segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Eliminação de Corpos em Auschwitz - O Fim da Negação - Parte 11 - Cremações ao ar livre em 1944

A cremação ao ar livre e fotos, 1944

A questão das cremações ao ar livre em 1944 gira em torno da deportação dos judeus húngaros, que durou de meados de maio a meados de julho. Negadores afirmam que nenhum extermínio de judeus húngaros ocorreu. No entanto, o que realmente aconteceu aos judeus húngaros é um assunto que a maioria dos negadores evita.

O destino dos judeus húngaros foi traçado numa série de memorandos do Plenipotenciário da Alemanha para a Hungria, Edmund Veesenmayer. Em 23 de abril, ele escreveu um memorando secreto em que relatava que as negociações sobre as deportações judaicas havia começado.
Eles exigem uma transferência diária de 3.000 judeus, principalmente da área de Carpathia, com início em 15 de Maio. Se facilidades de transporte permitissem, haverá também mais tarde transferências simultâneas de outros guetos. Auschwitz é designado como estação de recepção. [231]
As deportações atuais, no entanto, ultrapassaram em muito as 3000 diárias porque os judeus estavam sendo enviados de todas as áreas, conforme antecipado por Veesenmayer, não apenas da Carpathia. Laszlo Ferenczy, o funcionário húngaro encarregado da guetização e concentração dos judeus antes da deportação, enviou um memorando em 29 de maio de 1944 no qual afrmava que até 28 de maio, que todos os 184.049 judeus húngaros em 58 transportes passaram por Auschwitz. [232]

Veesenmayer escreveu nove memorandos de 23 maio a 6 julho detalhando o total de judeus deportados variando de 110 mil nos primeiros memorandos a 423 mil no último. Todos esses memorandos identificam a área de destino como o Reich. [233] Auschwitz estava na parte na qual hoje é a Polônia que era então tida como parte do Reich. O número final de deportados foi citado por Veesenmayer em um memorando de 11 de julho como sendo 437.402. [234] Laszlo Ferenczy, o funcionário húngaro responsável pela deportação, também manteve uma lista de deportados. Suas estimativas mostram que 434.351 judeus húngaros foram deportados. [235] O Ministro da Propaganda da Alemanha, Joseph Goebbels, declarou publicamente que 430 mil húngaros foram deportados até 09 de julho. "Os judeus são levados até a fronteira húngara e além deste ponto passam a sofrer efeito das disposições das medidas anti-judaicas ..." [236]

O problema para os negadores é que os registros de Auschwitz mostram apenas 26.000 judeus estando registrados enquanto um adicional de cerca de 20.000 que não foram registrados foram classificadas como estando em trânsito para outros campos de concentração. [237] Portanto, cerca de 90% dos deportados estão desaparecidas. O que aconteceu com eles? Houve duas explicações diametralmente opostas e contraditórias. Arthur Butz alegou que a maioria das deportações nunca aconteceu e que os memorandos onde Veesenmayer traçou o número de deportados eram falsificações. [238] Carlo Mattogno, por outro lado, não contestou o fato de que as deportações ocorreram, mas afirmava que os judeus húngaros foram usados para o trabalho em outros lugares sem ser Auschwitz. Só que ele não disse que locais poderiam ter sido. [239] Ambas as alegações são examinadas em outra parte. [240]

Tanto longe de que o autor posssa ser capaz de verificar, nenhum outro negador adotou a tese de Butz. Pelo contrário, a maioria dos negadores tendem a evitar a discussão sobre o que realmente aconteceu aos judeus da Hungria. Basta dizer aqui que a principal fonte na qual Butz baseou seu argumento realmente confirma que as deportações aconteceram, algo que Butz parece não estar habituado. [241]

