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segunda-feira, 20 de outubro de 2014

Criminosos nazistas receberam pensão do governo dos EUA

Martin Hartmann é um dos que deixaram os EUA
e podem ainda estar recebendo pensão
O governo dos Estados Unidos pagou milhões de dólares em pensões a dezenas de suspeitos de serem criminosos de guerra nazistas, após forçá-los a deixar o país, segundo investigação da agência Associated Press.

Os pagamentos foram realizados graças a uma brecha legal. Alguns dos suspeitos recebem pensão até hoje.

Entre eles estão pessoas suspeitas de terem atuado como guardas em campos de concentração nazistas.

O Departamento de Justiça dos EUA afirma que os benefícios são pagos a indivíduos que renunciam à cidadania americana e deixam o país voluntariamente. Mas o fato de dinheiro público ter sido usado para isso tem causado protestos.

A congressista democrata Carolyn Maloney, que integra um comitê de reforma governamental, pediu que o caso seja investigado, por se tratar de um "mau uso grosseiro de dinheiro dos contribuintes", e que essa brecha legal seja corrigida por novas leis.

Suspeitos

Departamento de Justiça diz que benefício é pago a
indivíduos que renunciam à cidadania americana;
acima, Jakob Denzinger
Acredita-se que quatro suspeitos de crimes durante a 2ª Guerra Mundial ainda estejam recebendo o benefício previdenciário. Um deles é um ex-guarda da SS (organização nazista que atuava como serviço de inteligência e protegia os campos de concentração) Martin Hartmann, que já admitiu seu passado nazista; o outro é Jakob Denzinger, ex-segurança do campo de Auschwitz.

Há relatos de que Hartmann tenha se mudado para Berlim em 2007, depois de ter morado no Estado americano do Arizona, e de que Denzinger tenha trocado Ohio pela Alemanha em 1989. Hoje ele vive na Croácia.

O pagamento de pensões supostamente permite que o Escritório de Investigações Especiais do Departamento de Justiça evite longos processos de deportação e expulse mais suspeitos nazistas dos EUA.

Segundo a investigação da AP, ao menos 38 de 66 suspeitos nazistas que deixaram os EUA continuaram recebendo o pagamento de pensões.

Em comunicado, o porta-voz do Departamento de Justiça, Peter Carr, disse que em 1979 o Congresso dos EUA ordenou a expulsão de criminosos nazistas "o mais rápido possível" para países onde eles pudessem ser processados criminalmente.

"Sob as leis existentes nos EUA, todos os benefícios de aposentadoria são extintos se alguém é expulso do país por ordem judicial", declarou. "No entanto, se um indivíduo renuncia à cidadania americana e deixa o país voluntariamente, eles podem continuar a receber os benefícios de seguridade social."

Fonte: BBC Brasil
http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2014/10/141020_nazistas_eua_pensao_pai.shtml

quinta-feira, 16 de outubro de 2014

E se o Holocausto foi pior do que pensamos? (Enciclopédia USHMM)

Auschwitz, Treblinka e o gueto de Varsóvia simbolizam o Holocausto na memória coletiva. Mas estes lugares não contam toda a história da perseguição nazi aos judeus. Por mais brutais que tenham sido, eles representam apenas uma fração minúscula do sistema de detenção, tortura e morte

Roupas e sapatos de campos de concentração no Museu do Holocausto em Washington, cujo projecto
de investigação ainda vai a meio. Nem todos os 42.500 locais tinham como objectivo o extermínio
de pessoas: o projecto contabilizou mais de 30 mil campos de trabalhos forçados, 1150 guetos judeus,
980 campos de concentração, mil campos de prisioneiros de guerra, 500 bordéis
Jim Young / Reuters
Há 13 anos, quando investigadores do Museu do Holocausto em Washington iniciaram o projeto de documentar exaustivamente todos os campos de concentração, prisões, guetos e centros de trabalhos forçados estabelecidos pelos nazis entre 1933 e 1945, foi-lhes dado uma estimativa de que teriam existido entre cinco e sete mil desses lugares. Os números não pararam de aumentar ao longo dos anos, à medida que avançaram a sua pesquisa. Até agora, os investigadores conseguiram identificar 42.500 desses lugares, um número que chocou até académicos ligados ao estudo do Holocausto quando foi anunciado no Instituto Histórico Alemão em Washington, em Janeiro.

"Se alguém me perguntasse quantos destes lugares existiram, eu teria dito 7000, 8000, 10 mil - 15 mil, no máximo. 42.500 é um número que nunca me teria passado pela cabeça", diz ao PÚBLICO Deborah Lipstadt, historiadora do Holocausto e professora na Emory University em Atlanta.

Geoffrey Megargee, o coordenador da investigação do Museu do Holocausto, admite que o número possa vir a aumentar porque o projeto ainda vai a meio. A data prevista de conclusão é 2025.

A descoberta mostra até que ponto a história do Holocausto ainda está a ser escrita, 68 anos depois do fim da II Guerra, que revelou ao resto do mundo a existência dos campos de concentração. O novo número oferece um retrato mais complexo e disseminado do horror nazi, um sistema por onde terão passado entre 15 e 20 milhões de pessoas, segundo as estimativas dos investigadores, e não apenas judeus, mas também outros grupos étnicos, homossexuais e prisioneiros de guerra. E, sublinha Megargee, o número de vítimas - seis milhões de judeus mortos - permanece inalterado.

"O Holocausto acaba de tornar-se mais chocante", escreveu o New York Times no início deste mês, quando publicou uma notícia sobre a nova contagem dos investigadores do Museu do Holocausto. "Quando uma pessoa lê isso, pensa: "O quê??? Isso é impossível!", diz Deborah Lipstadt. "Isto não muda as coisas, mas vem reforçar o que nós, que trabalhamos nesta área, já tínhamos constatado: que quando existem 42.500 diferentes campos, instalações, o que lhes quiser chamar, é virtualmente impossível que as pessoas na Alemanha e nos países alinhados não soubessem o que se estava a passar."

Essa também é a conclusão de Geoffrey Megargee. "Quando chegamos a um número como este, as pessoas podiam não saber os detalhes do que estava a acontecer nalguns destes lugares, podiam não estar cientes da sua escala, podiam não saber quantos judeus é que estavam a ser mortos na Europa de Leste, mas literalmente era impossível dobrar uma esquina na Alemanha sem encontrar centros de detenção de prisioneiros de guerra ou campos de concentração com trabalhadores forçados. As pessoas sabiam que os direitos humanos estavam a ser violados, se quisessem pensar no assunto. Podem ter preferido não ver os piores aspectos do sistema. Mas até certo ponto, o sistema estava à frente dos olhos de toda a gente."

Só em Berlim, os investigadores identificaram três mil campos de concentração e casas de reclusão para judeus. Nem todos os 42.500 lugares tinham como objetivo o extermínio de pessoas. Eles variavam em termos de função, organização e tamanho, conforme as necessidades dos nazis. Megargee e o seu colega Martin Dean contabilizaram mais de 30 mil campos de trabalhos forçados, 1150 guetos judeus, 980 campos de concentração, mil campos de prisioneiros de guerra, 500 bordéis onde as mulheres eram obrigadas a ter relações sexuais com militares alemães. Megargee nota que havia campos "especiais" de trabalhos forçados para judeus e campos de trabalhos forçados especificamente para não-judeus destinados a ajudar a economia alemã durante a guerra. As experiências podiam variar imenso. "Um prisioneiro de guerra americano ou um britânico tinha condições relativamente aceitáveis - e quero sublinhar a palavra "relativamente"", diz Megargee, porque, por regra, os campos onde se encontravam eram fiscalizadas pela Cruz Vermelha Internacional que, entre outras coisas, fazia chegar remessas alimentares.

"Mas no outro extremo dos prisioneiros de guerra estavam os soviéticos: 60% dos soldados soviéticos capturados pelos alemães morreram ou de fome, ou devido a abusos ou porque foram mortos."

Os investigadores também identificaram 100 clínicas, dirigidas por pessoal médico: quando uma trabalhadora forçada engravidava, era enviada para um destes estabelecimentos, onde era obrigada a abortar. Nos casos em que as mulheres davam à luz, os bebês eram mortos, normalmente por um lento processo de subnutrição. Em qualquer dos casos, a mulher regressava para o campo de trabalhos forçados.

"As pessoas perguntam-me: "Por que é que os alemães estavam a fazer isto quando tinham uma guerra para combater?" E a resposta é que isto fazia parte da guerra que estavam a combater. Eliminar os judeus era um objetivo de guerra para eles, não era uma distração", diz Geoffrey Megargee.

Levantamento exaustivo

Muitos dos lugares documentados pelos investigadores eram previamente conhecidos, mas apenas a nível local. Mas este é o primeiro levantamento exaustivo, que procura reunir toda essa informação num mesmo projeto.

O objetivo é catalogar tudo numa enciclopédia de sete volumes, dois dos quais já foram publicados e contêm cerca de duas mil páginas cada. O segundo volume, sobre guetos na Europa de Leste, contém cerca de 320 lugares cuja existência nunca tinha sido documentada em nenhuma publicação.

