Saiu um especial no jornal Público (de Portugal) sobre a presença de portugueses nos campos de concentração nazistas. Como tem muita coisa vou deixar o link da página (sugestão de Tiago Aires) especial do site do Público com as matérias, e abaixo no post um resumo da reportagem. Eu havia salvo um link sobre isso pra postar aqui e citando de memória acho que iria passar um especial na TV mas não afirmo, se eu encontrar link depois (ou alguém tiver, pode deixar nos comentários) depois faço uma atualização do post.
Eis o link principal: Investigação. Portugueses nos campos de concentração
http://publico.pt/revista2/portugueses-nos-campos-de-concentracao
Patrícia Carvalho (textos) e Nelson Garrido (fotografias e vídeo)
A pergunta surgiu depois de uma visita a Auschwitz: seria possível que, de todos os prisioneiros que por ali passaram, de tantos países, nenhum fosse português? Em 2013, fomos à procura da resposta. Durante nove meses, vasculhámos arquivos, analisámos listas de transporte e registos de baptismo, percorremos Portugal e visitámos campos de concentração, bases de dados e familiares de vítimas em França, Alemanha e Polónia. A resposta está dada: houve muitos portugueses enviados para os campos de concentração nazis.
Segundo link: A história nunca contada dos portugueses nos campos de concentração
http://www.publico.pt/portugal/noticia/a-historia-nunca-contada-dos-portugueses-nos-campos-de-concentracao-1659681
Segue abaixo um resumo que é uma matéria do próprio jornal Público.
Investigação inédita detecta 70 portugueses nos campos de concentração nazis
Lusa
27/03/2014 - 22:31
Depois de não ter conseguido apoio da Fundação para a Ciência e Tecnologia, historiador Fernando Rosas vai candidatar-se a financiamento de fundação alemã para desenvolver projecto
Pelo menos 70 portugueses estiveram nos campos de concentração e 300 foram sujeitos a trabalhos forçados durante a Segunda Guerra Mundial, revelou o historiador Fernando Rosas, que lidera a investigação sobre este aspecto desconhecido do passado.
"Há portugueses que se encontram nos campos de concentração nazis, mas que estão nos campos por razões que se desconhecem. Pode ser por serem associais. Há certas categorias cuja punição era o campo de concentração", referiu, acrescentando que foram detectados pelo menos 70 portugueses nos campos de extermínio de Auschwitz e Birkenau."Detectámos, por exemplo, um português de Cascais que é preso em Marselha e enviado para Auschwitz. Porque é que está em Auschwitz? Não é por ser emigrante, porque, quando muito, era obrigado ao trabalho forçado, mas não estaria num campo de concentração. Ou era resistente ou fazia parte daquelas categorias de associais que eram mandados para os campos", explicou Fernando Rosas.
O historiador e ex-dirigente do Bloco de Esquerda lidera um projecto de investigação realizado no âmbito do Instituto de História Contemporânea da Universidade Nova de Lisboa que envolve vários investigadores especializados nas relações luso-alemãs durante este período histórico. "Obtivemos a primeira notícia através das informações que existem nos campos de concentração de que há vários portugueses mortos e o nosso projecto começou por aqui. Depois surgiu-nos a possibilidade de concorrer a um financiamento de uma instituição alemã que está interessada em financiar as investigações sobre o trabalho forçado na Alemanha", acrescentou.
O trabalho forçado no III Reich era feito por diferentes tipos de pessoas: além dos prisioneiros havia pessoal contratado e ainda gente enviada para a Alemanha pelos países ocupados. Fernando Rosas fala nos escravos que trabalhavam para empresas como a IG Faber, por exemplo, em Auschwitz e Birkenau. “Temos a presunção de que havia portugueses nesta situação (…) e vamos à procura deles", afirma. O investigador foi convidado para concorrer ao financiamento de uma fundação alemã, visto não ter conseguido apoio da Fundação para a Ciência e Tecnologia. Para o estudo do trabalho forçado, os historiadores investigam pelo menos duas vias, a primeira através da emigração, porque, segundo Fernando Rosas, "há muita gente emigrada [portugueses] já nessa altura, e muito mais do que se pensa, em França e na Bélgica".
O governo de Vichy (governo colaboracionista francês durante a ocupação nazi, entre 1940 e 1944) é obrigado, a partir de 1942, a trocar prisioneiros de guerra franceses por trabalhadores usando sobretudo emigrantes como moeda de troca. Segundo Fernando Rosas, há várias dezenas de trabalhadores portugueses emigrados que são enviados pelas autoridades colaboracionistas para solo alemão.
