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terça-feira, 6 de outubro de 2015

Goebbels: "Mauer relata fuzilamentos em massa de judeus na Ucrânia"

Sou grato a Jason por encontrar esta citação, traduzida deste texto alemão de 19.10.41, também apontado em Herf.
Mauer relata fuzilamentos em massa de judeus na Ucrânia.

Ele pede com urgência material explicativo para a população ucraniana, porque eles não entendem a necessidade de tais medidas severas contra os judeus.

O Bolchevismo enfraqueceu o instinto antissemita no povo da União Soviética; em muitos aspectos, teremos que começar do zero aqui.

Fonte: Holocaust Controversies
http://holocaustcontroversies.blogspot.com/2015/10/goebbels-mauer-reports-massive.html
Texto: Jonathan Harrison
Título original: Goebbels: "Mauer reports massive shootings of Jews in the Ukraine"
Tradução: Roberto Lucena

sábado, 22 de março de 2014

Von Rundstedt, o Marechal profissional

Von Rundstedt em Nuremberg
Gerd Von Rundstedt é um desses oficiais prussianos, mestres da blitzkrieg, daqueles que admiramos da Wehrmacht e quiseram atribuir a etiqueta de "apolítico", que no fundo depreciava esses adventícios nazis. Em que pese que ele foi um dos comandantes com maior sucesso nas ofensivas sobre a Polônia, França e o início da Barbarossa. Ele é um dos oficiais que foi retirado do comando em dezembro de 1941, por se opor às ideias de Hitler de defesa até a morte, assim que a partir daqui se supõe que é um oficial "apolítico" e que não obedece cegamente ao Führer.
Comando Supremo

Quartel General

Grupo de Exércitos Sul

24 de setembro de 1941.

Ic/AO (Abw. III)

Ref: Combatendo elementos anti-Reich.

A investigação e o combate contra os elementos inimigos do Reich (comunistas, judeus e seus simpatizantes) na medida em que não tenham se incorporado ao exército inimigo, são só de responsabilidade dos Sonderkommandos, da Polícia de Segurança e do SD nas áreas ocupadas. Os Sonderkommandos têm a responsabilidade exclusiva para tomar as medidas necessárias para seus fins.

As ações sem autorização por parte de membros individuais da Wehrmacht, ou a participação de membros da Wehrmacht nos excessos da população ucraniana contra os judeus estão proibidas, assim como o ato de contemplar ou fotografar as ações dos Sonderkommandos.

Esta proibição deve ser comunicada a membros de todas as unidades. Os superiores de todos os rangos são responsáveis de se assegurar que se cumpra esta proibição. No caso que se viole esta ordem, a causa será examinada para determinar se o superior não cumpriu com seu dever de fazer cumprir esta ordem. Se em caso positivo, será castigado severamente.

(Assinado) Von Rundstedt.
The Good Old Days. The Holocaust as Seen by Its Perpetrators and Bystanders. Klee, E; Dressen, W; e Riess, V., editores. (traduzido do alemão por Deborah Burnstone). Konecky e Konecky Old Saybrook, 1991. pág. 116. Referência de arquivo pág. 285 NOKW-541.

Haverá quem seja capaz de ler nesta ordem algo "apolítico". Já é mais duvidoso que se siga dizendo que as matanças dos Einsatzgruppen não ocorriam à vista de todos, e que não havia pessoal na Werhmacht que gostava de olhar... e inclusive participar nos massacres por iniciativa própria, até o ponto do mesmíssimo comandante do Grupo de Exércitos ordenar que oficiais e suboficiais sejam impedidos de fazer isso. Porque em caso contrário ele lhes culpará.

O VI Exército de Von Reichenau estava sob seu comando quando emitiu sua famosa ordem de 10 de outubro, que Von Rundstedt distribuiu ao resto das tropas sob seu comando em 17 de outubro. Pelo visto, pode-se ser apolítico ao mesmo tempo em que se justifica e "compreende" o assassinato de civis suspeitos de ser comunistas ou judeus, ou bem simpatizar com eles. Sempre e quando não se comprometa a disciplina das unidades.

Foto Wikipedia.

Fonte: blog antirrevisionismo (Espanha)
http://antirrevisionismo.wordpress.com/2011/08/29/von-rundstedt-mariscal-profesional/
Tradução: Roberto Lucena

Ver mais:
Ordem de von Rundstedt - As ações da Wehrmacht e dos Einsatzgruppen: A luta contra elementos hostis ao Reich (blog Avidanofront)

domingo, 27 de outubro de 2013

Rússia: Uma investigação traz a luz vários filmes soviéticos do "Holocausto de balas"

Durante a invasão nazi, os prisioneiros judeus eram executados primeiro
Rússia: Uma investigação traz a luz vários filmes soviéticos do "Holocausto de balas"

Uma cena repetida nos avanços nazis:
os fuzilamentos em massa de prisioneiros
Moscou - Quase uma dúzia de filmes soviéticos exibidos apenas poucas vezes e perdidos durante muitos anos, assim como roteiros para filmes que nunca chegaram a ser rodados, sobre a perseguição de judeus durante a II Guerra Mundial foram recuperadas depois de mais de meio século. Esses registros são reconhecidos no livro "O fantasma do Holocausto: o cine soviético e a catástrofe judaica", um volume publicado esta semana pela Rutgers University Press. "Esses filmes foram praticamente apagados da história", explicou a autora do livro, Olga Gershenson, professora de Estudos Judaicos e do Oriente Próximo da Universidade de Massachusetts Amherst, numa entrevista com a RIA Novosti. "Ao pensar em filmes sobre o Holocausto, virá à cabeça da gente imediatamente "A lista de Schindler" ou "A vida é bela", mas na realidade, quase metade das vítimas do Holocausto, cerca de três milhões de pessoas, foram assassinadas nos territórios da União Soviética, e isto não é parte de forma alguma do imaginário público. Simplesmente está fora de nossa visão, a gente não pensa no que aconteceu na URSS", acrescentou a investigadora.

A trágica história dos milhões de pessoas que morreram nos campos de concentração e extermínio da Alemanha e Polônia está bem documentada em filmes e livros, mas Gershenson nos conta que o que ocorria nos territórios soviéticos se denomina às vezes por "Holocausto de balas", já que os judeus eram simplesmente executados no ato.

