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terça-feira, 15 de setembro de 2015

"O mito do "bom italiano", o antissemitismo e os crimes coloniais" [Fascismo]

Fascistas Italianos enforcando e matando Etíopes
(1935 – 1941)
A quem quiser ler (um aviso: está em inglês, apesar de ter título em espanhol e resumo também neste idioma), segue abaixo um PDF/texto com um "paper" tratando do mito do "bom italiano", ou mais precisamente do "bom fascista" italiano.

Mito propagado pra criar uma diferenciação entre os crimes dos nazistas (da Alemanha) e os fascistas (Itália), pra criar o mito dos "dois fascismos" como se só um tivesse cometido crimes bárbaros (fosse mais brutal) e o outro, em essência, fosse uma "coisa mais amena" quando serviu de inspiração pro fascismo alemão (nazismo). A mesma questão da mitificação debatida no texto também serve pra analisar os outros fascismos: espanhol, português etc.

O mito é tão propagado que até no livro "Holocausto: uma História" (Holocaust: A History em inglês) da Debórah Dwork e do Robert Jan Van Pelt (mas quem escreve esta parte aparentemente é ela, pelo menos a escrita é bem dela), ela de forma grotesca repete essa mitificação dos fascistas italianos para distingui-los (citando por alto, de memória) dos fascistas croatas (Ustashi) como se os fascistas da Itália fossem "lordes" ou coisa parecida, o que como fica claro no texto/ensaio (caso alguém queira lê-lo por completo), é uma tolice, e principalmente encontrar isso num livro sobre Holocausto.

Como o texto é longo (são 10 páginas no link do PDF), é inviável traduzi-lo e colocar aqui. Mas seria um erro não divulgar este texto/ensaio sobre a questão já que este mito é muito propagado e o povo o repete muitas vezes por puro desconhecimento e repetição automática de informação superficial sobre segunda guerra e crimes de guerra na mesma, sem falar na omissão das atrocidades italianas na Etiópia.

Resumo do texto (tradução minha):
"Meu texto pretende reconstruir as peripécias do mito do "bom italiano" na historiografia internacional com o propósito de analisar suas consequências na minimização do antissemitismo fascista. Em primeiro lugar, remontarei-me às origens do mito, considerando os motivos da atitude fascista nos departamentos ocupados pelas tropas italianas entre novembro de 1942 e setembro de 1943.

Na continuação, rastrearei a incidência deste clichê na historiografia do pós-guerra, particularmente nos livros dos historiadores León Poliakov e Renzo De Felice. Em terceiro lugar assinalarei que, em sua maior parte, os estudos recentes sobre o tema não retificaram esta interpretação incorreta. Ao mesmo tempo tentarei evidenciar que o antissemitismo fascista não cobrou forma seguindo as leis raciais nazis, senão de forma autônoma, seguindo uma regulação prévia da discriminação que havia sido introduzida na Etiópia pela administração colonial."

Título: THE MYTH OF THE “GOOD ITALIAN”, THE ANTISEMITISM AND THE COLONIAL CRIMES
("El mito del “buen italiano”, el antisemitismo y los crímenes coloniales")
Autor: Diego Guzzi
Link do PDF/Texto: http://www.constelaciones-rtc.net/04/04_14.pdf

Observação: obviamente que se o autor do texto pedir a remoção do mesmo, serei obrigado a removê-lo, embora até hoje nenhum tenha pedido isso, mesmo porque o texto se encontra disponível publicamente na web e o autor foi citado acima (foi dado os créditos, como é de direito), bem como o link pro PDF original também foi colocado.

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

O genocídio do Estado Independente Croata 1941-1945 - Parte 3

Continuação do texto "O genocídio do Estado Independente Croata 1941-1945", do historiador Dušan T. Batakovic.

AS DEPORTAÇÕES

Dusan Batakovic
A Secretaria de Estado para a Renovação dirigiu a deportação de sérvios. Sua tarefa era acolher alguns dos eslovenos das regiões da Eslovênia que estavam sob ocupação alemã e realizar todas as formalidades necessárias para "remover a população estrangeira do território do Estado Independente Croata." (34) A deportação dos sérvios fi realizada com um plano particular e em várias ondas. De acordo com documentos alemães do final de Junho, havia, na Sérvia, cerca de 137.000 sérvios que fugiram ou foram expulsos do NDH, mas se estima que muitos deles, que não foram apresentado às autoridades sérvias, chegavam a 180.000. De acordo com dados disponíveis do Comissário para os Refugiados na Sérvia, o número já havia ultrapassado 200.000. (35)

Em entrevista ao jornal alemão Neue Ordnung, Pavelic declarou: "Quanto aos sérvios, houve confusão nas próprias noções. Não há muitos sérvios de verdade na Croácia: em grande parte, trata-se de croatas de religião sérvio-ortodoxa e Vlachs. Este problema será resolvido da melhor maneira, da qual uma será a mais apropriada. De acordo com as autoridades alemãs, 250.000 sérvios serão enviados para a Sérvia, enquanto os outros podem ficar aqui." (36) Nesta entrevista, Pavelic simplesmente repetiu a teoria favorita, mas impossível de se provar, e adiantada por Starcevic Ante, de que os sérvios ortodoxos na Croácia são, em sua origem, ou croatas ou Vlachs, pastores romenos em transumância nos Alpes Dináricos e que, ao longo dos séculos, teriam se tornado sérvios ao se converterem à religião ortodoxa. A fim de que a memória dos sérvios se desvanecesse, a Ustasha, no início de 1942, criou uma Igreja Ortodoxa Croata sob o comando de um monge emigrante russo chamado Germogen.