Embora a tese de Mattogno seja amplamente tratada em outro lugar, ela pode facilmente ser julgada com base em um relatório alemão datado de 15 de agosto de 1944 sobre o número de todos os prisioneiros em campos de concentração alemães. O relatório afirma que 90 mil judeus húngaros chegaram aos campos de concentração juntamente com outros 522 mil prisioneiros, na sua maioria não-judeus, que haviam sido adicionados à população já existente. [242] O número de 90.000 parece ser o dobro maior que o número real. [243] O ponto importante, no entanto, é que mesmo se estivesse correto, cerca de 80% dos judeus húngaros estão faltando. Desde que eles não estivessem sendo internados, o que lhes aconteceu? Desveria ser destacado que Mattogno estava familiarizado com este relatório já que ele o havia citado em outro contexto em um estudo que não trata especificamente dos judeus húngaros. [244] Ele não mencionou o relatório ao abordar a questão específica dos judeus húngaros sete anos mais tarde, poorque refutaria o argumento de que eles estariam em outro lugar que não fosse Auschwitz. [245]

Como foi apontado anteriormente, a maioria das evidências primárias em forma de documentos para o extermínio dos judeus em Auschwitz foi destruída pelos alemães. Negadores afirmam que cerca de 400.000 judeus não poderiam ter sido exterminados em um período de dois meses por causa do problema de eliminação do corpo. Alguns tentam argumentar que não era possível cremar tantas pessoas nos fornos em um período tão curto de tempo. Ninguém que esteja familiarizado com o problema argumenta que os crematórios poderiam eliminar tantas pessoas em um período de dois meses. Na verdade, a capacidade dos crematórios era limitada neste período. Os oito fornos do Krema IV quebraram permanentemente em maio de 1943 enquanto os seis fornos do Krema I foram retirados em julho de 1943. Os oito fornos do Krema V funcionavam e paravam durante 1944. Isto significa que havia apenas 30 fornos em funcionamento sólido nos Kremas II e III durante a operação húngara.

O testemunho ocular de quem estava lá diz que houve duas áreas utilizadas para a inceneração ao ar livre. Uma delas foi uma área perto do Bunker Branco, que, como observado anteriormente, havia sido utilizada em 1942 e 1943. Foi reativada em regime de tempo integral para a operação húngara. A outra área foi localizada atrás do Krema V, onde covas foram escavadas para queimar os gaseados. Hoess menciona covas na área arborizada fora do campo onde o Bunker Branco foi localizado e perto de covas do Krema V. [246] O Sonderkommando Henryk Tauber contou sobre as covas cavadas ao longo do Krema V e da área arborizada perto do Bunker Branco. [247] O Sonderkommando Filip Müller escreveu sobre as covas de cremação no Bunker Branco e do Krema V. [248] O Sonderkommando Alter Feinsilber testemunhou que tanto as covas perto do Bunker e Krema V "foram expressamente cavadas para cremar os judeus húngaros." [249] Dois prisioneiros que escaparam de Auschwitz em 27 de maio de 1944, enquanto a operação húngara estava ocorrendo, disseram que as covas perto do Bunker Branco tinham cerca de 50(15,24 m) por 100(30,48 m) pés. [250] Miklos Nyiszli, um médico húngaro judeu que chegou em maio de 1944 e que teve experiência em primeira mão com o trabalho do Sonderkommando, escreveu sobre a vala na Bunker Branco como tendo 18(5.49 m) por 150(45.72 m) pés com "uma confusão de corpos queimando" [251 ] Paul Bendel, um médico francês e Sonderkommando, escreveu sobre três covas de 20(6.1 m) por 40(12.19 m) pés escavadas próximas aos Kremas IV e V, porque os crematórios não conseguiam lidar com os corpos. [252]

Quanto credível era este testemunho? As testemunhas que souberam em primeira mão foram os Sonderkommando, os trabalhadores que queimaram os corpos das vítimas que foram gaseadas. O Sonderkommando Filip Müller escreveu que durante a operação húngara seu número aumentou de 450 para 900. [253] Feinsilber também colocou o número em 900. [254] Tauber mencionou 1000. [255] Nyiszli afirma que havia 860 trabalhadores para dar conta dos mortos. [256] Infelizmente, nenhuma prova documental encontra-se disponível entre meados de Maio até meados de julho, o tempo das deportações húngaras. No entanto, um documento datado de campo de 28 de julho de 1944 enumera em 870 foguistas [Heizer] e 30 descarregadores de madeira [Holzablader] distribuídos em dois turnos de 12 horas para os quatro crematórios. [257] Um relatório similar de 29 de agosto mostra que 874 trabalhadores foram destinados aos quatro crematórios em dois turnos de 12 horas. [258] Estes dois relatórios sobre os detalhes dos crematórios reforçam ainda mais a credibilidade das testemunhas. Esse número é extremamente elevado e muito além de qualquer quantia que seria necessária para uma taxa de mortalidade normal. Não existe uma explicação benigna para este número, e negadores nunca trataram dessa questão.

