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sexta-feira, 1 de maio de 2015

Repúdio ao ataque contra professores no Paraná

A quem não soube do caso, saiu (repercutiu) na impressa internacional:
Massacre em Curitiba repercute na mídia internacional

Eu ia prosseguir com os posts sobre segunda guerra etc, mas não dá pra prosseguir sem destacar isso. É um absurdo o que está se passando, toda semana essa direita tresloucada no país, eleita na "passionalidade latina", emocional, manipulável e irracional de parte da população, e influenciada por certa mídia venal do país, apronta alguma.

Pra inteirar as pessoas do que se passa, há uma greve, legítima por sinal, de professores (segunda greve), que foram em marcha para Assembleia daquele estado protestar contra a aprovação de rapinagem contra a Previdência desses servidores. Embaixo um resumo do que se passa:
A segunda greve dos professores paranaenses em menos de dois meses foi decidida em assembleia, realizada no último sábado em Londrina, em protesto contra as alterações propostas pelo governo Richa, que afetarão os servidores estaduais aposentados e pensionistas com mais de 73 anos de idade. Cálculos indicam que as mudanças reduzirão praticamente pela metade - de 57 para 29 anos - o tempo de solvência dos fundos de previdência do funcionalismo público. Na mesma assembleia, os professores lançaram a campanha salarial de 2015.

Esta é a segunda vez este ano que o governo tucano tenta impor mudanças à previdência dos servidores estaduais. A primeira tentativa ocorreu em fevereiro, semanas depois de ter declarado que o Paraná encontrava-se à beira do colapso financeiro.

Na ocasião, os professores e outras categorias do funcionalismo mobilizaram-se e conseguiram não só forçar o governo a retirar a proposta de votação na Assembleia Legislativa do Paraná (Alep) como obrigaram os deputados estaduais a extinguirem a "comissão geral", um artifício regimental por meio do qual o governo impunha medidas impopulares restringindo o tempo de debate.
Link com a matéria completa.

Pra barrar o avanço da marcha pacífica o governo do Estado do Paraná (ocupado pelo PSDB) mandou o aparato repressivo do Estado (ler por "aparato repressivo" o poder policial, ou mais precisamente, o Batalhão de Choque) abrir fogo contra professores, veja bem, professores (é isso mesmo que você leu) jogando bombas de gás, spray de pimenta, tiros de bala de borracha e até uso de cães da raça Pit Bull que atingiu um cinegrafista de TV com um ataque sórdido e criminoso. Imagens abaixo, professora atingida:

A quem quiser ver mais imagens, confiram nesses links abaixo o tamanho da agressão:
1. As imagens de um cenário de barbárie e guerra no Paraná
2. Embate entre a Polícia Militar e os servidores termina com 213 feridos


Aqui um vídeo com áudio e imagens gravadas no Palácio do governo onde se ouve gente comemorando os ataques:
Os abutres que comemoraram o massacre da PM contra professores no Paraná


Aliás, usar cães deste tipo pra conter multidão que quando mordem perdem o controle, bombas etc é um ato criminoso do Estado e a agressão contra professores é um ato sórdido, de uma mente conturbada que não deveria estar a frente de um governo de Estado (Unidade da Federação) ou de qualquer coisa. Aqui a foto (print de vídeo) do ataque do cão da raça Pit Bull ao cinegrafista de uma emissora de TV:

Aqui o vídeo do ataque do cachorro, culpa do aparato mandado pelo governador de Estado:



Há algo a dizer disso senão repúdio? E tem mais coisas a citar (mas quem quiser saber mais procure os blogs com informação) só que estou enojado.


O ato de agressão foi tão repulsivo, principalmente pelo alvo (professores), que causou espanto e perplexidade no país e fora do país, porque um governo de estado que ataca professores dessa forma com mais de 200 feridos, e feridos grave, a meu ver (é opinião pessoal) perdeu a legitimidade, sem falar no golpe previdenciário sendo votado à revelia da vontade popular e os professores sendo reprimidos desta forma por serem contrário ao golpe na Previdência deles.

A quem não sabe, inclusive há milhares/milhões de brasileiros que não sabem, quem comanda (é responsável) a polícia militar, que é a polícia que é responsável pela parte repressiva, é o governador de Estado (Unidade da Federação).

Toda vez que há um choque deste tipo o povo mais ignorante não sabe a atribuição de cada poder do país e suas divisões. Mas se não sabiam agora sabem.

Antes de tudo, a princípio este é um problema da população daquele Estado, a princípio pois atinge a todos no país. Mas digo isso porque não gosto quando alguém de fora, principalmente do eixo econômico que dissemina ódio regional via mídia há décadas, quer de forma imprópria interferir (emitir opiniões cretinas, ignorantes) em assuntos internos, então adoto o mesmo princípio de tentar não emitir comentários se não forem algo nacional, mas este é um caso que transcende a fronteira regional/estadual, e passível até de intervenção federal.

Não dá pra qualquer pessoa, principalmente nacional, não emitir uma nota de repúdio pelas cenas que se viu desse ataque que poderia ter resultado em mortes. Solidarizo-me com o povo atacado.

Que fique registrado também pra ala reacionária ou idiotizada da população, que vez por outra vem aqui também escrever besteira, e que tira selfie com aparato repressivo que ataca professores: não me venham mais com desculpa esfarrapada com grita dizendo que querem "melhor educação". Isso é e sempre foi papo furado.

Não se vê uma palavra dessa horda de protofascistas com "discurso liberaloide" (ou nem tanto) que invadiram a Avenida Paulista (principalmente) nos dias 15 de março e 12 de abril criticando a agressão contra professores, quando qualquer cidadão comum, democrata, emitiria comentários de repúdio ao ocorrido.

Quem acha normal professores serem atacados desta forma, quem fica contra reivindicação justa de professores por melhoria pois sem isso não haverá melhora alguma de ensino sendo que os estados e prefeituras são quem mais detonam o ensino público do país (disparados), quer tudo menos melhora na educação. Estados e municípios (governadores e prefeitos) são os principais responsáveis pelo caos do ensino público no país.

Portanto, arrumem outra desculpa pra "protestar" (entre aspas) em avenida incitados por emissora de TV que deve mais de bilhão em sonegação (sonegação é crime), pois a maioria do povo já sabe que os tais protestos foram organizados por grupos extremistas que não querem melhorar nada.

O projeto político desses radicaizinhos de direita pro país é um Estado autoritário, repressivo com sucateamento gradativo do Estado brasileiro, tal qual já ocorreu no passado. O que se viu (a agressão aos professores) foi só uma forma (exemplo) de atuar (repressão) dos políticos que defendem este modelo econômico que tombou com FHC.

Como o povo brasileiro, pelo visto, tem memória curta, parece que precisa de um repeteco de cenas repulsivas como estas pra cair a ficha, coisa que já ocorreu em 1988:
Massacre de professores em 1988 se repete

Quando disserem da próxima vez que brasileiro tem memória curta, de fato vou ter que aceitar. A maioria tem memória curta mesmo, por isso parte da população é facilmente manipulável pela mídia oligopolizada do país.

quarta-feira, 4 de junho de 2014

O Holocausto na Transnístria: excertos de Ioanid (Romênia)

Policiais romenos deportando judeus para Transnístria, 1941
O seguinte trecho é retirado do livro de Ioanid, "O Holocausto na Romênia", págs. 187-193. A fonte on-line está aqui. A seção é intitulada "A contribuição alemã" e lida principalmente com o extermínio dos judeus de Odessa e Berezovka por unidades compostas principalmente de Volksdeutsche (alemães étnicos):
Berezovka foi o ponto de chegada de quase vinte mil judeus de Odessa que sobreviveram aos massacres do exército romeno, em Outubro de 1941. A estação ferroviária da cidade de Berezovka, umas sessenta milhas a nordeste de Odessa, estava situada no meio de assentamentos de um grupo de ucranianos e alemães étnicos. Os judeus, trazidos no trem, foram levados para o campo e baleados por alemães étnicos do Selbstschutz [membros dos corpos de auto-defesa]... O número de mortos... foi inchado por vítimas de pequenas cidades e aldeias. Uma estimativa cumulativa foi indicada por um membro do Ministério do Exterior alemão em maio. Cerca de 28.000 judeus foram levados para as aldeias alemãs na Transnístria, ele [Popescu] escreveu. "Inzwischen wurden sie liquidiert" (Enquanto isso, eles foram liquidados).

