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domingo, 18 de outubro de 2015

Candidata a prefeita na Alemanha é esfaqueada por receber refugiados

Foto: Bild.de/Reprodução.A candidata foi esfaqueada
quando fazia campanha em um mercado
A chanceler Angela Merkel expressou o seu "choque" neste sábado com o ataque contra a candidata à prefeitura de Colônia

Uma política alemã foi esfaqueada neste sábado por motivos aparentemente "racistas", vinculados à política de recepção de refugiados, no momento em que migrantes entram na União Europeia (UE) pela Eslovênia, depois que a Hungria fechou a fronteira com a Croácia.

Poucas horas depois de dois novos naufrágios que mataram pelo menos 16 migrantes mortos nas costas da Grécia e Turquia, a chanceler Angela Merkel expressou o seu "choque" neste sábado com o ataque contra a candidata à prefeitura de Colônia (oeste) Henriette Reker, em um clima de grande tensão provocada pela política migratória do governo.

"A chanceler expressou seu choque e condenou o ato", disse à AFP uma porta-voz do governo.

A Alemanha deve receber em 2015 até um milhão de refugiados, um recorde sem precedentes.

A candidata foi esfaqueada quando fazia campanha em um mercado, anunciou a polícia regional.

Reker, gravemente ferida no pescoço, era a responsável pela recepção dos refugiados na prefeitura de Colonia, explicou Wolfgang Albers, chefe de polícia da Renânia do Norte-Vestfália.

"Neste contexto, privilegiamos uma ação política" disse.

O agressor, um alemão desempregado há muito tempo e detido depois do crime, "disse que cometeu o ato com uma motivação racista", indicou o chefe de polícia de Colônia, Norbert Wagner.

Reker, candidata sem partido, mas apoiada pelos conservadores (CDU) de Angela Merkel, é uma das candidatas favoritas à prefeitura de Colônia, a quarta maior cidade da Alemanha, com 980.000 habitantes.

Ela sofreu "ferimentos graves", mas o quadro é "estável", afirmou Albers.

Ao mesmo tempo, os migrantes que tentam chegar ao norte da Europa pelos Bálcãs começaram a entrar na Eslovênia neste sábado, depois que a Hungria fechou a fronteira com a Croácia.

A Eslovênia recebeu durante a manhã os primeiros ônibus de migrantes procedentes da Croácia. Poucas horas depois, os primeiros refugiados chegaram à fronteira com a Áustria, confirmando que o "corredor" para o oeste prometido pela Eslovênia está operacional.

O Alto Comissariado da ONU para os Refugiados (Acnur) expressou satisfação e destacou que as autoridades eslovenas asseguram o fluxo de refugiados, principalmente da Síria, Iraque e Afeganistão.

O governo esloveno informou conversações com a Croácia (em Zagreb) para criar "um ou dois" pontos de atendimento aos migrantes.

A Hungria fechou na sexta-feira os principais pontos de passagem de migrantes na fronteira com a Croácia, bloqueada agora em vários trechos por uma grande cerca de alambrados.

Mais de 170.000 migrantes entraram na Hungria pela fronteira com a Croácia desde 15 de setembro. Os dois países estabeleceram uma colaboração para assegurar o trânsito diário.

Novos naufrágios fatais

Os milhares de migrantes que tentam entrar na Europa pela Grécia, Macedônia e Sérvia prosseguem com as viagens extremamente arriscadas.

Doze migrantes morreram afogados neste sábado quando a embarcação em que viajavam naufragou na costa da Turquia, informou agência de notícias turca Anatólia.

A Guarda Costeira do país conseguiu recuperar os corpos que estavam em um bote de madeira que partiu da estação balneária de Ayvalik (noroeste) com destino à ilha grega de Lesbos, segundo a agência.

As equipes de emergência também resgataram 25 passageiros da embarcação, que pediram ajuda com seus telefones celulares.

Mais cedo, a Guarda Costeira da Grécia anunciou a morte de quatro migrantes, três crianças e uma mulher, no naufrágio de uma embarcação no mar Egeu.

Onze pessoas que estavam no mesmo bote foram resgatadas e as equipes de emergência procuram uma criança que está desaparecida.

Quase 300 migrantes morreram no mar Egeu em 2015, durante tentativas de fugir dos conflitos e da pobreza em seus países, informou a Organização Internacional para as Migrações (OIM).

Mais de 600.000 migrantes atravessaram o Mediterrâneo desde janeiro, segundo a OIM, sendo que mais de 466.000 desembarcaram na Grécia. Mais de 3.000 pessoas morreram na travessia.

Fonte: Diário de Canoas
http://www.diariodecanoas.com.br/_conteudo/2015/10/noticias/mundo/230218-candidata-a-prefeita-na-alemanha-e-esfaqueada-por-receber-refugiados.html

Ver mais:
Polícia alemã suspeita de xenofobia em ataque a Reker (Terra/DW)

quinta-feira, 25 de outubro de 2012

Merkel inaugura memorial para ciganos vítimas do Holocausto

BERLIM — A chanceler alemã, Angela Merkel, inaugurou nesta quarta-feira um memorial em homenagem aos cerca de meio milhão de ciganos assassinados pelo regime nazista e alertou para a enorme discriminação ainda existente contra essa minoria.

O monumento, que sofreu muitos atrasos para ficar pronto, consiste em uma piscina redonda com um monólito triangular no centro no qual repousará a cada dia uma flor recém-colhida, e se localiza em frente ao Reichstag, o edifício do Parlamento, no centro de Berlim.

Uma linha do tempo sobre o extermínio nazista fica ao lado do memorial, que após 20 anos de atrasos foi finalmente construído com um subsídio do governo federal de 2,8 milhões de euros (3,6 milhões de dólares).

"Auschwitz", do poeta e compositor italiano Santino Spinelli, está gravado na borda da piscina em inglês e alemão, contando o sofrimento e a dor causados aos Sinti e Roma, dois grupos ciganos muito presentes na Alemanha.

O monumento foi projetado pelo artista israelense Dani Karavan, de 81 anos, e está localizado próximo a outros dois memoriais para as vítimas da barbárie nazista, um campo repleto de pilares para os seis milhões de judeus assassinados e um monumento menor para os homossexuais vítimas de Hitler.

Merkel, que estava visivelmente comovida durante a cerimônia de inauguração, afirmou que este capítulo terrível da história da Alemanha a enchia "de tristeza e vergonha". Ela saudou a obra de Karavan, ao dizer que seu design "fala tanto para o coração quanto para a mente".

"Este memorial lembra um grupo de vítimas que foi ignorado por muito tempo", afirmou, lembrando que o governo da Alemanha Ocidental só reconheceu o genocídio em 1982.