A emigração para a Sérvia não poderia ser implementada de acordo com planos de Pavelic por causa da oposição das autoridades alemãs na Sérvia. Até 25 de agosto de 1941, 13.343 sérvios foram 'legalmente' deportados para a Sérvia. Em 22 de setembro de 1941, os alemães disseram que a emigração deveria acabar e que não aceitaria que os sérvios ficassem em alguns determinados campos de concentração, cerca de 3.200 pessoas nos campos de Bjelovar, Slavonska Pozega e Camprag. No entanto, as deportações dos "ilegais" continuou, mesmo no coração dos meses que se seguiram. Para o transporte legal e ilegal, a Ustasha transferiram 118.000 sérvios para a Sérvia antes do final de 1941. (37)

A CONVERSÃO AO CATOLICISMO

O Alto Clero da Igreja Católica havia estabelecido a mais estreita cooperação com as autoridades Ustashis. No seu comando estava o Arcebispo de Zagreb, bispo Alojzije Stepinac, que saudou a criação do novo Estado e deu sua bênção a Ante Pavelic. A maioria dos Bispos Católicos (bispo Saric de Sarajevo, bispo Bonefacic de Split, bispo Pusic de Hvar, bispo Srebrenic de Krk, bispo Buric de Senj, bispo Aksamovic de Djakovo, bispo Garic de Banja Luka, bispo Mileta de Sibenik) têm trabalhado ativamente na propagação do regime Ustasha, e um número de padres e monges vestidos com uniformes ustashis, especialmente os franciscanos da Bósnia, não escondiam o seu envolvimento em crimes. (38)

A Secretaria de Estado para a Renovação - O "Setor religioso" planejou a conversão forçada de um milhão de sérvios ao catolicismo. As disposições legais da lei quanto à fé católica proibia conversões forçadas oficialmente, mas as pressões e temores de retaliação foram os principais 'motivos' de 'pedidos' para se juntar à nova religião. O frade franciscano Dionizije Jurcev, que liderou até novembro de 1941 as ações para a conversão ao catolicismo, disse em um discurso: "Neste país, ninguém além dos croatas pode viver, porque este país é croata e aqueles que não desejam se converter sabemos para onde enviá-los. (...) Hoje, não há pecado em matar até mesmo uma criança pequena de 7 anos, que por acaso dificulte nosso movimento Ustasha (...) Esqueça que eu uso hábitos de sarcedote; sei que posso, quando necessário, pegar uma arma e matar, desde o berço, tudo o que se oponha ao Estado e autoridades croatas." (39)

O ministro ustashi Mirko Puk enfatizou que o NDH "apoia a conversão dos Greco-Orientais para a religião católica, porque essa conversão é que os retorno à religião ancestral", e concluiu dizendo que quem não quer "por qualquer motivo, reconhecer esse fato histórico, deverá sair do território desse Estado." (40) Sempre que as conversões não eram bem sucedidas, prisões e massacres continuaram. Em fevereiro de 1942, as unidades Ustashis realizaram massacres na região de Banja Luka, matando cerca de 2.300 sérvios. E até mesmo ocorreram casos em que os sérvios se tornaram católicos foram levados para os campos. No final de maio de 1942, todos os sérvios de Bosanska Dubica foram levados para um campo de concentração, mesmo aqueles que haviam se convertido ao catolicismo. De acordo com dados disponíveis, cerca de 240.000 sérvios foram objetos de conversões forçadas entre 1941 e 1942. (41)

O governo Ustasha que foi enviado ao Vaticano, Dr. Rusinovic, num relatório datado de 09 de maio de 1942 "fez saber a Zagreb que a Santa Sé estava de posse de pelo menos oito mil fotografias dos massacres de sérvios ortodoxos". O Cardeal francês Eugene Tisserant "indignou-se contra o desaparecimento de 'trezentos e cinquenta mil sérvios' e o comportamento lamentável dos franciscanos da Bósnia-Herzegovina." (42)

O NÚMERO DE VÍTIMAS

Até o momento não temos como determinar com precisão o número definitivo de sérvios que foram vítimas de terror da Ustasha no Estado Independente da Croácia, porque não foram sistematicamente realizadas pesquisas em todos os lugares onde os crimes foram cometidos. As estimativas variam entre 300.000 e 700.000. Se o montante de 35.000 judeus e 25.000 ciganos não é contestado, o número de vítimas sérvias durante várias décadas é tema da manipulação política, porque a redução do tamanho do Holocausto sérvio tende a ser completamente negado ou minimizado para colocá-lo na vingança que foi feita sobre os muçulmanos no leste da Bósnia e do massacre dos Ustashis capturados no final da guerra. Robert Fisk recentemente salientou que a limpeza étnica dos sérvios na Bósnia era de dimensões colossais, e que ele, pessoalmente, teve a oportunidade de ler arquivos em Banja Luka de dezenas de milhares de registros originais da Ustasha. (43)

NOTAS

(34) B. Krizman, op. cit., p. 127.