Negadores argumentam que as queimadas não poderiam ter sido utilizadas por conta de duas fotografias aéreas tiradas pelas forças Aliadas do campo de Auschwitz durante a operação húngara. Negadores afirmam que as fotos não mostram nenhuma atividade. A mais conhecida dessas fotos é a tirada do campo em 26 de junho de 1944. A foto não mostra, de fato, qualquer atividade. No entanto, o motivo disto é que as deportações foram suspensas durante este período de tempo. Uma lista de transportes mostra que nenhum trem deixou a Hungria de 17 junho a 24 junho. Os transportes foram retomados em 25 de junho. [259] Entretanto, leva-se de três a quatro dias para se chegar a Auschwitz partindo da Hungria. [260] Registros de Auschwitz não mostram judeus húngaros sendo registrados de 20 junho a 27 junho. [261] A precisão dessas informações é também verificada nos relatórios Veesenmayer e Ferenczy. Em um relatório em 13 de junho Veesenmayer declarou que os judeus húngaros estavam sendo concentrados na Hungria de 17 a 24 de junho e transportados a partir de 25 a 28 de junho. [262] Um memorando de Ferenczy afirma a mesma coisa. [263] No entanto, quando a foto do dia 26 de junho foi analisada num estudo da Agência Central de Inteligência(CIA) em 1979, observou-se marcas na terra próxima aos crematórios IV e V, de acordo com o testemunho ocular sobre covas em chamas, que era visível. [264]

A outra foto foi tirada em 31 de maio, época em que as deportações estavam ocorrendo. Essa foto não foi analisada no estudo original da CIA. A extensão total do processo de extermínio não é registrada nesta foto. Entretanto, é preciso ter em mente que esta é uma foto tomada ainda em um determinado ponto no tempo, não volta a vigilância do relógio. No entanto, a fotografia de 31 de maio revela informação importante não abordada pelos negadores. Em 1994, Mattogno assegurou a seus leitores que a foto de 31 de maio não mostra um "rastro de fumaça" ou "covas, crematórios ou não." [265] O problema é que, no mesmo tempo que sua monografia apareceu, um livro publicado em Auschwitz mostrava fumaça saindo de uma cova perto do Krema V, no mesmo lugar que todas as testemunhas disseram que que corpos estavam sendo queimados. [266] Este foi a mesmo foto de 31 de maio. Ela já havia sido previamente reproduzida mostrando fumaça em 1983. [267]

A foto de 31 de maio também mostrou algo que foi visto pelo Dr. Nevin Bryant, supervisor de aplicações cartográficas e de processamento de imagem do Laboratório de Propulsão a Jato em Caltech/NASA. Ele identificou prisioneiros marchando dentro do Krema V. [268]

Mattogno alegou em 1995, no ano seguinte à publicação da foto de 31 de maio, que a fumaça não era de corpos queimados mas provavelmente de lixo. [269] No entanto, sabe-se que este não é o caso porque os Kremas II [270] e III [271] cada um tinha um incinerador de lixo. Portanto, não heveria motivo para incinerar o lixo a céu aberto. Além disso, como será visto, há três covas próximas do Krema V na foto. Mattogno simplesmente não tem nenhuma explicação para a presença desta fumaça.

