiro, Michnol Jerzy, mostra fotos de seus parentes enquanto ele atravessa o campo.
http://news.bbc.co.uk/2/hi/in_pictures/5026046.stm#

quinta-feira, 27 de novembro de 2008

Polônia homenageia cidadãos que salvaram judeus na 2ª Guerra

Varsóvia, 17 nov (EFE).- O presidente polonês, Lech Kaczynski, concederá hoje a ordem Polônia Restituta, a distinção mais importante do país, a 70 cidadãos que salvaram da morte judeus durante a Segunda Guerra Mundial.

O ato, que acontecerá esta noite no Teatro Nacional de Varsóvia, pretende lembrar o povo polonês da existência de heróis esquecidos, pessoas anônimas que arriscaram a vida para ajudar judeus.

Durante os anos de Governo comunista ninguém reconheceu as façanhas desses homens e mulheres, o que fez com que pessoas como Irena Sendler, enfermeira polonesa que salvou da morte 2.500 crianças hebréias, permanecessem no anonimato até a chegada da democracia.

Segundo explicou à imprensa o responsável pelas relações polono-judias do escritório presidencial, Ewa Junczyk-Ziomecka, a distinção é extensiva a todos os que se esforçaram na época para salvar do Holocausto a população judaica.

Durante a Segunda Guerra Mundial, morreram cerca de seis milhões de poloneses, dos quais três milhões eram judeus, vítimas em sua maioria de campos de concentração como o de Auschwitz.

Fonte: EFE/G1
http://g1.globo.com/Noticias/Mundo/0,,MUL865133-5602,00.html
Foto: Consul Geral Krzysztof W. Kasprzyk, Ewa Junczyk-Ziomecka, Rabbi Meir Lau, e ex-prefeito Ed Koch na celebração da condecoração do herói da Segunda Guerra Jan Karski.
Texto sobre o evento(inglês):
http://www.hamptons.com/detail.ihtml?id=2255&apid=4866&sid=6&cid=53&arc=1

quarta-feira, 19 de março de 2008

Os Estados Unidos e o Holocausto

O resgate dos refugiados não era uma prioridade do governo dos Estados Unidos. Não era tampouco sempre claro aos líderes Aliados como se poderia levar a cabo um resgate de grande escala das linhas alemãs. Por causa em parte do anti-semitismo, o isolamento, a Depressão e a xenofobia, a política para com os refugiados do departamento de Estado dos Estados Unidos (a cargo do Secretário de Estado Cordell Hull) lhes fora dificultada a conseguir vistos de entrada.

O departamento de Estado também demorou em publicar os relatórios de genocídio. Em agosto de 1942, o departamento de Estado recebeu um telegrama confirmando os planos nazis para assassinar os judeus europeus. O relatório, enviado por Gerhart Riegner (o representante em Genebra do Congresso Judaico Mundial), não foi disseminado. O departamento de Estado pediu ao rabino americano Stephen Wise, que também havia recebido o relatório, que se abstivesse de anunciá-lo. As reportagens das atrocidades nazis a miúde não eram recolhidos pela imprensa americana. Em 1943, o mensageiro polonês Jan Karski informou ao presidente Franklin D. Roosevelt sobre as notícias de assassinatos em massa recebidas por líderes judeus no gueto de Varsóvia. Nenhuma ação foi tomada.

Em 19 de abril de 1943, representantes dos Estados Unidos e Grã-Bretanha se reuniram em Bermuda para resolver o problema dos refugiados. Nenhuma proposta significativa foi considerada na Conferência de Bermuda. Em janeiro de 1944, Roosevelt estabeleceu a Junta para os Refugiados de Guerra como parte do departamento do Tesouro para facilitar o resgate de refugiados em perigo. Fort Ontario em Nova York começou a servir ostensivamente como um porto livre para os refugiados. Mas os refugiados que chegavam a Fort Ontario não eram das áreas ocupadas pelos nazis, se não das zonas liberadas.