Para o historiador, é preciso também estudar o eventual envolvimento do Estado português em todo o processo e tentar saber até que medida houve ou não recrutamento de trabalho forçado em Portugal, tal como aconteceu em Espanha." Uns foram parar aos campos de concentração porque já eram refugiados da Guerra Civil de Espanha e há também os emigrantes que são arrebanhados pelos nazis - quer por contratação directa, quer por troca [de prisioneiros] efectuada pelo Governo francês ", explicou Fernando Rosas.
Uma parte dos portugueses são republicanos que combateram na Guerra Civil de Espanha (1936-1939). Encontravam-se internados nos campos de refugiados no sul de França após a vitória das forças nacionalistas de Francisco Franco e foram levados para os campos de concentração nazis já durante a II Guerra Mundial (1939-1945). Alguns escaparam dos campos de refugiados franceses e quando a França foi ocupada pelos nazis juntam-se à Resistência francesa. Mais tarde foram "presos como resistentes vão para Auschwitz e Birkenau", relata Fernando Rosas.
A existência de portugueses nos campos de extermínio nazis é um assunto até ao momento inédito e nunca estudado, assim como a presença de trabalhadores portugueses como escravos em fábricas na Alemanha, tendo sido referido esta quinta-feira pela primeira vez pela revista Visão.
Fonte: Público (Portugal)/Lusa
http://www.publico.pt/sociedade/noticia/investigacao-inedita-detecta-70-portugueses-nos-campos-de-concentracao-nazis-1630044
Ver mais:
Há 70 portugueses que estiveram nos campos de concentração nazis (Jornal de Notícias, Portugal)
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terça-feira, 1 de julho de 2014
domingo, 10 de fevereiro de 2013
Fantasia lusitana (documentário sobre o fascismo em Portugal)
Fantasia Lusitana é um filme português realizado por João Canijo, no ano de 2010.
Documentário que explora a relação do povo português com os estrangeiros refugiados da segunda guerra mundial, a forma como a sua estadia no nosso país influenciou (ou não) o nosso olhar sobre a guerra, e uma procura pela herança cultural deixada (ou não) pela sua passagem. Uma leitura interpelante da história portuguesa do século XX construída inteiramente a partir de imagens de arquivo e da leitura de testemunhos desses refugiados nas vozes de Hanna Schygulla, Rudiger Vogler e Christian Patey.
O resto do texto (resumo) se encontra aqui.
Documentário que explora a relação do povo português com os estrangeiros refugiados da segunda guerra mundial, a forma como a sua estadia no nosso país influenciou (ou não) o nosso olhar sobre a guerra, e uma procura pela herança cultural deixada (ou não) pela sua passagem. Uma leitura interpelante da história portuguesa do século XX construída inteiramente a partir de imagens de arquivo e da leitura de testemunhos desses refugiados nas vozes de Hanna Schygulla, Rudiger Vogler e Christian Patey.
O resto do texto (resumo) se encontra aqui.
quinta-feira, 20 de setembro de 2012
"O Cônsul de Bordéus" - Um filme faz justiça ao "Schindler português"
Um filme faz justiça ao "Schindler português"
O Cônsul de Bordéus* Sousa Mendes
Foto: Divulgação
O filme hispano-português "O Cônsul de Bordéus" (em francês "Bordeaux") busca fazer justiça à figura do diplomata luso Aristides de Sousa Mendes, um herói convertido em pária em seu país e pouco conhecido no resto do mundo que salvou 34.000 pessoas do nazismo concedendo-lhes vistos para fugir da França ocupada.
A história de Sousa Mendes (Carregal do Sal, 1885 - Lisboa, 1954) é muito menos popular que a de Oskar Schindler, em que pese que o diplomata - também conhecido como o "Schindler português"- resgatou a um número de pessoas 30 vezes maior a do empresário alemão levado ao cinema por Steven Spielberg.
Este "esquecimento histórico" se deveu à vontade dos próprios fugitivos do Holocausto de deixar para trás um traumático passado, mas também ao desprestígio e a defenestração que sofreu Sousa Mendes por parte do regime de Antônio de Oliveira Salazar, explicou hoje à EFE o diretor do filme, João Correa.
Enquanto que Schindler contratou em sua fábrica cerca de 1.100 judeus para ocultá-los das autoridades nazis, Sousa Mendes aproveitou seu cargo como cônsul português em Bordéus (França) para conceder 34.000 vistos - entre eles 10.000 judeus - a pessoas que fugiam das forças ocupantes.
