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quinta-feira, 11 de fevereiro de 2016

Observações do post "Sobre a Ordem dos Comissários: instruções da guerra de aniquilação nazista na União Soviética"

Antes de repassar as observações do post que também dá título parcial a este post (separarei o texto original com um traço), irei transcrever, quando for possível, algumas observações de outros posts pra não alongar os posts originais, já que algumas observações acabam saindo do tema do post e citando questões políticas atuais no país ou no mundo.

Mas por quê, às vezes (ou muitas vezes), estas observações "saem pela tangente" do tema original do post? (a quem quiser pular esta observação extra, as observações originais do post estão após o traço abaixo e tem informação sobre segunda guerra)

Porque não é possível, por mais esforço que se faça, ignorar a realidade ao redor (do que se passa no país e no mundo) num ambiente de polarização política extrema.

Desde o "Vem pra rua" de 2013 (a "revolução colorida" que não se concretizou, mas faz estrago até hoje) a radicalização política no Brasil, que já era grande, degringolou de vez com grupos reacionários (que se autodenominam como "liberais" ou "liberais-conservadores", e alguns usam o termo "libertários", mas são todos uma coisa só: autoritários, vira-latas, estúpidos e anacrônicos) atacando tudo que consideram "inimigo". E se querem radicalizar, vão ter obviamente um contraponto ou resposta.

Essa polarização política pesada (radicalização) não ocorre só no Brasil, em praticamente quase todo mundo está ocorrendo radicalização política, alguns mais outros menos, mas ocorre em todo mundo.

Só que a polarização no Brasil é agravada ainda mais pela atuação partidarizada da "grande mídia" (o oligopólio de mídia, com destaque pra Rede Globo ou Organizações Globo) e principalmente pelo fato da vulnerabilidade da maior parte da população por aceitar passivamente o que esta grande mídia (que ascendeu na ditadura de 21 anos do país) repassa como "verdade" em questões atuais do país.

Esse não é um "problema" pequeno, é algo extremamente sério e não dá pra ignorar ou deixar de lado.

Evitei ao extremo não sair do tema segunda guerra, mas... uma vez que muita gente não mantém distância dos temas atuais (tentam misturá-los) e uma outra parte fica "calada" (quieta) pra não tomar posição, por covardia (mesmo quando deve), então não sou obrigado a respeitar qualquer um desses lados (não levarei em conta qualquer um desses dois lados pra tomar posições).

Quando pessoas começam a "cercar", enchendo a paciência com temas atuais porque querem usar A, B ou C como "escudos" pra algum fim político (no Orkut isso ocorreu), a tentativa de distanciamento de questões atuais (pra evitar trazer gente tosca, fanática e ignorante panfletando besteira pra junto) vai literalmente pro ralo.

E ninguém se iluda, eu não faço questão alguma de agradar A, B ou C porque alguém aparenta ser "educado" ao mesmo tempo que defende extremismo, ou porque comunidade A ou B tem posição "x" em relação ao Oriente Médio e coisas afins.

Sou humano (porque questões nacionais não devem ficar acima da condição humana), mas sou cidadão brasileiro, e minha visão política de mundo é de cidadão brasileiro (carregada do nativismo de minha terra natal, nativismo que também ocorre em todos os estados do país, uns mais outros menos), mesmo que eu saiba qual é o ponto de vista de outros países.

Não abro mão disso em hipótese alguma discutindo com outros brasileiros. Porque há brasileiros com crise de identidade nacional aguda (tanto brasileiros fora do Brasil como dentro do país), mas isso é problema dessas pessoas, não meu. Não sou "clínica de autoajuda" pra gente com esse tipo de problema.

Que fique claro que quando faço as observações acima, estou me referindo estritamente a discussões em português, principalmente com brasileiros, porque eu não percebo esse tipo de crise de identidade ou "grilo" (de grilado) que sempre remete a um complexo, ou mesmo preconceito agudo porque "fulano" é de tal país, estado, região, cidade (tirando o antissemitismo característico dos "revis") nas discussões em inglês como no blog Holocaust Controversies, no Rodoh etc.

Observações do post "Sobre a Ordem dos Comissários: instruções da guerra de aniquilação nazista na União Soviética" logo abaixo.
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Observação 1: quem quiser ler mais sobre a diretiva de Hitler, conferir o link do blog Avidanofront:
Ordem do führer sobre a administração das regiões do leste novamente ocupadas
Quem quiser ver o documento em inglês:
Himmler’s Memorandum on the Treatment of Alien Peoples in the East, 25 May 1940

E se alguém achar que isso é o texto mais pesado sobre a questão, tem coisas piores, que envolvem o nazi Erhard Wetzel (figura pouco citada e conhecida) sobre o Generalplan Ost. É curioso o cinismo dos ditos "revis" com a dimensão da guerra de extermínio praticada pelos nazistas, eles praticamente evitar citar essa questão do extermínio no leste europeu.

Cinismo e muitas vezes ignorância e estupidez também já que o conhecimento de boa parte deles do evento é precário ou totalmente distorcido, o que não apaga a ideia asquerosa por detrás desse apego desmedido deles com o que eles visualizam ou identificam como 'nazismo'.

Antes de ser algo caricato como a gente costuma ironizar a cretinice de alguns deles, no fundo esse pessoal é adepto do darwinismo social, como também o é alguns grupos que se denominam "liberais", mas que evitam a citação do termo "darwinismo" explicitamente por motivos óbvios (seriam facilmente rotulados de racistas), embora tenham uma aversão cínica e profunda com a questão do combate ao preconceito e racismo no Brasil e um ódio de classe profundo contra pobres (é essa uma das raízes do darwinismo social).

Ao contrário do que muita gente pensa, esse tipo de ideia de exclusão e racista é bem difundida em algumas cidades brasileiras. A "aparição" de grupos denominados "neonazis" no Brasil, ao contrário do que a mídia propaga como sendo "algo absurdo", infelizmente não é. O que ocorre é que esta mesma mídia e governos não têm interesse de esclarecer nada do assunto e nem de se aprofundar no problema da origem do racismo moderno no Brasil (que tem ligação direta com o evento da imigração pro Brasil no século XIX e começo do século XX), assunto que nem sequer é citado em colégios quando deveria ser obrigatório a discussão disso. E um adendo, refiro-me tanto à mídia de direita e de esquerda. Só vi uma vez citarem algo relativo a isso no site Viomundo, mas era só sobre São Paulo. Ou seja, o assunto sobre branqueamento no Brasil (que é o que dá base a esse racismo atual no país, as crenças racistas, além da herança racista colonial) sequer é discutido por conveniência, pra manter esses preconceitos regionais (preconceitos com conotação racista) inalterados.

Mas como dizia, a aparição desses bandos ditos "neonazis" no Brasil não é algo tão "absurdo" assim, apesar da adoção de símbolos do fascismo alemão por eles sempre soar ridículo pois o Brasil é um país com predominância da cultura portuguesa, indígena e negra, não excluindo as contribuições dos outros povos que pra cá migraram, mas essa também é a base étnica da maior parte do país, inclusive em regiões que a mídia propagam como "brancas" ou sem ligação com essas três culturas e povos (apesar de falarem português o tempo todo... vejam só...) porque há um sentimento de aversão dessas cidades com Portugal, negros e indígenas.

A mídia brasileira, de uns tempos pra cá, andar querendo "escandinavizar" o Brasil, talvez pra suprir seus complexos e sentimentos obscuros (que não tem coragem de externar), embora mantenha pro público externo a imagem do Brasil "tropical" formulada no Estado Novo do país (com contribuição da Disney) que perdura até hoje.

Como já deu pra notar, minha opinião sobre a mídia brasileira não é lá muito boa (e também de boa parte da mídia estrangeira). Digamos que, fizeram por onde ter essa imagem negativa, a "birra" não surgiu do nada. Em geral, a imagem da mídia hoje no mundo não é muito boa, pra não dizer que é terrível.
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Observação 2: Quem quiser baixar o livro (PDF), vá ao link do site do Centro de História Militar do Exército dos EUA.

Fiz questão de frisar a fonte pra servir como uma amostra pros fanáticos de direita do Brasil, com uma obsessão em repetir discurso da guerra fria.

A quem assistiu a abertura da Copa e leu o texto que coloquei aqui sobre ela (eu não profetizei...), viram uma demonstração desse fanatismo e radicalização imbecil nos xingamentos que esses fanáticos bitolados (e sem qualquer pingo de educação), na parte mais cara do estádio (com ingressos mais caros, setor "VIP" da baixaria e da elite Zé Povinho, o populacho medonho, a gentalha abastada brasileira), proferiram contra a presidente do país, quando não caberia numa cerimônia de abertura se comportarem tão grotescamente daquela forma achando que estavam "abafando", independente de divergência política.

Seria igualmente errado se o fato ocorresse com um presidente com outro retrospecto ideológico, eleito democraticamente. Há que se saber separar divergências de fanatismo e sectarismo, que é o que esse pessoal está fazendo há bastante tempo insuflados por certa mídia irresponsável, inconsequente e corporativa do país. Queimaram-se lindamente pro mundo inteiro ver.

Nem a principal potência rival da URSS (que não existe mais) possui um sectarismo e fanatismo tão estreitos com esses assuntos como o que se verifica na direita brasileira e latinoamericana (e ibérica), ou na maior parte dela. Sectarismo que mistura uma dose de paranoia, idiotice, má educação, prepotência e fanatismo religioso (obscurantismo).
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Observação 3: tem uma parte do texto (nas notas 45 e 46) que diz o seguinte:
"A ocupação era para ser permanente. Este era o objetivo final do que Hitler queria fazer, e nada nem ninguém estava autorizado a interferir com a realização deste empreendimento.45 Esta foi uma luta de ideologias, não de nações."
Pois bem, essa era também minha opinião anterior sobre o evento, mas analisando a coisa hoje eu discordo da minha opinião anterior. Esta foi uma guerra ideológica sim, entre o fascismo (nazismo) e o socialismo da URSS, mas também uma guerra entre nações e de aniquilação.

