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quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

As vítimas africanas de Hitler: os massacres do exército alemão a soldados franceses negros em 1940

Documento criado em: 20 de julho de '06
Air & Space Power Journal Book Review - Primavera de 2007

Hitler's African Victims: The German Army Massacres of Black French Soldiers in 1940(As vítimas africanas de Hitler: os massacres do exército alemão a soldados franceses negros em 1940) por Raffael Scheck. Cambridge University Press (http://www.cambridge.org/us), 32 Avenue of the Americas, New York, New York 10013-2473, 2006, 216 páginas, $65,00 (capa dura).

Em "A Preface to History" de Carl G. Gustavson, o autor afirma que ao visualizar qualquer evento histórico, deve-se examinar e tentar compreender quaisquer e todas as influências profundas que levaram à ocorrência de um específico episódio, porque nunca tais eventos ocorrem em um vácuo e simplesmente não "apenas ocorrem". Pelo contrário, as situações sempre vão em movimento na esteira de outros acontecimentos. Em seu excelente livro "Hitler's African Victims", Raffael Scheck faz isto com perfeição e com grande efeito.

Professor adjunto de História Moderna da Europa no Colby College e titular PhD da Universidade de Brandeis, Scheck é autor dos livros "Alfred von Tirpitz and German Right Wing Politics, 1914–1930"(Alfred von Tirpitz e as políticas alemãs de extrema-direita, 1914-1930) e "Mothers of the Nation: Right-Wing Women in Weimar Germany"(Mães da Nação: as mulheres de extrema-direita na República de Weimar), juntamente com vários artigos sobre políticas da extrema-direita alemã. Em Hitler’s African Victims, Scheck traz à luz uma área da história que até agora as pessoas, ou intencionalmente teriam ignorado ou, infelizmente, esquecido.

Durante o desesperado verão de 1940, as forças alemãs avançaram largamente, sem contenção, sobre a Europa Ocidental. Um dos muitos países a sentir a fúria do exército de Hitler foi a França. Ardendo com um intenso desejo de vingança pelas abominações impostas ao povo alemão - o Tratado de Versailles - Hitler e seus asseclas assumiram uma atitude especial para impôr uma rápida e humilhante rendição à França. As fileiras do exército francês alistaram mais de 100.000 soldados negros os quais os franceses haviam recrutado e mobilizado a partir de áreas da Mauritânia, Senegal e Níger, na África Ocidental Francesa, colocando-os em regimentos só negros ou mestiços e em seguida tornando-os parte das divisões da Infantaria Colonial. Durante a árdua batalha contra os alemães, estes soldados africanos - muitas vezes armados com os temidos coupe-coupe(facões) de lâmina longa, com os quais eles abriam caminho através dos soldados inimigos no combate corpo a corpo - viram-se confrontados com o melhor que os alemães poderiam reunir. Raramente se ouve a história das perdas que os africanos impuseram aos alemães.

Tragicamente, durante o período de luta mais difícil na campanha da França, acima de 3.000 desses prisioneiros Tirailleurs Senegalais foram evidentemente massacrados por soldados alemães. O assassinato de prisioneiros inimogos - por membros de ambos os lados - ocorreu durante a guerra, mas o grande número de perdas cometidas pelos Tirailleurs durante em um período relativamente curto de tempo levanta sérias questões. O autor faz um trabalho magistral de extraordinária e coerente informação do acontecimento para explicar as circunstâncias que cercam esses massacres.

Como parte de sua análise, Scheck discusses muitos aspectos da história do racismo na Alemanha que provavelmente levaram a atitudes predominantes dentro da sociedade nazista daquele tempo — por exemplo, o que ficou conhecido como "Terror Negro"(Black Horror), envolvendo o estacionamento de soldados negros na Renânia logo após a Primeira Guerra. Vários incidentes ocorreram entre estes soldados e a população nativa, especialmente os nascimentos de muitas crianças mestiças. Estarrecida, a liderança nazi pediu pela esterelização forçada destas crianças e a propaganda alemã trabalhava a exaustão para retratar negros como selvagens e "loucos pervertidos sexuais". Por conta destes esforços, uma forte fundação antinegra surgiu na nova Alemanha. Da mesma forma, como um poder colonial na África (1904–1907), a Alemanha eliminou mais de 150.000 negros durante uma série de levantes. Além disso, os alemães deram tratamento similar ao dos negros apanhados lutando pela União durante a Guerra Civil Norte-Americana, bem como o tratamento dos EUA a mexicanos, norte-americanos nativos e filipinos durante os conflitos com esses povos.