Já na primavera de 1944, os Aliados sabiam dos gaseamentos em Auschwitz-Birkenau. Os líderes judeus suplicaram sem sucesso ao governo estadunidense que bombardeasse as câmaras de gás e vias(ferrovias) de trem que chegavam ao campo. Desde 20 de agosto até 13 de setembro de 1944, a força aérea dos Estados Unidos bombardeou o complexo industrial de Auschwitz-Monowitz, menos de cinco milhas das câmaras de gás em Birkenau. Não obstante os Estados Unidos mantiveram sua política de não-participação no resgate, e não bombardearam nem as câmaras de gás e nem as vias de trem usadas para transportar prisioneiros.

Foto: Cartaz anti-semita que equipara os judeus com o comunismo. Estados Unidos, 1939.
— Jewish War Veterans Museum
http://www.ushmm.org/wlc/media_ph.php?lang=sp&ModuleId=10005762&MediaId=3390

Fonte: USHMM(United States Holocaust Memorial Museum)
http://www.ushmm.org/wlc/article.php?lang=sp&ModuleId=10005762
Tradução: Roberto Lucena

quarta-feira, 30 de janeiro de 2008

Polônia lembra as vítimas de Auschwitz-Birkenau

Polônia lembra as vítimas de Auschwitz-Birkenau no Dia do Holocausto
da Efe, em Varsóvia

Milhares de poloneses lembraram neste domingo o Dia Internacional em Memória das Vítimas do Holocausto, por ocasião do 63º aniversário da libertação do campo de extermínio nazista de Auschwitz-Birkenau, em 27 de janeiro de 1945.

Um bonde vazio percorreu as ruas do antigo gueto de Varsóvia em uma homenagem aos judeus que morreram na capital polonesa durante a ocupação alemã.

Também se prestou uma homenagem aos poloneses e ciganos que foram assassinados em Auschwitz-Birkenau, assim como os 200 soldados soviéticos que perderam a vida há 63 anos no combate pela libertação do campo de concentração.

Quando começou a batalha, ainda havia no campo 9.000 presos, entre eles 500 crianças, doentes e famintos que os alemães se negaram a retirar porque acreditavam que atrasariam o avanço das colunas de prisioneiros.

Os presos seriam mortos pela guarnição do campo, mas o ataque lançado pelos soldados soviéticos impediu o extermínio total.

No entanto, os nazistas conseguiram assassinar 700 presos, dos quais 200 foram queimados vivos em barracos próximos a uma mina de carvão na qual trabalhavam como escravos.

Os alemães ainda tentaram apagar as provas de seus crimes, explodindo dois crematórios em 20 de janeiro, poucas horas antes da entrada dos soldados soviéticos no crematório 5.

Em 27 de janeiro de 1945, antes do meio-dia, os membros do Primeiro Exército da Frente Ucraniana entraram no campo de Auschwitz-Birkenau e libertaram cerca de 7 mil presos.

Os nazistas assassinaram neste campo de concentração, desde sua criação, em 1940, até sua libertação, em 1945, cerca de 2 milhões de pessoas de 30 nacionalidades, entre elas 1,4 milhão de judeus.

Na segunda-feira ocorrerão os principais atos em lembrança das vítimas do Holocausto, com shows, palestras e eventos oficiais.

Fonte: EFE/Folha(27.01.2008)
http://www1.folha.uol.com.br/folha/mundo/ult94u367385.shtml

quarta-feira, 7 de novembro de 2007

Brandt de joelhos em Varsóvia

1970: Brandt de joelhos em Varsóvia

No dia 7 de dezembro de 1970, o chanceler federal Willy Brandt e seu ministro do Exterior, Walter Scheel, assinaram na capital da Polônia o acordo de normalização das relações teuto-polonesas, o Acordo de Varsóvia.

(Foto)Gesto do chanceler alemão na Polônia entrou para a história


Ao se ajoelhar diante do memorial às vítimas do nazismo no Gueto de Varsóvia, o gesto de Willy Brandt entrou para a história como símbolo da busca alemã pela reconciliação.

Os nazistas haviam encurralado meio milhão de judeus no Gueto de Varsóvia. Até que em abril de 1943 aconteceu o levante, reprimido violentamente pelas tropas de Hitler. Poucos sobreviventes restaram para contar a história. A queda de joelhos do chefe de governo Willy Brandt (o primeiro chanceler social-democrata do pós-guerra) e o silêncio que se seguiu – interrompido apenas pela chuva de flashs fotográficos – repercutiram no mundo como um símbolo de arrependimento, pedido de perdão e tentativa de reconciliação da Alemanha.