"Recorda a injustiça indescritível que foi infligida a vocês", afirmou à plateia, que incluía muitos sobreviventes idosos. Organizadores forneceram cobertores azuis para protegê-los do frio do mês de outubro.

"Os Sinti e Roma ainda sofrem de ostracismo e condenação", afirmou. "Proteger as minorias é nosso dever, hoje e amanhã".

"A sociedade não aprendeu nada"

O alemão Zoni Weisz, de 75 anos, lutou para conter as lágrimas ao relembrar sua fuga angustiante da deportação com a ajuda de um corajoso policial enquanto a maior parte de sua família foi enviada para um campo de concentração.

Ele disse que a Europa não estava vivendo à altura das responsabilidades competentes a ela após o assassinato dos Sinti e Roma sete décadas atrás.

"A sociedade não aprendeu nada, quase nada", afirmou. "Do contrário eles iriam nos tratar de forma diferente".

Os pais de Weisz, as irmãs e o irmão mais novo foram mortos em Auschwitz, enquanto ele sobreviveu escondido.

Os nazistas consideravam os Roma e Sinti racialmente inferiores, como os judeus, e realizaram uma campanha sistemática de opressão contra eles.

Em 1938, o chefe nazista Heinrich Himmler ordenou a "solução final da questão cigana".

Aqueles capturados na varredura foram confinados a guetos, deportados para campos de concentração e mortos. Muitos foram utilizados em experimentos médicos grotescos e esterilização forçada.

Historiadores estimam que cerca de 500.000 homens, mulheres e crianças ciganos de toda a Europa foram mortos entre 1933 e 1945, dizimando uma população com raízes na Alemanha que datam de seis séculos.

O líder do Conselho Central de Sinti e Roma na Alemanha, Romani Rose, que lidera uma comunidade de cerca de 70 mil pessoas, contestou ferozmente a referência utilizada no memorial aos "ciganos", um termo comumente usado no passado, mas agora visto como depreciativo.

Cerca de 11 milhões de ciganos vivem na Europa, sete milhões dos quais na União Europeia, assumindo o posto da maior minoria étnica do continente. Mas eles sofrem com uma pobreza desproporcional e com enorme discriminação.

A queda da Cortina de Ferro em 1989 e a expansão do Leste Europeu provocaram a migração de alguns dos ciganos para o oeste, mais rico, e países como França e Itália implementaram medidas de segurança, que incluem a destruição de acampamentos considerados ilegais.

Recentemente, Berlim manifestou seu desejo de deter essas migrações, desejando que fosse retirada a isenção de visto para os cidadãos sérvios e macedônios, muitos dos quais são ciganos.

Após o discurso de Merkel na cerimônia, um desordeiro protestou perguntando à chanceler: "O que você diz sobre os deportados? Eles também querem ficar aqui!".

De Deborah Cole (AFP)

Vídeos: Bluchannel TV e AFP


Fonte: AFP/Google
http://www.google.com/hostednews/afp/article/ALeqM5iwie8AZmXk-piI7yPX13CE6XUOyg?docId=CNG.ed0cb0e81492b44ee019fd55ee283104.491

Ver mais:
Alemanha cria memorial para ciganos vítimas do Holocausto (BBC Brasil/Terra)
Merkel homenageia vítimas ciganas do Holocausto (Diário de Notícias, Portugal)

segunda-feira, 22 de outubro de 2012

Memorial aos ciganos vítimas do Holocausto será inaugurado em Berlim

De Céline LE PRIOUX (AFP) – Há 6 horas

BERLIM — Mais de 65 anos depois do Holocausto, a chanceler alemã, Angela Merkel, irá inaugurar nesta quarta-feira, em Berlim, um memorial aos ciganos vítimas do nazismo, no momento em que esta comunidade ainda enfrenta casos de racismo e discriminação na Europa.

Quase 500 mil sinti e roms da Europa, dois grupos ciganos muito presentes na Alemanha e considerados "racialmente inferiores", foram assassinados pelo III Reich, segundo estimativas oficiais.

Situado em frente ao Parlamento alemão, o memorial aos sinti e roms, criado pela artista israelense Dani Karavan, consiste em um eixo com um pilar central no qual repousará a cada dia uma flor recém-colhida. Ele está localizado perto de um outro dedicado às vítimas do Holocausto e um dedicado aos homossexuais mortos pelos nazistas.

"O Holocausto contra os ciganos - ou "Porajmos", que significa literalmente devorar - tem sido por muito tempo negado e não tem sido objeto de pesquisas históricas, não só na Alemanha, mas também em outros países como a França de Vichy ou países do Leste Europeu que participaram da perseguição", considerou o historiador Wolfgang Wippermann, da Universidade Livre de Berlim.

"Ao contrário dos judeus, que os nazistas perseguiam pela sua religião, os ciganos, católicos em sua maioria, não eram necessariamente identificáveis entre outros cidadãos", explica Romani Rose, presidente do Conselho Central alemão dos sinti e roms.

Para remediar esta situação, os "pesquisadores raciais" da Alemanha nazista gravaram uma série de características e estabeleceram genealogias que às vezes remontavam ao século XVI, para detectar um "ancestral cigano", a fim de enviar para os campos de extermínio os "de sangue misturado". Em Auschwitz e em Ravensbrück, eles serviram como cobaias para experiências médicas.

A RFA reconheceu oficialmente este genocídio em 1982, com um gesto do chanceler Helmut Schmidt. E em 1997, o presidente Roman Herzog ressaltou pela primeira vez que ele teve a mesma motivação racista e que havia sido praticado pelos nazistas com a mesma resolução e o mesmo desejo que o extermínio dos judeus.

Atualmente, 11 milhões de ciganos vivem no continente europeu, entre eles sete milhões na União Europeia, principalmente na Europa Central e do Sudeste, na Romênia, Bulgária, Hungria e Eslováquia.

A maior minoria étnica na Europa é também a mais pobre, que sofre com a discriminação e o racismo. Rose denuncia principalmente a situação na Romênia, onde foram libertados da escravidão em 1856, na Bulgária, Hungria, Eslováquia, mas também na França e Itália.

A queda da Cortina de Ferro em 1989 e a expansão do Leste Europeu provocou a migração de alguns para o oeste mais rico, e países como França e Itália implementaram medidas de segurança, que incluem a destruição de acampamentos considerados ilegais.

Atualmente vivem na Alemanha cerca de 70 mil ciganos de nacionalidade alemã. "Eles não são nômades e suas famílias estão, por vezes, instaladas há 600 anos em nosso país", indica Wippermann.

Eles fazem parte desde 1997 das quatro minorias protegidas na Alemanha, como os dinamarqueses e os frísios instalados no norte, e os sorbs que vivem no leste.