Um relatório da polícia romena (Gendarmaria) de Berezovka afirmou que em abril de 1942, 85 por cento dos judeus do distrito de Berezovka haviam sido liquidados por formações da SS. Um relatório similar de maio 1942 indicou que todos os judeus de Odessa, que haviam sido detidos no castelo Mostovoi, haviam sido executados em um campo pela SS, que, em seguida, queimou os cadáveres. No início de junho as tropas da SS de Lichtenfeld executaram 1.200 judeus em Suha Verba; a política de inspeção da Transnístria informou do assassinato em massa ao governo da Transnístria. Em 3 de julho de 1942, as autoridades romenas entregaram cerca de 247 judeus em Brailov (Bratslav), 10 km a nordeste de Smerinka, depois deles terem procurado refúgio em território romeno; os alemães os mataram. Policiais romenos executaram trezentos judeus deslocados de Vapniarka para Berezovka durante a primavera de 1942.

Em 19 de agosto de 1942, a pedido da Organização Todt e com o consentimento do prefeito do distrito de Tulcin, coronel Loghin, três mil judeus que haviam sido deportados em junho de Cernauti e levados além do rio Bug, agora foram entregues aos alemães. Desses três mil judeus quase ninguém retornou. Os idosos, [bem como] algumas das mulheres, crianças e os mais fracos foram executados nos primeiros dias. Os outros foram mortos gradualmente, uma vez que não poderiam mais trabalhar. Em seguida, no dia 6 de junho de 1943, mais uma vez, a pedido da Organização Todt, outro transporte de 829 judeus foi enviado de Moghilev para Trihati para a construção de uma ponte sobre o rio Bug. O destino desses judeus é desconhecido.

Durante as execuções em massa da SS dos judeus que haviam sido deportados para o Distrito Berezovka na primavera de 1942, policiais romenos também conduziram sua própria carnificina.

Quantos judeus morreram nos massacres na Transnístria? Pelo menos 123 mil judeus romenos haviam cruzaram o rio Dniester, entre 1941 e 1942; apenas 50.741 permaneceram vivos a partir de 1943. Cerca de 25.000 judeus foram mortos em Odessa, no mínimo, 28 mil judeus foram mortos pelos alemães em Berezovka, e 75.000 foram mortos em Golta, para não falar nos 19.000 ciganos romenos mortos na Transnístria. Julius Fisher estima que 87.000 judeus romenos morreram na Transnístria, juntamente com 130.000 judeus indígenas (nativos). Os alemães têm responsabilidade direta pela morte de cerca de cinquenta mil, principalmente nos distritos de Berezovka e Bar. A maioria deles foi entregue aos nazistas pelos romenos. O resultado final de todos os esforços dos romenos, dos alemães e seus colaboradores foi a chacina de mais que um quarto de milhão de pessoas inocentes.

Embora, como vimos, os assassinatos tenham continuado depois de 1942, o zelo do funcionalismo romeno começou a diminuir no mesmo ano com o curso mutável da guerra, sugerindo a eles substituir o fanatismo pelo oportunismo nas questões judaicas. Se o assassinato em massa ocorreu com menor frequência, no entanto, o entorpecimento e número de perseguição de almas e a opressão moendo o dia a dia continuaria, com resultados fatais extensos.

Foto: Gendarmaria(polícia) Romena e colaboracionistas locais durante a deportação dos judeus de Briceva para a Transnístria. Encabeçando o combio de deportados está o rabino Dov-Berl Yechiel. (Bessarábia, Romênia, 1941)
Fonte da foto: Yad Vashem

Fonte: Holocaust Controversies
Título original: The Holocaust in Transnistria: Extracts from Ioanid
http://holocaustcontroversies.blogspot.com/2012/02/holocaust-in-transnistria-extracts-from.html
Texto: Jonathan Harrison
Tradução: Roberto Lucena

sexta-feira, 11 de outubro de 2013

Morre em Roma o ex-comandante nazista Erich Priebke

Itália/nazismo - Artigo publicado em 11 de Outubro de 2013 - Atualizado em 11 de Outubro de 2013
Morre em Roma o ex-comandante nazista Erich Priebke. RFI

O ex-comandante nazista da SS Erich Priebke
Foto: Reprodução
Morreu hoje em Roma Erich Priebke, um dos últimos criminosos de guerra nazistas ainda vivos. Ex-comandante da SS, a polícia nazista, Priebke havia completado 100 anos no final de julho e vivia em prisão domiciliar.

O comandante nazista Erich Priebke havia sido condenado em 1998 na Itália à prisão perpétua pela sua participação no massacre das Fossas Ardeatinas, ocorrido em março de 1944, durante a Segunda Guerra Mundial. Priebke vivia há anos em prisão domiciliar em Roma, no apartamento de seu advogado.

Segundo a imprensa, Priebke deixou uma entrevista transcrita e um vídeo como "testamento humano e político."

O massacre custou a vida a 335 pessoas. Pelo menos 75 judeus foram mortos pelos policiais da SS com uma bala na nuca, em represália à morte de 33 soldados alemães.

Priebke foi o responsável pelo massacre, mas depois da guerra, conseguiu fugir para a Argentina.

Ele viveu tranquilamente na Patagônia durante 40 anos, até ser desmascarado pela justiça italiana depois da publicação do livro El pintor de la Suiza Argentina, do diretor da Escola de Altos Estudos em Ciências Sociais de Paris, Esteban Buch.

Nele, Buch denuncia os nazistas exilados que viviam em Bariloche, entre eles, Priebke, acobertado pela ditadura argentina. O ex-criminoso nazista foi extraditado para a Itália em 1995.

Em 1999, em razão de seu estado de saúde, ele obteve o direito de cumprir sua pena em casa, como autoriza a lei italiana.

Em 2004, o grupo o grupo de extrema-direita "Uomo e Libertá" (Homem e Liberdade) chegou a pedir um indulto presidencial para Priebke, gerando diversos protestos e manifestações de associações de defesa dos direitos humanos.

Fonte: RFI
http://www.portugues.rfi.fr/europa/20131011-morre-em-roma-o-ex-comandante-nazista-erich-priebke

sábado, 21 de setembro de 2013

Uma matança nazi com 24 vítimas republicanas (França)

A divisão SS Das Reich assassinou em junho de 1944 a 640 habitantes da população francesa de Oradour-sur-Glane (Limousin). Apesar das múltiplas homenagens recebidas pela República francesa nenhuma autoridade espanhola honrou as vítimas republicanas

ALEJANDRO TORRÚS Madrid 15/09/2013 11:08 Atualizado: 15/09/2013 11:18

FORO POR LA MEMORIA DE GUADALAJARA
Em 10 de junho de 1944, a companhia de granadeiros panzer, integrada dentro da divisão SS Das Reich chegaram ao pequeno povoado francês de Oradour-sur-Glane (Limousin). A unidade, que acaba de combater na frente Leste na II Guerra Mundial, tinha que se dirigir agora pro norte do país para lutar nas praias da Normandia. As ordens eram implacáveis. Nada nem ninguém podia se interpôr em seu caminho. Praticamente os 640 habitantes desta pequena localidade da campina francesa foram assassinados. Entre eles, 24 exilados da República espanhola.

"Aquele foi um massacre completamente absurdo. Os "historiadores" negacionistas querem fazer crer que eram represálias em razão dos explosivos, mas foi intimidação pura. Queriam subir rápido para ajudar na batalha da Normandia e no caminho cometeram uma autêntica violação dos direitos humanos", explica ao jornal Público Jean-Louis Schmitt-Perrin, membro do Ateneu Republicano de Limousin.

Concretamente chegaram 287 membros da SS a bordo de seus veículos blindados. Logo após chegarem estabeleceram um cordão ao redor da localidade e se reuniram com o prefeito. O pretexto é que o povo tinha um depósito de armas da resistência francesa e portanto fariam um registro. As mulheres e crianças, em torno de 450, foram trancados na Igreja, e amontoados. Os homens foram divididos em grupos e foram assassinados com armas automáticas. Os cadáveres foram molhados com gasolina e as casas arrasadas com granadas.

