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sábado, 22 de novembro de 2014

A moeda nazicomunista da Veja... que não era moeda... e que não era comunista

A quem perdeu o começo desse post, favor ler este:
O separatismo dos magoados

Lá no post lerão o seguinte (transcrevo praqui):
Eu me segurei pra não criticar este cidadão da Veja antes (o Constantino), porque haviam me passado um texto dele. Pra adiantar, o texto era uma cópia de blog estrangeiro (ele não cita a fonte de onde relatam uma suposta "moeda nazicomunista", mas acha-se fácil na web), que vou tratar em outro post.

Evitei retrucar o texto da "moeda" pois iria parecer pirraça e ataque pessoal quando não é. Apenas não deveriam passar esse tipo de conteúdo sem antes perguntar o que a pessoa pensa de revista "x", mas o povo (em geral) não enxerga a coisa dessa forma e acaba passando sem refletir, sem avaliar o conteúdo, porque partem do princípio equivocado de que por A ou B ser contra o negacionismo que automaticamente "gostará" ou "endossará" revista/jornal A ou B como a Veja (e publicações afins) e não é por aí.
Feita a apresentação, vamos ao post que saiu no panfleto, ops, Revista Veja que quando se mete a falar de nazismo e segunda guerra é algo que causa constrangimento.

Aliás, a Veja causa constrangimento comentando qualquer coisa. O "post bombástico" é este aqui abaixo tentando negar que o nazismo era/seja um movimento de direita ou "provando" que era/é de "esquerda", que é mais do mesmo da panfletagem liberal mais extremada:
"A moeda nazicomunista que prova que o nazismo era de esquerda"

Primeiro problema (de vários): a moeda não é moeda, é um broche comemorativo do dia trabalho lançado em 1934: Tag Der Arbeit (Dia do Trabalho)
http://www.coinpeople.com/index.php/topic/20376-tag-der-arbeit-1934/


Agora, pra efeito de comparação (eu havia achado um site que tinha vários desses broches, mas pra localizar no meio rascunho tá complicado, eu acho que pode ser este aqui mas não dá pra cravar), segue o broche de 1937:
Tagungsabzeichen der NSDAP 1. Mai 1937 Tag der Arbeit
De 1935:
Tagungsabzeichen der NSDAP 1. Mai 1935 Tag der Arbeit
De 1938:
Tagungsabzeichen der NSDAP 1. Mai 1938 Tag der Arbeit

E mais uns cliques do broche de 1934 mostrando aquele alfinete pra colocar na camisa, mostrando que não é uma moeda:
Tagungsabzeichen der NSDAP 1. Mai 1934 Tag der Arbeit
Imagem 2 (o alfinete do broche)

Tem fotos melhores desse broche. Você encontra mais informações sobre isso colocando na busca do Google por: Tag der Arbeit+1934

Pra terem uma ideia do "nível" de "discussão" sobre isso, deem uma lida (torturante): Link.

É assim que esses hoaxs se espalham.

Só que teve um pessoal que foi retrucar apontando um emblema da Áustria antigo, anterior ao broche, que mostra uma águia segurando uma foice e um martelo em cada pata, segue a imagem abaixo:
Brasão de Armas da Áustria de 1919 a 1934

Aqui a história (em inglês):
Coat of arms of Austria

A primeira águia não apresenta correntes nas patas (a que apresenta corrente partida simboliza a libertação do nazismo), a escolha do martelo foi feita pra representar a indústria e a foice a agricultura (ou agricultores), porque na época essa simbologia era popular e as classes abastadas (dominantes) tentavam com essas manobras usar uma simbologia para parecerem mais "amigáveis" para o povo (para parecerem mais próximas ao povo). Na época a revolução russa de 1917 era bastante popular e teve um impacto pesado na Europa.