Dentro do país, entretanto, Brandt foi até xingado. Grande parte da população considerou a atitude exagerada. Os conservadores chegaram a xingá-lo de traidor e entreguista, de estar entrando no jogo dos soviéticos, que pretendiam açambarcar também o lado ocidental da Alemanha. Brandt, por seu lado, justificou que seu gesto foi completamente espontâneo, levado pela consternação de não poder expressar em palavras o que sentia no momento.

Para muitos, a derrocada da Cortina de Ferro começou com o sindicato Solidariedade na Polônia e a queda do Muro de Berlim, em 1989. O primeiro embaixador polonês na Alemanha reunificada, Janusz Reiter, por seu lado, considera que a partir de 1989 começou uma nova era política, semeada em 1970 com a reconciliação teuto-polonesa.

Acordo de normalização de relações

Vinte e cinco anos depois do final da 2ª Guerra, a viagem de Brandt à Polônia de regime comunista foi um tema extremamente controvertido na Alemanha. O objetivo era a assinatura do tratado de normalização das relações entre os dois países, que seria seguido de um acordo no mesmo sentido entre a Alemanha e a União Soviética.

Um dos aspectos importantes do Acordo de Varsóvia consistia no reconhecimento pelo governo de Bonn da fronteira ao longo da linha formada pelos rios Oder e Neisse. Um duro golpe para milhões de alemães desterrados que moravam ali antes da guerra.

A coragem e espontaneidade de Willy Brandt naquele 7 de dezembro de 1970 foram apenas um dos motivos que lhe valeram o Prêmio Nobel da Paz do ano seguinte. Um caso de espionagem em seu gabinete causou sua renúncia, em 1974. Na opinião de John Dew, autor de um projeto da peça A Queda de Joelhos em Varsóvia, Brandt tornou-se figura-guia na história do pós-guerra, por ter expressado o desespero, a tristeza e a sensação de impotência das pessoas naquela época. Brandt teve visão e esta visão ajudou a superar a Guerra Fria", conclui Dew.

Volker Wagener(rw)

Fonte: Deutsche Welle
http://www.dw-world.de/dw/article/0,1564,704988,00.html
Revisitar o Holocausto(coleta de textos jornalísticos publicados sobre o Holocausto)

segunda-feira, 6 de agosto de 2007

O Pianista(entrevista coletiva do filme - Varsóvia)

Entrevista coletiva à imprensa em Varsóvia
O depoimento do cineasta foi dado à imprensa em Varsóvia, Polônia, em 28 de Março de 2001, quando ainda filmava "O Pianista"

- Por que você ficou tão atraído pelo livro de Wladyslaw Szpilman? O que havia nele de tão importante e por que, como você mesmo disse, acredita neste filme como não acreditou em nenhum outro antes?

Roman Polanski: Este livro descreve os eventos que lembro de minha juventude. Por muitos anos, planejei fazer um filme sobre esta época, mas não conseguia encontrar o assunto certo, a história certa. O livro de Szpilman não é mais um capítulo da história sobre o martírio judeu que todos conhecemos. O livro descreve esses eventos sob o ponto de vista de um homem que viveu nele. Ele mostra a realidade dessa época com uma objetividade fria e surpreendente. Existem no livro poloneses maus e poloneses decentes, judeus maus e judeus decentes, alemães maus e alemães decentes. Como sabemos, o livro foi escrito logo depois da guerra e, talvez por isso, ele seja tão
verdadeiro, diferente do que foi escrito 20, 30 anos depois da guerra. Assim que li os primeiros capítulos soube que aquele seria o tema do meu próximo filme.

- O Sr. Ronald Harwood, co-autor do roteiro, disse: "A contribuição de Roman Polanski ao roteiro foi enorme. Muitas soluções, que ninguém mais teria pensado, foram tiradas de suas próprias experiências." Até que ponto este filme é sua criação pessoal?