A própria ideia racista de ocupação e aniquilação de povos no leste (por estes serem inferiores ou descartáveis por ideias racistas, na concepção nazista) não é propriamente algo original da guerra anticomunista da segunda guerra, esta guerra também foi uma guerra de colonização, uma guerra "racial" (étnica) de aniquilação, só que dessa vez na Europa, como as ocorridas nas colonizações feitas na África e nas Américas.

terça-feira, 6 de outubro de 2015

Goebbels: "Mauer relata fuzilamentos em massa de judeus na Ucrânia"

Sou grato a Jason por encontrar esta citação, traduzida deste texto alemão de 19.10.41, também apontado em Herf.
Mauer relata fuzilamentos em massa de judeus na Ucrânia.

Ele pede com urgência material explicativo para a população ucraniana, porque eles não entendem a necessidade de tais medidas severas contra os judeus.

O Bolchevismo enfraqueceu o instinto antissemita no povo da União Soviética; em muitos aspectos, teremos que começar do zero aqui.

Fonte: Holocaust Controversies
http://holocaustcontroversies.blogspot.com/2015/10/goebbels-mauer-reports-massive.html
Texto: Jonathan Harrison
Título original: Goebbels: "Mauer reports massive shootings of Jews in the Ukraine"
Tradução: Roberto Lucena

sexta-feira, 19 de dezembro de 2014

"Na Legião Azul franquista houve poucos voluntários e muitos forçados". Entrevista de Xavier Moreno

Referimo-nos ao livro "La División Azul. Sangre española en Rusia, 1941-1945" (Barcelona, 2004) [A Divisão Azul. Sangue espanhol na Rússia, 1941-1945]; Hitler y Franco. Diplomacia en tiempos de guerra, 1936-1945" (Barcelona, 2007) [Hitler e Franco. Diplomacia em tempos de guerra, 1936-1945]; e agora se publica "Legión Azul y Segunda Guerra Mundial. Hundimiento hispano-alemán en el Frente del Este, 1943-1944" (Madrid, 2014) [Legião Azul e Segunda Guerra Mundial. Afundamento hispano-alemão na Frente do Leste, 1943-1944].

Dado que a Legião Azul é pouco conhecida entre o grande público, devemos considerar que podia ser de interesse para nossos leitores entrevistas este especialista nas relações existentes entre o franquismo e o Terceiro Reich, cuja generosidade agradecemos por ter concedido responder nossas perguntas.

Que relação tem a Legião Azul com a Divisão Azul?

Muita, tanto que nasceu dela. Concretamente, quando a Divisão Azul foi retirada do Front, em outubro de 1943, por ordem de Madrid ficou na Rússia um pequeno contingente, a Legião Azul, de modo que remanente que evitasse possíveis reações alemãs e, a par, a imagem de que a Espanha abandonou a Alemanha a sua própria sorte.

Um soldado da Divisão Azul coloca um crucifixo na tumba de um companheiro.
Quem tomou parte da Legião Azul?

Em tese, 2.269 homens, dos quais em meu livro "Legião Azul e Segunda Guerra Mundial", listo os nomes e dados pessoais de 2.199. De fato, até agora se acreditava que eram os mais ideologizados entre os divisionários, mas não foi bem assim: majoritariamente foram os últimos a chegarem à Rússia que ficaram retidos por el mando. Portanto, algo pouco voluntário e muito forçado.

Qual foi sua trajetória?

Primeiro sua entrada em combate foi retrasada pelo Ministério do Exército (o Min. do Exterior era totalmente contrário a sua existência). Depois, já no Front, foi parcialmente utilizada contra os partisans, o que desagradou bastante a maior parte de seus membros. Por outra parte, ficou concentrada num Front em apreensivo ante a possibilidade do início da esperada ofensiva de inverno do Exército Vermelho. Ações de patrulha e vigilância ocupavam as horas. E finalmente, quanto o ataque foi desencadeado, a retirada foi de grande magnitude, tanto que afetou a todo o Grupo de Exércitos do Norte. A marcha foi um desastre.

Capa do livro Legião Azul, o estudo mais completo sobre o tema.
Foi relevante em termos bélicos/militares?

Não, pois eram muito poucos homens numa frente de magnitude enorme. Apontar aqui que, contudo, a luta a que se viu enfiada foi brutal, pois falamos de dezembro de 1943 e janeiro de 1944 na Rússia, quando a Alemanha havia perdido já toda a possibilidade de vitória e ficou ocupada na defesa de suas cada vez mais minguadas conquistas.

Qual foi a atitude de Franco ante a Legião Azul?

A de sempre: de passividade. Ainda que foi ele quem recolheu a ideia do ministro do Exército, Carlos Asensio, e a criou, não optou por retirá-la até que a pressão dos Aliados o obrigou.

A Legião Azul foi o último vestígio da colaboração militar franquista com Hitler.
Foi mitificado o papel da Legião Azul?

Não se pode mitificar seu papel enquanto que não participou de nenhum grande hecho de armas. Mas bem que tentaram esquecê-la, e muito pouco se havia escrito sobre ela. De fato, para mim seu estudo significou o ponto final de uma trilogia que comecei há dez anos já com a Divisão Azul (2004) e prosseguiu com "Hitler y Franco" (2007).

* Podem acessar o índice de Legião Azul clicando aqui.

XAVIER MORENO JULIÁ (Barcelona, 1960) é doutor em História Contemporânea pela Universidade de Barcelona e professor da Universidade Rovira i Virgili, de Tarragona. É prêmio nacional de Pesquisa e publicou uma trilogia de relevantes investigações sobre a Divisão Azul e seu contexto.


Fonte: Blog de Xavier Casals (Blog sobre extremismo y democracia, Espanha)
http://xaviercasals.wordpress.com/2014/12/18/entrevista-a-xavier-moreno-en-la-legion-azul-franquista-hubo-poco-voluntario-y-mucho-forzado/
Título original: Entrevista a Xavier Moreno: “En la Legión Azul franquista hubo poco voluntario y mucho forzado”
Tradução: Roberto Lucena
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Observação: sugestão de blog sobre fascismo e extremismo para lerem (em espanhol), Blog de Xavier Casals, com um post para um PDF de livro sobre conceitos do Fascismo, abaixo.
Link: Nuestro ensayo "¿Qué era? ¿Qué és? El fascismo" en PDF gratuito

Há mais blogs sobre fascismo e segunda guerra acrescentados na parte de "favoritos" (Destaque) no blog, canto esquerdo.

terça-feira, 9 de dezembro de 2014

Babi Yar ou Babij Jar (o filme), massacre nazi na Ucrânia

A quem quiser assistir (aviso, o filme tem cenas fortes), esse filme nunca foi divulgado no Brasil e é pouco conhecido fora, filme sobre os massacres na ravina de Babi Yar (que tem mais de uma grafia, o que é problemático, mas essa é a mais usada) que ocorreu na Ucrânia, próximo à Kiev (capital), durante a ocupação da União Soviética pelos nazistas. Massacre em Babi Yar link1, link2.

Nos dois primeiros dias de massacres, cerca de 33.771 judeus ucranianos foram mortos nesta ravina, e no total da guerra, entre (estimativa) 110-150 mil pessoas (incluso o número de judeus mortos, Romanis/ciganos, cidadãos ucranianos e prisioneiros soviéticos) perderam a vida nesta ravina vitimados pelas forças de ocupação nazista (Einsatzgruppen).

Ficha do filme, com ajuda da Wikipedia (tradução):

Título: Babiy Yar ou Babij Jar
Dirigido por Jeff Kanew
Estrelando: Michael Degen
Lançado em 3 de julho, 2003
Duração: 112 min.
País: EUA; Idioma: inglês

Filmado na Europa e com lançamento limitado nos cinemas, o filme narra os assassinatos em massa de setembro de 1941, de milhares de judeus, prisioneiros soviéticos (POWs), comunistas, ciganos (Romanis), nacionalistas ucranianos e outros civis por Divisões da SS alemã neste local, uma ravina de Kiev (capital da Ucrânia).

Sinopse do filme (em inglês): Babij Jar (2003), NYTimes

Cena do massacre (reconstituição do filme), caso tenha sensibilidade com imagens fortes ou cenas desse tipo, não assista:


Atualização de link (01.10.2018):
https://www.youtube.com/watch?v=g_gttjKFJDo
https://youtu.be/g_gttjKFJDo


sábado, 22 de novembro de 2014

A moeda nazicomunista da Veja... que não era moeda... e que não era comunista

A quem perdeu o começo desse post, favor ler este:
O separatismo dos magoados

Lá no post lerão o seguinte (transcrevo praqui):
Eu me segurei pra não criticar este cidadão da Veja antes (o Constantino), porque haviam me passado um texto dele. Pra adiantar, o texto era uma cópia de blog estrangeiro (ele não cita a fonte de onde relatam uma suposta "moeda nazicomunista", mas acha-se fácil na web), que vou tratar em outro post.

Evitei retrucar o texto da "moeda" pois iria parecer pirraça e ataque pessoal quando não é. Apenas não deveriam passar esse tipo de conteúdo sem antes perguntar o que a pessoa pensa de revista "x", mas o povo (em geral) não enxerga a coisa dessa forma e acaba passando sem refletir, sem avaliar o conteúdo, porque partem do princípio equivocado de que por A ou B ser contra o negacionismo que automaticamente "gostará" ou "endossará" revista/jornal A ou B como a Veja (e publicações afins) e não é por aí.
Feita a apresentação, vamos ao post que saiu no panfleto, ops, Revista Veja que quando se mete a falar de nazismo e segunda guerra é algo que causa constrangimento.

