"Há em Netanyahu um ódio tão profundo aos palestinos que não é difícil encontrar afinidade com Hitler"
Historiador franco-libanês, Gilbert Achcar é o autor de Les Árabes et la Shoah: La guerre israélo-arabe des récits ("Os Árabes e o Holocausto: A guerra israelo-árabe das narrativas"), aclamada como uma obra de referência. Não há aqui complacência com os negacionistas do genocídio de seis milhões de judeus. Uma grande parte do livro é dedicada a Haj Amin al-Husseini, Grande Mufti de Jerusalém, e aos seus encontros com os nazis, durante a II Guerra Mundial. Na sequência da acusação de Netanyahu de que o extermínio foi ideia do defunto líder espiritual palestino e não de Hitler, telefonámos para Beirute, onde Achcar se encontra em ano sabático da cadeira de Relações Internacionais que leciona na School of Oriental and African Studies (SOAS, Escola de Estudos Africanos e Orientais), em Londres.
Como avaliou a declaração do primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, de que a culpa pela Solução Final não foi de Hitler mas de Haj Amin Al-Husseini?
Netanyahu chocou o mundo inteiro, ao tentar exonerar Hitler. A única razão que encontro para este discurso ultrajante é a de que Netanyahu odeia os palestinos mais do que odeia Hitler. Isto é chocante. Sempre vimos revisionistas do lado pró-nazi e antissemita; do lado sionista este revisionismo, agora expresso por Netanyahu, é surpreendente. Do ponto de vista histórico, o que Netanyahu disse é um disparate total. Até o Governo alemão refutou imediatamente o que ele disse [assumindo o Holocausto como responsabilidade exclusiva nacional]. Na extrema-direita do movimento sionista há um ódio tão profundo aos palestinos que não é difícil encontrar esta afinidade com Hitler, tentando absolvê-los dos seus crimes sórdidos. Talvez, por quererem ver-se livres dos palestinos – não digo que seja recorrendo ao genocídio, mas através de expulsões ou transferência em massa. Isto é muito perigoso e trágico. Netanyahu é um político oportunista, capaz de se exprimir de forma muito demagoga, de acordo com a sua audiência, para conseguir o que quer.
Não foi a primeira vez que a figura de Amin al-Husseini foi invocada para associar os palestinos ao nazismo. Qual era, afinal, a relação entre o Mufti e Hitler?
Amin al-Husseini era um nacionalista de direita, sem escrúpulos e profundamente antissemita. Ao contrário de Hitler, porém, a natureza do seu antissemitismo estava na crescente colonização sionista da Palestina – isto não é uma justificação, mas é preciso distinguir o seu antissemitismo do antissemitismo na Alemanha, onde os judeus eram uma minoria oprimida. Quando cortou relações com os britânicos e se mudou para Berlim [em 1940], Husseini aliou-se aos nazis e participou na propaganda deles, mas não desempenhou qualquer papel direto na Solução Final. Husseini só teve conhecimento da Solução Final no Verão de 1943 – ele diz isso nas suas memórias, onde deixa claro que não lamenta o que aconteceu, “porque os judeus mereciam isso”, uma atitude que comprova a sua dimensão profundamente antissemita. No entanto, dizer que o genocídio foi levado a cabo por sugestão de Husseini é totalmente ridículo. A discussão entre historiadores respeitados é sobre se genocídio foi sempre um dos desígnios de Hitler ou resultou da sua derrota na Rússia. Jamais um historiador debateu se Husseini influenciou a Solução Final, porque Hitler desprezava-o. Até a sua linguagem corporal quando se encontrava com o líder palestino denotava desprezo. A tentativa de Netanyahu rever a História é um sinal de doença mental grave.
O historiador israelita Tom Segev, num artigo publicado no diário The Guardian, recorda que Husseini pediu a Hitler que assinasse uma espécie de Declaração Balfour de apoio aos direitos palestinos, semelhante ao documento britânico que defendeu um “lar nacional para o judeus”, mas que Hitler recusou. Lembra também que os árabes não foram os únicos a pedir assistência aos nazis. “No final de 1940 e de novo no final de 1941, antes de o Holocausto atingir o auge nos campos de extermínio, uma pequena organização terrorista sionista – Combatentes pela Liberdade de Israel, também conhecida por Bando Stern (Stern Gang) – contactou representantes nazis em Beirute esperando apoio alemão contra os britânicos [potência mandatária na Palestina]. Um dos sternistas, então numa prisão britânica, era Yitzhak Shamir, futuro primeiro-ministro de Israel”, e um dos líderes do partido Likud, de Netanyahu.
Sim, uma parte da extrema-direita sionista tentou colaborar com os nazis. Mais: havia na Alemanha um movimento judeu que colaborou com os nazis. Foi o único grupo não nazi autorizado a permanecer na Alemanha, e ajudou as autoridades nazis na transferência de judeus alemães para a Palestina. Essa colaboração manteve-se até 1941 – e isto está registrado por todos os historiadores do Holocausto. Pessoalmente, não gosto de entrar neste jogo. A extrema-direita colaborou mais com Mussolini, talvez, porque era menos problemático. A colaboração de judeus com os nazis acabou, naturalmente, quando a Solução Final começou a ser aplicada. O que nos deve interessar, agora, é a recolha dos fatos históricos e as lições que devemos aprender com eles. Netanyahu não segue esse caminho.
No seu livro reconhece que vários líderes árabes, não apenas Husseini, colaboraram abertamente com os nazis, e que outros permanecem negacionistas do Holocausto, mas opõe-se à generalização deste antissemitismo, que também distingue, por outro lado, do “sentimento antijudeu profundamente enraizado na Europa”. Pode explicar?
Se um alemão é antissemita, isso é racismo contra uma minoria que durante séculos foi oprimida na Europa. Se um palestino exprime opiniões antissemitas é por se sentir oprimido num Estado que exige ser reconhecido como judaico, ignorando os não judeus que são cidadãos israelitas. Perante a exigência de uma definição étnica, os palestinos são tentados a posições antissemitas – e devem ser criticados por isso –, mas é uma situação semelhante à dos negros sul-africanos que se manifestavam contra os brancos durante o regime de apartheid. Não é racismo preto-branco. É uma forma de o oprimido se rebelar contra a opressão.
A verdade é que há ainda muitos negacionistas do Holocausto no mundo árabe, não apenas palestinos...
Sim, é verdade. Negam, sobretudo, que sejam responsáveis pelo Holocausto, que foi cometido por europeus. Vale a pena frisar que havia muito mais soldados árabes nas fileiras do Aliados do que no campo dos nazis. É quase insignificante o número de combatentes árabes do lado nazi durante a II Guerra Mundial, comparado com o número extraordinário de soldados do Norte de África e do Médio Oriente que se juntaram às tropas britânicas e às francesas. Havia 9000 palestinos no Exército britânico! É certo que ainda há muitos árabes a negar o Holocausto, mas é uma maneira – completamente estúpida e eu chamo-lhes ‘loucos antissionistas’ – de exprimirem a sua fúria contra Israel. No entanto, é preciso realçar que essa negação não pode ser comparada à negação do Holocausto por parte de um europeu, cujos países foram protagonistas do genocídio. É estúpido, reafirmo, que haja palestinos a negar o Holocausto, mas convém salientar, também, que o Estado Israel continua a negar a Nakba, a catástrofe palestina [o êxodo] de 1948 que foi cometida por Israel. Isto é ainda mais grave. Tal como é muito grave que as autoridades turcas continuem a negar o genocídio armênio [em 1915-1917, durante o período otomano].
Depois de 1948, a palavra “Holocausto” tem sido usada e abusada, pelos palestinos, que reclamam reconhecimento da Nakba e se afirmam como “vítimas das vítimas”, e por muitos israelitas: O antigo primeiro-ministro Menachem Begin comparava Yasser Arafat, o líder da OLP, a Hitler, e até o filósofo Yeshayahu Leibowitz cunhou a expressão "judeu-nazi". Até que ponto a ideologia sionista é responsável por esta desvalorização de um dos piores crimes da Humanidade?
A ideologia sionista foi promovida, de uma forma generalizada, por Elie Wiesel [um sobrevivente do Holocausto e Prêmio Nobel da Paz]. É um termo muito mau. O significado bíblico é o da queima de oferendas a Deus. Isso é muito perigoso. É como uma representação dos judeus sacrificados em nome de Deus. De vez em quando, aparece um rabi doido que descreve o Holocausto como um castigo divino, porque não os judeus não obedecem às suas leis. Naturalmente, isto gera críticas. Para ser honesto, acho que a declaração de Netanyahu a propósito de Husseini e Hitler encaixa na mesma categoria: loucura ideológica. Em todo o caso, não é esta declaração de Netanyahu o grande problema, mas sim a atitude do Estado de Israel, já não apenas face aos palestinos sob ocupação mas, também e cada vez mais, em relação aos palestinos de cidadania israelita, sujeitos a mais e mais racismo – documentado por organizações israelitas de direitos humanos. É preciso que o mundo entenda que Israel não representa as vítimas do Holocausto. O que Netanyahu disse exonerando Hitler deveria ser um toque de alarme, sobretudo na Europa, que deveria reagir, antes que seja tarde de mais.
Margarida Santos Lopes
Fonte: Expresso (Portugal)
http://expresso.sapo.pt/internacional/2015-10-24-Entrevista-com-o-autor-de-Os-Arabes-e-o-Holocausto
Observação: fiz correções na grafia do texto da matéria, porque o jornal Expresso (Portugal), recusa-se a usar a nova ortografia da língua, que é lei, não é "favor" o jornal escrever na nova ortografia.
Eu tentarei não discutir este assunto aqui neste post (até pra não desviar do assunto do post), porque a gente se empolga e acaba alongando a observação, mas vou adiantar do que se trata pois o jornal fez uma provocação no texto que pode passar desapercebido de quem está por fora dessas questões políticas (e linguísticas) entre países. Caso a observação desvie muito do assunto do post eu a colocarei num post à parte como já fiz com outras.
Mas como dizia, há até post arquivado sobre essa questão (estava cheio do blog, então não coloquei), depois de ver ataques (vários) sistemáticos a brasileiros com a "desculpa" de "acordo ortográfico". Esse surto de "rebeldia" (entre aspas) em Portugal com o Acordo começou por parte da extrema-direita xenófoba de lá, que como toda extrema-direita só costuma fazer besteira, e encontrou eco em setores do país em virtude da crise. Chamo de surto porque não havia esse tipo de "chilique" com outros acordos da língua, por que essa reação agora? Quem quiser ver um histórico disso, clique aqui:
Acordo Ortográfico de 1945
Houve "revolta" em 1945? Duvido. Nem internet tinha, rs.
Querem transferir a revolta com a crise interna pra algum "inimigo externo", no caso o Brasil, uma vez que, como o nome diz, houve um "acordo", e não imposição de idioma? Chega a ser ridículo quererem uma briga dessas.
Mas como dizia, seria até mais fácil impôr a forma de escrever do Brasil visto que a maior parte dos falantes da língua falam a vertente brasileira e não a portuguesa, só pra ter uma ideia da desproporção, só o Brasil tem 204 milhões de falantes (valores atualizados, no link ainda consta a contagem mais antiga da população, mas fica próxima) contra menos de 70 milhões de todo o resto junto (Portugal, Angola etc), fora os locais que falam a vertente brasileira (dialeto) como o Uruguai e países vizinhos (nenhum quer aprender o dialeto de Portugal).
Quando a maioria das pessoas procuram aprender português no exterior, procuram a forma do Brasil e não a de Portugal, por 'n' motivos. Até fui descortês com o Roberto Muehlenkamp (mas não foi proposital e sim por ignorância minha à época) sobre pedir pra revisar o texto dele pois o Roberto aprendeu a escrever na forma portuguesa (dialeto), só que na parte escrita dá pra entender perfeitamente (só há uma modificação "forte" em nomes como Stalingrado que fica "Estalinegrado", Lênin que fica "Lenine" e coisas desse tipo, mas vamos concordar que dá pra entender perfeitamente), esse, por sinal, é mais um mito ridículo que difundem pelo Brasil e até por Portugal, o mito dos "dois idiomas", a parte complicada é mesma o som da língua (a forma de falar), não a escrita, só que o som do português do Brasil, levando em conta a variedade dos sotaques, fica próxima ao do "galego", que seria berço do "português", é estranho esse som adquirido em Portugal, mas isso é outro assunto. Aqui os números:
https://pt.wikipedia.org/wiki/Lusofonia
https://pt.wikipedia.org/wiki/Lista_de_pa%C3%ADses_onde_o_portugu%C3%AAs_%C3%A9_l%C3%ADngua_oficial
Não me estenderei sobre o assunto aqui, mas há quem defenda no Brasil a adoção de gramática própria (brasileira) como forma de ruptura (provocam, provocam, a resposta sempre vem), muito em resposta a esses surtos xenófobos vindos de setores de Portugal. Brincam com coisas que uma vez rompidas, "tchau e fim de papo", o Brasil tem muito pouco a perder com uma ruptura dessas, se é que tem algo a perder.
Fica aqui o registro, assunto pra ser abordado depois. O jornal quer fazer birra mantendo a grafia que já não vale mais, mesmo sabendo que é lei, e que isso vigorará cedo ou tarde, mas como eu também sou birrento, tirei toda a grafia portuguesa, de propósito (sempre que dá eu faço isso) e coloquei a brasileira e a do acordo. Se o jornal não gostar, caso leia o post, peça pra remover, pois vai ficar assim aqui, de pirraça.
E por favor, não precisam se irritar ou se incomodar com essa questão, são surtos autoritários de algum suposto "orgulho nacional" ferido (ó), suposto porque beira à cretinice isso. Atenham-se à entrevista do historiador francês sobre Netanyahu e o Holocausto, noutro post se aborda essa questão do acordo (como disse acima, acabarei transferindo a observação prum post à parte).
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terça-feira, 27 de outubro de 2015
quinta-feira, 25 de abril de 2013
Números de vítimas do Holocausto por país em relação aos números da populaçao de 1937
Tabela n° 4: Porcentagem de vítimas por país (proporção da população judaica massacrada em relação ao total da população judaica dentro das fronteiras de 1937)
Europa oriental
Polônia ------------------------90 %
Países bálticos --------------90 %
Romênia ----------------------50 %
URSS
Bielorrússia ------cerca de 65 %
Ucrânia -----------cerca de 60 %
Rússia -------------------------11%
Europa central e Balcãs
Alemanha ---------------36 %[1] 90 %[2]
Áustria -------------------27 %[3] 83 %[4]
Tchecoslováquia
Boêmia e Morávia ----67 %[5] 88 %[6]
Eslováquia --------------83 %
Hungria ------------------50 %
Iugoslávia ---------------60 %
Grécia --------------------75 %
Europa ocidental
França -------------------25 %
Bélgica ------------------60 %
Holanda -----------------75 %
Noruega -----------------50 %
Itália ----------------------20%
[1] em comparação à população judaica da Alemanha em 1933 (cerca de 300.000 judeus alemães emigraram entre 1933 e 1939 de um total de 500.000).
[2] em comparação à população judaica que permaneceu na Alemanha depois de 1939
[3] em comparação à população judaica austríaca em 1937 (cerca de 125.000 judeus emigraram da Áustria entre 1938-1939 de um total de 185.000).
[4] em comparação à população judaica austríaca que permaneceu no território do Reich após 1939.
[5] em comparação à população judaica em 1937 (de cerca de 120.000 judeus da Boêmia e Morávia, 28.000 emigraram entre 1938-1939).
[6] em comparação à população judaica que permaneceu no Protetorado da Boêmia e Morávia após 1939.
Livro: Lucy Dawidowicz, The War against the Jews 1933-1945, New-York et Londres, 1975, trad. fr. Hachette 1977.