(35) F. Jelic-Butic, op. cit. p. 172.

(36) Neue Ordnung, Berlin, 24. août 1941.

(37) F. Jelic-Butic, op. cit., pp. 170-171; B. Krizman, op. cit., p. 127.

(38) V. Novak, op. cit., pp. 450-700; F. Jelic-Butic, op. cit., pp. 214-221.

(39) V. Novak, op. cit., p. 627.

(40) F. Jelic-Butic, op. cit., p. 175. Cf. Dokumenti o protunarodnom radu i zlocinima jednog dijela katolickog klera, Zagreb 1946, passim; La nouvelle documentation: Dragoljub R. Zivojinovic-Dejan Lucic, Varvarstvo u ime Hristovo. Prilozi za Magnum Crimen, Beograd 1988, passim.

(41) F. Jelic-Butic, op. cit., p. 175. Cf. Sima Simic, Prekrstavanje Srba u Drugom svetskom ratu, Titograd 1958, passim.

(42) X. de Montclos, op. cit., p. 178.

(43) Robert Fisk, 'Cleansing Bosnia at the Camp called Jasenovac', The Independent, August 15, 1992. Cf. Richard West, 'Convert a third, kill a third', The Guardian, August 20,1992.

Uma versão curta deste artigo foi publicado em: Hérodote, N° 67, Paris 1992, pp. 70-80.

Dusan T. Batakovic
E-mail: dtbatak@eunet.yu
Copyright © 1997 Dusan T. Batakovic

Fonte: Site do historiador Dusan T. Batakovic
Texto original: Le génocide dans l'état indépendant croate 1941-1945
Tradução: Roberto Lucena

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Ler também:
Ustasha (Blog avidanofront)
Ustasha (Blog holocausto-doc)

domingo, 12 de fevereiro de 2012

O genocídio do Estado Independente Croata 1941-1945 - Parte 2

Continuação do texto "O genocídio do Estado Independente Croata 1941-1945", do historiador Dušan T. Batakovic.

OS MASSACRES

Dusan Batakovic
O historiador croata Fikreta Jelic-Butic reconstituiu, com base em materiais autênticos da Ustasha, a cronologia das perseguições de sérvios durante os primeiros meses após o estabelecimento do Estado Independente da Croácia: "Além de prisão um número crescente de sérvios em campos, rapidamente começaram os assassinatos em massa, massacres estes também realizados em vários locais. Na aldeia de Gudovac, perto Bjelovar, os utashis fuzilaram cerca de 184 camponeses sérvios entre 27 e 28 de Abril. Em Blagaj, na região de Kordun, após chamar os sérvios de Veljun e comunidades vizinhas para serem agrupados, os ustashis mataram cerca de 250 agricultores que responderam ao chamado do agrupamento. Poucos dias depois, em 11 e 12 de maio, cerca de 300 sérvios foram massacrados em Glina. No mês de junho, outros massacres ainda maiores ocorreram na Herzegovina. Nos subúrbios de Ljubinje, os ustashis iniciaram em 2 de junho um massacre em massa em que cerca de 140 camponeses sérvios foram mortos. Três dias depois, os ustashis haviam assassinado cerca de 180 agricultores da aldeia de Korita, perto Gacko. Então, em 23 de junho, quase sempre perto de Ljubinje, 160 homens foram mortos e em três aldeias próximas a Gacko, cerca de 80 homens, mulheres e crianças foram mortos. Dois dias depois, em algumas aldeias do distrito de Stolac, 260 homens foram abatidos. Em 30 de junho, em Ljubusko, cerca de 90 sérvios trazidos de Capljina foram mortos. Em junho, houve o massacre dos sérvios no território da Dalmácia do Norte. A matança começou com a prisão em massa de sérvios nos distritos de Drnis e Knin. Em primeiro lugar, cerca de 60 agricultores sérvios foram capturados em três aldeias: eles foram trancados na fortaleza de Knin e, em seguida, foram abatidos. Um grupo de cerca de 50 sérvios foram massacrados na estrada de Knin-Gračac. Na noite de 19 a 20 de junho, os ustashis prenderam 76 sérvios de Knin e Kninsko Polje foi morto em Promina. Em algumas aldeias das comunidades de Vrlika, Drnis e Promina, quase 250 camponeses sérvios foram mortos, incluindo muitas mulheres e crianças. Em quatro aldeias ao redor de Knin, 70 sérvios foram mortos antes de 12 de Julho. Na aldeia de Prosoj, perto de Sinj, cerca de 90 pessoas foram presas e depois mortas. (17)