Os sobreviventes que escaparam da França e seus descendentes "não queriam reviver o passado, senão olhar para o futuro", assinalou Correa, a quem contatou alguns deles para preparar o filme que hoje será projetado em Bruxelas.
Grande parte dos judeus que Sousa Mendes concedeu o visto emigraram para os Estados Unidos, entre eles uma parte importante terminou se instalando em Israel. Em 1966, este país lhe concedeu o título de "Justo entre as Nações" em reconhecimento do seu trabalho.
A heroica história de Sousa Mendes, contudo, não teve um final feliz. O diplomata foi privado de seu cargo e de sua pensão, caiu na miséria e morreu em um hospital franciscano de Lisboa, viúvo e com vários de seus filhos tendo emigrado para os EUA.
"É o preço que teve que pagar por desobedecer ao regime de Salazar", disse a EFE o realizador do filme, que acrescentou que "todavia há gente em Portugal hoje em dia que o critica por não ter sido fiel a seu país".
Entre seus críticos também há aqueles que o acusam de se "aproveitar" dos judeus e "lucrar" com a venda de vistos, algo que Correa qualifica de "absurdo", já que nesse caso Sousa Mendes "devia ter ficado milionário, quando na realidade morreu na pobreza".
O diplomata, cristão praticante e de formação humanista, descumpriu a norma portuguesa que impedia a entrada no país de "pessoas indesejáveis" ao conceder cerca de 34 mil vistos a judeus, refugiados apátridas e opositores do nazismo, todos eles em um prazo de somente dez dias em pleno avanço do III Reich.
Mas "O Cônsul de Bordéus" "não é um filme sobre os anos quarenta, senão sobre a memória e sobre o agora", afirmou Correa.
A narrativa começa em 2008 num povoado do norte de Portugal muito próximo à Galícia, quando uma jovem jornalista portuguesa entrevista um ancião diretor de orquestra chamado Francisco de Almeida.
A jornalista descobre que o músico de sobrenome português nasceu na realidade na Polônia e trocou de nome para escapar da invasão nazi em 1940 indo para a Venezuela, via Bordéus e com ajuda do cônsul português.
O espectador é então trasladado à época da II Guerra Mundial e entra na história de Sousa Mendes "através dos olhos de um jovem judeu de 14 anos" (a quem se converteria mais tarde em Francisco de Almeida), relatou o diretor.
O filme, financiado pelo Ministério espanhol de Educação e Cultura no marco do programa Ibermedia, já pode ser visto nos festivais franceses de Cannes e de Biarritz e fora projetado também em todos os museus do Holocausto do mundo, segundo anunciou Correa.
O diretor apresentará amanhã o filme em Bruxelas em uma projeção organizada pelas embaixadas de Espanha e Portugal na capital belga.
"O Cônsul de Bordéus" estreará no próximo dia 8 de novembro em Portugal, e os produtores estão negociando atualmente sua distribuição na Espanha, França e Brasil, entre outros países.
20 de setembro de 2012 • 09:35 • atualizado a las 11:11
Fonte: EFE/Terra
http://entretenimiento.terra.com.co/cine/una-pelicula-hace-justicia-al-schindler-portugues,34250fad4c3e9310VgnVCM10000098cceb0aRCRD.html
Tradução: Roberto Lucena
Ver mais:
Un filme hace justicia al «Schindler portugués», que salvó a 34.000 personas (ABC)
*Observação: em português o nome da cidade Bordeaux (em francês) na França é Bordéus, o uso da palavra em francês como se fosse a grafia certa em português não é correto. Depois de publicar esta matéria no dia 20.09.2012 traduzida de uma matéria em espanhol apareceu uma matéria traduzida em português muito parecida com o nome da cidade com a grafia em francês e não em português.
O Cônsul de Bordéus* Sousa Mendes
Foto: Divulgação
O filme hispano-português "O Cônsul de Bordéus" (em francês "Bordeaux") busca fazer justiça à figura do diplomata luso Aristides de Sousa Mendes, um herói convertido em pária em seu país e pouco conhecido no resto do mundo que salvou 34.000 pessoas do nazismo concedendo-lhes vistos para fugir da França ocupada.
A história de Sousa Mendes (Carregal do Sal, 1885 - Lisboa, 1954) é muito menos popular que a de Oskar Schindler, em que pese que o diplomata - também conhecido como o "Schindler português"- resgatou a um número de pessoas 30 vezes maior a do empresário alemão levado ao cinema por Steven Spielberg.