Nas últimas duas décadas, várias dezenas de milhares de ciganos originários do Leste Europeu também tentaram uma chance na Alemanha. Mas não existem campos selvagens, com dizia o presidente Nicolas Sarkozy há dois anos, afirmando que Angela Merkel procederia com evacuações.

Recentemente, Berlim manifestou seu desejo de fazer parar essas migrações, desejando que fosse retirada a isenção de visto para os cidadãos sérvios e macedônios, muitos dos quais são ciganos.

Fonte: AFP
http://www.google.com/hostednews/afp/article/ALeqM5jcaxA9djip7D5zxIC3LV5EhX9knw?docId=CNG.33a5fe2e73c231d7d6abac75c4abd70b.41

Ver mais:
El Holocausto gitano, por fin reconocido (Deutsche Welle, Alemanha)
Berlín inaugura su monumento en memoria de los gitanos víctimas del Holocausto (AFP, em espanhol)

quarta-feira, 10 de outubro de 2012

Polícia de Atenas 'torturou e humilhou' quem protestou contra partido neo-nazi

A polícia metropolitana grega é acusada de ter espancado, torturado e humilhado os detidos de manifestações anti-fascismo ©AP

Cerca de 40 pessoas que se uniram em protestos contra o Aurora Dourada, partido neo-nazi que tem revigorado o seu ímpeto na Grécia, foram castigados pelas autoridades com métodos de tortura e humilhação. Os relatos dos detidos falam da violência sofrida por se terem manifestado contra o fascismo, e de como a imprensa helénica fecha os olhos ao que se passa no país.

No último dia de Setembro, o centro de Atenas, capital do país, encheu-se uma vez mais em protesto contra a crescente austeridade que aperta o país, numa manifestação que foi a mais noticiada, mas apenas uma mais entre as várias que assolam o país todas as semanas.

No meio do protesto, convocado pela maior união sindical da Grécia, outros grupos apontavam as suas vozes para outros alvos: o fascismo e o neo-nazismo, hoje simbolizados pelo Aurora Dourada.

Ao final do dia, 15 pessoas que participaram nesse protesto estavam nas instalações da Direcção Geral da Polícia de Attica (GADA, na sigla inglesa), sinónimo da polícia metropolitana de Atenas. Lá terão sido espancados, queimados com isqueiros, humilhados e impedidos de dormir e beber água, num conjunto de queixas noticiadas esta terça-feira pelo The Guardian. Dias depois, outros 25 manifestantes foram detidos e sujeitos a um tratamento semelhante.

«Tínhamos tanta sede que até bebíamos água das retretes», revelou um dos detidos, citado mas não identificado pelo diário britânico, por temer represálias da polícia mas, sobretudo, de elementos do Amanhecer Dourado, com quem os detidos acusam o GADA de colaborar e a imprensa de não noticiar os abusos e violência que fazem por proliferar.

«Aqui, os jornalistas não falam destas coisas, ninguém presta atenção se não noticiarem isto no estrangeiro», apelou um outro. De facto, à hora da escrita desta notícia (16h10), nenhum dos principais jornais gregos, na sua edição online – Ekathimerini (versão inglesa), Ta Nea, Express e Ethnos – destacava qualquer texto sobre a violência noticiada pelo diário britânico.

Uma violência apontada ao GADA e aos seus agentes, e que foi descrita por um dos advogados dos detidos como «uma humilhação ao estilo de Abu Ghraib», a prisão que as tropas norte-americanas utilizavam, no Iraque, para interrogar e torturar prisioneiros iraquianos.

De entre o primeiro grupo de 15 detidos, as queixas revelam que os polícias lhes terão negado acesso a água e advogados durante 19 horas e, aos feridos, só foi concedido tratamento médico no dia seguinte à manifestação. Os detidos terão sido obrigados a despirem-se e a dobrarem-se em posições «humilhantes», sendo impedidos de adormecer pelos agentes, que lhe apontavam lasers e tochas para os olhos e lhes cuspiam em cima.

«Tudo o que podíamos fazer era olhar uns para os outros, pelo canto dos olhos, para nos dar coragem», conta um dos detidos, revelando que, quando um dos agentes, responsável pelos actos, recebeu um telefonema, atendeu-o dizendo: «Estou a trabalhar e a lixá-los, a lixá-los bem», usando uma tradução sem o vernáculo citado pelo The Guardian.

Uma das imagens divulgadas pelo diário mostra um grande hematoma nas pernas de um dos alegados detidos, e um outro com um braço e perna fracturadas.

A amanhecer do extremismo
O partido neo-nazi foi o sexto mais votado em Maio, nas últimas eleições legislativas do país, reunindo votos suficientes para hoje sentar 18 deputados no parlamento helénico.

Em algumas sondagens divulgadas na passada semana, o partido era o terceiro colocado nas intenções de voto, apenas atrás do par que sustenta a coligação no governo – os socialistas do PASOK e os conservadores da Nova Democracia (ND).

Fora das urnas e nas ruas do país, porém, membros conotados com o partido têm atacado várias pessoas em bairros de imigrantes de Atenas e distribuído comida e roupas a cidadãos mais desfavorecidos.

Na noite que passaram nas instalações do GADA, os manifestantes revelam ter recebido repetidas ameaças de que as suas moradas seriam divulgadas ao Aurora Dourada, contra quem, horas antes, tinham lançado as suas vozes de protesto.

Christos Manouras, um porta-voz do GADA, sublinhou que «não houve qualquer uso de força por parte dos agentes da polícia», assegurando ainda que as autoridades «analisam e examinam aprofundadamente qualquer relato que apontem para o uso de violência».

9 de Outubro, 2012
por Diogo Pombo

(artigo corrigido às 18h59.)
diogo.pombo@sol.pt

Fonte: SOL (Portugal)
http://sol.sapo.pt/inicio/Internacional/Interior.aspx?content_id=60685

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Clandestinidade Nacional-Socialista causa alarme na Alemanha

A ministra alemã da Justiça disse que
era hora de analizar a atuação do
serviço secreto sobre a cena neonazi.
A pior hipótese parece se confirmar: a justiça alemã crê que uma dezena de assassinatos até agora sem esclarecimento são obra de uma mesma célula neonazista.

Neste domingo (13.11.2011), durante uma visita à cidade de Leipzig, a chanceler alemã, Angela Merkel, admitiu se sentir preocupada pelo que pode se esconder por detrás de dez assassinatos atribuídos a um comando neonazi, cometidos na última década em distintas partes de Alemanha. O caso deixa em evidência estruturas e procedimentos “que não podíamos imaginar. Por isso devemos prestar atenção sempre a qualquer forma de extremismo”, apontou a chefe de governo alemão.