Um dos primeiros filmes soviéticos a tratar do tema da perseguição nazi dos judeus foi “O professor Mamlock” em 1938. Escrito por Friedrich Wolf, médico e escritor judeu da Alemanha que chegou à Rússia depois dos nazis terem alcançado o poder, conta a crua história de um doutor judeu alemão capturado pelos soldados nazis e que marcha até sua morte. Foi exibido durante um breve tempo nos cines soviéticos, mas proibiram em finais dos anos 40, segundo contou Gershenson.

Durante várias viagens à Rússia, onde nasceu, Gershenson buscou nos imensos arquivos estatais de história russa e nos registros dos diferentes comitês encarregados de aprovar ou rechaçar os projetos cinematográficos, com o objetivo de encontrar filmes e roteiros. Alguns contavam com versões novas, já que foram emitidas ordens para alterá-los para eliminar personagens judeus.

Todos esses anos, comenta, a maioria dos cineastas ainda vivos que têm entre 80 e 90 anos havia resignado a que seus filmes nunca chegassem ao público e se sentiram "exultantes de gozo" quando souberam do projeto.

É importante quitar esta conta, afirma, já que "forma parte dos formadores não só da identidade judia contemporânea, como também de sua história durante o século XX", conclui a investigadora em entrevista realizada pelo RIA Novosti.

Fonte: site Memoria Verdad y Justicia - Télam (Agência Nacional de Notícias, Argentina)
http://memoria.telam.com.ar/noticia/rusia--rescatan-films-sobre-el--holocausto-con-balas-_n2726
Tradução: Roberto Lucena

sábado, 20 de abril de 2013

O último judeu de Vinnitsa (Ucrânia, 1942)

Página 95. Na legenda da foto se lê:
Cerca de um quarto de todos os judeus que pereceram no Holocausto foram baleados por membros das SS dos esquadrões móveis de extermínio. Este homem foi executado na presença de membros do Exército alemão, do Serviço Alemão de Trabalho e da Juventude Hitlerista. Em Vinnitsa, na Ucrânia, 1942.
YIVO Institute for Jewish Research, Nova York.

Foto:

Berenbaum, Michael. The World Must Know: the history of the Holocaust as told in the United States Holocaust Museum. ISBN O-316-09135-9 (hc). Primeira edição 1993.

Complemento (descrição da foto na Wikipedia):
Um membro do Einsatzgruppe D está próximo para atirar num homem sentadoem uma vala comum em Vinnytsia, Ucrânia, em 1942. Presentes no pano de fundo da foto estão membros do Exército Alemão, do Serviço Alemão de Trabalho e da Juventude Hitlerista.[6] Na parte de trás da fotografia está escrito "O último judeu de Vinnitsa".
Essa foto já apareceu neste post com fotos em alta qualidade do Holocausto da Revista The Atlantic.

Fonte: Nizkor
http://www.nizkor.org/ftp.cgi/places/ftp.cgi?places//ukraine//images/vinnitsa-grave-01.ref
Tradução: Roberto Lucena

terça-feira, 23 de outubro de 2012

Richard Rhodes - Mestres da morte: a invenção do holocausto pela SS nazista (livro)

MESTRES DA MORTE: OS EINSATZGRUPPEN E A ORIGEM DO HOLOCAUSTO* – Richard Rhodes

Os Einsatzgruppen eram os "batalhões da morte" que seguiam a Wehrmacht (de muito, muito perto) durante a invasão da URSS em 1941, e até a partida do sistema dos campos de extermínio em 1942, depois da Conferência de Wannsee. Estavam divididos em quatro grupos, enunciados de A a D, que operavam em distintos setores do Front, desdobrando-se de Norte a Sul. Por sua vez, cada Einsatzgruppe era dividido em vários Einsatzkommandos, que atuavam com bastante autonomia em relação ao grupo originário. Liderados por profissionais com diploma (sobretudo advogados, mas também arquitetos, economistas e médicos), menos de cinco mil homens (e sim, apoiados pontualmente em suas matanças por forças das Waffen-SS, a Polícia e milícias locais) acabaram com mais de um milhão de vidas em pouco mais de um ano. Como isso pode ser possível?

Bem, a essa pergunta trata de responder, precisamente, este livro. A primeira coisa que quero dizer é que, em que pese o título, não se trata de uma obra sensacionalista. Pelo contrário, o autor, depois de expor alguns fatos nos quais o horror é o fator dominante, tenta racionalizar as posturas de "uns" e outros, e entender como aqueles se comportaram como uns calejados assassinos, e como os outros se "deixaram apanhar" sem maior resistência.

Assim que, para o comportamento dos criminosos, adota-se uma teoria que fala do paulatino embrutecimento de quem se vê imerso em uma situação de máxima violência, explicando como tropas que num princípio se sentiam totalmente incapazes de matar a sangue frio, chegam a assassinar sem maiores problemas mulheres e crianças inocentes (e eu acrescento, mudaria algo se fossem culpados?). Assinala que em muitos casos não havia ocorrido nesses "soldados" uma conduta violenta prévia ou uma predisposição para isto. Bem, a teoria, obviamente, não é tão compacta como a expus aqui agora, e pode se aceitar ou não como explicação, mas certamente, para mim, parece-me razoável.

Por outra parte, para ele, em geral, o comportamento pacífico dos judeus nesta fase do extermínio,pesa o fato de virem de lares em geral muito mais educados e pacíficos que a média da Europa da época, algo que influiu um pouco nesta conduta. A isto, segundo Rhodes, há que unir o desconcerto, o temor, os golpes, os cachorros, os homens armados, a incapacidade de assumir a situação até o último momento... tudo isto anula, de cara, qualquer atitude de heroísmo ou rebeldia, e leva a um compreensível comportamento submisso, tão humano, como bem assinala o autor, e digno de empatia como o mais galhardo dos gestos desafiantes à morte. Ao falar da surpresa de Eichmann quando contemplou como alguns judeus se atiravam sem que ninguém os empurrasse para a fossa, a esperar ali o “Genickschüssen” descarregado com postura germânica, o autor assinala a igual incongruência dos jovens lançados a uma carreira suicida ante as metralhadoras inimigas para tomar a trincheira seguinte. Acredito que uma boa comparação, é que provavelmente ambas condutas respondam ao mesmo princípio psicológico.