"Ao ouvir os disparos os pais de algumas crianças da escola da comarca correram até o povoado para ver o que se passava. Os soldados os deixaram passar e uma vez dentro os assassinaram a todos também. Segundo testemunhos de povoados vizinhos, houve soldados que negaram a entrada aos pais e lhes explicaram que se entrassem iriam morrer", prossegue Schmitt-Perrin

Os ruídos e o cheiro do massacre começaram a chegar à igreja, onde permaneceram as mulheres e as crianças. O pânico proliferou e começaram as tentativas de fuga. Mas ninguém podia escapar com vida. Eram as ordens. Os soldados dispararam através das portas e lançaram várias bombas que terminariam por aniquilar as mulheres e crianças.

"No dia seguinte apareceram corpos de bebês colocados no interior do confessionário, onde suas mães lhes havia tentando esconder de maneira desesperada", explica. Houve mortes por queimaduras, por desmembramento depois da explosão, por asfixia, por esmagadura ou cozidos literalmente.

Sobreviventes

Só duas mulheres conseguiram escapar da fogueira em que se converteu a igreja. Uma delas, a mais jovem das duas, não pode seguir. Teve as pernas quebradas ao cair e foi assassinada ali mesmo pouco depois; a única sobrevivente foi uma mulher mais velha que havia conseguido saltar e escapar antes que os soldados percebessem sua presença.

No resto do povoado, dos mais de 200 homens, somente seis escaparam com vida, todos eles feridos. Caídos ao chão entre os corpos cravados de bala, conseguiram se afastar do aglomerado de vítimas antes de que o fogo acabasse com eles.

Os republicanos espanhóis e a inexistente homenagem

Entre as 640 vítimas da SS, encontravam-se 25 republicanos espanhóis que haviam encontrado refúgio nesta pequena localidade depois da guerra civil espanhola. A maioria estava instalada no povoado desde 1941, mas também havia outros exilados republicanos espanhóis que formavam parte de um Grupo de Trabalhadores Estrangeiros (GTE). "Esses grupos se compunham de refugiados ou deslocados em idade militar, sujeitos às autoridades de ocupação e que prestavam seus serviços como trabalhadores agrícolas ou locais", explica o jornalista Xulio García Bilbao, que visitou Oradour-sur-Glane neste verão.

As vítimas da tragédia de Oradour-sur-Glane foram homenageadas em diversas ocasiões. De fato, o lugar foi declarado lugar de memória pela República francesa e praticamente todos os presidentes franceses, desde De Gaulle a Hollande, visitaram a localidade para prestar homenagem às vítimas do nazismo. E assim, também visitaram o local diversos chefes de Estado da Alemanha.

Contudo, as vítimas espanholas só receberam uma homenagem. A do governo da República espanhola no exílio que em 1945 instalou na zona uma placa com os nomes dos espanhóis falecidos pelas mãos dos nazistas. Nenhum mandatário da Espanha democrática pós-Franco esteve no lugar.

"Para eles a história é muito simples de se interpretar - lamenta Schmitt-Perrin -, o que aconteceu na Espanha compete só à Espanha e o que aconteceu na França é entre franceses e alemães. Para eles, a explicação da história é muito fácil".

As famílias espanholas

O que segue na continuação é uma lista das famílias espanholas que morreram em Oradour-sur-Glane. Esta informação foi facilitada pelo Foro pela Memória de Guadalajara.

A família Gil Espinosa era formada pelo casal, uma parente da esposa e as duas filhas gêmeas de 14 anos. Eram originários de Alcañiz, onde muito possivelmente participaram na coletivização. Seus nomes e idade: Francisco Gil Egea (cerca de 50 anos), sua esposa Francisca Espinosa (49 anos), sua parente Carmen Espinosa Juanos (30 anos), e as filhas Francisca e Pilar Gil Espinosa (14 anos).

A família Lorente Pardo, mãe e dois filhos, procediam de Barcelona e levavam na França desde o êxodo de 1939; a mãe, Antonia, era de Murcia. Seus nomes: Antonia Pardo (29 anos), Nuria Lorente Pardo (9 anos) e Francisco Lorente Pardo (11 anos).

As irmãs Emilia e Angelina Masachs, de 11 e 8 anos, eram de Sabadell e haviam perdido seus pais; encontravam-se recolhidas pelas outras famílias espanholas.

A família Serrano Pardo estava refazendo sua vida na França. O pai, José Serrano Robles (29 anos) era maestro de escola e havia marchado para o exílio com sua esposa María Pardo. Suas três filhas haviam nascido na França; a pequena Armonía Serrano Pardo (nascida em 4/6/41, quer dizer, que tinha apenas 3 anos) e as gêmeas de 1 ano de idade, Esther e Paquita Serrano Pardo.

A família Téllez Domínguez vinha de Barcelona. O pai, Domingo Téllez (45 anos) era de Saragoça e se encontrava em Oradour com sua esposa María Domínguez (31 anos), e seus filhos Miguel (11 anos), Armonía (8 anos) e o pequeno Liberto, de dois anos, nascido em Oradour.

Por último, também se encontrava a espanhola Carmen Silva, de 39 anos, era de Bilbao e estava casada com o francês Robert Pinede.

*FOTOS: FORO PELA MEMORIA DE GUADALAJARA

Fonte: Publico (Espanha)
http://www.publico.es/468291/una-matanza-nazi-con-24-victimas-republicanas
Tradução: Roberto Lucena

terça-feira, 16 de julho de 2013

França prende neonazi norueguês suspeito de planejar ataque terrorista

França prende músico norueguês suspeito de planejar ataque terrorista
Por iG São Paulo | 16/07/2013 12:50

Descrito como neonazista, Vikernes recebeu manifesto de Breivik, que deixou 77 mortos na Noruega há quase 2 anos

Um norueguês neonazista simpatizante do assassino em massa Anders Behring Breivik foi preso nesta terça-feira sob suspeita de planejar "um grande ataque terrorista", disseram autoridades francesas.

Julgamento: Breivik é considerado são e sentenciado a 21 anos por ataques
AP. Foto de 1994 mostra o músico Varg Vikernes, que foi preso na França sob suspeita de terrorismo

O escritório do procurador de Paris identificou o suspeito como Kristian "Varg" Vikernes. Em uma declaração, o Ministério do Interior disse que o suspeito foi preso em sua casa em Correze, no centro rural da França. Segundo o órgão, Vikernes representa "uma ameaça potencial à sociedade".

A mulher francesa de Vikernes, Marie Cachet, também foi presa, disse o escritório do procurador. Ela recentemente adquiriu quatro rifles, afirmou o Ministério do Interior. Investigadores estão agora avaliando como as armas de fogo foram obtidas e qual o objetivo de sua aquisição.

Descrito pelas autoridades francesas como neonazista, Vikernes recebeu no passado uma cópia do manifesto de Breivik, que deixou 77 mortos na Noruega em 2011.

Infográfico: Saiba como extremista executou plano de ataque na Noruega

Breivik colocou uma bomba no centro de Oslo e lançou um ataque a tiros na ilha de Utoya em julho de 2011. Ele foi sentenciado a 21 anos no ano passado.

Imagem: TV exibe vídeo de Breivik estacionando van com explosivos

Vikernes, 40, era conhecido nos círculos noruegueses de black metal no início dos anos 90 sob o nome artístico de Count Grishnackh. Ele tocou em várias bandas de black metal, incluindo a Mayhem.

Em 1994, ele foi sentenciado a 21 anos pela morte a facadas de Oystein Aarseth, membro da Mayhem, e por ataques incendiários contra três igrejas. Após ser solto em 2009 depois de servir 16 anos, ele se mudou para a França com sua mulher e três filhos.

Depois de ser libertado da prisão, ele continuou a gravar músicas sob o nome de Burzum. Em seu site, Vikernes debateu o manifesto de Breivik, mas também o criticou por matar noruegueses inocentes.

Endosso: Extrema direita apoia visão de Breivik sobre Islã

O manifestou de 1,5 mil páginas de Breivik descreveu sua planejada cruzada contra os muçulmanos, que ele dizia "estarem tomando o controle da Europa e que poderiam apenas ser derrotados por uma violenta guerra civil".