Só que por mais bem intencionada seja esta citação da água austríaca, deveriam explicar a diferença dos regimes (segue abaixo uma explicação rápida, resumida e repetida) apesar do brasão austríaco mostrar o quanto é tola a citação da moeda (isso já bastaria). Porque se só o 'deboche' não serve como resposta a tudo.

Vejam como é fácil usar a mesma retórica do cara da Veja pra outras comparações (passando essa ideia) agora com o sionismo, "a moeda nazi-sionista" (essa também é manjada, é sobre o acordo de transferência):


Tirado do site do David Irving (negacionista britânico).

Viram como é fácil fazer esse tipo de associação extremamente infantil? E vejam que a ideia sempre parte de sites extremistas, geralmente de direita.

Eu presumo que esse ideia da "moeda nazicomunista" tenha sido espalhada no Orkut a partir deste blog anti-esquerda, pró-Israel (tem o símbolo lá) e adulador de Pinochet, em inglês. Eu prometi que iria mostrar o blog de origem, presumo que seja este embora não tenha localizado nos rascunhos o conteúdo que eu havia salvo, o post é de 2008:
An original Nazi Labor day medal from 1934

E se acharem qualquer broche ou moeda do tipo com os EUA dá pra fazer a mesma associação provando que os EUA são uma "República Nacional-Socialista Bolivariana" (rsrsrsrs).

Falando sério, qualquer um que se interesse por segunda guerra sabe ou deveria saber dessas divisões básicas sobre segunda guerra, refiro-me aos que não queiram manipular informação também.

Prosseguindo, o broche do dia do trabalho de 1934 na Alemanha, com aqueles símbolos só teve esta edição daquele ano.

O nazismo também tentou aproximar gente da esquerda radical pras fileiras da revolução nacionalista que empreendera. Dar uma lida em:
O Movimento Revolucionário Conservador alemão, precursor do nazismo
Strasserism
National Bolshevism
Third Position

Continuando a parte acima. O primeiro de maio de 1934 antecedeu a Noite das Facas Longas (ou Noite dos Longos Punhais) em que a ala radical (mais revolucionária) do Partido Nazista liderada por Ernest Röhm foi incorporada (os membros) na SS a partir da extinção da SA de Ernert Höhm com o assassinato do mesmo a mando de Hitler.

Röhm vinha se desentendo com Hitler porque queria uma revolução nacionalista mais radical, que colocaria a SA como a Força Militar nacional e Hitler se aproximara das Forças Armadas alemãs e dos industriais (capitalistas) que pediam "moderação" ao partido. Entre um e outro, o Bigodinho Raivoso ficou com os industriais e os militares.

Há mais exemplos de distorções com cartazes nazistas que alguns blogs de extrema-direita liberais usam pra "provar" que o nazismo era/é de esquerda porque os cartazes eram cópias (ou eram inspirados) em cartazes da União Soviética stalinista.

Estou adiantando essa baboseira dos cartazes caso alguém queira vir contemplar com esse "achado" como se ninguém "soubesse de nada", eu já vi essas idiotices, isso circulou bastante pelo Orkut até chegar na "Veja", incluindo essa "moeda nazicomunista".

Eu não retruquei antes pelo motivo citado lá no começo em destaque. Um texto desses é do nível de um texto "revi" só que tentando demonizar a esquerda com o nazismo quando muitos (a maioria) "revis" são simpáticos ao nazismo e conservadores. Tenham em mente que quem repassa isso adiante por fanatismo ideológico também está reabilitando em termos o nazismo. Em termos pois os simpatizantes do fascismo, neste posto, costumam ser mais "honestos" que essa turma liberal radical.

Como podem ver, o indivíduo querer provar que nazismo é de esquerda por uma "moeda" (que não é moeda) ignorando a História ou omitindo/negando o que cada parte defendia ideologicamente (o nazismo como quase todos os fascismos teve toda a classe industrial capitalista ao seu lado, enquanto na URSS a economia era de fato estatal, controlada pelo Estado, o Fascismo italiano inclusive adotou programa liberal) é um atestado de desonestidade intelectual puro (ou de ignorância também junta).