Outro aspecto que me impactou do livro é, não por ser mais conhecida mas não menos aterradora, a profunda implicação da população local nas execuções em massa (link: Holocausto na Letônia). À parte do clássico exemplo do jovem lituano que matou a golpes muitos judeus em Kaunas, posando a continuação do ato orgulhoso no meio dos cadáveres, destaca o fato de que em várias ocasiões bastava os alemães conclamar à "vingança" os habitantes não-judeus para lhes desencadear uma terrível matança. Isso para não falar do recrutamento de milícias e polícias locais e sua entusiasta colaboração com os Einsatzgruppen.

Enfim, um livro impactante e que se tira muitíssimo dele. Altamente recomendável para "amadores" e conhecedores.

Publicado por Germánico

Fonte: hislibros
http://www.hislibris.com/amos-de-la-muerte-los-einsatzgruppen-y-el-origen-del-holocausto-richard-rhodes/
Tradução: Roberto Lucena

*Observação: o título original em inglês do livro é Masters of Death: The SS-Einsatzgruppen and the Invention of the Holocaust (tradução livre: Mestres da Morte: Os SS-Einsatzgruppen e a invenção do Holocausto), em português o título omite a palavra Einsatzgruppen. A tradução da crítica é do espanhol onde o título é o traduzido logo no início do texto.

Ver também:
Ranking de livros em português sobre o Holocausto (Bibliografia)

sexta-feira, 12 de outubro de 2012

Depoimento de August Becker, Ph.D, inspetor das vans de gaseamento

Até cerca de 1941 eu estava envolvido com o programa de eutanásia em Oberdienstleiter no departamento de Viktor Brack na Chancelaria do Führer. Eu estive trabalhando como um especialista em processos de gaseamento para extermínio de gente mentalmente doente nos asilos e sanatórios. Desde que esta ação foi suspensa por um curto tempo - não sei porque - antes que eu fosse transferido para a RSHA em Berlim como resultado de uma conversa privada entre o Reichsführer SS Himmler e o Oberdienstleiter Brack.*

Himmler queria empregar pessoas que fossem habilitadas, como resultado da suspensão do programa de eutanásia e que, como eu, fossem especialistas em extermínio por gaseamento para operações de gaseamento em larga escala no Leste da Europa, onde isto estava tendo início. A razão para esta decisão é que os homens encarregados dos Einsatzgruppen no Leste europeu estavam reclamando cada vez mais que os pelotões de fuzilamento não poderiam lidar com o estresse psicológico e moral do assassínio em massa indefinidamente. Eu sei que um número de membros desses esquadrões foram enviados a asilos de doentes mentais e por esta razão um novo e melhor método de extermínio teria que ser encontrado. Então em dezembro de 1941 eu comecei a trabalhar na RSHA, Amt H, no departamento de Rauff… o vice de Rauff na época era então Hauptmann Pradel, que mais tarde se tornou major. Embora Pradel também tivesse uma qualificação equivalente na SS que ele mesmo chamava de major. Eu não tive inicialmente qualquer contato pessoal com Rauff.

Quando em Dezembro de 1941 fui transferido para o departamento de Rauff, ele me explicou a situação dizendo que o estresse psicológico e moral sobre os pelotões de fuzilamento não era mais suportável e que, portanto, o programa de gaseamento tinha que ser iniciado. Ele disse que as vans de gás com motoristas já estavam a caminho ou de fato já tinham alcançado dos Einsatzgruppen. Minha breve profissional era inspecionar o trabalho dos indivíduos do Einsatzgruppen no Leste europeu em conexão com as vans de gás. Isso queria dizer que eu tinha de garantir que os assassinatos em massa realizados nos caminhões procediam corretamente. Eu tinha de prestar atenção especial ao funcionamento mecânico dessas vans. Eu gostaria de mencionar que havia dois tipos de furgões de gás em operação: a Blitz Opel, pesando 3-5 toneladas, e a grande Saurerwagen, que, tanto quanto sei pesava 7 toneladas. No meio de dezembro de 1941, por instruções de Rauff, eu parti para o Leste europeu para pegar o Einsatzgruppe A (Riga) .. para inspecionar seus Einsatzwagen [veículos especiais] ou vans de gás.

Em 14 de dezembro de 1941, no entando, sofri um acidente de carro em Deutsch-Eylau. Como consequência deste acidente, fui enviado para Hospital Católico em Deutsch-Eylau e em virtude minha recuperação recebi alta hospitalar em 23 ou 24 de dezembro de 1941. Tenho certeza disso porque passei o Natal com minha família em Berlim.

Em 4 ou 5 de janeiro de 1942, recebi uma mensagem de Rauff me pedindo para me dirigir a ele. Ao me dirigir a ele fui instruído a partir imediatamente. Desta vez eu viajava diretamente para o Einsatzgruppe D no sul (Otto Ohlendorf) em Simferopol. Inicialmente era para eu ter viajado de avião, mas isso não deu certo por causa das condições climáticas de frio. Eu, portanto, parti de trem em 5 ou 6 de janeiro viajando através de Cracóvia e Fastov para Nikolayev. De lá eu voei no avisão do Reichsführer para Simferopol na Criméia. A viagem durou cerca de três semanas e eu relatei ao chefe do Einsatzgruppe D, Otto Ohlendorf, em algum dia de janeiro. Fiquei com este grupo até o início de abril de 1942 e, em seguida, visitei cada Einsatzgruppe até chegar ao Grupo A, em Riga.

Em Riga eu aprendi com o Standartenführer Potzelt, vice-comandante da Polícia de Segurança e SD em Riga, que a operação Einsatzkommando em Minsk precisava de algumas vans de gás adicionais já que não consegui operar as três vans existentes que tinha. Ao mesmo tempo, eu também aprendi com Potzelt que havia um campo de extermínio judeu em Minsk. Eu voei para Minsk de helicóptero, correção, num Storch Fieseler pertencente ao Einsatzgruppe. Viajando comigo estava o Hauptsturmführer Rühl, o chefe do campo de extermínio em Minsk, com quem eu tinha discutido negócios em Riga. Durante a viagem, Rühl me propôs que eu fornecesse vans adicionais, uma vez que não poderia prosseguir com os extermínios. Como eu não era responsável pela ordenação de vans de gás, sugeri a Rühl que se dirigisse ao escritório de Rauff.