Fonte: LA SHOAH. Document du Mémorial de la Shoah. 2007
http://internetjm.free.fr/actualite/Auschwitz/LA%20SHOAH%2001.pdf
Tradução: Roberto Lucena
Ver mais:
Números do Holocausto - Ciganos (Estimativa do número de mortos)
Números do Holocausto - Estimativa de vítimas judaicas
Números do Holocausto por Raul Hilberg
5 milhões de vítimas não judias? (1ª Parte)
5 milhões de vítimas não judias? (2ª Parte)
Auschwitz e os números de mortos (por Robert Jan Van Pelt)
Número de judeus húngaros gaseados na chegada a Auschwitz
Europa oriental
Polônia ------------------------90 %
Países bálticos --------------90 %
Romênia ----------------------50 %
URSS
Bielorrússia ------cerca de 65 %
Ucrânia -----------cerca de 60 %
Rússia -------------------------11%
Europa central e Balcãs
Alemanha ---------------36 %[1] 90 %[2]
Áustria -------------------27 %[3] 83 %[4]
Tchecoslováquia
Boêmia e Morávia ----67 %[5] 88 %[6]
Eslováquia --------------83 %
Hungria ------------------50 %
Iugoslávia ---------------60 %
Grécia --------------------75 %
Europa ocidental
França -------------------25 %
Bélgica ------------------60 %
Holanda -----------------75 %
Noruega -----------------50 %
Itália ----------------------20%
[1] em comparação à população judaica da Alemanha em 1933 (cerca de 300.000 judeus alemães emigraram entre 1933 e 1939 de um total de 500.000).
[2] em comparação à população judaica que permaneceu na Alemanha depois de 1939
[3] em comparação à população judaica austríaca em 1937 (cerca de 125.000 judeus emigraram da Áustria entre 1938-1939 de um total de 185.000).
[4] em comparação à população judaica austríaca que permaneceu no território do Reich após 1939.
[5] em comparação à população judaica em 1937 (de cerca de 120.000 judeus da Boêmia e Morávia, 28.000 emigraram entre 1938-1939).
[6] em comparação à população judaica que permaneceu no Protetorado da Boêmia e Morávia após 1939.
Livro: Lucy Dawidowicz, The War against the Jews 1933-1945, New-York et Londres, 1975, trad. fr. Hachette 1977.
Fonte: LA SHOAH. Document du Mémorial de la Shoah. 2007
http://internetjm.free.fr/actualite/Auschwitz/LA%20SHOAH%2001.pdf
Tradução: Roberto Lucena
Ver mais:
Números do Holocausto - Ciganos (Estimativa do número de mortos)
Números do Holocausto - Estimativa de vítimas judaicas
Números do Holocausto por Raul Hilberg
5 milhões de vítimas não judias? (1ª Parte)
5 milhões de vítimas não judias? (2ª Parte)
Auschwitz e os números de mortos (por Robert Jan Van Pelt)
Número de judeus húngaros gaseados na chegada a Auschwitz
quarta-feira, 21 de novembro de 2012
Negros nos campos nazis (Noirs dans les camps nazis) - Documentário francês (Holocausto)
Um documentário único sobre um drama até então desconhecido da segunda guerra mundial: a deportação de negros, africanos do Caribe, para os campos de concentração. Testemunhos de sobreviventes recolhidos na Alemanha, Bélgica, Espanha, França e Senegal.
Indicação: Noirs dans les camps nazis, site de Serge Bilé. Link.
Como nem tudo é perfeito, o documentário ten áudio francês sem legenda. Caso alguém ache a legenda ou queira traduzir, fica a indicação.
Ver também:
As vítimas africanas de Hitler: os massacres do exército alemão a soldados franceses negros em 1940
Negros alemães vítimas do Holocausto
Mais apontamentos do racismo nazi - racismo contra negros
A Fazenda Nazista no Brasil e o emprego de trabalho escravo - rastros deixados pelos nazistas no país
Firmas alemãs no banco dos réus
A Guerra contra fracos (livro) - Edwin Black. As raízes dos EUA da eugenia nazi
Crescendo Negro na Alemanha Nazista (A vida marcante de Hans Massaquoi)
Indicação: Noirs dans les camps nazis, site de Serge Bilé. Link.
Como nem tudo é perfeito, o documentário ten áudio francês sem legenda. Caso alguém ache a legenda ou queira traduzir, fica a indicação.
Ver também:
As vítimas africanas de Hitler: os massacres do exército alemão a soldados franceses negros em 1940
Negros alemães vítimas do Holocausto
Mais apontamentos do racismo nazi - racismo contra negros
A Fazenda Nazista no Brasil e o emprego de trabalho escravo - rastros deixados pelos nazistas no país
Firmas alemãs no banco dos réus
A Guerra contra fracos (livro) - Edwin Black. As raízes dos EUA da eugenia nazi
Crescendo Negro na Alemanha Nazista (A vida marcante de Hans Massaquoi)
segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011
Livro: "O Longo caminho" de Henrique Van Biene, um relato do Holocausto
Divulgação do livro "O Longo Caminho", de Henrique Van Biene.
Sinopse:
'O Longo Caminho' narra a história de um menino que enfrentou fome, frio, pobreza, discriminação e perseguição devido à sua origem judia, mas conseguiu chegar à idade madura como um vencedor.
Cruzou o mundo sozinho, trabalhando em diversas profissões, fugindo da guerra e do nazismo, construindo e perdendo famílias, até se firmar no Brasil. Em nosso país, encontrou paz, amor, tranqüilidade, e finalmente um lugar para permanecer, criar os filhos e adotar como lar até a sua "passagem" para a eternidade.
Essa longa trajetória é contada de forma autobiográfica, permitindo que o leitor tenha uma visão sensível de fatos históricos, a partir dos medos, anseios, dúvidas e sonhos de um personagem real. Além das conhecidas histórias dos campos de concentração, Henrique Van Biene leva o leitor a refletir sobre a luta pela sobrevivência num cenário tão hostil.
Para mais informações confiram os links:
Site: http://www.olongocaminho.com.br/
Leia o 1º capítulo em PDF clique aqui
A Saga para publicar o livro clique aqui
A opinião de quem já leu o livro clique aqui
Recomende a um amigo clique aqui
Livro no Faustão - clique aqui
Para comprar na Livraria Cultura - clique aqui
Harry Hoving Jr
Mais informações sobre o livro e dúvidas de como adquiri-lo? Se você tiver twitter entre em contato com o Harry: http://twitter.com/olongocaminho
E-mail de contato: contato@olongocaminho.com.br
Comunidade no Orkut: http://www.orkut.com.br/Community.aspx?cmm=65436197
Sinopse:
'O Longo Caminho' narra a história de um menino que enfrentou fome, frio, pobreza, discriminação e perseguição devido à sua origem judia, mas conseguiu chegar à idade madura como um vencedor.
Cruzou o mundo sozinho, trabalhando em diversas profissões, fugindo da guerra e do nazismo, construindo e perdendo famílias, até se firmar no Brasil. Em nosso país, encontrou paz, amor, tranqüilidade, e finalmente um lugar para permanecer, criar os filhos e adotar como lar até a sua "passagem" para a eternidade.
Essa longa trajetória é contada de forma autobiográfica, permitindo que o leitor tenha uma visão sensível de fatos históricos, a partir dos medos, anseios, dúvidas e sonhos de um personagem real. Além das conhecidas histórias dos campos de concentração, Henrique Van Biene leva o leitor a refletir sobre a luta pela sobrevivência num cenário tão hostil.
Para mais informações confiram os links:
Site: http://www.olongocaminho.com.br/
Leia o 1º capítulo em PDF clique aqui
A Saga para publicar o livro clique aqui
A opinião de quem já leu o livro clique aqui
Recomende a um amigo clique aqui
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Harry Hoving Jr
Mais informações sobre o livro e dúvidas de como adquiri-lo? Se você tiver twitter entre em contato com o Harry: http://twitter.com/olongocaminho
E-mail de contato: contato@olongocaminho.com.br
Comunidade no Orkut: http://www.orkut.com.br/Community.aspx?cmm=65436197
quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011
Shoá: milhares de documentos e fotos online - Google e Yad Vashem
TEL AVIV, Israel - A mais importante coleção de documentos sobre o genocídio dos judeus pelos nazistas durante a Segunda Guerra mundial está disponível na Internet.
O Museu Memorial da Shoá, Yad Vashem, lançou esta inicitiva na quarta-feira com o lançamento de 130 mil fotos online consultáveis pelo site de buscas norte-americano Google, parceiro do projeto. A coleção deverá se extender mais tarde à outras partes dos vastos arquivos do museu.
A fórmula permite fácil acesso aos documentos, inclusive através de palavras-chave. Um fórum associado permite que aos usuários contribuirem com o projeto, adicionando suas próprias histórias, comentários e documentos sobre seus familiares que aparecem no arquivo online.
O Google tem utilizado uma tecnologia experimental de reconhecimento ótico de caracteres para permitir a pesquisa ativa em várias línguas no texto de documentos e fotos.
O presidente do Yad Vashem, Avner Shalev, disse que o benefício em chamar os jovens que procuram informações sobre seus antepassados supera o risco de publicação de comentários antissemitas.
Já nesta semana, o Yad Vashem lançou uma versão em seu canal de vídeo online no YouTube, para que os iranianos, cujo país é o maior inimigo de Israel, possam aprender sobre o Holocausto, no qual morreram cerca de seis milhões de judeus.
O memorial está agora trabalhando para digitalizar sua coleção de testemunhos de sobreviventes do genocídio.
Pra quem quiser acessar o banco de fotos do Yad Vashem na internet, link: http://collections.yadvashem.org/photosarchive/
Fonte: AP/Métro (Canadá, 26 de janeiro de 2011)
http://www.journalmetro.com/monde/article/754397--shoah-des-milliers-de-documents-et-photos-en-ligne
Tradução: Roberto Lucena
Ver mais:
Google amplia acesso a arquivos do Holocausto (Gazeta do Povo)
O Museu Memorial da Shoá, Yad Vashem, lançou esta inicitiva na quarta-feira com o lançamento de 130 mil fotos online consultáveis pelo site de buscas norte-americano Google, parceiro do projeto. A coleção deverá se extender mais tarde à outras partes dos vastos arquivos do museu.
A fórmula permite fácil acesso aos documentos, inclusive através de palavras-chave. Um fórum associado permite que aos usuários contribuirem com o projeto, adicionando suas próprias histórias, comentários e documentos sobre seus familiares que aparecem no arquivo online.
O Google tem utilizado uma tecnologia experimental de reconhecimento ótico de caracteres para permitir a pesquisa ativa em várias línguas no texto de documentos e fotos.
O presidente do Yad Vashem, Avner Shalev, disse que o benefício em chamar os jovens que procuram informações sobre seus antepassados supera o risco de publicação de comentários antissemitas.
Já nesta semana, o Yad Vashem lançou uma versão em seu canal de vídeo online no YouTube, para que os iranianos, cujo país é o maior inimigo de Israel, possam aprender sobre o Holocausto, no qual morreram cerca de seis milhões de judeus.
O memorial está agora trabalhando para digitalizar sua coleção de testemunhos de sobreviventes do genocídio.
Pra quem quiser acessar o banco de fotos do Yad Vashem na internet, link: http://collections.yadvashem.org/photosarchive/
Fonte: AP/Métro (Canadá, 26 de janeiro de 2011)
http://www.journalmetro.com/monde/article/754397--shoah-des-milliers-de-documents-et-photos-en-ligne
Tradução: Roberto Lucena
Ver mais:
Google amplia acesso a arquivos do Holocausto (Gazeta do Povo)
domingo, 23 de janeiro de 2011
Claude Lanzmann: "Na Europa ninguém diz 'holocausto'"
"Ao invés disso --explica o realizador do documentário "Shoah" que busca a verdade dos horrores do nazismo, relançado nos Estados Unidos-- dizem: 'Foi uma catástrofe, um desastre'."
POR LARRY ROHTER - The New York Times
Transcorrido um quarto de século desde o documentário "Shoah" de Claude Lanzmann transformou a maneira na qual o mundo via o Holocausto, o filme voltou a ser relançado recentemente nos Estados Unidos, um fato que para o débio ocorrer faz tempo.
Lamenta-se de que, ao contrário da Europa, onde "Shoah" "nunca foi deixado de ser exibido nos cinemas e na televisão", seu filme "desapareceu" nos Estados Unidos, trocada por material mais digerível permitindo que se propagassem noções erradas.
Além disso, Lanzmann, de 85 anos, também sustenta que o "Holocausto" é um termo "totalmente inapropriado" para descrever o extermínio de seis milhões de judeus pelos nazis durante a Segunda Guerra Mundial. "Não foi de forma alguma um holocausto", disse durante uma recente visita à Nova York, assinalando que o sentido literal se refere a um sacrifício oferecido a um deus.
"Para chegar a Deus ofereceram um milhão e meio de crianças judias? O nome disso é desastre, e na Europa ninguém diz `Holocausto’.
Isto foi uma catástrofe, um desastre, e isso é `shoah’ em hebraico".
Lanzmann é um judeu francês que se uniu à Resistência quando era adolescente e logo foi editor de Les Temps Modernes(Os Tempos Modernos), a revista cultural e filosófica fundada por Jean-Paul Sartre.
Disse que o Holocausto se apoderou de quando começou a fazer seu filme em 1973.
"Uma vez que comecei, não pude parar", disse. "Durante os 12 anos que levou pra fazer `Shoah’ foi como um cego".
Com apenas um pouco mais de nove horas e 25 minutos, "Shoah" é tomada de mais de 300 horas de filmagem. "Shoah" não deve ser considerada um documentário, disse, "porque não registrei uma realidade pré-existente ao filme, eu tive que criar essa realidade", a partir do que ele chama de "uma espécie de coro de vozes e rostos emergentes, de muitos assassinos, vítimas e observadores".
"Shoah" é uma referência para as representações visuais do Holocausto. Desde sua estréia em 1985 se produziram, naturalmente, muitos filmes que levaram o Holocausto à ficção, entre outros como "A vida é bela" de Roberto Benigni, ganhadora do Oscar, que Lanzmann desestima e "A lista de Schindler" de Steven Spielberg, que ele considera perniciosa. O filme de Spielberg é "muito sentimental", disse.
"É falso", agregou, porque propõe um final edificante. Também impacientam a Lanzmann os esforços em explicar o Holocausto. "Perguntar por que mataram os judeus é uma pergunta que mostra de imediato sua própria obscenidade", disse.
O mundo também mudou consideravelmente desde a estréia original de "Shoah". O governo do Irã e o Instituto de Revisão Histórica propiciam abertamente a negação do Holocausto; por outro lado, genocídios mais recentes na Bósnia, Ruanda e Darfur poderiam ter atenuado o caráter único ou a força do impacto do Holocausto. "A gente fala de `soup nazi’ (nazi da sopa), ou se você não gosta o tipo de depósito de animais, chama de `a Gestapo’", disse Abraham H. Foxman, diretor nacional da Liga Antidifamação. Isto mina o significado da tragédia, que é o que o relançamento de ‘Shoah’ oferece, uma muito importante e significante oportunidade de refocá-la.”
Lanzmann também fez três filmes-satélites de "Shoah", com uma duração não maior que uma hora e meia, e está trabalhando em outra. Publicou assim mesmo, recentemente, uma autobiografía "La liebre de la Patagonia"(A lebre da Patagônia) que foi best-seller na França.
"A maioria das pessoas que entrevistei morreram", disse.
"Mas `Shoah’, o filme, não está morto."
Fonte: Revista de Cultura(Clarín.com, Argentina)
http://www.revistaenie.clarin.com/escenarios/cine/Documental_de_Claude_Lanzmann_0_412758933.html
Tradução: Roberto Lucena
Ver mais: A matéria completa no NYT
Maker of ‘Shoah’ Stresses Its Lasting Value (The New York Times, EUA)
POR LARRY ROHTER - The New York Times
25 ANOS DEPOIS. O filme de Claude Lanzmann volta aos cinemas nos Estados Unidos. |
Lamenta-se de que, ao contrário da Europa, onde "Shoah" "nunca foi deixado de ser exibido nos cinemas e na televisão", seu filme "desapareceu" nos Estados Unidos, trocada por material mais digerível permitindo que se propagassem noções erradas.