Os assassinatos em massa continuaram ao longo dos meses seguintes: Em Julho - segundo F.Jelic-Butic - uma série de massacres organizados ocorreram, com pico no final do mês. Este é o momento da insurreição armada do povo na Croácia como também na Bósnia e Herzegovina. Em 01 de julho, na aldeia de Suvaj perto de Gracac, cerca de 300 homens, mulheres e crianças foram mortos. Na aldeia de Grahovac, perto de Petrinja, a Ustasha matou cerca de 1.200 pessoas de 24 a 25 de julho.De 20 a 27 de julho, em Prijeboj e arredores, várias centenas de homens foram mortos. Na noite de 27 para 28, em Primislje, cerca de 80 homens foram presos; eles seriam massacrados depois em Slunj. No dia seguinte, em 28 de julho, a Ustasha matou cerca de 180 sérvios perto de Vojnic. Nesse mesmo dia, cerca de 50 homens e mulheres da aldeia de Polace, perto de Knin, foram massacrados. No dia seguinte, no dia 29 de julho, ocorreu o grande massacre de centenas de sérvios na igreja Glina. Segundo fontes, no final de julho, cerca de 2.000 sérvios foram mortos em Glina. E, simultaneamente, ocorreu o massacre de cerca de 500 sérvios de Gracac e áreas circunvizinhas. Os maiores massacres em território da Bósnia ocorreram no final de julho nas regiões ocidentais. Acredita-se que nestes dias, nos distritos de Bihac, Bosanska Krupa e Cazin cerca de 20.000 sérvios foram mortos, e cerca de 6.000 no Distrito de Sanski Most e também 6000 nos distritos de Prijedor e Brod Bosanski, no entanto, a Ustasha ainda matou cerca de 250 pessoas nas aldeias sérvias de Duvno. A partir de 29 de julho começaram as matanças em massa na região de Livno, que ao longo dos próximos meses, implicaram na morte de mais de 1.000 sérvios." (18) Em Prebilovci e Surmanci, na Herzegovina, 559 sérvios foram mortos, exclusivamente velhos, mulheres e crianças. Eles foram levados para o abismo chamado Golubinka onde foram massacrados e jogados no abismo. Os massacres não pouparam nem mesmo a região de Srem. Após os massacres de 1941, em Ruma, dia 12 de agosto de 1942, 60 pessoas foram mortas e 140 sérvios foram mortos, em 25 de agosto, em Vukovar (19).

As dimensões deste massacre golpeou com espanto os representantes da Itália e da Alemanha no NDH. Em 28 de junho, Glaise von Horstenau informou que "de acordo com relatórios confiáveis ​​de um grande número de alemães observadores civis e militares, durante os últimos nas cidades e no campo, os ustashis se tornaram totalmente insanos." (20) No início de julho, o general von Horstenau assinalou com espanto que "os croatas expulsaram de Zagreb todos os intelectuais sérvios". Em 10 de julho, ele falou do "tratamento absolutamente desumano o qual são submetidos os sérvios que vivem na Croácia", referindo-se ao embaraço dos alemães "com seis batalhões de infantaria" que não podiam fazer nada a não ser observar "a fúria cega e sangrenta dos ustashis". (21)

O Coronel italiano Umberto Salvatore escreveu em 1 de Agosto de 1941 que "Gračac lembrava o Inferno de Dante, tiros foram disparados, mulheres e crianças gritando, e em toda parte os homens arrogantes e provocadores. com rostos dos carrascos, vestindo o uniforme da Ustasha". (22). Em informações detalhadas fornecidas pelas autoridades militares italianas em 1941 atestavam o grande número de vítimas. Em um memorando intitulado "Documentação das ações brutais e ilegais cometidas pela Ustasha contra a população iugoslava", falamos de 141 casos de assassinato em massa com lista muito precisa de 46.286 pessoas mortas, enquanto toda a documentação de abril-agosto de 1941 indica que o número de vítimas - a maioria sérvios, era superior a 80.000. (23)

OS CAMPOS DE CONCENTRAÇÃO

A partir do verão de 1941, os campos de trânsito que foram estabelecidas seguindo o modelo nazista, rapidamente se tornaram campos de concentração. Os maiores dos 'campos da morte' eram o de Jasenovac, Jadovno (perto de Gospic), Stara Gradiska e o de Jastrebarsko. Fikreta Jelic-Butic relatou que dos campos "os principais e maiores no NDH eram o de Jasenovac e o de Stara Gradiska. O campo de Jasenovac surgiu no verão de 1941, quando os utashis começaram a trazer grupos de sérvios e judeus (Campo Nº 1). A chegada de outros presos levou à expansão do campo (Campo nº II). e de novembro de 1941 o campo continuou a ser expandido (Campo Nº III e Campo nº IV)." (24)

F.Jelic-Butic lembrou que foi no campo de Jasenovac, instalado na confluência do rio Una e do Rio Sava "que o maior número de seres humanos foram mortos no NDH - várias centenas de milhares de pessoas. De acordo com dados da Comissão Nacional da Croácia para levantamento dos crimes dos ocupantes e de seus colaboradores, calcula-se que este número é de cerca de 500 a 600.000 pessoas. As pesquisas em cemitérios que são feitas na área do memorial de Jasenovac estabeleceu que em terras distantes examinadas, numa área de 57.000 metros quadrados, mais de 360.000 prisioneiros foram executados e depois enterrados. Os dados correspondentes estão contidas no folheto de Jasenovac e em "Os campos de Jasenovac" (Jasenovac 1974) escrito por R . Trivuncic, o autor conclui: "Com base em marcas na superfície e em testemunhos de prisioneiros que sobreviveram, o número de 700.000 prisioneiros executados é bem realista" (25)