Quando vi o que estava acontecendo em Minsk - que as pessoas de ambos os sexos estavam sendo exterminados em massa - eu não agüentava mais ver isso e três dias depois, talvez em setembro de 1942, viajei de volta por caminhão via Varsóvia à Berlim.

Eu tinha a intenção de informar a Rauff em seu escritório em Berlim. No entanto, ele não estava lá. Em vez disso, fui recebido por seu vice, Pradel, que tinha sido neste período promovido a Major. ... Em uma conversa privada com duração de cerca de uma hora na qual eu descrevi para Pradel o método de trabalho das vans de gás e críticas sobre o fato de que os criminosos não tinham sido gaseados, mas haviam sido sufocados porque os operadores tinham ajustado o motor de forma incorreta. Eu disse a ele que as pessoas tinham vomitado e defecavam. Pradel me escutou sem dizer uma palavra. No final da entrevista ele simplesmente me disse para escrever um relatório detalhado sobre o assunto. Por fim, ele me disse para ir ao escritório do caixa para liquidar as despesas que haviam incorridas durante minha viagem.

Fonte: Ernst Klee, Willi Dressen e Volker Riess (editores), The Good Old Days, tradução (para o inglês) de Deborah Burnstone, 1991 Konecky & Konecky, Old Saybrook, CT, pág. 68-71, da afirmação de Becker em 26.3.60 (9 AR Z 220/59, vol. I, pág. 194 ff.)

Fonte: Holocaust Controversies
http://holocaustcontroversies.yuku.com/topic/1646/Statement-by-August-Becker-Ph-D-Gas-Van-Inspector
Material de: Roberto Muehlenkamp
Tradução: Roberto Lucena

*Observação: no texto em inglês os primeiros três parágrafos deste texto são um só parágrafo. Dividi o parágrafo em três no intuito de tornar a leitura mais fácil.

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Porque é negação e não revisionismo. Parte IX(1): "Os relatórios dos Einsatzgruppen ...

« ... não são apenas questionáveis a respeito do número de judeus assassinados, mas também em respeito a sua categoria.»

Foi assim que escreveu nosso regular freguês Carlo Mattogno e Jürgen Graf sobre a página 211 da lengalenga Treblinka. Vernichtungslager oder Durchgangslager?, disponível para download gratuito aqui.

Nas páginas seguintes, eles prosseguiram explicando o que queriam dizer com suas alegações de que os relatórios dos Einsatzgruppen são inexatos acerca das «categorias» dos judeus mortos: no gueto de Vilna, vai entender, judeus inaptos para o trabalho ainda estavam vivos embora, de acordo com o relatório correspondente, como interpretado por Mattogno & Graf, eles deviam ter sido mortos:
No “relatório geral de 16 de outubro até 31 de janeiro de 1942,” a presença de (alegadamente) 34.500 judeus nos guetos de Kaunen, Vilna e Schaulen é explicada da seguinte forma:597
“Desde a completa liquidação dos judeus que não foi feita em virtude de atribuições de trabalho, os guetos foram formados, e apresentados preenchidos da seguinte forma [os números citados acima são dados aqui]. Esses judeus estão empregados em trabalhos essenciais para fins de defesa.”
De acordo com isto, apenas os judeus que ainda estão aptos para o trabalho tinham permissão para viver em três guetos listados; por esta lógica, aqueles que não estivessem aptos para o trabalho, especialmente as crianças, deveriam todos ser mortos. Mas de acordo com o censo feito até o fim de maio de 1942, 14.545 judeus cujos nomes (junto com a data de nascimento, ocupação e endereço) foram publicados pelo Museu Judaico de Vilnius (o nome lituano da cidade) e estavam vivendo em Vilna. Surge destes documentos que destes 14.545 judeus, não menos que 3.693 eram crianças de 15 anos de idade ou menos. O número de crianças por grupo pela faixa etária é mostrado na seguinte tabela:598
ANO DE NASCIMENTO|IDADE|NÚMERO DE CRIANÇAS
1927 15 567
1928 14 346
1929 13 265
1930 12 291
1931 11 279
1932 10 216
1933 9 226
1934 8 195
1935 7 227
1936 6 229
1937 5 182
1938 4 188
1939 3 181
1940 2 117
1941 1 172
1942 com poucos meses 12
Total: 3.693
Além disso, entre os judeus registrados pelo censo havia também 59 pessoas de 65 anos de idade ou mais velhas. O mais velho tinha cerca de 90 anos de idade, Chana Stamleriene, nascido em 1852.

Como Nick já assinalou em seu artigo Mais Deturpações de Graf: Lituânia, não há contradição alguma entre os conteúdos do "Relatório Geral de 16 outubro a 31 janeiro de 1942," e a presença de judeus inaptos para trabalhar no gueto de Vilna até muito tempo depois de este relatório ter sido emitido, e quem vê tal contradição, portanto, revela (no máximo) ignorância da história do gueto de Vilna, onde judeus trabalhando foram emitidas autorizações correspondendo a permissão de que por um tempo tivessem o direito de registrar três membros adicionais da família com eles. Entretanto, o que parece ainda pior em Mattogno e Graf é que eles não precisam mesmo tse aprofundar na história do gueto de Vilna - o que talvez seja pedir demais desses dois dedicados «pesquisadores» - a fim de evitar o erro de fazer um estardalhaço sobre a suposta inconsistência no relatório em questão dos Einsatzgruppen. Todos dois tinham que olhar o documento relacionado com o mesmo conjunto de assassinatos contidos no "Relatório Geral de 16 outubro a 31 janeiro de 1942,". Este documento, que em grande parte pode ter servido dee base para o referido «Relatório Geral», tem há muito tempo disponível para o público uma tradução em inglês que fora incluída na edição em inglês de 1988 com o título The Good Old Days(Os bons velhos tempos), de uma coleção de documentos elaborada pelos pesquisadores alemães Ernst Klee, Willi Dressen e Volker Riess. Este chamado Relatório Jäger, que pode ser visto online aqui, é um documento de autenticidade indiscutível que foi escrito a pedido de Franz Walter Stahlecker, o comandante do Einsatzgruppe A, e por Karl Jäger, o comandante do Einsatzkommando 3, uma das subunidades do Einsatzgruppe A. Ele fornece os detalhes, dia a dia, local por local, especificando o colapso das vítimas homens, mulheres e crianças, da maioria das execuções mencionadas no «Relatório Geral». Em sua última página, o Relatório Jäger então se refere aos judeus que seu autor lamenta por ter sido impedido de matá-los. Jäger escreveu o seguinte (tradução do THHP*, ênfases são minhas):
Eu posso afirmar hoje que o objetivo de resolver o problema judaico para a Lituânia foi alcançado pelo Einsatzkommando 3. Na Lituânia não há mais judeus que não os judeus trabalhadores, incluindo suas famílias. São eles:

Em Schaulen cerca de 4,500
Em Kauen “ 15,000
Em Wilna “ 15,000


Eu também queria matar esses judeus trabalhadores, incluindo suas famílias, o que, contudo, trouxe-me amargo desafios da administração civil (o Reichskommisar) e do exército e causou a proibição de que: os judeus Trabalho e suas famílias não serão assassinados!

Encontramos aqui os mesmos 34.500 habitantes judeus dos guetos de Schaulen, Kauen («Kaunen») e Wilna (Vilna) que são mencionados no "Relatório Geral de 16 outubro a 31 janeiro de 1942,", além de uma declaração clara de que esses 34.500 judeus não são os judeus trabalhadores sozinhos, mas os judeus trabalhadores e suas famílias, o que derruba a alegação de que a presença de judeus não-trabalhadores no gueto de Vilna após a campanha de assassinato 1941 da Einsatzgruppe A põe em cheque a exatidão deste registro do relatório de mortes da unidade. Por que os membros das famílias dos judeus trabalhadores não são mencionados no « Relatório Geral», como citado por Mattogno & Graf de que pode apenas ser imaginado, mas Jäger certamente não tinha motivos para inventá-los (pelo contrário pois provavelmente teria feito ele ser olhado com mais «sucesso» aos olhos de seu superior se apenas os judeus estritamente necessários para o esforço de guerra houvessem sido poupados), e as provas referidas no artigo de Nick acima mencionado, bem como aqueles apresentados por Mattogno & Graf, confirmam a exatidão da declaração de Jäger.

Por que, agora, Mattogno & Graf fracassam em levar em conta o Relatório Jäger, o que torna sua histeria arrogante sobre a presença de judeus não-trabalhadores no gueto de Vilna parecer completamente ridículo? Foi uma omissão deliberada de um documento não conveniente com suas posturas, a qual eles não esperavam que ninguém notasse? Ou foi apenas incompetência elaborada de dois charlatões trapalhões, vigorosamente desenterrar material que eles pensaram que poderia apoiar suas noções pré-concebidas e não terem identificado um longo documento de domínio público que pudesse prestar a seus esforços inúteis? Na ausência de prova em contrário, darei-lhes o benefício da dúvida e assumirei a segunda hipótese.

O gueto de Vilna pode ter sido um caso excepcional no qual houve um período de relativa calma após as ações assassinato de outubro a dezembro de 1941 (liquidação do «Gueto 2», Gelbschein-Aktionen e «ações» menores subsequentes), que durou até a ordem de Himmler em 21 de junho de 1943 para liquidar os guetos restantes do Reichskommissariat Ostland. Entretanto, não era de modo algum apenas guetos judeus nas áreas ocupadas pelos alemães em ambas, União Soviética ou Polônia, que ainda tinham uma considerável população de judeus não-trabalhadores após o grande extermínio de 1941 (nos territórios soviéticos ocupados) e de 1942 (nos territórios soviéticos ocupados, na área da Polônia que faziam parte do Generalgouvernement - Governo Geral, e nos territórios polaneses anexados ao Reich alemão). No Generalgouvernement, isto foi relacionado ao fenômeno conhecido como segunda guetização (Zweitghettoisierung), que é descrito da seguinte forma pelo historiador Frank Golczewski (minha tradução de Frank Golczewski, «Polen», em: Wolfgang Benz (editor), Dimensionen des Völkermords, 1996 Deutscher Taschenbuch Verlag GmbH & Co. KG, München, páginas 411-497, aqui: página 471):
Em uma conferência (20-22 de setembro de 1942), na qual havia ocorrido uma disputa entre o Ministro de Armamentos Speer e Himmler sobre a organização da indústria de armamento, Hitler havia concordado com o pedido de Fritz Sauckel para transitoriamente continuar a empregar trabalhadores judeus qualificados no Generalgouvernement(Governo Geral). Himmler, o qual a SS - e órgãos da polícia que teriam recebido competência global para assuntos judaicos, por causa disto ordenou em 09 de outubro de 1942 reunir todos os judeus trabalhadores para as necessidades do exército em campos de trabalho especiais. O propósito desta «reorganização» também foi perseguido pela chamada segunda guetização.
O Secretário de Estado do Governo do Generalgouvernement, o SS-Obergruppenführer Friedrich-Wilhelm Krüger, decretou a instalação do que é chamado «guetos secundário» (Getta wtórne) na literatura polonesa. Em 28 de outubro de 1942, Krüger assinou o «Decreto policial sobre a Criação de bairros residenciais judeus nos Distritos de Varsóvia e Lublin»; um outro decreto de 10 de novembro de 1942 designava localidades adicionais aos distritos restantes de Cracóvia, Radom e Galicia. Dos 650 locais na Polônia nos quais os judeus tinham ainda vivia no início de 1942, restavam apenas 54. Eles eram partes dos ex-guetos judeus os quais - geograficamente reduzidos - eram agora quase confirmados. Eles eram em sua maioria divididos: nos guetos «A» viviam os judeus com condições de trabalhar, nos guetos «B» viviam os judeus inaptos para trabalhar. Assim, as medidas subsequentes de assassinato foram facilitadas e previsíveis.