Além disso, Lanzmann, de 85 anos, também sustenta que o "Holocausto" é um termo "totalmente inapropriado" para descrever o extermínio de seis milhões de judeus pelos nazis durante a Segunda Guerra Mundial. "Não foi de forma alguma um holocausto", disse durante uma recente visita à Nova York, assinalando que o sentido literal se refere a um sacrifício oferecido a um deus.
"Para chegar a Deus ofereceram um milhão e meio de crianças judias? O nome disso é desastre, e na Europa ninguém diz `Holocausto’.
Isto foi uma catástrofe, um desastre, e isso é `shoah’ em hebraico".
Lanzmann é um judeu francês que se uniu à Resistência quando era adolescente e logo foi editor de Les Temps Modernes(Os Tempos Modernos), a revista cultural e filosófica fundada por Jean-Paul Sartre.
Disse que o Holocausto se apoderou de quando começou a fazer seu filme em 1973.
"Uma vez que comecei, não pude parar", disse. "Durante os 12 anos que levou pra fazer `Shoah’ foi como um cego".
Com apenas um pouco mais de nove horas e 25 minutos, "Shoah" é tomada de mais de 300 horas de filmagem. "Shoah" não deve ser considerada um documentário, disse, "porque não registrei uma realidade pré-existente ao filme, eu tive que criar essa realidade", a partir do que ele chama de "uma espécie de coro de vozes e rostos emergentes, de muitos assassinos, vítimas e observadores".
"Shoah" é uma referência para as representações visuais do Holocausto. Desde sua estréia em 1985 se produziram, naturalmente, muitos filmes que levaram o Holocausto à ficção, entre outros como "A vida é bela" de Roberto Benigni, ganhadora do Oscar, que Lanzmann desestima e "A lista de Schindler" de Steven Spielberg, que ele considera perniciosa. O filme de Spielberg é "muito sentimental", disse.
"É falso", agregou, porque propõe um final edificante. Também impacientam a Lanzmann os esforços em explicar o Holocausto. "Perguntar por que mataram os judeus é uma pergunta que mostra de imediato sua própria obscenidade", disse.
O mundo também mudou consideravelmente desde a estréia original de "Shoah". O governo do Irã e o Instituto de Revisão Histórica propiciam abertamente a negação do Holocausto; por outro lado, genocídios mais recentes na Bósnia, Ruanda e Darfur poderiam ter atenuado o caráter único ou a força do impacto do Holocausto. "A gente fala de `soup nazi’ (nazi da sopa), ou se você não gosta o tipo de depósito de animais, chama de `a Gestapo’", disse Abraham H. Foxman, diretor nacional da Liga Antidifamação. Isto mina o significado da tragédia, que é o que o relançamento de ‘Shoah’ oferece, uma muito importante e significante oportunidade de refocá-la.”
Lanzmann também fez três filmes-satélites de "Shoah", com uma duração não maior que uma hora e meia, e está trabalhando em outra. Publicou assim mesmo, recentemente, uma autobiografía "La liebre de la Patagonia"(A lebre da Patagônia) que foi best-seller na França.
"A maioria das pessoas que entrevistei morreram", disse.
"Mas `Shoah’, o filme, não está morto."
Fonte: Revista de Cultura(Clarín.com, Argentina)
http://www.revistaenie.clarin.com/escenarios/cine/Documental_de_Claude_Lanzmann_0_412758933.html
Tradução: Roberto Lucena
Ver mais: A matéria completa no NYT
Maker of ‘Shoah’ Stresses Its Lasting Value (The New York Times, EUA)
quarta-feira, 3 de novembro de 2010
"Shoah" vai ser relançado em Dezembro
O documentário, um dos mais importantes filmes sobre o Holocausto, vai voltar aos cinemas 25 anos depois da sua estreia
O documentário "Shoah" vai passar em Dezembro nos cinemas Lincoln Plaza e IFC Centre, em Nova Iorque, para comemorar os 25 anos da sua estreia. O filme monumental vai estrear-se em 2011 no circuito comercial americano.
"A memória é reactivada cada vez que "Shoah" é visto em qualquer ponto do mundo. Durante muitos anos, o filme esteve incompreensivelmente ausente dos cinemas de Nova Iorque; esta é uma boa altura para mostrá-lo novamente", disse o realizador francês Claude Lanzmann em comunicado.
A IFC Films anunciou que o "Shoah" vai estar no Lincoln Plaza a partir do dia 10 de Dezembro e no IFC Centre a partir do dia 24 de Dezembro. Em 2011 o filme vai estrear nos EUA a nível nacional.
"Shoah" são mais de 550 minutos - nove horas e meia de filme que o realizador francês Claude Lanzmann demorou 11 anos a compor.
O documentário de 1985 não recorre a gravações de arquivo - Lanzmann fez entrevistas a pessoas envolvidas no Holocausto e visitou os lugares mais icónicos da tragédia.
Lanzmann entrevistou protagonistas em 14 países - testemunhas, cúmplices e sobreviventes. Quando apresentou em 1985, Lanzmann disse que "o filme, usando apenas imagens do presente, evoca o passado com muito mais força do que qualquer documento histórico".
Fonte: Público
http://cinecartaz.publico.pt/noticias.asp?id=268660
O documentário "Shoah" vai passar em Dezembro nos cinemas Lincoln Plaza e IFC Centre, em Nova Iorque, para comemorar os 25 anos da sua estreia. O filme monumental vai estrear-se em 2011 no circuito comercial americano.
"A memória é reactivada cada vez que "Shoah" é visto em qualquer ponto do mundo. Durante muitos anos, o filme esteve incompreensivelmente ausente dos cinemas de Nova Iorque; esta é uma boa altura para mostrá-lo novamente", disse o realizador francês Claude Lanzmann em comunicado.
A IFC Films anunciou que o "Shoah" vai estar no Lincoln Plaza a partir do dia 10 de Dezembro e no IFC Centre a partir do dia 24 de Dezembro. Em 2011 o filme vai estrear nos EUA a nível nacional.
"Shoah" são mais de 550 minutos - nove horas e meia de filme que o realizador francês Claude Lanzmann demorou 11 anos a compor.
O documentário de 1985 não recorre a gravações de arquivo - Lanzmann fez entrevistas a pessoas envolvidas no Holocausto e visitou os lugares mais icónicos da tragédia.
Lanzmann entrevistou protagonistas em 14 países - testemunhas, cúmplices e sobreviventes. Quando apresentou em 1985, Lanzmann disse que "o filme, usando apenas imagens do presente, evoca o passado com muito mais força do que qualquer documento histórico".
Fonte: Público
http://cinecartaz.publico.pt/noticias.asp?id=268660
sábado, 26 de dezembro de 2009
Filmes - Holocausto - Nazismo - Fascismo - Segunda Guerra
Filmografia do Holocausto, segue abaixo uma lista de filmes, documentários e séries sobre o tema.
FILMES SOBRE O HOLOCAUSTO
Título no Brasil: Marcas da Guerra
Título em inglês: Fateless
Título Original: Sorstalanság
País: Hungria
Ano: 2005
Gênero: Drama
Diretor: Lajos Koltai
Título no Brasil: Um Ato de Liberdade
Título Original: Defiance
País: EUA
Ano: 2008
Gênero: Drama
Diretor: Edward Zwick
Título no Brasil: Contrato Arriscado
Titulo Original: The Aryan Couple
País: Inglaterra
Ano: 2006
Diretor: John Daly
Título no Brasil: A Lista de Schindler
Titulo Original: The Schindler’s List
País: EUA
Ano: 1993
Diretor: Steven Spielberg
Título no Brasil: Cinzas da Guerra
Titulo Original: The Grey Zone
País: EUA
Ano: 2001
Diretor: Tim Blake Nelson
Título no Brasil: O Pianista
Titulo Original: The Pianist
País: EUA
Ano: 2002
Diretor: Roman Polanski
Título no Brasil: Kapo - Uma História do Holocausto
Titulo Original: Kapò
País: Itália/Iugoslávia/França
Ano: 1959
Diretor: Gillo Pontecorvo
Título no Brasil: Julgamento de Nuremberg
Titulo Original: Judgment at Nuremberg
País: EUA
Ano: 1961
Diretor: Stanley Kramer
Título no Brasil: O Julgamento de Nuremberg
Titulo Original: Nuremberg
País: EUA/Canadá
Ano: 2000
Diretor: Yves Simoneau
Título no Brasil: O Diário de Anne Frank
Titulo Original: The Diary of Anne Frank
País: EUA
Ano: 1967
Diretor: Alex Segal
Titulo em inglês(sem tradução pro português): Seventeen Moments of Spring
Título Original: Semnadtsat mgnovenij vesny
País: União Soviética
Ano: 1973
Diretor: Tatiana Lioznova
Título no Brasil: Fuga de Sobibor
Titulo Original: Escape from Sobibor
País: Reino Unido/Iugoslávia
Ano: 1987
Diretor: Jack Gold
Título no Brasil: Adeus, meninos
Titulo Original: Au Revoir, Les Enfants
País: França
Ano: 1987
Diretor: Louis Malle
Título no Brasil: Europa Europa
Titulo Original: Europa Europa
País: Alemanha/França/Polônia
Ano: 1990
Diretor: Agnieszka Holland
Título no Brasil: Trem da Vida
Titulo Original: Train de Vie
País: Bélgica/França/Holanda/Israel/Romênia
Ano: 1998
Diretor: Radu Mihaileanu
Título no Brasil: A Espiã
Titulo Original: Zwartboek
País: Alemanha/Holanda/Reino Unido
Ano: 2006
Diretor: Paul Verhoeven
Título no Brasil: O Refúgio Secreto
Titulo Original: The Hiding Place
País: EUA
Ano: 1975
Diretor: James F. Collier
Título no Brasil: Caçada a um criminoso
Titulo Original: The Man Who Captured Eichmann
País: EUA
Ano: 1996
Diretor: William A. Graham
Título Original: Warsaw Story
País: EUA
Ano: 1996
Diretor: Amir Mann
Título no Brasil: Bent
Titulo Original: Bent
País: Reino Unido
Ano: 1997
Diretor: Sean Mathias
Título no Brasil: Perlasca, um herói italiano
Titulo Original: Perlasca, un eroe italiano
País: Itália
Ano: 2002
Diretor: Alberto Negrin
Título no Brasil: O Homem do prego
Titulo Original: The Pawnbroker
País: EUA
Ano: 1964
Diretor: Sidney Lumet
Título no Brasil: Amém
Titulo Original: Amen
País: França/Alemanha
Ano: 2002
Diretor: Costa-Gravas
Título no Brasil: Sophie Scholl - Os Últimos Dias
Titulo Original: Sophie Scholl - Die letzten Tage
País: Alemanha
Ano: 2005
Diretor: Marc Rothemund
Titulo Original: Ghetto
País: Alemanha/Lituânia
Ano: 2006
Diretor: Audrius Juzenas
Título no Brasil: Amor e Ódio
Titulo Original: La Rafle
País: França
Ano: 2010
Diretor: Rose Bosch
Trailer: Amor e Ódio (legendado)
Título no Brasil: Os Falsários
Titulo em inglês: The Conterfeiters
Título Original: Die Fälscher
País: Alemanha/Áustria
Ano: 2007
Diretor: Stefan Ruzowitzky
Título no Brasil: Bent
Título Original: Bent
País: Reino Unido
Ano: 1997
Diretor: Sean Mathias
Título no Brasil: A Fita Branca
Título em inglês: The White Ribbon
Título Original: Das Weisse Band - Eine Deutsche Kindergeschichte
País: Áustria/Alemanha/França/Itália
Ano: 2009
Gênero: Drama
Diretor: Michael Haneke
Crítica: Omelete
Mais filmes? Confira o link:
http://www.orizamartins.com/Filmesguerra-.html
Registrar mais dois:
http://www.dw-world.de/dw/article/0,,3810514,00.html
DOCUMENTÁRIOS
Título no Brasil: Arquitetura da Destruição
Titulo Original: The Architecture of Doom
País: Suécia
Ano: 1989
Gênero: Documentário
Diretor: Peter Cohen
Título no Brasil: O Inimigo do meu Inimigo
Título em inglês:
Titulo Original: Mon Meilleur Ennemi
País: Franca, Grã-bretanha
Ano: 2007
Gênero: Documentário
Diretor: Kevin Macdonald
Sinopse: "Em O Inimigo do meu Inimigo é revelada uma história paralela do mundo no pós guerra. Nesta versão há um nítido contraste de tudo que nos foi contado sobre a ideologia fascista. A história de Klaus Barbie, o torturador nazista mais conhecido como o Açougueiro de Lyon, foi um espião americano e uma importante ferramenta de regimes repressivos da direita na América Latina após a Segunda Guerra Mundial. A verdadeira relação entre os governos "ocidentais" e o fascismo se mostra de forma emblemática e simbólica."
Título Original: Anne Frank Remembered
País: Estados Unidos, Holanda, Inglaterra
Ano: 1995
Gênero: Documentário
Diretor: Jon Blair
Título no Brasil: Hôtel Terminus
Títulos em inglês: Hotel Terminus: The Life and Times of Klaus Barbie
Título Original: Hôtel Terminus: Klaus Barbie, sa vie et son temps
País: França, EUA
Ano: 1988
Gênero: Documentário
Prêmios: Vencedor de 1 Oscar(melhor documentário)
Diretor: Marcel Ophüls
Sinopse: "Documentário sobre Klaus Barbie, o chefe de Gestapo de Lyon, e a vida dele depois da Segunda Guerra."