*Com AP e BBC

Fonte: BBC/AP/IG
http://ultimosegundo.ig.com.br/mundo/2013-07-16/franca-prende-musico-noruegues-suspeito-de-planejar-ataque-terrorista.html

Ver mais:
França prende norueguês suspeito de preparar ataque terrorista (RFI, Portugal)

terça-feira, 26 de março de 2013

Fritz Dietrich (Nazi) - Massacres na Letônia

Fritz Dietrich (nasceu em 6 de agosto de 1898, executado em 22 de outubro de 1948) era um oficial alemão da SS que tinha um doutorado (Ph.D.). Seu nome também é visto escrito como Emil Diedrich.[1]

Resumo de sua trajetória

Dietrich adquiriu o status de SS-Obersturmbannführer. De setembro de 1941 a novembro de 1943 ele serviu como policial chefe da SS (SS und PolizeiStandortführer ) em Liepāja (em alemão: Libau), Letônia. As unidades de polícia sob seu comando conduziram inúmeros massacres de judeus e outras pessoas em Liepāja. O maior de todos os massacres de Liepāja ocorreu em três dias, numa segunda-feira, 15 de dezembro, a quarta-feira, 17 de dezembro de 1941. Em 13 de dezembro, Karzemes Vārds publicou uma ordem de Dietrich que pedia que todos os judeus na cidade permanecessem em suas residências na segunda-feira, 15 de dezembro a 16 de dezembro de 1941. [2]

Julgamento por crimes de guera

Depois da segunda guerra ele foi julgado, condenado e setenciado a pena de morte por crimes de guerra, mas não por suas ações na Letônia. Dietrich tinha ordenado o fuzilamento de sete prisioneiros aliados que tinham saltado de paraquedas de aeronaves avariadas.[3] Em 1948 Dietrich foi enforcado na prisão de Landsberg.[4] Os julgamentos de Dietrich e outros ficaram conhecidos como "Flyers Cases" (Casos dos Aviadores) e foram parte do que ficou conhecido como os Julgamentos de Dachau por crimes de guerra.

Notas

[1] Ezergailis, The Holocaust in Latvia, página 288.
[2] Ezergailis, The Holocaust in Latvia, páginas 293 a 294
[3] United States vs. Fritz Dietrich and others, Case Nos. 12-1545 and 12-2272 (File US115), resumido dos Crimes Nazis no Julgamento
[4] Klee, The Good Old Days, página 290.

Referências

- Ezergailis, Andrew, The Holocaust in Latvia 1941-1944—The Missing Center, Historical Institute of Latvia (in association with the United States Holocaust Memorial Museum) Riga 1996 ISBN 9984-9054-3-8
- Klee, Ernst, Dressen, Willi, and Riess, Volker, eds. "The Good Old Days" -- The Holocaust as Seen by its Perpetrators and Bystanders, MacMillan, New York 1991 (translation by Deborah Burnstone) ISBN 0-02-917425-2

Fonte: texto extraído da Wikipedia em inglês, com as notas (transcritas no final da tradução) no próprio verbete
http://en.wikipedia.org/wiki/Fritz_Dietrich_%28Nazi%29
Tradução: Roberto Lucena

Observação: vários verbetes (com fontes e que servem pra consulta rápida) da Wikipedia em inglês não possuem tradução pro português.

quinta-feira, 18 de outubro de 2012

Meio século depois Hollande admite matança de argelinos em Paris

Meio século depois Hollande admite
matança de argelinos em Paris
Há 51 anos, a polícia francesa massacrou em Paris centenas de imigrantes argelinos que se preparavam para participar numa manifestação a favor da independência do seu país. Oficialmente, apenas reconheceu três mortos e 64 feridos. Durante mais de meio século, todos os governos franceses negaram o massacre. François Hollande veio agora admiti-lo.

O reconhecimento veio no 51º aniversário da manifestação de 17 de Outubro de 1961 e a pouco tempo de uma visita oficial à Argélia que o presidente francês tem agendada para o início de Dezembro. A manifestação brutalmente reprimida em 1961 fora convocada por organizações afectas ao movimento de libertação argelino FLN e dirigia-se contra o reclher obrigatório que apenas se aplicava aos argeilinos.

A manifestação terá reunido entre 20.000 e 50.000 pessoas e a maior parte dos mortos não foram vítimas de violência na rua, e sim nas esquadras, após a detenção. Um grande número foi lançado ao rio Sena, tendo os cadáveres continuado a aparecer nos dias seguintes, como denunciaram contra os desmentidos oficiais principalmente os jornais Le Monde, Libération e L'Humanité.

No lacónico comunicado do presidente Hollande, o balanço da repressão policial daquele dia é descrito como uma "tragédia" e refere-se a necessidade "não de vingança ou arrependimento, mas de do direito, por meio da verdade". O embaixador argelino em Paris, Missoum Sbih, comentou favoravelmente esta admissão do facto em si, que há muito era reivindicada pelo Governo argelino. Segundo Sbih, há no comunicado "vários sinais positivos e encorajadores".

Direita francesa furiosa com Hollande

Embora o comunicado em momento algum admita a existência de culpas da polícia francesa ou peça perdão às famílias das vítimas, os "sinais positivos" nele lidos pelo embaixador argelino já foram suficientes para desencadear um vendaval de protestos da direita francesa.

Assim, o líder parlamentar da UMP, Christian Jacob, considerou "intolerável" que o comportamento da polícia e o conjunto da República fossem postos em causa pelo comunicado. O dirigente histórico da Frente Nacional (extrema-direita) Jean-Marie Le Pen, conhecido por ter praticado a tortura em larga escala durante a Guerra da Argélia, afirmou que Hollande não tem o direito de se pronunciar sobre alegadas culpas da França.

E o ex-primeiro-ministro Fraçois Fillon, segundo citação do diário alemão Frankfurter Allgemeine Zeitung, interrogou-se retoricamente: "E o que é feito dos crimes que foram cometidos na Argélia após a independência, com os massacres contra os Harkis [soldados argelinos que serviram o exército francês], o que é feito dos arquivos argelinos, que nunca foram abertos?" E logo sugeriu: "Ou bem que tudo se revela à luz do dia, ou então o melhor é esquecer todo o assunto".

Papon: primeiro genocida anti-judeu, depois anti-árabe

Seja como for, os arquivos franceses ficarão abertos e permitirão conferir os cálculos dos historiadores - geralmente entre os 50 e os 200 mortos. Um dos mais conhecidos, da autoria do historiador francês Jean-Luc Einaudi, aponta para as duas centenas.

O balanço de Einaudi, que utilizava já o termo "massacre", deu na altura origem a um processo por difamação intentado por aquele que fora o prefeito da Polícia de Paris à data da manifestação: Maurice Papon. Este viria, por sua vez, a sentar-se depois no banco dos réus, não pela repressão de 17 de Outubro, mas pela sua colaboração com os nazis com vista a organizar a deportação de judeus para os campos de extermínio.

Papon viria a ser despojado de todas as suas condecorações e condenado a dez anos de prisão em 1998, por crimes contra a humanidade cometidos ao serviço do regime colaboracionista de Vichy. Mas acabou por cumprir apenas um ano de prisão, vindo a ser libertado por razões de saúde em 2000 e morrendo em 2002.

António Louçã, RTP 18 Out, 2012, 18:15 / atualizado em 18 Out, 2012, 18:30
DR

Fonte: RTP (Portugal)
http://www.rtp.pt/noticias/index.php?article=596337&tm=7&layout=121&visual=49

segunda-feira, 19 de março de 2012

Assassino em série da França seria paranóico racista (extrema-direita)

Perita trabalha na cena do crime em frente à escola judaica Ozar Hatorah, em Toulouse. Foto: AFP
19 de março de 2012 • 15h50 • atualizado às 16h31

O assassino que horrorizou a França, após matar em oito dias crianças em uma escola judaica e militares, tem um perfil de assassino em série que "atribuiu a si mesmo uma missão" em uma lógica de "guerra", com "um aumento de poder" em cada um de seus crimes, apontaram criminologistas e especialistas. "Serial killer", paranóico racista de extrema direita, que acredita estar em uma "missão", desequilibrado "desprovido de ideologia": todas as hipóteses são apresentadas para tentar definir a personalidade de um assassino, que age sozinho e que sabe manusear armas para atingir suas vítimas.