No entanto, os poucos deportados sobreviventes se agarravam à esperança de que as deportações haviam sido canceladas e os últimos guetos agora tinham uma espécie de garantia de existência. Às vezes aqueles que tinham vivido ilegalmente escondidos na clandestinidade iam para estes novos alojamentos a fim de fugir do estresse constante da ilegalidade (e às vezes dos enormes custos extorquidos por seus «hospedeiros»). As deportações foram temporariamente interrompidas devido ao inverno [1942/43, nota do tradutor]. Por causa de Stalingrado, uma interdição dos transportes para outros além dos bens de armamento foi decretada. O termo «gueto» era agora apenas raramente usado; os bairros judeus agora eram chamados de «bairros residenciais judaicos» na terminologia NS, que era dar a eles uma espécie de «humanidade» e enganar os habitantes. Na verdade, a consolidação foi apenas um breve estágio antes da deportação final dos que restaram, para as instalações de extermínio.

Se os judeus aptos a trabalhar fossem transitoriamente autorizados a continuar a viver em «bairros residenciais judeus» juntamente com os judeus que trabalhavam para o esforço de guerra alemão, isto foi provavelmente baseado em considerações táticas: a presença de membros da família num gueto «B» incentivava os judeus trabalhadores no gueto «A» em suas crenças de que seriam poupados e, assim, não só estimulava seus desempenhos no trabalho, como eles tentavam tornar-se tão úteis quanto possível a fim de salvar a si mesmos e suas famílias, mas isso também os impediu de contemplarem a resistência. Isso pode ajudar a explicar o porquê da resistência ocorrer eventualmente, quando as deportações continuaram em 1943, foi limitada a alguns dos guetos restantes, o que uma olhada em direção às histórias do gueto acessíveis neste link nos mostra. De qualquer forma, a maioria dos guetos restantes na Polônia, ocupada pelos nazistas, e na União Soviética foram liquidados no decorrer de 1943, e no final de agosto de 1944 até o último gueto restante, o gueto de Lodz, que havia deixado de existir.

Agora, e sobre a outra afirmação de Mattogno & Graf mencionada no início deste post, a respeito do número apontados nos relatórios dos Einsatzgruppen? Vamos chegar neste tema na próxima parte deste artigo.

Clique aqui para verificar outros artigos desta série.

*THHP = abreviação do site The Holocaust History Project

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Fonte: Holocaust Controversies
Texto: Roberto Muehlenkamp
http://holocaustcontroversies.blogspot.com/2007/02/thats-why-it-is-denial-not-revisionism.html
Tradução: Roberto Lucena

Ver também: Técnicas dos negadores do Holocausto

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Vítimas do Holocausto ameaçadas por esquecimento em valas comuns do Leste Europeu

Vala localizada na Ucrânia
Milhares de judeus assassinados pelos nazistas estão enterrados em valas comuns na Ucrânia, Rússia, Polônia e Belarus. Organização Yahad in Unum luta para resgatá-los do esquecimento.

"O Holocausto não começou em Auschwitz. Começou já antes do funcionamento das câmaras de gás, com a invasão do Leste da Europa pela Wehrmacht", diz o rabino norte-americano Andrew Baker.

Soldados, comandos de morte e colaboradores atuaram como ajudantes ávidos. Eles fuzilaram os judeus, nos lugares mesmos onde moravam, e jogaram os corpos em valas comuns. Há milhares de sepulturas na Ucrânia, Polônia, Belarus e Rússia, em florestas afastadas, nos arredores de povoados e cidades. Negligenciados, ignorados, descuidados, os corpos são o testemunho silencioso de uma história quase totalmente reprimida.

Contra o esquecimento

Por muito tempo ninguém se interessou pela localização dessas valas comuns. Até que o francês Pater Patrick Desbois e seus colegas da organização Yahad in Unum começaram a buscar pistas e interrogar moradores e testemunhas sobreviventes. O trabalho possibilitou a identificação de milhares de sepulturas.

Num projeto-modelo de grande porte, uma iniciativa internacional quer agora proteger cinco desses locais, identificá-los com placas memoriais, protegendo-os do esquecimento no futuro.

Participam do projeto a Volksbund Deutscher Kriegsgräberfürsorge, uma comissão alemã que cuida dos túmulos de vítimas de guerra, o American Jewish Comittee (AJC), ao qual Andrew Baker é filiado, a conferência dos rabinos europeus, assim como organizações não-governamentais do Leste Europeu. O Ministério alemão de Relações Exteriores destinou 300 mil euros para o projeto.

Memória e formação
Kyslyn, Ucrânia

"Somos gratos por esse apoio que vem da Alemanha", disse Eduard Dolinsky, do Comitê Judaico da Ucrânia, país onde 500 mil judeus foram vítimas do nazismo. Os jovens não aprendem nada na escola sobre essa parte do passado. "Aqui, a tendência é esquecer."

Na época da União Soviética, o assassinato dos judeus foi ocultada, diz Anatoly Podolsky, do Centro para Estudos do Holocausto, em Kiev. Desde que o país ficou independente, os historiadores puderam, finalmente, pesquisar sobre o tema, "mas o governo tem pouco interesse no assunto".

Pesquisa, documentação e uma homenagem digna são tarefas gigantescas, diz Deidre Berger, diretora do AJC de Berlim. Porém tão importantes quanto elas é contar o que aconteceu às gerações mais novas. "Elas devem saber quantas vidas foram destruídas, quantas comunidades judaicas desapareceram", comenta.

Em dezembro de 2010, um grupo de trabalho esteve na Ucrânia para verificar a situação. O diretor do programa, Jan Fahlbusch, contou sobre descobertas terríveis feitas num terreno arenoso. "Depois da guerra voltou-se a retirar areia do local onde ocorreram muitos tiroteios. Nesse processo, os túmulos foram abertos; num certo ponto, os ossos estão quase na superfície. Aí população escavou o local à procura de objetos de valor." Esse fenômeno foi observado repetidamente na região.

Luta contra o relógio
Restos de um cemitérios de judeus, em Rava Ruska

A iniciativa conta com estreita colaboração das autoridades locais e de arquitetos. Eduard Dolinsky, do Comitê Judaico, fala sobre o design do memorial: "Essa é a condição principal: antes de qualquer outra instância, cabe aos judeus que vivem no local a última palavra sobre a aparência do memorial".

Quando os cinco projetos estivem implementados, eles não só serão exemplos para outros memoriais, como passarão à responsabilidade do governo local. Segundo Jan Fahlbusch, até agora valas comuns não eram reconhecidas legalmente como cemitérios. Consequentemente não eram protegidas contra novas construções e modificações. Tal proteção deve ser assegurada pelas instituições locais.