Sam Dubbin, um advogado da Florida que representa a maior organização de sobreviventes do Holocausto nos Estados Unidos, a Holocaust Survivors Foundation USA, nota ao PÚBLICO que há casos de sobreviventes a quem foram negadas compensações por não haver qualquer registro do lugar onde dizem ter sido encarcerados ou sujeitos a trabalhos forçados. Dubbin acredita que o trabalho dos investigadores do Museu do Holocausto pode ajudar a reparar essa lacuna. Segundo este advogado, muitos destes lugares permaneceram longe do conhecimento público durante tanto tempo porque havia entidades interessadas em manter essa informação secreta - companhias de seguros que protegiam os bens e propriedades que foram confiscados aos judeus, os Governos alemão e de países colaboracionistas - para não terem de pagar indenizações às vítimas do nazismo.

É uma tese que Deborah Lipstadt não rejeita inteiramente, mas considera algo exagerada. "Detesto teorias da conspiração. Passei grande parte da minha vida a lutar contra pessoas que difundem teorias da conspiração", diz, referindo-se aos revisionistas que negam o Holocausto. "Eu diria que é muito provável que tenha havido instituições, organizações, até mesmo organismos governamentais que não viram qualquer benefício em ter essa informação cá fora. Agora, quer isso dizer que havia pessoas sentadas sobre essa informação, a tentar escondê-la? Não me parece."

Geoffrey Megargee diz que começou por pensar no projeto como qualquer acadêmico pensaria. "Achei que a enciclopédia seria muito valiosa enquanto obra de referência, ponto. Mas quando saiu o primeiro volume, fiz uma apresentação no museu a um grupo de sobreviventes e houve um deles que se levantou, pôs a mão sobre o livro e disse: "Este é um livro sagrado." Para os sobreviventes, é muito importante que alguém esteja finalmente a documentar todos estes milhares de lugares que, de outra forma, estariam condenados ao esquecimento."

Kathleen Gomes, Washington
17/03/2013 - 00:00

Fonte: Público (Portugal)
http://www.publico.pt/culturaipsilon/jornal/e-se-o-holocausto-foi-pior-do-que-pensamos-26233035#/0

Ver mais:
O Holocausto ainda mais chocante: catalogaram 42.500 campos nazis na Europa (Matéria do New York Times)

segunda-feira, 7 de julho de 2014

Os selfies de Auschwitz. A banalização da memória

Os selfies que consternaram a comunidade judaica
Por Boris Leonardo Caro | Blog de Noticias – mar, 1 jul 2014

Os adolescentes posam na entrada de Auschwitz,
como se fossem um grupo pop
Um garoto posa no Memorial do Holocausto em Berlim e destaca seus tênis New Balance com uma hashtag. Outro casal de adolescentes, em frente ao campo de concentração de Dachau, na Alemanha, presume de seus abrigos comprados em Zara. Garotas sorridentes, com polegares pra cima, gestos sedutores, em Auschwitz, em Treblinka, nos lugares onde o nazismo exterminou milhões de pessoas há pouco mais de meio século.

Essas imagens, muitas tiradas por jovens judeus durante suas viagens escolares para render tributo às vítimas do Holocausto, consternaram o público em Israel e em outros países com presença da diáspora judaica. Nessa nação do Mediterrâneo oriental as opiniões dividiram entre aqueles que fustigam o narcisismo desavergonhado das novas gerações e outras vozes que consideram o fato uma expressão lógica da comunicação desta época.

Quando as palavras esvaziam a história

"De certa maneira não é culpa desses garotos", disse ao The New Yorker a criadora da página no Facebook "Com minhas melhores amigas em Auschwitz", que apresentava uma coleção de selfies publicados no Instagram pelos jovens turistas. A exibição dessas imagens, acompanhadas por sarcásticos pies de fotos, fez estourar o debate em Israel.

"Muitos políticos usam cinicamente o Holocausto para fazer avançar seus próprios interesses", assinalou a revista estadunidense. No seu entendimento, o tema do extermínio judeu tem sido utilizado também pelo primeiro-ministro Benjamin Netanyahu como moeda corrente em sua retórica nacionalista.

Os políticos têm usado a memória do Holocausto para
exacerbar o nacionalismo israelense. (EFE/Abir Sultan)
Algumas vozes em Israel questionaram a intenção política desses périplos escolares pelos campos de concentração, que contribuíram para exacerbar a paranoia e o nacionalismo nos jovens, em especial nos homens obrigados a prestar serviço militar desde os 18 anos.

A página no Facebook foi desativada na quarta-feira passada, mas sua autora considera que cumpriu seu objetivo. "Aqueles que não entenderam a mensagem até agora, provavelmente nunca a compreenderão", disse a The New Yorker.

A beleza de um povo sobrevivente

Contudo, nem todos compartilham da visão apocalíptica de uma juventude indiferente à história. Sharna Marcus, uma professora que organizou viagens de estudantes estadunidenses à Polônia e Alemanha, escreveu sobre como os professores devem ensinar seus alunos qual é a conduta correta nos lugares onde ocorreu o Holocausto.

"Se os adolescentes posam de maneira inapropriada para inumeráveis selfies, temos que lhes exigir, se for necessário, que se comportem com um pouco mais de decoro", assinalou no site Jewish Philanthropy. Para Marcus, publicar fotos nas mídias sociais é simplesmente a forma de comunicação de muitos desses garotos.

Milhares de jovens judeus viajam a cada ano à Europa
para honrar as vítimas do Holocausto.
(Foto AP/Czarek Sokolowski)
"O sorriso dos adolescentes judeus em Auschwitz, frente ao letreiro Arbeit Macht Frei (o trabalho liberta) irradia certa beleza. Apesar do empenho de Hitler, o povo judeu segue aqui e o estará para sempre", assegurou.

O útil tormento da fotografia

Deveriam proibir fotografias nesses monumentos que recordam o extermínio executado pelos nazis? A jornalista estadunidense Leah Finnegan crê que não. "Devemos seguir publicando - e compartilhando - imagens dos lugares onde ocorreu o horror até que esses lugares inevitavelmente se desintegrem", escreveu que no website The Awl.

Finnegan recordou uma frase da escritora norte-americana Susan Sontag: "As narrativas nos faz compreender. A fotografia faz algo a mais: nos atormenta".

Os jovens que hoje apagam por vergonha seus festivos selfies nos campos de concentração, logo sentirão a repreensão em suas consciências por terem atuado com trivialidade no local onde era necessário ter moderação, guardarão essa experiência em sua memória. Os políticos passam, os cursos de história mudam, mas dificilmente a impressão de genocídios como o perpetrado pelos nazis desaparece. Cada foto, profunda ou superficial - como o espírito de qualquer adolescente - contribui para essa perpetuação.

Fonte: Yahoo! en español
https://es-us.noticias.yahoo.com/blogs/blog-de-noticias/los-selfies-que-han-consternado-a-la-comunidad-jud%C3%ADa-151835992.html
Tradução: Roberto Lucena

Observação 1: depois farei um post sobre essa Marcha da Vida (ou "Marcha pela vida") pois a matéria acima toca diretamente nela e comenta os efeitos colaterais que a mesma está provocando como essa banalização descrita acima, já que acho que é melhor tratar a questão num post à parte. Além da questão do uso da memória histórica com uma retórica nacionalista. Destaco isso pois há posts muito antigos no blog sobre esse evento sem uma análise ou crítica sobre o mesmo já que na época que esses assuntos vieram à tona não havia muita informação sobre esses eventos e nem os questionamento ou denúncias mencionadas no texto acima. Assisti um documentário crítico a essas marchas e a mais questões que envolvem esses assuntos (que os "revis" divulgam como se fosse filme "revisionista" mas não é) e a impressão causada pelo evento no filme não foi das 'melhores' (pra não dizer logo que foi péssima).

Observação 2: curioso como esses blogs do Yahoo! em espanhol têm conteúdo jornalístico bom e razoável enquanto a versão brasileira dele é uma coisa pavorosa de se ler e ver. E por favor, sem a desculpa esfarrapada habitual de que "é o povo que quer ver isso", o povo quer ver isso coisa alguma, há uma imposição de conteúdo de quinta categoria à população no Brasil por boa parte da mídia do país, estrangeira ou nativa, e as reclamações não são isoladas vide os comentários constantes reclamando desse tipo de conteúdo lixo no Yahoo! brasileiro, TVs, jornais etc.

Pergunta ao site Yahoo!: vão continuar com essa política de fornecer porcaria aos brasileiros até quanto? Essa desculpa de que o povo "gosta" de ver isso é balela, sempre foi, essa desculpa sempre foi uma justificativa pra continuar impondo esse tipo de conteúdo lixo sem que o povo se rebele e boicote esses sites, TVs e cia, isso é imposto de cima pra baixo, embora o certo fosse o povo boicotar esses sites até que eles mudassem esse tipo de política e tratasse com respeito o público brasileiro. Ou muda ou deixem eles fecharem. Acho a prática do boicote válida, é uma manifestação pacífica e consciente e que bate onde "dói". Uma mesma empresa estrangeira que atua no Brasil e outros países fornecer conteúdo bom pro público espanhol e fornecer porcaria pro público brasileiro é no mínimo algo "curioso".

terça-feira, 1 de julho de 2014

Portugueses nos campos de concentração nazis (Especial)

Saiu um especial no jornal Público (de Portugal) sobre a presença de portugueses nos campos de concentração nazistas. Como tem muita coisa vou deixar o link da página (sugestão de Tiago Aires) especial do site do Público com as matérias, e abaixo no post um resumo da reportagem. Eu havia salvo um link sobre isso pra postar aqui e citando de memória acho que iria passar um especial na TV mas não afirmo, se eu encontrar link depois (ou alguém tiver, pode deixar nos comentários) depois faço uma atualização do post.

