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sábado, 20 de dezembro de 2008

Porque é negação e não revisionismo. Parte VII: relatórios dos Einsatzgruppen

Porque é negação e não revisionismo. Parte VII: outras patéticas objeções aos relatórios dos Einsatzgruppen

Nós já vimos em seu livro sobre Treblinka como Mattogno e Graf tentaram desacreditar os relatórios dos Einsatzgruppen (e fracassaram miseravelmente).

Esta postagem endereçará um par de "numéricos" argumentos daquele livro.

Podemos considerar que a parte sobre a Lituânia foi discutida.

Penso que deveria apenas mencionar que de acordo com a mensagem no. 412 de 09.02.1942, das 138.272 pessoas mortas pelo EG-A, 55.556 eram mulheres e 34.464 eram crianças.

Apenas idiotas e negadores argüirão que isto era qualquer forma de ação anti-partisan.

Na realidade, destes 138.272 pessoas apenas 56 eram partisans, e 136.421 - judeus.

Agora vamos examinar as afirmações de Mattogno sobre a Letônia.

Ele cita o Einsatzgruppe A, Gesamtbericht vom 16 Oktober 1941 bis 31 Januar 1942 como segue:
O número total de judeus na Letônia no ano de 1935 era de: 93.479 ou 4.7% do total da população. [...]

No registro das tropas alemãs ainda havia 70.000 judeus na Letônia. O resto tinha fugido com os bolcheviques. [...]

Mais adiante até outubro de 1941, cerca de 30.000 judeus foram executados por este Sonderkommando. Os judeus restantes, ainda indispensáveis devido a importância econômica, foram recolhidos pros guetos. Seguindo o processo dos casos de crimes na base de não usar a estrela judaica, negócio ilícito, furto, fraude, mas também na contagem do perigo preventivo de epidemias nos guetos, mais execuções foram feitas até depois. Assim, em 9 de novembro de 1941, 11.034 foram executados em Dünaburg, 27.800 em Riga no começo de dezembro de 1941 por uma operação ordenada e realizada pelo Superior das SS- e Chefe de Polícia, e 2.350 em Libau no meio de dezembro de 1941. Desta vez houve judeus letonianos nos guetos (à parte dos judeus do Reich) em:

Riga aproximadamente 2.500
Dünaburg " 950
Libau " 300
(Nota: havia 300 em Libau, não 3.000, como digitado incorretamente na versão online; mas os cálculos são baseados em cima do número correto).

Mattogno então resume os dados e chega a seguinte conclusão:
Mas se adicionarmos juntos os números daqueles abatidos (30.000 + 41.184 =) 71.184 a aqueles que ainda viviam nos guetos (3.750), chegamos a 74.934 judeus, um número que é maior que o número alegadamente presente no registro dos alemães dentro da Letônia. Numa tabela que resume o relatório e leva o título de "Número de execuções feitas pelo Einsatzgruppe A além de 1 de fevereiro de 1942," o número daqueles abatidos é indicado como sendo 35.238, para os quais são adicionados 5.500 judeus mortos "por pogroms," mas "de 1 de dezembro de 1941;"[590] logo temos 40.738 vítimas judias. Embora esta cifra inclui um adicional de 5.500 judeus mortos em pogroms não mencionados no relatório, o número total daqueles mortos é de longe mais baixo: 40.738 em oposição a 71.184.
Aliás, o mapa de caixão de Stahlecker é baseado nos mesmos dados, obviamente.

Então, há um erro no relatório? Sim, há um.

Sabemos que 1.134 judeus foram mortos em Duenaburg/Dvinsk/Daugavpils pelo EG-A naquela ação particular. "11.034" é um erro tipográfico (I. Altman, Zhertvy nenavisti, Moscou, 2002, pp. 238, 239; a fonte de Altman é GARF, f. 7021, op. 148, d. 215, l. 48). Este erro provavelmente é originário do rascunho do relatório das operações do EG-A em dezembro de 1941 (o mapa de caixão é um apêndice para este relatório), e é assim desse modo presente em dois documentos. Não era uma inflação deliberada, como a soma errada mostra.

Sem este erro temos cerca de (30.000+1.134+27.800+2.350=) 61.284 vítimas judias. Mais havia 3.750 judeus vivos. Também note o idioma: "Seguindo o processo dos casos de crime ... mais execuções foram feitas até depois. Assim, em 9 de novembro de 1941, 11.034 foram executados em Dünaburg...". Penso que isto implica que eles não listararam necessariamente todas as ações, apenas as maiores delas.

O próximo argumento é que o resumo do número de execuções pelo EG-A (incluindo pogroms) foi de 40.738 em vez de 71.184 (ou 61.284, corrigido por Duenaburg).