Nesse ínterim, continua a busca de vestígios e de testemunhas. E, naturalmente, o tempo não para. As testemunhas sobreviventes contam, atualmente, 80 ou mesmo 90 anos de idade, e as pesquisas são uma corrida contra o tempo, diz William Mengebier, da organização francesa Yahad in Unum.

Mesmo assim: "Em 2011, nossa equipe deve fazer 15 viagens de pesquisa e bater à portas, nas ruelas de povoados remotos da Ucrânia, Belarus, Rússia e Polônia, perguntando aos mais idosos: Você viveu aqui durante a guerra?".

Autora: Cornelia Rabitz (np)
Revisão: Augusto Valente

Fonte: Deutsche Welle (versão pt-br)
http://www.dw-world.de/dw/article/0,,14798887,00.html

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Yad Vashem anuncia identificação de 4 milhões de vítimas do Holocausto

JERUSALÉM — O museu do Holocausto de Israel (Yad Vashem) anunciou nesta terça-feira ter conseguido identificar dois terços dos seis milhões de judeus assassinados no genocídio nazista.

"Na última década, conseguimos acrescentar cerca de 1,5 milhões de nomes de vítimas ao banco de dados", indicou em um comunicado Avner Shalev, presidente do Yad Vashem, destacando que a listagem possui agora 4 milhões de nomes.

"Os alemães buscaram não apenas destruir os judeus, mas também apagar qualquer memória deles", estimou Shalev.

"Uma das principais missões do Yad Vashem desde sua fundação - a recuperação do nome e da história de cada vítima do Holocausto - resultou em esforços incansáveis para resgatar os nomes e identidades dos seis milhões de judeus mortos pelos nazistas e seus cúmplices, tanto quanto possível", destacou.

De acordo com o museu, 2,2 milhões de nomes foram registrados através de depoimentos de amigos e familiares das vítimas, enquanto o resto foi apurado através de arquivos e da pesquisa de historiadores.

Entretanto, mais de dois milhões de nomes continuam perdidos, e encontrá-los é particularmente problemático em países do Leste europeu e da ex-União Soviética, além da Grécia, onde não há registros oficiais das comunidades judaicas ou das deportações.

Fonte: AFP
http://www.google.com/hostednews/afp/article/ALeqM5idP9B-9XbnajxdlblB-KeswDXl7w?docId=CNG.c1a215e9fdd51fb04e4cdd4bfa1102e2.371

sábado, 8 de setembro de 2007

Crônicas de um Pe. francês sobre o Holocausto na Ucrânia

As Crônicas de um Pe. francês sobre o Holocausto na Ucrânia
13.11.2006 // Digest //
por Sarah Wildman,”The Christian Science Monitor,” 9 de Novembro de 2006

"História de fundo: A cruzada de um padre no Holocausto
Patrick Desbois é uma consciência e cronista de um massacre pouco conhecido de Judeus na Ucrânia.

PARIS – As confissões que o Pe. Patrick Desbois recebe não vêm de seus paroquianos. Não são feitas em confessionários fechados. Nem mesmo vêm de seus compatriotas. As palavras que o padre francês ouve são de confissões de aldeões da Ucrânia - as últimas testemunhas do assassínio em massa de judeus numa parte pouco conhecida do Holocausto há mais de 60 anos atrás.

Ele reconta uma história - apenas uma das milhares que ouviu - de uma mulher ucraniana que recebeu ordens dos soldados nazis para cozinhar-lhes o jantar. Enquanto jantavam, os 25 alemães saíram em duplas para assassinar judeus. Quanto todos terminaram de jantar, eles haviam acertado 1,200. Era a primeira vez que a mulher tinha contado a história. "Estas pessoas queriam absolutamente falar antes de morrerem," disse o Padre Desbois das testemunhas. "Eles queriam dizer a verdade."

Pe. Patrick Desbois tornou-se um dos principais cronistas do mundo do que os franceses chamam de 'Shoah par Balles' - 'O Holocausto de balas'. Embora não sendo judeu ou ucraniano, ele gasta metade de seu ano percorrendo a paisagem ucraniana assolada pela pobreza para documentar a aniquilação de dezenas de milhares de judeus nas mãos de grupos volants de Nazis chamados de Einsatzgruppen.

É um trabalho que ele mesmo escolheu,e que levou o jornal israelense Haaretz a descrevê-lo como "Patrick o Santo." Embaraçado, Desbois chama a caracterização de 'midrash' - expressão hebraica para exagero.

O padre, que tem devotado sua vida clerical ao combate do anti-semitismo, está descobrindo, aldeia por aldeia, valas comuns não identificadas da era do Holocausto. Aqui os judeus foram abatidos, um a um, mãe em frente ao filho, filho em frente ao pai.

O "Holocausto das balas" era tão brutal quanto o extermínio de judeus em câmaras de gás, inanição, e de outras maneiras em Auschwitz e outros lugares da Europa. No entanto a profundidade e detalhes da tragédia na Ucrânia apenas recentemente vieram à tona.

Em aldeias locais, adolescentes e crianças foram forçados a ajudar a cavar as covas, arrancar dentes de ouro de vizinhos, e tiravam pilhas de roupas enquanto seus amigos tremiam, aguardando a morte. Estas crianças, agora homens e mulheres idosos, nunca haviam sido questionados sobre o que eles viram, o que eles foram forçados a presenciar. Nunca, isto é, até eles encontrarem um humilde padre andando pelos seus bosques em sua batina.

"Isto é muito, muito importante," diz Edouard Husson, um historiador da Sorbonne em Paris e um consultor de projeto. A originalidade do trabalho de Desbois é que "ele foi o primeiro a ter a idéia de ir até as testemunhas ucranianas - os espectadores."
***

Aos vinte e poucos anos, quando iniciava seu caminho para uma vida de fé, Desbois era perseguido por uma pergunta: "O que Deus quer que eu faça?" Pouco sabia ele então, em meados dos anos de 1970s, que eventualmente ele mesmo responderia à pergunta, ao se tornar uma ponte humana entre o mundo judaico moderno e a Igreja Católica e um principal conduto através do qual o Holocausto seria relembrado.