Mattogno também assegurou a seus leitores que os Bunkers vermelho e branco não foram encontrados em documentos alemães e que eles tinham "sido criados por testemunhas do pós-guerra". [272] Embora o Bunker Vermelho tivesse sido desmantelado no período da operação húngara, há agora prova documental da existência do Bunker Branco. Na primavera de 1998 o autor conversou com Dino Brugioni, o ex-especialista de foto da Inteligência que primeiro analisou as fotos de Auschwitz em 1979. Brugioni também foi analista de fotos para a Agência Central de Inteligência(CIA) durante a crise dos mísseis em Cuba e ele apareceu no documentário da CNN "Guerra Fria" para discutir como ele localizou os mísseis em Cuba. Brugioni afirmou que o Bunker Branco era visível na foto de 31 de maio. Negadores sempre alegaram que este bunker não existia.

O membro do Holocaust History Project e programador de computador Mark Van Alstine examinou a foto de 31 de maio para o autor e confirma a observação de Brugioni de que o Bunker Branco está na zona de bosque, onde as testemunhas disseram que era. Ele identificou três covas queimando na área do Bunker Branco (Mattogno afirma que havia quatro). [273] Van Alstine é capaz de confirmar a partir da fotografia a existência de três barracões que eram usados para se despir prisioneiros próximos do Bunker Branco. Lembre-se do que Hoess escreveu de que havia três barracões perto do Bunker Branco. [274] Van Alstine também confirma a existência das três covas próximas do Krema V cada uma das quais ele estima ter cerca de 1.150 pés quadrados(106,84 m²) de um total de 3.450 pés quadrados(320,52 m²) de espaço de cova. [275] Como será visto na próxima parte deste estudo, há boas razões para crer que Mattogno não estava ciente das covas do Krema V, como da existência do Bunker Branco também. A insuficiência de Mattogno para abordar a questão da existência das covas e do bunker é compreensível de que ele não pode oferecer nenhuma explicação plausível do porquê deles estarem lá no primeiro local.

O autor também pediu ao Sr. Carroll Lucas, um especialista em imagens de foto com 45 anos de experiência, para examinar a foto de 31 de maio e outras tiradas pelos Aliados emm 1944. As qualificações do Sr. Lucas são discutidos na próxima seção deste estudo ao tratar do negador John Ball. Lucas confirma a existência de uma "casa de fazenda e um par de edifícios de armazenamento" fora do complexo de Birkenau. Este é o Bunker Branco, que havia sido uma casa de fazenda antes de sua conversão em câmara de gás, e as instalações para despir os prisioneiros. Lucas também foi capaz de encontrar uma ligação entre a estrutura e Birkenau.
... a coisa interessante que trouxe minha atenção a isto foi a existência de uma pequena estrada urbanizada/trilha que começa nesta estrutura e atravessa a sudeste para a barreira de segurança junto à planta de tratamento de água/esgoto de Birkenau, e que continua ao longo da borda sul desta planta para o canto noroeste do muro do Crematório III ... A luz de neve de 21 de dezembro da imagem [foto aérea] permite observar a extensão da pista embora a resolução é muito pior do que a cobertura da do dia 31 de maio. Isto implica uma conexão definitiva no tempo entre a estrutura e o complexo de Birkenau.
A estrada que Lucas descobriu conduz ao Bunker Branco que foi provavelmente o caminho que as vítimas tomaram para o local após a chegada em Birkenau. Além disso, Lucas identifica fora do complexo de Birkenau na foto de 31 de maio:
quatro, talvez cinco grandes, escavações lineares destruídas recentemente ... O comprimento total destas escavações fica entre 1200 e 1500 pés(365,76 e 457,2 m). Todos parecem ter sido recentemente cobertos, uma vez que nenhuma sombra é evidente. Essas escavações têm a aparência clássica de um local de vala comum ...
Mattogno alegou que essas sepulturas tinham deixado de ser utilizadas em 1943 com a conclusão dos quatro crematórios. Entretanto, a observação de Lucas sobre as demolições recentes mostra que estavam em uso corrente.