Fora as privatizações do nazismo. Já viu isso Constantã? O Bigodinho era chegado a uma privatização, vai ver ele gostava de Mises também (rs):
Against the mainstream: Nazi privatization in 1930s Germany (de Germà Bel, Barcelona)
Link2

Ao contrário do que muita gente pensa, pois isso é disseminado errado e propositalmente, e até simpatizantes do fascismo acham que o fascismo era "estatal" (rs), a indústria privada/capitalista nesses países transcorreu sem problemas, pelo menos os maiores grupos, como podem ver neste post sobre trabalho escravo/forçado no Terceiro Reich com bibliografia sobre o tema e os grupos que usaram mão de obra escrava no nazismo (a indústria alemã em peso):
Trabalho escravo/forçado no nazismo - bibliografia

Vai ver o Hugo Boss, a BMW, a Mercedes, o Deutsche Bank, o IG Farben (complexo industrial químico que quando dissolvido deu origem a Bosch, Basf, Bayer etc) eram todas estatais socialistas marxistas bolivarianas e ninguém avisou o mundo disto, rsrsrsrs.

Olha só o lucro dessas empresas com o trabalho escravo:
Revealed: How the Nazis helped German companies Bosch, Mercedes, Deutsche Bank and VW get VERY rich using 300,000 concentration camp slaves

Pra que coisa mais capitalista que isto? Hugo Boss, seu bolivariano, rs.

Isso é algo manjado, batido. Quem fala que essas empresas privadas (conhecidas mundialmente) eram estatais ou que o nazismo era estatal (daí a minha crítica ao termo "totalitarismo", que mais distorce do que explica), ignora coisas tão primárias sobre isso que não dá nem pra discutir a sério com quem insiste neste tipo de negação ridícula.

Dito isto, por favor, só me mostrem esse tipo de idiotice em caso de dúvida real ou como mostra de manipulação ideológica (de várias espalhadas pela web), do contrário eu ignorarei totalmente (se for pra fazer panfletagem). Não é prepotência o gesto, é que quem acha que uma coisa dessas é sério pra crer que o homem não foi à Lua e em qualquer bobagem (que vá de acordo com sua linha de pensamento ideológico) é um passo ou então estão achando que vão "convencer" A ou B aqui com isso, e não vão, vão é irritar porque é sacanagem. De "maluquice" (coisa exótica) já basta o "revisionismo".

Seguir cegamente esse tipo de revista/publicação é falta de critério. O povo quer aprender algo sobre segunda guerra pela revista Veja? Com um radical de direita (liberal) distorcendo, parecendo um "PSTU de sinal trocado"? Desista. Não paguem esse mico. É constrangedor.

quinta-feira, 3 de maio de 2012

Os Khazares e o "revisionismo"

A História dos Khazares é uma história costumeiramente citada e distorcida pelos "revisionistas" para fins políticos, que usam esse discurso para afirmar que os judeus europeus não teriam laços com os judeus que saíram da região onde se encontra Israel hoje, sendo que um dos principais sites que divulgam essa baboseira é o site antissemita chamado Radio Islam, de um extremista de origem marroquina chamado Ahmed Rami, que vive na Suécia.

Essa história dos Khazares e dos judeus ashkenazis foi principalmente difundida por um jornalista(não historiador) judeu, Arthur Koestler, que lançou um livro nos anos setenta chamado "A décima terceira tribo (O Império Khazar e sua herança)" no qual formulava a idéia de que esse império (que haveriam se convertido ao judaísmo) teria uma contribuição significativa na formação dos judeus europeus(no caso, os Ashkenazim). Em cima disso se chega a pérolas como a que alegam que todos os judeus da Europa seriam descendentes dos khazares ignorando que judeus de países como Espanha e Portugal não eram descendentes de Khazares, fora outros erros.