Título no Brasil(tradução livre): Ascensão e Queda de Fred A. Leuchter
Título Original: The Rise and Fall of Fred A. Leuchter
País: EUA
Ano:
Gênero: Documentário
Diretor: Errol Morris
Verbete do filme na Wikipedia: Mr. Death
Título no Brasil: Noite e Neblina
Titulo Original: Nuit et Brouillard
País: França
Ano: 1955
Gênero: Documentário
Diretor: Alain Resnais
SÉRIES
Série: Apocalipse da Segunda Guerra Mundial
Título Original: Apocalypse: The Second World War
Episódios: 06
Produção: National Geographic Channel
http://www.natgeo.pt/programas/apocalipse-segunda-guerra-mundial
http://www.natgeo.pt/programas/especial-segunda-guerra-mundial
http://www.ngcasia.com/programmes/apocalypse-the-second-world-war
Série: Auschwitz - Os Nazis e a Solução Final
Título Original: Auschwitz: The Nazis and the 'Final Solution'
Episódios: 06
Produção: BBC
http://www.dvdpt.com/a/auchwitz_os_nazis_e_a_solucao_final.php
Série: Coleção Holocausto e Crimes da 2ª Guerra - Volumes 1, 2 e 3
Volume 1, documentários: "Nunca Mais", "Libertação 1945", "Eu Nunca te Esqueci"
Volume 2, documentários: "Genocídio", "Heróis Invisíveis", "Músicas do Coração"
Volume 3, documentários: "Em Busca da Paz", "O Longo Caminho para Casa", "Ecos do Passado"
País da produção: EUA
FILMES SOBRE O HOLOCAUSTO
Título no Brasil: Marcas da Guerra
Título em inglês: Fateless
Título Original: Sorstalanság
País: Hungria
Ano: 2005
Gênero: Drama
Diretor: Lajos Koltai
Título no Brasil: Um Ato de Liberdade
Título Original: Defiance
País: EUA
Ano: 2008
Gênero: Drama
Diretor: Edward Zwick
Título no Brasil: Contrato Arriscado
Titulo Original: The Aryan Couple
País: Inglaterra
Ano: 2006
Diretor: John Daly
Título no Brasil: A Lista de Schindler
Titulo Original: The Schindler’s List
País: EUA
Ano: 1993
Diretor: Steven Spielberg
Título no Brasil: Cinzas da Guerra
Titulo Original: The Grey Zone
País: EUA
Ano: 2001
Diretor: Tim Blake Nelson
Título no Brasil: O Pianista
Titulo Original: The Pianist
País: EUA
Ano: 2002
Diretor: Roman Polanski
Título no Brasil: Kapo - Uma História do Holocausto
Titulo Original: Kapò
País: Itália/Iugoslávia/França
Ano: 1959
Diretor: Gillo Pontecorvo
Título no Brasil: Julgamento de Nuremberg
Titulo Original: Judgment at Nuremberg
País: EUA
Ano: 1961
Diretor: Stanley Kramer
Título no Brasil: O Julgamento de Nuremberg
Titulo Original: Nuremberg
País: EUA/Canadá
Ano: 2000
Diretor: Yves Simoneau
Título no Brasil: O Diário de Anne Frank
Titulo Original: The Diary of Anne Frank
País: EUA
Ano: 1967
Diretor: Alex Segal
Titulo em inglês(sem tradução pro português): Seventeen Moments of Spring
Título Original: Semnadtsat mgnovenij vesny
País: União Soviética
Ano: 1973
Diretor: Tatiana Lioznova
Título no Brasil: Fuga de Sobibor
Titulo Original: Escape from Sobibor
País: Reino Unido/Iugoslávia
Ano: 1987
Diretor: Jack Gold
Título no Brasil: Adeus, meninos
Titulo Original: Au Revoir, Les Enfants
País: França
Ano: 1987
Diretor: Louis Malle
Título no Brasil: Europa Europa
Titulo Original: Europa Europa
País: Alemanha/França/Polônia
Ano: 1990
Diretor: Agnieszka Holland
Título no Brasil: Trem da Vida
Titulo Original: Train de Vie
País: Bélgica/França/Holanda/Israel/Romênia
Ano: 1998
Diretor: Radu Mihaileanu
Título no Brasil: A Espiã
Titulo Original: Zwartboek
País: Alemanha/Holanda/Reino Unido
Ano: 2006
Diretor: Paul Verhoeven
Título no Brasil: O Refúgio Secreto
Titulo Original: The Hiding Place
País: EUA
Ano: 1975
Diretor: James F. Collier
Título no Brasil: Caçada a um criminoso
Titulo Original: The Man Who Captured Eichmann
País: EUA
Ano: 1996
Diretor: William A. Graham
Título Original: Warsaw Story
País: EUA
Ano: 1996
Diretor: Amir Mann
Título no Brasil: Bent
Titulo Original: Bent
País: Reino Unido
Ano: 1997
Diretor: Sean Mathias
Título no Brasil: Perlasca, um herói italiano
Titulo Original: Perlasca, un eroe italiano
País: Itália
Ano: 2002
Diretor: Alberto Negrin
Título no Brasil: O Homem do prego
Titulo Original: The Pawnbroker
País: EUA
Ano: 1964
Diretor: Sidney Lumet
Título no Brasil: Amém
Titulo Original: Amen
País: França/Alemanha
Ano: 2002
Diretor: Costa-Gravas
Título no Brasil: Sophie Scholl - Os Últimos Dias
Titulo Original: Sophie Scholl - Die letzten Tage
País: Alemanha
Ano: 2005
Diretor: Marc Rothemund
Titulo Original: Ghetto
País: Alemanha/Lituânia
Ano: 2006
Diretor: Audrius Juzenas
Título no Brasil: Amor e Ódio
Titulo Original: La Rafle
País: França
Ano: 2010
Diretor: Rose Bosch
Trailer: Amor e Ódio (legendado)
Título no Brasil: Os Falsários
Titulo em inglês: The Conterfeiters
Título Original: Die Fälscher
País: Alemanha/Áustria
Ano: 2007
Diretor: Stefan Ruzowitzky
Título no Brasil: Bent
Título Original: Bent
País: Reino Unido
Ano: 1997
Diretor: Sean Mathias
Título no Brasil: A Fita Branca
Título em inglês: The White Ribbon
Título Original: Das Weisse Band - Eine Deutsche Kindergeschichte
País: Áustria/Alemanha/França/Itália
Ano: 2009
Gênero: Drama
Diretor: Michael Haneke
Crítica: Omelete
Mais filmes? Confira o link:
http://www.orizamartins.com/Filmesguerra-.html
Registrar mais dois:
http://www.dw-world.de/dw/article/0,,3810514,00.html
DOCUMENTÁRIOS
Título no Brasil: Arquitetura da Destruição
Titulo Original: The Architecture of Doom
País: Suécia
Ano: 1989
Gênero: Documentário
Diretor: Peter Cohen
Título no Brasil: O Inimigo do meu Inimigo
Título em inglês:
Titulo Original: Mon Meilleur Ennemi
País: Franca, Grã-bretanha
Ano: 2007
Gênero: Documentário
Diretor: Kevin Macdonald
Sinopse: "Em O Inimigo do meu Inimigo é revelada uma história paralela do mundo no pós guerra. Nesta versão há um nítido contraste de tudo que nos foi contado sobre a ideologia fascista. A história de Klaus Barbie, o torturador nazista mais conhecido como o Açougueiro de Lyon, foi um espião americano e uma importante ferramenta de regimes repressivos da direita na América Latina após a Segunda Guerra Mundial. A verdadeira relação entre os governos "ocidentais" e o fascismo se mostra de forma emblemática e simbólica."
Título Original: Anne Frank Remembered
País: Estados Unidos, Holanda, Inglaterra
Ano: 1995
Gênero: Documentário
Diretor: Jon Blair
Título no Brasil: Hôtel Terminus
Títulos em inglês: Hotel Terminus: The Life and Times of Klaus Barbie
Título Original: Hôtel Terminus: Klaus Barbie, sa vie et son temps
País: França, EUA
Ano: 1988
Gênero: Documentário
Prêmios: Vencedor de 1 Oscar(melhor documentário)
Diretor: Marcel Ophüls
Sinopse: "Documentário sobre Klaus Barbie, o chefe de Gestapo de Lyon, e a vida dele depois da Segunda Guerra."
Título no Brasil(tradução livre): Ascensão e Queda de Fred A. Leuchter
Título Original: The Rise and Fall of Fred A. Leuchter
País: EUA
Ano:
Gênero: Documentário
Diretor: Errol Morris
Verbete do filme na Wikipedia: Mr. Death
Título no Brasil: Noite e Neblina
Titulo Original: Nuit et Brouillard
País: França
Ano: 1955
Gênero: Documentário
Diretor: Alain Resnais
SÉRIES
Série: Apocalipse da Segunda Guerra Mundial
Título Original: Apocalypse: The Second World War
Episódios: 06
Produção: National Geographic Channel
http://www.natgeo.pt/programas/apocalipse-segunda-guerra-mundial
http://www.natgeo.pt/programas/especial-segunda-guerra-mundial
http://www.ngcasia.com/programmes/apocalypse-the-second-world-war
Série: Auschwitz - Os Nazis e a Solução Final
Título Original: Auschwitz: The Nazis and the 'Final Solution'
Episódios: 06
Produção: BBC
http://www.dvdpt.com/a/auchwitz_os_nazis_e_a_solucao_final.php
Série: Coleção Holocausto e Crimes da 2ª Guerra - Volumes 1, 2 e 3
Volume 1, documentários: "Nunca Mais", "Libertação 1945", "Eu Nunca te Esqueci"
Volume 2, documentários: "Genocídio", "Heróis Invisíveis", "Músicas do Coração"
Volume 3, documentários: "Em Busca da Paz", "O Longo Caminho para Casa", "Ecos do Passado"
País da produção: EUA
sábado, 31 de outubro de 2009
Arqshoah - Arquivo Virtual sobre Holocausto e Antissemitismo
Especiais: História de sobreviventes
30/10/2009
Por Alex Sander Alcântara
Arquivo Virtual sobre Holocausto e Antissemitismo, disponível na internet, reconstitui saga de judeus expulsos da Alemanha nazista e dos países colaboracionistas e reúne documentos que revelam a postura do Brasil diante do genocídio (Interior de Pobres II/Lasar Segall)
Agência FAPESP – Ao analisar documentos emitidos pelas missões diplomáticas sediadas no exterior entre 1933 e 1950 percebe-se a postura do governo brasileiro diante do antissemitismo e da perseguição aos judeus na Alemanha nazista e nos países colaboracionistas. Ofícios e relatórios secretos dão uma dimensão dos bastidores da política brasileira no período, como aponta pesquisa coordenada pela historiadora Maria Luiza Tucci Carneiro, professora do Departamento de História da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da Universidade de São Paulo (USP).
Milhares desses documentos estão disponíveis na internet desde 17 de outubro, no portal Arquivo Virtual sobre Holocausto e Antissemitismo (Arqshoah), projeto do Laboratório de Estudos de Etnicidade, Racismo e Discriminação (LEER) do Departamento de História da FFLCH.
Na base de dados, documentos oficiais podem ser cruzados com passaportes, fotografias, passagens e relatos de sobreviventes, permitindo reconstituir o cotidiano de algumas cidades europeias, como Berlim, Viena e Varsóvia, em um momento em que os judeus eram expulsos, presos ou exterminados. Todo esse acervo documental pode ser consultado livremente por pesquisadores, professores e pelo público em geral.
O projeto, intitulado “Arquivo virtual sobre Holocausto e antissemitismo: o Brasil diante do Holocausto e dos judeus refugiados do nazifascismo em 1933-1945”, tem apoio da FAPESP na modalidade Auxílio à Pesquisa – Regular. Tucci Carneiro também coordena o Projeto Temático “Arquivos da repressão e da resistência. História e memória. Mapeamento e análise da documentação do Deops/SP e Deip/SP”, apoiado pela Fundação.
De acordo com a coordenadora, cerca de 10 mil cópias dos documentos originais foram reunidas durante sua pesquisa de doutorado sobre o antissemitismo na Era Vargas (1930 a 1945), concluída em 1987 e publicada pela Editora Perspectiva. A coleta dessa documentação teve continuidade na investigação para sua tese de livre-docência, defendida em 2001 – “Cidadão do mundo – O Brasil diante da questão dos judeus refugiados do nazifascismo (1933-1950)”.
“Grande parte são documentos secretos confidenciais produzidos durante a época de Getúlio Vargas e o período do pós-guerra. Tendo em vista o volume e a riqueza dessas fontes, muitas das quais ainda inéditas, resolvi disponibilizá-las da melhor forma possível por meio de um arquivo virtual. Dessa forma, novos projetos de pesquisa podem ser elaborados ,contribuindo para a construção de novos conhecimentos sobre a história do Holocausto e do Brasil contemporâneo”, disse à Agência FAPESP.
Foram necessários dois anos para selecionar, classificar e digitalizar uma parte significativa do acervo da historiadora, que, somente sobre esse tema, reúne 10 mil documentos que estão sendo identificados pela equipe técnica.
“A maioria dos documentos foi reproduzida do Arquivo Histórico do Itamaraty, que nos autorizou a publicar na internet. Importante ressaltar que esses documentos estão disponíveis para consulta pública no Rio de Janeiro desde 1995. Devemos levar mais dois anos para digitalizar o restante, sem contar com novos documentos cedidos por sobreviventes e de outras bases, como o Arquivo Nacional do Rio de Janeiro”, explicou.
Os documentos fornecidos pelo Itamaraty revelam, segundo Tucci Carneiro, as “decisões diplomáticas articuladas nos bastidores, a postura do governo brasileiro diante do genocídio praticado pela Alemanha nazista e os desdobramentos políticos na Europa durante a Segunda Guerra Mundial”.
“O governo brasileiro se tornou, indiretamente, colaboracionista. Fechou as portas, negando vistos de entrada aos judeus que procuravam fugir da Alemanha e dos países invadidos por Adolf Hitler”, apontou. Apesar de a política emigratória no país estar identificada com a postura intolerante da Alemanha, a posição pública do governo brasileiro era ambígua em relação ao Holocausto e à Segunda Guerra Mundial, disse a cientista.
“O governo se posicionava como solidário à política de salvamento aos judeus refugiados articulada pelos países líderes na Liga das Nações, dentre os quais estavam os Estados Unidos e a Grã-Bretanha. Em vários momentos, o Brasil comprometeu-se a fornecer, por mês, 3 mil vistos de entrada para esses refugiados, mas, na prática, o que se via era o oposto”, disse.
Segundo ela, essa postura foi mais sistemática de 1937 a 1945, endossada primeiro pelo Itamaraty e, depois, pelo Ministério da Justiça. “É como uma orquestra em que se somam ações intolerantes por parte de vários ministérios, que apregoavam o cumprimento das regras impostas por circulares secretas. Circulares que obstruíam o salvamento de milhares de judeus, centenas de ciganos e dissidentes políticos do nacional-socialismo. Essa é uma dívida que o Brasil tem para com o povo judeu e outras minorias tratadas como ‘raças indesejáveis’”, afirmou.
Esse é o conteúdo de grande parte dos documentos disponíveis no site, como, por exemplo, ofícios e circulares secretas antissemitas classificados na época como secretos pelo Ministério das Relações Exteriores e pelo Ministério da Justiça e Negócios Interiores. Nesses registros – muitos dos quais são assinados por importante ministros, como Oswaldo Aranha, Gustavo Capanema, Francisco Campos e Raul Fernandes, e por diplomatas brasileiros em missão na Europa – fica evidente a recomendação de dificultar a entrada de judeus no país.
De acordo com a historiadora, ajudar judeus era visto como “um ato contra a nação”. Mas, durante a guerra, alguns raros nomes se sobressaíram como sinônimo de indignação e coragem.
“Foi o caso do embaixador brasileiro em Paris, Luiz Martins Souza Dantas, e de uma funcionária do consulado em Hamburgo, Aracy Moebius de Carvalho, mais tarde esposa do escritor Guimarães Rosa. Tanto Aracy, conhecida como ‘o anjo de Hamburgo’, como Souza Dantas desobedeceram às ordens do governo Vargas e liberaram centenas de vistos de judeus para o Brasil”, contou.
Ferramenta pedagógica
No portal, além de documentos oficiais, os usuários podem consultar um inventário de judeus refugiados no Brasil com dados e correspondências pessoais, fotografias, passagens de navio e bibliografia sobre o tema. Essas informações encontram-se distribuídas em vários links: “Arquivo”, “Justos & Salvadores”, “Periódicos”, “Artistas & Intelectuais”, “Rotas de fuga”, “Testemunhos” e uma “Biblioteca Virtual” com livros de memórias. O site também será alimentado com novos relatos, a partir do link “Indique um sobrevivente”.
O objetivo é disponibilizar histórias e memórias dos sobreviventes de campos de concentração e refugiados do nazifascismo radicados no Brasil até 1960, considerando o árduo e longo processo daqueles que procuraram naturalizar-se brasileiros.
Segundo Tucci Carneiro, a partir de 1950 o Itamaraty adotou uma postura mais liberal, após a divugação das atrocidades praticadas pelos nazistas e da resolução da Organização das Nações Unidas que definiu genocídio como crime contra a Humanidade.
A diplomacia deixou de, por exemplo, usar o termo “raça semita” e as circulares secretas antissemitas caíram no limbo da história. “Houve um esvaziamento da política antissemita enquanto instrumento do Estado, mas nem por isso o antissemitismo deixou de existir alimentado por grupos da extrema direita e da esquerda. Daí a importância do Arqshoah neste momento em que diferentes vozes negam o Holocausto”, disse.
Além de “arquivo-testemunho”, o Arqshoah pretende também ser uma ferramenta pedagógica importante para professores e alunos do ensino fundamental, médio e universitário. Segundo a professora da USP, tanto o Holocausto como o antissemitismo raramente são analisados nos livros didáticos e, quando aparecem, entram como adendo da Segunda Guerra Mundial.
“Normalmente, quando os professores falam sobre a guerra ou sobre a Alemanha nazista têm poucas informações sobre esse contexto. A ideia é romper o silêncio e promover o debate sobre o Holocausto enquanto genocídio singular e crime contra a humanidade”, disse a pioneira nos estudos sobre o antissemitismo na Era Vargas, título do seu livro publicado em 1988.
Memória oral
Além do acervo digitalizado, o portal Arqshoah terá arquivos de áudio e vídeo. Até o momento foram gravados mais de 30 depoimentos com sobreviventes ou seus filhos.