Eis o link principal: Investigação. Portugueses nos campos de concentração
http://publico.pt/revista2/portugueses-nos-campos-de-concentracao

Patrícia Carvalho (textos) e Nelson Garrido (fotografias e vídeo)
A pergunta surgiu depois de uma visita a Auschwitz: seria possível que, de todos os prisioneiros que por ali passaram, de tantos países, nenhum fosse português? Em 2013, fomos à procura da resposta. Durante nove meses, vasculhámos arquivos, analisámos listas de transporte e registos de baptismo, percorremos Portugal e visitámos campos de concentração, bases de dados e familiares de vítimas em França, Alemanha e Polónia. A resposta está dada: houve muitos portugueses enviados para os campos de concentração nazis.

Segundo link: A história nunca contada dos portugueses nos campos de concentração
http://www.publico.pt/portugal/noticia/a-historia-nunca-contada-dos-portugueses-nos-campos-de-concentracao-1659681

Segue abaixo um resumo que é uma matéria do próprio jornal Público.

Investigação inédita detecta 70 portugueses nos campos de concentração nazis
Lusa

27/03/2014 - 22:31

Depois de não ter conseguido apoio da Fundação para a Ciência e Tecnologia, historiador Fernando Rosas vai candidatar-se a financiamento de fundação alemã para desenvolver projecto

Pelo menos 70 portugueses estiveram nos campos de concentração e 300 foram sujeitos a trabalhos forçados durante a Segunda Guerra Mundial, revelou o historiador Fernando Rosas, que lidera a investigação sobre este aspecto desconhecido do passado.

"Há portugueses que se encontram nos campos de concentração nazis, mas que estão nos campos por razões que se desconhecem. Pode ser por serem associais. Há certas categorias cuja punição era o campo de concentração", referiu, acrescentando que foram detectados pelo menos 70 portugueses nos campos de extermínio de Auschwitz e Birkenau."Detectámos, por exemplo, um português de Cascais que é preso em Marselha e enviado para Auschwitz. Porque é que está em Auschwitz? Não é por ser emigrante, porque, quando muito, era obrigado ao trabalho forçado, mas não estaria num campo de concentração. Ou era resistente ou fazia parte daquelas categorias de associais que eram mandados para os campos", explicou Fernando Rosas.

O historiador e ex-dirigente do Bloco de Esquerda lidera um projecto de investigação realizado no âmbito do Instituto de História Contemporânea da Universidade Nova de Lisboa que envolve vários investigadores especializados nas relações luso-alemãs durante este período histórico. "Obtivemos a primeira notícia através das informações que existem nos campos de concentração de que há vários portugueses mortos e o nosso projecto começou por aqui. Depois surgiu-nos a possibilidade de concorrer a um financiamento de uma instituição alemã que está interessada em financiar as investigações sobre o trabalho forçado na Alemanha", acrescentou.

O trabalho forçado no III Reich era feito por diferentes tipos de pessoas: além dos prisioneiros havia pessoal contratado e ainda gente enviada para a Alemanha pelos países ocupados. Fernando Rosas fala nos escravos que trabalhavam para empresas como a IG Faber, por exemplo, em Auschwitz e Birkenau. “Temos a presunção de que havia portugueses nesta situação (…) e vamos à procura deles", afirma. O investigador foi convidado para concorrer ao financiamento de uma fundação alemã, visto não ter conseguido apoio da Fundação para a Ciência e Tecnologia. Para o estudo do trabalho forçado, os historiadores investigam pelo menos duas vias, a primeira através da emigração, porque, segundo Fernando Rosas, "há muita gente emigrada [portugueses] já nessa altura, e muito mais do que se pensa, em França e na Bélgica".

O governo de Vichy (governo colaboracionista francês durante a ocupação nazi, entre 1940 e 1944) é obrigado, a partir de 1942, a trocar prisioneiros de guerra franceses por trabalhadores usando sobretudo emigrantes como moeda de troca. Segundo Fernando Rosas, há várias dezenas de trabalhadores portugueses emigrados que são enviados pelas autoridades colaboracionistas para solo alemão.

Para o historiador, é preciso também estudar o eventual envolvimento do Estado português em todo o processo e tentar saber até que medida houve ou não recrutamento de trabalho forçado em Portugal, tal como aconteceu em Espanha." Uns foram parar aos campos de concentração porque já eram refugiados da Guerra Civil de Espanha e há também os emigrantes que são arrebanhados pelos nazis - quer por contratação directa, quer por troca [de prisioneiros] efectuada pelo Governo francês ", explicou Fernando Rosas.

Uma parte dos portugueses são republicanos que combateram na Guerra Civil de Espanha (1936-1939). Encontravam-se internados nos campos de refugiados no sul de França após a vitória das forças nacionalistas de Francisco Franco e foram levados para os campos de concentração nazis já durante a II Guerra Mundial (1939-1945). Alguns escaparam dos campos de refugiados franceses e quando a França foi ocupada pelos nazis juntam-se à Resistência francesa. Mais tarde foram "presos como resistentes vão para Auschwitz e Birkenau", relata Fernando Rosas.

A existência de portugueses nos campos de extermínio nazis é um assunto até ao momento inédito e nunca estudado, assim como a presença de trabalhadores portugueses como escravos em fábricas na Alemanha, tendo sido referido esta quinta-feira pela primeira vez pela revista Visão.

Fonte: Público (Portugal)/Lusa
http://www.publico.pt/sociedade/noticia/investigacao-inedita-detecta-70-portugueses-nos-campos-de-concentracao-nazis-1630044

Ver mais:
Há 70 portugueses que estiveram nos campos de concentração nazis (Jornal de Notícias, Portugal)

quinta-feira, 14 de março de 2013

Estudos provam existência de sete vezes mais campos nazistas

Segue abaixo um texto da DW, em português, mais completo sobre a matéria que saiu no NY Times (publicado aqui). Na falta da tradução da matéria do NY Times, esses dois textos (este e o do link anterior) dão pro gasto. Pra quem quiser ler um texto em inglês sobre o assunto, confiram o texto 42,500 Camps and Ghettos do Roberto Muehlenkamp no blog Holocaust Controversies.

Estudos provam existência de sete vezes mais campos nazistas

Segundo pesquisas, existiam 42.500 campos durante o período nazista na Europa – número sete vezes maior do que se supunha até hoje. A afirmação de que os alemães "de nada sabiam" torna-se, assim, mais absurda que nunca.

"Acho surpreendente que, 70 anos depois do fim da Guerra, continuem sendo encontrados novos tipos de campos, assim como novos testemunhos pessoais sobre o Holocausto", diz o historiador norte-americano Martin Dean, do Museu Memorial do Holocausto, em Washington. Há 13 anos, ele coleta dados sobre o tema, pesquisados por historiadores de toda a Europa, Israel e EUA, em trabalhos individuais e divulgados em suas respectivas localidades e regiões, mas que não haviam sido reunidos numa abordagem geral até agora.

O interesse de Dean é reunir todo esse material. E é exatamente isso que faz os resultados de suas pesquisas serem tão peculiares: a equipe de estudiosos do Museu em Washington constatou que a densidade de campos nazistas era muito maior do que se supunha até agora. Segundo as novas estimativas, havia na Europa em torno de 42.500 campos. Até então, as pesquisas apontavam um total de 7 mil campos.

30 mil campos de trabalho forçado
Sobreviventes de Auschwitz, com números tatuados no braço

As pesquisas de Dean causaram furor. Depois de um relato do New York Times a respeito, veio uma verdadeira avalanche de reportagens em outros jornais. E de súbito foi ficando claro que, em toda a Europa, muita gente esteve confinada pelo regime nazista, com frequência em condições sub-humanas. Tortura e fome eram quotidiano para os 20 milhões de prisioneiros de muitos campos.

Esses campos na Europa desempenhavam funções distintas: 30 mil deles eram destinados a trabalhos forçados. Existiam ainda 1.150 guetos de judeus, 980 campos de concentração, mil campos de prisioneiros de guerra e 500 bordéis de prostituição forçada.

Além desses, havia diversos campos voltados para a "germanização" dos prisioneiros, ou seja, sua "educação ariana". Neles, as mulheres eram forçadas a abortar, doentes psíquicos eram mortos como forma de "eutanásia", e prisioneiros reunidos para serem transportados para os campos de extermínio.

Campo multifuncional

Dean e sua equipe dedicam-se sobretudo no momento à pesquisa dos campos de prisioneiros de guerra e trabalho forçado. Trata-se de um trabalho árduo, pois o material permanece, mesmo 70 anos depois do fim da Guerra, de difícil compilação. Em vários casos, os campos foram usados durante alguns meses com determinados objetivos e depois mudavam de função.

Segundo os pesquisadores, esse era o caso, por exemplo, do "campo de educação para o trabalho", liderado pela Gestapo. Em primeira linha, esses locais tinham por meta "disciplinar" as forças de trabalho. No entanto, eram muitas vezes usados para outros fins, como, por exemplo, como campos de punição para civis poloneses. Ou como estação transitória para judeus italianos, a caminho dos campos de concentração.
Campo de concentração Auschwitz-Monowitz

"Quando, como pesquisador, se descreve apenas uma função do campo, isso não é bem exato", explica Dean em entrevista à DW. Todo campo tem sua própria história. Generalizações são praticamente impossíveis. Com a existência de 42.500 campos, essa é uma área de pesquisa de amplíssimas proporções para os historiadores.