Aliás, a Veja causa constrangimento comentando qualquer coisa. O "post bombástico" é este aqui abaixo tentando negar que o nazismo era/seja um movimento de direita ou "provando" que era/é de "esquerda", que é mais do mesmo da panfletagem liberal mais extremada:
"A moeda nazicomunista que prova que o nazismo era de esquerda"

Primeiro problema (de vários): a moeda não é moeda, é um broche comemorativo do dia trabalho lançado em 1934: Tag Der Arbeit (Dia do Trabalho)
http://www.coinpeople.com/index.php/topic/20376-tag-der-arbeit-1934/


Agora, pra efeito de comparação (eu havia achado um site que tinha vários desses broches, mas pra localizar no meio rascunho tá complicado, eu acho que pode ser este aqui mas não dá pra cravar), segue o broche de 1937:
Tagungsabzeichen der NSDAP 1. Mai 1937 Tag der Arbeit
De 1935:
Tagungsabzeichen der NSDAP 1. Mai 1935 Tag der Arbeit
De 1938:
Tagungsabzeichen der NSDAP 1. Mai 1938 Tag der Arbeit

E mais uns cliques do broche de 1934 mostrando aquele alfinete pra colocar na camisa, mostrando que não é uma moeda:
Tagungsabzeichen der NSDAP 1. Mai 1934 Tag der Arbeit
Imagem 2 (o alfinete do broche)

Tem fotos melhores desse broche. Você encontra mais informações sobre isso colocando na busca do Google por: Tag der Arbeit+1934

Pra terem uma ideia do "nível" de "discussão" sobre isso, deem uma lida (torturante): Link.

É assim que esses hoaxs se espalham.

Só que teve um pessoal que foi retrucar apontando um emblema da Áustria antigo, anterior ao broche, que mostra uma águia segurando uma foice e um martelo em cada pata, segue a imagem abaixo:
Brasão de Armas da Áustria de 1919 a 1934

Aqui a história (em inglês):
Coat of arms of Austria

A primeira águia não apresenta correntes nas patas (a que apresenta corrente partida simboliza a libertação do nazismo), a escolha do martelo foi feita pra representar a indústria e a foice a agricultura (ou agricultores), porque na época essa simbologia era popular e as classes abastadas (dominantes) tentavam com essas manobras usar uma simbologia para parecerem mais "amigáveis" para o povo (para parecerem mais próximas ao povo). Na época a revolução russa de 1917 era bastante popular e teve um impacto pesado na Europa.

Só que por mais bem intencionada seja esta citação da água austríaca, deveriam explicar a diferença dos regimes (segue abaixo uma explicação rápida, resumida e repetida) apesar do brasão austríaco mostrar o quanto é tola a citação da moeda (isso já bastaria). Porque se só o 'deboche' não serve como resposta a tudo.

Vejam como é fácil usar a mesma retórica do cara da Veja pra outras comparações (passando essa ideia) agora com o sionismo, "a moeda nazi-sionista" (essa também é manjada, é sobre o acordo de transferência):


Tirado do site do David Irving (negacionista britânico).

Viram como é fácil fazer esse tipo de associação extremamente infantil? E vejam que a ideia sempre parte de sites extremistas, geralmente de direita.

Eu presumo que esse ideia da "moeda nazicomunista" tenha sido espalhada no Orkut a partir deste blog anti-esquerda, pró-Israel (tem o símbolo lá) e adulador de Pinochet, em inglês. Eu prometi que iria mostrar o blog de origem, presumo que seja este embora não tenha localizado nos rascunhos o conteúdo que eu havia salvo, o post é de 2008:
An original Nazi Labor day medal from 1934

E se acharem qualquer broche ou moeda do tipo com os EUA dá pra fazer a mesma associação provando que os EUA são uma "República Nacional-Socialista Bolivariana" (rsrsrsrs).

Falando sério, qualquer um que se interesse por segunda guerra sabe ou deveria saber dessas divisões básicas sobre segunda guerra, refiro-me aos que não queiram manipular informação também.

Prosseguindo, o broche do dia do trabalho de 1934 na Alemanha, com aqueles símbolos só teve esta edição daquele ano.

O nazismo também tentou aproximar gente da esquerda radical pras fileiras da revolução nacionalista que empreendera. Dar uma lida em:
O Movimento Revolucionário Conservador alemão, precursor do nazismo
Strasserism
National Bolshevism
Third Position

Continuando a parte acima. O primeiro de maio de 1934 antecedeu a Noite das Facas Longas (ou Noite dos Longos Punhais) em que a ala radical (mais revolucionária) do Partido Nazista liderada por Ernest Röhm foi incorporada (os membros) na SS a partir da extinção da SA de Ernert Höhm com o assassinato do mesmo a mando de Hitler.

Röhm vinha se desentendo com Hitler porque queria uma revolução nacionalista mais radical, que colocaria a SA como a Força Militar nacional e Hitler se aproximara das Forças Armadas alemãs e dos industriais (capitalistas) que pediam "moderação" ao partido. Entre um e outro, o Bigodinho Raivoso ficou com os industriais e os militares.

Há mais exemplos de distorções com cartazes nazistas que alguns blogs de extrema-direita liberais usam pra "provar" que o nazismo era/é de esquerda porque os cartazes eram cópias (ou eram inspirados) em cartazes da União Soviética stalinista.

Estou adiantando essa baboseira dos cartazes caso alguém queira vir contemplar com esse "achado" como se ninguém "soubesse de nada", eu já vi essas idiotices, isso circulou bastante pelo Orkut até chegar na "Veja", incluindo essa "moeda nazicomunista".

Eu não retruquei antes pelo motivo citado lá no começo em destaque. Um texto desses é do nível de um texto "revi" só que tentando demonizar a esquerda com o nazismo quando muitos (a maioria) "revis" são simpáticos ao nazismo e conservadores. Tenham em mente que quem repassa isso adiante por fanatismo ideológico também está reabilitando em termos o nazismo. Em termos pois os simpatizantes do fascismo, neste posto, costumam ser mais "honestos" que essa turma liberal radical.

Como podem ver, o indivíduo querer provar que nazismo é de esquerda por uma "moeda" (que não é moeda) ignorando a História ou omitindo/negando o que cada parte defendia ideologicamente (o nazismo como quase todos os fascismos teve toda a classe industrial capitalista ao seu lado, enquanto na URSS a economia era de fato estatal, controlada pelo Estado, o Fascismo italiano inclusive adotou programa liberal) é um atestado de desonestidade intelectual puro (ou de ignorância também junta).

Fora as privatizações do nazismo. Já viu isso Constantã? O Bigodinho era chegado a uma privatização, vai ver ele gostava de Mises também (rs):
Against the mainstream: Nazi privatization in 1930s Germany (de Germà Bel, Barcelona)
Link2

Ao contrário do que muita gente pensa, pois isso é disseminado errado e propositalmente, e até simpatizantes do fascismo acham que o fascismo era "estatal" (rs), a indústria privada/capitalista nesses países transcorreu sem problemas, pelo menos os maiores grupos, como podem ver neste post sobre trabalho escravo/forçado no Terceiro Reich com bibliografia sobre o tema e os grupos que usaram mão de obra escrava no nazismo (a indústria alemã em peso):
Trabalho escravo/forçado no nazismo - bibliografia

Vai ver o Hugo Boss, a BMW, a Mercedes, o Deutsche Bank, o IG Farben (complexo industrial químico que quando dissolvido deu origem a Bosch, Basf, Bayer etc) eram todas estatais socialistas marxistas bolivarianas e ninguém avisou o mundo disto, rsrsrsrs.

Olha só o lucro dessas empresas com o trabalho escravo:
Revealed: How the Nazis helped German companies Bosch, Mercedes, Deutsche Bank and VW get VERY rich using 300,000 concentration camp slaves

Pra que coisa mais capitalista que isto? Hugo Boss, seu bolivariano, rs.

Isso é algo manjado, batido. Quem fala que essas empresas privadas (conhecidas mundialmente) eram estatais ou que o nazismo era estatal (daí a minha crítica ao termo "totalitarismo", que mais distorce do que explica), ignora coisas tão primárias sobre isso que não dá nem pra discutir a sério com quem insiste neste tipo de negação ridícula.

Dito isto, por favor, só me mostrem esse tipo de idiotice em caso de dúvida real ou como mostra de manipulação ideológica (de várias espalhadas pela web), do contrário eu ignorarei totalmente (se for pra fazer panfletagem). Não é prepotência o gesto, é que quem acha que uma coisa dessas é sério pra crer que o homem não foi à Lua e em qualquer bobagem (que vá de acordo com sua linha de pensamento ideológico) é um passo ou então estão achando que vão "convencer" A ou B aqui com isso, e não vão, vão é irritar porque é sacanagem. De "maluquice" (coisa exótica) já basta o "revisionismo".

Seguir cegamente esse tipo de revista/publicação é falta de critério. O povo quer aprender algo sobre segunda guerra pela revista Veja? Com um radical de direita (liberal) distorcendo, parecendo um "PSTU de sinal trocado"? Desista. Não paguem esse mico. É constrangedor.

quinta-feira, 11 de setembro de 2014

Sobre as perdas soviéticas da Segunda Guerra Mundial

Nosso leitor Marko Marjanović de Liubliana (Eslovênia) publicou uma versão atualizada de seu levantamento de perdas humanas da União Soviética na Segunda Guerra Mundial, que podemos ler e baixar a partir deste link.