“Alguns dos entrevistados haviam gravado depoimentos para a Survivors of the Shoah Visual History Foundation (Fundação dos Sobreviventes da História Visual do Shoah), fundada em 1994 pelo cineasta norte-americano Steven Spielberg, cujas cópias procuramos recuperar. Novos registros estão sendo gravados sob um outro olhar, sendo esse mais um segmento coordenado pelo professor Pedro Ortiz e pela historiadora Rachel Mizrahi, ambos pesquisadores do LEER”, disse Tucci Carneiro.
“Vamos também tornar públicos os processos de naturalização dos judeus que entraram no Brasil de 1933 a 1950, documentos sob a guarda do Arquivo Nacional e que vão inaugurar a segunda fase do projeto, em 2010. Segundo a legislação brasileira, somente após dez anos os estrangeiros poderiam se naturalizar brasileiros. A partir do passaporte anexado ao processo é possível identificar o diplomata que emitiu o visto e a estratégia de entrada no Brasil, burlando as circulares antissemitas. Além disso, a naturalização exige atestados de trabalhos e, no caso dos intelectuais, eles anexavam também artigos e livros para mostrar sua produção, como ocorreu com o crítico e historiador de arte Otto Maria Carpeaux”, contou.
A difícil trajetória daqueles que conseguiram entrar no Brasil (com documentos falsos ou como católicos) pode ser conhecida através de alguns links, dentre os quais o do “Inventário de Sobreviventes” e “Artistas & Intelectuais”. “Pode também ser vislumbrado um conjunto de obras do pintor Lasar Segall, que entre 1936 e 1947 denunciou a a brutalidade praticada pelos nazistas contra os judeus”, disse Tucci Carneiro.
Mais informações: http://www.arqshoah.com.br/ ou arqshoah@usp.br.
Fonte: Agência FAPESP
http://www.agencia.fapesp.br/materia/11287/especiais/historia-de-sobreviventes.htm
30/10/2009
Por Alex Sander Alcântara
Arquivo Virtual sobre Holocausto e Antissemitismo, disponível na internet, reconstitui saga de judeus expulsos da Alemanha nazista e dos países colaboracionistas e reúne documentos que revelam a postura do Brasil diante do genocídio (Interior de Pobres II/Lasar Segall)
Agência FAPESP – Ao analisar documentos emitidos pelas missões diplomáticas sediadas no exterior entre 1933 e 1950 percebe-se a postura do governo brasileiro diante do antissemitismo e da perseguição aos judeus na Alemanha nazista e nos países colaboracionistas. Ofícios e relatórios secretos dão uma dimensão dos bastidores da política brasileira no período, como aponta pesquisa coordenada pela historiadora Maria Luiza Tucci Carneiro, professora do Departamento de História da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da Universidade de São Paulo (USP).
Milhares desses documentos estão disponíveis na internet desde 17 de outubro, no portal Arquivo Virtual sobre Holocausto e Antissemitismo (Arqshoah), projeto do Laboratório de Estudos de Etnicidade, Racismo e Discriminação (LEER) do Departamento de História da FFLCH.
Na base de dados, documentos oficiais podem ser cruzados com passaportes, fotografias, passagens e relatos de sobreviventes, permitindo reconstituir o cotidiano de algumas cidades europeias, como Berlim, Viena e Varsóvia, em um momento em que os judeus eram expulsos, presos ou exterminados. Todo esse acervo documental pode ser consultado livremente por pesquisadores, professores e pelo público em geral.
O projeto, intitulado “Arquivo virtual sobre Holocausto e antissemitismo: o Brasil diante do Holocausto e dos judeus refugiados do nazifascismo em 1933-1945”, tem apoio da FAPESP na modalidade Auxílio à Pesquisa – Regular. Tucci Carneiro também coordena o Projeto Temático “Arquivos da repressão e da resistência. História e memória. Mapeamento e análise da documentação do Deops/SP e Deip/SP”, apoiado pela Fundação.
De acordo com a coordenadora, cerca de 10 mil cópias dos documentos originais foram reunidas durante sua pesquisa de doutorado sobre o antissemitismo na Era Vargas (1930 a 1945), concluída em 1987 e publicada pela Editora Perspectiva. A coleta dessa documentação teve continuidade na investigação para sua tese de livre-docência, defendida em 2001 – “Cidadão do mundo – O Brasil diante da questão dos judeus refugiados do nazifascismo (1933-1950)”.
“Grande parte são documentos secretos confidenciais produzidos durante a época de Getúlio Vargas e o período do pós-guerra. Tendo em vista o volume e a riqueza dessas fontes, muitas das quais ainda inéditas, resolvi disponibilizá-las da melhor forma possível por meio de um arquivo virtual. Dessa forma, novos projetos de pesquisa podem ser elaborados ,contribuindo para a construção de novos conhecimentos sobre a história do Holocausto e do Brasil contemporâneo”, disse à Agência FAPESP.
Foram necessários dois anos para selecionar, classificar e digitalizar uma parte significativa do acervo da historiadora, que, somente sobre esse tema, reúne 10 mil documentos que estão sendo identificados pela equipe técnica.
“A maioria dos documentos foi reproduzida do Arquivo Histórico do Itamaraty, que nos autorizou a publicar na internet. Importante ressaltar que esses documentos estão disponíveis para consulta pública no Rio de Janeiro desde 1995. Devemos levar mais dois anos para digitalizar o restante, sem contar com novos documentos cedidos por sobreviventes e de outras bases, como o Arquivo Nacional do Rio de Janeiro”, explicou.
Os documentos fornecidos pelo Itamaraty revelam, segundo Tucci Carneiro, as “decisões diplomáticas articuladas nos bastidores, a postura do governo brasileiro diante do genocídio praticado pela Alemanha nazista e os desdobramentos políticos na Europa durante a Segunda Guerra Mundial”.
“O governo brasileiro se tornou, indiretamente, colaboracionista. Fechou as portas, negando vistos de entrada aos judeus que procuravam fugir da Alemanha e dos países invadidos por Adolf Hitler”, apontou. Apesar de a política emigratória no país estar identificada com a postura intolerante da Alemanha, a posição pública do governo brasileiro era ambígua em relação ao Holocausto e à Segunda Guerra Mundial, disse a cientista.
“O governo se posicionava como solidário à política de salvamento aos judeus refugiados articulada pelos países líderes na Liga das Nações, dentre os quais estavam os Estados Unidos e a Grã-Bretanha. Em vários momentos, o Brasil comprometeu-se a fornecer, por mês, 3 mil vistos de entrada para esses refugiados, mas, na prática, o que se via era o oposto”, disse.
Segundo ela, essa postura foi mais sistemática de 1937 a 1945, endossada primeiro pelo Itamaraty e, depois, pelo Ministério da Justiça. “É como uma orquestra em que se somam ações intolerantes por parte de vários ministérios, que apregoavam o cumprimento das regras impostas por circulares secretas. Circulares que obstruíam o salvamento de milhares de judeus, centenas de ciganos e dissidentes políticos do nacional-socialismo. Essa é uma dívida que o Brasil tem para com o povo judeu e outras minorias tratadas como ‘raças indesejáveis’”, afirmou.
Esse é o conteúdo de grande parte dos documentos disponíveis no site, como, por exemplo, ofícios e circulares secretas antissemitas classificados na época como secretos pelo Ministério das Relações Exteriores e pelo Ministério da Justiça e Negócios Interiores. Nesses registros – muitos dos quais são assinados por importante ministros, como Oswaldo Aranha, Gustavo Capanema, Francisco Campos e Raul Fernandes, e por diplomatas brasileiros em missão na Europa – fica evidente a recomendação de dificultar a entrada de judeus no país.
De acordo com a historiadora, ajudar judeus era visto como “um ato contra a nação”. Mas, durante a guerra, alguns raros nomes se sobressaíram como sinônimo de indignação e coragem.
“Foi o caso do embaixador brasileiro em Paris, Luiz Martins Souza Dantas, e de uma funcionária do consulado em Hamburgo, Aracy Moebius de Carvalho, mais tarde esposa do escritor Guimarães Rosa. Tanto Aracy, conhecida como ‘o anjo de Hamburgo’, como Souza Dantas desobedeceram às ordens do governo Vargas e liberaram centenas de vistos de judeus para o Brasil”, contou.
Ferramenta pedagógica
No portal, além de documentos oficiais, os usuários podem consultar um inventário de judeus refugiados no Brasil com dados e correspondências pessoais, fotografias, passagens de navio e bibliografia sobre o tema. Essas informações encontram-se distribuídas em vários links: “Arquivo”, “Justos & Salvadores”, “Periódicos”, “Artistas & Intelectuais”, “Rotas de fuga”, “Testemunhos” e uma “Biblioteca Virtual” com livros de memórias. O site também será alimentado com novos relatos, a partir do link “Indique um sobrevivente”.
O objetivo é disponibilizar histórias e memórias dos sobreviventes de campos de concentração e refugiados do nazifascismo radicados no Brasil até 1960, considerando o árduo e longo processo daqueles que procuraram naturalizar-se brasileiros.
Segundo Tucci Carneiro, a partir de 1950 o Itamaraty adotou uma postura mais liberal, após a divugação das atrocidades praticadas pelos nazistas e da resolução da Organização das Nações Unidas que definiu genocídio como crime contra a Humanidade.
A diplomacia deixou de, por exemplo, usar o termo “raça semita” e as circulares secretas antissemitas caíram no limbo da história. “Houve um esvaziamento da política antissemita enquanto instrumento do Estado, mas nem por isso o antissemitismo deixou de existir alimentado por grupos da extrema direita e da esquerda. Daí a importância do Arqshoah neste momento em que diferentes vozes negam o Holocausto”, disse.
Além de “arquivo-testemunho”, o Arqshoah pretende também ser uma ferramenta pedagógica importante para professores e alunos do ensino fundamental, médio e universitário. Segundo a professora da USP, tanto o Holocausto como o antissemitismo raramente são analisados nos livros didáticos e, quando aparecem, entram como adendo da Segunda Guerra Mundial.
“Normalmente, quando os professores falam sobre a guerra ou sobre a Alemanha nazista têm poucas informações sobre esse contexto. A ideia é romper o silêncio e promover o debate sobre o Holocausto enquanto genocídio singular e crime contra a humanidade”, disse a pioneira nos estudos sobre o antissemitismo na Era Vargas, título do seu livro publicado em 1988.
Memória oral
Além do acervo digitalizado, o portal Arqshoah terá arquivos de áudio e vídeo. Até o momento foram gravados mais de 30 depoimentos com sobreviventes ou seus filhos.
“Alguns dos entrevistados haviam gravado depoimentos para a Survivors of the Shoah Visual History Foundation (Fundação dos Sobreviventes da História Visual do Shoah), fundada em 1994 pelo cineasta norte-americano Steven Spielberg, cujas cópias procuramos recuperar. Novos registros estão sendo gravados sob um outro olhar, sendo esse mais um segmento coordenado pelo professor Pedro Ortiz e pela historiadora Rachel Mizrahi, ambos pesquisadores do LEER”, disse Tucci Carneiro.
“Vamos também tornar públicos os processos de naturalização dos judeus que entraram no Brasil de 1933 a 1950, documentos sob a guarda do Arquivo Nacional e que vão inaugurar a segunda fase do projeto, em 2010. Segundo a legislação brasileira, somente após dez anos os estrangeiros poderiam se naturalizar brasileiros. A partir do passaporte anexado ao processo é possível identificar o diplomata que emitiu o visto e a estratégia de entrada no Brasil, burlando as circulares antissemitas. Além disso, a naturalização exige atestados de trabalhos e, no caso dos intelectuais, eles anexavam também artigos e livros para mostrar sua produção, como ocorreu com o crítico e historiador de arte Otto Maria Carpeaux”, contou.
A difícil trajetória daqueles que conseguiram entrar no Brasil (com documentos falsos ou como católicos) pode ser conhecida através de alguns links, dentre os quais o do “Inventário de Sobreviventes” e “Artistas & Intelectuais”. “Pode também ser vislumbrado um conjunto de obras do pintor Lasar Segall, que entre 1936 e 1947 denunciou a a brutalidade praticada pelos nazistas contra os judeus”, disse Tucci Carneiro.
Mais informações: http://www.arqshoah.com.br/ ou arqshoah@usp.br.
Fonte: Agência FAPESP
http://www.agencia.fapesp.br/materia/11287/especiais/historia-de-sobreviventes.htm
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domingo, 27 de setembro de 2009
Jan Karski - Primeiro testemunho do Holocausto - Herói polonês
Primeiro testemunho do Holocausto - Herói polonês
14 de julho de 2001
Recordação a um herói polonês, primeira testemunha do Holocausto
(Foto)Baruj Tenembaum e Nina Lagergren
No marco do programa educativo 'A Diplomacia e o Holocausto' e ante a mais de 100 pessoas, a Fundação Internacional Raoul Wallenberg (FIRW) rendeu um tributo ao herói da Segunda Guerra Mundial, Jan Karski, a primeira testemunha ocular confiável que informou aos aliados sobe o Holocausto.
A FIRW foi fundada em 1997 pelos argentinos Baruj Tenembaum e Natalio Wengrower junto ao membro da Câmara de Representantes dos Estados Unidos, Tom Lantos e a irmã de Wallenberg, Nina Lagergren.
O ato que foi levado a cabo na embaixada da Polônia em Buenos Aires e no qual falaram, entre outros, Marcos Aguinis Jack Fuchs, sobrevivente do Holocausto, e o embaixador da Suécia, Peter Landelius.
O embaixador da Polônia, Eugeniusz Noworyta, recebeu a escultura 'Homenagem a Raoul Wallenberg' peça exclusiva da FIRW feita pela artista argentina Norma D'Ippólito.
Projetou-se o testemunho de Karski para o cineasta Claude Lanzmann pro filme 'SHOA'.
Entre os presentes se encontravam sobreviventes do Holocausto, o Grande Rabino Salomón Ben Hamú assim como embaixadores e representantes de numerosas delegações diplomáticas e comunidades.
As adesões incluíram saudações de Vaclav Havel, Presidente da República Tcheca; do Cardeal Angelo Sodano, Secretário de Estado do Vaticano; de Kofi Annan, Secretário Geral das Nações Unidas; de Aníbal Ibarra e do Ministro da Educação, Andrés Delich.
Fonte: Argentinisches Tageblatt
Tradução(espanhol): FIRW
Texto(espanhol): http://www.raoulwallenberg.net/?es/prensa/5050204.htm
Tradução(português): Roberto Lucena
Artigo sobre Jan Karski no "LaNacion.com"(em espanhol):
Um herói polonês
http://www.raoulwallenberg.net/?es/prensa/5050205.htm
14 de julho de 2001
Recordação a um herói polonês, primeira testemunha do Holocausto
(Foto)Baruj Tenembaum e Nina Lagergren
No marco do programa educativo 'A Diplomacia e o Holocausto' e ante a mais de 100 pessoas, a Fundação Internacional Raoul Wallenberg (FIRW) rendeu um tributo ao herói da Segunda Guerra Mundial, Jan Karski, a primeira testemunha ocular confiável que informou aos aliados sobe o Holocausto.
A FIRW foi fundada em 1997 pelos argentinos Baruj Tenembaum e Natalio Wengrower junto ao membro da Câmara de Representantes dos Estados Unidos, Tom Lantos e a irmã de Wallenberg, Nina Lagergren.
O ato que foi levado a cabo na embaixada da Polônia em Buenos Aires e no qual falaram, entre outros, Marcos Aguinis Jack Fuchs, sobrevivente do Holocausto, e o embaixador da Suécia, Peter Landelius.
O embaixador da Polônia, Eugeniusz Noworyta, recebeu a escultura 'Homenagem a Raoul Wallenberg' peça exclusiva da FIRW feita pela artista argentina Norma D'Ippólito.
Projetou-se o testemunho de Karski para o cineasta Claude Lanzmann pro filme 'SHOA'.
Entre os presentes se encontravam sobreviventes do Holocausto, o Grande Rabino Salomón Ben Hamú assim como embaixadores e representantes de numerosas delegações diplomáticas e comunidades.