De acordo com dados fornecidos por Edmond Paris, cerca de 200.000 homens foram mortos em Jasenovac entre 1941-1942. Somente em 1942 sozinho, cerca de 12.000 crianças das 24.000 enviadas para Jasenovac foram mortas: "Multidões inteiras de crianças judias foram queimadas vivas nos fornos de tijolo do antigo transformado em crematório." (26). Vjekoslav Luburic, responsável pelos campos de concentração, declarou em Jasenovac no dia 9 de outubro de 1942, em uma recepção das mais altas autoridades do Estado Independente da Croácia: "Assim, durante este ano, em Jasenovac, mataram mais homens do que o Império Otomano fez durante a presença dos turcos na Europa." (27)

Segundo a pesquisa de F.Jelic-Butic, quando o campo de concentração Jadovno foi fechado em agosto de 1941, o número de mortes, em sua grande maioria de sérvios e judeus, era de 35.000. Um grande número de mulheres sérvias e cerca de 1.300 mulheres judias e seus filhos foram transferidos do campo de Lobograd para o campo de Auschwitz, antes do campo de Lobograd ser fechado em 1942. No campo de Stara Gradiska, procedeu-se "especificamente o massacre de mulheres e crianças." (28) Quase 4.500 sérvios e 2.400 judeus foram internados no campo de concentração na ilha de Pag. Na véspera da entrega daquela ilha para os italianos, os utashis massacraram cerca de 4.500 detentos. (29) No campo de concentração de Jastrebarsko, os ustashis levaram em 1942 cerca de 1.200 crianças de regiões de Banija e Kordun (norte de Krajina). Estes jovens internados foram tratados com extrema brutalidade. 486 crianças rapidamente sucumbiram à fome e apenas algumas delas escaparam do extermínio. (30)

Num relatório enviado em 20 de Fevereiro de 1942 à Berlim, Glaise von Horstenau dizia que as estimativas quando ao número de sérvios mortos no NDH oscilava entre 200.000 e 700.000 e que ele mesmo considera que o número de 300.000 era a mais correta. Os membros do governo croata argumentaram que antes do início de 1942, cerca de 250.000 croatas e 200.000 sérvios morreram, mas o General von Horstenau concluiu que o primeiro número era demasiado elevado e o segundo demasiado baixo. (31)

Os assassinatos em massa continuaram nos anos seguintes. Uma dos maiores deles foi realizado em Kozara, no noroeste da Bósnia, onde, numa ação combinada da Ustasha e de dezenas de forças alemães, milhares de sérvios foram mortos, incluindo um grande número de das crianças. (32)

Os dignitários e os clérigos da Igreja Ortodoxa Sérvia foram um alvo preferencial de ataques da Ustasha. O território do Estado Independente da Croácia tinha 9 bispados sérvios, 1.100 igrejas, 31 monastérios, 800 sacerdotes e 160 monges. Três dos principais bispos, o bispo Platon Jovanovic de Banja Luka, o bispo Petar Zimonjic de Sarajevo, o metropolitano da Bósnia e o bispo de Karlovac, Sava Trlajic, foram assassinados brutalmente e o Arcebispo Metropolitano de Zagreb, Monsenhor Dositej, foi deportado para Belgrado depois de ter sido torturado. No NDH cerca de 300 sacerdotes foram mortos, no entanto, muitos foram deportados para a Sérvia. Na diocese de Karlovac, 175 igrejas foram queimadas, destruídas ou fortemente danificadas. De um total de 189, apenas 14 igrejas permaneceram intactas. No bispado de Pakrac, de um total de 99 igrejas, 53 foram queimadas e 22 danificadas. Na Diocese da Dalmácia, 18 igrejas foram demolidas e 55 danificadas de um total de 109. Segundo a informação recebida, até o início de 1945, pelo Patriarcado em Belgrado, 7 igrejas foram destruídas e 6 outras foram muito danificadas de um total de 12, que incluia a diocese de Bosanska Dubica do bispo Banja Luka. Na diocese de Dubica, o número total de residentes sérvios caiu de 32.687 para 13.286. Em todo o território do NDH, em todo os cinco anos de poder da Ustasha, cerca de 400 igrejas sérvias e mosteiros foram demolidos, no entanto, um grande número deles, danificados, serviram como estábulos, armazéns, frigoríficos de gado ou banheiros abertos ao público. Em Jasenovac, antes de ser completamente destruído, a igreja ortodoxa local serviu como um estábulo. A destruição sistemática não poupou nem mesmo os cemitérios ortodoxos. Entre os locais de sepultamento muitos foram saqueados, aqueles que foram especialmente danificados, ou mais exatamente, demolidos, os locais foram arados: por exemplo, cemitérios perto de Banja Luka, nos cantões de Cajnice, Brcko, Travnik, Mostar, Ljubinje, Slavonski Brod, Borovo, Tenja e muitos outros. (33)

NOTAS

(17) F. Jelic-Butic, op.cit., p. 166.

(18) Ibid., p. 167. Uma documentação similar com uma lista detalhada das perseguições: E.Paris, op.cit., 59-60, 80-87, 104-107. Sobre os crimes da Ustasha na Herzegovina cf. Savo Skoko, Pokolji hercegovackih Srba 1941, Belgrado 1991. Um testemunho direto sobre os crimes ustashis é apresentado por Jean Hussard, em "Vu en Yougoslavie 1939-1944", Lausanne 1944.

(19) E.Paris, op. cit., pp. 103, 127.

(20) Johnatan Steinberg, All or Nothing. The Axis and the Holocaust 1941-1945, Ruthledge, London and New York 1990, pp. 29-30.