O curioso de tudo isso é que o livro do Koestler é usado e divulgado principalmente por grupos de extrema-direita pra pregação antissemita e afins (negacionismo do Holocausto e outras teorias da conspiração).

Em virtude disso segue abaixo um texto sobre a origem dos Ashkenazim, mesmo não sendo um assunto diretamente ligado ao Holocausto, mas sendo um assunto citado por grupos "revisionistas" (negacionistas), o texto tem a ver com a questão do "revisionismo" e "revisionistas" (negadores do Holocausto).

Esta tradução do texto é antiga e não foi publicada antes pra evitar "romarias" de fanáticos religiosos obcecados com assuntos relacionados aos conflitos do Oriente Médio, por isso aviso que não nutro qualquer idolatria ou crença religiosa em relação aos conflitos daquela região do planeta.

Os Ashkenazim
por Shira Schoenberg

"O nome Ashkenaz foi aplicado na Idade Média para Judeus que viviam ao longo do Rio Reno no norte da France e na parte oeste da Alemanha. A concentração dos judeus Ashkenazi mais tarde se extendeu até a Polônia-Lituânia e hoje existem assentamentos Ashkenazi ao redor do mundo. O termo "Ashkenaz" foi identificado primeiramente com costumes alemães e descendentes de Judeus alemães.

No 10º e 11º século, os primeiros Ashkenazim, comerciantes judeus na França e Alemanha, eram pioneiros econômicos, tratados bem devido a suas conexões comerciais com o Mediterrâneo e o Oriente. Comunidades judaicas surgiram em muitos centros urbanos. No início as comunidades Ashkenaz eram pequenas e homogêneas. Até grêmios cristãos eram formados, judeus eram agricultores/representantes dos produtores e artesãos. Na França, muitos judeus possuíam vinhedos e faziam vinho. Eles carregavam armas e sabiam como usá-las em sua própria defesa. Os judeus de cada cidade constituíam uma independente entidade de governo própria. Cada comunidade, ou kahal, estabeleciam seus próprios regulamentos feitos por comitê eleito e cortes judiciais. Eles forçavam cumprir suas regras com a ameaça de excomunhão. Os Ashkenazim geralmente evitavam as influências externas e se concentravam nas fontes internas judaicas, idéias e costumes.

Os Ashkenazim focaram-se nos estudos bíblicos e talmúdicos. Centros de estudo rabínicos apareceram no décimo século em Mainz e Worms na Renânia e em Troyes e Sens na França. Os centros de estudo Ashkenazi centraram-se em torno da discussão oral. Os sábios focaram-se na compreensão de pequenos detalhes dos textos ao invés de extrair princípios gerais. O mais famoso novo professor era o Rabino Gershom de Mainz. Alguns de seus decretos, como a da proibição da poligamia, ainda existem até hoje.

A primeira principal figura literária Ashkenazi foi Rashi (Salomão ben Isaac de Troyes, 1040-1105), cujos comentários na Bíblia e no Talmud são até hoje considerados fundamentais para o estudo judaico. Os tosafistas, eruditos talmúdicos Ashkenazi no norte da França e Alemanha, introduziram novos métodos e introspecções dentro do estudo talmúdico que ainda está em uso. Os judeus Ashkenazi dessa época compuseram poesia religiosa modelada depois do quinto e sexto século, 'piyyutim'(poemas litúrgicos). Enquanto a oração litúrgica variava até entre países Ashkenazi, as diferenças eram quase insignificantes comparadas as diferenças entre a liturgia Sefaradi e Ashkenazi.

Enquanto judeus Ashkenazi ocasionalmente experimentavam o anti-Semitismo, a violência da multidão primeiro estourou contra eles no final do século XI. Muitos judeus foram assassinados no que Robert Seltzer chama de "atmosfera religiosa sobrecarregada". Muitos estavam dispotos a morrer como mártires a ter que se converter.