O assassino - que circula com uma scooter e usa uma arma de calibre 11,43 - primeiro atacou militares de origem norte-africana e um de seus companheiros negro, antes de atacar uma escola judaica no sudoeste do país. Um homem determinado, que mostrou ter sangue frio, matou a cada quatro dias. Ele poderia ser militar ou paramilitar, ativo ou não, motivado por "um desejo de destruir algumas categorias de pessoas", disse o ex-policial Jean-François Abgrall.

A cada ato "aumentou sua força na agressão", afirma o analista criminal que se tornou investigador, mencionando "um personagem que vai para a guerra". "Sua primeira vítima, um paraquedista, caiu em uma armadilha (em Toulouse no dia 11 de março). Em seguida, repetiu o ato ao atacar três outros paraquedistas (em Montauban na quinta-feira). Os militares tinham em comum o fato de poderem ser percebidos como estrangeiros", o que pode ser para ele "insuportável", acredita Abgrall.

"Finalmente, na segunda-feira, chegou a perseguir suas vítimas no interior de uma escola judaica", onde matou três crianças e um professor. "Há, definitivamente um gatilho. Não podemos dizer qual seria, mas estamos em um clima de campanha política e falamos de problemas sociais que podem ter significados diferentes para ele", acrescentou Abgrall. Para o psiquiatra criminologista Coutanceau Roland, a mais forte hipótese é a de "terrorismo reduzido a um homem", racista ou não.

"Seria uma pessoa que, em vez de ter uma doença mental, tem apenas uma personalidade paranóica. Ele desenvolveu uma forma de crença ideológica absoluta, inabalável na privacidade de sua imaginação. De maneira megalomaníaca, ele atribui a si a tarefa de agir: ele pode afirmar 'eu tinha que fazer isso!'". "Ao se tratar de uma lógica abstrata de combate, o ato é cometido de maneira fria, organizada, com uma insensibilidade para com as pessoas que ele mata", afirma Coutanceau.

Para ele, esse assassino certamente não é um "assassino em massa em sua forma clássica, como na escola de Columbine (EUA, 1999), porque esse tipo de assassino permanece no local e procura, de alguma maneira, ser morto pela polícia". O psiquiatra também considera a possibilidade de ser um "doente mental, com um desenvolvimento do caráter paranóico, como o assassino de Oslo (o norueguês Breivik que matou 77 pessoas em julho de 2011, ndlr.) Alguém que tem um delírio, enquanto o resto de sua personalidade funciona 'normalmente', tornando-o capaz de organizar com inteligência sua estratégia".

Autor de dezenas de livros sobre crimes, Stephane Bourgoin descreveu o autor dos ataques como um "assassino em série". "Se não for parado, vai continuar, é indiscutível. Mas este tipo de assassino é difícil de ser pego, pois não tem conexão alguma com suas vítimas". A pista de terrorismo, que ninguém quer descartar, não é privilegiada pelos especialistas nem pelos investigadores, mesmo que a seção anti-terrorista tenha sido chamada por causa do "clima de intimidação e terror" gerado pelos ataques.

Fonte: AFP
http://noticias.terra.com.br/mundo/noticias/0,,OI5673616-EI8142,00-Assassino+em+serie+da+Franca+seria+paranoico+racista.html

Ver mais:
França: atirador pode ser o autor de três chacinas (A Tarde online)

quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

As vítimas africanas de Hitler: os massacres do exército alemão a soldados franceses negros em 1940

Documento criado em: 20 de julho de '06
Air & Space Power Journal Book Review - Primavera de 2007

Hitler's African Victims: The German Army Massacres of Black French Soldiers in 1940(As vítimas africanas de Hitler: os massacres do exército alemão a soldados franceses negros em 1940) por Raffael Scheck. Cambridge University Press (http://www.cambridge.org/us), 32 Avenue of the Americas, New York, New York 10013-2473, 2006, 216 páginas, $65,00 (capa dura).

Em "A Preface to History" de Carl G. Gustavson, o autor afirma que ao visualizar qualquer evento histórico, deve-se examinar e tentar compreender quaisquer e todas as influências profundas que levaram à ocorrência de um específico episódio, porque nunca tais eventos ocorrem em um vácuo e simplesmente não "apenas ocorrem". Pelo contrário, as situações sempre vão em movimento na esteira de outros acontecimentos. Em seu excelente livro "Hitler's African Victims", Raffael Scheck faz isto com perfeição e com grande efeito.

Professor adjunto de História Moderna da Europa no Colby College e titular PhD da Universidade de Brandeis, Scheck é autor dos livros "Alfred von Tirpitz and German Right Wing Politics, 1914–1930"(Alfred von Tirpitz e as políticas alemãs de extrema-direita, 1914-1930) e "Mothers of the Nation: Right-Wing Women in Weimar Germany"(Mães da Nação: as mulheres de extrema-direita na República de Weimar), juntamente com vários artigos sobre políticas da extrema-direita alemã. Em Hitler’s African Victims, Scheck traz à luz uma área da história que até agora as pessoas, ou intencionalmente teriam ignorado ou, infelizmente, esquecido.

Durante o desesperado verão de 1940, as forças alemãs avançaram largamente, sem contenção, sobre a Europa Ocidental. Um dos muitos países a sentir a fúria do exército de Hitler foi a França. Ardendo com um intenso desejo de vingança pelas abominações impostas ao povo alemão - o Tratado de Versailles - Hitler e seus asseclas assumiram uma atitude especial para impôr uma rápida e humilhante rendição à França. As fileiras do exército francês alistaram mais de 100.000 soldados negros os quais os franceses haviam recrutado e mobilizado a partir de áreas da Mauritânia, Senegal e Níger, na África Ocidental Francesa, colocando-os em regimentos só negros ou mestiços e em seguida tornando-os parte das divisões da Infantaria Colonial. Durante a árdua batalha contra os alemães, estes soldados africanos - muitas vezes armados com os temidos coupe-coupe(facões) de lâmina longa, com os quais eles abriam caminho através dos soldados inimigos no combate corpo a corpo - viram-se confrontados com o melhor que os alemães poderiam reunir. Raramente se ouve a história das perdas que os africanos impuseram aos alemães.

Tragicamente, durante o período de luta mais difícil na campanha da França, acima de 3.000 desses prisioneiros Tirailleurs Senegalais foram evidentemente massacrados por soldados alemães. O assassinato de prisioneiros inimogos - por membros de ambos os lados - ocorreu durante a guerra, mas o grande número de perdas cometidas pelos Tirailleurs durante em um período relativamente curto de tempo levanta sérias questões. O autor faz um trabalho magistral de extraordinária e coerente informação do acontecimento para explicar as circunstâncias que cercam esses massacres.

Como parte de sua análise, Scheck discusses muitos aspectos da história do racismo na Alemanha que provavelmente levaram a atitudes predominantes dentro da sociedade nazista daquele tempo — por exemplo, o que ficou conhecido como "Terror Negro"(Black Horror), envolvendo o estacionamento de soldados negros na Renânia logo após a Primeira Guerra. Vários incidentes ocorreram entre estes soldados e a população nativa, especialmente os nascimentos de muitas crianças mestiças. Estarrecida, a liderança nazi pediu pela esterelização forçada destas crianças e a propaganda alemã trabalhava a exaustão para retratar negros como selvagens e "loucos pervertidos sexuais". Por conta destes esforços, uma forte fundação antinegra surgiu na nova Alemanha. Da mesma forma, como um poder colonial na África (1904–1907), a Alemanha eliminou mais de 150.000 negros durante uma série de levantes. Além disso, os alemães deram tratamento similar ao dos negros apanhados lutando pela União durante a Guerra Civil Norte-Americana, bem como o tratamento dos EUA a mexicanos, norte-americanos nativos e filipinos durante os conflitos com esses povos.

Todos esses fatores ajudaram a criar uma atmosfera propícia para cometer as atrocidades descritas neste livro. O autor explica eloqüentemente conceitos tais como o critério para o massacre sancionado e cinco fatores situacionais que conduziram ao assassínio de prisioneiros negros. Curiosamente, a pesquisa de Scheck revelou que quando tudo estiver dito e feito, aparentemente nenhuma diretiva do governo alemão ordenou que os soldados matassem esses prisioneiros. Muito provavelmente, a ferocidade da batalha, o racismo latente e os efeitos de terem visto colegas soldados mortos em combate - muitos cortados e separados por africanos ocidentais armados a faca - combinaram para motivar os alemães a agir como agiram. Na verdade, muitas unidades alemãs se recusaram a matar os prisioneiros negros absolutamente, e depois de agosto de 1940 - o período mais desesperador para alemães e franceses - pouco ou nenhum assassinato de prisioneiros ocorreu.