R.P.: Veja, por muitas vezes, li coisas que poderiam ou não ser o tema de um filme como este, mas estavam sempre muito próximos das minhas experiências da guerra. Não era isso que eu queria. Neste aqui, entretanto, temos a descrição do gueto de Varsóvia, eu estava
no gueto de Cracóvia, o que significa que eu vivi naquele período, que conheci os alemães da época, bem como os judeus e poloneses. Ao mesmo tempo, poderia usar a minha própria experiência enquanto escrevia o roteiro, sem torná-lo biografia. Era tudo o que queria
evitar. Foi fácil para mim trabalhar neste roteiro, porque ele não estava relacionado aos eventos, ruas e pessoas que eu me lembro da época.

- Falando de Ronald Harwood, qual foi o motivo que o levou a escolhê-lo para escrever o roteiro, considerando que ele é um dramaturgo muito conhecido?

R.P.: Precisava de alguém que soubesse como escrever este tipo de roteiro, isto é, alguém que já tivesse alguma experiência no assunto. Ronald Harwood já escreveu peças e roteiros relacionados a este período na história. Eu o admiro enormemente tanto como escritor quanto dramaturgo, principalmente por suas peças, a já mencionada O Fiel Camareiro (The Dresser) e... não me lembro do título em polonês da outra peça, Taking Sides, que foi recentemente montada em Varsóvia. É uma peça sobre Furgwegler, o condutor que foi acusado de
colaboração com os nazistas. Qual é o título mesmo? "Za i przeciw". Depois de assistir a esta peça, grande sucesso em Paris do ano passado, que me convenci de que ele era perfeito para o trabalho.

- Você disse muitas vezes que tratou a história contada em O PIANISTA de forma muito pessoal. Você planeja dar seu testemunho, aparecendo pessoalmente em alguma das cenas?

R.P.: Absolutamente não. Quero que tudo no filme pareça o mais realista possível. Fazer aparições em filmes é uma das características de Hitchcock e... isto deixa no ar uma sensação de uma brincadeira pessoal, o que quero evitar neste tema em particular. É claro que seria simbólico, mas já que sou conhecido e as pessoas costumam me reconhecer pelas ruas, provavelmente provocaria conotações enganosas. Todos logo dirão: "É o Polanski, o Polanski!", prefiro evitar.

- Qual foi o maior desafio de seu filme?

R.P.: Provavelmente todos sabem que interpretar é, de certa forma, uma profissão pouco saudável. Isso porque a verdadeira interpretação requer a vivência do papel. Quando você diz isso a pessoas que não entendem muito sobre interpretação, elas normalmente reagem com um sorriso condescendente. Mas como alguém que tem experiência nesta profissão, posso garantir que é totalmente viciante. Um bom ator, que incorpora realmente o que interpreta, vive o seu papel por 12, 14, ou, como foi no nosso caso, 16 semanas até o final, raramente sai ileso.

- Falando nisso, como você imaginou o ator para interpretar o papel principal? Que características especiais queria? E como procurou e o que o fez escolher o Sr. Adrien Brody?

R.P.: Posso lhe dizer uma coisa com certeza: nunca procurei semelhança física, porque na minha opinião, isso não importava. O que eu queria era um ator que se encaixasse no personagem que tinha em mente enquanto escrevia o roteiro com Ronald Harwood. Era muito
importante que ele não fosse uma celebridade, um ator muito conhecido, pela mesma razão que já falei antes com relação a minha participação no filme. Foi por isso que decidimos, desde o começo, tentar encontrar um ator iniciante. Mas já que o filme seria filmado na Inglaterra, precisávamos de alguém que falasse inglês fluentemente. Então, procuramos em Londres, por talentos ainda não descobertos. Fizemos o casting lá. Os organizadores ficaram surpresos
ao ver tantos candidatos; 1.400 pessoas se candidataram, dentre eles algumas mulheres, alguns chineses, alguns negros, etc. Depois dos testes, percebemos que seria difícil encontrar alguém sem nenhuma experiência; então, começamos a procurar entre os atores rofissionais. Não encontrei ninguém na Inglaterra, então resolvi ampliar a minha busca. A América era a escolha óbvia, pois como todos sabem, fala-se inglês fluentemente lá.

- Quando se lê O PIANISTA, tem-se a impressão que Szpilman se culpa por não tentar encontrar Hosenfeld, o oficial alemão. Você concorda com isso? E neste caso, há algum momento de hesitação em seu filme, enfatizando a tragédia do oficial alemão?