O ministro do Interior, Hans-Peter Friedrich, repetiu Merkel, qualificando os assassinatos pela primeira vez como atos de terrorismo. “Ao que parece estamos lidando com uma nova forma de terrorismo de extrema-direita”, disse Friedrich, aludindo aos resultados parciais das investigações. Elas sugerem que uma mesma célula neonazi tirou a vida de oito pequenos empresários turcos e um grego, entre os anos de 2000 e 2006, e a uma policial alemã, em 2007. Nenhum desses casos havia sido resolvido.

Os três supostos assassinos não eram de todo desconhecidos das autoridades alemãs. Na década de noventa eles se ligaram ao grupo de extrema-direita Defesa da Pátria, da Turíngia; mas a polícia perdeu o rastro deles. “Isto demonstra a tendência deste e outros governos em ignorar o extremismo de direita e o perigo que representam sua ideologia e sua estrutura”, assinalou a presidenta do Partido Verde, Claudia Roth, no sábado (12.11.2011). A se confirmar as suspeitas dos investigadores, este seria um dos piores casos de violência neonazi na Alemanha desde o fim da Segunda Guerra Mundial.

Se autodenominavam como Clandestinidade Nacional-Socialista

O achado dos cadáveres desses neonazis permitiu
relacionar assassinatos até então não resolvidos.
Os investigadores começaram a relacionar os assassinatos quando dois dos três suspeitos, Uwe M. e Uwe B., apareceram mortos em um automóvel que eles mesmos incendiaram, imediatamente antes de se suicidar com uma pistola. Os dois neonazis haviam acabado de roubar um banco - sua fonte de financiamiento, segundo o seminário Der Spiegel – quando perceberam que vários policiais haviam seguido a pista deles. A arma registrada da agente assassinada foi encontrada no automóvel dos homens.

A terceira integrante do grupo neonazi, Beate Z., foi presa em 8 de novembro, acusada de haver ateado fogo à casa que os três compartilhavam na cidade alemã de Zwickau, Estado federado da Saxônia, com a intenção aparente de destruir toda informação comprometedora. Der Spiegel informou que a pistola usada para matar os nove imigrantes foi encontrada na habitação comum. Outro achado importante: um vídeo de quinze minutos com testemunhos dos neonazis.

No vídeo, o trio - autodenominado Clandestinidade Nacional-Socialista - confessa ter assassinado os empresários e a agente policial, mostra fotografias de algumas das vítimas e atribuem a si outros atentados; entre eles, a explosão de uma bomba em 2004 que deixou 22 pessoas feridas numa rua de Colônia habitada sobretudo por imigrantes turcos. O grupo adverte na gravação que, “se não se produzem mudanças fundamentais na política, na imprensa e na liberdade de expressão”, realizaria novos ataques.

Forças de segurança alemãs estariam implicadas?

Uwe M., Beate Z. e Uwe B, os três membros do
grupo neonazi Clandestinidade Nacional-socialista.
Os dez assassinatos já haviam causado certo grau de comoção na Alemanha, mas a nova reviravolta que tomaram as averiguações pertinentes converteram o assunto em um delicado tema de política interna; não só porque volta a realçar a inconsistência da luta contra a violência racista e xenófoba praticada sistematicamente pela ultradireita, uma censura que se faz ao Estado, no geral, sem que ninguém dê um passo a frente para responder pelas omissões. Senão porque, neste caso, instituições concretas poderiam terminar assumindo responsabilidades.

Longe da prisão de uma quarta pessoa, suspeita de ter facilitado sua permissão para conduzir e até seu passaporte para apoiar as atividades dos neonazis em questão, o que atraiu a atenção da opinião pública alemã neste 13 de novembro foi a reportagem do diário Bild, segundo o qual novos indícios apontam inclusive que os neonazis podiam ter cúmplices nas forças de segurança, que podiam estar implicadas nos crimes cometidos pelo grupo Clandestinidade Nacional-Socialista ou, na melhor das hipóteses, ter conhecimento deles, o que explicaria como tiveram tanto sucesso atuando durante mais de dez anos sem serem descobertos.

Citando fontes governamentais - entre elas, o especialista em assuntos de política interna, Hans-Peter Uhl –, o jornal alemão reportou o confisco de documentos de identidade na casa dos neonazis, que em geral, só são obtidos por investigadores que trabalham incógnitos para o serviço de inteligência alemão. A ministra da Justiça, Sabine Leutheusser-Schnarrenberger, disse que seria necessário esclarecer como se se deu a atuação do serviço secreto no seio das organizações de extrema-direita na última década; o PKG, Grêmio Parlamentar de Controle, que supervisiona o trabalho do executivo e dos serviços de inteligência, dedicará-se nessa tarefa nos próximos dias.

Autor: Evan Romero-Castillo
Editora: Claudia Herrera Pahl

Fonte: Deutsche Welle (Alemanha)
http://www.dw-world.de/dw/article/0,,15529659,00.html
Tradução: Roberto Lucena

sábado, 17 de abril de 2010

Neonazis alemães cometeram 20.000 crimes em 2009

Berlim: Membros da extrema-direita alemã cometeram certa de 20.000 crimes políticos em 2009, é que declarou ontem o Secretário do Interior Thomas De Maizire.

Esta é a maior estimativa desde 2001, quando De Maizi começou a manter os registros dos crimes políticos.

De acordo com o deputado do partido Die Linke (de esquerda), as estimativas demonstram que as campanhas do governo para combater a extrema-direita fracassaram.

O parlamentar também criticou De Maizi por comparar grupos neonazis com organizações de extrema-esquerda. O governo da democrata-cristã Angela Merkel criticou iniciativas antifascistas muitas vezes, mas agora precisamos de uma ampla aliança contra os fascistas, disse Jelpke à mídia.

De acordo com Jelpke, criticismos contra aquelas demonstrações apenas aumentaram os alegados crimes políticos cometidos por ativistas de extrema-esquerda.

Fonte: Zee News, Índia/24 de março, 2010
"German Neo-Nazis: 20000 Crimes in 2009"
Link original: Prensa Latina
Tradução: Roberto Lucena
Observação: texto da matéria em português não encontrado, tirando o título, a matéria em português está fora do ar.

terça-feira, 14 de julho de 2009

Faltou solidariedade da maioria frente ao assassinato de Marwa El-Sherbini

Opinião: Faltou solidariedade da maioria frente ao assassinato de Marwa El-Sherbini

As reações ao homicídio de Marwa El-Sherbini em Dresden chegaram tarde mais. Consternação forçada não convence, comenta Stephan J. Kramer, secretário-geral do Conselho Geral dos Judeus na Alemanha.