Todos esses fatores ajudaram a criar uma atmosfera propícia para cometer as atrocidades descritas neste livro. O autor explica eloqüentemente conceitos tais como o critério para o massacre sancionado e cinco fatores situacionais que conduziram ao assassínio de prisioneiros negros. Curiosamente, a pesquisa de Scheck revelou que quando tudo estiver dito e feito, aparentemente nenhuma diretiva do governo alemão ordenou que os soldados matassem esses prisioneiros. Muito provavelmente, a ferocidade da batalha, o racismo latente e os efeitos de terem visto colegas soldados mortos em combate - muitos cortados e separados por africanos ocidentais armados a faca - combinaram para motivar os alemães a agir como agiram. Na verdade, muitas unidades alemãs se recusaram a matar os prisioneiros negros absolutamente, e depois de agosto de 1940 - o período mais desesperador para alemães e franceses - pouco ou nenhum assassinato de prisioneiros ocorreu.

Apesar deu tecer louvores a este livro, eu tenho algumas discordâncias com o autor. Scheck afirma que os alemães iriam "atirar imediatamente nos negros dispersos sem lhes dar a oportunidade de se render. Isto era ilegal como um massacre, mas mais fácil para encobrir. . . . A prática de não dar alojamentos a soldados negros, embora ilegal, foi certamente facilitada pelo fato de que as disposições legais para se render poderiam ser difíceis de se aplicar no combate corpo a corpo"(páginas 61 e 66). De acordo com a Lei de Conflito Armado, no entanto, não é ilegal matar soldados em fuga ou dispersar os soldados. Só depois deles terem se rendido e o inimigo tomar o controle deles, eles se tornariam imunes de serem mortos. Da mesma forma, é legal dizimar toda formações de soldados inimigos - por não matá-los hoje, em vez de tê-los que enfrentar amanhã. Apesar de ser "descortês" poder matar soldados em fuga ou dizimar uma formação inteira inimiga, continua a ser perfeitamente aceitável e legal fazê-lo.

No geral, os pontos de menor importância em nada diminuem o grosso deste excelente livro. Não é sempre que se encontra um estudo da Segunda Guerra Mundial que revela uma página inteiramente nova da história. Completo com dez fotografias, quatro páginas de tabelas que descrevem os assassinatos e um mapa das áreas em questão, Hitler's African Victims deixa sua marca como uma importante contribuição para uma já desordenada história da guerra.

Tenente-Coronel Robert F. Tate, FAEUA(USAFR)
Base(AFB) de Maxwell, Alabama

Aviso

As conclusões e opiniões expressas neste documento são as que o autor manifesta de acordo com sua liberdade de expressão e no ambiente acadêmido da Academia da Força Aérea(Air University). Elas não refletem a posição oficial do Governo dos EUA, do Departamento de Defesa, da Força Aérea dos EUA ou da Academia da Força Aérea(Air University).

Fonte: Air & Space Power Journal Book Review(da Academia da Força Aérea dos EUA)
http://www.airpower.au.af.mil/airchronicles/bookrev/scheck.html
Tradução: Roberto Lucena

Ler também:
Crescendo negro na Alemanha nazista
Negros alemães vítimas do Holocausto
Mais apontamentos do racismo nazi
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A Fazenda Nazista no Brasil e o emprego de trabalho escravo - rastros deixados pelos nazistas no país

terça-feira, 24 de junho de 2008

Papa recebe grupo de sobreviventes do Holocausto

Fundação 'Pave the Way' promove simpósio sobre a atuação do papa Pio XII durante a Segunda Guerra

VATICANO - O papa Bento XVI recebeu no Vaticano sobreviventes do Holocausto. Após a audiência geral, o papa "acolheu de braços abertos" o norte-americano Gary Krupp, presidente da "Pave the Way Foundation" (Fundação Pavimente o Caminho), segundo informou o jornal Osservatore Romano.

Krupp "quis fortemente o encontro com Bento XVI" para informar-lhe sobre um simpósio que, de 15 a 18 de setembro, em Roma, "aprofundará" o estudo sobre a ajuda oferecida aos judeus pelo papa Pio XII.

Para o norte-americano, a presença durante a audiência de sobreviventes do Holocausto é "uma expressão de gratidão ao papa Pio XII, por ocasião dos 50 anos de sua morte".

Alguns judeus acusam Pio XII, no comando da Igreja Católica de 1939 a 1958, de ser indiferente em relação ao Holocausto e de não se manifestar contra Hitler. Os defensores do papa vêem nele um homem santo que trabalhou nos bastidores para ajudar os judeus na Europa toda.

Vários grupos judaicos, em especial a Liga Antidifamação, com sede nos EUA, já pediram que o Vaticano suspenda o processo de canonização desse papa, que se encontra em andamento, enquanto não divulgar todos os documentos secretos referentes à Segunda Guerra.

O Osservatore Romano também informou que, além dos judeus, Bento XVI recebeu Mame Mor Mbacke, "notável referência para os muçulmanos do Senegal", que expressou seu compromisso de colaborar com os católicos pela paz e pela justiça. Segundo a publicação, o encontro "é um sinal positivo para o diálogo com o Islã na África".

Fonte: Ansa e Reuters/Estadão(18.06.2008)
http://www.estadao.com.br/vidae/not_vid191840,0.htm

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