Fonte: Holocaust Controversies
http://holocaustcontroversies.blogspot.com/2014/08/breaking-down-soviet-world-war-ii-losses.html
Dados adicionais do blog: Crappy Town
Texto: Roberto Muehlenkamp
Título original: Breaking Down Soviet World War II Losses
Tradução: Roberto Lucena
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Complemento: eu ia fazer um post com os dados deste blog Crappy Town cujo autor esloveno comentou no blog Holocaust Controversies, só que acabou não dando pra organizar os textos e links pois poderia ficar confuso se colocar os dados aleatoriamente. Ainda tentarei fazer um post com as tabelas (futuramente), pois há também uma página excelente (não lembro decorado o nome dela) com estimativas de mortos em vários conflitos, incluindo a segunda guerra mundial que cita vários livros e suas estimativas. Eu achei e coloquei esta página com as estimativas ainda no Orkut, na comunidade Segunda Guerra Mundial (a maior), mas como o Orkut chegará ao fim no próximo dia 30 de setembro, o que foi publicado lá virará pó a não ser que o Google libere a consulta ao que foi publicado posteriormente ao fechamento do site, mas eu salvei o link desta página em algum canto.

O Roberto Muehlenkamp colocou as informações no post do HC (blog), e a quem quiser acessar acima, consta a tradução do post original do HC com os links.

O problema das perdas soviéticas (observação do Roberto Muehlenkamp) é o de apurar quais mortes foram ocasionadas pela política genocida nazi, as mortes causadas pela repressão política soviética interna, as por acidentes, a perda de civis, perdas militares etc. É algo colossal, tanto que não existe um consenso fechado (cravado) sobre os mortos na União Soviética até hoje, mas a pesquisa do Marjanović merece ser vista.
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Quem quiser ler o adendo deste post, conferir no link:
Sobre a polarização e radicalização política no Brasil. Adendo do post de perdas soviéticas na Segunda Guerra

terça-feira, 17 de junho de 2014

Sobre a Ordem dos Comissários: instruções da guerra de aniquilação nazista na União Soviética

Extrato do livro The Soviet Partisan Movement 1941-1944, de Edgar M Howell. Páginas 18-19

A forma da estrutura política final era levar não ficou totalmente clara. Como Rosenberg viu, a Rússia Branca era pra ser transformada em um protetorado alemão com laços muito estreitos progressivamente com a Alemanha; os países bálticos também se tornariam um protetorado, transformado-se em uma parte do Grande Reich alemão pela germanização dos elementos racialmente aceitáveis, pela colonização dos alemães ali, e pela deportação de todos aqueles racialmente indesejáveis; a Ucrânia deveria ser transformada em um Estado independente, em aliança com a Alemanha; e o Cáucaso, seus territórios do norte contíguos se tornariam uma federação de Estados do Cáucaso com um plenipotenciário alemão, bases militares e navais alemãs, e os direitos extraterritoriais militares para a proteção dos campos de petróleo que seriam explorados pelo Reich. [41]

As visões de Hitler eram a mesma coisa: em geral, a Crimeia se tornaria território do Reich, evacuada de todos os estrangeiros e colonizada apenas por alemães; os Estados Bálticos e a área de Don-Volga seriam absorvidos pela Grande Alemanha; enquanto o Cáucaso se tornaria uma colônia militar. O futuro estatuto da Ucrânia e da Rússia Branca permaneceu vago, entretanto, as formas das estruturas nunca foram feitas em detalhes. [42]

Exceto para as operações da administração econômica e das funções de polícia de Himmler (Himmler exerceu tanta autoridade na Rússia tanto quanto exerceu na Alemanha propriamente dita), Rosenberg teria a jurisdição de todo o território a oeste da zona de operações e seria o responsável por toda a administração lá. [43] De seu Ministério para os Territórios Ocupados do Leste, na parte superior, o controle desceria através do Reichskommissare em suas áreas político-étnicas, de modo geral, principalmente no distrito Kommissare. Um líder da SS e da polícia deveria ser colocado em cada Reichskommissariat. [44]

Tomados em conjunto pela "preparação" de Himmler, não havia nada de benevolente acerca desta administração. O que o povo russo sentia ou pensava não tinha importância, e não era pra ser nenhuma tentativa real de atrai-los para o campo alemão. A ocupação era para ser permanente. Este era o objetivo final do que Hitler queria fazer, e nada nem ninguém estava autorizado a interferir com a realização deste empreendimento. [45] Esta foi uma luta de ideologias, não de nações. [46] A intelligentsia "judeu-bolchevique" deveria ser exterminada. Na Grande Rússia vigoraria a lei da força a ser usada "em sua forma mais brutal." [47] Moscou e Leningrado seriam niveladas e tornadas inabitáveis, de modo a evitar a necessidade de alimentar as populações por conta do inverno. [48] A terra seria a primeira a ser dominada, e em seguida administrado e explorada. [49]

A lei marcial deveria ser estabelecida e todos os procedimentos legais para delitos cometidos por civis inimigos, eles deveriam ser eliminados. Guerrilhas seriam brutalmente aniquiladas a qualquer momento. Os civis que atacassem membros da Wehrmacht seriam tratados da mesma maneira (mortos) e no local. Nos casos em que não se pudesse facilmente identificar indivíduos que atacassem as forças armadas, medidas punitivas coletivas deveriam ser efetuadas imediatamente após ordens de um oficial com a patente de comandante de batalhão ou superior. Suspeitos não seriam para ser mantidos sob custódia para o julgamento em uma data posterior. Para as infrações cometidas por membros da Wehrmacht contra a população indígena (nativa), o julgamento não seria compulsório, mesmo quando tais atos constituíssem crimes ou delitos sob a lei militar alemã. Tais atos deveriam ser julgados somente por conta da manutenção da disciplina necessária. [50] Todos os funcionários do Partido Comunista e comissários do Exército Vermelho, incluindo aqueles de pequenas unidades de baixa patente, seriam eliminados como guerrilheiros, não tão depois daqueles prisioneiros de guerra transitando em campos. Esta foi a bem conhecida "Ordem dos Comissários" (tradução livre, em alemão Kommissarbefehl) [51]

Notas:

40 Aktenuermerk, Fuehrerhauptquartier 16. VII.41., memorando de registro, notas sobre a conferência do Fuehrer, 16 Jul 41,in I.M.T. op. cit., XXXVIII, págs. 86-94. (nota 40 começa na página anterior, trecho não traduzido)

41 Instruktion fuer einen Reichskomrnissar im Kaukasien, 7.V.41. Doc. 1027-PS. Arquivos do Gabinete do Chefe do Conselho para crimes de guerra. DRB, TAG: Znstruktion fuer einen Reichskommissar im der Ukraine, 7.V.41 in Z.M.T., op. cit., XXVI, págs. 567-73; Instruktion fuer einen Reichskommissar im Ostland, 8.V.41 in ibid., pp. 573-76; Allgemeine Instruktion fuer alle Reichskommissare in den besetzten Ostgebieten, 8.V.41 in ibid., págs. 576--80.

42 Ver: Aktenvermerk, Fuehrerhauptquartier, 16.VII.41. in Z.M.T., op. cit. XXVIII. págs. 86-94.

43 Abschriftzu Rk. 10714 B. Erlass des Fuehrers ueber die Verwaltung der neu besetzten Ostgebiete, Vom 17.VII.41. in I.M.T. op. cit., XXIX, págs. 235-37.

44 Erster Abschnitt: Die Organization der Verwaltung in den besetzten Ostgebieten, um documento sem data, sem assinatura encontrado nos documentos de Rosenberg que define a organização e administração dos territórios orientais ocupados, em I.M.T.,op. cit., XXVI, págs.592-609. De acordo com Rosenberg, "[Este documento] não é uma instrução direta do Ministério para os Territórios Ocupados do Leste, mas foi o resultado de discussões com diversos orgãos do governo do Reich oficialmente interessado no leste. Este documento contém instruções para o próprio Ministério do Leste." (Ver: I.M.T., op. cit., XXXVIII, págs. 86-94.

45 Aktenvermerk, Fuehrerhauptquartier, 16.VII.41. I.M.T., op. cit., XXXVIII, págs. 86-94.

46 Greiner, "Draft Entries in the War Diary of Def Br of Wehrmacht Operations (Dec 40-Mar 41)," op. cit., pág. 202.

47 "Halder's Journal," op. cit., VI, p. 29.

48 Ibid., p. 212.

49 Aktenvermerk, Fuehrerhauptquartier, 16.VII.41., in I.M.T., op. cit. XXXVIII, págs. 86-94.

50 Ordem sobre leis marciais na área da Operação Barbarossa e medidas especiais para as tropas," Fuehrer HQ, 13.V.41., Em "Fuehrer Directives," (Diretivas do Führer) op. cit., I, págs. 173-74.

Fonte: livro The Soviet Partisan Movement 1941-1944, de Edgar M Howell
Foto: Hitler orders all Soviet Commissars to be shot (site World War II Today)
Tradução: Roberto Lucena
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Se você quiser ler as observações originais completas deste post, acesse o post:
Observações do post "Sobre a Ordem dos Comissários: instruções da guerra de aniquilação nazista na União Soviética"

Abaixo só consta um resumo pra não interferir no conteúdo do post, que poderá ser cortado depois, por isto o link acima.
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Observação 1: quem quiser ler mais sobre a diretiva de Hitler, conferir o link do blog Avidanofront:
Ordem do führer sobre a administração das regiões do leste novamente ocupadas
Quem quiser ver o documento em inglês:
Himmler’s Memorandum on the Treatment of Alien Peoples in the East, 25 May 1940

E se alguém achar que isso é o texto mais pesado sobre a questão, tem coisas piores, que envolvem o nazi Erhard Wetzel (figura pouco citada e conhecida) sobre o Generalplan Ost. É curioso o cinismo dos ditos "revis" com a dimensão da guerra de extermínio praticada pelos nazistas, eles praticamente evitar citar essa questão do extermínio no leste europeu.
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Observação 2: Quem quiser baixar o livro (PDF), vá ao link do site do Centro de História Militar do Exército dos EUA.
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Observação 3: tem uma parte do texto (nas notas 45 e 46) que diz o seguinte:
"A ocupação era para ser permanente. Este era o objetivo final do que Hitler queria fazer, e nada nem ninguém estava autorizado a interferir com a realização deste empreendimento.45 Esta foi uma luta de ideologias, não de nações."
Pois bem, essa era também minha opinião anterior sobre o evento, mas analisando a coisa hoje eu discordo da minha opinião anterior. Esta foi uma guerra ideológica sim, entre o fascismo (nazismo) e o socialismo da URSS, mas também uma guerra entre nações e de aniquilação.