Na segunda-feira (06/07), visitei Elwi Ali Okaz no hospital de Dresden, junto com o secretário-geral do Conselho Central dos Muçulmanos na Alemanha, Aiman Mazyek; o embaixador egípcio Ramzi Ezzeldin Ramzi; o diretor da polícia Brend Merbitz e o secretário de Justiça da Saxônia, Geert Mackenroth.

A mulher de Ali Okaz, Marwa El-Sherbini, foi esfaqueada por um fanático que odeia muçulmanos – isso na sala de um tribunal alemão, diga-se de passagem. Seu filho, ainda no ventre, também morreu. O outro filho, de três anos de idade, foi obrigado a presenciar o ocorrido no tribunal. Seu marido, que tentou ajudá-la, foi ferido gravemente, correndo risco de vida.

Através da visita ao hospital, queríamos encorajar Elwi Ali Okaz após sua perda irreparável e seus ferimentos graves – ele ainda foi, em função de uma terrível confusão, considerado agressor, tendo sido baleado por um policial – e também darmos um sinal para o mundo lá fora de solidariedade não apenas com as vítimas, mas com todos os muçulmanos na Alemanha.

Nossa visita desencadeou uma ampla reação da mídia. Desconcertante é o fato de, para alguns desses jornalistas, a viagem de dois secretários-gerais de religiões distintas a Dresden parecer ser mais digna de nota do que o homicídio por motivos racistas em si. Tudo indica que alguns desses jornalistas acharam a morte de uma muçulmana muito menos relevante do que o aparecimento em público de dois secretários-gerais juntos: um, muçulmano; outro, judeu. Em algumas publicações, percebia-se até mesmo uma satisfação arrogante e cheia de boas intenções em relação a uma "aliança das minorias", que, enfim, agora, mostrava que tinha capacidade de aprender e estaria agindo conjuntamente.

Diante desta situação, há urgência de uma palavra esclarecedora. Não fui a Dresden porque, como judeu, sou membro de uma minoria. Fiz a viagem porque, como judeu, sei que quem ataca uma pessoa por causa de raça, etnia ou religião, não ataca somente uma minoria, mas a sociedade democrática como um todo.

Neste sentido, não é relevante perguntar por que um representante da comunidade judaica manifesta seu pesar e sua solidariedade a Elwi Ali Okaz, mas sim por que não houve também uma avalanche de visitantes nem a solidariedade de representantes da maioria da sociedade alemã?

Por que as reações da mídia e da política ao assassinato chegaram tão tarde? Agora, muito em função da pressão da opinião pública internacional, tenta-se melhorar a situação. Consternação forçada, contudo, não convence.

Parece que a sociedade alemã não entendeu a envergadura do atentado de Dresden. Falta reconhecer que o assassinato de Marwa El-Sherbini é evidentemente o resultado de uma propaganda praticamente desimpedida contra os muçulmanos, feita desde as margens extremistas da sociedade até seu centro.

Principalmente a cena da extrema direita provoca, há anos, um clima de exclusão, demonização e medo frente a pessoas de outras crenças, estrangeiros e membros de minorias. Mas falta também enxergar que a ausência de resistência na sociedade contra o racismo pode incentivar outros atos terroristas – o termo é, nesse caso, absolutamente adequado – como esse homicídio covarde em Dresden.

Por isso, a Alemanha precisa, o mais tardar agora, levar a si mesma a julgamento. Não se trata apenas de isolar e punir os agressores, mas também de fazer um trabalho sustentável de esclarecimento, bem como disseminar o saber sobre a população muçulmana, sua cultura, sua religião e seus costumes.

Nossa meta não é a tolerância, mas sim o respeito no convívio mútuo. Não há nada que substitua um diálogo amplo, do qual participem não somente teólogos e autoridades, mas sim o maior número possível de cidadãos – um trabalho de base, no melhor sentido do termo.

Sei que a indignação e a insegurança entre os muçulmanos são grandes no momento, o que é compreensível. Mesmo assim, eles não deveriam esmorecer em seus esforços pelo lugar legítimo que lhes cabe na sociedade alemã. Para muitos – e isto ensina a experiência de outras minorias, inclusive dos judeus – tal significa um exercício de equilíbrio entre manter a própria identidade e se abrir para o ambiente social. Para solucionar esse dilema, é também imprescindível um diálogo aberto entre a minoria e a maioria. Integração não significa assimilação. Em caso de respeito mútuo, a diferença não é uma pedra no sapato da convivência.

Stephan Joachim Kramer é secretário-geral do Conselho Central dos Judeus na Alemanha. Este comentário foi escrito originalmente para o portal www.qantara.de, que conta, entre outros, com a participação da Deutsche Welle.

Autor: Stephan Joachim Kramer
Revisão: Augusto Valente

Fonte: Deutsche Welle(12.07.2009, Alemanha)
http://www.dw-world.de/dw/article/0,,4474247,00.html

sexta-feira, 19 de setembro de 2008

Museu do Holocausto de Jerusalém vence Prêmio Príncipe das Astúrias

Prêmio

O Yad Vashem, Museu do Holocausto de Jerusalém venceu o Prémio Príncipe das Astúrias da Concórdia 2007, deliberado por um júri que se reuniu na cidade espanhola de Oviedo.

A candidatura foi proposta à Fundação Príncipe das Astúrias pela chanceler alemã Ângela Merkel.

Na acta da decisão, o júri considera o Museu uma "recordação viva de uma grande tragédia história" e destaca o seu "tenaz trabalho para promover, entre as actuais e futuras gerações, e com base nessa memória, a superação do ódio, do racismo e da intolerância".

A decisão do júri foi tomada depois de um "grande debate" que começou na terça-feira, com fontes da Fundação Príncipe das Astúrias a referirem que houve "muitas candidaturas fortes".

Considerada a instituição internacional de mais significado em memória dos seis milhões de judeus vítimas do Holocausto, o Museu assenta na defesa de preservação dos direitos humanos e do "respeito à vida", como explica a Fundação Príncipe das Astúrias.

O Yad Vashem, Autoridade Nacional para a Recordação dos Mártires e Heróis do Holocausto, mais conhecido como Museu do Holocausto de Jerusalém, é um complexo instalado na zona de Har Hazikarón, na parte oeste da cidade.

Iniciativa do parlamento israelita em 1953, o museu criou em 1963 o título de Justos entre as Nações, já conferido a mais de 22.000 pessoas de mais de 30 países, entre os quais Portugal, que arriscaram a vida para salvar judeus.

Contando com novas instalações desde 15 de Março de 2005, o complexo abrange mais de quatro mil metros quadrados, onde estão reunidos documentos, vídeos, fotografias e testemunhos de sobreviventes.