O argumento é auto-refutável. Relendo o título: "Número de execuções feitas pelo Einsatzgruppe A além de 1 de fevereiro de 1942". "Número de execuções feitas pelo Einsatzgruppe A...". Agora relendo o relatório: "27.800 em Riga no começo de dezembro de 1941 por uma operação ordenada e conduzida pelo Superior das SS - e Chefe de Polícia". "Ordenada e feita pelo Superior das SS - e Chefe de Polícia". O Superior das SS - e Chefe de Polícia e seus homens não eram do EG-A. Sim, é fácil assim. No relatório eles estavam listando informações gerais até sobre execuções não conduzidas por eles mesmos, mas o resumo pertence apenas ao Einsatzgruppe A.

Isto é tudo, pessoal.

Mas espere, nosso amigo, o Moonbat, quer dizer alguma coisa:

Mas não é fato que os relatórios dos EG contém erros tipográficos minando a história inteira do Holocausto? Você sabe, talvez 2.780 judeus não foram abatidos em Riga, e sim 27.800? (Eu penso que nenhum foi abatido e tudo isto são mentiras judias, mas pela segurança do argumento...)
Bem, o que eu posso dizer? Tudo é possível. Mas ninguém precisa de evidência para afirmar que este ou aquele número é um erro tipográfico, não de outra forma. Além do que, alguém pode sempre estabelecer a exatidão dos dados por checagem cruzada com outros pedaços de evidência. Considere o que o Prof. Richard Evans tem a dizer em seu relatório do julgamento de Irving:
Além do mais, Irving na sua principal narrativa em Goebbels: Mastermind of the ‘Third Reich’(Goebbels: cérebro do 'Terceiro Reich'), fracassou em esclarecer a seus leitores sobre o segundo massacre dos judeus de Riga que ocorreu em 8 de dezembro de 1941. Apenas em suas notas-de-ropapé ele faz reconhecer que o Einsatzgruppe A relatou que em início de dezembro de 1941 um total de 27.800 judeus foram executados em Riga. Entretanto, Irving imediatamente lança dúvidas sobre estas cifras, afirmando que elas são ‘possíveis numa exageração’.655 Já as dúvidas de Irving não são confirmadas por outras fontes. A corte em Hamburgo em 1973 estabeleceu que entre 12.000-15.000 judeus foram assassinados em 8 de dezembro de 1941, trazendo um número total de judeus mortos pelos nazistas em Riga entre 30 de novembro de 1941 e 8 de dezembro de 1941 de entre 25.000-30.000. 656 Usando vários métidos para calcular as vítimas em Riga, o historiador Andrew Ezergailis também chegou certamente a cifra de cerca de 25.000 judeus mortos. 657

[...]

655 Irving, Goebbels, p. 645, nota 42.
656 IfZ, Gh 02.47/3, Urteil des Schwurgerichts Hamburg in der Strafsache gegen J. und andere, (50) 9/72, vom 23.2.1973.
657 A. Ezergailis, The Holocaust in Latvia 1941-1944(O Holocausto na Letônia 1941-1944) (Riga, 1996), p. 261.
Eu devia também assinalar que Mattogno e Graf deviam saber acerca deste erro tipográfico. É mencionado em numerosas fontes - no livro de Altman estes itens de notícias (no qual o real número é citado), H.-H. Wilhelm, um dos co-autores de Die Truppe des Weltanschauungskriege, como relatado aqui, e também na introdução de Rudolf para Dissecting the Holocaust(Dissecando o Holocausto).

Então, agora que suas objeções foram refutadas (e estou certo que eles apresentaram o melhor que eles tinham), Mattogno e Graf aceitarão os números de judeus assassinados e tudo que eles implicam? Ou eles sonharão com outras desculpas? Penso que a resposta é auto-evidente.

[Eu desejo agradecer a Nick pelo auxílio generoso.]
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Com esta postagem eu conclui minha contribuição com estas séries. Roberto continuará o trabalho, examinando vários outras argumentos falaciosos. Obrigado por sua atenção.

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Fonte: Holocaust Controversies
Texto: Sergey Romanov
http://holocaustcontroversies.blogspot.com/2006/08/thats-why-it-is-denial-not_115488858935311686.html
Tradução: Roberto Lucena

Ver também: Técnicas dos negadores do Holocausto

sábado, 14 de junho de 2008

Crise acelera avanço neonazista

Vitória eleitoral anima extrema direita alemã, que ganha terreno no cada vez mais empobrecido leste do país
ALEMANHA

Marcos Guterman

A história ensina que não é bom subestimar a capacidade dos nazistas de perceber oportunidades históricas. Assim como na década de 20 do século passado, a extrema direita alemã está aproveitando agora uma mistura explosiva de crise econômica e hesitação política dos partidos tradicionais para alimentar um projeto declarado de se tornar uma força nacional.

Os neonazistas alemães, cuja ação é bastante limitada pela legislação, parecem estar se sentindo bastante à vontade, sobretudo após um importante triunfo nas últimas eleições no Estado de Mecklenburgo-Pomerânia Ocidental - terra da primeira-ministra alemã, Angela Merkel, que classificou o resultado como ‘desagradável’.

O Partido Nacional Democrático (NPD, na sigla em alemão), nome fantasia da agremiação neonazista, obteve 7,5% dos votos na eleição, em setembro, dando-lhe direito a cinco cadeiras no Parlamento do Estado.