Mas nem só acadêmicos e pesquisadores devem se colocar frente a essas perguntas. Muitos alemães poderão, diante dessas informações, questionar as gerações anteriores a respeito: como pode ter sido possível os antepassados não terem sabido nada a respeito de quase 43 mil campos espalhados pela Europa? Era possível simplesmente ignorar 30 mil campos de trabalho forçado? Uma premissa que o historiador Dean aponta como muito improvável.

Parte do dia a dia durante a guerra

Os cientistas alemães não estão surpresos com os resultados das pesquisas de Dean. O historiador Christoph Dieckmann, do Instituto Fritz Bauer, situado em Frankfurt, apoiou a equipe norte-americana nesse projeto de pesquisa. Há pouco, ele recebeu o Prêmio Internacional do Livro do Memorial Yad-Vashem, por seu trabalho sobre o Holocausto.

"As pesquisas dos EUA confirmam que a existência dos campos fazia parte do dia a dia da guerra", diz Dieckmann. "E se perguntarmos a nossos avós, todas eles com certeza conheciam trabalhadores forçados", afirma o historiador. Entre 1943 e 1944, os trabalhadores forçados perfaziam entre 20% e 30% de toda a força de trabalho do Reich alemão, e a maioria deles vivia confinada.

Dieckmann não se surpreende que esse capítulo da história alemã seja raramente tratado em público. Como apontam os pesquisadores norte-americanos, havia também mais de 500 bordéis da Wehrmacht, as Forças Armadas nazistas, nos quais jovens eram forçadas à prostituição. "A Wehrmacht era formada pelos nossos avôs", diz o historiador. "E por acaso os nossos avôs contaram algo a respeito dos bordéis? Não!"

Entender a trajetória do Holocausto
Christoph Dieckmann, do Instituto Fritz Bauer, Frankfurt

Dieckmann é especialsita em pesquisas sobre a Lituânia durante o período nazista. Ele constatou que no país havia mais de 100 guetos de judeus, muito mais do que o estimado até agora. Os alemães amontoaram mais de 100 mil pessoas ali, sem qualquer plano do que fazer com elas, ou seja, sem saber como alimentá-las ou vigiá-las.

As administrações alemã e lituana estavam sobrecarregadas, afirma Dieckmann. E os efeitos disso eram fatais: os ocupadores definiram que os judeus seriam considerados "inimigos do Reich alemão" e ignoravam seu direito à vida. Até outubro de 1941, aqueles que viviam no interior da Lituânia eram mortos nas cidades onde se encontravam. Em seguida, começou a deportação planejada dos judeus de toda a Europa para os campos de extermínio.

Autora: Clara Walther (sv)
Revisão: Augusto Valente

Fonte: Deutsche Welle (Alemanha)
http://www.dw.de/estudos-provam-exist%C3%AAncia-de-sete-vezes-mais-campos-nazistas/a-16655865

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

Caso Kalymon (guarda ucraniano)

Os processos de deportação contra John Kalymon, um ucraniano guarda de polícia em Lviv(Leópolis), que está em curso há vários anos, produziu um julgamento legal que pode ser lido aqui. A descoberta fundamental é de que há documentos nos quais Kalymon foi responsável por uso de munição, afirmando que ele atirou em judeus. Cito estes trechos abaixo para indicar a brutalidade das atividades regulares da polícia, a partir do qual os leitores podem tirar suas próprias conclusões:
Um relatório datado de 14 de agosto de 1942, indicou que "Iv Kalymun registrou que ele disparou quatro tiros enquanto estava em serviço", ferindo um judeu e matando outro. Além disso, o chefe do comissariado apresentou um relatório resumo sobre a mesma data indicando que os policiais "entregaram 2.128 judeus a um ponto de reunião central." O relatório afirma que 12 judeus foram "mortos ao escapar," sete judeus foram feridos, e que "Ivan Kalymun" gastou quatro cartuchos de munição. Além disso, em 20 de agosto de 1942, "Kalymun" disparou dois cartuchos de munição, usados ​​durante operações em que 525 judeus foram entregues a um ponto de reunião, 14 judeus foram mortos a tiros e seis ficaram feridos. No dia seguinte, "Ivan Kalymun" disparou dois cartuchos de munição em uma operação onde policiais prenderam e entregaram um adicional de 805 judeus. Em junho de 1943, o comissariado de Kalymon participou "na liquidação do gueto judeu", onde judeus foram fuzilados ou enviados para campos de trabalho forçado. De 19 a 23 de novembro de 1943, todos os membros da UAP em Lviv(Leópolis), inclusive no comissariado de Kalymon, participaram das operações de busca em massa para localizar e entregar os judeus remanescentes do gueto para as autoridades alemãs.
Fonte: Holocaust Controversies
http://holocaustcontroversies.blogspot.com.br/2013/02/kalymon-case.html
Texto: Jonathan Harrison
Tradução: Roberto Lucena

quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

Albert Speer - o Arquiteto de Hitler

Documentário exibido pelo National Geographic sobre Albert Speer, arquiteto de Hitler, cotado para sucedê-lo e ministro dos armamentos do Terceiro Reich, um dos cabeças do Terceiro Reich e o homem que manteve a máquina de guerra nazi de pé. Speer escapou da condenação de pena de morte encenando o papel de "bom nazista" no julgamento de Nuremberg.

Posts sobre Speer:
Carta prova que [Albert] Speer sabia do Holocausto
Testemunho de Albert Speer e Holocausto
Quando Hitler decidiu-se pela Solução Final?

quarta-feira, 6 de junho de 2012

O Holocausto tcheco chega ao leitor espanhol pela mão de Arnošt Lustig

05-06-2012 14:17 | Daniel Ordóñez

Arnošt Lustig (Arnost Lustig) refletiu em 'Uma Oração por Kateřina Horovitzová’ a ânsia de sobrevivência do ser humano ante uma situação extrema como os campos de concentração nazis, que o próprio autor sofreu. O livro, recém publicado em espanhol, também mostra os sentimentos de culpa que acompanharam àqueles que viveram para contá-lo, além de como transcorreu na Tchecoslováquia o extermínio da população judaica.

Download da mp3 (podcast) (em espanhol)

Arnošt Lustig
Durante o recente festival fechado Nueve Puertas, das culturas tcheca, alemã e judaica, que este ano pela primeira vez foi celebrado além de Praga também em cidades espanholas, foi apresentada em Madrid uma das obras mais conhecidas de Arnošt Lustig, falecido em 2011.

‘Una Oración por Kateřina Horovitzová’ é lançada em espanhol quase 50 anos depois de ser lançada em tcheco. A tradutora para o espanhol do livro, Patricia Gonzalo de Jesús, nos apresenta a trama.

Num grupo de homens de negócios judeus-americanos que estavam na Itália a negócios, o chefe deles, em troca de dinheiro, salva a vida de uma das judias que estavam nas estações dos trens que iam para os campos de concentração, aquela que se chama Kateřina Horovitzová. Aqui surge um dilema moral porque Kateřina obviamente não quer morrer e decide aceitar esta oferta de ser resgatada, mas por sua vez pesa em sua consciência o fato de ter deixado pra trás sua família. Ela tenta justificar esta decisão mas adiante como mera questão de sobrevivência, como uma forma de ter mais possibilidades de resgatar sua família mais pra frente”.

Arnošt Lustig assegurava que esboçou todo o livro em uma só noite a luz de vela. A complexidade da realidade dos personagens está presente em uma obra que não permite visões simplistas com as quais se retrata com frequência capítulos trágicos da Segunda Guerra Mundial.

Ao longo de todo o livro há uma ambiguidade moral. Nunca sabemosse o que fazem os personagens, e sobretudo a protagonista, é correto ou incorreto, branco no preto. Sempre ao longo do livro nos movemos melhor pelas grises, e só ao final podemos fazer nosso juízo. Planta um dilema moral interesante, ou seja, o que um considera que é correto ou incorreto desde a ética individual de cada um, e o que se vê obrigado fazer para sobreviver em uma circunstância determinada que um consegue superá-la".

Patricia Gonzalo de Jesús

Patricia Gonzalo
de Jesús
Patricia Gonzalo de Jesús destaca também o que levou a Lustig escrever o livro. Uma história que contou e o próprio autor em uma de suas últimas viagens, a que ele fez à Madrid para falar com seus leitores, meses antes de morrer.

Eu creio que o mais interessante do livro, à parte do livro em si, é como ele surgiu. É uma história que Arnost Lustig nos contou em sua visita à Madrid, tanto ao editor Enrique Redel como para mim, e creio que foi um pouco o que motivou a Enrique publicar o livro. Quando lhe perguntavam como pode alguém seguir vivendo depois de uma experiência nos campos de concentração, ele sempre dizia que para continuar vivendo com certa normalidade tinha várias motivações. Uma era que ao contrário de seus companheiros, sua mãe também havia regressado dos campos de concentração”.

‘Una Oración por Kateřina Horovitzová’ foi uma espécie de regalo a sua mãe, prossegue a tradutora.