A biblioteca do complexo conta com mais de 100 mil títulos, terminando na Sala dos Nomes, em que estão depositados testemunhos e fotografias de milhões de vítimas do genocídio.

Este foi o oitavo e último prémio anual concedido pela Fundação sedeada em Oviedo, dotado, como os restantes com 50 mil euros, e uma escultura criada especialmente para o galardão por Joan Miro.

No ano passado o Prémio da Concórdia foi para a UNICEF.

Este ano foram já atribuídos os prémios de Ciências Sociais, ao sociólogo britânico Ralf Dahrendorf, de Cooperação Internacional (Al Gore), de Artes (Bob Dylan), de Investigação Científica e Técnica (Ginés Morata e Peter Lawrence), de Letras (Amos Oz), de Comunicação e Humanidades (revistas Nature" e "Science) e de Desporto (Michael Schumacher).

Fonte: LUSA - Agência de Notícias de Portugal, S.A.(Arquivo, Memória do Holocausto, 12-09-2007)
http://ww1.rtp.pt/homepage/

sexta-feira, 11 de julho de 2008

Wladyslaw Bartoszewski - Figura histórica da Polônia

Figura histórica da Polônia agora também é a sua voz diplomática
Ele não parece um sobrevivente de Auschwitz ou ou combatente no levante de Varsóvia.

Wladyslaw Bartoszewski, ex-chanceler e hoje consultor do premiê, é isso e ainda mais.
NICOLAS KULISH
Do New York Times, em Gdansk

Uma presença inteligente e espirituosa, o cavalheiro alto e mais velho usando bengala não parece logo de cara um sobrevivente de Auschwitz, ou combatente no levante de Varsóvia, ou dissidente prisioneiro sob o comunismo.

Na verdade, Wladyslaw Bartoszewski é tudo isso e ainda mais. Ele ainda é o tipo de homem que, mesmo num dia atarefado, pára para conversar com as empregadas do hotel e certifica-se de fazê-las rir antes de retomar seu rumo.

*Wladyslaw Bartoszewski em Berlim em 19 de junho de 2008 (Foto: The New York Times)

O mundo não tem muitas probabilidades de produzir mais Wladyslaw Bartoszewski, e isso é provavelmente uma coisa boa, dados os eventos que ele atravessou e testemunhou desde muito novo. Mas enquanto sua vida parece ter sido forjada sob intenso sofrimento, isso nunca chegou a definir sua visão de mundo.

“Os otimistas e pessimistas têm vidas igualmente longas, mas os otimistas são consideravelmente mais felizes”, diz ele quando questionado sobre seu famoso bom humor.

Bartoszewski, 86, sustenta uma história pesadíssima com um toque de leveza. É um presente que permitiu a ele, numa idade em que sua geração já se aposentou ou morreu há tempos, ser um diplomata de sucesso pela Polônia, assim como uma fonte de autoridade moral.

“Não sei por quanto tempo mais viverei”, diz ele, bastante sincero numa entrevista. “Ninguém sabe. Posso dizer que meu plano é ajudar o governo pelo tanto que eu possa dizer que é necessário. Minha idéia é morrer em serviço, e não pela esclerose.”

Ele foi por duas vezes o ministro do Exterior de seu país e está trabalhando de novo como consultor do premiê, Donald Tusk.

Sua responsabilidade especial é por duas das mais complicadas relações de seu país, com a Alemanha e com Israel. Ele foi elogiado pelos dois países repetidamente por seu trabalho para melhorar os laços.

Mesmo assim ele permanece elegante e acessível em um grau impressionante. Ele usa sua história pessoal não como um bastão, mas como uma oportunidade para demonstrar seu carisma e compreensão.

“Estou mais ao lado das pessoas no meio do que dos extremistas,” diz ele. “A humanidade sofreu enormemente devido a ideologias extremistas, na Europa e por todo o mundo.”

E ele fez essa observação do alto de sua – infeliz - experiência. Nascido em Varsóvia em 1922, ele tinha apenas 17 anos quando participou na fracassada defesa de sua cidade natal quando os nazistas conquistaram a Polônia em 1939. Um ano depois, Bartoszewski estava entre muitos jovens católicos cercados e enviados a Auschwitz, e entre os poucos sortudos o suficiente para sobreviverem.

Libertado em 1941, foi trabalhar com a resistência. Ajudou a fundar a clandestina Zegota, ou Conselho de Apoio a Judeus, que oferecia dinheiro, esconderijos e identidades falsas para judeus poloneses tentando fugir do Holocausto. Tal assistência era punível com a morte sob a ocupação nazista. Em 1965, Bartoszewski foi nomeado um dos Justos Entre as Nações pelo Yad Vashem, o museu e memorial oficial de Israel sobre o Holocausto.

Depois da Guerra, a Polônia caiu na esfera soviética. Bartoszewski foi recompensado por seu trabalho para libertar seu país e impedir que outros cidadãos judeus fossem jogados novamente em prisões.

“Com 32 anos, eu havia passado oito em prisões e campos,” diz Bartoszewski.

Depois de sua libertação em 1954 – e no próximo ano reabilitado pelo regime – ele se tornou um jornalista de um jornal católico em Cracóvia, e posteriormente um professor na Universidade Católica e Lublin.

Ele novamente se viu envolvido em um movimento subversivo, desta vez uma rede de ensino chamada Universidade Voadora operando fora do sistema educacional sancionado oficialmente.

Quando o último líder comunista da Polônia, o Ggneral Wojciech Jaruzelski, declarou lei marcial em dezembro de 1981 como parte de um esforço para suprimir o movimento Solidariedade, Bartoszewski foi mais uma vez para a prisão, até sua soltura em abril seguinte.

Na época das eleições em 1989, que foram apenas parcialmente livres mas mesmo assim vistas como uma vitória do Solidariedade, Bartoszewski tinha 67, já passado da idade de se aposentar. Mas ele estava apenas começando, embarcando em sua nova carreira como diplomata — primeiro como embaixador na Áustria e depois como o ministro do exterior sob dois diferentes governos poloneses, em 1995 e novamente de 2000 a 2001.

Ele havia conseguido uma aposentadoria bem movimentada, escrevendo livros e participando de comissões, como o Conselho Internacional de Auschwitz, do qual é presidente. Mas o governo nacionalista do premiê Jaroslaw Kaczynski, e de seu irmão gêmeo, o atual presidente, Lech Kaczynski, o trouxe de volta à briga.

Ele se tornou um violento crítico e expressou-se contra eles antes das eleições em outubro passado. Mais tarde, o novo primeiro ministro ofereceu tornar Bartoszewski ministro do exterior novamente. Ele recusou em favor de seu ex-representante, Radek Sikorski, mas concordou em assumir um papel especial de consultoria.