As adesões incluíram saudações de Vaclav Havel, Presidente da República Tcheca; do Cardeal Angelo Sodano, Secretário de Estado do Vaticano; de Kofi Annan, Secretário Geral das Nações Unidas; de Aníbal Ibarra e do Ministro da Educação, Andrés Delich.
Fonte: Argentinisches Tageblatt
Tradução(espanhol): FIRW
Texto(espanhol): http://www.raoulwallenberg.net/?es/prensa/5050204.htm
Tradução(português): Roberto Lucena
Artigo sobre Jan Karski no "LaNacion.com"(em espanhol):
Um herói polonês
http://www.raoulwallenberg.net/?es/prensa/5050205.htm
sábado, 6 de setembro de 2008
ShoahConnect - Reunindo Famílias
O Memorial do Holocausto em Jerusalém, o Yad Vashem, acumulou milhões de páginas de testemunho documentando as vítimas individuais do Holocausto. Muitas vezes estas páginas de testemunho foram submetidas por membros das famílias das vítimas, e podem, portanto, servir para reunir as famílias separadas pelo Holocausto. Têm ocorrido exemplos dramáticos de irmãos encontrando-se desta maneira.
No entanto, apesar das páginas geralmente conterem informações de contato da pessoa que as submeteu, tendo em vista o longo tempo decorrido desde que o formulário foi submetido, freqüentemente é difícil aos parentes das vítimas contatarem essa pessoa. O ShoahConnect pretende ajudar a resolver este problema, permitindo associar endereços de e-mail com determinadas Páginas de Testemunho - associação esta que o interessado estabelece. O ShoahConnect é totalmente grátis e protege a sua privacidade.
Visite o site www.shoahconnect.org . Atualmente o ShoahConnect só está disponível em inglês, mas as traduções para outros idiomas estão em andamento.
Fonte: Notícias da Rua Judaica/Pletz
No entanto, apesar das páginas geralmente conterem informações de contato da pessoa que as submeteu, tendo em vista o longo tempo decorrido desde que o formulário foi submetido, freqüentemente é difícil aos parentes das vítimas contatarem essa pessoa. O ShoahConnect pretende ajudar a resolver este problema, permitindo associar endereços de e-mail com determinadas Páginas de Testemunho - associação esta que o interessado estabelece. O ShoahConnect é totalmente grátis e protege a sua privacidade.
Visite o site www.shoahconnect.org . Atualmente o ShoahConnect só está disponível em inglês, mas as traduções para outros idiomas estão em andamento.
Fonte: Notícias da Rua Judaica/Pletz
terça-feira, 24 de junho de 2008
Papa recebe grupo de sobreviventes do Holocausto
Fundação 'Pave the Way' promove simpósio sobre a atuação do papa Pio XII durante a Segunda Guerra
VATICANO - O papa Bento XVI recebeu no Vaticano sobreviventes do Holocausto. Após a audiência geral, o papa "acolheu de braços abertos" o norte-americano Gary Krupp, presidente da "Pave the Way Foundation" (Fundação Pavimente o Caminho), segundo informou o jornal Osservatore Romano.
Krupp "quis fortemente o encontro com Bento XVI" para informar-lhe sobre um simpósio que, de 15 a 18 de setembro, em Roma, "aprofundará" o estudo sobre a ajuda oferecida aos judeus pelo papa Pio XII.
Para o norte-americano, a presença durante a audiência de sobreviventes do Holocausto é "uma expressão de gratidão ao papa Pio XII, por ocasião dos 50 anos de sua morte".
Alguns judeus acusam Pio XII, no comando da Igreja Católica de 1939 a 1958, de ser indiferente em relação ao Holocausto e de não se manifestar contra Hitler. Os defensores do papa vêem nele um homem santo que trabalhou nos bastidores para ajudar os judeus na Europa toda.
Vários grupos judaicos, em especial a Liga Antidifamação, com sede nos EUA, já pediram que o Vaticano suspenda o processo de canonização desse papa, que se encontra em andamento, enquanto não divulgar todos os documentos secretos referentes à Segunda Guerra.
O Osservatore Romano também informou que, além dos judeus, Bento XVI recebeu Mame Mor Mbacke, "notável referência para os muçulmanos do Senegal", que expressou seu compromisso de colaborar com os católicos pela paz e pela justiça. Segundo a publicação, o encontro "é um sinal positivo para o diálogo com o Islã na África".
Fonte: Ansa e Reuters/Estadão(18.06.2008)
http://www.estadao.com.br/vidae/not_vid191840,0.htm
VATICANO - O papa Bento XVI recebeu no Vaticano sobreviventes do Holocausto. Após a audiência geral, o papa "acolheu de braços abertos" o norte-americano Gary Krupp, presidente da "Pave the Way Foundation" (Fundação Pavimente o Caminho), segundo informou o jornal Osservatore Romano.
Krupp "quis fortemente o encontro com Bento XVI" para informar-lhe sobre um simpósio que, de 15 a 18 de setembro, em Roma, "aprofundará" o estudo sobre a ajuda oferecida aos judeus pelo papa Pio XII.
Para o norte-americano, a presença durante a audiência de sobreviventes do Holocausto é "uma expressão de gratidão ao papa Pio XII, por ocasião dos 50 anos de sua morte".
Alguns judeus acusam Pio XII, no comando da Igreja Católica de 1939 a 1958, de ser indiferente em relação ao Holocausto e de não se manifestar contra Hitler. Os defensores do papa vêem nele um homem santo que trabalhou nos bastidores para ajudar os judeus na Europa toda.
Vários grupos judaicos, em especial a Liga Antidifamação, com sede nos EUA, já pediram que o Vaticano suspenda o processo de canonização desse papa, que se encontra em andamento, enquanto não divulgar todos os documentos secretos referentes à Segunda Guerra.
O Osservatore Romano também informou que, além dos judeus, Bento XVI recebeu Mame Mor Mbacke, "notável referência para os muçulmanos do Senegal", que expressou seu compromisso de colaborar com os católicos pela paz e pela justiça. Segundo a publicação, o encontro "é um sinal positivo para o diálogo com o Islã na África".
Fonte: Ansa e Reuters/Estadão(18.06.2008)
http://www.estadao.com.br/vidae/not_vid191840,0.htm
domingo, 22 de junho de 2008
Portas Fechadas - Canadá em tempos de Holocausto
Sobre a situação no Canadá em tempos de Holocausto.
Texto de Dr. Pedro Germán Cavallero *
Quem visita o Canadá, aprecia imediatamente a diversidade étnica e cultural de sua população. Este “Canadá de cores” se destaca em relevo em Toronto, onde as distintas coletividades fazem sentir sua presença através de restaurantes de comida étnica, comércios de produtos típicos e bairros inteiros que parecem “pequenas repúblicas” encravadas na geografia canadense. Desde há mais de meio século, o país tem recebido de forma contínua levas de imigrantes, perseguidos políticos e vítimas de conflitos armados. Esta tendência se acentuou fortemente em fins da década de ‘60 e começo dos ‘70, mantendo-se até o presente.
Na atualidade a coletividade de maior crescimento demográfico é a asiática, é em sua maioria de origem chinesa. Concentrados na região do Pacífico, os asiáticos contam além disso com uma forte presença em Toronto. O antigo bairro judeu de Spadina se converteu no epicentro da vida social, comunitária e comercial dos residentes chineses. Uma visita ao mesmo nos leva a compará-lo com o bairro de Once (Buenos Aires), onde os coreanos “redesenharam” essa parte da cidade tradicionalmente habitada pela coletividade judaica portenha. Spadina apresenta uma geografia urbana salpicada de postos de rua, restaurantes chineses, dragões de pedra e luzes de neón que parecem assinalar o fim de uma era marcada pelos vendedores e comerciantes judeus locais. Uma velha sinagoga, todavia ativa e com sua fachada escurecida, desafia solitariamente o evidente passo do tempo.
REFÚGIO PARA OS PERSEGUIDOS?
O Canadá goza amplamente de uma reputação internacional de “abertura” no que diz respeito a perseguidos políticos e emigrados econômicos chegados com o anseio de se fixar. Em boa medida, essa reputação responde a uma realidade concreta.
Prova disto são os chilenos, uruguaios e argentinos (emigrados durante a “Guerra Suja”), colombianos (empurrados pelo conflito armado que dessangra o país), nicaragüenses e guatemaltecos (saídos de seus países durante os convulsivos anos ’80), asiáticos, africanos, russos e europeus do Leste radicados no país. Contudo, a trajetória do país é mais complexa: durante a Segunda Guerra Mundial, o Canadá fechou herméticamente suas portas ignorando os desesperados pedidos de auxílio dos judeus europeus.
CANADÁ E O HOLOCAUSTO
Segundo o historiador canadense Franklin Bialystock, autor de "Delayed Impact: The Holocaust and the Canadian Jewish Community" (Reação Tardia: o Holocausto e a Comunidade Judia Canadense), durante as duas décadas posteriores à II Guerra a Shoá “esteve ausente na vida dos canadeenses”. Para Bialystock, essa “amnésia generalizada” incluiu também a uma parte da comunidade judia local. Este dado resulta em algo significativo se se tem em conta que os 15 por cento dos judeus canadenses eram sobreviventes do Holocausto. Durante anos, as instituições educativas comunitárias tampouco fizeram grandes avanços na difusão da experiência, tanto no âmbito interno como com a opinião pública. Haveria de se passar três décadas (até começo dos anos ’80), para que se produzisse uma virada fundamental e se “redescobrisse” o extermínio perpetrado pelo Terceiro Reich.
Surpreendentemente, a mudança sobreveio em 1982 a partir da publicação do livro "None Is Too Many (Nenhum é demais). A investigação dos historiadores canadenses Irvin Abella e Harold Trouter gerou um grande debate no país ao revelar pela primeira vez a política de “portas fechadas” implementada peplo primeiro ministro Mackenzie King com relação aos refugiados europeus.
Mackenzie King, o formidável líder do Partido Liberal que encabeçou o governo entre 1926-1948, exerceu o cargo durante 22 anos, convertendo-se em uma figura de enorme popularidade e influência na vida política canadense. As revelações dos historiadores Abella e Trouter foram acompanhadas por outras ainda mais desconcertantes: além de impedir o ingresso ao Canadá das vítimas do nazismo, autorizou-se a entrada de criminosos de guerra nazi.
Bialystock destaca como fator relevante do período histórico a relativa “passividade” da comunidade judaica ante as reiteradas negativas do governo. Contudo, uma das explicações que resgata de suas investigações para explicar este fenômeno deriva da situação que atravessava, durante esses anos, o judaísmo canadense: “fracionado, débil e sem capacidade real para chegar até os círculos de poder”. Essas circunstâncias, ao se combinarem, impediram influir de uma forma efetiva no traçado da política doméstica e na internacional.
OS ANOS DE PRÉ-GUERRA
Durante os anos prévios à II Guerra Mundial, o Canadá se esforçava para romper com uma tradição anti-semita que impregnava a distintos segmentos da população. No âmbito doméstico atuavam vários grupos pró-fascistas que enrareciam o clima de opinião geral. Entre eles, eram particulamento conspícuos o Partido Nacional Social Cristão (NSCP) e o Partido Nacionalista do Canadá, ambos de forte orientação fascista e anti-semita. Estes grupos impediram que se tomasse forma uma política humanitária destinada a socorrer as vítimas do nazismo. No mesmo contexto, tampouco se pode esquivar-se a participação do Canadá no esforço bélico aliado. Desde sua alienação contra as potências do Eixo “a preocupação pelas vítimas do Holocausto ficou relegada pela atenção dedicada à guerra mesmo”. Outros historiadores sustentam que, além de todos esses fatores, os círculos influentes acreditavam que o assentamento de judeus europeus “não era viável no Canadá”, ainda que fosse possível na Palestina sob controle britânico”.
O FRONT INTERNO
Outra circunstância que impediu a abertura à imigração de refugiados e perseguidos judeus foi dada pela marcada cautela que prevalecia entre alguns líderes comunitários judeus. Estes viam como prioritário orientar a comunidade “a superar os obstáculos internos criados pelo anti-semitismo doméstico, como condição necessária para inserir-se socialmente”.
De acordo com esta visão, o crescimento “rápido” da minoria judia houvera posto em perigo o dificultoso processo assimilacionista que estava tendo lugar. No começar da guerra, a comunidade judia era estimada em 167.000 pessoas, ou seja, os 1.5 por cento da população total. Deles, 50 por cento eram imigrantes procedentes em sua maioria da Rússia, Polônia e Romênia. Essa presença, reduzida, com um nível muito incipiente de inserção social e um alto componente imigrante, enfrentava a discriminação em suas mais variadas formas. O acesso à moradia, emprego, estabelecimentos educativos, parques, passeios públicos e comércios privados era restringido para os judeus canadenses.
Neste contexto, eram comuns (fundamentalmente na província de Ontario) os cartazes contendo legendas tais como: “Só Gentios”, “Judeus Não” e “Só Cristãos”. A realidade social cotidiana limitava as possibilidades concretas da comunidade judia para advogar (menos ainda “pressionar”) a favor da obtenção de permissões de ingresso para familiares, amigos ou pessoas do mesmo povo.
HÓSPEDES NA PRÓPIA CASA
Recentemente no início dos anos ’40, començou-se a se debater uma legislação de conteúdo anti-discriminatório que haveria de permitir alcançar progressivamente um tratamento mais igualitário para os judeus locais.
Durante o mesmo período, os três parlamentares canadenses de origem judia que integravam o Parlamento, Samuel Jacobs, Sam Factor (ambos do Partido Liberal) e A. Heaps (da oposição), estavam muito longe dos espaços políticos de decisão, tanto e suas respectivas bancadas na Câmara dos Comuns como na base de seus agrupamentos políticos. Segundo os historiadores Abella e Trouter, os judeus canadenses “tinham a sensação de serem ‘hóspedes’ em sua própria terra, de estar no Canadá mas não ser parte da mesma”.
Esse sentimento colocava a dirigência comunitária em uma situação extremadamente débil ao dialogar com as autoridades governamentais. Os distintos acadêmicos que tem investigado o período coincidem em assinalar que a “diplomacia silenciosa” seguida pelos dirigentes comunitários frente ao governo (para persuadi-lo de abrir à imigração) evidentemente fracassou, ao igual que fracassaram os esforços das organizações judias destinados a arrecadar ajuda humanitária. Depois da liberação dos campos de concentração, o governo de Mackenzie King não modificou em absoluto sua posição intransigente respeito dos refugiados judeus. King permaneceu a frente do governo até bem o começo do pós-guerra, sendo substituído como premier em início de 1948.
Segundo Abella e Trouter, para o líder liberal não havia “um benefício eleitoral direto” derivado da adoção de uma posição mais receptiva. De igual forma, uma parte importante da opinião pública canadense seguia aferrada ao anti-semitismo, e os judeus residentes no país continuavam sendo vistos de forma negativa. Finalmente, uma cifra revela com clareza a “eficácia” e “dedicação” com a qual a burocracia governamental canadense implementou a política de “portas fechadas”.
A mesma surge do número de refugiados judeus que foram autorizados a entrar no país: entre o 1 de abril de 1945 e o 31 de março de 1947, o Canadá aprovou o ingresso de tão somente 2.918 judeus europeus. Estes constituíam os 3 por cento dos 98.011 imigrantes (fundamentalmente europeus não-judeus) ingressados no dito período.
* Advogado - Coordenador do “National Council of La Raza”, (NCLR), Washington.
Fonte: Fundación Memoria del Holocausto(Argentina)
http://www.fmh.org.ar/revista/20/puecer.htm
Tradução: Roberto Lucena
Texto de Dr. Pedro Germán Cavallero *
Quem visita o Canadá, aprecia imediatamente a diversidade étnica e cultural de sua população. Este “Canadá de cores” se destaca em relevo em Toronto, onde as distintas coletividades fazem sentir sua presença através de restaurantes de comida étnica, comércios de produtos típicos e bairros inteiros que parecem “pequenas repúblicas” encravadas na geografia canadense. Desde há mais de meio século, o país tem recebido de forma contínua levas de imigrantes, perseguidos políticos e vítimas de conflitos armados. Esta tendência se acentuou fortemente em fins da década de ‘60 e começo dos ‘70, mantendo-se até o presente.