Este "esquecimento histórico" se deveu à vontade dos próprios fugitivos do Holocausto de deixar para trás um traumático passado, mas também ao desprestígio e a defenestração que sofreu Sousa Mendes por parte do regime de Antônio de Oliveira Salazar, explicou hoje à EFE o diretor do filme, João Correa.
Enquanto que Schindler contratou em sua fábrica cerca de 1.100 judeus para ocultá-los das autoridades nazis, Sousa Mendes aproveitou seu cargo como cônsul português em Bordéus (França) para conceder 34.000 vistos - entre eles 10.000 judeus - a pessoas que fugiam das forças ocupantes.
Os sobreviventes que escaparam da França e seus descendentes "não queriam reviver o passado, senão olhar para o futuro", assinalou Correa, a quem contatou alguns deles para preparar o filme que hoje será projetado em Bruxelas.
Grande parte dos judeus que Sousa Mendes concedeu o visto emigraram para os Estados Unidos, entre eles uma parte importante terminou se instalando em Israel. Em 1966, este país lhe concedeu o título de "Justo entre as Nações" em reconhecimento do seu trabalho.
A heroica história de Sousa Mendes, contudo, não teve um final feliz. O diplomata foi privado de seu cargo e de sua pensão, caiu na miséria e morreu em um hospital franciscano de Lisboa, viúvo e com vários de seus filhos tendo emigrado para os EUA.
"É o preço que teve que pagar por desobedecer ao regime de Salazar", disse a EFE o realizador do filme, que acrescentou que "todavia há gente em Portugal hoje em dia que o critica por não ter sido fiel a seu país".
Entre seus críticos também há aqueles que o acusam de se "aproveitar" dos judeus e "lucrar" com a venda de vistos, algo que Correa qualifica de "absurdo", já que nesse caso Sousa Mendes "devia ter ficado milionário, quando na realidade morreu na pobreza".
O diplomata, cristão praticante e de formação humanista, descumpriu a norma portuguesa que impedia a entrada no país de "pessoas indesejáveis" ao conceder cerca de 34 mil vistos a judeus, refugiados apátridas e opositores do nazismo, todos eles em um prazo de somente dez dias em pleno avanço do III Reich.
Mas "O Cônsul de Bordéus" "não é um filme sobre os anos quarenta, senão sobre a memória e sobre o agora", afirmou Correa.
A narrativa começa em 2008 num povoado do norte de Portugal muito próximo à Galícia, quando uma jovem jornalista portuguesa entrevista um ancião diretor de orquestra chamado Francisco de Almeida.
A jornalista descobre que o músico de sobrenome português nasceu na realidade na Polônia e trocou de nome para escapar da invasão nazi em 1940 indo para a Venezuela, via Bordéus e com ajuda do cônsul português.
O espectador é então trasladado à época da II Guerra Mundial e entra na história de Sousa Mendes "através dos olhos de um jovem judeu de 14 anos" (a quem se converteria mais tarde em Francisco de Almeida), relatou o diretor.
O filme, financiado pelo Ministério espanhol de Educação e Cultura no marco do programa Ibermedia, já pode ser visto nos festivais franceses de Cannes e de Biarritz e fora projetado também em todos os museus do Holocausto do mundo, segundo anunciou Correa.
O diretor apresentará amanhã o filme em Bruxelas em uma projeção organizada pelas embaixadas de Espanha e Portugal na capital belga.
"O Cônsul de Bordéus" estreará no próximo dia 8 de novembro em Portugal, e os produtores estão negociando atualmente sua distribuição na Espanha, França e Brasil, entre outros países.
20 de setembro de 2012 • 09:35 • atualizado a las 11:11
Fonte: EFE/Terra
http://entretenimiento.terra.com.co/cine/una-pelicula-hace-justicia-al-schindler-portugues,34250fad4c3e9310VgnVCM10000098cceb0aRCRD.html
Tradução: Roberto Lucena
Ver mais:
Un filme hace justicia al «Schindler portugués», que salvó a 34.000 personas (ABC)
*Observação: em português o nome da cidade Bordeaux (em francês) na França é Bordéus, o uso da palavra em francês como se fosse a grafia certa em português não é correto. Depois de publicar esta matéria no dia 20.09.2012 traduzida de uma matéria em espanhol apareceu uma matéria traduzida em português muito parecida com o nome da cidade com a grafia em francês e não em português.
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