O filme ‘Una Oración por Kateřina Horovitzová’

Em relação a sua mãe precisamente surge o livro. Ao que parece, uma vez estabelicido o regime da Alemanha do pós-guerra começaram a levar a cabo questões para devolver aos judeus parte de seus objetos pessoais, tanto os confiscados em geral, mas também os requisados nos campos de concentração. Uma das coisas que se pretendia devolver eram as alianças de matrimônio. O caso é que para que isso fosse devolvido havia que apresentar não só a certidão de casamento, como também o cerificado de defunción ou a garantia de que essa pessoa havia morrido nesse campo de concentração e esse objeto lhe pertencia, algo que pelo sistema que havia nos nos campos de concentração era absolutamente impossível demonstrar."

Depois da alegria inicial de pensar que ia recuperar estes objetos de tanto valor sentimental, sua mãe estava desconsoloda, contava Lustig.

Arnošt Lustig llhe disse que aquilo era o que esperava por parte das pessoas que haviam sido capazes de fazer o que haviam feito. Mas por respeito a sua mãe e a outras mulheres fortes que haviam sobrevivido aos campos de concentração, e que com seu comportamento haviam sido um exemplo para os demais, decidiu escrever um livro no qual a protagonista era uma mulher, uma mulher justa".

Retornando à obra, Patricia Gonzalo de Jesús acrescenta também seu valor histórico, ao abordar uma nova visão sobre o Holocausto. Um termo, por certo, que o próprio Lustig detestava para se referir à Solução Final nazi, já que considerava que isso havia sido sencillamente um genocídio, em contraposição ao sacrifício religioso que aparece na Bíblia como 'holocausto'.

Talvez o tema do Holocausto de outros países seja mais conhecido, mas o que aconteceu na Tchecoslováquia não é um tema de algo que tenha sido traduzido muito para o castelhano, no que é bom que comecem a serem lançados autores na Espanha sobre a questão judaica da República Tcheca."

Outro atrativo do livro é a estrutura não cronológica da história, assim como os múltiplos personagens nos quais sucessivamente se vai centrando a novela. Um prazer para o leitor, e mais que um quebra-cabeças para a tradutora, conta Patricia Gonzalo.

O livro tem um estilo muito complicado, porque há contínuos flashforward e flashback (avanços e retornos ao passado). Ou seja, continuamente nos movimentos de frente para trás e de trás para frente. Ainda que siga uma estrutura de narração linear, de certo modo estamos recordando coisas que ocorreram antes e também se adiantam algumas coisas que ocorrerão depois. Com o qual encontrar uma forma de unir tudo isso e que o leitor não se perca resulta em algo um pouco complicado. Também porque essas recordações e impressões que adiantamos que acontecerão depois, não são adiantadas pelo narrador senão a partir das recordações dos personagens individuais, da forma que é como se fôssemos saltando da mente de um personagem até a mente de outro continuamente, tanto dos prisioneiros, como dos soldados e os oficiais da SS. E bem, o estilo do próprio Lustig em si é muito elaborado, com o qual se requer tempo."

‘Una Oración por Kateřina Horovitzová’, lançada pela Editora Impedimenta, é a terceira obra publicada em espanhol de Arnošt Lustig, depois de ‘Ojos Verdes’(Olhos Verdes) e ‘Sueños Impúdicos’(Sonhos Impúdicos).

Fonte: Radio Praha
http://www.radio.cz/es/rubrica/cultura/el-holocausto-checo-llega-al-lector-espanol-de-la-mano-de-arnost-lustig
Tradução: Roberto Lucena

quinta-feira, 12 de abril de 2012

Himmler e suas Waffen-SS

Desde 1934 estava claro que Himmler preparava sua SS para criar seu próprio exército privado, uma guarda pretoriana acima da autoridade da Wehrmacht, com capacidade de combate e apenas leal ao seu führer. Ninguém devia acusar seus policiais, ou os guardas dos campos de concentração, de escapulir do front.

O começo dessa "elite" não foi muito prometedor, mas o que lhe faltava em experiência ou adestramento o supriram com seu entusiasmo, sofrendo mais baixas que outras unidades. Na Polônia, em que pese seu entusiasmo (ou por conta dele mesmo) o regimento motorizado da guarda de Hitler (o Leibstandarte de Sepp Dietrich) foi cercado e teve que ser resgatado por uma vulgar infantaria. Ao estar submetidos à disciplina do exército, este se empenhou em julgar um policial e um soldado de artilharia da SS por assassinar um de cinquenta judeus. Foram condenados a três anos. Mas não tiveram que cumprir um só dia, já que houve uma anistia geral para todos os casos deste tipo de "indisciplina" antes da campanha da França.

Exaustos no front, em 27 de maio de 1940 uma companhia da Totenkopf sob comando do tenente Fritz Knöchlein fuzilou a uma centena de prisioneiros britânicos do 2º regimento de Norfolk em Le Paradis, depois de haver sofrido baixas sob seu fogo. Em 28 o segundo batalhão da Leibstandarte fez o mesmo com uns oitenta prisioneiros desarmados em um celeiro próximo de Wormhoudt, em Flandes.

Os 18.000 SS armados de 1939 haviam se convertido em 100.000 em maio de 1940. Além disso, já não estavam submetidos à polícia militar do exército alemão.

Himmler ante os oficiais da Leibstandarte SS Adolf Hitler, outono de 1940
[...] Onde com uma temperatura de quarenta graus abaixo de zero tivermos que trasladar, a milhares, a dezenas de milhares, a centenas de milhares, onde tivermos que ter dureza de, e que vão escutar e depois esquecer imediatamente, matar a tiros centenas de dirigentes poloneses, onde tivermos que ser extremamente duros porque, caso contrário se voltarão contra a gente depois. Em muitos casos, é muito mais simples entrar na batalha com uma companhia de infantaria que suprimir uma população obstrutora de baixa cultura ou executar pessoas ou removê-las.
Notas:

Lang, the divided Self, 1966. pg 121 Citado por Padfield, Peter: Himmler, el líder de las SS y de la Gestapo. (Himmler, Reichführer SS, Nueva York 1990), Tradução de Ana Mendoza, La Esfera de los Libros, Madrid 2003. pg. 358.

Para referência dos primeiros crimes de guerra das Waffen-SS na França, em maio de 1940:
Lumsden, Robin: Historia secreta de las SS (Hitler’ Black Order, 1997) Tradução de Alejandra Devoto. La Esfera de los Libros, Madrid 2003. pp. 292-293.

Padfield, Peter: Himmler, el líder de las SS y de la Gestapo. (Himmler, Reichführer SS, 1990), Tradução de Ana Mendoza, La Esfera de los Libros, Madrid 2003. pg. 372-73.

Wykes, Alan: Guardia de Hitler, SS Leibstandarte (SS Leibstandarte, 1970.Tradução Lázaro Minué). Editora San Martín, Madrid 1977. pg. 95-99.

Elting, John R; Steinn, George: Las SS (The SS, 1990 Tradução de Domingo Santos) Editora Rombo, Barcelona 1995 pg. 155-156.

Fonte: blog antirrevisionismo. El III Reich y la Wehrmacht
http://antirrevisionismo.wordpress.com/2007/07/26/himmer-y-sus-waffen-ss/
Tradução: Roberto Lucena

quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Histórias Curtas - Dona Hertha, 26/11/2011 - Holocausto

Por indicação de Dalva, segue abaixo o curta documentário com a história de D. Hertha Spier, sobrevivente do Holocausto que vive no Brasil.

Sinopse do documentário: Hertha Spier é uma sobrevivente do Holocausto que vive em Porto Alegre. Tem 93 anos. Depois de passar por três campos de concentração nazistas, ela refez sua vida e recuperou-se do sofrimento de perder familiares e amigos durante a 2ª Guerra Mundial, construindo uma nova família.

Duração: 16'05"

Trailer



Página do vídeo:
http://mediacenter.clicrbs.com.br/templates/player.aspx?uf=1&contentID=225902&channel=45

sábado, 12 de março de 2011

Quem foi Oswald Pohl

Oswald Pohl em Nuremberg,
sentenciado à pena de morte
(1892-1951), chefe da principal secretaria econômico-administrativa das SS (Wirtschafts Verwaltungshauptamt, WVHA). Pohl entrou no Partido Nazista em 1926 e na SS em 1929. Seu talento como organizador chamou a atenção do chefe da SS Heinrich Himmler, que fez de Pohl chefe da principal secretaria de administração das SS em 1935.

Em 1939, Pohl foi nomeado diretor ministerial do Ministério do Interior. Nessa posição, ele rapidamente construiu empresas SS com a ajuda de apoiadores nazistas de várias indústrias alemãs. Em 1942 as atividades de Pohl foram reunidos sob um novo local: a WVHA, que foi responsável pela inspecção do campo de concentração, e dos projetos de trabalho de mais de 500.000 prisioneiros do campo de concentração, que às vezes eram escondidos para trabalhar para empresas alemãs. Este fez de Pohl um dos homens mais poderosos e proeminentes nas SS.

Pohl também trouxe a idéia de mandar de volta à Alemanha todos os pertences pessoais de judeus que foram gaseados - incluindo o cabelo, dentes de ouro, roupas, alianças e outras jóias etc - e usá-las ou transformá-las em dinheiro. Esta operação foi em toda parte a ênfase das SS para serem eficientes e financeiramente independentes de outros países. Depois da guerra, Pohl foi preso e condenado à morte. Ele foi executado em 1951.