Na atualidade a coletividade de maior crescimento demográfico é a asiática, é em sua maioria de origem chinesa. Concentrados na região do Pacífico, os asiáticos contam além disso com uma forte presença em Toronto. O antigo bairro judeu de Spadina se converteu no epicentro da vida social, comunitária e comercial dos residentes chineses. Uma visita ao mesmo nos leva a compará-lo com o bairro de Once (Buenos Aires), onde os coreanos “redesenharam” essa parte da cidade tradicionalmente habitada pela coletividade judaica portenha. Spadina apresenta uma geografia urbana salpicada de postos de rua, restaurantes chineses, dragões de pedra e luzes de neón que parecem assinalar o fim de uma era marcada pelos vendedores e comerciantes judeus locais. Uma velha sinagoga, todavia ativa e com sua fachada escurecida, desafia solitariamente o evidente passo do tempo.
REFÚGIO PARA OS PERSEGUIDOS?
O Canadá goza amplamente de uma reputação internacional de “abertura” no que diz respeito a perseguidos políticos e emigrados econômicos chegados com o anseio de se fixar. Em boa medida, essa reputação responde a uma realidade concreta.
Prova disto são os chilenos, uruguaios e argentinos (emigrados durante a “Guerra Suja”), colombianos (empurrados pelo conflito armado que dessangra o país), nicaragüenses e guatemaltecos (saídos de seus países durante os convulsivos anos ’80), asiáticos, africanos, russos e europeus do Leste radicados no país. Contudo, a trajetória do país é mais complexa: durante a Segunda Guerra Mundial, o Canadá fechou herméticamente suas portas ignorando os desesperados pedidos de auxílio dos judeus europeus.
CANADÁ E O HOLOCAUSTO
Segundo o historiador canadense Franklin Bialystock, autor de "Delayed Impact: The Holocaust and the Canadian Jewish Community" (Reação Tardia: o Holocausto e a Comunidade Judia Canadense), durante as duas décadas posteriores à II Guerra a Shoá “esteve ausente na vida dos canadeenses”. Para Bialystock, essa “amnésia generalizada” incluiu também a uma parte da comunidade judia local. Este dado resulta em algo significativo se se tem em conta que os 15 por cento dos judeus canadenses eram sobreviventes do Holocausto. Durante anos, as instituições educativas comunitárias tampouco fizeram grandes avanços na difusão da experiência, tanto no âmbito interno como com a opinião pública. Haveria de se passar três décadas (até começo dos anos ’80), para que se produzisse uma virada fundamental e se “redescobrisse” o extermínio perpetrado pelo Terceiro Reich.
Surpreendentemente, a mudança sobreveio em 1982 a partir da publicação do livro "None Is Too Many (Nenhum é demais). A investigação dos historiadores canadenses Irvin Abella e Harold Trouter gerou um grande debate no país ao revelar pela primeira vez a política de “portas fechadas” implementada peplo primeiro ministro Mackenzie King com relação aos refugiados europeus.
Mackenzie King, o formidável líder do Partido Liberal que encabeçou o governo entre 1926-1948, exerceu o cargo durante 22 anos, convertendo-se em uma figura de enorme popularidade e influência na vida política canadense. As revelações dos historiadores Abella e Trouter foram acompanhadas por outras ainda mais desconcertantes: além de impedir o ingresso ao Canadá das vítimas do nazismo, autorizou-se a entrada de criminosos de guerra nazi.
Bialystock destaca como fator relevante do período histórico a relativa “passividade” da comunidade judaica ante as reiteradas negativas do governo. Contudo, uma das explicações que resgata de suas investigações para explicar este fenômeno deriva da situação que atravessava, durante esses anos, o judaísmo canadense: “fracionado, débil e sem capacidade real para chegar até os círculos de poder”. Essas circunstâncias, ao se combinarem, impediram influir de uma forma efetiva no traçado da política doméstica e na internacional.
OS ANOS DE PRÉ-GUERRA
Durante os anos prévios à II Guerra Mundial, o Canadá se esforçava para romper com uma tradição anti-semita que impregnava a distintos segmentos da população. No âmbito doméstico atuavam vários grupos pró-fascistas que enrareciam o clima de opinião geral. Entre eles, eram particulamento conspícuos o Partido Nacional Social Cristão (NSCP) e o Partido Nacionalista do Canadá, ambos de forte orientação fascista e anti-semita. Estes grupos impediram que se tomasse forma uma política humanitária destinada a socorrer as vítimas do nazismo. No mesmo contexto, tampouco se pode esquivar-se a participação do Canadá no esforço bélico aliado. Desde sua alienação contra as potências do Eixo “a preocupação pelas vítimas do Holocausto ficou relegada pela atenção dedicada à guerra mesmo”. Outros historiadores sustentam que, além de todos esses fatores, os círculos influentes acreditavam que o assentamento de judeus europeus “não era viável no Canadá”, ainda que fosse possível na Palestina sob controle britânico”.
O FRONT INTERNO
Outra circunstância que impediu a abertura à imigração de refugiados e perseguidos judeus foi dada pela marcada cautela que prevalecia entre alguns líderes comunitários judeus. Estes viam como prioritário orientar a comunidade “a superar os obstáculos internos criados pelo anti-semitismo doméstico, como condição necessária para inserir-se socialmente”.
De acordo com esta visão, o crescimento “rápido” da minoria judia houvera posto em perigo o dificultoso processo assimilacionista que estava tendo lugar. No começar da guerra, a comunidade judia era estimada em 167.000 pessoas, ou seja, os 1.5 por cento da população total. Deles, 50 por cento eram imigrantes procedentes em sua maioria da Rússia, Polônia e Romênia. Essa presença, reduzida, com um nível muito incipiente de inserção social e um alto componente imigrante, enfrentava a discriminação em suas mais variadas formas. O acesso à moradia, emprego, estabelecimentos educativos, parques, passeios públicos e comércios privados era restringido para os judeus canadenses.
Neste contexto, eram comuns (fundamentalmente na província de Ontario) os cartazes contendo legendas tais como: “Só Gentios”, “Judeus Não” e “Só Cristãos”. A realidade social cotidiana limitava as possibilidades concretas da comunidade judia para advogar (menos ainda “pressionar”) a favor da obtenção de permissões de ingresso para familiares, amigos ou pessoas do mesmo povo.
HÓSPEDES NA PRÓPIA CASA
Recentemente no início dos anos ’40, començou-se a se debater uma legislação de conteúdo anti-discriminatório que haveria de permitir alcançar progressivamente um tratamento mais igualitário para os judeus locais.
Durante o mesmo período, os três parlamentares canadenses de origem judia que integravam o Parlamento, Samuel Jacobs, Sam Factor (ambos do Partido Liberal) e A. Heaps (da oposição), estavam muito longe dos espaços políticos de decisão, tanto e suas respectivas bancadas na Câmara dos Comuns como na base de seus agrupamentos políticos. Segundo os historiadores Abella e Trouter, os judeus canadenses “tinham a sensação de serem ‘hóspedes’ em sua própria terra, de estar no Canadá mas não ser parte da mesma”.
Esse sentimento colocava a dirigência comunitária em uma situação extremadamente débil ao dialogar com as autoridades governamentais. Os distintos acadêmicos que tem investigado o período coincidem em assinalar que a “diplomacia silenciosa” seguida pelos dirigentes comunitários frente ao governo (para persuadi-lo de abrir à imigração) evidentemente fracassou, ao igual que fracassaram os esforços das organizações judias destinados a arrecadar ajuda humanitária. Depois da liberação dos campos de concentração, o governo de Mackenzie King não modificou em absoluto sua posição intransigente respeito dos refugiados judeus. King permaneceu a frente do governo até bem o começo do pós-guerra, sendo substituído como premier em início de 1948.
Segundo Abella e Trouter, para o líder liberal não havia “um benefício eleitoral direto” derivado da adoção de uma posição mais receptiva. De igual forma, uma parte importante da opinião pública canadense seguia aferrada ao anti-semitismo, e os judeus residentes no país continuavam sendo vistos de forma negativa. Finalmente, uma cifra revela com clareza a “eficácia” e “dedicação” com a qual a burocracia governamental canadense implementou a política de “portas fechadas”.
A mesma surge do número de refugiados judeus que foram autorizados a entrar no país: entre o 1 de abril de 1945 e o 31 de março de 1947, o Canadá aprovou o ingresso de tão somente 2.918 judeus europeus. Estes constituíam os 3 por cento dos 98.011 imigrantes (fundamentalmente europeus não-judeus) ingressados no dito período.
* Advogado - Coordenador do “National Council of La Raza”, (NCLR), Washington.
Fonte: Fundación Memoria del Holocausto(Argentina)
http://www.fmh.org.ar/revista/20/puecer.htm
Tradução: Roberto Lucena
terça-feira, 18 de março de 2008
Merkel fala sobre o Holocausto em discurso histórico no Parlamento de Israel
Daniela Brik. Jerusalém, 18 mar (EFE).- A chanceler da Alemanha, Angela Merkel, concluiu hoje sua visita oficial a Israel com um discurso no Knesset (o Parlamento local), onde rendeu um tributo às vítimas do nazismo e disse que o Holocausto envegonha o povo alemão.
"A Shoah (Holocausto) enche a nós, alemães, de vergonha", disse Merkel em seu idioma, pouco depois de, em hebraico, ter agradecido aos presentes "por concederem" a ela "a honra de falar" ali.
O discurso de Merkel foi o primeiro de um chefe de Governo estrangeiro no Parlamento israelense e também o único de um líder mundial pronunciado em alemão aos legisladores do Knesset.
Com o ato, a chanceler alemã encerrou uma visita de três dias, que coincidiu com os 60 anos da criação do Estado de Israel, considerado um dos principais aliados da Alemanha no mundo.
"Este ano, Israel comemora 60 anos, 60 anos de desafios em busca de paz e de grande construção", disse a chanceler, que durante sua estada no país se reuniu com vários líderes israelenses.
Acompanhada de vários ministros alemães, Merkel participou de uma reunião histórica com os ministros israelenses e assinou vários projetos de cooperação bilateral.
No discurso no Parlamento, a chanceler destacou a estreita relação entre os dois países e sua visita ao Museu do Holocausto de Jerusalém (Yad Vashem), onde disse que o anti-semitismo e o racismo "nunca devem encontrar espaço na Alemanha ou na Europa".
"O assassinato em massa de seis milhões de judeus, cometido em nome da Alemanha, trouxe um sofrimento indescritível ao povo judeu, à Europa e ao mundo inteiro", chegou a ressaltar na ocasião.
Apesar do boicote de vários dos 120 parlamentares israelenses, Merkel foi calorosamente recebida no Knesset, tanto que, ao fim de seu pronunciamento, foi aplaudida por vários minutos.
Na cerimônia que antecedeu o discurso, durante a qual a bandeira alemã foi içada no Parlamento, Merkel retribuiu à recepção com um emocionado tributo às vítimas e sobreviventes do nazismo.
"A responsabilidade histórica faz parte da política fundamental do país. Isto significa que para mim, como chanceler alemã, a segurança de Israel não é negociável", declarou.
Embora seu discurso tenha incluído muitas referências ao passado, Merkel falou por alto dos desafios existentes na relação entre Alemanha e Israel e da situação no Oriente Médio.
"As relações de cooperação e amizade entre Israel e Alemanha fazem parte dos milagres da História e devem reforçar nossa energia para a superação, mesmo diante das maiores dificuldades", afirmou.
Ao tocar numa das ameaças a Israel, a chanceler frisou que, se o Irã conseguir fabricar armas nucleares, colocará em perigo o processo de paz e a segurança regional.
A respeito do conflito entre palestinos e israelenses, Merkel se mostrou a favor da formação de "dois Estados para dois povos" e manifestou seu apoio ao combinado na conferência de paz de Annapolis (EUA), realizada em novembro e ponto de partida do atual processo entre as duas partes.
Além disso, condenou os ataques com foguetes lançados da Faixa de Gaza contra Israel e ofereceu a mediação de Berlim nos contatos para a libertação dos soldados israelenses capturados por milícias.
Por sua vez, o primeiro-ministro israelense, Ehud Olmert, disse que "as relações especiais entre Israel e Alemanha são um exemplo claro da habilidade da Humanidade para superar" as circunstâncias mais penosas.
Durante sua visita, Merkel também demonstrou ter grande consciência do peso que suas palavras e sua presença poderiam ter para os cerca de 250.000 sobreviventes do Holocausto e seus descendentes que vivem em Israel.
Fonte: EFE/Último Segundo
http://ultimosegundo.ig.com.br/mundo/2008/03/18/merkel_fala_sobre_o_holocausto_em_discurso_historico_no_parlamento_de_israel_1234821.html
"A Shoah (Holocausto) enche a nós, alemães, de vergonha", disse Merkel em seu idioma, pouco depois de, em hebraico, ter agradecido aos presentes "por concederem" a ela "a honra de falar" ali.
O discurso de Merkel foi o primeiro de um chefe de Governo estrangeiro no Parlamento israelense e também o único de um líder mundial pronunciado em alemão aos legisladores do Knesset.
Com o ato, a chanceler alemã encerrou uma visita de três dias, que coincidiu com os 60 anos da criação do Estado de Israel, considerado um dos principais aliados da Alemanha no mundo.
"Este ano, Israel comemora 60 anos, 60 anos de desafios em busca de paz e de grande construção", disse a chanceler, que durante sua estada no país se reuniu com vários líderes israelenses.
Acompanhada de vários ministros alemães, Merkel participou de uma reunião histórica com os ministros israelenses e assinou vários projetos de cooperação bilateral.
No discurso no Parlamento, a chanceler destacou a estreita relação entre os dois países e sua visita ao Museu do Holocausto de Jerusalém (Yad Vashem), onde disse que o anti-semitismo e o racismo "nunca devem encontrar espaço na Alemanha ou na Europa".
"O assassinato em massa de seis milhões de judeus, cometido em nome da Alemanha, trouxe um sofrimento indescritível ao povo judeu, à Europa e ao mundo inteiro", chegou a ressaltar na ocasião.
Apesar do boicote de vários dos 120 parlamentares israelenses, Merkel foi calorosamente recebida no Knesset, tanto que, ao fim de seu pronunciamento, foi aplaudida por vários minutos.
Na cerimônia que antecedeu o discurso, durante a qual a bandeira alemã foi içada no Parlamento, Merkel retribuiu à recepção com um emocionado tributo às vítimas e sobreviventes do nazismo.
"A responsabilidade histórica faz parte da política fundamental do país. Isto significa que para mim, como chanceler alemã, a segurança de Israel não é negociável", declarou.
Embora seu discurso tenha incluído muitas referências ao passado, Merkel falou por alto dos desafios existentes na relação entre Alemanha e Israel e da situação no Oriente Médio.
"As relações de cooperação e amizade entre Israel e Alemanha fazem parte dos milagres da História e devem reforçar nossa energia para a superação, mesmo diante das maiores dificuldades", afirmou.
Ao tocar numa das ameaças a Israel, a chanceler frisou que, se o Irã conseguir fabricar armas nucleares, colocará em perigo o processo de paz e a segurança regional.
A respeito do conflito entre palestinos e israelenses, Merkel se mostrou a favor da formação de "dois Estados para dois povos" e manifestou seu apoio ao combinado na conferência de paz de Annapolis (EUA), realizada em novembro e ponto de partida do atual processo entre as duas partes.
Além disso, condenou os ataques com foguetes lançados da Faixa de Gaza contra Israel e ofereceu a mediação de Berlim nos contatos para a libertação dos soldados israelenses capturados por milícias.
Por sua vez, o primeiro-ministro israelense, Ehud Olmert, disse que "as relações especiais entre Israel e Alemanha são um exemplo claro da habilidade da Humanidade para superar" as circunstâncias mais penosas.