Lucas também examinou a área de terra ao redor dos Kremas IV e V na foto de 31 de maio onde ele encontra:
uma série de trincheiras estreitas escavadas no escalão dentro de uma grande área de solo descoberto. Doze das trincheiras (com um comprimento total de aproximadamente 800 pés) estão abertas, enquanto outras 9 trincheiras (totalizando cerca de 650 pés), parecem ter sido preenchidas .. Todas elas têm aparências de terem sido cavadas a mão, local de vala comum usada para dispensar o resíduo dos crematórios adjacentes ...
Lucas não especifica uma quantidade de pés quadrados para os locais de valas comuns, fora ou dentro da área de Birkenau. Entretanto, parece razoável concluir que essas áreas devem ter, pelo menos, vários pés de largura.

Lucas observa que na foto de 25 de agosto "[lá]aqui não há nenhuma evidência de locais de valas comuns ..." Isso indica a natureza transitória das valas comuns. Com a atividade de cremação ao ar livre muito provavelmente encerrada com a conclusão da operação do gueto de Lodz em agosto de 1944.

Houve também algumas dúvidas sobre se havia ferrovia no complexo. 31 de maio foi durante o período em que muitos judeus estavam chegando da Hungria. Lucas foi capaz de identificar mais de 100 vagões ferroviários na foto. "O pátio ferroviário recepção também é muito utilizado, contendo principalmente os carros menores ferroviários (prováveis vagões de gado)."

Lucas conseguiu identificar 21 formações distintas de pessoas na foto de 31 de maio. O autor especificamente perguntou a ele sobre as descobertas do Dr. Nevin Bryant do CalTech(Instituto de Tecnologia da Califórnia) (aqui discutida na nota 268) sobre os presos que entrando no Krema V. Em um adendo ao relatório, Lucas escreve:
Minhas notas indicam "possíveis" linhas de pessoas que se deslocam entre as trincheiras cavadas a mão na direção do Crematório V. Existe uma linha quebrada de quatro diferentes e irregulares manchas escuras ao longo da estrada. Estas podem eventualmente ser do pessoal designado para cavar trincheiras ou daqueles que estavam sendo levados para o crematório. O fato de uma formação parece estar dobrando a esquina para a área do crematório sugere que seja o último. No entanto, a resolução da foto é tal que uma ligação clara não pode ser feita. A ligação é reforçada pela análise independente conduzida no CalTech(Instituto de Tecnologia da Califórnia).
Outra foto recentemente surgiu a partir do Arquivo Nacional e que foi tirada no final da operação húngara. É uma foto da Luftwaffe tirada em 08 de julho de 1944. Ele mostra fumaça saindo da área do Krema V onde as covas estão localizadas. [276] Portanto, as evidências sobre as fotos de 31 de maio e de 08 de julho confirmam todos os aspectos dos relatos de testemunhas oculares sobre a incineração ao ar livre nas covas do Bunker Branco e do Krema V.

Mattogno argumentou que as covas queimando não foi um meio eficaz de eliminação dos corpos. Ele citou um estudo feito por H. Frolich em uma revista militar alemã de 1872 de que a tentativa de eliminar corpos de soldados abrindo valas comuns e enchê-las com alcatrão "resultou na carbonização da camada superior dos corpos, do cozimento da camada intermediária do corpo e nenhum efeito sobre a camada inferior". [277] Ele ignorou o fato de que o autor do estudo deu orientações para a eliminação eficaz de corpos em covas ao utilizar gasolina. Frolich escreveu que a vala tinha que ser encharcada com gasolina em uma cova de piche. Depois de três horas, entre 250 a 300 corpos eram eliminados. [278]