Fonte: Shoah Resource Center (Yad Vashem)
http://www1.yadvashem.org/odot_pdf/Microsoft%20Word%20-%205731.pdf
Tradução: Roberto Lucena

domingo, 9 de maio de 2010

A Guerra contra fracos (livro) - Edwin Black. As raízes dos EUA da eugenia nazi

Raízes do Holocausto. Adolf Hitler copiou de eugenistas americanos política que eliminava “raças inferiores”

Cláudio Camargo; Lloyd Wolf
Origens: Edwin Black espicaça o establishment americano

Algumas palavras ficaram tão associadas a crimes aberrantes que simplesmente desapareceram do vocabulário corrente. É o caso da “eugenia” ou “higiene racial”, um movimento racista e pseudocientífico surgido no início do século XX que classificava as pessoas segundo a hereditariedade, esterilizando os “incapazes” (doentes mentais, epilépticos, alcoólatras, criminosos comuns, deficientes visuais, pobres, mas também negros, judeus, poloneses...) com o objetivo de preservar e ampliar a “raça superior”, branca e nórdica. Embora tenha sido aplicada em escala industrial e genocida apenas na Alemanha nazista, a eugenia tomou corpo e ganhou forma e robustez nos EUA. Os epígonos de Hitler apenas copiaram e universalizaram o modelo. Essa incrível história, pouco conhecida, é contada agora, num minucioso relato, em A guerra contra os fracos – a eugenia e a campanha norte-americana para criar uma raça superior (editora A girafa, 860 páginas, R$ 68,00), do jornalista americano Edwin Black.

Nos domínios de Tio Sam, berço da democracia moderna, a eliminação de grupos étnicos indesejáveis não foi perpetrada por sinistras tropas de assalto, como no III Reich, mas por “respeitados professores, universidades de elite, ricos industriais e funcionários do governo”. Criada na Inglaterra no século XIX pelo matemático Francis J. Galton, a eugenia (composta do grego “bem nascido”) atravessou o oceano e encontrou campo fértil em terras americanas. Sob a batuta do zoólogo Charles Davenport, o movimento eugenista obteve apoio de instituições renomadas, como a Carnagie Institution – que montou a primeira empresa de eugenia em Long Island –, da Fundação Rockefeller e de uma plêiade de acadêmicos, políticos e intelectuais.

O movimento cativou tanto a elite americana da época que, a partir de 1924, leis que impunham a esterilização compulsória foram promulgadas em 27 Estados americanos, para impedir que determinados grupos tivessem descendentes. Uma vasta legislação proibindo ou restringindo casamentos também foi criada para barrar a miscigenação. Confrontada com tamanha violação dos princípios da Constituição americana, a Suprema Corte deu sua bênção à eliminação dos mais fracos. “Em vez de esperar para executar descendentes degenerados por crimes, a sociedade deve se prevenir contra aqueles que são manifestadamente incapazes de procriar sua espécie”, disse o juiz Oliver Wendell. Entre os anos 1920 e 1960 pelo menos 70 mil americanos foram esterilizados compulsoriamente – a maioria mulheres.

Edwin Black, que ficou famoso em 2001 com o best-seller A IBM e o Holocausto, lembra que a cruzada eugenista de Tio Sam não foi apenas um crime doméstico. “Os esforços americanos para criar uma super-raça nórdica chamaram a atenção de Hitler.” Antes da guerra, os nazistas praticaram a eugenia com total aprovação dos cruzados eugenistas americanos. Não sem uma ponta de inveja, claro: “Hitler está nos vencendo em nosso próprio jogo”, declarou em 1934 Joseph DeJarnette, superintendente do Western State Hospital, da Virgínia.

Desmascarado pelo genocídio hitlerista, o antes arrogante movimento eugenista baixou a guarda. Mesmo assim, entre 1972 e 1976, hospitais de quatro cidades esterilizaram 3.406 mulheres e 142 homens. Muitas mulheres pobres foram ameaçadas com a perda de benefícios sociais ou mesmo a guarda dos filhos.

Condenada pela comunidade acadêmica em 1977, a eugenia escondeu o rosto e buscou refúgio nos cromossomos da engenharia genética. Mas, assim como no passado a eugenia contaminou causas sociais, médicas e educacionais importantes, hoje ela pode inocular o vírus da intolerância em projetos científicos fundamentais, como o genoma e o processo de clonagem para fins terapêuticos. Afinal, é sabido que, ao brincar de Deus, o homem costuma fazer a obra do diabo.

Fonte: IstoÉ independente/Terra
http://www.terra.com.br/istoe-temp/1798/artes/1798_raizes_do_holocausto.htm

segunda-feira, 29 de março de 2010

Criança morta em campo de concentração nazista tem 5 mil 'amigos' no Facebook

Varsóvia, 27 mar (EFE).- Henio Zytomirski, um menino judeu assassinado na Polônia pelos nazistas há 70 anos no campo de concentração de Majdanek, sorri em uma velha foto no Facebook, e o seu perfil, criado para lembrar o Holocausto, já conta com quase cinco mil 'amigos'.

Com calças curtas e sapatinhos brancos, o menino congelado no tempo recebe mensagens que se acumulam em seu mural. Os internautas comentam as fotografias de Henio, que nasceu na cidade polonesa de Lublin em 1933, onde viveu até a invasão alemã.

"Não temos medo de receber críticas por criar um perfil de um menino assassinado durante a guerra. Não achamos que isso seja um abuso", declarou à Agencia Efe o autor da página, Piotr Brozek, estudante de história e membro da associação cultural da Província de Lublin "Porta de Grodzka".

"Não pretendemos utilizar a história de Henio para o nosso próprio benefício, mas queremos aproximar essa história e o drama do Holocausto dos jovens que hoje usam as novas tecnologias e as redes sociais", diz Brozek.

A ideia nasceu no verão passado, quando a prima de Henio, Neta Zytomirski, que mora hoje em Israel, entregou um pacote de fotografias velhas aos membros do "Porta de Grodzka", um coletivo que luta contra o racismo e busca manter viva a lembrança do Holocausto através da arte.

"Infelizmente não podemos contar seis milhões de histórias (o número de vítimas do Holocausto na Europa), portanto escolhemos a de Henio porque tínhamos essas fotos, embora sua história seja muito comovente", afirma o autor do perfil.

A ideia foi um sucesso e os comentários se amontoam no perfil de Henio Zytomirski. São 35 fotografias em preto e branco que percorrem a curta vida do menino - nos braços de seu pai Moisés, durante a celebração do seu segundo aniversário, os jogos nas ruas de Lublin...-, até a última imagem, em que se acredita que ele estivesse com sete anos.

"Tenho sete anos, tenho papai e mamãe, e tenho meu lugar favorito. Nem todos têm papai e mamãe, mas todos têm um lugar favorito. Hoje decidi que ficarei para sempre em Lublin, em meu lugar favorito, com meu papai e minha mamãe", diz a apresentação de Henio no Facebook.

Para o jovem historiador e "pai" de menino na Rede, "contar a história em primeira pessoa serve para envolver mais as pessoas, que assim se sentem mais próximas aos eventos".

Uma história que terminou no campo de concentração nazista de Majdanek, nos arredores de Lublin, leste da Polônia, onde foram parar a grande maioria dos judeus poloneses da região, incluindo Henio e sua família, onde esta criança perdeu a vida nas câmaras de gás, possivelmente em 1942.

"Por enquanto Henio tem quase cinco mil amigos, o limite máximo de amigos que se podem ter no Facebook - explica o autor -, portanto temos que claro que faremos algo mais na internet".

Esta espécie de museu virtual em que se transformou o perfil de Henio atrai cada vez mais curiosos que querem conhecer a história de uma criança transformada no símbolo da destruição da comunidade judaica de Lublin. Antes da Segunda Guerra Mundial 40% da população da cidade era formada por judeus.

Campos de concentração como os de Majdanek, onde foram assassinadas cerca de 80 mil pessoas, acabaram para sempre com aquela Lublin em que Henio sorri agora graças ao milagre atemporal do Facebook. EFE

Fonte: G1/EFE
http://g1.globo.com/Noticias/Mundo/0,,MUL1548012-5602,00-CRIANCA+MORTA+EM+CAMPO+DE+CONCENTRACAO+NAZISTA+TEM+MIL+AMIGOS+NO+FACEBOOK.html

Ler mais: iOnline(Portugal)
http://www.ionline.pt/conteudo/53027-menino-assassinado-no-holocausto-com-5-mil-amigos-no-facebook

Se alguém se interessar em ver o perfil do Henio no Facebook, aí vão os links:
Henio Zytomirski
http://www.facebook.com/henio.zytomirski

Página do Henio sem limite de adição de amigos
http://www.facebook.com/pages/Henio-Zytomirski-Page-No-Limited-Profile/113504528659885

domingo, 14 de março de 2010

Encontradas valas comuns de vítimas do nazismo na Áustria

Pelo menos duas valas comuns com dezenas de pessoas mortas pelos nazis foram descobertas numa propriedade usada pelo exército austríaco, revelaram hoje fontes governamentais.

Um relatório do exército sugere que alguns dos corpos pertençam a pilotos norte-americanos feitos prisioneiros durante a II Grande Guerra.

O Ministério do Interior planeia agora dialogar com os proprietários do local no sentido de exumarem os corpos, não sendo ainda claro se o terreno é propriedade do exército ou arrendado.