A jornada de Desbois até os bosques da Ucrânia é enraizada numa rara fé, numa expansiva humanidade, e num vínculo pessoal. Ele nasceu em Burgundy, França, em 1955 numa família profundamente afetada pela ocupação alemã. Dois de seus primos foram deportados pelos Nazistas. Seu avô, como outros 25,000 soldados franceses, foi mantido num campo nas fronteiras da Polônia, Ucrânia e Rússia. "Nós nos sentimos como fazendo parte na mesma história que os judeus," diz Desbois. E ainda assim seu avô sempre dissera que seu internamento não fora nem de longe tão terrível quanto fora para "os outros."

Desbois estudou matemática e passou vários anos anos lecionando em Burkina Faso no oeste da África. Aos 21 anos, ele se uniu ao grupo de Madre Teresa por três meses em Calcutá, cuidando dos moribundos. Quando decidiu dedicar sua vida à Igreja, sua família - não particularmente religiosa - ficou horrorizada.

Depois do seminário, ele seguiu por um breve período a vida de um padre "normal" - realizando batismos e fazendo sermões semanais. Logo foi indicado pelo Cardeal de Lyon para ajudar nas relações entre a Igreja e a comunidade judaica. Desbois já estava estudando judaismo, e começara a aprender hebraico.

Até hoje, ele ajuda a organizar conferências entre católicos e judeus, e lidera jornadas de estudo do Holocausto para jovens católicos e outros estudantes. Numa destas viagens ao fim da década de '90, ele visitou o campo de aprisionamento de seu avô. Um memorial que havia lá estava quase totalmente destruído.

Ao longo de anos, enquanto ele trabalhava para reparar o memorial, ele continuava perguntando sobre "os outros." O prefeito da aldeia mostrou-lhe onde os prisioneiros soviéticos do campo estavam enterrados. "Eu disse, 'OK, [e] onde está as sepulturas em massa dos judeus?' " Desbois recorda. "Ele me disse, 'Eu não sei. Nós nunca as encontramos.' E eu disse, 'Como pode ser que mais de 10,000 judeus tenham sido assassinados na aldeia... e você não sabe?' "

Um prefeito recém-eleito lembrou-se da pergunta de Desbois. Na próxima vez que o padre retornou, 110 fazendeiros estavam a sua espera. "Em um dia, descobri que nós não só podíamos achar as valas comuns com precisão, como podíamos também achar testemunhas que ... estiveram presentes na execução." O prefeito disse que ele ajudaria Desbois a achar as valas comuns nas 100 próximas aldeias. Em 2004, com fundos iniciais da Fundação para a Memória da Shoah, um grupo francês, o projeto Ucrânia nasceu. A equipe de Desbois mapeou 500 sepulturas não identificadas até agora. Ele acredita que outras 1,700 existam.

"Temos o dever de perguntar, 'Onde estão as sepulturas?' " Disse ele simplesmente.
***

O escritório de Desbois é um tanto quanto modesto para um homem. Entrando na parte operária de Paris, em um edifício modernista sombrio, um frágil elevador abre para uma suíte periclitante do escritório. As paredes estão cobertas de images de Jerusalém e um calendário de 2006 de feriados judaicos. Sobre uma mesa repousa uma menorá de bronze maciço com a qual a B'nai B'rith Internacional recentemente o premiou por seu trabalho pelos direitos humanos.

Desbois atende ele mesmo a campanhia. Ele tem cabelos escuros, e suas mãos movem-se continuamente enquanto ele explica seu projeto. Ele está atarefado e cansado. Quarta-feita ele esteva em Londres em um encontro com nove rabinos. Um deles irá supervisionar a pesquisa na Ucrânia. Desbois é cauteloso para que seu trabalho siga a halacha, ou lei judaica.

Desbois conta com uma equipe enxuta. Um estudante na Alemanha vasculha arquivos da polícia, que são então comparados referências nos arquivos soviéticos no Distrito de Colúmbia em Washington(EUA), para contextualizar o período. Então Desbois procura por três testemunhas oculares não relacionadas. Ele se aproxima delas como um padre, em sua batina, com sua maneira gentil. Ele reconstrói os massacres através de seus relatos - onde os judeus andaram, onde os assassinos estavam. Especialistas em balística analisam os cartuchos vazios encontrados nas sepulturas. Cada testemunha é entrevistada, fotografada, e filmada.

"Ele nunca fez ninguém sentir-se culpado," diz Anne-Marie Revcolevschi, diretora da Fundação Francesa da Shoah, que viajou com Desbois. "Ele está apenas tentando entender o que aconteceu."

Desbois tira uma série de álbuns negros cheios de fotografias que poderiam passar por imagens do século XIX. Numa Ucrânia rural, as estradas não são asfaltadas, os rostos das pessoas profundamente marcados por rugas.

Quando a equipe de Desbois chega nas áreas mais remotas, isoladas por estradas cheias de buracos, as pessoas dizem a ele: os Nazistas fizeram o mesmo trajeto, simplesmente para matar. Ele mostra uma foto de um homem idoso chorando. Como outras testemunhas de massacres, este homem viu uma cova "ainda se mexendo" depois de três dias: em todas as aldeias, muitos foram enterrados ainda vivos.

"Não é sempre fácil," diz Desbois de seu trabalho. "E quando é difícil demais, eu sempre penso [no] meu avô [que] esteve aqui por três anos num campo e viu tudo. Eu, eu sou livre." Ele suspira. "O que eu quero é que cada lugar seja respeitado como lugares humanos," diz ele. " Eu quero recuperar a memória porque ninguém foi testemunha [disto] exceto aquelas pessoas que eu encontrei. E elas estão muito idosas. Então nós temos que nos apressar para salvar a memória."

Fonte: The Christian Science Monitor/RISU - Religious Information Service of Ukraine
http://www.risu.org.ua/eng/religion.and.society/digest/article;12790/
http://www.csmonitor.com/2006/1109/p20s01-lire.html
Tradução: Roberto Lucena

Para mais informações(fotos), contribuição de Lise:
http://www.yahadinunum.org/recherches.en.html
Em francês: TF1
http://tf1.lci.fr/infos/monde/europe/0,,3379523,00-enquete-sur-shoah-par-balles-.html

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