R.P.: Há um momento assim no filme, mas não concordo que Szpilman tenha tido algum tipo de arrependimento, ou tenha se culpado. Na minha opinião, a questão é a expressão de sua modéstia. Como sabemos, le fez tudo que pode para salvar a vida de Hosenfeld. Ele até
recorreu às autoridades comunistas e não teve sucesso, é claro. Todos sabem que era uma causa perdida. Nós também sabemos que ele foi procurado pela família de Hosenfeld e que eles tiveram contato. Creio que a família esteve em Varsóvia duas vezes. A propósito, nós também procuramos o filho de Hosenfeld em Berlim.

- Como você ajudou o seu ator a entender a realidade mostrada no filme, a atmosfera da época?

R.P.: É difícil de explicar verbalmente. Você teria de ir até o set e ver como é feito. Depende do momento, da cena e, é claro, do autor. Não quero falar demais sobre Adrien aqui, para que não vire uma troca de elogios. Ia virar o próprio clubinho de elogios mútuos. Espero que
o filme chegue em breve aos cinemas poloneses e que vocês possam assistir.

- Gostaria de perguntar sobre o impacto psicológico ao realizar este filme. Como se sentiu filmando na Polônia? Sei que é o seu primeiro filme realizado aqui depois de A Faca na Água Este fato dá um toque diferente, principalmente quando o tema central do filme está
enraizado em suas próprias experiências? Ele é totalmente diferente de "O Último Portal". Como se você preparou emocionalmente para isto?

R.P.: Não precisei me preparar, foi suficiente ler o livro para voltar imediatamente àqueles momentos, psicologicamente falando. Voltar fisicamente, sem dúvida, ajuda, o idioma polonês, os costumes poloneses, a atmosfera do país, etc. Tudo aconteceu automaticamente.
Devo admitir, entretanto, que filmar com alemães em Berlim foi muito mais fácil para nós. Ao ouvir os alemães gritarem e ao vê-los vestidos em seus uniformes, dei-me conta que não poderia filmar em outro lugar que não fosse a Polônia.

- Deve ter sido uma experiência significante filmar na Polônia depois de tantos anos. A Faca na Água marcou sua estréia, é um dos melhores filmes que eu já vi. Gostaria de lhe fazer uma pergunta técnica: você filmará em locações originais em Varsóvia, como a Avenida Niepodlegosci, na rua Noakowskiego, ou na rua Puawaska?

R.P.: Não. Infelizmente essas ruas não existem mais. Mas temos que dar um jeito. Devo dizer que, felizmente, a tecnologia atual nos permite recriar certas coisas que já não existem mais. Estou falando do uso do computador que é tão comum em outros filmes, mas no nosso,
passará despercebido. Com relação às locações originais, só iremos filmar nas ruas Kralowskie Przedmiescie e na Kozia. As outras locações serão na cidade de Praga. Devo admitir que tive muita sorte. Não sei se é a palavra certa. Em 1939, logo depois que a guerra começou, todos os homens foram para o leste por alguma razão que não sei, visto que eu, minha mãe e irmã fomos para Varsóvia. Eu sobrevivi ao bombardeio de Varsóvia e vivi aqui por duas semanas. Lembro-me de tudo muito bem. Queria recriar tudo o que me lembro de minha infância. Não me lembro da Avenida Ujazdowskie, eu me lembro de uma Varsóvia igual à Praga de hoje: ruas escuras, tráfego intenso, prédios da virada do século. Foi por isso que filmamos lá.

- Mais uma pergunta técnica que esteve presente em nossa discussão desde o princípio. Gostaria de lhe pedir que comentasse sobre a ironia da história, você filmando O PIANISTA simultaneamente ao caso Jedwabno. Poderia comentar a coincidência?

R.P.: É, como você falou, uma coincidência e é difícil para mim relacionar isto à minha própria experiência de fazer o filme na Polônia. As pessoas continuarão a descobrir outros casos, talvez
porque muitos anos se passaram daquela época e os poloneses têm, agora, uma perspectiva maior e mais objetiva da história de seu país. E mais, a geração de hoje não precisa sentir qualquer responsabilidade pelo que aconteceu naquela época.

- Por quanto tempo vocês filmarão em Varsóvia?