As valas comuns - localizadas sob um campo desportivo do exército na cidade de Graz - contêm cerca de 70 corpos de pessoas mortas pelas SS (tropas de Hitler), talvez para eliminar testemunhas das atrocidades nazis pouco antes da chegada das tropas soviéticas.

As sepulturas foram identificadas através de fotos do tempo da guerra, feitas por pilotos de bombardeiros norte-americanos, mostrando covas abertas e corpos.

As autoridades norte-americanas disponibilizaram as imagens a pedido de historiadores austríacos encarregados pelo ministro da Defesa, Norbert Darabos, há dois anos, de pesquisar documentos sobre crimes de guerra naquele local, já que o mesmo fora usado pelas SS durantes a II Grande Guerra.

Um documento difundido hoje pelo exército austríaco na sua página de Internet revela que 219 pessoas foram massacradas no local nos últimos dias do conflito, com vista a apagar vestígios das atrocidades ali cometidas.

Entre outros aspetos, a investigação pretende "descobrir mais sobre a identidade e o paradeiro de pessoas mortas nos derradeiros dias do conflito".

"A violência sistemática da Gestapo visava sobretudo a resistência, prisioneiros de guerra, pessoas dos campos de concentração ou em trabalhos forçados, mas também foram abatidos pilotos dos EUA", diz o relatório.

No local terão estado centenas de vítimas, que foram deslocadas por um responsável militar que receava vir a ser inculpado pela matança. Porém, não foi possível mover todos os corpos devido à aproximação do exército soviético.

De acordo com o exército austríaco, a investigação identificou dois suspeitos da chacina, que à data terão conseguido voar para a Alemanha e que ainda podem estar vivos.

Fonte: Agência Lusa(Portugal, 12.03.2010)
Créditos também ao Holocaust Controversies(blog) por ter indicado a matéria aqui(em inglês):
http://holocaustcontroversies.blogspot.com/2010/03/mass-grave-in-braz.html

quarta-feira, 29 de outubro de 2008

"Ninguém pode imaginar o que é um campo de concentração"

David Moyano: no lenço, as cores da bandeira republicana espanhola

David Moyano lutou contra Franco na Guerra Civil Espanhola, combateu os nazistas com o exército francês na Segunda Guerra e sobreviveu a um campo de concentração alemão. Aos 86 anos, ele recebeu DW-WORLD.DE em Bruxelas.

"Vou usar um distintivo para que você saiba que sou espanhol", dissera David Moyano ao telefone, quando combinávamos um ponto de encontro na estação de trem de Bruxelas. "Não se preocupe, você vai logo ver que sou espanhol", assegurou, quando tentei obter mais detalhes.

Eis que me encontrava na abarrotada estação de Bruxelas, tentando identificar um espanhol no meio da massa de gente. O que distingue um espanhol dos outros? Nos campos de concentração nazistas, era o triângulo azul com um "S" que portavam sobre a camisa do uniforme. "S" de "Spanier", "espanhol" em alemão.

O espanhol ainda tem o lenço azul com o 'S' que indicava sua nacionalidade no campo de concentração de Mauthausen

No campo de concentração de Mauthausen, na Áustria, onde Moyano ficou entre 1941 e 1945, o emblema salvou sua vida. Acusado de um furto tão insignificante quanto improvável, ele foi espancado pelos SS alemães até ser dado por morto. Inconsciente, foi largado às portas do crematório, um corpo na neve. Alguém viu o "S" em seu uniforme e, percebendo que estava vivo, avisou outros espanhóis. Os compatriotas o resgataram.

David Moyano sobreviveu a Mauthausen. Eu o encontrei, andando pela estação central de Bruxelas, com um lenço no pescoço. Era um triângulo azul com um "S" estampado. Reconheci-o imediatamente.

"Não sou um desertor"

Hoje, David Moyano tem 86 anos e vive em um residência belga para idosos que lhe custa toda a sua pensão, comenta indignado. Da França, ele ainda recebe uma pequena renda pelos tempos que lutou ao lado do Exército na Segunda Guerra Mundial, "e esta é toda para mim". Ele tira do bolso um saquinho de plástico para mostrar seu documento de ex-combatente e sua identidade de deportado político, herança de sua militância durante a Guerra Civil Espanhola. "Não preciso de passaporte. Quando vou à França, mostro isso e basta. Não me fazem mais perguntas", diz, orgulhoso.

Moyano sempre carrega seu documento francês de ex-combatente e deportado político

Moyano e os demais republicanos espanhóis são curiosos heróis que perderam todas as batalhas. Eles foram derrotados na Guerra Civil. Na Segunda Guerra Mundial, ainda que os melhores tenham vencido, a permanência do ditador Francisco Franco no poder fez o gosto de fracasso prevalecer. A Espanha de Franco os despiu de sua nacionalidade por terem lutado contra as tropas nacionalistas. E, no entanto, a convicção de haver arriscado a vida pelo justo e o correto lhes concede a aura de quem triunfou em cada batalha.

"Eu tinha acabado de completar 14 anos quando me alistei no exército republicano. Foi na 118ª bateria, e nos mandaram para o Campo da Bota." Lá deveriam estar forças da União Soviética, que havia se engajado no apoio às tropas republicanas no combate às forças nacionalistas de Franco. Mas os soviéticos já haviam recuado, e a bateria de Moyano foi substituí-los. Os aviões que vinham bombardeá-los tampouco eram espanhóis: eram alemães ou italianos, aliados da guerra de Franco.

A Guerra Civil Espanhola durou três anos, de 1936 a 1939. O apoio que o chamado "Movimiento Nacional" obteve dos regimes fascistas da Alemanha e da Itália era o dobro do apoio oferecido aos republicanos pela União Soviética. Este não foi o único nem o principal motivo, mas os republicanos não puderam defender suas posições. "Eu tinha um tio no governo, e um dia ele me disse que naquela noite eles fugiriam, que eu não deveria voltar à bateria porque os falangistas estavam chegando. Mas eu não sou um desertor."

Da pátria perdida para a luta contra Hitler

O encontro com ex-companheiros na luta republicana foi registrado nesta foto

Mas a guerra estava perdida. David Moyano acabou atravessando a fronteira e se refugiando na França, como tantos outros. "Na França nos disseram: 'os que quiserem juntar-se a Franco, fiquem à direita; os que quiserem ficar aqui, à esquerda.' Os que foram para a direita foram mandados para a Espanha. Já nós ficamos, com a República."

A Segunda Guerra Mundial acabara de começar e o exército francês pediu voluntários para lutar contra a Alemanha nazista. Moyano e seus companheiros ingressaram no Batalhão Alpino. "Fomos para a montanha construir uma estrada militar e tínhamos que ir até a fronteira com a Itália. Ha ha ha! Aquilo era o máximo! Éramos todos jovens e valia a pena fazer tudo aquilo."

Após a queda da Linha Maginot, os nazistas ocuparam a França

"Mas então nos mandaram para a Linha Maginot." A Linha Maginot deveria proteger as fronteiras francesas, mas quando foi quebrada pelos nazistas, em 1940, o caminho para Paris ficou escancarado. "Estávamos rodeados. Nosso capitão disse 'salve-se quem puder', e nós, que éramos só algumas dúzias, fugimos para a montanha. Acho que eu me tremia dos pés à cabeça de medo dos alemães."

Na Linha Maginot, Moyano e seus companheiros foram aprisionados. No dia 25 de janeiro de 1941, eles foram deportados para o campo de concentração Mauthausen, perto da cidade de Linz, na Áustria. "Eu me lembro bem, porque o dia que nos fizeram ir à estação e disseram que não tínhamos que levar nada porque nos dariam roupas no lugar para onde iríamos, era meu aniversário."

Em casa, o passado do campo de concentração nas paredes

David Moyano entre as recordações do passado que guarda em casa

"Rendezvous", escreveu Moyano no calendário, marcando o dia para o qual nosso encontro estava marcado. O "rendezvous" era eu. Custa-lhe lembrar as coisas atuais; a memória, ele a guarda para não se esquecer do passado. No presente, Moyano vive com sua mulher num asilo, num pequeno apartamento. Um banheiro, uma pequena cozinha, uma sala e um quarto de dormir. A porta que dá para o corredor está sempre aberta, e por lá circula sem cessar um exército de enfermeiras.

A casa de Moyano parece um museu de Mauthausen. Em cada canto há uma foto, um recorte de jornal, um livro sobre o campo de concentração. Ele passou quatro anos em Mauthausen, que ficou conhecido como "o campo dos espanhóis". Sete mil de seus compatriotas foram deportados para lá. Mais de 4.300 morreram. "Ninguém pode imaginar o que é isso", diz, e conta histórias que mostram o quão dramáticos podem se tornar o frio e a fome.

A escada da morte: os prisioneiros carregavam blocos de pedra por seus 186 degraus e 31 metros

Os nazistas escolheram aquela região para construir Mauthausen, conta ele, porque "a pedra lá era boa". Os presos extraíam granito de uma pedreira, e a rocha era então usada para recobrir ruas de Viena e de cidades alemãs. Com os blocos de pedra nas costas, eles subiam a escada da morte: 31 metros e 186 degraus. Os SS se divertiam ao fazê-los cair.

"Eu sobrevivi ao campo porque era jovem, e porque não passei todo aquele tempo na pedreira", diz Moyano. Quando as tropas norte-americanas libertaram Mauthausen, em 5 de maio de 1945, ele já não trabalhava no campo. Alguns presos eram enviados a fábricas vizinhas para servir de mão-de-obra gratuita.