O estudo Frolich menciona que este método tenha sido aprovado por uma comissão belga. [279] Em 1887 o Dr. Hugo Erichsen, um dos principais especialistas mundiais em matéria de eliminação de corpos do final do século 19 e início do século 20, escreveu sobre os esforços do governo belga com estas linhas em uma batalha em 1814. O indivíduo acusado pela eliminação de corpos se chamava Creteur.
[Creteur] determinava a se cobrir as valas com uma camada de cloreto de cal e derramar ácido muriático diluído em cima delas posteriormente. Por isso significava que ele conseguiu que deixasse descoberta a camada superior dos cadáveres. Ele então colocava grandes quantidades de carvão derramado na cova ... E então tinha mais cloreto de cal sobre os cadáveres amontoados, e finalmente feixes de feno previamente saturado com querosene atirados na cova. Creteur declara que entre 200 a 300 foram consumidos dentro de 50 a 60 minutos .... Cerca de um quarto de todo o conteúdo permaneceu nas covas, consistindo de ossos calcinados e uma massa seca. Estes eram novamente cobertos com cloreto de cal, e as trincheiras eram fechadas. Desta forma 45.855 corpos humanos e equinos foram eliminados. [280]
Dr. Erichsen então defendeu usando essa técnica em tempo de guerra. "Sob as circunstâncias atuais, penso que o método Creteur seria o melhor. Desta forma, várias centenas de corpos seriam destruídas de uma vez." É lógico que se os belgas poderiam fazer isso em 1814, a Alemanha certamente tinha a capacidade de aprimorar o processo 130 anos mais tarde. Negadores como Mattogno precisariam que pessoas acreditassem que os alemães da Segunda Guerra Mundial eram incapazes de se replicar as realizações do início do século 19 nos países europeus.

Muitas das testemunhas oculares das cremações ao ar livre em Auschwitz afirmam que a gasolina foi usada para eliminar os corpos, algo que Mattogno não mencionou. [281] Os alemães usaram gasolina para eliminar os corpos em Bergen-Belsen, [282] Majdanek, [283] e na Operação Reinhard dos campos de extermínio. [284] Como Dr.Frolich e o exército belga em 1814, o Sonderkommando Filip Müller abordou o problema específico que Mattogno mencionou:
... [N]as covas de fogo queimariam apenas enquanto o ar pudesse circular livremente entre os corpos. Com a pilha de corpos estável, sem ar era impossível deixar do lado de fora. Isto significava que havia foguistas constantemente derramando óleo ou álcool de madeira sobre os corpos queimando ...

Cerca de quinze foguistas tinham que colocar o combustível na cova, acender e manter o fogo constantemente remexendo entre os cadáveres, derramando óleo, álcool, madeira e tecido adiposo humano líquido sobre eles. [285]
O Sonderkommando Paul Bendel também mencionou o uso de gorduta humana para acelerar o processo de cremação ao ar livre. [286]

Quando Mattogno finalmente admitiu que a cremação ao ar livre ocorreu a fim de salvar seus argumentos de coque - discutidos anteriormente - ele afirmou que o processo foi feito em piras. [287] Recorde que ele colocou essas queimadas na área do Bunker Branco como todas as testemunhas haviam feito, mas apenas para o período antes dos crematórios de Birkenau serem construídos. Mais uma vez ele tinha cooptado o testemunho ocular que falou do uso de fogueiras perto do Bunker Branco no contexto da incineração das vítimas gaseadas. [288] Assim, parece que enquanto as piras foram utilizados nas covas perto do Bunker Branco, os corpos eram simplesmente colocados em covas atrás do Krema V.

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A melhor evidência das cremações ao ar livre foi capturada em uma fotografia tirada por um Sonderkommando em agosto de 1944, após a operação húngara. Ela mostra a queima de um grande número de cadáveres atrás do Krema V. A área pode ser identificada porque é consistente com o fundo dessa área. [289] Uma cerca alta de arame farpado pode ser vista com uma área florestal fora dela. A foto é bem conhecida e tem sido reproduzida em muitos lugares, inclusive na internet. [290] No entanto, o melhor exemplar da foto foi publicado num estudo realizado sob os auspícios do Museu Estatal de Auschwitz. Ele tem envergadura de cerca de 18 polegadas e mostra mais da foto que foi publicada em outro lugar. É possível ver 14 Sonderkommandos de uniforme e muitos corpos nus sendo queimados. O número exato não pode ser determinado porque a fumaça está obscurecendo as covas. [291] Müller escreveu que 25 Sonderkommandos empilharam os corpos nas valas. [292] Mattogno nunca abordou esta foto, nem mesmo chamá-la de falsificação como os negadores gostam de fazer com provas que não consiguem explicar. Esta foto foi tirada provavelmente durante a operação gueto de Lodz.