(21) Ibid., p. 30.

(22) Ibid., p. 38.

(23) Stato Maggiore Generale, Ufficio informazioni, Doc. Nos 00001-00129. Cf. la traduction serbe des documents: L. Malikovic (ed.), Krvavi bilans Nezavisne Hrvatske. Iz tajnih dokumenata italijanske armije, Revija 92, Beograd 1991, pp. 1-55.

(24) F. Jelic-Butic, op. cit., p. 186.

(25) Ibid., p. 187, note 214.

(26) E.Paris, op. cit., pp. 132-133.

(27) Ibid.

(28) F.Jelic-Butic, op. cit., pp. 186-187.

(29) E.Paris, op. cit., p. 129.

(30) Ibid., p. 130.

(31) Antun Miletic, Koncentracioni logor Jasenovac, Beograd 1986, vol. I, p. 161.

(32) Dragoje Lukic, Rat i djeca Kozare, Beograd 1990, 394 p. avec la liste des 11.196 enfants que les oustachis ont tués pendant la période 1941-1945.

(33) Dragoslav Stranjakovic, Najveci zlocini sadasnjice. Patnje i stradanje srpskog naroda u Nezavisnoj drzavi Hrvatskoj, Decje Novine - Jedinstvo, Gornji Milanovac et Pristina, 1991, pp. 127-185.

Fonte: Site do historiador Dusan T. Batakovic
Texto original: Le génocide dans l'état indépendant croate 1941-1945
Tradução: Roberto Lucena

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Ler também:
Ustasha (Blog avidanofront)
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sábado, 11 de fevereiro de 2012

O genocídio do Estado Independente Croata 1941-1945 - Parte 1

O GENOCÍDIO DO ESTADO INDEPENDENTE CROATA 1941-1945

DUSAN T. BATAKOVIC

Dusan Batakovic
O Estado Independente da Croácia (NDH), sob a proteção do Terceiro Reich foi proclamado em 10 de abril de 1941 em Zagreb, quatro dias após o ataque de Hitler contra o Reino da Iugoslávia e uma semana antes da capitulação final de seu exército. A proclamação do NDH, incentivada pela chegada da vanguarda alemã, foi lida na Rádio Zagreb por Slavko Kvaternik, ex-oficial do exército austro-húngaro, em nome de Ante Pavelic, líder do Ustasha - os fascistas croatas - que se encontrava naquela ocasição em Florença, Itália. Imediatamente após, também foi lido o apelo do Dr. Vladko Macek, presidente do Partido Camponês Croata e formalmente vice-presidente da Governo Real Iugoslavo, que pediu para que o público respeitasse as novas autoridades. Mussolini ordenou que Pavelic com 250 Ustashi que viviam sob a proteção da Itália durante uma década, fossem transportados para a Croácia após o primeiro dar a garantia de que a Dalmácia seria cedida à Itália.

Pavelic chegou a Zagreb em 15 de abril e tomou as rédeas do poder. Nos termos do Acordo de Roma de 18 de Maio de 1941 sobre "salvaguardas e à cooperação entre o Reino da Croácia e do Reino da Itália", o Estado Independente da Croácia tornou-se um protetorado da Itália e da coroa do rei croata Zvonimir (1075-1089) foi oferecida para o duque Aimone de Spoleto, da Casa de Sabóia. Era para ser coroado em Banja Luka, cidade escolhida por Pavelic para ser a capital do Estado Independente da Croácia, mas o Duque de Spoleto que se tornaria Tomislav II recusou a oferta. Apesar do acordo de Hitler e Mussolini, o NDH caiu dentro da esfera de influência italiana, o poder foi exercido em Zagreb enviado por militares do Reich, o general Edmund Glaise von Horstenau, antigo oficial do exército Austro-Húngaro e historiador militar. Também no âmbito do acordo entre Hitler e Mussolini, os seguintes territórios entraram na composição do novo Estado: Croácia, Eslovênia, parte da Dalmácia, de Split à Dubrovnik, bem como três ilhas do Adriático. Em 23 de Abril de 1941, o exército alemão cedeu toda a Bósnia-Herzegovina à Croácia, acrescentando Sirmium, a sudoeste de Vojvodina, até Zemun, uma cidade separada de Belgrado (capital da Sérvia) pelo rio Sava, ocupada pelos alemães. (1) De acordo com estatísticas croatas de 1941, a composição étnica do novo Estado era a seguinte:

Croatas 3.069.000 50.78%
Sérvios 1.847.000 30.56%
Muçulmanos 717.000 11.86%
Outros 410.000 6.80% (2)

O elevado número de sérvios era o problema principal das novas autoridades. Segundo o censo de 1931, os sérvios eram maioria da população na Bósnia-Herzegovina (44,3%), maioria absoluta no território da Krajina (regiões de Lika, Kordun, Banija e Eslavônia Ocidental), passando pela Fronteira Militar austríaca (Militergränze) e eram mais de 50% da população total em Sirmium. Seu número real era muito maior do que o indicado nas estatísticas oficiais. O território que formava o NDH, de acordo com o censo de 1921, tinha 1.570.000 sérvios ortodoxos e de acordo com o censo de 1931: 1.850.000. Com um aumento anual de 1,8% deveria existir pelo menos 2.180.000 sérvios em 1941 e, segundo algumas estimativas, ainda havia mais, cerca de 2.200.000. (3)