A própria ideia racista de ocupação e aniquilação de povos no leste (por estes serem inferiores ou descartáveis por ideias racistas, na concepção nazista) não é propriamente algo original da guerra anticomunista da segunda guerra, esta guerra também foi uma guerra de colonização, uma guerra "racial" (étnica) de aniquilação, só que dessa vez na Europa, como as ocorridas nas colonizações feitas na África e nas Américas.

sábado, 10 de maio de 2014

Putin promulga lei que penaliza a reabilitação do nazismo (negação do Holocausto)

O presidente da Rússia, Vladimir Putin, assinou hoje uma lei aprovada anteriormente pelo Parlamento que estipula penalizar em até cinco anos de prisão a reabilitação do nazismo e a divulgação de informação falsa sobre a atividade da União Soviética durante a II Guerra Mundial.

"A nova lei federal penaliza a negação dos fatos provados nos Julgamentos de Nuremberg, o rechaço ao castigo imposto aos principais criminosos de guerra dos países europeus, a aceitação dos crimes especificados em suas falhas, assim como a divulgação de informação falsa sobre a atividade da URSS durante a II Guerra Mundial", informou o Kremlin.

Além disso, a lei especifica multas a serem aplicadas pela profanação dos monumentos de glória militar e das efemérides/celebrações da Rússia.

As legislações dos países como a Áustria, Bélgica e França desde muito tempo penalizam a negação e a justificação das malfeitorias dos nazis.

Moscou, 5 de maio (Novosti)

Fonte: Ria Novosti (Rússia, ed. espanhola)
http://sp.ria.ru/neighbor_relations/20140505/159957106.html
Tradução: Roberto Lucena

Ver mais:
Russia's Putin outlaws denial of Nazi crimes Link2 (Reuters/Yahoo!)

Observação: o Putin consegue dar um nó na cabeça daquele pessoal com pensamento binário que divide o mundo em "preto e branco" e quer entender tudo a base de "esquemões" e simplismos. Quero ver o posicionamento dos "revis" daqui pra frente com a Rússia e o governo russo depois dessa (hahahahaha).

Meu comentário anterior, obviamente acima, foi mais referente ao cenário interno brasileiro. Mas esse "nó" mental/ideológico não ocorre somente aqui.

Acho curioso essa admiração de alguns deles com a Rússia, sendo que há um outro espectro da direita brasileira (pelo menos na que circula na rede, que eu evito de citar porque o nível de discussão é terrível), também extremista, que é uma ultradireita neoliberal ou ultraconservadora-liberal (é como se definem) que fala da Rússia como se ainda estivéssemos naquela divisão/polarização da Guerra Fria. São duas faces da mesma moeda (ou da mesma burrice), mas a última consegue ser ainda mais tosca que os "revis", por incrível que pareça.

Há também setores bizarros na esquerda que estavam tratando a questão dos neos na Ucrânia (ascensão deles, dos "banderistas", seguidores deste fascista ucraniano aqui) como "revolução popular" e adjetivos ridículos do tipo (um certo partido minúsculo com base mais forte no Rio, que andou tendo acusações de envolvimento com os Black Blocs, que coincidentemente desapareceram das ruas depois da palhaçada que culminou na morte de um cinegrafista, até hoje sem as devidas explicações que confirmam ou não envolvimento de políticos com eles), outra bizarrice sem tamanho, mas que mostra como está nivelada (nivelamento por baixo) hoje a discussão política no país.

Depois chega um desavisado ou outro torrando o saco nos comentários perguntando porque a gente se irrita com alguns comentários. Será que ainda é preciso explicar o motivo?...

Ainda sobre essa questão, não esqueci dessa discussão aqui que abordou questões interessantes sobre essa nova extrema-direita europeia, que já iria citar mas que não foi possível fazer nenhum post. Farei ainda um post sobre esses assuntos (só não sei quando, rs), Terceira Posição (Third Position, um 'tipo' de fascismo só que por "outro nome"), Dugin, Nova Direita (Nouvelle Droite) (link) e cia. São pontos interessantes, apesar deu discordar deles. Mas pelo menos não estão num nível tão baixo (intelectual) quanto o dessa direita vejista brasileira. Mas isso que comentei também não é um elogio (caso comecem a se "entusiasmar").

sexta-feira, 4 de abril de 2014

Einsatzgruppen: Relatório de situação operacional na URSS No. 101

Berlim, 2 de outubro de 1941

Chefe da Polícia de Segurança e do Serviço de Segurança

48 cópias
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(36ª cópia)
Relatório de situação operacional na URSS No.101

Einsatzgruppe C
Localização: Kiev

Sonderkommando 4a em colaboração com o QG do Einsatzgruppe e mais dois Kommandos do regimento de polícia do Sul, executaram 33.771 judeus em Kiev de 29 a 30 de setembro de 1941.

Einsatzgruppe D
Localização: Nikolayev

Os Kommandos continuaram a liberação (limpeza) da área de judeus e elementos comunistas. No período citado pelo relatório, as cidades de Nikolayev e Kherson, em particular, foram libertadas de judeus. Os funcionários restantes foram devidamente 'tratados'. De 16 Setembro a 30, cerca de 22.467 judeus e comunistas foram executados. Num total de 35.782. Investigações novamente mostram que os altos funcionários comunistas em toda parte fugiram para local seguro. No total, os principais partisans ou líderes de destacamentos de sabotagem foram capturados.

(The Einsatzgruppen Reports, por Yitzak Arad, Shmuel Krakowski e Shmuel Spector, editores; pág. 168)

Para informações adicionais sobre as unidades móveis de extermínio (Einsatzgruppen), e o que os Aliados haviam descoberto sobre suas operações, ler Official Secrets: What the Nazis Planned, What the British and Americans Knew (Segredos Oficiais: o que os nazistas planejaram, o que britânicos e norte-americanos sabiam), de Richard Breitman, e Ordinary Men: Reserve Police Battalion 101 and the Final Solution in Poland (Homens comuns: Batalhão 101 de reserva da polícia e a Solução Final na Polônia), de Christopher R. Browning.

Fonte: Nizkor
Título: Einsatzgruppen. Operational Situation Report USSR No. 101
http://www.nizkor.org/hweb/orgs/german/einsatzgruppen/osr/osr-101.html
Tradução: Roberto Lucena

quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014

Hitler, os alemães e a Solução Final: as diferenças entre Hitler e Stalin

Publicado em 2 de fevereiro, 2014

Meu ponto de partida para esta reflexão é o suposto de que, apesar das similaridades enquanto a formas de dominação, os dois regimes foram em essência mais distintos que similares. (…), eu gostaria de sublinhar as características únicas da ditadura nazi (…)

Às vezes, contudo, destacar os contrastes pode ser melhor do que comparar semelhanças. No que se segue, gostaria de utilizar o que, em que pese meu imperfeito conhecimento da historiografia recente sobre o stalinismo, entendo como características destacadas da ditadura de Stalin, para estabelecer com ela importantes contrastes com o regime de Hitler. Espero oferecer assim uma base para refletir sobre o que segue sendo um problema central na interpretação do Terceiro Reich: o que é que explica a inércia crescente da radicalização, da dinâmica de destruição do Terceiro Reich? Grande parte da resposta a esta pergunta tem a ver, e gostaria de sugerir que desde o princípio, com o debilitamento e o colapso do que se podia denominar de estruturas "racionais" de governo, um sistema de governo e administração "ordenado". Mas o que provocou este colapso, e não menos importante, qual papel teve Hitler neste processo? Estas são as perguntas que permanecem no centro de minha investigação.

Primeiramente, contudo, permita-me esboçar o que me parecem pontos importantes de contraste entre os regimes de Stalin e Hitler:

1. Stalin surgiu de "dentro" de um sistema de governo, como um expoente destacado do mesmo. Era, como Ronald Suny, um homem do comitê, um oligarca, um homem da maquinaria, (…) que se converteu em déspota graças ao controle do poder que residia no coração do partido, em seu secretariado. (…) De todas as formas, é difícil imaginar um líder de partido e chefe de governo com menos tendência burocrática que Hitler, um homem menos de comitê e da maquinaria que ele (Stalin). Antes de 1933, ele não estava envolvido e vivia distante da burocracia do movimento nazi. Depois de 1933, como chefe de governo, apenas posava pessoalmente a pena no papel a não ser que fosse para assinar a legislação de Lammers que a colocava diante de seu nariz. (…) A forma de operar de Hitler não propiciava um governo ordenado. (…) inclusive Lammers, o único vínculo entre Hitler e os ministros de Estado (que deixaram definitivamente de se reunir em torno de uma mesa como gabinete num momento tão precoce como 1938), tinha às vezes dificuldades para ter acesso a Hitler e conseguir que este tomasse decisões. (…) O cada vez maior distanciamento de Hitler acerca da burocracia do Estado e dos principais órgãos de governo, marca mais do que uma diferença de estilo com o modus operandi de Stalin. Refletindo, sob meu ponto de vista, uma diferença na essência dos regimes, dá-se na posição do líder de cada um deles, um ponto que ainda regressaremos.