Nos 12º e 13º séculos, muitos judeus Ashkenazi tornaram-se prestamistas. Eles eram apoiados por governantes seculares que eram beneficiados pelas taxas impostas aos judeus. Os governantes não totalmente os protegiam, mas entretanto, o libelo de sangue aumentava acompanhado pela violência. Em 1182, os judeus foram expulsos da França. Judeus Ashkenazi continuaram a construir comunidades na Alemanha até eles enfrentarem motins e massacres nos séculos de 1200s e 1300s. Alguns judeus mudaram-se para a Espanha Sefaradi enquanto outros instalaram Ashkenazi comunidades na Polônia.

O centro da judaria Ashkenazi mudou-se para a Polônia, Lituânia, Boêmia e Morávia no início do século XVI. Os judeus estavam pela primeira vez concentrados no Leste Europeu ao invés da Europa Ocidental. Judeus poloneses adotaram os ritos Ashkenazi, liturgia, e costumes religiosos dos judeus alemães. O Ashkenazi mahzor(livro de orações do feriado)incluía orações compostas por poetas da Alemanha e Norte da França.

Na Polônia, os judeus tornaram-se agentes fiscais, coletores de impostos, gerentes do Estado para nobres, comerciantes e artesãos. Nos séculos de 1500-1600s, a judaria polonesa cresceu e tornou-se a maior comunidade judaica na diáspora. Muitos judeus viviam em shtetls, pequenas cidades onde a maioria dos habitantes eram judeus. Eles instalaram os 'kehillot' como aqueles da Idade Média que elegiam um comitê de administradores para coletar impostos, instalaram sistemas educacionais e de negócios com outras necessidades da vida judaica. Os judeus até tinham seus próprios grêmios de ofício. Cada kahal tinha um yeshiva, onde meninos com cerca de 13 anos de idade aprendiam textos talmúdicos e rabínicos. Yiddish era a linguagem da oral translation e da discussão da Torá e do Talmud. Eruditos Ashkenazi focaram-se na leitura cuidadosa do texto e também em resumir interpretações legais dos eruditos Ashkenazi e Sefaradi anteriores da lei judaica.

Ashkenazim focaram-se no Hebraico, Torá e especialmente no Talmud. Eles usaram a religião para proteger a eles mesmos de influências externas. Os judeus desta época eram largamente de classe média. Por escolha, a maioria deles viviam em comunidades autônomas ao redor de sua sinagoga e outras instituições comunitárias. O Iidishe era a linguagem em comum dos judeus Ashkenazi no Leste europeu e na Europa central. Com o início da Renascença e as guerras religiosas em meados do século XVI, a divisão cresceu entre os judeus da Europa central e a do leste. Na Europa Central, particularmente na Alemanha, governantes forçaram os judeus a viverem a parte do resto da sociedade em guetos com cerca de 100 e 500 habitantes. Os guetos eram geralmente limpos e em boas condições. Judeus do Leste europeu viviam nos shtetls, onde judeus e gentios viviam lado a lado.

Nos séculos XVII e XVIII, judeus na Polônia, o centro da judaria Ashkenazi, enfrentaram libelos de sangue e motins. O crescimento do Hasidismo na Polônia tirou muitos judeus ausentes da típica prática Ashkenazi. Depois dos massacres de Chmielnicki na Polônia em 1648, judeus poloneses se espalharam pela Europa ocidental, alguns até cruzaram o Atlântico. Muitos judeus poloneses Ashkenazi fujiram para Amsterdã e entraram previamente nas comunidades existentes dos judeus alemães. Os Sefardim por lá consideravam os Ashkenazim socialmente e culturalmente inferiores. Enquanto os Sefardim eram geralmente ricos, os Ashkenazim eram vendedores ambulantes pobres, comerciantes pequenos, artesãos, polidores de diamantes, trabalhadores de jóias e ourives. Como os Sefardim tornaram-se mais pobres no século XVIII, as comunidades tornaram-se mais igualitárias e mais unidas.