Quantos prisioneiros foram incinerados em queimadas a céu aberto durante a operação húngara? A resposta provavelmente nunca será conhecida. Na opinião do autor, pelo menos 75% dos judeus húngaros mortos foram queimados nas covas próximas do Krema V ou nas piras próximas do Bunker Branco, enquanto o restante foram queimados nos fornos dos crematórios II e III. De acordo com Höss, cerca de 9.000 por dia foram assassinados durante esse período de tempo. [293] O número Hoess é consistente com o número de vítimas que chegavam nos trens. Os registros de comboios de transporte da Hungria mostram que cerca de 1200 a 3400 vítimas em cada transporte de trem deixaram a Hungria. [294] Supondo que três comboios chegavam por dia, teria sido possível incinerar todas os 9.000 vítimas em três operações sem precisar usar o Krema II ou III.

Isso poderia ser feito da seguinte forma. A melhor informação sobre o Bunker Branco é que era suficiente grande para gasear 1.200 vítimas enquanto o Krema V tinha três câmaras de gás que atinginham uma área de 2500 pés quadrados(232,26 m²). [295] Isto significa que cerca de 1800 vítimas poderiam ser espremidas na área de Krema V designada para o gaseamento. Portanto, usando somente o Bunker Branco e o Krema V, uma transporte inteiro com 3000 poderia ser incinerado e queimado a céu aberto. Como observado anteriormente, o Bunker Branco e suas covas estavam em uma área arborizada. Esta área foi ocultada da visão dos prisioneiros recém-chegados. O Krema V era cercado por árvores e foi muitas vezes referido como a floresta Krema. [296] A foto dos prisioneiros que estão sendo cremados ao ar livre pelos sonderkommados na parte traseira do Krema V, discutidas acima, mostra a área da cova não rodeada por árvores, por isso era visível. No entanto, era ainda mais longe da linha férrea onde os novos prisioneiros chegavam, do que qualquer um dos outros crematórios. Além disso, Krema V era relativamente próximo do Bunker Branco. Conseqüentemente, ao usar o Bunker Branco e o Krema V as autoridades podiam manter a operações de gaseamento e incineração bastante próximas umas das outras e ao mesmo tempo proporcionar a melhor oportunidade para ocultá-las dos prisioneiros recém-chegados.

Havia certamente Sonderkommandos suficientes designados para operação e fazê-la funcionar de forma eficiente. Como observado acima, os registros de campo mostram 900 Sonderkommandos de plantão. Eles foram divididos em dois turnos de 12 horas. Isto significa que quando os Kremas II e III não estavam sendo usados, os Sonderkommandos designados às instalações poderiam ser movidos para o Krema V e o Bunker Branco. Como foi observado anteriormente, o Krema IV não era operacional para que Sonderkommandos designados não pudessem ser usados sempre que necessário. Assim, havia 450 Sonderkommandos em um turno para limpar cerca de 3000 corpos, a quantidade provável de prisioneiros de um transporte gaseados em uma operação. A foto da operação de incineração mostra que um corpo era carregado por um ou dois Sonderkommandos. Ela também mostra que a queima começou antes que todos os corpos fossem retirados da câmara de gás, porque os cadáveres estão sendo arrastados para a área enquanto fumaça obscure a visão das covas. [297]

É provável que como cada transporte que chegasse, algumas das vítimas fossem encaminhadas para os Kremas II e III. A grande maioria, no entanto, foi direcionada para o Bunker Branco e o Krema V. Este é o cenário lógico desde que os crematórios não poderiam possivelmente eliminar o número de vítimas que estavam sendo assassinadas diariamente. As autoridades do campo já estavam cientes de que os crematórios não seriam capazes de eliminar o número de vítimas que chegava todos os dias da Hungria. É por isso que eles utilizaram o Bunker Branco e suas covas e valas escavadas atrás do Krema V.

Fonte: The Holocaust History Project
http://www.holocaust-history.org/auschwitz/body-disposal/
Tradução: Roberto Lucena

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