2. Stalin era um ditador altamente intervencionista, acostumado a enviar um fluxo de cartas e diretivas determinando ou interferindo na política. Presidia todos os comitês importantes. Seu objetivo era, ao que parece, a monopolização de toda a tomada de decisões e sua concentração no Politburo, a centralização do poder do Estado e uma unidade na tomada de decisões que havia eliminado o dualismo partido-Estado. Hitler, ao contrário, foi, em termos gerais, um ditador não intervencionista naquilo a que a administração do governo se refere.

3. Suas esporádicas diretivas, quando surgiam, soavam serem ambíguas e transmitidas de maneira verbal (oral), normalmente pela boca de Lammers, o chefe da chancelaria do Reich, ou, nos anos de guerra (pelo que a questões civis se referia), cada vez mais por Bormann. (…) fez todo o possível para sostener e fomentar o dualismo irreconciliável entre partido e Estado que existia em todos os níveis. (…) os vínculos de lealdade pessoal foram desde o começo o princípio determinante crucial do poder, invalidando por completo o posto funcional ocupado e o status. Personalidades à parte, a posição de liderança de Hitler é estruturalmente mais segura que a de Stalin. Se seguiram devidamente os debates, as purgas de Stalin tinham alguma base racional, ainda que a paranoia do ditador as tenha levado para o reino da fantasia. (…) Hitler pensava que Stalin estava louco por levar a cabo as purgas. O único débil reflexo das mesmas no Terceiro Reich, foi a liquidação das SI (Sessões de Assalto) na "Noite das Facas Longas" (ou Noite dos Longos Punhais), em 1934, e a implacável vingança pelo atentado contra a vida de Hitler em 1944. (…) Hitler, há que se aceitar, foi, durante a maioria dos anos em que esteve no poder, excetuando os partidários reprimidos e impotentes dos antigos movimentos da classe trabalhadora, certas sessões do catolicismo e alguns indivíduos das elites tradicionais, um líder extremamente popular, tanto entre os grupos governantes como entre as massas. (…) Mas enquanto o culto a Stalin estava sobreposto à ideologia marxista-leninista e do partido comunista, e ambos conseguiram sobreviver, o "mito de Hitler" era estruturalmente indispensável para o movimento nazi e seu Weltanschauung, sendo, de fato, sua base, e sem poder se distinguir dele. (…)

4. (…) E, apesar do caminho para uma ditadura personalizada, na União Soviética não se produziu uma "radicalização acumulativa" inexorável. Pelo contrário, até metade da década de 1930 houve uma "grande marcha à ré" no radicalismo, e se produziu uma reversão para certas formas de conservadorismo social antes que a guerra impusesse seus próprios compromissos com a retitude ideológica. (…) No sistema foi capaz de resistir quase três décadas de Stalin e este sobreviver a ele. Era, em outras palavras, um sistema capaz de se reproduzir, inclusive às custas de Stalin. Resultaria complicado afirmar o mesmo a respeito do nazismo. O objetivo de uma redenção nacional através da purificação racial e o império racial eram uma quimera, uma visão utópica. A barbárie e a destruição inerentes ao vão intento de alcançar esse objetivo foram infinitos enquanto seu alcance, quanto o expansionismo e a extensão da agressão a outros povos foram ilimitados. Enquanto que o stalinismo podia "apaziguar-se", como efetivamente aconteceu depois da morte de Stalin, até se converter em um regime estático e inclusive conservador e repressivo, um "apaziguamento" que o convertesse em um autoritarismo sóbrio, do tipo franquista, é inconcebível no caso do nazismo. Aqui a dinâmica era incessante, a inércia da radicalização acelerada, incapaz de ter freio a menos que o "sistema" em si fosse fundamentalmente alterado.

Fonte: extraído do blog El Viento en la Noche (Espanha)
http://universoconcentracionario.wordpress.com/2014/02/02/hitler-los-alemanes-y-la-solucion-final-diferencias-entre-hitler-y-stalin/
Trecho do livro (citado no blog): "Hitler, los alemanes y la solución final" (link) (livro original em inglês, Hitler, the Germans, and the Final Solution), Esfera de los libros, págs. 63-74, 2009; de Ian Kershaw.
Tradução: Roberto Lucena

segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

De cidadãos comuns a assassinos nazistas

Filme busca raízes do mal ao analisar a psique dos pelotões nazistas

Diretor Stefan Ruzowitzky tenta descobrir como jovens normais se tornam máquinas de matar, tomando como exemplo membros de tropas alemãs responsáveis por milhões de assassinatos de civis durante Segunda Guerra.


O cineasta austríaco Stefan Ruzowitzky (vencedor do Oscar de melhor filme estrangeiro em 2008 com Os falsários) ousa se equilibrar numa tênue linha entre a explicação e a acusação, tentando tirar lições para nossa sociedade atual.

Das radikal Böse ("O mal radical", em tradução livre) é uma espécie de ensaio cinematográfico documental, que se propõe desvendar como homens psiquicamente saudáveis podem se tornar verdadeiras máquinas de matar.

Neste caso, os objetos da pesquisa são os membros dos chamados Einsatzgruppen ("forças-tarefa") grupos paramilitares comandados pelas SS, que durante a Segunda Guerra assassinaram cerca 2 milhões de pessoas, na maioria judeus, nos territórios do Leste Europeu ocupados pela Alemanha.

O filme mostra entrevistas com historiadores e psicólogos, busca respostas em diários, trechos de cartas, registros de tribunal. Cenas históricas não são propriamente encenadas: a maior parte do tempo o espectador vê rostos de atores desconhecidos, em plano próximo, com as vozes sempre em off.

Experimentos reveladores

Recurso estilístico: atores em plano próximo e vozes em off
Ruzowitzky encena experimentos famosos, como o de aprisionamento de Stanford ou o de Milgram, em que os pesquisadores comportamentais testaram a disposição dos voluntários de torturar outras pessoas, supostamente obedecendo a uma ordem superior. A maioria dos participantes aceitou torturar o próximo, e o fato de as cenas serem apresentadas de forma estilizada e distanciada não contribui para amortecer o devastador efeito sobre o espectador.

O longa-metragem apresenta com explicitude incômoda aquilo que geralmente nos recusamos a admitir: os membros dos Einsatzgruppen tinham, sim, uma alternativa. Eles podiam perfeitamente ter recusado as ordens superiores para matar, sem correr risco de vida. Só arriscariam ser transferidos ou a ficar de fora na próxima rodada de promoções hierárquicas.

"A única restrição era quanto ao motivo", observa o historiador Andrei Angrick, que há anos pesquisa os Einsatzgruppen. "Era possível ao soldado argumentar que não fora para a frente de batalha para matar mulheres e crianças, mas sim para lutar. Entretanto, um argumento de fundo ideológico poderia se tornar um problema para ele." Quem se recusava a participar de esquadrões da morte era transferido para realizar outras tarefas. Angrick confirma que o soldado não precisava temer ser excluído nem punido.

Para os soldados no filme, a primeira participação num pelotão de fuzilamento representa grande sofrimento emocional. Em seguida, porém, processos de dinâmica de grupo e pressão social à conformidade passam a agir, aliviando a carga psicológica. A doutrinação propagandística faz o resto: no fim, o assassinato em massa passa a ser apenas um trabalho sujo que precisa ser feito, para que um objetivo maior seja alcançado.

"No Estado nazista, a utopia germânica era uma promessa de felicidade, de uma sociedade perfeita", explica Andrej Angrick. "Os judeus não foram mortos porque eram judeus, mas porque eles e as outras vítimas da perseguição nazista eram estorvos para se atingir um 'Jardim do Éden Ariano', segundo os nazistas. A guerra de extermínio foi uma guerra de utopia, em cujo final estava a promessa de salvação para todos os que participavam dela."

Cena de "Das radikal Böse"

Risco de "compreender demais"

O título do filme de Stefan Ruzowitzky provém de um texto do alemão Immanuel Kant, do final do século 18. De forma simplificada: nele o filósofo argumenta que a predisposição para violar normas e padrões morais repousa em cada um de nós.

O famoso psiquiatra nova-iorquino Robert Jay Lifton fala no filme do "potencial humano" para fazer o mal que está em todos. Mas e quando esse mal irrompe, quando ultrapassa as fronteiras do moralmente aceitável? Lifton vê a solução na cultura política, que forneceria ao indivíduo limites para a sua ação.

Cartaz do filme que estreou em janeiro na Alemanha
O historiador alemão Andrej Angrick discorda: para ele, a influência maior é do contexto social. "Acredito que, numa outra sociedade, 95% dos membros dos Einsatzgruppen não se tornariam criminosos extremos. Cultura política por si só não ajuda. São necessárias elites com boa formação."

Ele também considera fundamental o papel da Justiça. "O Estado deve não só ameaçar com punições, mas também fazer valer limites." Além disso, uma sociedade não deve cometer o erro de desenvolver o que ele chama de "cultura do diálogo compreensivo demais". Um exemplo disso seria a forma como se lida com os neonazistas na Alemanha. "A compreensão das circunstâncias sempre traz em si o risco da exoneração de culpa, do perdão e, com isso, também da aprovação."

O filme de Ruzowitzky não cai na armadilha de perdoar e aprovar. No final, fica claro que os assassinos não podem alegar falta de alternativa, nem delegar a culpa a um Estado nazista abstrato. Eles são, sim, pessoalmente responsáveis pelos seus atos.