Apesar deu tecer louvores a este livro, eu tenho algumas discordâncias com o autor. Scheck afirma que os alemães iriam "atirar imediatamente nos negros dispersos sem lhes dar a oportunidade de se render. Isto era ilegal como um massacre, mas mais fácil para encobrir. . . . A prática de não dar alojamentos a soldados negros, embora ilegal, foi certamente facilitada pelo fato de que as disposições legais para se render poderiam ser difíceis de se aplicar no combate corpo a corpo"(páginas 61 e 66). De acordo com a Lei de Conflito Armado, no entanto, não é ilegal matar soldados em fuga ou dispersar os soldados. Só depois deles terem se rendido e o inimigo tomar o controle deles, eles se tornariam imunes de serem mortos. Da mesma forma, é legal dizimar toda formações de soldados inimigos - por não matá-los hoje, em vez de tê-los que enfrentar amanhã. Apesar de ser "descortês" poder matar soldados em fuga ou dizimar uma formação inteira inimiga, continua a ser perfeitamente aceitável e legal fazê-lo.

No geral, os pontos de menor importância em nada diminuem o grosso deste excelente livro. Não é sempre que se encontra um estudo da Segunda Guerra Mundial que revela uma página inteiramente nova da história. Completo com dez fotografias, quatro páginas de tabelas que descrevem os assassinatos e um mapa das áreas em questão, Hitler's African Victims deixa sua marca como uma importante contribuição para uma já desordenada história da guerra.

Tenente-Coronel Robert F. Tate, FAEUA(USAFR)
Base(AFB) de Maxwell, Alabama

Aviso

As conclusões e opiniões expressas neste documento são as que o autor manifesta de acordo com sua liberdade de expressão e no ambiente acadêmido da Academia da Força Aérea(Air University). Elas não refletem a posição oficial do Governo dos EUA, do Departamento de Defesa, da Força Aérea dos EUA ou da Academia da Força Aérea(Air University).

Fonte: Air & Space Power Journal Book Review(da Academia da Força Aérea dos EUA)
http://www.airpower.au.af.mil/airchronicles/bookrev/scheck.html
Tradução: Roberto Lucena

Ler também:
Crescendo negro na Alemanha nazista
Negros alemães vítimas do Holocausto
Mais apontamentos do racismo nazi
O racismo nazista nas palavras dos próprios nazistas
A Fazenda Nazista no Brasil e o emprego de trabalho escravo - rastros deixados pelos nazistas no país

sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Ucrânia: massacre de Babiy Yar foi há 70 anos

Babiy Yar é um local com uma conotação trágica. Há exatamente 70 anos, nesta ravina perto da capital ucraniana, Kiev, as forças nazis cometiam um dos maiores massacres do Holocausto.

Perto de 34 mil judeus – homens, mulheres e crianças – foram mortos numa única operação militar.

Menos de trinta pessoas escaparam com vida. Raisa Maistrenko é uma dessas pessoas. Na altura tinha três anos e lembra-se de estar “de mão dada com a avó, que gritava: ‘Sou russa!’. Um colaborador nazi aproximou-se, disse: ‘Porque gritas? Aqui todos são judeus!’ e tentou agredi-la com uma arma. Caíram ambas no chão e um soldado aproximou-se e empurrou-as novamente para a multidão. Durante todo esse tempo, a avó nunca lhe largou a mão”.

O massacre de Babiy Yar, entre 29 e 30 de Setembro de 1941, marcou o início do Holocausto em território ucraniano, que resultou na eliminação quase completa de uma população de um milhão e meio de judeus.

Fonte: Euronews
http://pt.euronews.net/2011/09/30/ucrania-massacre-de-babiy-yar-foi-ha-70-anos/

Ler tudo que já foi publicado no blog sobre o massacre de Babiy Yar aqui e aqui.

terça-feira, 28 de junho de 2011

Massacre de judeus em 1941 assinalado na cidade romena de Iasi

Centenas de pessoas assinalaram hoje o massacre de Iasi, uma cidade do leste da Romênia onde 13.000 a 15.000 judeus foram mortos em junho de 1941, pelo regime pró-nazi romeno.

"Estamos junto à sinagoga de Iasi, a mais antiga da Romênia. O obelisco que inauguramos hoje é em memória dos milhares de judeus que foram massacrados aqui no fim do mês de junho de 1941", declarou o presidente da comunidade judaica local, Abraham Ghiltan, segundo a agência France-Press.

O monumento, frisou, "deve lembrar a todos onde é que pode levar o ódio e a intolerância", independentemente da "origem, etnia ou religião".

Assistiram à cerimónia diversos sobreviventes, israelitas descendentes de judeus mortos durante o massacre, dirigentes do Museu do Holocausto de Washington e responsáveis romenos, bem como o embaixador dos Estados Unidos em Bucareste, Mark Gitenstein.

Na segunda-feira, os participantes na homenagem deslocaram-se aos cemitérios próximos de Targu Frumos e de Podu Iloaiei, onde estão enterrados em valas comuns os judeus que morreram nos "comboios da morte" que saíram de Iasi após a ofensiva das forças de segurança romenas.

O diretor do Instituto Elie Wiesel sobre o Holocausto na Roménia, Alexandru Florian, salientou que nas valas comuns estão enterradas "vítimas sem nome", que "durante décadas estiveram sem identidade", porque no país apenas se falava "a meia voz sobre os acontecimentos trágicos de Iasi".

O massacre de Iasi, a segunda maior cidade romena depois da capital Bucareste, foi levado a cabo pelas forças de segurança romenas, com o apoio de populares, após rumores de que os judeus locais apoiavam as forças soviéticas. Entre 1939 e 1944, a Roménia foi aliada do regime nazi.

A perseguição foi lançada na noite de 28 para 29 de junho de 1941, tendo sido inicialmente mortos mais de 8.000 judeus. Outros 5.000 foram presos e embarcados posteriormente em comboios, mas apenas pouco mais de um milhar chegaram ao destino, tendo os restantes sucumbido à fome e à sede dentro das composições sobrelotadas.

Segundo um relatório de uma comissão de historiadores presidida pelo Nobel da Paz Elie Wiesel, entre 280.000 e 380.000 judeus romenos e ucranianos foram mortos durante o holocausto na Romênia e nos territórios então sob o controlo do país.

Fonte: Lusa/SIC Notícias(Portugal)
http://sicnoticias.sapo.pt/mundo/2011/06/28/massacre-de-judeus-em-1941-assinalado-na-cidade-romena-de-iasi-

Ver mais:
Romênia enterra judeus encontrados em vala comum do Holocausto
Holocausto na Romênia
Holocausto por Robert Jan Van Pelt e Deborah Dwork - Parte 1 - Preparativos

sábado, 20 de dezembro de 2008

Porque é negação e não revisionismo. Parte VI: negadores e o massacre de Babiy Yar (4)

Porque é negação e não revisionismo. Parte VI: negadores e o massacre de Babiy Yar (4)

O argumento de John Ball tem sido aceito sem críticas por muitos negadores. Aqui estão apenas algumas fontes "revisionistas" do feliz trago de bobagens de Ball: 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8. Etc. Tolices.

Uma fonte deve nos interessar em particular - o livro sobre Treblinka de nossas vítimas favoritas, Mattogno e Graf. Numa resenha deste livro Graf escreve:

Treblinka: Extermination Camp or Transfer Camp?(Treblinka: campo de extermínio ou de transferência?) é quase todo trabalho de Carlo Mattogno, desde que ele editou sete dos nove capítulos. Eu sou o autor do primeiro e do quinto capítulo, e da introdução e conclusão...
I.e. o autor do capítulo, que estivemos discutindo nestas séries, é Carlo Mattogno. Claro, Graf sozinho também escreveu sobre Babiy Yar em The Giant with Feet of Clay(O gigante com pés de barro) e Holocaust or Hoax?(Holocausto ou Fraude?) afirmando que o "caso de Babi Yar fornece uma prova irrefutável da falsidade destes relatórios operacionais", repetindo argumentos de Tiedemann e Ball, e geralmente soltando o usual nonsense sem inspiração. Mas Graf é
muito menos da metade da dupla, Mattogno é o principal pesquisador e um "mentor". Então alguém poderia esperar uma análise um pouco mais refinada dele. Cara, isto faria alguém ter uma decepção!