“Decidi voltar apesar de minha idade por estar convencido de que algo poderia ser feito”, diz ele.

Fale com especialistas e observadores nas relações Polônia-Alemanha, e seu nome é invariavelmente o primeiro a aparecer nas discussões sobre o degelo no relacionamento surgido desde que o novo governo assumiu o posto no ano passado.

“É uma política pessoal completamente nova”, diz Gesine Schwan, seu colega e coordenador de relações alemãs-polonesas pelo governo alemão, e agora candidato à presidência pelos social-democratas.

Bartoszewski não mostra sinais de desacelerar, dizendo que planeja publicar cinco livros nos próximos anos, um dos quais contendo 100 biografias curtas de pessoas famosas que ele conheceu. Ele diz que seus muitos projetos o motivam a continuar trabalhando enquanto pode.

“O que mais alguém poderia pedir?” diz ele, antes de pegar sua bengala e se dirigir a uma reunião com o embaixador polonês na Alemanha e, depois nesta mesma tarde, com o chanceler da Alemanha, a própria Angela Merkel.

Fonte: New York Times/G1
http://g1.globo.com/Noticias/Mundo/0,,MUL634368-5602,00-FIGURA+HISTORICA+DA+POLONIA+AGORA+TAMBEM+E+A+SUA+VOZ+DIPLOMATICA.html

sábado, 14 de junho de 2008

Crise acelera avanço neonazista

Vitória eleitoral anima extrema direita alemã, que ganha terreno no cada vez mais empobrecido leste do país
ALEMANHA

Marcos Guterman

A história ensina que não é bom subestimar a capacidade dos nazistas de perceber oportunidades históricas. Assim como na década de 20 do século passado, a extrema direita alemã está aproveitando agora uma mistura explosiva de crise econômica e hesitação política dos partidos tradicionais para alimentar um projeto declarado de se tornar uma força nacional.

Os neonazistas alemães, cuja ação é bastante limitada pela legislação, parecem estar se sentindo bastante à vontade, sobretudo após um importante triunfo nas últimas eleições no Estado de Mecklenburgo-Pomerânia Ocidental - terra da primeira-ministra alemã, Angela Merkel, que classificou o resultado como ‘desagradável’.

O Partido Nacional Democrático (NPD, na sigla em alemão), nome fantasia da agremiação neonazista, obteve 7,5% dos votos na eleição, em setembro, dando-lhe direito a cinco cadeiras no Parlamento do Estado.

Com os votos ainda quentes nas urnas, algumas lideranças civis voltaram a pedir a proibição do NPD, mas o governo se disse contrário, sob o argumento de que o problema não era legal, e sim de mobilização da sociedade para esvaziar o discurso dos extremistas.

Analistas ouvidos pelo Estado concordam com essa avaliação. Todos coincidem no ponto segundo o qual os neonazistas crescem a reboque do desemprego, da desatenção do poder federal e de uma indiferença mais ou menos generalizada.

Mecklenburgo-Pomerânia Ocidental, que fica no antigo lado comunista da Alemanha, é o Estado mais pobre do país e, portanto, é o ecossistema ideal para o florescimento do extremismo de direita.

Um estudo divulgado na semana passada mostra o quanto cresceu a clientela preferencial dos neonazistas. Segundo a Fundação Friedrich Ebert , ligada ao Partido Social Democrata, há 6,5 milhões de alemães abaixo da linha de pobreza, que é de 938 euros. Essa massa ganha, em média, 424 euros por mês, e representa 8% da população.

O índice sobe para 20% no lado oriental da Alemanha, exatamente a base do crescimento neonazista. ‘O voto nos nazistas em 1930-33 e o voto nos neonazistas hoje são votos de protesto, e os políticos dos grandes partidos precisam trabalhar duro para remover as causas desse protesto’, afirma Richard J. Evans, especialista em história contemporânea alemã na Universidade de Cambridge (Reino Unido). ‘O melhor meio de lidar com o neonazismo é reduzir o desemprego nas regiões do leste da Alemanha, que são sua maior fonte de apoio.’ No entanto, para Robert Gelatelly, historiador da Universidade Estadual da Flórida (EUA) que editou o livro As Entrevistas de Nuremberg, o problema é ainda mais profundo. Segundo ele, sucessivos governos alemães têm se dedicado bastante a resolver a crise do leste, ‘mas 50 anos de desmandos comunistas provaram-se muito mais difíceis de superar do que se imaginava’.

Entre especialistas alemães, parece haver bem menos boa vontade em relação à reação de suas instituições quando confrontadas com o problema do neonazismo. Christian Gerlach, historiador da Universidade de Colúmbia (EUA), por exemplo, acha que há ‘leniência’ (ler na próxima página).

Uma parte do problema pode ser debitada na conta da própria democracia. Como se convencionou acreditar, Hitler subiu ao poder em 1933 por conta da confusa situação política após a Primeira Guerra Mundial. Agora, novamente, os defensores do nazismo encontram campo para crescer dentro de um regime democrático.

Mas há diferenças que o tempo tratou de estabelecer. ‘A Alemanha impôs limites a sua democracia desde a fundação da Alemanha Ocidental’, explica Max Paul Friedman, historiador da Universidade Estadual da Flórida. ‘Diferentemente dos EUA, onde quase todo tipo de manifestação é protegida por lei, na Alemanha o sujeito pode ser punido por negar o Holocausto, incitar ataques racistas e cometer outros crimes de expressão política radical.’ De fato, vários partidos políticos já foram banidos na Alemanha desde o fim da 2ª Guerra por defender o nazismo, e as expressões políticas desse movimento têm sido sistematicamente limitadas. Por outro lado, como adverte Richard Evans, ‘uma democracia deve respeitar o voto das minorias’, ainda que violentas. A ‘minoria’ que o NPD quer representar são os alemães que não querem nem ouvir falar em imigrantes. A plataforma do partido é simples: os imigrantes devem ser expulsos do país.

Com essa disposição, e uma enorme resiliência, o NPD agora pretende ser o guarda-chuva sob o qual os diversos grupos extremistas de direita no país podem se abrigar, no que eles têm chamado de ‘pacto pela Alemanha’. ‘O apelo dos grupos neonazistas desde os anos 70, e especialmente desde a reunificação, deixou de ser basicamente o antisemitismo e agora é a propaganda antiimigração’, afirma Max Friedman. ‘Durante as campanhas eleitorais é possível ver cartazes do NPD com fotos de famílias turcas carregando bagagens sob o slogan ´Tenham uma boa viagem para casa´ - uma maneira esperta de escapar das restrições à propaganda racista.’ O relativo sucesso do NPD neste momento reflete, portanto, a recorrência da questão da imigração como problema na Alemanha.