Fonte: Deutsche Welle Brasil (Alemanha)
http://www.dw.de/filme-busca-ra%C3%ADzes-do-mal-ao-analisar-a-psique-dos-pelot%C3%B5es-nazistas/a-17370732

Título tirado da edição em espanhol: De ciudadanos corrientes a asesinos nazis
http://www.dw.de/de-ciudadanos-corrientes-a-asesinos-nazis/a-17370245

quarta-feira, 20 de novembro de 2013

Doutores do inferno: experimentos com veneno

Publicado em 23 junho, 2012

Os experimentos com veneno praticados nos campos de concentração de Buchenwald e Sachsenhausen no tinham o propósito científico de sanar, sino que se utilizaram para cronometrar quanto tardavam para sobreviver à morte e observar a dor e o sofrimento que o veneno provocava até o último momento. Os médicos alemães estavam estudando diversos métodos para matar seres humanos e o tempo que estes métodos requeriam.

(…)

O argumento da defesa em sua argumentação final na acusação de Mrugowsky foi que o uso de balas envenenadas por parte dos russos "havia feito aumentar o temor de que logo se utilizassem na frente (…) e de quanto tempo tardariam para estar disponíveis os antídotos para sua administração caso fossem necessários".

Em dezembro de 1943 se realizou a primeira série de experimentos para determinar a dose fatal de veneno do grupo dos alcaloides (substâncias orgânicas básicas contidas nas plantas). Administrou-se o veneno na comida de quatro prisioneiros russos, sem seu conhecimento. Os médicos alemães se colocaram atrás de uma cortina para observar suas reações. Os quatro sobreviveram, mas foram estrangulados lhes colocando em ganchos de parede de um crematório do campo de concentração para poder fazer a autopsia...

(…)

A prova 290 da acusação é um relatório de Mrugowsky, datado de 12 de setembro de 1944, no qual ele descreve os experimentos levados a cabo com cinco presos aos quais lhes foram disparados balas que continham veneno cristalizado:
"Aos sujeitos da experimentação, colocados na horizontal, foi-lhes disparado na parte superior do músculo esquerdo. Em dois deles as balas atravessaram limpamente o músculo. Depois não se observou efeito algum do veneno. Esses dois sujeitos da experimentação foram portanto liberados (…). Os sintomas dos três condenados mostraram um parecer surpreendente. A princípio não se manifestou nenhum traço peculiar. Transcorridos entre vinte e vinte e cinco minutos se manifestou certa agitação motora e um ligeiro ptialismo [secreção de saliva], que acabou novamente. Passados entre quarenta e quarenta e cinco minutos se manifestou uma salivação maior. As pessoas envenenadas tragavam saliva repetidamente, mas posteriormente o fluxo de saliva aumentou até o ponto que não se remediar tragando. Saia saliva espumosa da boca. Depois começaram as náuseas e o afogamento.

Passados quarenta e oito minutos, já não se sentia o pulso de dois deles (…). Uma das pessoas envenenadas tentou vomitar. (…)

Os outros dois sujeitos da experimentação já tinham a cara pálida. Os demais sintomas eram iguais. A agitação motora aumentou tanto que as pessoas saltavam, moviam os olhos em círculos e faziam movimentos sem sentido com braços e mãos. Finalmente, a agitação diminuiu, as pupilas se dilataram ao máximo e os condenados ficaram imóveis (…) A morte veio passados 121, 123 e 129 minutos depois da entrada do projétil".
Demorou até duas horas e nove minutos para assassinar essas pessoas.

Ainda que oss imputados Genzken, Gebhardt, Mrugowsky e Poppendick tenham sido acusados por conduta criminosa relativa a este experimento, só Mrugowsky foi condenado.

Fonte: extraído do blog El Viento en la Noche (Espanha)
http://universoconcentracionario.wordpress.com/2012/06/23/doctores-del-infierno-experimentos-con-veneno/
Trecho do livro (citado no blog): "Doctores del Infierno" (livro original em inglês, Doctors from Hell), Tempus, 2009, págs. 247-250; de Vivien Spitz
Tradução: Roberto Lucena

sábado, 16 de novembro de 2013

Doutores do inferno: experimentos com sulfanilamida

Publicado em junho, 2012

Depois das baixas, em grande número, que a gangrena gasosa causou na frente russa no inverno de 1941-1942, a raiz do ataque alemão à Rússia conduziram experimentos com sulfanilamida para avaliar se o dito remédio poderia ser usado com os soldados no campo de batalha a fim de melhorar suas possibilidades de sobrevivência durante os longos traslados aos hospitais de base. Os Aliados chamavam a sulfanilamida de "medicamento milagroso". Os soldados alemães, que ouviram falar disto, perguntavam a seus oficiais médicos porque eles não a usavam. Se não podiam curar as feridas no campo de batalha, era preciso dispor de hospitais de campanha para intervi cirurgicamente nos soldados na frente.

Para comprovar a efetividade da sulfanilamida em infecções, realizaram experimentos no campo de concentração feminino de Ravensbrück entre 20 de julho de 1942 e agosto de 1943.

Quinze reclusos homens e sessenta reclusas de nacionalidade polonesa foram submetidos aos experimentos, (…)

Era feito no músculo uma incisão de uns dez centímetros de largura, introduziam bactérias infecciosas na ferida e posteriormente se colocava lascas de madeira. Depois de cada experimento inicial, procurava-se agravar a infecção gangrenosa. (…) Nesses experimentos se interrompia a circulação de sangue pelos músculos na zona de infecção amarrando os músculos por ambos os lados. Esta série de experimentos resultaram em infecções muito graves e várias mortes. (…)

Quatro mulheres poloneses submetidas a esses experimentos testemunharam ante o tribunal. Só foram usadas reclusas sãs, nenhuma delas voluntária.(…)

Todas as reclusas sofreram fortíssimas dores. O tribunal pode ver as mutilações as quais foram submetidas as mulheres poloneses que atuaram como testemunhas. Contribuíram como provas, fotografias de suas cicatrizes que passaram a fazer parte permanente do sumário.

A imputada Oberheuser ordenou que não dessem remédios, nem morfina, a muitas das vítimas. As bandagens só eram colocadas de vez em quando, o que causava um espantoso odor de pus nas habitações.



Fonte: extraído do blog El Viento en la Noche (Espanha)
http://universoconcentracionario.wordpress.com/2012/06/20/doctores-del-infierno-experimentos-con-sulfanilamida/
Trecho do livro (citado no blog): "Doctores del Infierno" (edição espanhola)
(livro original em inglês, Doctors from Hell), Tempus, 2009, págs. 183-186; de Vivien Spitz
Tradução: Roberto Lucena

domingo, 27 de outubro de 2013

Rússia: Uma investigação traz a luz vários filmes soviéticos do "Holocausto de balas"

Durante a invasão nazi, os prisioneiros judeus eram executados primeiro
Rússia: Uma investigação traz a luz vários filmes soviéticos do "Holocausto de balas"

Uma cena repetida nos avanços nazis:
os fuzilamentos em massa de prisioneiros
Moscou - Quase uma dúzia de filmes soviéticos exibidos apenas poucas vezes e perdidos durante muitos anos, assim como roteiros para filmes que nunca chegaram a ser rodados, sobre a perseguição de judeus durante a II Guerra Mundial foram recuperadas depois de mais de meio século. Esses registros são reconhecidos no livro "O fantasma do Holocausto: o cine soviético e a catástrofe judaica", um volume publicado esta semana pela Rutgers University Press. "Esses filmes foram praticamente apagados da história", explicou a autora do livro, Olga Gershenson, professora de Estudos Judaicos e do Oriente Próximo da Universidade de Massachusetts Amherst, numa entrevista com a RIA Novosti. "Ao pensar em filmes sobre o Holocausto, virá à cabeça da gente imediatamente "A lista de Schindler" ou "A vida é bela", mas na realidade, quase metade das vítimas do Holocausto, cerca de três milhões de pessoas, foram assassinadas nos territórios da União Soviética, e isto não é parte de forma alguma do imaginário público. Simplesmente está fora de nossa visão, a gente não pensa no que aconteceu na URSS", acrescentou a investigadora.

A trágica história dos milhões de pessoas que morreram nos campos de concentração e extermínio da Alemanha e Polônia está bem documentada em filmes e livros, mas Gershenson nos conta que o que ocorria nos territórios soviéticos se denomina às vezes por "Holocausto de balas", já que os judeus eram simplesmente executados no ato.

Um dos primeiros filmes soviéticos a tratar do tema da perseguição nazi dos judeus foi “O professor Mamlock” em 1938. Escrito por Friedrich Wolf, médico e escritor judeu da Alemanha que chegou à Rússia depois dos nazis terem alcançado o poder, conta a crua história de um doutor judeu alemão capturado pelos soldados nazis e que marcha até sua morte. Foi exibido durante um breve tempo nos cines soviéticos, mas proibiram em finais dos anos 40, segundo contou Gershenson.

Durante várias viagens à Rússia, onde nasceu, Gershenson buscou nos imensos arquivos estatais de história russa e nos registros dos diferentes comitês encarregados de aprovar ou rechaçar os projetos cinematográficos, com o objetivo de encontrar filmes e roteiros. Alguns contavam com versões novas, já que foram emitidas ordens para alterá-los para eliminar personagens judeus.

Todos esses anos, comenta, a maioria dos cineastas ainda vivos que têm entre 80 e 90 anos havia resignado a que seus filmes nunca chegassem ao público e se sentiram "exultantes de gozo" quando souberam do projeto.

É importante quitar esta conta, afirma, já que "forma parte dos formadores não só da identidade judia contemporânea, como também de sua história durante o século XX", conclui a investigadora em entrevista realizada pelo RIA Novosti.