Numa reunião de 7 de junho de 1941, Hitler aconselha Pavelic a resolver o problema dos sérvios no NDH da mesma maneira como a dos poloneses que viviam nas fronteiras orientais do Terceiro Reich. Partidário, também, da teoria da superioridade racial, Pavelic dispunha em seu próprio país planos para a solução das relações interétnicas. Até sua emigração em 1929, Pavelic, que pertencia à Stranka Prava Hrvatska (Partido de extrema-direita croata), que também foi chamado de Frankovci (como era chamado o sucessor de Starcevic, Josip Frank) era adepto da doutrina de Ante Starcevic (1823-1896), primeiro ideólogo e fundador do partido. Em oposição ao programa iugoslavo para a aproximação servo-croata, Starcevic resolutamente contestou a própria existência da nação sérvia na Croácia. Ele defendeu a teoria de que os sérvios eram 'intrusos' na Croácia, chamando-os de "raça de cachorros" que "vagabundeavam" pela Croácia. A Ideologia de Starcevic foi incorporada por Pavelic nos Princípios do Movimento Ustashi e ao chegar ao poder, ele se comprometeu solenemente com a publicação de trabalhos selecionados de seu mentor. (4) O arcebispo católico de Sarajevo, Ivan Saric Bispo, publicou no Natal de 1941 em Zagreb a "Ode to Poglavnik '(Poglavnik - Führer, Duce, em croata), dizendo: "Ante Starcevic, é ele que foi 'inspirado/ foi ele que criou seu ideal." (5)

Idealizada segundo Stracevic, a Ustasha assumiu a posição de que os muçulmanos da Bósnia são a parte mais pura da nação croata: "Eles são da raça croata, eles são a mais pura e antiga nobreza da Europa." (6) Em um discurso proferido em 25 de maio de 1941, em Banja Luka, o Ministro da Ustasha Jozo Dumancic disse:" Este é o mesmo amor que Stracevic usa com o nosso Poglavnik, amar nossos irmãos muçulmanos." (7) Uma parte dos dirigentes políticos (Osman e Dzafer Kulenovic) se uniu ao governo Ustasha, e uma parcela significativa dos muçulmanos da Bósnia foi organizada como parte da Divisão SS Handzar (punhal, em árabe), que realizou grandes massacres no seio da população sérvia na Bósnia-Herzegovina. No entanto, alguns notáveis ​​muçulmanos se distanciaram no início da guerra e eram contra o novo regime, condenando os crimes cometidos contra sérvios e judeus pelos muçulmanos que participaram. (8)

A PIRÂMIDE DA DISCRIMINAÇÃO

Imediatamente após o estabelecimento do governo da Ustasha, as regras relativas à raça foram promulgadas. Em 30 de abril de 1941 foram publicados: A regulamentação jurídica relativa às filiações raiciais e a regulamentação legal para a proteção do sangue ariano e honra do povo croata. No regulamento é dito que "o casamento entre judeus e pessoas que não têm origem ariana, é proibido." Também foi proibido o casamento de uma pessoa que tem ancestrais arianos e que também tem um ancestral da segunda geração da raça judia ou aqueles pertencentes a outra população não-ariana da Europa com uma pessoa que é, racialmente, da mesma origem. (9)

Para os sérvios, a regra de 3 de maio proclamada, previa a conversão de uma religião para outra. O Sþagissait é o primeiro regulamento sobre a conversão forçada dos sérvios. As regras para a proteção das pessoas e do Estado (de 17 de abril de 1941) possibilitou a criação dos 'tribunais nacionais extraordinários.' Eis aqui um testemunho de um jornalista croata, Sime Balen, sobre o trabalho destes tribunais: "foi o suficiente para que um ustashi jogasse vistas a uma loja de propriedade judia ou de um sérvio para acusar o proprietário de 'sabotagem' e o arrastar para o tribunal e imediatamente proclamá-lo "culpado de alta traição e então fuzilá-lo, passando a posse do estabelecimento para a Ustasha." (10) Muito rapidamente, as principais vítimas das 'leis marciais estabelecidas' foram os sérvios e judeus (11).

Após a sua chegada em Zagreb, Pavelic declarou, falando como um vencedor: "Eu cortei a árvore (referindo-se ao assassinato do rei Alexandre em Marselha em 1934), e cortar seus ramos (o povo sérvio)." Após seu discurso de 21 de maio de 1941 no qual ele delineou o seu programa sobre o futuro da 'nova Croácia', seus colaboradores mais próximos, seus ministros e dignitários do exército desenvolveram os primórdios da Poglavnik sobre a questão sérvia. Milovan Zanic, diplomata-chefe do NDH, falando em Nova Gradiska, disse: "Ustashis! Falo abertamente, que o estado, nosso país deve ser croata e nunca deverá ser de outro. E é! Porque aqueles que vieram até aqui deverão sair. Os acontecimentos ao longo dos séculos e especialmente durante estes vinte anos (a duração do Reino da Iugoslávia) mostram que qualquer compromisso está excluído. Esta deve ser a terra dos croatas e de mais ninguém e não há nenhum método que nós, como ustashis, não iremos usar nesta terra para ser verdadeiramente croata, e estávamos limpando os sérvios que nos fora uma ameaça por séculos e que seria um perigo de novo na primeira oportunidade. Não estamos fazendo em segredo, essa é a política deste Estado, e quando conseguimos, teremos alcançado o que está escrito nos princípios Ustashi." (12) Falando em Donji Miholjac , ele ameaçou: "O povo croata deve ser purificado de todos os elementos que representam a infelicidade das pessoas, que são estranhos a este povo, que destroi as forças saudáveis ​​desta nação, e que por décadas liderou o povo a uma desgraça após outra. Estes são nossos sérvios e nossos judeus ". (13)