Suponho que deveria ser mencionada apenas a passagem em que Mattogno acha Ball e Tiedemann confiáveis:

"e. Babi Yar
No “Relatório de atividade e situação no. 6 dos Einsatzgruppen da polícia de segurança e da SD na URSS,” lemos isto a respeito do período de tempo de 1 a 31 de outubro de 1941:595 “Em Kiev todos os judeus foram presos e, em 29 e 30 de setembro, um total de 33.771 judeus foram executados.” Isto procede com o (in)fame ‘Massacre de Babi Yar.’ Entretanto, como Udo Walendy e Herbert Tiedemann provaram, isto não aconteceu, pelo menos não remotamente no escopo alegado. 596 Provavelmente próximo à Kiev, como em Simferopol, várias centenas de pessoas foram mortas. Retornaremos ao caso de Babi Yar.
595 102-R. IMT, Vol. XXXVIII, pp. 292f.
596 Udo Walendy, “Babi Jar - Die Schlucht ‘mit 33.771 murdered Jews’?”, em:
Historische Tatsachen
no. 51, Verlag für Volkstum und Zeitgeschichtsforschung, Vlotho 1992. Herbert
Tiedemann, “Babi Jar: Critical Questions and Comments”, em: Germar Rudolf (ed.), op. cit. (nota 81), pp. 501-528."


Em 26 de setembro, a Luftwaffe tirou uma fotografia aérea de área na qual Babi Yar estava localizada. John Ball publicou isto com o seguinte comentário:[...]
Com respeito a uma secção ampliada da mesma fotografia, Ball diz:[...]
Ball deduz disto:[...]
Estes achados têm o maior valor desde, de acordo com a única testemunha, supõe-se que a cremação dos corpos em Babi Yar tenha sido completada em 25 ou 26 de setembro, correspondendo ao mesmo dia ou o dia anterior em que as fotos aéreas foram tiradas.

Então começa a idiotice pura:

Este Vladirmir K. Davidov é aparentemente a única testemunha que afirma ter participado da cremação dos corpos de Babi Yar. Seu conto é totalmente inacreditável. O número de corpos - 70.000 - é mais que o dobro do número de mortos de acordo com o relatório do evento, que por si só já é muito alto.
"Aparentemente a única testemunha". Isto sozinho desqualifica Mattogno de ser um sério pesquisador. Isto quer dizer que ele não se esforça para estudar a literatura disponível do massacre e dos seguintes eventos. Aqui está uma (provavelmente incompleta) lista da literatura disponível no período que Mattogno escreveu esta frase que contém outros testemunhos de Sonderkommandos além de Davydov:

  • O livro de 1993 com as versões em russo, inglês e alemão dos testemunhos dos Sonderkommandos de Babiy Yar, Jakov Kaper e David Budnik, editado por um pesquisador de Babiy Yar, Erhard Roy Wiehn, e publicado por Hartung-Gorre Publishers, D-78465 Konstanz/Alemanha (Hartung.Gorre@t-online.de) com o ISBN 3-89191-666-3 (da última vez que verifiquei ainda estava disponível);
  • O excelente Babi Yar: A Document de Anatolij Kuznetsov no formato de uma novela, no qual Mattogno poderia aprender que quando Kuznetsov estava escrevendo o livro, pelo menos nove Sonderkommandos ainda estavam vivos: Jakov Stejuk, Vladimir Davydov, Vladislav Kuklya, Jakov Kaper, Zakhar Trubakov, David Budnik, Semyon Berlyand, Leonid Ostrovskij and Grigorij Iovenko;
  • protocolos de interrogações de Berlyant, Stejuk e Davydov publicados em 1991 (Babij Jar. K pyatidesyatiletiju tragedii 29, 30 sentyabrya 1941 goda, Jerusalém, 1991; "Babyn Jar (veresen' 1941 - veresen' 1943)", Ukrainskij istorychnyj zhurnal, 1991, no. 12).
Mais, testemunhos de Sonderkommandos foram usados em diferentes tribunais de crimes de guerra, tal como o julgamento do SK1005 em Stuttgart em 1969; eles também deram testemunhos à Comissão Extraordinária. (para completar eu mencionarei que os Sonderkommandos e outras testemunhas também foram interrogadas muitas vezes desde 1943, mas a maioria desdes documentos foram publicados apenas recentemente, no volume de 2004 citado anteriormente).

Por fim, mas não finalmente, o Relatório de 1944 da Comissão Soviética Extraordinária (cortesia de David Thompson), que declara (p. 201, Eng. edn.):
As testemunhas L. K. Ostrovsky, S. B. Berlyand, V. Yu. Davydov, Ya. A. Steyuk e I. M. Brodsky que escapou do fuzilamento em Babi Yar em 29 de setembro de 1943 atestaram o seguinte: "Como prisioneiros de guerra fomos mantidos no campo de Syrets nos arredores de Kiev. Em 18 de agosto, 100 de nós foram enviados para Babi Yar. Lá fomos presos em algemas e forçados a escavar e queimar os corpos de cidadãos soviéticos exterminados por alemães [...]"
A descrição detalhada do processo segue abaixo.

Como Mattogno não veio a examinar este relatório?

"O número de corpos - 70.000 - é mais que o dobro do número de mortos de acordo com o relatório do evento, que por si só já é muito alto." A ignorância de Mattogno revela-se de novo. Ele não mostra que o número nos documentos alemães do período de guerra é "excessivamente alto". E está claro que ele não entende que de acordo com numerosas testemunhas, a ravina serviu como um local de execução por dois anos desde o início do massacre. Então o número de corpos na ravina não deveria corresponder ao número de vítimas dos relatórios alemães, e nem todas as vítimas eram judias.



O número real de vítimas nunca será conhecido. Sabemos de muitos testemunhos (e.g. aqueles publicados no livro Babij Jar citado na postagem anterior) que fuzilamentos continuaram por vários dias depois da ação inicial. Quantos foram mortos é desconhecido. Sabemos por testemunhos que as execuções continuaram depois, por dois anos - muitos milhares (possivelmente, 20.000-25.000) de prisioneiros de guerra soviéticos foram mortos e enterrados nas proximidades do canal; ciganos, partisans, nacionalistas ucranianos e outros foram mortos na ravina. Vans com gás também foram usadas.

Temos numerosos testemunhos de sobreviventes judeus que trabalharam na ravina e enterraram os corpos. Eu calculei o número total por seus testemunhos sobre o número de corpos aqui. Como é o único a ser aguardado, há diferentes estimativas e detalhes. Penso que será razoável estimar o número mínimo de vítimas como 70.000. Possivelmente, o número real é de cerca de 100.000. Não é sabido quantas das vítimas eram judias e quantas muitas eram não-judias. Provavelmente, se aceitarmos a mais baixa estimativa, a proporção certa é de 1:1, enquanto que com as estimativas maiores temos mais vítimas não-judias que vítimas judias.

Mais tarde Mattogno reafirma a sua ignorância:
Assim, eis a mais importante evidência material sobre o fuzilamento de 33.771 (ou 70.000) judeus...
-----------------------------------------------------------------------------------------
Adiante, Mattogno explora a questão da evidência física. Primeiramente, o que deveria ser relembrado:
Com a data especificada no quarto capítulo, a cremação de 33.771 corpos deveria requerer aproximadamente 4.500 toneladas de lenha e aproximadamente 430 toneladas de freixo de madeira e cerca de 190 toneladas de cinzas humanas teriam sido geradas no processo.