Fonte: site Memoria Verdad y Justicia - Télam (Agência Nacional de Notícias, Argentina)
http://memoria.telam.com.ar/noticia/rusia--rescatan-films-sobre-el--holocausto-con-balas-_n2726
Tradução: Roberto Lucena

sexta-feira, 20 de setembro de 2013

Sugestão de leitura: o crime metódico, de G. Zastavenko

Capa do livro em português.
Imagem colhida na internet.
Há muito tempo que deveria ter feito esse post mas acabava, ou esquecendo, ou deixando pra depois e nunca fazia, que é sobre um livro chamado "O crime metódico", editado/organizado por G. Zastavenko, que saiu no Brasil com tradução de Zeferino Coelho há várias décadas e não foi relançado.

Vou ficar devendo a fonte da informação e a citação é de cabeça, mas aparentemente o livro original é russo, pois há uma versão em russo desse livro (em cirílico, alfabeto russo) e o editor/organizador aparentemente é russo, só que não há muita informação sobre ele. O livro foi provavelmente traduzido do russo pro francês pois sua edição é antiga e em francês e também muito provavelmente depois a tradução brasileira deve ter sido feita em cima dessa edição em francês. O Daniel tem o livro e pode dar mais informações sobre ele.

Para mais informações, o livro está catalogado no Worldcat e no site idreg no link abaixo (mais detalhadamente), segue o título dele em francês:
Le crime méthodique. Documents eclairant la politique de l'Allemagne nazie en territoire sovietique de 1941 a 1944/ [Documents réunis par: G. Zastavenko .... et al.]

E conforme citei acima (li as 'infos' enquanto escrevia o post), o livro é de 1963 (bem antigo) e foi escrito originalmente em russo (informações no link acima).

Livros como esse não são relançados no Brasil enquanto são lançadas porcarias "revisionistas" como o livro do Suvorov (um "revisonista" russo que tenta florear a imagem de Hitler), The Chief Culprit. Este fórum VNN é um fórum neonazi/racista estrangeiro, coloquei o link dele propositalmente pra mostrar como os "revis" adoram este tipo de livro. E pra me antecipar para evitar ler mais cretinice de "revi", um aviso pros mesmos, poupem-me de bla bla bla (retórica) tentando florear o pilantra do Suvorov, esse cara é um picareta e não a toa é ídolo do credo "revi". Mesmo porque vocês não discutem, só fazem pregação e não sou religioso.

Mas deixando esses pontos divergentes de lado, a sugestão é pra quem não tenha ouvido falar no livro ler os trechos do livro colocados no blog do Daniel, Avidanofront, que tem vários posts com trechos importantes do livro que é farto em documentação, clique no link e confira: http://avidanofront.blogspot.com.br/search?q=crime+met%C3%B3dico

A sugestão também vai pros revimanés (vulgo "revis" ou negacionistas), para ao invés de lerem besteira em sites antissemitas/neofascistas que negam o Holocausto (pra reforçar suas crenças paranoides), lerem um livro de verdade sobre segunda guerra.

terça-feira, 17 de setembro de 2013

O misterioso arquivo de Rudolf Hess, segundo na hierarquia nazista

Selo com as iniciais de Rudolf Hess
está nos documentos
Durante a Segunda Guerra Mundial, Rudolf Hess viajou para a Escócia, levando consigo uma proposta de paz aos britânicos. Agora, um rascunho do que seria esse acordo está em leilão.

A história poderia ser o começo de um filme de James Bond: um homem recebe um telefonema anônimo. Um arquivo, que pode ser útil aos seus "projetos", é oferecido a ele, que deve procurar os documentos no dia seguinte, num determinado local. Ele vai ao local e, de fato, lá está o arquivo de um oficial do alto escalão nazista.

Isso aconteceu há 20 anos. O sinistro arquivo contém protocolos, anotações e cartas de Rudolf Hess, o segundo homem na hierarquia nazista. Os documentos são, provavelmente, da época em que Hess estava numa prisão britânica. Entre eles está um rascunho de um tratado de paz que Hess queria apresentar aos britânicos em maio de 1941, pouco antes do ataque dos alemães à União Soviética.

A história, que soa como a de um filme de espionagem, estava no site da casa de leilões Alexander Historical Auctions, especializada em artigos históricos. No entanto, ela não foi o suficiente para incentivar possíveis interessados a adquirir os documentos históricos, que foram a leilão na semana passada. A razão principal foi, provavelmente, o salgado preço, entre 500 mil e 700 mil dólares.
Arquivo contém cartas, transcrições e um rascunho do acordo de paz

Não um nazista qualquer

A importância desses documentos está em Rudolf Hess, que não era um nazista qualquer, mas um dos mais próximos colaboradores de Hitler, por muito tempo seu vice em caráter oficial. Em 1941, em meio à Segunda Guerra e pouco antes da invasão da União Soviética pela Alemanha, ele voou para a Escócia para negociar um acordo de paz bilateral com a Grã-Bretanha. O plano previa que a Europa ficasse com os nazistas, e os britânicos poderiam manter seu império em outras partes do mundo – somente as antigas colônias alemãs teriam de ser devolvidas.

Os britânicos, como se poderia esperar, não aceitaram a proposta. Hess foi imediatamente preso e permaneceu no país até 1946, quando foi julgado em Nurembergue por crimes de guerra e condenado à prisão perpétua. Em 1987, aos 93 anos, ele se suicidou na prisão para criminosos de guerra de Berlim-Spandau.

Esses são os fatos conhecidos. Mas ainda existem muitas incertezas: Hess levava mesmo a sério o seu plano de paz? Qual era o papel exato dele no regime nazista? Hitler estava ciente do plano? Ainda durante a guerra, Hess foi considerado mentalmente doente. Em cima disso ele baseou a sua estratégia de defesa em Nurembergue. Até hoje, é considerado por neonazistas um herói de guerra capturado pelos britânicos.
Rudolf Hess (segundo na primeira fila) no banco dos réus em Nurembergue

Os arquivos de Hess poderiam oferecer novas informações? "A História, de qualquer maneira, não será reescrita por eles. Mas talvez esses arquivos tragam uma nova perspectiva em relação a Rudolf Hess", comenta Achim Baumgarten, chefe da unidade para registro de coleções de origem privada do Arquivo Federal da Alemanha, em Koblenz. Há quase um ano, o arquivo recebeu uma cópia de uma pequena parte desses arquivos.

Provavelmente não foi um roubo

Baumgarten diz que os valores pedidos no leilão eram completamente exagerados, embora ele considere possível que os documentos realmente tenham sido escritos por Rudolf Hess. "Pelo menos, eu ainda não posso provar que o arquivo é falso", diz.

Há um ano, a casa de leilão Beck Militaria consultou Baumgarten sobre a veracidade do arquivo. A consulta fazia todo o sentido, já que o arquivo onde Baumgarten trabalha reúne inúmeros documentos sobre Rudolf Hess. "O que logo me chamou a atenção foi o carimbo em inglês 'most secret'", diz Baumgarten. Ele pensou que os documentos poderiam mesmo ser verdadeiros, possivelmente roubados do Arquivo Nacional Britânico. Mas este negou um possível roubo.

Baumgarten especula que Hess poderia ter feito cópias na prisão de sua carta ao rei britânico e de seu plano de paz – esses seriam os documentos que agora foram a leilão. Eles poderiam ter sido levados para fora da prisão por algum funcionário da penitenciária. Tudo isso é especulação. Os documentos originais, entregues por Hess aos oficiais britânicos, estão guardados na Grã-Bretanha. Ao menos até 2018, não estarão disponíveis ao público.

Falso ou original?

Ainda não se pode comprovar a autenticidade do arquivo

Baumgartem comparou a caligrafia das poucas páginas a que teve acesso com os documentos de Hess que se encontram no Arquivo Federal. A escrita é em linha reta, assim como a do vice de Hitler. "Certas letras, certos comprimentos de letra são os mesmos." O carimbo com o qual os documentos foram selados continha as iniciais RH.

Mas isso ainda não é suficiente para provar que o arquivo é mesmo verdadeiro, ressalta Baumgarten. "Para provar a autenticidade, o Departamento Federal de Investigações da Alemanha (BKA) precisaria fazer uma análise da tinta e do papel. Mas nunca tive os originais em mãos", completa. Sem essa análise, nada pode ser provado. Ainda assim, o Arquivo Federal gostaria de comprar esses documentos. "Mas não a esse preço", descarta Baumgarten.

Mas por que o Arquivo Federal não tem boas chances em leilões? "Muitas vezes saímos de mãos vazias, especialmente quando se trata de documentos de líderes nazistas", lamenta Baumgarten. Recentemente, o livro contábil privado de Hitler foi a leilão. "Esse documentos conseguem lances no mercado americano que são impossíveis para nós", afirma. Nos Estados Unidos, documentos são oferecidos no mercado privado por preços muito superiores "ao que nos parece ser apropriado e que poderíamos pagar", completa Baumgarten.

Muitas peças únicas surgem nos Estados Unidos. Elas foram levadas pelos soldados americanos estacionados na Alemanha. "As gerações seguintes encontram essas peças, não têm nenhum interesse por elas e as colocam em leilão." Por causa do tempo que já se passou, não é mais possível reclamar roubo, e o Arquivo Federal participa dos leilões como qualquer outra parte interessada.

O novo proprietário do livro contábil de Hitler vendeu uma cópia ao Arquivo Federal por 1.000 euros. Baumgarten espera que isso também aconteça com os arquivos de Hess.
DW.DE

Fonte: Deutsche Welle (Alemanha)
http://www.dw.de/o-misterioso-arquivo-de-rudolf-hess-segundo-na-hierarquia-nazista/a-17080699

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