Com os votos ainda quentes nas urnas, algumas lideranças civis voltaram a pedir a proibição do NPD, mas o governo se disse contrário, sob o argumento de que o problema não era legal, e sim de mobilização da sociedade para esvaziar o discurso dos extremistas.

Analistas ouvidos pelo Estado concordam com essa avaliação. Todos coincidem no ponto segundo o qual os neonazistas crescem a reboque do desemprego, da desatenção do poder federal e de uma indiferença mais ou menos generalizada.

Mecklenburgo-Pomerânia Ocidental, que fica no antigo lado comunista da Alemanha, é o Estado mais pobre do país e, portanto, é o ecossistema ideal para o florescimento do extremismo de direita.

Um estudo divulgado na semana passada mostra o quanto cresceu a clientela preferencial dos neonazistas. Segundo a Fundação Friedrich Ebert , ligada ao Partido Social Democrata, há 6,5 milhões de alemães abaixo da linha de pobreza, que é de 938 euros. Essa massa ganha, em média, 424 euros por mês, e representa 8% da população.

O índice sobe para 20% no lado oriental da Alemanha, exatamente a base do crescimento neonazista. ‘O voto nos nazistas em 1930-33 e o voto nos neonazistas hoje são votos de protesto, e os políticos dos grandes partidos precisam trabalhar duro para remover as causas desse protesto’, afirma Richard J. Evans, especialista em história contemporânea alemã na Universidade de Cambridge (Reino Unido). ‘O melhor meio de lidar com o neonazismo é reduzir o desemprego nas regiões do leste da Alemanha, que são sua maior fonte de apoio.’ No entanto, para Robert Gelatelly, historiador da Universidade Estadual da Flórida (EUA) que editou o livro As Entrevistas de Nuremberg, o problema é ainda mais profundo. Segundo ele, sucessivos governos alemães têm se dedicado bastante a resolver a crise do leste, ‘mas 50 anos de desmandos comunistas provaram-se muito mais difíceis de superar do que se imaginava’.

Entre especialistas alemães, parece haver bem menos boa vontade em relação à reação de suas instituições quando confrontadas com o problema do neonazismo. Christian Gerlach, historiador da Universidade de Colúmbia (EUA), por exemplo, acha que há ‘leniência’ (ler na próxima página).

Uma parte do problema pode ser debitada na conta da própria democracia. Como se convencionou acreditar, Hitler subiu ao poder em 1933 por conta da confusa situação política após a Primeira Guerra Mundial. Agora, novamente, os defensores do nazismo encontram campo para crescer dentro de um regime democrático.

Mas há diferenças que o tempo tratou de estabelecer. ‘A Alemanha impôs limites a sua democracia desde a fundação da Alemanha Ocidental’, explica Max Paul Friedman, historiador da Universidade Estadual da Flórida. ‘Diferentemente dos EUA, onde quase todo tipo de manifestação é protegida por lei, na Alemanha o sujeito pode ser punido por negar o Holocausto, incitar ataques racistas e cometer outros crimes de expressão política radical.’ De fato, vários partidos políticos já foram banidos na Alemanha desde o fim da 2ª Guerra por defender o nazismo, e as expressões políticas desse movimento têm sido sistematicamente limitadas. Por outro lado, como adverte Richard Evans, ‘uma democracia deve respeitar o voto das minorias’, ainda que violentas. A ‘minoria’ que o NPD quer representar são os alemães que não querem nem ouvir falar em imigrantes. A plataforma do partido é simples: os imigrantes devem ser expulsos do país.

Com essa disposição, e uma enorme resiliência, o NPD agora pretende ser o guarda-chuva sob o qual os diversos grupos extremistas de direita no país podem se abrigar, no que eles têm chamado de ‘pacto pela Alemanha’. ‘O apelo dos grupos neonazistas desde os anos 70, e especialmente desde a reunificação, deixou de ser basicamente o antisemitismo e agora é a propaganda antiimigração’, afirma Max Friedman. ‘Durante as campanhas eleitorais é possível ver cartazes do NPD com fotos de famílias turcas carregando bagagens sob o slogan ´Tenham uma boa viagem para casa´ - uma maneira esperta de escapar das restrições à propaganda racista.’ O relativo sucesso do NPD neste momento reflete, portanto, a recorrência da questão da imigração como problema na Alemanha.

A perseguição ao imigrante, muitas vezes violenta, feita por grupamentos paramilitares a serviço do NPD, lembra os ataques aos judeus nos anos 20 e 30. Trata-se de uma ação que visa a destruir o sujeito desenraizado que surge como uma ameaça ao modo de vida alemão. A preocupação é saber até aonde os neonazistas conseguirão ir. ‘Eu não acho que os ´neo´ irão mais longe’, argumenta Robert Gellately. ‘Mas não é uma coisa boa que eles já tenham chegado tão longe.

Fonte: Estado de São Paulo(arquivo, 25.10.2006)
http://blog.controversia.com.br/2006/10/25/crise-acelera-avanco-neonazista/

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