"Estou morto para a Espanha"

Heinrich Himmler, comandante-chefe das SS, em visita a Mauthausen

"Depois da guerra, fomos obrigados a ir para a França", lembra Moyano. "Lá nos trataram bem, fomos atendidos por médicos. Eu tinha perdido alguns dentes nas derrotas e tinha sido operado de uma úlcera em Mauthausen. O médico me perguntou onde eu tinha sido operado, e eu respondi que no campo de concentração. Ele já não disse mais nada."

O médico certamente terá pensado no mau hábito nazista de fazer experimentos médicos com presos no campo de concentração. Mauthausen ficou especialmente conhecido por esta prática.

Moyano guarda livros e fotos sobre Mauthausen; na foto, um preso sendo levado para a execução

Depois da Segunda Guerra Mundial, a França se encarregou da maior parte das vítimas espanholas do nazismo. A Espanha, que não havia feito nada para impedir o envio de seus cidadãos para campos nazistas, aprovou, em 1951, um decreto que os despia definitivamente de sua nacionalidade espanhola. Os afetados foram todos aqueles que haviam sido deportados, ou os que haviam lutado com os exércitos aliados na Segunda Guerra e as chamadas "crianças da guerra" – os menores que a República havia mandado para fora do país durante a Guerra Civil Espanhola para que permanecessem a salvo.

Recuperado de seus anos no campo de concentração, Moyano se mudou para a Bélgica, onde enfim teve tempo para aprender a ler e a escrever. Hoje, é eletricista aposentado e cidadão belga. Na Espanha, as leis que anularam sua nacionalidade permanecem vigentes. "Da Espanha, não espero nada", diz. "Estou morto para eles."

Luna Bolívar Manaut (jc)

Fonte: Deutsche Welle
http://www.dw-world.de/dw/article/0,2144,3649025,00.html

sábado, 1 de março de 2008

Centro oferece mais de R$ 800 mil para encontrar médico nazista

Centro oferece mais de R$ 800 mil para encontrar médico nazista
FERNANDO SERPONE
da Folha Online

Após 62 anos do fim da 2ª Guerra Mundial (1939-1945), o Centro Simon Wiesenthal oferece recompensa de 310 mil euros [R$ 832 mil] para quem ajudar a encontrar o austríaco Aribert Heim, que foi médico em três campos de concentração durante o Holocausto.

Ele é acusado do assassinato de centenas de prisioneiros com injeções letais nos campos de concentração de Sachsenhausen e Buchenwald --ambos na Alemanha-- e Mauthausen, na Áustria.




A informação foi divulgada nesta terça-feira durante entrevista coletiva em São Paulo com o americano Efraim Zuroff, diretor do escritório israelense e principal autoridade em criminosos de guerra nazistas do centro, uma organização judaica de direitos humanos.

"Sei que vocês se perguntam por que fazemos isso depois de tantos anos. (...) Mas a passagem do tempo não diminui a culpa dos assassinos", afirmou Zuroff, ao iniciar a coletiva.



"Se uma pessoa, que Deus não queira, matasse sua avó e só fosse encontrada anos depois, não creio que o fato de ela ser idosa iria afetar seu desejo de que ela pagasse pelo crime", disse.

De acordo com o diretor, as verbas oferecidas como recompensa pela prisão de Heim são provenientes do governo alemão, do governo austríaco e de doações particulares.

A entrevista foi realizada para divulgar o início da fase sul-americana da Operação Última Chance, que visa encontrar os últimos criminosos de guerra nazistas ainda vivos na América do Sul.

Apesar das décadas após os crimes, entre abril de 2006 e março de 2007 o centro fez com que 21 criminosos de guerra fossem condenados. Em 14 países, 1.019 pessoas são investigadas atualmente. "Sabemos que temos pouco tempo, mas isso tem de ser feito", explica Zuroff.

O programa começou em 2002 na Lituânia, Letônia e Estônia, e oferece US$ 10 mil [cerca de R$ 18 mil] por informações que facilitem a localização, julgamento e condenação de criminosos nazistas em qualquer lugar do mundo.

De acordo o diretor americano, países como Alemanha, EUA, Canadá, Polônia e Lituânia têm escritórios oficiais para investigar criminosos nazistas.

A operação tem como principal objetivo encontrar criminosos de guerra até então desconhecidos.

Nazistas no Brasil

Segundo Zuroff, levando em conta a história do Brasil e a grande imigração depois da Segunda Guerra --especialmente da Alemanha-- é "mais do que provável" que algumas dessas pessoas ainda estejam vivas e possam ser julgadas.

"Faço questão de divulgar o número no Brasil para qualquer um que tenha informações sobre criminosos de guerra nazistas". Além do número de telefone (0xx11- 8408-7422), há um e-mail (ultimaoportunidade@gmail.com) para contato, e também o site: ( http://www.operationlastchance.org/ )".

O americano cita ainda quatro casos de nazistas de alto escalão encontrados no Brasil, entre eles o do médico alemão Joseph Mengele.

Apelidado de "Anjo da Morte", ele era o responsável por determinar quem seria exterminado e quem seria submetido a trabalhos forçados no campo de concentração de Auschwitz, na Polônia. Também fez experiências com presos, entre elas a de injetar substâncias químicas nos olhos de crianças para ver se mudariam de cor.

Após fugir da Alemanha para a Argentina, Mengele veio ao Brasil, onde morreu de infarto quando nadava no mar em Bertioga, em 1979.

Falta de cooperação

Anualmente, o escritório do centro em Israel envia um questionário a todos os governos que possam ter alguma relação com a questão de criminosos nazistas.

O documento questiona se os países encontraram, condenaram ou investigam nazistas.

Segundo Zuroff, o questionário enviado ao Brasil, através da Embaixada em Tel Aviv, nunca foi respondido.

Ele diz ainda que nenhum país da América do Sul tem uma instituição do governo voltada para a questão, e nunca realizou uma operação ampla para investigar quantos nazistas entraram no país e quantos ainda estão vivos.

Há 27 anos em busca de nazistas pelo mundo, Zuroff faz uma ressalva: após a transição para a democracia na América do Sul, alguns criminosos foram extraditados -- um alemão que foi extraditado do Brasil, outros quatro da Argentina, e um da Bolívia.

Em todos os casos, o centro foi responsável pela localização dos nazistas.

Foto: Fernando Serpone/Folha Online
O americano Efraim Zuroff durante entrevista coletiva em São Paulo nesta terça-feira (04)

Fonte: Folha de SP(Brasil, 04.12.2007)
http://www1.folha.uol.com.br/folha/mundo/ult94u351284.shtml

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2008

66 Perguntas e Respostas sobre o Holocausto - Pergunta 53

Generalidades

53. Que provas há de que Hitler sabia que se estava levando a cabo o extermínio de judeus?

O IHR diz:

Ninhuma.

Nizkor responde:

Ver a pergunta 26.

Fonte: Nizkor
Tradução: Roberto Lucena

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2008

66 Perguntas e Respostas sobre o Holocausto - Pergunta 37

37. Como morreram?

O IHR diz:

Principalmente pelas contínuas epidemias de tifo que assolaram a Europa da guerra. Também por fome e por falta de cuidados médicos até o final da guerra quando quase todas as estradas e linhas de trem foram arrasadas pelos Aliados.

Nizkor responde:

Alguns morreram de tifo. Numericamente falando, a primeira causa da morte da maioria dos judeus foram os gaseamentos, seguida das execuções com armas de fogo.

Nos campos do "Altreich" (ver pergunta 1), a morte sobreveio principalmente por fome e enfermidades. Quanto aos prisioneiros lhes eram dada comida escassa e eles eram submetidos a um duro trabalho, as diferenças com o resto do campo são poucas. Em Auschwitz, que era na ocasião um campo de trabalho e um campo de extermínio, "selecionava-se" os prisioneiros com freqüência, gaseando os mais débeis. Assim, poucos chegavam a morrer de esgotamento, e em troca terminavam nas câmaras de gás.

Quando os Aliados chegaram aos campos da morte nazis da Alemanha, viram que o pessoal das SS estava bem alimentado e vestido, e a população local raras vezes estavam passando graves dificuldades relativamente. (Por outro lado, a população alemã das grandes cidades estavam sim sofrendo). Tudo isto pode se comprovar nas filmagens da libertação dos campos, onde se pode ver a população das cidades e povos vizinhos que os soldados americanos levaram aos campos para que fossem testemunhas do que ali ocorreu. Nenhuma das pessoas que se vê tinha aspecto de ter passado fome.

Existe além disso uma famosa fotografia de umas mulheres gordas das SS capturadas em Bergen-Belsen. Dezenas de milhares de prisioneiros morreram de fome em Belsen. Se você tivesse visto um filme de cadáveres esqueléticos introduzidos com escavadeiras em valas comuns, provavelmente é de Belsen. O contraste com as mulheres das SS é claro. Várias cenas da liberação de Bergen-Belsen demonstram esta questão.

Assim mesmo, quase nenhum prisioneiro aliado morreu de fome; simplesmente, havia pessoas as quais os nazis queriam manter vivas, e havia outras pessoas as quais os nazis queriam matar. Um grande número de prisioneiros de guerra soviéticos - uns três milhões - morreram por esta razão.

Fonte: Nizkor
Tradução: C. Roberto Lucena

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