A perseguição ao imigrante, muitas vezes violenta, feita por grupamentos paramilitares a serviço do NPD, lembra os ataques aos judeus nos anos 20 e 30. Trata-se de uma ação que visa a destruir o sujeito desenraizado que surge como uma ameaça ao modo de vida alemão. A preocupação é saber até aonde os neonazistas conseguirão ir. ‘Eu não acho que os ´neo´ irão mais longe’, argumenta Robert Gellately. ‘Mas não é uma coisa boa que eles já tenham chegado tão longe.

Fonte: Estado de São Paulo(arquivo, 25.10.2006)
http://blog.controversia.com.br/2006/10/25/crise-acelera-avanco-neonazista/

terça-feira, 18 de março de 2008

Merkel fala sobre o Holocausto em discurso histórico no Parlamento de Israel

Daniela Brik. Jerusalém, 18 mar (EFE).- A chanceler da Alemanha, Angela Merkel, concluiu hoje sua visita oficial a Israel com um discurso no Knesset (o Parlamento local), onde rendeu um tributo às vítimas do nazismo e disse que o Holocausto envegonha o povo alemão.

"A Shoah (Holocausto) enche a nós, alemães, de vergonha", disse Merkel em seu idioma, pouco depois de, em hebraico, ter agradecido aos presentes "por concederem" a ela "a honra de falar" ali.

O discurso de Merkel foi o primeiro de um chefe de Governo estrangeiro no Parlamento israelense e também o único de um líder mundial pronunciado em alemão aos legisladores do Knesset.

Com o ato, a chanceler alemã encerrou uma visita de três dias, que coincidiu com os 60 anos da criação do Estado de Israel, considerado um dos principais aliados da Alemanha no mundo.

"Este ano, Israel comemora 60 anos, 60 anos de desafios em busca de paz e de grande construção", disse a chanceler, que durante sua estada no país se reuniu com vários líderes israelenses.

Acompanhada de vários ministros alemães, Merkel participou de uma reunião histórica com os ministros israelenses e assinou vários projetos de cooperação bilateral.

No discurso no Parlamento, a chanceler destacou a estreita relação entre os dois países e sua visita ao Museu do Holocausto de Jerusalém (Yad Vashem), onde disse que o anti-semitismo e o racismo "nunca devem encontrar espaço na Alemanha ou na Europa".

"O assassinato em massa de seis milhões de judeus, cometido em nome da Alemanha, trouxe um sofrimento indescritível ao povo judeu, à Europa e ao mundo inteiro", chegou a ressaltar na ocasião.

Apesar do boicote de vários dos 120 parlamentares israelenses, Merkel foi calorosamente recebida no Knesset, tanto que, ao fim de seu pronunciamento, foi aplaudida por vários minutos.

Na cerimônia que antecedeu o discurso, durante a qual a bandeira alemã foi içada no Parlamento, Merkel retribuiu à recepção com um emocionado tributo às vítimas e sobreviventes do nazismo.

"A responsabilidade histórica faz parte da política fundamental do país. Isto significa que para mim, como chanceler alemã, a segurança de Israel não é negociável", declarou.

Embora seu discurso tenha incluído muitas referências ao passado, Merkel falou por alto dos desafios existentes na relação entre Alemanha e Israel e da situação no Oriente Médio.

"As relações de cooperação e amizade entre Israel e Alemanha fazem parte dos milagres da História e devem reforçar nossa energia para a superação, mesmo diante das maiores dificuldades", afirmou.

Ao tocar numa das ameaças a Israel, a chanceler frisou que, se o Irã conseguir fabricar armas nucleares, colocará em perigo o processo de paz e a segurança regional.

A respeito do conflito entre palestinos e israelenses, Merkel se mostrou a favor da formação de "dois Estados para dois povos" e manifestou seu apoio ao combinado na conferência de paz de Annapolis (EUA), realizada em novembro e ponto de partida do atual processo entre as duas partes.

Além disso, condenou os ataques com foguetes lançados da Faixa de Gaza contra Israel e ofereceu a mediação de Berlim nos contatos para a libertação dos soldados israelenses capturados por milícias.

Por sua vez, o primeiro-ministro israelense, Ehud Olmert, disse que "as relações especiais entre Israel e Alemanha são um exemplo claro da habilidade da Humanidade para superar" as circunstâncias mais penosas.

Durante sua visita, Merkel também demonstrou ter grande consciência do peso que suas palavras e sua presença poderiam ter para os cerca de 250.000 sobreviventes do Holocausto e seus descendentes que vivem em Israel.

Fonte: EFE/Último Segundo
http://ultimosegundo.ig.com.br/mundo/2008/03/18/merkel_fala_sobre_o_holocausto_em_discurso_historico_no_parlamento_de_israel_1234821.html

quinta-feira, 29 de novembro de 2007

Alemanha diz que não pagará mais para sobreviventes do Holocausto

Governo disse que pagará o que foi acordado em 1952.
Representante das vítimas afirma que não foi tratar de dinheiro com Berlim

"O governo alemão se recusou a pagar mais indenizações para os sobreviventes do Holocausto e disse que já foram pagos 60 bilhões de euros (mais de R$ 158 bilhões), frutos de um acordo de 1952.

A informação foi dada por um porta-voz do ministério das Finanças após uma reunião com um representante das vítimas do nazismo.

O secretário-geral da organização que representa todos os sobreviventes do Holocausto, Noah Flug, considera insuficientes as indenizações concedidas até agora pela Alemanha pelos crimes cometidos pelo nazismo contra os judeus até o fim da Segunda Guerra Mundial.

Flug afirmou, porém, que não tratou de dinheiro com o governo alemão. “Nós não estamos pedindo dinheiro. Nós falamos sobre a responsabilidade do governo alemão, disse Flug.

Flug, que representa os interesses de aproximadamente 250 mil sobreviventes, afirmou que o pagamento dessas indenizações beneficiou especialmente a Alemanha, já que permitiu ao país voltar a se integrar na comunidade internacional.

As críticas de Flug se somam às do ministro israelense para Assuntos dos Aposentados, Rafi Eitan, que exigiu há duas semanas o pagamento de novas indenizações por parte da Alemanha para os sobreviventes do Holocausto.

Eitan afirmou que, ao assinar os tratados, há mais de 50 anos, ninguém pensou no elevado custo da vida atual nem em que a esperança média de vida aumentasse em dez anos desde meados da década de 50."

(Foto, segunda): Noah Flug e Angela Merkel
Fonte: G1

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