R.P.: Resta ainda mais 11 semanas.

- Já considerou fazer um filme sobre Abi Rozner? Sua biografia foi mostrada recentemente na TV, acho que talvez mereça um roteiro para cinema? Estou segurando um livro "Roman by Polanski". Você vai filmá-lo ou entregará o roteiro para outra pessoa?

R.P.: Quanto a primeira pergunta, nunca pensei em desenvolver este projeto. Acho que já respondi a sua segunda pergunta. Voltando a primeira, posso garantir que não. Definitivamente, não estou fazendo a minha biografia, porque não me interessa. Faço filmes e não documentários. Espero que nunca realizem um filme sobre a minha vida.

- Pode nos falar sobre sua relação com o Sr. Szpilman? Vocês conversaram sobre o filme? Quais foram suas exigências? Quais foram suas sugestões?

R.P.: O Sr. Szpilman não fez nenhuma sugestão em particular, ele apenas se limitou a dizer como estava feliz de ver seu livro virar filme e ser dirigido por mim. Eu só vi o Sr. Szpilman três vezes. A primeira vez, em Los Angeles, muito tempo atrás, durante uma de suas
visitas a América. A segunda vez foi aqui, no Clube dos Jornalistas, cerca de 12 anos atrás. Jantava com Morgenstern, Szpilman apareceu e se sentou conosco, e jantamos juntos. Depois que resolvi fazer o filme, nós nos vimos pela terceira vez; visitei Szpilman com Gene
Gutowski, tomamos chá e conversamos sobre o filme.

- Seus filmes normalmente criam a realidade, mais do que a recriam. Depois do que disse hoje, posso assumir que você tentará recriar a realidade de Szpilman e não acrescentar nada de si mesmo?

R.P.: A minha aproximação neste filme é, definitivamente, diferente. Cada assunto requer um tratamento diferente.

- Existem atores poloneses famosos no elenco de O PIANISTA. Nós os identificaremos no filme?

R.P.: Você verá atores poloneses em pequenos papéis, pois como já falei, o filme é filmado em inglês. Por isso nossa escolha ficou limitada a atores poloneses que falassem bem inglês.

- Por que você se desviou da área do grotesco, em direção aos valores fundamentais como lágrimas, medo, fuga? O que aconteceu? Spielberg passou muito tempo lhe pedindo que fizesse um filme assim?

R.P.: A decidi, subitamente, fazer este filme. Essa situação pode ser comparada a escolha de um prato no cardápio de um restaurante. Meus mais recentes filmes foram puro entretenimento e careciam de profundos valores filosóficos e sociais. O PIANISTA é, sem dúvida, um prato mais elaborado. Com relação a A Lista de Schindler, ele estava muito próximo das minhas experiências pessoais. Evito situações assim, porque sei que não faria um bom filme. Acho que Spielberg fez um grande trabalho. Ninguém mais poderia fazê-lo tão bem quanto ele. Ele contou uma história sobre uma época, pessoas e até mesmo de ruas muitos familiares para mim. Enquanto procurava as locações para O PIANISTA, fomos com o Sr. Starski a Cracóvia, já que não existem mais muitas ruas antigas em Varsóvia. Estávamos caminhando pelas ruas do antigo gueto e o que senti comprovou que não deveria filmar em
Cracóvia. Até mesmo por razões pessoais. Eu raramente visito ruas que um dia significaram muito para mim e estive em Cracóvia uma segunda vez. Se eu trabalhasse nos lugares que tiveram valores históricos e pessoais para mim, certamente eles perderiam estes valores e se
tornariam apenas um cenário para mim. O fato é que não conseguia encontrar o tema certo. Perguntaram-me diversas vezes se eu faria um filme na Polônia e sempre respondi: "Sim, e planejo fazer, só não sei quando." Eu sempre soube que queria fazer um filme na Polônia sobre a Segunda Guerra Mundial ou sobre o período pós-guerra, só não conseguia encontrar o tema certo. O livro de Szpilman foi este tema.

Divulgação Europa Filmes
Fonte: http://oscar.uai.com.br/
Holocausto-Doc lista(Yahoo)
Postado em: http://www.casaamarela.org.br/cineclube/arquivo/novembro_03/novembro_roman_polanski.htm

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