Mile Budak, ministro da Ustasha para Assuntos Religiosos e Educação, fez um discurso em Slavonski Brod, dizendo: "Nós não só temos o direito, mas o dever de exigir da população ortodoxa local que a população compreenda o que ela é e de tomar decisões em conformidade, e temos o direito de dizer: se alguém é sérvio, que a Sérvia é que é o seu país." (14) Em Gospic, antes do Grande Parlamento da Ustasha em 1941, Mile Budak descreveu com grande precisão como seria a implementação da "solução final" da questão da Sérvia: "Vamos matar uma parte dos sérvios, a outra parte nós expulsaremos, e o resto converteremos ao catolicismo e lhes transformaremos assim em croatas ": (15)

Após o estabelecimento das autoridades ustashis na Croácia, os sérvios foram submetidos a todos os tipos de discriminação. O uso do alfabeto cirílico foi banido, foi excluído o nome da "religião ortodoxa sérvia" e foi criada a "religião greco-oriental". Os sérvios foram proibidos de viajar de noite. Todos os sérvios residentes de áreas bonitas das cidades foram desalojados, e os sérvios, assim como também os judeus, foram forçados a usar na lapela uma faixa azul com 'P' maiúsculo (Pravoslavni - Ortodoxo). A prisão de indivíduos tornaram-se rapidamente prisões em massa, e até o final de abril, o massacre começou. (16)

NOTAS

* historien, Institut des études balkaniques (historiador, Instituto de estudos balcânicos)
Academie des Sciences et des Arts, Belgrade (Academia de Ciências e Artes, Belgrado)

(1) Em línguas ocidentais: L'oeuvre général sur l'Etat oustaschi la plus complète: Ladislaus Hory - Martin Broszat, Der Kroatische Ustasha Staat 1941-1945, Stuttgart, Deutche Verlags-Anstalt, 1964. Sur les crimes oustachis l'oeuvre plus complète: Edmond Paris, Genocide in Satellite Croatia 1941-1945. A Record of Racial and Religious Persecutions and massacres. Translated from the French by Louis Perkins. The Institute for Balkan Affaires, Chicago 1962. Cf. recent traduction du serbo-croate: V. Dedijer, The Yugoslav Auschwitz and the Vatican. The Croatian Massacre of the Serbs during World War II, Prometheus Books Buffalo-New York and Ahriman Verlag Freiburg Germany, 1992. Oeuvres croates les plus complètes: F. Jelic-Butic, Ustase i NDH, Globus-Skolska knjiga, Zagreb 1977; B.Krizman, Pavelic izmedju Hitlera i Musolinija, Globus, Zagreb 1983. En francais: H. Laurière, Assasins au nom de Dieux, Paris 1951; Kruno Meneghello-Dincic, L'Etat 'Oustacha' de Croatie (1941-1945), Revue d'histoire de la Deuxième Guerre mondiale, N° 74, avril 1969, pp.43-65; Xavier de Montclos, Les chrétiens face au nazisme et au stalinisme. L'épreuve totalitaire, 1939-1945, Editions Complexe, 1991, pp.151-179.

(2) B.Krizman, op. cit., p. 129

(3) E.Paris, op. cit., p. 47 note 7. Cf. Carlo Falconi, Le silence de Pie XII 1939-1945, Monaco, editions du Rocher, 1965, p. 274.

(4) F. Jelic-Butic, op. cit., p. 14, 15, 23.

(5) Hrvatski narod, Zagreb, 25 decembre 1941. Cf. H. Laurière, op. cit., p. 88.

(6) Ante Starcevic, Izabrana djela, édité par Blaz Jurisic, Zagreb 1942, p. 430.

(7) Hrvatska krajina, Banja Luka, 28 de maio de 1941.

(8) F. Jelic-Butic, op.cit., pp. 196-201.

(9) Hrvatski narod, Zagreb, 17 abril de 1941, N° 64 e 67.

(10) Sime Balen, Pavelic, Zagreb 1952, p. 65.

(11) B. Krizman, op. cit., pp. 120-121.

(12) Novi list, Zagreb, 2 juin 1941.

(13) F. Jelic-Butic, op.cit., p. 164, nota 95.

(14) B.Krizman, op. cit., pp. 123-124.

(15) Viktor Novak, Magnum Crimen. Pola vijeka klerikalizma u Hrvatskoj, Zagreb 1948, p. 605. (reedição 1986)

(16) B. Krizman, op.cit., p. 124.

Fonte: Site do historiador Dusan T. Batakovic
Texto original: Le génocide dans l'état indépendant croate 1941-1945
Tradução: Roberto Lucena

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Ler também:
Ustasha (Blog avidanofront)
Ustasha (Blog holocausto-doc)

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