A comunidade judaica na Inglaterra também mudou no século XVIII. Ela tinha sido primeiramente Sefaradi durante o século XVII, mas tornou-se mais Ashkenazi na cultura a medida que o número crescia dos judeus alemães e poloneses que chegavam.

Por volta de 1750, cerca de 2,500 judeus viviam nas Colônias Americanas, a maioria era Ashkenazi. Eles eram judeus que falavam Yidish da Holanda, Alemanha, Polônia e Inglaterra. Os primeiros judeus eram comerciantes e traders. Desde então, judeus Ashkenazi levantaram comunidades ao longo dos Estados Unidos.

Pelo final do século XIX, como resultado da perseguição russa, houve uma massiva emigração Ashkenazi do Leste europeu para outras áreas da Europa, Austrália, África do Sul, Estados Unidos e Israel. Ashkenazim excediam os Sefardim em todas as partes exceto no Norte da África, Itália, Oriente Médio e partes da Ásia. Antes da Segunda Guerra, Ashkenazim compreendiam 90% do mundo judeu.

A destruição da judaria européia na 2a Guerra reduziu o número de Ashkenazim e, com alguma exceção, sua superioridade númerica superava os Sefardim. Os Estados Unidos tornaram-se o principal centro para os judeus Ashkenazi.

Em um certo período Ashkenazim e Sefardim desenvolveram diferentes orações litúrgicas, serviços da Torah, pronúncias do hebraico e modos de vida. Originalmente, a maioria dos Ashkenazim falavam Yidish. Os tons dos Ashkenazi e Sefaradi para ambas orações e leitura da Torah são diferentes. Uma Torah Ashkenazi encontra-se plana enquanto está sendo lida, enquanto uma Torah Sefaradi eleva-se. Os escreventes Ashkenazi desenvolveram um certificado distinto. Uma das maiores diferenças está na fonte usada para decidir a lei judaica. Os Sefardim seguem a 'Shulhan Arukh' do Rabino Joseph Caro. Os Ashkenazim seguem o Rabino Moses Isserles, que escreveu um comentário na 'Shulhan Arukh' citando a prática Ashkenazi. Existem diferenças em muitos aspectos da lei judaica, na qual as leis para mulheres são isentas daquela comida que é permita para se comer na Pesah(Páscoa). Atualmente, muitas das distinções entre Ashkenazim e Sefardim desapareceram. Em ambos, Israel e Estados Unidos hoje, Ashkenazim e Sefardim vivem juntos, embora tenham geralmente instituições separadas.

Em Israel, tensões políticas continuam a existir por causa de sentimentos por parte de muitos Sefardim de que eles seriam discriminados e ainda não teriam o respeito que merecem. Historicamente, a elite política da nação tem sido Ashkenazim; entretanto, isto está gradualmente mudando. O Shas, um partido religioso Sefaradi, tornou-se um dos mais poderosos no país e indivíduos políticos Sefaradi agora ocupam posições poderosas. Marroquino de nascimento, David Levy, por exemplo, serviu como ministro do exterior e, em Julho de 2000, o judeu, iraniano de nascimento, Moshe Katsav, foi eleito presidente.

Fonte do texto resumo: Jewish Library (fonte online)
http://www.jewishvirtuallibrary.org/jsource/Judaism/Ashkenazim.html
Fontes (livros): Ausubel, Nathan. Pictorial History of the Jewish People. New York: Crown Publishers, 1953.
Dimont, Max. Jews, God and History. New York: Simon and Schuster, 1962.
Encyclopedia Judaica. "Ashkenaz". Jerusalem: Keter Publishing House, 1972.
Seltzer, Robert. Jewish People, Jewish Thought. New York: Macmillan Publishing Co., 1980.
Tradução: Roberto Lucena

Leitura adicional: History of the word Ashkenaz
http://www.somethingjewish.co.uk/judaism_guide/ashkenazi_jews/index.htm

Ver mais:
Shlomo Sand: A invenção do povo judeu (livro)

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