Durante sua visita, Merkel também demonstrou ter grande consciência do peso que suas palavras e sua presença poderiam ter para os cerca de 250.000 sobreviventes do Holocausto e seus descendentes que vivem em Israel.
Fonte: EFE/Último Segundo
http://ultimosegundo.ig.com.br/mundo/2008/03/18/merkel_fala_sobre_o_holocausto_em_discurso_historico_no_parlamento_de_israel_1234821.html
quinta-feira, 22 de novembro de 2007
Shoá e Direitos Humanos
Pablo Freinkel; escrito em 15-9-2003
"Tive a grande oportunidade de assistir na qualidade de bolsista(convidado)ao Seminário que foi organizado pela 'Fundación Memoria del Holocausto' nas últimas quinta-feita e sexta-feita do mês de agosto passado, que recebeu o título de "Shoá: Memória e História". A este encontro de caráter internacional se fizeram presentes na qualidade de expositores dois dos mais reconhecidos estudiosos dessa temática, os doutores Jaim Avni e Leonardo Senkman, professores da Universidade Hebraica de Jerusalém e do Yad Vashem. A eles se uniram os historiadores Abraham Huberman;, Abraham Zylberman e o filósofo Pablo Dreyzik. Também relataram suas terríveis experiências quatro sobreviventes desses duríssimos anos.
Foram duas árduas jornadas de conferências, conversas e intercâmbios de idéias com os participantes durante os breves instantes em que se fazia uma pausa para o café, que sempre se extendia, apesar do zelo dos organizadores por cumprir o que foi pautado no programa, em razão do nível que alcançavam essas rápidas conversações.
Uma das qualidades deste Seminário foi seu caráter federal. Com efeito, representantes da maioria das províncias argentinas foram credenciados podendo participar livremente das atividades. Uma grande porcentagem deles eram docentes de nível secundário e universitário; alguns, vinham em nome de uma Instituição; e, outros, como em meu caso, chegaram até o velho e renovado casarão da rua Montevideo 919, na qualidade de estudiosos da Shoá. Assim mesmo, houve representantes do Uruguai e Panamá. Todos fomos recebidos com calidez e a boa predisposição da Lic. Sima Weingarten de Milmaniene, a professora Graciela Nabel de Jinich e a coordenadora srta. Daniela Urfeig, junto com os demais empregados dessa Casa.
Na Sexta-feira ao meio-dia se realizou uma reunião exclusiva com as pessoas que provinham do interior e exterior do país. A idéia consistia em que cada um informasse acerca de suas tarefas específicas sobre a temática desenvolvida, com o objetivo de tomar conhecimento acerca do que se faz nas diferentes cidades da Argentina. E, em verdade, algumas das coisas que ali se mencionaram são dignas de comentário.
Na 'Universidad Nacional de San Luis' existe uma Cátedra Livre que se denomina "Genocídio e Holocausto", na qual se estudam os diferentes massacres cometidos durante o século passado, tomando como ponto de partida o maior crime cometido contra o povo judeu; por outra parte, a docente que servia como porta-voz, assinalou que dentro do Liceu Policial da província puntana o Holocausto é uma assinatura obrigatória para os cadetes que ali cursam sua instrução.
Na 'Universidad Nacional del Comahue', em Neuquén, a Faculdade de Ciências Humanas(Humanidades)conta com uma Cátedra Livre de Estudos Hebraicos onde também se estuda esta delicada questão. Uma professora chaquenha informou que a pedido do Ministério da Educação dessa província se organizou uma série de módulos para serem apresentados em diferentes escolas e que, apesar de não ser curricular, o interesse que despertara nos alunos entre quinze e dezessete anos fez com que os cursos sejam cada vez mais numerosos. Na Faculdade de Direito da 'Universidad Nacional de Rosario' funciona um Instituto sobre Direitos Humanos que tem a Shoá como um dos temas de referência ineludíveis. Casos similares se repetem em Córdoba, Mar del Plata, Mendoza, Santa Fe, Moisesville e, por suposto, em Bahía Blanca que através do Centro Raoul Wallenberg - Mostra Permanente do Holocausto-Shoá - realiza conferências com convidados especiais, visitas a escolas públicas e privadas, e que propiciou a criação no âmbito da 'Universidad Nacional del Sur' a Cátedra Livre Raoul Wallenberg.
Cabe então perguntar-se acerca das motivações que propiciaram este súbito interesse nos âmbitos não-judaicos por conhecer e difundir a Shoá.
Para intentar uma aproximação utilizarei alguns dos pontos desenvolvidos pelos catedráticos visitantes e que, em definitivo, constituíram o miolo do Seminário. O professor Avni expressou que o Holocausto tardou uma geração para se fixar na memória coletiva. Ao concluir a segunda guerra, o mundo se ocupou da reconstrução mais que dos conflitos internos das pessoas. Os Estados Unidos estavam já imersos na guerra fria além de receber agentes nazis, a França queria desconhecer seu passado e a Inglaterra se apresentava como heroína e mártir. Por sua parte, a União Soviética emergiu da disputa, destroçada e com um único salvador: Stalin. A ideologia oficial não reconhecia o judaísmo como povo, e em conseqüência os que tombaram na guerra foram cidadãos soviéticos, o qual implicava que tampouco houve Holocausto judeu, negado inclusive como política de Estado.
Em tanto que em Israel, a guerra de liberação, a criação do Estado e a recepção dos imigrantes mantiveram calados os ecos da tragédia. Uma plena efervescência pelos êxitos obtidos pelos israelis que contrastava com a passividade das vítimas durante o massacre, cujo resultado foi a humilhante imagem de "deixar-se levar como ovelhas ao matadouro". Recentemente em 1951, o Parlamento israelense deu luz a uma Lei de Perseguição contra Nazis e Cúmplices. Dois anos mais tarde, promulgou-se a Lei da Memória do Holocausto e da Resistência, dispondo-se a criação do Yad Vashem(Museu do Holocausto). Contudo, estas disposições oficiais encontravam pouca receptividade em ambos os setores da sociedade israelense. Tudo isto mudou com a captura e posterior julgamento de Adolf Eichmann.
Até esse crucial momento, o Holocausto não era material de estudo nas escolas e os sobreviventes mantinham um obstinado silêncio, sem dúvida porque advertiam que não desejavam ser escutados. O caso Eichmann permitiu a entrada do fenômeno na consciência dos israelis.
As repercussões do julgamento ao criminoso nazi capturado na Argentina coincidiu com as deliberações do Concílio Vaticano II e ambos elementos permitiram o ingresso do Holocausto no mundo católico.
O silêncio das vítimas sobreviventes, contudo, não implicava no esquecimento do que lhes havia acontecido e da perda de seus entes queridos. O Dr. Leonardo Senkman aludiu a esta questão. O duelo e a angústia individual transcendeu a comunidade, que fez dele o ato de recordação. Na Argentina, no início de 1946, a Associação dos Judeus Poloneses promoveu a primeira iniciativa de rememorar de forma coletiva. Surgiu, a partir de então, um acúmulo de escritos sem pretensão literária, tão só crônicas espontâneas, que recuperavam o povo(shtetl), a sua gente, os costumes e as tradições, o idioma, a vida diária. Entre 1946 e 1966 se publicaram 176 volumes em Yidish.
Na continuação, os que sobreviveram começaram a procurar-se entre eles, porque cada um podia fazer um ato de reparação para voltar à vida daqueles povos. Assim, como concêntricos que conformam uma rede de povos judeus, construiu-se uma memória coletiva, que permitiu a continuidade do judaísmo apesar da destruição.
Pouco a pouco, a Shoá adquiriu um novo significado, implícito como uma das piores expressões do anti-semitismo. E se sabe que o anti-semitismo configura uma, senão a maior, declaração de discriminação. Em conseqüência, tema obrigatório para quem defende os Direitos Humanos em sua integridade.
Desse modo, a Shoá e o ódio aos judeus(e ao judeu)foi mais além da recordação comunitária para se instalar na consciência daqueles que sustentam que os Direitos Humanos devem ser considerados como um bem superior. A Shoá, ao se tornar universal, não é tema só para os judeus senão para todos os que se dedicam a promoção e ao respeito dos valores e liberdades individuais."
Fonte: Fundación Memoria del Holocausto
Texto original(espanhol): Pablo Freinkel
http://www.fmh.org.ar/holocausto/artinteres/derechos.htm
Tradução: Roberto Lucena
"Tive a grande oportunidade de assistir na qualidade de bolsista(convidado)ao Seminário que foi organizado pela 'Fundación Memoria del Holocausto' nas últimas quinta-feita e sexta-feita do mês de agosto passado, que recebeu o título de "Shoá: Memória e História". A este encontro de caráter internacional se fizeram presentes na qualidade de expositores dois dos mais reconhecidos estudiosos dessa temática, os doutores Jaim Avni e Leonardo Senkman, professores da Universidade Hebraica de Jerusalém e do Yad Vashem. A eles se uniram os historiadores Abraham Huberman;, Abraham Zylberman e o filósofo Pablo Dreyzik. Também relataram suas terríveis experiências quatro sobreviventes desses duríssimos anos.
Foram duas árduas jornadas de conferências, conversas e intercâmbios de idéias com os participantes durante os breves instantes em que se fazia uma pausa para o café, que sempre se extendia, apesar do zelo dos organizadores por cumprir o que foi pautado no programa, em razão do nível que alcançavam essas rápidas conversações.
Uma das qualidades deste Seminário foi seu caráter federal. Com efeito, representantes da maioria das províncias argentinas foram credenciados podendo participar livremente das atividades. Uma grande porcentagem deles eram docentes de nível secundário e universitário; alguns, vinham em nome de uma Instituição; e, outros, como em meu caso, chegaram até o velho e renovado casarão da rua Montevideo 919, na qualidade de estudiosos da Shoá. Assim mesmo, houve representantes do Uruguai e Panamá. Todos fomos recebidos com calidez e a boa predisposição da Lic. Sima Weingarten de Milmaniene, a professora Graciela Nabel de Jinich e a coordenadora srta. Daniela Urfeig, junto com os demais empregados dessa Casa.
Na Sexta-feira ao meio-dia se realizou uma reunião exclusiva com as pessoas que provinham do interior e exterior do país. A idéia consistia em que cada um informasse acerca de suas tarefas específicas sobre a temática desenvolvida, com o objetivo de tomar conhecimento acerca do que se faz nas diferentes cidades da Argentina. E, em verdade, algumas das coisas que ali se mencionaram são dignas de comentário.
Na 'Universidad Nacional de San Luis' existe uma Cátedra Livre que se denomina "Genocídio e Holocausto", na qual se estudam os diferentes massacres cometidos durante o século passado, tomando como ponto de partida o maior crime cometido contra o povo judeu; por outra parte, a docente que servia como porta-voz, assinalou que dentro do Liceu Policial da província puntana o Holocausto é uma assinatura obrigatória para os cadetes que ali cursam sua instrução.
Na 'Universidad Nacional del Comahue', em Neuquén, a Faculdade de Ciências Humanas(Humanidades)conta com uma Cátedra Livre de Estudos Hebraicos onde também se estuda esta delicada questão. Uma professora chaquenha informou que a pedido do Ministério da Educação dessa província se organizou uma série de módulos para serem apresentados em diferentes escolas e que, apesar de não ser curricular, o interesse que despertara nos alunos entre quinze e dezessete anos fez com que os cursos sejam cada vez mais numerosos. Na Faculdade de Direito da 'Universidad Nacional de Rosario' funciona um Instituto sobre Direitos Humanos que tem a Shoá como um dos temas de referência ineludíveis. Casos similares se repetem em Córdoba, Mar del Plata, Mendoza, Santa Fe, Moisesville e, por suposto, em Bahía Blanca que através do Centro Raoul Wallenberg - Mostra Permanente do Holocausto-Shoá - realiza conferências com convidados especiais, visitas a escolas públicas e privadas, e que propiciou a criação no âmbito da 'Universidad Nacional del Sur' a Cátedra Livre Raoul Wallenberg.
Cabe então perguntar-se acerca das motivações que propiciaram este súbito interesse nos âmbitos não-judaicos por conhecer e difundir a Shoá.
Para intentar uma aproximação utilizarei alguns dos pontos desenvolvidos pelos catedráticos visitantes e que, em definitivo, constituíram o miolo do Seminário. O professor Avni expressou que o Holocausto tardou uma geração para se fixar na memória coletiva. Ao concluir a segunda guerra, o mundo se ocupou da reconstrução mais que dos conflitos internos das pessoas. Os Estados Unidos estavam já imersos na guerra fria além de receber agentes nazis, a França queria desconhecer seu passado e a Inglaterra se apresentava como heroína e mártir. Por sua parte, a União Soviética emergiu da disputa, destroçada e com um único salvador: Stalin. A ideologia oficial não reconhecia o judaísmo como povo, e em conseqüência os que tombaram na guerra foram cidadãos soviéticos, o qual implicava que tampouco houve Holocausto judeu, negado inclusive como política de Estado.
Em tanto que em Israel, a guerra de liberação, a criação do Estado e a recepção dos imigrantes mantiveram calados os ecos da tragédia. Uma plena efervescência pelos êxitos obtidos pelos israelis que contrastava com a passividade das vítimas durante o massacre, cujo resultado foi a humilhante imagem de "deixar-se levar como ovelhas ao matadouro". Recentemente em 1951, o Parlamento israelense deu luz a uma Lei de Perseguição contra Nazis e Cúmplices. Dois anos mais tarde, promulgou-se a Lei da Memória do Holocausto e da Resistência, dispondo-se a criação do Yad Vashem(Museu do Holocausto). Contudo, estas disposições oficiais encontravam pouca receptividade em ambos os setores da sociedade israelense. Tudo isto mudou com a captura e posterior julgamento de Adolf Eichmann.
Até esse crucial momento, o Holocausto não era material de estudo nas escolas e os sobreviventes mantinham um obstinado silêncio, sem dúvida porque advertiam que não desejavam ser escutados. O caso Eichmann permitiu a entrada do fenômeno na consciência dos israelis.
As repercussões do julgamento ao criminoso nazi capturado na Argentina coincidiu com as deliberações do Concílio Vaticano II e ambos elementos permitiram o ingresso do Holocausto no mundo católico.
O silêncio das vítimas sobreviventes, contudo, não implicava no esquecimento do que lhes havia acontecido e da perda de seus entes queridos. O Dr. Leonardo Senkman aludiu a esta questão. O duelo e a angústia individual transcendeu a comunidade, que fez dele o ato de recordação. Na Argentina, no início de 1946, a Associação dos Judeus Poloneses promoveu a primeira iniciativa de rememorar de forma coletiva. Surgiu, a partir de então, um acúmulo de escritos sem pretensão literária, tão só crônicas espontâneas, que recuperavam o povo(shtetl), a sua gente, os costumes e as tradições, o idioma, a vida diária. Entre 1946 e 1966 se publicaram 176 volumes em Yidish.
Na continuação, os que sobreviveram começaram a procurar-se entre eles, porque cada um podia fazer um ato de reparação para voltar à vida daqueles povos. Assim, como concêntricos que conformam uma rede de povos judeus, construiu-se uma memória coletiva, que permitiu a continuidade do judaísmo apesar da destruição.
Pouco a pouco, a Shoá adquiriu um novo significado, implícito como uma das piores expressões do anti-semitismo. E se sabe que o anti-semitismo configura uma, senão a maior, declaração de discriminação. Em conseqüência, tema obrigatório para quem defende os Direitos Humanos em sua integridade.
Desse modo, a Shoá e o ódio aos judeus(e ao judeu)foi mais além da recordação comunitária para se instalar na consciência daqueles que sustentam que os Direitos Humanos devem ser considerados como um bem superior. A Shoá, ao se tornar universal, não é tema só para os judeus senão para todos os que se dedicam a promoção e ao respeito dos valores e liberdades individuais."
Fonte: Fundación Memoria del Holocausto
Texto original(espanhol): Pablo Freinkel
http://www.fmh.org.ar/holocausto/artinteres/derechos.htm
Tradução: Roberto Lucena
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