Vamos tomar a data da postagem do Roberto sobre Mattogno e Belzec (mantendo em mente que poderá ser corrigido no futuro, se uma nova data aparecer), e assumir que 100.000 corpos com uma média de peso de 45 kg (havia muitos de crianças e mulheres entre as vítimas, embora provavelmente não tanto quanto em Belzec). Isto é cerca de 4.500 toneladas de corpos. 5% disto são 225 toneladas (se seguirmos as regras de Mattogno). Novamente, aceitando as generosas hipóteses de Roberto (i.e. sem considerar a decomposição dos corpos), o freixo de madeira constituiria cerca de 360 toneladas. Juntos - 585 toneladas. SKs atestam que estavam misturando as lenhas com areia e terra dentro e ao redor da ravina, e escavando isso nas proximidades dos hortos, campos, etc. Eles estiveram trabalhando por cerca de 40 dias. I.e. em média teriam que transportar e dissipar algo em torno de 14.6 toneladas de lenha por dia. Estiveram trabalhando entre 12-15 horas, de acordo com seus testemunhos. Assumindo 12 horas de trabalho diário, eles tinham que gastar 1.2 toneladas de lenha por hora. Assumindo 30 kg por pessoa, eles precisariam de cerca de 40 SKs cheios de lenha pra consumir - cada um tendo que gastar 30 kg por hora. E eles tinham que pelo menos ter 300 pessoas trabalhando na ravina. Esses números são muito aproximados, e possivelmente a situação era muito melhor do ponto de vista logístico, e a flexibilidade é bem grande. Suponha que eles estavam sempre trabalhando 15 horas. Então precisariam de apenas 32 homens. Suponha que não precisavam de uma hora para consumir 30 kg de lenha... Etc., etc., etc. Então sim, era possível dispersar lenha e ossos ao redor da área.

Não, não seria possível destruir as lenhas e pedaços de bones completamente, mas ninguém afirma que isto foi feito.

E.g. em seu livro Anatolij Kuznetsov descreve sua viagem à ravina com seu amigo não muito depois da incineração ter parado:
Sabíamos deste riacho perfeitamente... continha areia de textura granulada, mas agora por alguma razão foi cheio com seixos brancos.

Eu parei e me aproximei para dar uma olhada de perto. Era um pedaço queimado de um osso, tamanho de um cravo, branco de um lado, escuro do outro lado. O riacho os carregou para algum lugar. [...]

Então andamos por um longo tempo ao redor destes ossos, até alcançarmos o início da ravina, onde o riacho desaparecia - isto é originado de muitas fontes filtradas de camadas arenosas, e isto é de onde os ossos vieram.

A ravina tornou-se estreita... e o local da areia tornou-se cinza. De repente nós compreendíamos que estávamos andando sobre cinzas humanas.

[...]

Nós andamos ao redor um pouco, encontramos muitos ossos inteiros, crânio fresco(ainda molhado) e novamente pedaços de cinzas negras entre a areia cinza.

Eu apanhei um pedaço, de cerca de dois quilogramas, levei isso comigo e o mantive. Isto são as cinzas de muita gente, tudo está misturado neles - cinzas internacionais, por assim dizer.

(JFYI, Kuznetsov não era judeu, ele era meio-ucraniano, meio-russo; ele escapou da URSS em 1969, levando uma versão não censurada de Babij Jar com ele. A versão completa é extremamente crítica ao regime stalinista, então, claro, não poderia ser publicada na URSS por completo. Numa carta de 1965 a Shlomo Even - Shoshan Kuznetsov escreveu:
Eu não me identifico nem com os sionistas, e nem com os anti-semitas - ambas [ideologias] são igualmente repulsivas para mim, e eu estou escrevendo minha história do que penso ser a única posição correta - a internacionalista).
Agora, considere os disparates de Mattogno sobre as fotos feitas pela comissão soviética:
Depois dos soviéticos terem reconquistado Kiev, uma comissão de investigação feita a sua maneira foi para Babi Yar e tirou algumas fotografias, que foram imortalizadas num álbum. Três das fotos supostamente exibidas numa primeira e segunda "zona onde os corpos foram queimados."[643] Em outra, os "fragmentos dos fornos e da gruta dentro da qual os prisioneiros que tinha cremado os corpos conseguiram escapar" são alegadamente mostrados.[644] Os títulos destas fotos são absurdos; a única atual, onde os objetos que são claramente reconhecíveis são uns poucos sapatos podres e alguns farrapos, que foram detalhadamente fotogrados pelos soviéticos e foram descritas como se segue:[643]

"Fragmentos de sapatos e pedaços de roupas dos cidadãos soviéticos mortos pelos alemães."
Por que os títulos são "absurdas"? Fotos por si só não são suficientes, e os títulos fornenecem o contexto. Certamente, e exatamente porque não são muito "reconhecíveis" nas fotos, os títulos são necessárias.
Dessa forma, o material de evidência mais importante para o fuzilamento de 33.771 (ou 70.000) judeus e posterior escavação e cremação de seus corpos, que foram descobertos na cena do crime pelos soviéticos, consiste de poucos sapatos e alguns farrapos! Se, entretanto, os soviéticos tivessem se esforçado para documentar as coisas, que não tinham nenhuma conexão com as acusações, que circo propagandístico teriam apresentado se eles tivesem realmente descoberto as valas em massa com com um total de mais de um milhão judeus assassinados (assim como o incontável número de não-judeus)? Já aquele circo propagandístico fracassou em acontecer, desde que os soviétivos não encontraram nada que pudessem ser comparáveis às descobertas feitas por alemães em Katyn e Vinnitsa!
De repente Mattogno salta do tema de Babiy Yar para o tema das valas em massa em geral, com as quais nós tratamos aqui e aqui. No que especificamente diz respeito à Babyi Yar, não já existem mais valas em massa lá, nada para o "circo propagandístico".

O foco, portanto, foi sobre a investigação das proximidades do campo de Syretsky, na qual muitos corpos não queimados foram encontrados.

E que eu saiba não há qualquer "circo propagandístico" associado com estes horríveis achados.

O circo real aqui é o tratamento dos negadores ao massacre de Babiy Yar, que se espelha em seu tratamento do Holocausto no geral.

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Próximo >> Parte VII: outras objeções patéticas aos relatórios dos Einsatzgruppen

Fonte: Holocaust Controversies
Texto: Sergey Romanov
http://holocaustcontroversies.blogspot.com/2006/08/thats-why-it-is-denial-not-revisionism_06.html
Tradução: Roberto Lucena

Ver também: Técnicas dos negadores do Holocausto

segunda-feira, 27 de outubro de 2008

Abortado plano neonazi para matar Barack Obama e realizar massacre no Tennessee

Skinheads planeavam massacre no Tennessee

A justiça norte-americana revelou ter descoberto um plano de militantes neo-nazis para matar 108 jovens afro-americanos e atentar contra a vida do candidato presidencial Barack Obama

Segundo a agência Associated Press, agentes federais interceptaram em Jackson, no Tennessee, dois homens militantes da extrema-direita norte-americana que se preparavam para atacar uma escola secundária de maioria negra.

Aí, tencionavam matar a tiro 88 jovens afro-americanos e decapitar outros 14 - '88' e '14' são, de resto, números simbólicos na ideologia neo-nazi - antes de prosseguir uma campanha homicida que incluía Barack Obama como alvo

Os suspeitos são Daniel Cowart, de 20 anos, e Paul Schlesselman, de 18 anos. O último é de West Helena, no Arkansas, uma das localidades mais pobres dos Estados Unidos, onde a maioria da população é negra.

A gravidade da ameaça foi sublinhada pelas autoridades. «Ambos os indivíduos afirmaram que sabiam que iam morrer, e que estavam dispostos a morrer na sua tentativa», assegura Jim Cavanaugh, da agência federal de controlo de armas.

O alvo final da conspiração seria Barack Obama, o candidato presidencial democrata, apesar das autoridades acreditarem que os envolvidos no plano não teriam capacidade para atingir o político afro-americano.

«Mesmo que não passasse de uma tentativa, ia haver um mar de lágrimas no Sul dos Estados Unidos», afirmou Cavanaugh.

Com a detenção dos suspeitos deu-se também a apreensão de armas, cordas, máscaras de ski e indumentária pronta a ser usada na operação.

Fonte: SOL(Portugal)/AP
http://sol.sapo.pt/PaginaInicial/Internacional/Interior.aspx?content_id=114822&tab=community
Foto: Obama na Alemanha(Deutsche Welle)

Foto dos acusados(Cowart e Schlesselman):
http://www.estadao.com.br/internacional/not_int268276,0.htm
http://www.livenews.com.au/Articles/2008/11/14/Skinhead_wants_Obama_assassination_charge_dismissed_jury_too_black

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